Comunicação, moda e memória

muro de Berlim, mas o período em que foi criado também faz parte
de suas características. Esse blazer não representa apenas os locais
onde esteve, através de suas manchas, seu botão descosturado, sua
gola puída, mas também um ideal histórico que afetou sua geração.
A memória da roupa se mantém durante a existência da
peça e acumula os acontecimentos que ela vivenciou. Assim, a roupa
absorve esses momentos e se reconfigura com novas experiências.
Peças consideradas heranças de família, passadas de geração em
geração, apresentam essas características ao longo de suas existências
e são um exemplo de que a memória e a forma de usar se modificam
de acordo com o usuário.
Isso acontece pela ressignificação que a peça sofre, já que sua
origem está relacionada com um certo período, sociedade e até mesmo
local. Assim, a mutabilidade temporal e social afetam o significado
roupa, já que suas memórias originais pertencem a um momento que
se tornou inatingível e são forçadas a se adequar àquela realidade.
Essa mudança afeta diretamente as roupas usadas e o
seu significado diante dos grupos sociais. Na década de 1980, por
exemplo, o tailleur feminino com corte largo era visto como tendência
e era replicado por grades estilistas. Assim, esse conjunto de saia e
blazer foi bastante difundido antes de perder seu apelo diante das
mulheres da época que, anos depois, identificaram aquele modelo
como ultrapassado. Se esse tailleur fosse usado hoje, a peça ganharia
um novo significado sem perder aqueles construídos no passado.
Usado atualmente, o tailleur representa o resgate da época
em que foi criado. Seu corte amplo, seus ombros marcados e saia
no joelho caracterizam um determinado instante social que gera
identificação para aqueles que procuram no conjunto uma maneira
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