BEACH SHOW - PERFIL REINALDO ANDRAUS EDITOR, SURFISTA E DRAGÃO Dragão na temporada Havaiana em 1979 Foto: Sergio Ricard Após o grande sucesso da edição especial de 15 anos da Revista <strong>Beach</strong> <strong>Show</strong>, a responsabilidade da equipe aumentou, e para mantermos o padrão, produzimos de forma exclusiva esta reportagem com Reinaldo Andraus, o Dragão. Um dos maiores editores e dirigentes dos maiores veículos de mídia desde o nascimento do surf no Brasil, um verdadeiro entusiasta, que motivou gerações através de suas matérias e por consequência de toda a sua vivência, hoje é dono de um dos maiores arquivos de toda a história do surf brasileiro, desde os primórdios das primeiras pranchas de madeira, até o grande boom do esporte, a profissionalização do surf, e o ápice de presenciar a conquista tão esperada de vermos um surfista brasileiro se tornar, finalmente, campeão mundial. Nascido em julho de 1956, na cidade de São Paulo, local onde reside até hoje, Reinaldo Andraus, mais conhecido como “Dragão”, é casado há 17 anos, tem 4 filhos, 1 de sangue, fruto do primeiro casamento que durou 15 anos, e mais 3 de coração fruto do seu atual casamento. Sempre esteve em contato com o surf, começou no Guarujá, cidade onde os pais foram morar, em 67, com uma Mini Alaia de madeira com o bico envergado, depois com uma Planona de isopor, até que começou a ver a galera surfando de pranchão, se apaixonou e finalmente lhe presentearam com sua primeira GlassPack, em 69. “Em 70, conheci Coronel Parreira, no Rio, proprietário da mais famosa fábrica de pranchas, a São Conrado Surfboards, encomendei uma 7 pés Round Tail, que tinha um leão estilizado vindo de um brasão da escócia, parecia um dragão, aí o pessoal começou a me chamar de “Dragão” depois eu vendi a prancha e o apelido permaneceu.” Relembra a origem do forte apelido. 72 / BS Redação da Revista Fluir / 1987 - Foto: Bruno Alves Desde cedo sempre dentro de campeonatos, no Guarujá ficava sempre entre os 10 primeiros, mas seu lance mesmo era o free surf, e se destacava bem na turma da época. Já viajou para os picos mais alucinantes que um surfista poderia conhecer, começou indo para o Perú em 75, já foi ao Hawaii inúmeras vezes, quando ainda era um destino utópico para muitos, em meados de 76, daí gostou da brincadeira e voltou logo em seguida, em 77 e 78, passando sempre temporadas de 70 dias, quando tinha férias da faculdade. É formado em Administração de Empresas, tem pós graduação em Análise de Sistemas, mas nada tira da sua cabeça que ele deveria mesmo era ter feito Jornalismo. Em 86 foi trabalhar na TV Bandeirantes, com o programa Surf Special, que era um quadro dentro de um programa de videoclip, depois a Fluir começou a fazer uma permuta, até que no final desse mesmo ano, ele foi convidado para ser editor da prestigiada revista, parceria que durou até 1990. Depois virou editor da Hardcore, fez várias coberturas no Hawaii durante toda a década de 90, e várias outras viagens até 2002. Se especializou em Marketing e Finanças, e foi trabalhar para a Quiksilver, depois no marketing da HD, até que a marca foi vendida e ele decidiu se dedicar à um projeto pessoal, que é o livro da história do surf brasileiro. “Em 86 descobri que poderia trabalhar fazendo o que eu amo, viajar, pegar onda e escrever sobre o surf, desde então nunca mais parei, era o estilo de vida que eu queria. Todos os meus projetos tem a ver com o surf!” Comenta com orgulho, Dragão, que viu o surf nascer e participou de toda a evolução desde a sua chegada aqui no Brasil. Ele, que foi o segundo brasileiro a viajar para Nias, na Indonésia, e é um dos responsáveis pela dissipação e profisionalização do surf no Brasil, está para nos presentear com um marco ainda maior na história do surf brasileiro. No início dos anos 2000 nascia a idéia do livro, mas ainda não tinha a idéia muito bem definida, pois não sabia se queria ou não misturar o surf estrangeiro com o brasileiro; até que o projeto maturou e hoje, depois de 30 anos de imprensa, 50 anos de surf, participando e cobrindo grandes campeonatos, viagens, matérias, entrevistas, um grande e invejável acervo de fotografias, uma das maiores coleções de revistas do Brasil, depoimentos e muita, muita vivência, ele está prestes a lançar um livro e deixar um legado na história do surf - história essa que viveu, registrou, documentou e eternizou, assim como toda a sua participação e contribuição para o surf. “É óbvio que relatando a história do surf brasileiro eu tenho a obrigação de falar da importância, da extensão e dos picos maravilhosos do Nordeste, das lendas e surfistas que surgiram daqui.” Ressalta Dragão ao comentar sobre o surf nordestino. Esperamos ansiosos por esse livro, que, vindo desse mestre, com certeza será um grande tesouro para a história do surf brasileiro. “Vocês estão numa situação heróica, de sustentar, na garra, um veículo com tamanha qualidade, continuem acreditando naquilo que estão fazendo, mesmo quando a verba for baixa, vai sempre valer o esforço de perseverar naquilo que estão construindo. O produto tá muito bonito, e pra durar 16 anos é porque vocês estão fazendo um trabalho com muita devoção” Comenta Dragão sobre a Revista <strong>Beach</strong> <strong>Show</strong>. Palavra de quem entende muito bem do assunto. Por Dárica Bolinelli e Mardônio Paz Filho.
73 / BS