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Revista MB Ed. 31 2017

Edição 31 da Revista MB Rural

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MILHO DE PAIOL OU TOURO MELHORADOR?<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

1


GRUPO<br />

Unidade de<br />

Beneficiamento<br />

de Sementes de<br />

Chapadão do Céu<br />

SEMEANDO QUALIDADE<br />

nas lavouras do cerrado<br />

Após quase três décadas de expansão continuada, o Grupo Uniggel<br />

se consolida como um dos maiores produtores de sementes de soja<br />

do país e atinge um elevado estágio de maturidade em seus negócios<br />

Os campos de sementes de soja da Uniggel,<br />

que se estendem sobre 35 mil hectares<br />

dos estados de Goiás, Mato Grosso do<br />

Sul e Tocantins, estão na raiz do acelerado<br />

processo de desenvolvimento econômico vivido<br />

pelas principais regiões agrícolas do país nos últimos<br />

anos. Após serem beneficiados nas unidades<br />

da empresa localizadas nos municípios de Chapadão<br />

do Céu (GO), Lagoa da Confusão e Campos Lindos<br />

(TO), cerca de 50 milhões de quilos de sementes da<br />

marca são destinados ao plantio anual de mais de<br />

1 milhão de hectares de soja de alta produtividade,<br />

em nove estados das regiões Centro-Oeste, Norte<br />

e Nordeste do Brasil. O volume coloca a Uniggel<br />

entre os 10 maiores produtores de sementes do<br />

país. “Fornecemos matéria-prima de alta qualidade<br />

para a expansão do agronegócio brasileiro”, define<br />

Fausto Garcia, sócio-diretor do Grupo Uniggel, que<br />

também possui negócios nas áreas de produção e<br />

armazenagem de grãos, beneficiamento de algodão<br />

e revenda de máquinas e implementos agrícolas.<br />

A história do grupo começou há 28 anos, quando<br />

UNIGGEL • INFORME • 2016<br />

2<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


INFORME ESPECIAL<br />

os irmãos Sérgio, Ronan e Fausto Garcia, naturais<br />

de Jataí (GO), perceberam a oportunidade aberta<br />

pela expansão da agricultura no Centro-Oeste. Boa<br />

parte das terras da família, em Chapadão do Céu,<br />

era ainda voltada à pecuária, mas as propriedades<br />

ao redor transformavam-se rapidamente em lavouras<br />

de soja e milho, por obra de gaúchos que chegavam<br />

à região. Com o incentivo e apoio do pai, Ronan<br />

Garcia, os irmãos convenceram-se de que o futuro<br />

estava associado à agricultura. Foi então que os<br />

três – que trabalhavam como advogado, agrônomo<br />

e comerciante de gado – converteram os primeiros<br />

250 hectares de pastagens em lavouras, iniciando<br />

a produção de grãos. “Tomamos um financiamento<br />

e rezamos para São Pedro”, lembra o sócio Ronan<br />

Garcia Junior.<br />

Os anos iniciais foram de aprendizado intenso e<br />

trabalho duro, mas os resultados não demoraram a<br />

aparecer. Reinvestindo os lucros no próprio negócio,<br />

os empreendedores logo ampliaram a área plantada<br />

e ergueram um complexo de armazenagem de grãos,<br />

que deu origem à Uniggel. Em seguida, na segunda<br />

metade dos anos 1990, a empresa deu seu passo<br />

mais importante, iniciando a produção de sementes<br />

de soja. A própria Uniggel sofria com a falta de<br />

sementes adequadas às condições específicas das<br />

novas fronteiras agrícolas que se abriam, e os irmãos<br />

perceberam aí uma oportunidade. “As sementes que<br />

usávamos vinham de uma região produtora mais<br />

antiga, havia poucas variedades disponíveis e poucos<br />

estudos sobre novas regiões”, conta o sócio Sérgio<br />

Garcia, que dirige a unidade de Chapadão do Céu.<br />

A Uniggel, então, associou-se à Empresa Brasileira<br />

de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ao Centro<br />

Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias (CTPA),<br />

do governo de Goiás, e à Fundação de Apoio à Pesquisa<br />

do Corredor de Exportação Norte (Fapcen), do<br />

Maranhão, para a realização de pesquisas e ensaios<br />

em suas propriedades, habilitando-se a multiplicar<br />

sementes para diversas regiões produtoras do país.<br />

Foi um tiro certeiro. Nos anos seguintes, o mercado<br />

evoluiu com a chegada de multinacionais oferecendo<br />

novas tecnologias associadas às variedades próprias<br />

para o cerrado brasileiro. A Uniggel costurou parcerias<br />

com empresas do porte de Monsanto, Bayer,<br />

Nidera, Brasmax, Coodetec e TMG,<br />

encarregando-se da multiplicação e<br />

comercialização de sementes desenvolvidas<br />

por essas companhias.<br />

Os diretores da Uniggel logo<br />

entenderam o papel fundamental do<br />

multiplicador na cadeia produtiva da<br />

soja: de pouco adianta a alta tecnologia<br />

genética na origem se a produção<br />

de sementes no campo não é feita<br />

com elevada eficiência e atenção aos<br />

detalhes, o que inclui um rigoroso<br />

sistema de controle de qualidade em<br />

todas as etapas do processo e a precisão<br />

na hora da colheita. “A semente é<br />

feita no campo”, afirma Garcia Junior,<br />

responsável pela área técnica.<br />

Porém, mesmo depois de “feita<br />

no campo”, a semente ainda precisa<br />

de tratamento especial para ficar em<br />

excelentes condições para o plantio.<br />

Aí é que entra a importância das etapas de seleção,<br />

secagem, embalagem e armazenagem. É preciso<br />

ser rápido no beneficiamento e ensacamento, pois<br />

o tempo entre a colheita e o processamento corre<br />

contra a qualidade do produto. A armazenagem, por<br />

fim, deve ser realizada sob baixas temperaturas. O<br />

objetivo é preservar a energia contida na semente,<br />

que deverá ser liberada somente no solo. Na Uniggel,<br />

a alta capacidade das Unidades de Beneficiamento<br />

de Sementes (UBS) e a utilização da tecnologia cool<br />

1 MILHÃO<br />

DE HECTARES<br />

