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Jornal da Bairrada<br />

7 | setembro | 2017<br />

culturas<br />

Ecos d’Adega atua na Praça da Juventude, em Anadia<br />

Ecos d’Adega vão animar a Praça da Juventude, em Anadia, na noite da próxima sexta-feira, 8 de setembro,<br />

a partir das 22h, no âmbito do programa “Às Sextas na Praça”.<br />

Nascida no início dos anos 90, Ecos d’Adega é uma das bandas mais duradouras da Bairrada, cujos<br />

membros se mantêm unidos pelo “convívio entre amigos” e pelo “gosto pela música”.<br />

23<br />

Trilhos do<br />

São Lourenço:<br />

de Roma a Bustos<br />

São Lourenço nasceu cerca de 225 em Huesca (há historiadores<br />

que defendem Valência), nordeste de Espanha, Aragão, e foi<br />

um dos sete primeiros diáconos (guardiães dos tesouros da Igreja).<br />

Foi arcediago (o mais importante diácono) em Roma, tendo<br />

a seu cargo a responsabilidade do cuidado dos bens da Igreja e<br />

da distribuição de esmolas aos pobres. À época era Papa Sisto II<br />

e no Império Romano o Cristianismo estava proibido pelo Édito<br />

de Décio (250), o que levou a grandes perseguições aos cristãos.<br />

Em 258, o Imperador Valeriano mandou prender Sisto II quando<br />

este celebrava a eucaristia acompanhado de Lourenço, tendo o<br />

Papa encarregado o seu diácono de proteger os arquivos, valores<br />

e livros litúrgicos. Após a execução do Pontífice, o prefeito Cornélio,<br />

encarregado por Valeriano, concedeu três dias a São Lourenço<br />

para entregar todas as riquezas a Roma. São Lourenço rapidamente<br />

vendeu muito do que a Igreja possuía e distribuiu os<br />

ganhos pelos pobres. Apresentou-se ao prefeito com os pobres<br />

de Roma e terá afirmado: “Esta é a riqueza da Igreja”. Sentindo-<br />

-se desafiado, Cornélio mandou prender e torturar São Lourenço,<br />

tendo este resistido sempre, não revelando onde tinha escondido<br />

os outros bens da Igreja (arquivos e livros litúrgicos). Na prisão,<br />

o seu cárcere, de nome Hipólito, admirado pela força de Lourenço<br />

acabou por se converter ao Cristianismo, tendo sido também<br />

martirizado. Lourenço foi condenado à morte através do fogo,<br />

tendo sido colocado numa grelha sobre chamas. A tradição afirma<br />

que manteve o seu bom humor e durante a tortura que o levou<br />

à morte (10 de agosto) terá afirmado para Cornélio: “Este lado já<br />

está bem assado; agora podem virar para assar do outro”, sendo<br />

por isto padroeiro dos humoristas, mas também dos cozinheiros,<br />

bombeiros, bibliotecários e arquivistas.<br />

O imperador Constantino, que já tinha concedido liberdade<br />

religiosa pelo Édito de Milão (313), mandou construir uma Igreja<br />

sobre a catacumba onde estava sepultado Lourenço e onde hoje<br />

se encontra a Basílica de São Lourenço de Extramuros, em Roma,<br />

sendo uma das cinco basílicas patriarcais de Roma (a fachada<br />

atual teve de ser reconstruída devido ao bombardeamento da<br />

aviação aliada no dia 19 de julho de 1943). O seu culto rapidamente<br />

se espalhou, não só por Itália, mas por todo o Mundo e o seu<br />

símbolo iconográfico, a grelha, serviu, diz-se tradicionalmente,<br />

de inspiração a Filipe II na conceção do Palácio Mosteiro de São<br />

Lourenço do Escorial (obra de Juan Bautista de Toledo e Juan de<br />

Herrera) para celebrar a Batalha San Quintin (10 de agosto de 1557)<br />

contra Henrique II de França. O mausoléu de Galla Placídia, em<br />

Ravena, Itália, construído nos finais do primeiro quartel do século<br />

V, apresenta das mais antigas representações de São Lourenço<br />

em mosaicos de tradição romana.<br />

Rapidamente, a partir do século IV, o seu culto estendeu-se<br />

por toda a região de Aragão, integrada, na época romana, na província<br />

Tarraconensis, pela Itália, pela restante Hispânia e Europa<br />

Central, chegando a lugares de além-mar como a América do Sul<br />

e Oriente. No nosso Arciprestado temos a paróquia de São Lourenço<br />

na vila de Bustos.<br />

António Cruz Leandro<br />

Professor e Investigador de História local<br />

ANADIA<br />

Gravuras de Arpad Szenes e Vieira<br />

da Silva podem ser visitadas até dia 17<br />

Têm sido muitas as pessoas,<br />

oriundas de vários<br />

pontos do país e, inclusive<br />

do estrangeiro, que têm<br />

passado pelo Museu do Vinho<br />

Bairrada, em Anadia,<br />

para apreciarem a “Obra<br />

Gravada” de Arpad Szenes<br />

e de Vieira da Silva, que ali<br />

se encontra patente ao público.<br />

A mostra foi inaugurada,<br />

no passado dia 17 de<br />

junho e pode ser ainda visitada<br />

