Comunicação, moda e memória
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
de uma estética ligada a uma época. Os desgastes que, geralmente,<br />
são resultado de uma vivência que a roupa compartilhou com o<br />
seu usuário, hoje são uma característica estética adotada para a<br />
incorporação de significado à peça.<br />
Assim, o uso de artifícios de simulação de uma <strong>memória</strong> são<br />
utilizados na concepção de roupas novas como forma de caracterização<br />
de um determinado tema. Um exemplo disso é a coleção de verão<br />
2010 da marca francesa Balmain que possui o tema militar como<br />
inspiração e levou para as passarelas peça propositalmente rasgadas<br />
para representar a estética trabalhada. Calças, camisetas e vestidos<br />
apareceram com grandes furos em sua construção, como se tivessem<br />
passado por batalhas em guerras e possuíssem essa <strong>memória</strong> ligada<br />
a sua história.<br />
Essa tendência do vestuário representa uma mudança na<br />
forma com a qual o ser humano consome <strong>moda</strong>. Nesse sentido, o<br />
brechó se apresenta como uma forma emergente de mercado, à medida<br />
que suas peças são constituídas por elementos que ultrapassam o<br />
campo têxtil e se inserem na perspectiva da <strong>memória</strong>. Por meio do<br />
consumo de roupas que foram usadas, o sujeito expressa não só uma<br />
identidade estética, mas também uma identificação simbólica.<br />
Dessa forma, sua narrativa individual incorpora elementos<br />
que um dia estiveram ligados à um passado e hoje passam a agregar<br />
novos significados. Por mais que a peça nova criada para uma<br />
loja represente os aspectos físicos de uma suposta <strong>memória</strong>, é no<br />
brechó que se pode encontrar algo realmente pertencente a outro<br />
tempo e assim constituir um diálogo entre <strong>memória</strong>, narrativa e<br />
contemporaneidade.<br />
125