Lavouras de soja<br />

cultivadas com<br />

sementes da Uniggel<br />

Uniggel produz<br />

33 variedades de<br />

sementes de soja,<br />

adequadas a diversas<br />

regiões produtoras<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

3


GRUPO<br />

Bem posicionada<br />

Empresa atua em áreas de forte expansão agrícola<br />

Lagoa da Confusão<br />

Caseara<br />

Campos Lindos<br />

Palmas<br />

1,25<br />

MILHÃO<br />

SACAS DE<br />

SEMENTES<br />

DE SOJA<br />

(de 40 quilos)<br />

produzidas<br />

em 2016<br />

Chapadão do Céu<br />

MT<br />

PA<br />

TO<br />

MA<br />

PI<br />

BA<br />

Marianópolis<br />

48 MIL<br />

HECTARES<br />

LAVOURAS<br />

PRÓPRIAS<br />

de soja (sementes<br />

e grãos), milho,<br />

arroz e algodão<br />

500<br />

Número de<br />

FUNCIONÁRIOS<br />

Mercados<br />

Campos de sementes<br />

Unidade de Beneficiamento<br />

de Sementes (UBS)<br />

Lavouras<br />

Beneficiamento de algodão<br />

Armazéns<br />

Loja de máquinas agrícolas<br />

MS<br />

GO<br />

MG<br />

Gurupi<br />

Chapadão do Sul<br />

Costa Rica<br />

Controle de qualidade:<br />

várias análises são<br />

realizadas nos<br />

campos de sementes<br />

UNIGGEL • INFORME • 2016<br />

4<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


INFORME ESPECIAL<br />

seed, capaz de manter as sementes<br />

a 15 graus centígrados,<br />

garantem a qualidade mesmo<br />

após meses de armazenagem.<br />

A empresa também oferece o<br />

serviço de tratamento industrial,<br />

que consiste na aplicação<br />

de substâncias na semente<br />

capazes de proteger a futura<br />

planta de uma série de pragas<br />

e doenças.<br />

A opção por atuar no mercado<br />

de sementes, ao invés<br />

de simplesmente produzir<br />

commodities, permitiu que a<br />

Uniggel se tornasse uma engrenagem<br />

essencial da cadeia<br />

produtiva da soja. A empresa<br />

se profissionalizou e construiu<br />

uma marca reconhecida em<br />

praticamente todas as regiões<br />

produtoras, detendo um dos<br />

maiores portfólios de sementes<br />

do país. Para esta temporada,<br />

por exemplo, estão sendo oferecidas<br />

33 variedades, próprias<br />

para regiões, climas, altitudes e<br />

solos distintos, dentre outros<br />

fatores que influenciam o desempenho<br />

das lavouras.<br />

Todo o conhecimento tecnológico<br />

e mercadológico acumulado<br />

sustentou, recentemente,<br />

um novo ciclo de expansão do<br />

grupo. Desde a década de 1990 a empresa investia<br />

na abertura de novas áreas agrícolas no Tocantins,<br />

uma região até então pouco explorada. De produtora<br />

de grãos comuns, a Uniggel passou a produzir sementes<br />

também no estado, a partir de 2009. Primeiro<br />

no município de Lagoa da Confusão, onde converteu<br />

suas lavouras de soja em campos de sementes,<br />

credenciou produtores cooperados e ergueu uma<br />

UBS. As lavouras ali são irrigadas, o que garante<br />

um diferencial à Uniggel: as sementes são colhidas<br />

em agosto e setembro, período em que se inicia o<br />

plantio na maioria das regiões. Em 2012 a empresa<br />

também transformou em campos de sementes suas<br />

lavou ras de Campos Lindos, no nordeste do estado,<br />

montando uma nova UBS, a terceira do grupo – nesta<br />

e nas demais unidades todos os armazéns são climatizados,<br />

para manter intacto o potencial de vigor<br />

Ensaios e pesquisas com sementes e<br />

atendimento aos clientes: Uniggel está<br />

presente em várias etapas do ciclo<br />

produtivo dos agricultores<br />

e de germinação das sementes.<br />

Somente a unidade de Caseara,<br />

no oeste do Tocantins, ficou<br />

exclusivamente voltada à produção<br />

de grãos comuns.<br />

Com os investimentos contínuos<br />

realizados ao longo dos<br />

anos, a Uniggel garantiu o atendimento<br />

às diversas regiões<br />

agrícolas do cerrado e conquistou<br />

uma posição privilegiada<br />

para fornecer à área de maior<br />

expansão do país, a região conhecida<br />

como Matopiba, que<br />

engloba partes dos estados do<br />

Maranhão, Tocantins, Piauí e<br />

Bahia. O potencial é inigualável:<br />

estima-se que somente no<br />

Tocantins haverá aumento de<br />

50% nas áreas de lavouras nos<br />

próximos 10 anos.<br />

“Estamos preparados para<br />

acompanhar esse crescimento”,<br />

afirma Fausto Garcia, que<br />

dirige a Uniggel nas regiões<br />

Norte e Nordeste. Prova disso<br />

é uma nova parceria firmada<br />

com a Embrapa, que permitirá<br />

à Uniggel realizar, de forma<br />

pioneira, a multiplicação de<br />

sementes de arroz no Tocantins.<br />

Os negócios da empresa no<br />

estado incluem ainda a revenda<br />

exclusiva das máquinas e implementos<br />

agrícolas da marca Case IH Agriculture, uma<br />

das principais fabricantes mundiais do segmento.<br />

O ingresso no mercado de máquinas, há quatro<br />

anos, aprofundou o processo de verticalização da<br />

empresa, que está cada vez mais presente nas<br />

diferentes etapas do ciclo produtivo dos clientes.<br />

E não apenas com a venda de produtos, mas<br />

com diversos serviços, atendimento pós-venda e,<br />

principalmente, relacionamentos duradouros. De<br />

outro lado, internamente, o Grupo Uniggel conclui<br />

um processo de reorganização. Uma holding foi<br />

criada com o objetivo de melhorar os sistemas de<br />

controle e planejamento do grupo e também para<br />

que a sucessão possa ser conduzida, no futuro, com<br />

transparência e tranquilidade. “Isso tudo caracteriza<br />

o atual estágio de maturidade alcançado pela empresa”,<br />

diz Sérgio Garcia.<br />

www.uniggelsementes.com.br<br />

/uniggel<br />

contato@uniggelsementes.com.br<br />

(64) 3634-2036 (GO) • (63) 3225-3302 (TO)<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