até ao próximo dia 17<br />

de setembro, de terça-feira<br />

a domingo.<br />

Graças a uma parceria<br />

entre o Município de<br />

Anadia e a Fundação Arpad<br />

Szenes – Vieira da Silva,<br />

mais de 60 gravuras<br />

foram selecionadas para<br />

esta exposição, que mostra<br />

a evolução do trabalho<br />

dos dois artistas nesta vertente<br />

artística.<br />

Segundo Marina Bairrão<br />

Ruivo, diretora da Fundação<br />

Arpad Szenes – Vieira<br />

da Silva, em Anadia os visitantes<br />

podem admirar<br />

um “conjunto de 31 gravuras”<br />

de Arpad Szenes, que<br />

“abrange as técnicas do<br />

buril, águatinta, litografia<br />

e serigrafia”, e cuja “data<br />

ANADIA<br />

de produção vai da década<br />

de 1930 à de 1980, abarcando<br />

o período de maturidade<br />

do artista. A diversidade<br />

temática e plástica, de<br />

representações mais abstractas<br />

a representações<br />

figurativas, encontra um<br />

paralelo no percurso pictórico<br />

de Szenes. Este conjunto<br />

que aqui se apresenta<br />

é, deste modo, um percurso<br />

gráfico revelador de um<br />

outro percurso, o da pintura”.<br />

Quanto a Vieira da<br />

JP Simões no Museu do Vinho<br />

O cantor e compositor<br />

JP Simões (Bloom) encerra<br />

o ciclo “Quintas no Museu”,<br />

com um concerto<br />

intimista que irá decorrer<br />

em Anadia, no Museu do<br />

Vinho Bairrada, esta quinta-feira,<br />

dia 7 de setembro,<br />

pelas 21h30.<br />

Organizado pelo Município<br />

de Anadia, o projeto<br />

“Quintas no Museu” leva ao<br />

espaço museológico municipal<br />

concertos de cantores<br />

que se “auto acompanham<br />

nas suas interpretações”, ou<br />

seja, que se apresentam “a<br />

sós”, em palco, revelando<br />

“o seu lado mais intimista”.<br />

Mafalda Veiga e João Só foram<br />

os protagonistas dos<br />

primeiros concertos deste<br />

ciclo, cabendo agora as<br />

honras de encerramento a<br />

JP Simões, que adotou, recentemente,<br />

um novo pseudónimo<br />

artístico: Bloom.<br />

João Paulo Nunes<br />

Simões é um cantor e compositor<br />

português, que já<br />

passou pelos projetos Pop<br />

Dell’Arte, Belle Chase Hotel<br />

e Quinteto Tati. É autor<br />

de contos, peças de teatro,<br />

letras de canções, e<br />

argumentos para cinema,<br />

Silva, aquela responsável<br />

refere que “a gravura tem<br />

um significado próprio<br />

no conjunto da [sua] obra<br />

plástica”, lembrando que,<br />

tal como na pintura, a artista<br />

“tentou pela gravura<br />

descrever o mundo e desvendar<br />

a sua complexidade,<br />

sugerindo o espaço, o<br />

correr do tempo, utilizando<br />

metáforas e metamorfoses”.<br />

Considera, também,<br />

que este conjunto de trabalhos<br />

“desvenda a sua tentativa<br />

de traduzir a realidade,<br />

que não corresponde<br />

nunca à maneira como<br />

nos habituaram a vê-la, de<br />

uma forma plasticamente<br />

credível”.<br />

Em simultâneo, e com o<br />

propósito de dar a conhecer<br />

o trabalho de artistas emergentes,<br />

o Museu do Vinho<br />

Bairrada acolhe “Fendas do<br />

Vinho”, uma mostra de esculturas<br />

de Miguel Neves<br />

Oliveira, que, recorrendo a<br />

aduelas de madeira e a arcos<br />

de ferro, criou “peças<br />

de homenagem à passagem<br />

do vinho”.<br />

O museu revela ainda a<br />

homenagem a “José Maria<br />

Tavares da Silva – Pai<br />

do Espumante Português<br />

(1854–1919)”, prestada pelo<br />

escultor Alves André, que<br />

retrata, em bronze, o responsável<br />

técnico pelo início<br />

da produção de espumante<br />

em Portugal. Esta<br />

conquista foi feita no âmbito<br />

do trabalho deste engenheiro<br />

agrónomo enquanto<br />

primeiro diretor da Escola<br />

Prática de Viticultura<br />

e Pomologia da Bairrada,<br />

instalada em Anadia em<br />

1887.<br />

tendo também participado<br />

ativamente, como músico<br />

e ator, em filmes de<br />

Fernando Vendrell, Edgar<br />

Pêra, António Ferreira e<br />

outros, assinando pelo caminho<br />

algumas bandas sonoras<br />

para documentários.<br />

“1970”, o seu primeiro álbum<br />

a solo, foi lançado em<br />

2007, seguindo-se “Boato”<br />

(2009), “Onde Mora o<br />

Mundo” (2011), em parceria<br />

com o compositor Afonso<br />

Pais, “ROMA” (2013) e, finalmente,<br />

“Tremble like a<br />

flower” (2016). Nesta sua<br />

carreira, destaque ainda<br />

para a publicação dos livros<br />

“A Ópera do Falhado”<br />

(2004) e “O Vírus da Vida”<br />

(2007).

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