Comunicação, moda e memória
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experiências; ele pode construir um novo sentido<br />
com algo que tenha vivenciado apenas por meio da<br />
<strong>memória</strong> coletiva. (SANTOS, 2010).<br />
A utilização de peças vintage, portanto, representa uma<br />
maneira singular de relação entre passado e presente. Cabe<br />
ressaltar, no entanto, que ao se vestir uma roupa antiga o passado<br />
é ressignificado, uma vez que se torna parte de uma narrativa<br />
contemporânea. Logo, o passado é resgatado sob uma nova perspectiva<br />
e desse contraste estético surgem novas formas de se interpretar esse<br />
momento histórico.<br />
As referências que se busca no passado, na maioria,<br />
não apresentam o interesse em ser fidedignos ao<br />
que aconteceu. A <strong>moda</strong> não tem a preocupação<br />
de contar a história de forma fiel. Essa busca<br />
pela representação do passado participa mais do<br />
imaginário, da possibilidade de apenas rememorar<br />
sem precisamente ser a realidade vivida em outros<br />
tempos (SANTOS, 2010).<br />
Esse processo de apropriação de uma <strong>memória</strong> coletiva pode<br />
ser exemplificado pelo recente uso das varsity jackets. Os primeiros<br />
traços dessa jaqueta surgiram em 1865, em Harvard, quando o time<br />
de baseball da universidade incluiu uma letra “H” em suas camisas de<br />
flanela. Dez anos depois, o time de futebol americano também a incluiu<br />
em seu uniforme. Durante os próximos vinte e cinco anos, era permitido<br />
apenas ao capitão do time usá-la. Em seguida, a universidade começou a<br />
permitir que jogadores que fizessem jogadas importantes e participassem<br />
de grandes jogos a utilizassem. Dessa forma, o emblema passou a ser<br />
considerado um prêmio a ser conquistado pelos melhores jogadores.<br />
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