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6<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


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7


EDITORIAL<br />

Prezados leitores,<br />

Pecuaristas, está na hora de apertar o cinto e acelerar o passo<br />

em busca de maior profissionalização em sua atividade e praticar<br />

uma “ Pecuária de Precisão ”. Para alcançar esse objetivo altamente<br />

desafiador será necessário intensificar a capacitação e treinamento de<br />

toda equipe de trabalho e principalmente de seu maior envolvimento<br />

e comprometimento com o projeto, aliado à eficácia de sua ações.<br />

Na realidade muitos pecuaristas ainda persistem no amadorismo<br />

por simples comodismo, utilizando métodos sofríveis e obtendo<br />

resultados pífios. É inadmissível escolher boi de boiada para a<br />

produção de bezerros, que, fazendo um paralelo seria o mesmo que<br />

escolher milho de paiol para formar uma lavoura de milho e após as<br />

colheitas reclamar das safras obtidas.<br />

Por que conviver ainda com essas atitudes e ações<br />

predatórias? Como discutir o aumento dos insumos e reclamar<br />

do baixo valor da @ do boi? Por que persistir no erro e continuar<br />

teimosamente na zona de conforto, considerando que está bom sem<br />

ao menos levantar e saber seus custos de produção?<br />

Chega! Está na hora da virada, de mudar de atitude, pois<br />

é no momento adverso que se conhece a melhor liderança e seus<br />

vencedores. Vamos, aperte o passo! Vá em busca de ganho em<br />

produtividade e lucratividade.<br />

Nós da <strong>MB</strong> PARCEIRO através de assessorias produtivas<br />

e da revista <strong>MB</strong> RURAL idealizamos e estamos executando este<br />

grande projeto de capacitar através da leitura levando conhecimento<br />

e contribuindo para o aperfeiçoamento técnico dos profissionais<br />

que vivenciam e acompanham o agronegócio. Publicamos em<br />

6 anos desde o primeiro editorial 286 artigos técnicos que foram<br />

distribuídos gratuitamente através de 108.000 revistas.<br />

Leiam e colecionem sua revista <strong>MB</strong> RURAL que já é um valioso<br />

material de estudo e pesquisa;<br />

Índice<br />

10 | MANEJO<br />

13 | PASTAGENS<br />

16 | FERTILIDADE DO SOLO<br />

18 | FERTILIDADE DO SOLO II<br />

21 | MANEJO II<br />

24 | GESTÃO<br />

28 | EQUINOCULTURA<br />

34 |GESTÃO II<br />

37 | CUSTO DE PRODUÇÃO<br />

41 | AGRONEGÓCIO<br />

44 | GENÉTICA<br />

47 | ECONOMIA<br />

49 | INTEGRAÇÃO<br />

52 | CONTROLE FITOSSANITÁRIO<br />

Um forte abraço e boa leitura!<br />

Reinaldo Gil<br />

Eng. Agrônomo/<strong>MB</strong> Parceiro<br />

54 | APICULTURA<br />

56 | OBRIGAÇÕES FISCAIS<br />

Uma publicação do Grupo <strong>MB</strong> Parceiro<br />

Distribuição Gratuita<br />

<strong>Ed</strong>itores:<br />

Mauricio Bassani dos Santos<br />

CRMV-TO 126/Z<br />

Reinaldo Gil<br />

CREA 77816/D<br />

reinaldo.gil@uol.com.br<br />

(63) 98466 8919 / 98426 6697 (WhatsApp)<br />

Projeto gráfico:<br />

Agência Lumia (63) 3602 3441<br />

Bruce Ambrósio e equipe<br />

Tiragem: 3.000 exemplares<br />

8<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

Colaboração:<br />

Alexandre Andrade de Souza<br />

Arquimedes José Riobueno Pellecchia<br />

Daniella Martins Pimenta<br />

Emerson Ferrari Netto<br />

Fábio Quintão<br />

Gentil Cavalheiro Adorian<br />

Gisela Gracioli<br />

Jorge Luís Ferreira<br />

Marcelo Dominici Ferreira<br />

Marcelo Könsgen Cunha<br />

Marcio Rezende<br />

Marcos Jean Vieira de Souza<br />

Matheus Caldeira Brant<br />

Mauricio Bassani<br />

Ricciere Rodrigues Pereira Parente<br />

Rômulo Augusto Guedes Rizzardo<br />

Ronnie Valdo Mendes Brito<br />

Wagner Pires<br />

William Koury Filho<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>MB</strong> Rural não possui matéria paga<br />

em seu conteúdo. As ideias contidas nos artigos<br />

assinados não expressam, necessariamente,<br />

a opinião da revista e são de inteira<br />

responsabilidade de seus autores.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>MB</strong> Rural (Adm/Redação):<br />

204 Sul Av. LO 03, QI 17 Lt 02<br />

Palmas - TO - Cep.: 77.020-464<br />

Fones: (63) 98466-0066 / 3213 1630<br />

mauricio_bassani@yahoo.com<br />

CURTA NOSSA PÁGINA<br />

A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO<br />

<strong>MB</strong>PARCEIRO


EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

9


MANEJO<br />

Arquimedes José Riobueno Pellecchia<br />

Consultor Agroceres Multimix-Novanis<br />

Fábio Quintão<br />

Consultor Técnico Comercial<br />

fabio.quintao@agroceres.com<br />

MANEJO RACIONAL E<br />

BEM-ESTAR<br />

DOS BOVINOS DE CORTE<br />

O tema de bem-estar animal está muito presente no dia-a-dia da cadeia produtiva da carne, ainda mais quando tratamos<br />

em sistemas mais intensivos, seja nas fases de cria, recria e terminação, já que o bem-estar pode ser aplicado<br />

em todas as etapas da produção, como também um tema moral, já que trabalhamos com animais-seres vivos.<br />

