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Opinião<br />
Para aprender e evoluir<br />
Por José Eustachio<br />
Já há muitos anos tenho o hábito<br />
de manter um caderno onde anoto<br />
pensamentos, ideias, aprendizados,<br />
textos que mexeram comigo,<br />
citações e outros achados<br />
que me inspiram.<br />
Essa é a forma que encontrei para não perder conhecimento<br />
que, quando não registrado, se esvai com a limitação<br />
da nossa memória.<br />
Vez por outra, costumo abrir o caderno e dedicar algum<br />
tempo a ler as anotações, o que sempre funciona como<br />
uma espécie de combustível tanto no âmbito profissional<br />
como pessoal, nas relações de trabalho e também na<br />
inteiração com a vida de maneira geral. É prazeroso, é estimulante.<br />
Recentemente fui buscar no meu caderno algum conteúdo<br />
que pudesse me ajudar a manter o ânimo e a disposição<br />
de continuar acreditando que ainda vale a pena fazer<br />
as coisas certas do jeito certo. Folheando aleatoriamente<br />
as páginas, encontrei uma declaração que escrevi sobre<br />
qual era meu propósito em relação ao exercício do meu<br />
trabalho.<br />
Sei que pode parecer um tanto quanto cabotino escrever<br />
um artigo sobre uma definição de propósito pessoal,<br />
mas me motivei por considerar que expor essa definição<br />
de caráter íntimo seria uma forma de compartilhar com<br />
outras pessoas que também consideram que, sem um<br />
propósito que realmente valha a pena, o trabalho perde o<br />
mais importante dos seus valores: dar um sentido maior<br />
àquilo que fazemos e transformar o que poderia ser um<br />
dever em prazer.<br />
Prazer, essa é, em minha opinião, a maior motivação para<br />
fazer algo bem-feito, dando o máximo do que sabemos e<br />
podemos, sempre como apetite de melhorar, de aprender<br />
e evoluir. É o prazer em fazer algo que faz a diferença<br />
entre o protocolar e o verdadeiro engajamento.<br />
Hoje existe praticamente um consenso de que as empresas<br />
e marcas precisam ter um propósito que vá além de suas<br />
atividades de negócio. Empresas precisam ter “causas” com<br />
as quais as pessoas se identifiquem e queiram aderir. Em<br />
outra ocasião, não muito tempo atrás, esse foi tema de um<br />
artigo que escrevi e foi publicado neste mesmo espaço.<br />
Se a grande maioria está de acordo que empresas devem<br />
ter um propósito, por que não indivíduos adotarem esse<br />
mesmo princípio? Se empresas com “causa” agregam mais<br />
valor ao meio no qual estão inseridas, o mesmo deve valer<br />
para cada pessoa.<br />
Não existe dúvida de que é muito bom prestigiar empresas<br />
e marcas com propósito, mas talvez seja ainda mais<br />
valoroso quando é você mesmo o responsável por definir,<br />
assumir e ser o mantenedor do seu propósito.<br />
Bem, no meu caderno estabeleci que o propósito da minha<br />
vida profissional é: ser feliz e gerar felicidade, fazendo<br />
uso das oportunidades de obter conhecimento e ter a<br />
disciplina de levar esse conhecimento à ação, de maneira<br />
holística, com responsabilidade, sendo amigável, respeitando<br />
a vida, o outro e o afeto nas relações.<br />
Pode ser que muitos achem uma formulação rasa, ingênua,<br />
que não merece o espaço da página nesta revista. Fazer<br />
esse juízo é um direito de quem lê, assim como aquele<br />
que escreve deve estar pronto para as críticas. No entanto,<br />
essa visão sobre o significado do trabalho tem funcionado<br />
muito para mim.<br />
Ter a felicidade pessoal e comum como objetivo, aprender<br />
continuadamente, transformar conhecimento em<br />
ações práticas, cultivar o respeito pelas pessoas e a responsabilidade<br />
pelo que fazemos têm sido um guia para<br />
minha conduta.<br />
Para continuar sendo um eterno aprendiz e evoluir, é preciso<br />
ter algo a mais como objetivo, além de ganhar o sustento.<br />
Ficamos muito melhores no que fazemos quando<br />
colocamos alma no trabalho.<br />
José Eustachio<br />
É chairman da Talent Marcel<br />
20<br />
agosto de 2017