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01-Vende-se Virgem

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Capítulo 55<br />

Sebastian Beast<br />

Faz um mês desde que perdemos nosso bebê, Mia <strong>se</strong> trancou no quarto e não sai de lá. Eu não<br />

sabia o que fazer em relação a ela, tentei fazê-la ver a psicóloga, mas <strong>se</strong> recusou, mal come. Na<br />

verdade ela estava igual quando descobriu a gravidez, só que desta vez pior. Ela não podia me<br />

ver que caia no choro, <strong>se</strong> recusava a estar na minha pre<strong>se</strong>nça e quando eu entrava no quarto<br />

fugia para dentro do banheiro. Amélia era a única com quem conversava e <strong>se</strong>mpre poucas<br />

palavras. Me encontrei perdido, eu podia entrar no quarto e fazê-la acordar para a vida, tirá-la<br />

da cama e mostrar que a vida dela não acabou. Mas, isso só iria pior a situação. Em vez de<br />

compartilhar <strong>se</strong>u sofrimento, guardou essa dor dentro dela mesmo. Eu estava de frente a sua a<br />

porta, com a mão na maçaneta. Assim que entrei no quarto escuro, com a luz da lua que entrava<br />

pela janela pude vê-la <strong>se</strong> <strong>se</strong>ntar na cama e encolher.<br />

— Quero que você sai, agora. — dei mais alguns passos, mas ela estava um livro na minha<br />

direção. — Eu não quero falar contigo ainda.<br />

Eu queria fazê-la entender que a dor não era só dela, eu também perdi o meu filho. Eu mal o<br />

conhecia, mas eu o amava tanto quanto ela. Há anos que não <strong>se</strong>ntia essa dor, pior de quando eu vi<br />

a única mulher que amei, morta na sala principal. Eu vi meu pai cair de joelhos e chorar que nem<br />

um bebê, diante do corpo dela. Eu evitei tudo e todos, para não <strong>se</strong>nti aquela dor novamente, e<br />

aqui estava eu, marcado por um bebê, um bebê que não peguei no colo e nem conheci.<br />

Saio do quarto batendo a porta, volto para o escritório, meu fiel amigo, o uísque me ajudou a me<br />

controlar e o Blood também fez parte, ele <strong>se</strong>ntou comigo no bar e bebeu comigo, me ouviu tudo<br />

que fiz com Mia nestes últimos me<strong>se</strong>s. Expliquei que só queria um filho, e quando eu o tive, ele foi<br />

embora. A única maneira de nunca mais <strong>se</strong>nti essa dor e evitando que ela aconteça de novo. Eu<br />

não queria mais um filho, eu <strong>se</strong>ria a única geração dos Beast a não ter um herdeiro. Foda-<strong>se</strong> o que<br />

a família fez por anos, não vou ter mais nenhum filho, funcionou com as mulheres, não me apaixonei<br />

por mulher nenhuma e não sofro por amor, não vou chorar sobre o corpo de outra mulher. Encarei<br />

os envelopes, os envelopes achados na biblioteca, já estava na minha mesa há algumas <strong>se</strong>manas.<br />

Não tive coragem de abrir, peguei o dá data mais antiga, muito antes de eu nascer, o papel já<br />

estava amarelado, mas a letra da minha mãe estava cravado no envelope, abri as cartas e me<br />

surpreendi no que havia lá.<br />

9 de janeiro de 1984<br />

Querido Thomas….

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