Assim, os profissionais<br />

envolvidos na produção estão se<br />

conscientizando cada vez mais da<br />

importância de trabalhar olhando<br />

de maneira mais profunda o animal<br />

e suas necessidades, já que ele é a<br />

principal unidade de produção dentro<br />

do sistema, e para isto temos que<br />

ter conhecimento principalmente<br />

das necessidades mais básicas e não<br />

menos importantes para melhorar<br />

o seu grau de bem-estar a cada dia<br />

dentro do sistema.<br />

O bem-estar animais é a resposta<br />

de um animal às condições<br />

onde vive, sendo considerado um<br />

bom estado de bem-estar se estiver<br />

saudável, em conforto social e<br />

térmico, bem nutrido, sem injurias<br />

e que tenha oportunidade de expressar<br />

seu comportamento natural.<br />

Em diversas situações, os animais<br />

são submetidos a diversas fontes de<br />

estresse, das quais eles tentam se livrar<br />

constantemente e quando não<br />

conseguem, podem sofrer alterações<br />

fisiológicas e comportamentais,<br />

afetando diretamente o seu desempenho.<br />

Essas situações podem ser<br />

provocadas por manejos que fazem<br />

parte da rotina das fazendas, exemplos<br />

que podemos citar, desmama,<br />

mudança de sistemas de produção<br />

(pasto – confinamento), manejo<br />

de processamento (recebimento de<br />

animais, vacinação, identificação<br />

formação de novos lotes), manejo<br />

pré-abate, e que ocorrem de forma<br />

muito estressantes e que na maioria<br />

das vezes, é por falta de conhecimento<br />

– ferramentas (boas práticas<br />

de manejo), para realizá-las da melhor<br />

maneira possível, minimizando<br />

o estresse dos animais - pessoas, na<br />

qualidade do trabalho e nos resultados<br />

positivos a serem colhidos.<br />

A busca do conhecimento<br />

de boas práticas de manejo tem chamado<br />

a atenção de vários pecuaristas<br />

em todo o Brasil, os quais estão<br />

investindo cada vez mais na capacitação<br />

dos colaboradores através de<br />

treinamento em bem-estar animal e<br />

manejo racional dos bovinos de corte,<br />

focando principalmente na realidade<br />

de cada uma das fazendas.<br />

O interesse dos pecuaristas<br />

do Tocantins nesse tema é grande<br />

e por isso muitos deles investem<br />

em capacitação com treinamento<br />

para os seus colaboradores sobre a<br />

importância do bem-estar animal e<br />

manejo racional nos resultados produtivos<br />

e econômicos na pecuária<br />

de corte<br />

Ȯ objetivo dessa ação é<br />

oferecer conhecimento do comportamento<br />

animal a todos os responsáveis<br />

pelo manejo (Vaqueiros,<br />

Capatazes, Gerentes e Proprietários),<br />

para a adoção de boas práticas<br />

e formas adequadas de manejá-los.<br />

A mensagem principal da<br />

ação é de conscientização, sendo<br />

essa o primeiro passo para a mudança<br />

de atitude, a qual busca fortalecer<br />

as interações humano – animal promovendo<br />

melhoria nas condições<br />

de trabalho, e como consequência o<br />

bem-estar dos animais e um melhor<br />

resultado econômico da atividade.<br />

Equipe Faz. Mourão Equipe Faz. São Geraldo Equipe Faz. São Paulo<br />

10<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

11


12<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


Wagner Pires<br />

Engenheiro Agrônomo<br />

wagner@circuitodapecuaria.com.br<br />

www.circuitodapecuaria.com.br<br />

PASTAGENS<br />

A hora é agora!<br />

Estamos vivendo um momento bastante instável no Brasil e na pecuária, o preço da arroba está em baixa e o pais<br />

em meio uma crise política e econômica muito grande. Qualquer um diria que o momento é de puxar o freio e<br />

