Revista Penha | junho 2017

NUNO OLIVEIRA
CAMPEÃO NACIONAL
DE KARATÉ
‘Desde que seja
Karaté, sinto-me
bem!’
No quarto de Nuno Oliveira, de 15 anos
(16 em breve), é difícil não reparar nas
medalhas penduradas na parede ou nos
troféus colocados na prateleira. Igualmente
fácil é perceber que todas são uma prova
de conquistas alcançadas na mesma
modalidade: o Karaté.
Tudo começou na escola, quando
Nuno ia assistir aos treinos de um dos
colegas de turma. “Assistia muitas vezes,
mas nunca participava. Até que decidi
experimentar”, recorda. O que podia ser
uma vontade passageira tornou-se uma
paixão e começou a encarar os treinos e a
modalidade com mais seriedade.
“Passei a dedicar mais tempo, a esforçarme
mais”. Depois começou a competir,
há sete anos, estreando-se há quatro
em competições nacionais e há dois nas
internacionais. Este percurso levou-o ao
nível em que está hoje, sendo campeão
nacional da sua categoria.
Importa explicar um pouco do esquema das
competições desta modalidade, um pouco
semelhante ao ténis, já que as competições
se fazem por ‘opens’. O atleta começou por
participar em vários opens internacionais,
até que chegamos ao ponto alto desta ainda
jovem carreira, o Campeonato Europeu
que em maio decorreu na República
Checa.
A representar as cores de Portugal e
com o número 547 no Kimono, Nuno
ganhou os dois primeiros combates
com a pontuação máxima de 5 – 0,
resultado que o levou à final com
os oito melhores atletas da sua
categoria. Pelo caminho, e por erro
da organização, fez um combate
a mais que (espante-se!) ganhou
novamente por 5 – 0. Não contou para
a classificação, serviu só para mostrar
a todos que estava ali para ganhar.
E como é que um jovem atleta de 15
anos lida com o nervosismo? “Não
costumo ficar nervoso, só sinto as
borboletas no estômago na noite
anterior à competição” e é quando
“visto o kimono e começo a aquecer
que a ansiedade realmente aumenta...”.
Acontece que “neste europeu mais de
metade da ansiedade desapareceu
depois de ganhar o primeiro combate e
fiquei mais confiante”.
Na final, entre os oito atletas, ficou
em quinto. Resultado que não o
desmoraliza porque já só pensa na
próxima etapa, o Campeonato Mundial
no Japão: “Já comecei a trabalhar para
ser convocado”. Mas basta falar dois
minutos com Nuno para perceber que
a sua ambição há de levá-lo bem mais
longe, já que afirma querer “continuar
a ter objetivos nacionais, ir para fora
e ganhar prémios internacionais”. O
maior de todos reside em Tóquio,
nos olímpicos de 2020, e agora que o
karaté é reconhecido como modalidade
Olímpica. “É o meu sonho, ir aos Jogos
Olímpicos. Sei que é difícil ganhar, mas
o meu sonho é pelo menos participar”.
O Karaté tem uma vertente mais
rigorosa, a Kata (demonstração de
técnica) e a Kumite (a vertente de
combate) – que é a que Nuno mais
gosta de treinar, já que se sente “mais
livre”, embora toda a gente lhe diga que
tem “mais jeito para a Kata”. Mas, no
final de contas, gosta das duas: “Desde
que seja Karaté, sinto-me bem!”.
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