Comunicação, moda e memória
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A denotação é a primeira ordem de significação, ou seja, o<br />
sentido literal de um signo. O sentido denotativo pode ser encontrado<br />
em um dicionário e é caracterizado por sua objetividade, ou seja, não<br />
varia significativamente entre as pessoas. Dessa forma, a denotação<br />
da palavra “calça”, como consta no dicionário Michaellis Online,<br />
é uma “peça de vestuário que começa na cintura, dividindo-se<br />
por baixo do tronco em dois canos que cobrem as pernas mais ou<br />
menos até o tornozelo”. Por sua vez, a conotação é o sentido subjetivo<br />
extraído de um determinado signo, são “as associações que uma<br />
palavra ou imagem incitam em alguém” (BARNARD, 2003: 128).<br />
Assim, uma mesma imagem pode incitar mais ou menos significados<br />
em pessoas diferentes, pois estas possuem passados culturais e<br />
experiências pessoais distintas. Devido a sua natureza subjetiva,<br />
o significado conotativo não pode ser encontrado no dicionário.<br />
Este também não pode ser julgado como incompleto ou enganado,<br />
pois “a compreensão da conotação é um assunto intersubjetivo e<br />
hermenêutico” (BARNARD, 2003: 129).<br />
Deve-se ressaltar que as associações, ou significados,<br />
estimulados por determinados significantes, não são produtos de<br />
um processo racional e consciente. Nesse sentido, Saussure (1974)<br />
apresenta o princípio da arbitrariedade do signo. Isso quer dizer que<br />
a relação entre o significante e significado não é natural, nem uma<br />
questão de escolha individual. Não há nada específico na palavra<br />
“calça” que remeta diretamente ao seu significado, pois a conexão<br />
entre ambas não é natural. Não compete ao indivíduo escolher o<br />
significado dos signos, é preciso haver um acordo social sobre o<br />
assunto, do contrário, não haveria comunicação. Como diz Saussure,<br />
“na linguagem, como em todo sistema semiológico, o que distingue<br />
65