segurar todos os investimentos.<br />

Porem quem está com a<br />

fazenda em perfeito estado e com<br />

a carga animal adequada também<br />

pode se dar ao luxo de “diminuir”<br />

seus investimentos pelo menos<br />

por hora. Porem quem tem que<br />

arrumar a fazenda porque a mesma<br />

se encontra com as pastagens<br />

degradadas e baixa taxa de lotação e<br />

tem um caminho para seguir adiante<br />

não pode e não deve parar.<br />

Mas o pecuarista amigo vai me<br />

perguntar como fazer isso?<br />

É preciso entender uma<br />

coisa, para se arrumar uma fazenda<br />

leva-se anos de trabalho e não<br />

podemos esperar que a arroba volte<br />

a subir para novamente investir<br />

na atividade, pois com certeza<br />

quando a fazenda começar a ficar<br />

boa estaremos entrando em outro<br />

ciclo de baixa e aí sim perdemos o<br />

momento de ganhar na atividade.<br />

A pecuária é cíclica,<br />

temos períodos de alta e baixa<br />

frequentemente e o correto é<br />

estarmos preparados para ganhar<br />

mais quando o preço da arroba<br />

estiver favorável e para isso temos<br />

que estabelecer um plano de ação e<br />

ir executando este independente do<br />

preço estar em alta ou baixa.<br />

É claro que podemos ir mais<br />

rápido ou mais devagar em função<br />

do nosso capital disponível, mas não<br />

parar, existem ações e atitudes que<br />

devemos evitar e não realizar.<br />

O que não fazer<br />

1. Segurar o rebanho que já esteja<br />

pronto para o abate sem que<br />

as pastagens tenham condições<br />

para tal. É preferível vender o<br />

gado pesado e de imediato repor<br />

o estoque de cabeças com uma<br />

categoria mais leve. Desta forma<br />

você somente irá ganhar e suas<br />

pastagens também.<br />

2. Substituir o uso de herbicidas<br />

pelo roço manual ou mecânico.<br />

Isso é o mesmo que votar em<br />

um político condenado por corrupção<br />

na lava – jato para governador<br />

ou presidente achando<br />

que ele não roubará mais.<br />

3. Formar o pasto sabendo que<br />

necessita de um calcário e não<br />

aplica-lo. Você pode até adiar<br />

o Fosforo para o ano que vem,<br />

mas o calcário não deve abrir<br />

mão de maneira alguma.<br />

4. Comprar semente de baixo valor<br />

cultural para economizar.<br />

Um pasto mal formado já é o<br />

início da degradação, você começa<br />

morto.<br />

5. Interromper o trabalho de divisão<br />

de seus pastos. Procure dividir<br />

aqueles pastos que vai gastar<br />

menos cerca para realizar as divisões,<br />

mas não interrompa.<br />

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13


O que fazer<br />

1. Investir em um curso de capacitação<br />

de sua equipe, principalmente<br />

em manejo de pastagem.<br />

Funcionários capacitados é sinônimo<br />

de economia.<br />

2. Realizar obrigatoriamente o repasse<br />

e catação com herbicida<br />

nos pastos que já tenha iniciado<br />

o processo de controle químico.<br />

3. Monitorar de perto os pastos<br />

que ocorreu ataque de cigarrinhas<br />

no ano anterior no início<br />

das próximas chuvas e não confiar<br />

em benzedeiras e simpatias.<br />

4. Investir em uma área de milho<br />

e sorgo para a produção de silagem.<br />

5. Se tiver que adubar pastos, comece<br />

pelos pastos melhores,<br />

menores e livres de invasoras.<br />

6. Não de chance para o erro. Errar<br />

e ter que fazer novamente é<br />

o que é caro.<br />

Finalmente, fica aqui um<br />

último conselho, em tempos de<br />

crise a intensificação é o melhor<br />

caminho para se continuar na atividade.<br />

Quanto mais difícil estiver o<br />

mercado mais importante será uma<br />

consultoria especializada e fugir do<br />

amadorismo.<br />

Pense nisso e grande abraço.<br />

14<br />

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EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

15


Mauricio Bassani<br />

Zootecnista/Zoofértil<br />

mauricio_bassani@yahoo.com<br />

FERTILIDADE DO SOLO<br />

CONSTRUA CORRETAMENTE<br />

O ALICERCE DA SUA FAZENDA<br />

O SOLO É SEU MAIOR PATRIMÔNIO<br />

Hoje começamos uma série de artigos que visam discutirmos sobre o nosso maior Patrimônio: o solo. Apesar de<br />

já ser responsável por grande parte da produção mundial de alimentos, vemos que podemos aproveitá-lo de forma<br />

mais inteligente e responsiva – sobretudo na análise lucro por investimento.<br />

Atualmente, ainda existem<br />

muitas dúvidas, em especial na<br />

pecuária de corte, sobre a viabilidade<br />

financeira da fertilização do solo.<br />

Realmente o risco é grande se<br />

pensarmos em investimentos neste<br />

setor sem uma visão integrada das<br />

ações e sem planejamento – inclusive<br />

financeiro. O que muitos não<br />

sabem é que justamente as decisões<br />

técnicas e estratégicas são as grandes<br />

responsáveis pelo sucesso deste tipo<br />

de investimento. Neste sentido, cabe<br />

lembrar que muitas bases que vamos<br />

destacar aqui neste e nos próximos<br />

artigos servem tanto para a pecuária<br />

quanto para a agricultura, pois ambas<br />

respondem muito bem ao uso de<br />

tecnologias com competência.<br />

Em primeiro lugar temos que<br />

eliminar o prejuizo silencioso que<br />

anualmente temos ao subutilizarmos<br />

os materiais genéticos disponíveis.<br />

É comum vermos variedades<br />

de soja com capacidade produtiva<br />

acima de 80 sacos produzindo<br />

menos de 60 sacos por hectare.<br />

Também não é raro vermos capins<br />

com potencial produtivo de 15 a 20<br />

toneladas de matéria seca, algo totalmente<br />

possível para a maioria dos<br />

capins, produzindo volumoso que<br />

mal alimenta um boi magro. Em<br />

ambos os casos, grande parte deste<br />

“prejuízo” está claramente ligado à<br />

condições de fertilidade falhas ou<br />

inadequadas.<br />

Além disso, perde-se muito<br />

também no processo de uso dos<br />

fertilizantes. Métricas produtivas,<br />

tais como: Kg de MS ou Produção<br />

por kg de Nutriente podem e devem<br />

ser aplicadas em cada área. Utilizando-se<br />

desta avaliação simples, fica<br />

muito fácil identificar onde estamos<br />

realizando investimentos com baixo<br />

retorno.<br />

Só para se ter uma ideia,<br />

em pastagens é comum observarmos<br />

uma variação de 15 a 45 kgs de<br />

MS produzida por kg de Nitrogênio<br />

aplicado. Imaginem que o mesmo<br />

investimento pode render até 3<br />

vezes mais se for realizado sob as<br />

condições corretas. Daí a segunda<br />

premissa básica para qualquer trabalho<br />

de fertilidade do solo: métricas<br />

produtivas são as ferramentas<br />

que nos mostram o quanto estamos<br />

sendo profissionais no uso<br />

de uma tecnologia, estratégia ou sistema<br />

de produção.<br />

Deste modo, devemos ter<br />

em mente que quando falamos<br />

em explorar o potencial do solo,<br />

mediante correções e adubações<br />

16<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


do solo, estamos falando não só<br />

em corrigir o solo em um ou dois<br />

elementos. O maior benefício do<br />

uso correto das ferramentas de<br />

manejo da fertilidade é a elevação da<br />

produtividade com eficiência no uso<br />

dos insumos – inclusive diluindo os<br />

outros custos. Sendo assim, todas as<br />

estratégias de melhoria e construção<br />

da fertilidade do solo devem estar<br />

alinhadas à segurança produtiva<br />

e produtividade, sobretudo a fim<br />

de garantir que o investimento em<br />

fertilidade realmente seja eficiente,<br />

consistente e acumulativo.<br />

Fica fácil explicar a questão<br />

da eficiência ao compararmos os<br />

resultados dos fertilizantes em nossas<br />

lavouras (pastagem ou cultura<br />

agrícola) com o aproveitamento do<br />

combustível dos carros. O combustível<br />

é o mesmo, mas a transformação<br />

de combustível em km rodados<br />

é de cada carro, ou melhor, de cada<br />

motorista. Assim também são os nutrientes<br />

aplicados ao solo. Nutrientes<br />

aplicados em ambientes mal preparados<br />

para recebê-los não trazem<br />

respostas expressivas e daí se explica<br />

grande parte das reclamações e casos<br />

onde o uso de fertilizantes não<br />

trouxe os resultados desejados.<br />

Para evidenciar melhor<br />

mostramos na Tabela 01 que a variação<br />

de apenas um parâmetro na<br />

fertilidade do solo pode modificar<br />

totalmente o aproveitamento dos<br />

nutrientes. No caso, somente a variação<br />

do pH do solo pode representar<br />

perdas extremamente significativas<br />

no investimento.<br />

Deste modo, apenas para<br />

reforçar a importância da tabela<br />

acima, posso ter dois produtores<br />

rurais aplicando doses iguais de<br />

um nutriente e obterem resultados<br />

produtivos muito diferentes.<br />

Da mesma forma que solos<br />

aparentemente férteis, pela análise<br />

do elemento em si, podem não<br />

apresentarem respostas produtivas<br />

condizentes por apresentarem<br />

o pH como fator limitante. Tal<br />

informação reforça claramente que<br />

a vigilância das condições de pH<br />

do solo e o uso da calagem com<br />

intervalos regulares são essenciais<br />

para preservar a resposta das plantas<br />

à adubação. Além disso, nos mostra<br />

mais uma premissa: Quando<br />

investir em fertilidade tenha uma<br />

Fonte: Lopes 1984 citado por Aguiar 2010<br />

PH DO SOLO<br />

4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0<br />

NITROGÊNIO 20 50 75 100 100 100<br />

FÓSFORO 30 32 40 50 100 100<br />

POTÁSSIO 30 35 70 90 100 100<br />

ENXOFRE 40 80 100 100 100 100<br />

CÁLCIO 20 40 50 50 83 100<br />

MAGNÉSIO 20 40 50 50 80 100<br />

%<br />

Fonte: Lopes 1984 citado por Aguiar 2010<br />

PH<br />

visão<br />

DO SOLO<br />

sistêmica do sistema de<br />

produção – inclusive das culturas<br />

futuras.<br />

%<br />

Finalmente vemos que ainda<br />

há muito que se falar sobre manejo e<br />

construção da fertilidade do solo.<br />

Temas como manejo da<br />

fertilidade com foco perfil do solo,<br />

impactos da melhoria da matéria<br />

orgânica, fontes de fósforo, novos<br />

adubos (tecnologias embutidas),<br />

dentre outros assuntos de essencial<br />

importância ao produtor certamente<br />

farão parte dos nossos próximos<br />

artigos.<br />

Ainda sim, lembre-se que<br />

seu solo é seu maior patrimônio<br />

– aproveitar-se dele de forma<br />

correta, com atitudes embasadas<br />

e competência, será essencial para<br />

o sucesso do seu negócio. Sendo<br />

assim, conte conosco, pois estamos<br />

aqui para servi-lo.<br />

4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0<br />

NITROGÊNIO 20 50 75 100 100 100<br />

FÓSFORO 30 32 40 50 100 100<br />

POTÁSSIO 30 35 70 90 100 100<br />

ENXOFRE 40 80 100 100 100 100<br />

CÁLCIO 20 40 50 50 83 100<br />

MAGNÉSIO 20 40 50 50 80 100<br />

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Dr. Gentil Cavalheiro Adorian<br />

Eng. Agrônomo e Dr. em Fitotecnia<br />

gentil.cav@gmail.com<br />

FERTILIDADE DO SOLO II<br />

PRÁTICAS DE<br />

MANEJO DO SOLO<br />

Alternativas para minimizar o efeito da<br />

deficiência hídrica no Cerrado<br />

Na região do Cerrado ocorrem períodos de deficiência hídrica ocasionados por falta de chuvas regulares,<br />

intervalos conhecidos como “veranicos”, em frequência e duração distintas. Nas plantas, esses períodos secos<br />

suficientemente prolongados causam estresse hídrico, que limita o crescimento e o desempenho de plantas<br />

cultivadas mais do que qualquer outro fator ambiental, ocasionando perda de produtividade.<br />

O solo, além de apresentar<br />

as funções de suporte para as plantas<br />

e fonte de nutrientes, também é<br />

um importante reservatório de água.<br />

Em boas condições estruturais, cerca<br />

de 50 % do seu espaço poroso<br />

pode ser preenchido por água. Entretanto,<br />

a capacidade de armazenamento<br />

de água de um solo é variável,<br />

principalmente, conforme sua<br />

textura, sua porosidade e seu teor de<br />

matéria orgânica.<br />

Ao identificar deficiência de<br />

água no solo, normalmente a primeira<br />

resposta da planta é o fechamento<br />

dos estômatos (aberturas microscópicas<br />

presentes nas folhas que<br />

servem para trocas gasosas, ou seja,<br />

perder água para a atmosfera e absorver<br />

o gás carbônico para a fotossíntese)<br />

para diminuir a desidratação<br />

de seus tecidos pela transpiração.<br />

Porém, o fechamento dos estômatos<br />

compromete a absorção de gás<br />

carbônico, o que decresce a taxa de<br />

fotossíntese que, consequentemente,<br />

implicará em danos à produção.<br />

O fechamento estomático<br />

pode manter a planta viva por<br />

mais tempo durante um período<br />

de deficiência hídrica, no entanto,<br />

inevitavelmente, para as plantas<br />

alcançarem produções satisfatórias<br />

devem absorver a água do solo e<br />

transpirá-la para a atmosfera.<br />

Práticas de manejo do solo<br />

podem ser alternativas para minimizar<br />

o estresse hídrico causado pelo<br />

veranico nas culturas de sequeiro.<br />

Para isso, deve-se ter em vista dois<br />

aspectos: o aumento da capacidade<br />

do solo em armazenar água e o aumento<br />

da abrangência das raízes das<br />

culturas a camadas mais profundas<br />

do solo.<br />

Para aumentar a capacidade<br />

do solo em armazenar água, como<br />

a maioria dos solos de cerrado apresentam<br />

baixa retenção de umidade,<br />

manter a cobertura do solo e o<br />

incremento no seu teor de matéria<br />

orgânica são os pontos-chaves. O<br />

sistema de plantio direto é uma prática<br />

de manejo que visa manter o<br />

solo coberto com palhada (restos de<br />

culturas), o que fornece matéria orgânica<br />

ao mesmo. A palhada como<br />

18<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


cobertura reduz a perda de água por<br />

evitar a incidência de luz direta ao<br />

solo e por manter a temperatura do<br />

mesmo mais amena.<br />

A escolha de plantas com<br />

elevada produção de massa e com<br />

mais resistência à decomposição é a<br />

mais adequada para a produção de<br />

palhada e o fornecimento de matéria<br />

orgânica ao solo, como exemplo,<br />

capim Brachiaria, milheto, milho e<br />

a consorciação do milho com Brachiaria.<br />

Porém, o fornecimento de<br />

matéria orgânica pela cobertura da<br />

palhada fica restrita somente às camadas<br />

mais superficiais do solo, não<br />

incrementando em profundidade.<br />

A consorciação do milho<br />

com o capim Brachiaria na safra ou<br />

safrinha tem demonstrado bons resultados<br />

ao longo do tempo no incremento<br />

do teor de matéria orgânica<br />

em camadas mais profundas do<br />

solo, com elevação da capacidade de<br />

retenção de água e também de nutrientes.<br />

Isso se deve ao volumoso<br />

e vigoroso desenvolvimento radicular<br />

do Brachiaria, em que, as raízes<br />

em profundidade, após senescência<br />

acrescentam matéria orgânica ao<br />

solo e deixam “canaletas” para entrada<br />

de ar, melhorando a aeração<br />

nessas camadas.<br />

O aumento da quantidade<br />

de matéria orgânica em camadas<br />

mais profundas também reduz o<br />

teor de alumínio, considerado tóxico<br />

às plantas. Com redução do alumínio,<br />

manutenção da umidade, aumento<br />

da retenção e fornecimento<br />

de nutrientes e melhora da aeração,<br />

há favorecimento do desenvolvimento<br />

das raízes das culturas nessas<br />

camadas, absorvendo mais água<br />

e, consequentemente, reduzindo o<br />

efeito da deficiência hídrica.<br />

Logicamente, os benefícios<br />

descritos anteriormente não será<br />

possível se este solo não apresentar-se<br />

fisicamente e quimicamente<br />

propício para o crescimento das<br />

plantas. Para isso, deve estar livre de<br />

camadas compactadas que dificultam<br />

o aprofundamento das raízes.<br />

O uso do escarificador ou do subsolador<br />

às vezes se torna necessário,<br />

dependendo do tamanho e profundidade<br />

da camada compactada.<br />

O ideal é antes de iniciar um<br />

plantio e, principalmente, um sistema<br />

de plantio direto, deve se atentar<br />

a este fator.<br />

A correção da acidez, com<br />

pH em água próximo de 6,0 ou 6,5,<br />

e a elevação dos teores de cálcio e<br />

magnésio para níveis adequados<br />

(> 2 cmolc.dm-3) não somente na<br />

camada de 0 a 20 cm, mas também,<br />

nas camadas de 20 a 40 cm e de 40 a<br />

60 cm, elimina barreiras químicas ao<br />

desenvolvimento das raízes. O uso<br />

do gesso é uma alternativa quando<br />

se tem o objetivo de neutralizar<br />

o alumínio e elevar os teores de<br />

cálcio e magnésio em maiores<br />

profundidades, mas deve ser usado<br />

com cautela, com recomendações<br />

feitas por um agrônomo.<br />

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20<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


Marcelo Könsgen Cunha<br />

Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa<br />

e Professor da Católica do Tocantins<br />

marcelo.konsgen@gmail.com<br />

MANEJO II<br />

PASTEJO ROTACIONADO<br />

POR QUE E ONDE USAR<br />

As áreas de pastagens, depois de implantadas, necessitam de manejo adequado para alcançar resultados<br />

desejados. As ações básicas de manejo em uma área com pastagem são o “controle” de pragas, doenças e plantas<br />

daninhas, a calagem e a adubação e a colheita. O sistema de pastejo rotacionado caracteriza-se pelo uso de um<br />

conjunto de piquetes por um ou mais lotes de animais, onde cada piquete é usado por um determinado período de<br />

tempo e “descansa” por outro, os chamados períodos de ocupação e de descanso.<br />

O rotacionado, se bem empregado<br />

e conduzido, resultará em<br />

melhorias no manejo da pastagem,<br />

especialmente na colheita da forragem,<br />

que será mais uniforme em<br />

toda área. Assim sendo, anomalias<br />

de colheita de forragem (superpastejo<br />

e subpastejo) são eliminadas<br />

ou, pelo menos, atenuadas, quando<br />

comparado ao sistema de pastejo<br />

contínuo, onde há menos controle<br />

sobre o local e tempo de pastejo dos<br />

animais, o que conduz a diferentes<br />

severidades de colheita da forragem<br />

na área.<br />

Em adição a isso, pode-se<br />

manejar cada piquete de modo diferenciado,<br />

por exemplo, acontecendo<br />

um surto de lagarta em apenas dois<br />

piquetes, de um módulo com oito<br />

piquetes, pode-se aplicar inseticida<br />

apenas nos piquetes em que a lagarta<br />

ocorre e, se algum manejo específico,<br />

antes ou após a aplicação do<br />

produto, for necessário, esse pode<br />

ser feito apenas nos dois piquetes,<br />

sendo que os demais piquetes continuam<br />

sendo usados pelo(s) lote(s)<br />

de animais.<br />

A mesma lógica é válida para<br />

o manejo da fertilidade do solo, pois<br />

é possível individualizar o manejo<br />

dos piquetes, coletando e analisando<br />

o solo de cada um deles, originando,<br />

portanto, recomendações de calagem<br />

e adubação para cada piquete.<br />

Pode-se notar que o rotacionado<br />

é um caminho para a pecuária<br />

de precisão, pois permite o diagnóstico<br />

e tratamento diferenciado dos<br />

piquetes que compõe uma área de<br />

pastagem, o que, sem dúvida alguma,<br />

conduz a ganhos em produtividade<br />

e lucratividade para o sistema<br />

de produção.<br />

Contudo, algumas áreas de<br />

pastagem apresentam produtividades<br />

de forragem bastante baixas, o<br />

que diminui o retorno financeiro na<br />

implantação de um sistema de pas-<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

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kg MS/ha/ano EFICIÊNCIA DE PASTEJO (%)<br />

15 25 35 45 55 65<br />

8.000 399,10 665,17 9<strong>31</strong>,23 1.197,30 1.464,00 1.729,20<br />

14.000 698,43 1.164,04 1.629,66 2.095,28 2.560,80 3.026,40<br />

20.000 997,75 1.662,92 2.328,09 2.993,25 3.658,80 4.323,60<br />

Tabela. Renda bruta estimada*, em reais, a partir de determinadas produtividades e<br />

eficiências de colheita em pastagens.<br />

tejo rotacionado na mesma, já que<br />

a construção de cercas e colocação<br />

de água não irá, por si só, elevar a<br />

produtividade de forragem, podendo<br />

impactar somente na eficiência<br />

de colheita da forragem produzida.<br />

Na tabela ao lado há uma<br />

simulação para diferentes níveis de<br />

produtividade e colheita de forragem,<br />

onde se observa que o aumento<br />

de renda bruta é menor quando há<br />

elevação do percentual de forragem<br />

colhido em produtividades menores,<br />

desta forma, recomenda-se, de<br />

modo geral, que sistemas de pastejo<br />

rotacionado sejam implantados em<br />

pastagens de maior produtividade.<br />

Em áreas de menor produtividade<br />

de forragem, primeiramente, deve-<br />

-se elevar esta, para depois implantar<br />

um sistema de pastejo rotacionado,<br />

ou fazê-los ao mesmo tempo, de<br />

modo sincronizado e racional.<br />

Para usar tabelas como esta,<br />

na tomada de decisão sobre a implantação<br />

de rotacionado, é necessário<br />

diagnosticar a pastagem estimando<br />

sua produtividade e eficiência de<br />

colheita, bem como estimar o ganho<br />

em eficiência de colheita que a implantação<br />

do rotacionado permitirá<br />

e o investimento para implanta-lo.<br />

Se, juntamente com a implantação<br />

do rotacionado, deseja-se<br />

aumentar a produtividade da pastagem<br />

pelo uso da adubação, por<br />

exemplo, deve-se considerar o investimento<br />

com a adubação e estimar<br />

a produtividade e eficiência de<br />

pastejo que a adubação irá proporcionar.<br />

Após isto proceder a análise<br />

econômica e tomar a decisão.<br />

Pode-se concluir que o sistema<br />

de pastejo rotacionado, se usado<br />

de modo adequado, é uma valiosa<br />

ferramenta para melhorar a produtividade<br />

e lucratividade de sistemas de<br />

produção de bovinos em pastagens.<br />

Visando prover mais<br />

informação para a implantação de<br />

sistemas de pastejo rotacionado, na<br />

próxima edição da <strong>MB</strong> Rural haverá<br />

um artigo sobre como fazê-los.<br />

22<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

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Ronnie Valdo Mendes Brito<br />

Engenheiro Agrônomo<br />

rvaldo@gmail.com<br />

GESTÃO<br />

GERENCIAMENTO DAS<br />

ATIVIDADES PRODUTIVAS<br />

DIAGNÓSTICO TÉCNICO E ECONÔMICO<br />

Diagnóstico técnico e econômico, o levantamento de custos tem por objetivo fornecer um raio-X das<br />

finanças da fazenda e ajudar a identificar problemas que passam despercebidos no dia a dia. O resultado é<br />

a melhoria da gestão, seja reduzindo gastos desnecessários ou direcionando estrategicamente os recursos.<br />

O custo de produção agrícola<br />

é uma excelente ferramenta de<br />

controle e gerenciamento das atividades<br />

produtivas e de geração de<br />

importantes informações para ajudar<br />

nas tomadas de decisões pelos<br />

produtores rurais. Para gerir com<br />

eficiência e eficácia uma unidade<br />

produtiva agrícola, é indispensável,<br />

dentre outras variáveis, o domínio<br />

da tecnologia e do conhecimento<br />

dos resultados dos gastos com os<br />

insumos e serviços em cada fase da<br />

produção agrícola, que tem no custo<br />

um indicador importante das escolhas<br />

do produtor.<br />

A administração e produção,<br />

o processo administrativo é<br />

constituído de:<br />

1. Planejamento,<br />

2. Organização<br />

3. Direção<br />

4. Controle.<br />

Medir o desempenho,<br />

estabelecer comparação do<br />

desempenho com os padrões, tomar<br />

ações necessárias para melhoria<br />

do desempenho. Na agricultura, a<br />

administração do empreendimento<br />

rural exige tecnologia e<br />

conhecimentos para lidar com os<br />

riscos e incertezas próprias do<br />

setor (clima, política, economia,<br />

24<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

legislação, etc), a instabilidade da<br />

renda em razão da produtividade<br />

e preços internos e externos,<br />

as características de oligopólio<br />

e oligopsônio no comércio e<br />

indústria que se relacionam com a<br />

agricultura, as variações de preços<br />

e as dificuldades de comercialização<br />

na safra, o crédito muitas vezes<br />

problemático, a perecibilidade dos<br />

produtos agrícolas, além da própria<br />

complexidade da produção agrícola<br />

(local, tempo, espaço, clima, meio<br />

ambiente, solo, etc). O custo de<br />

produção, a maximização dos<br />

resultados de uma empresa ocorre<br />

na realização de sua atividade<br />

produtiva, pois ela procurará<br />

sempre obter a máxima produção<br />

possível em face da utilização de<br />

certa combinação de fatores. Os<br />

resultados ótimos poderão ser<br />

conseguidos quando houver a<br />

maximização da produção para um<br />

dado custo total ou minimizar o<br />

custo total para um dado nível de<br />

produção.<br />

Assim, o custo total de produção<br />

pode ser definido como o total<br />

das despesas realizadas pela firma<br />

com a combinação mais econômica<br />

dos fatores, por meio da qual é obtida<br />

determinada quantidade do produto.<br />

Ao se falar em custos, devem-<br />

-se definir os conceitos em termos<br />

econômicos.<br />

O custo econômico considera<br />

os custos explícitos, que se referem<br />

ao desembolso efetivamente<br />

realizado, e os custos implícitos que<br />

dizem respeito àqueles para os quais<br />

não ocorrem desembolsos efetivos,<br />

como é o caso da depreciação e do<br />

custo de oportunidade, que se refere<br />

ao valor que um determinado fator<br />

poderia receber em algum uso alternativo.<br />

Outro conceito importante é<br />

o de custo operacional, que é o custo<br />

de todos os recursos que exigem<br />

desembolso monetário por parte da<br />

atividade produtiva para sua recomposição,<br />

incluso a depreciação; e a<br />

sua finalidade na análise é a opção<br />

de decisão em casos em que os retornos<br />

financeiros sejam inferiores<br />

aos de alternativas, representadas<br />

pelo custo de oportunidade<br />

Os custos de produção são<br />

divididos em dois tipos. Os custos<br />

variáveis totais (CVT) são a parcela<br />

dos custos totais que dependem da<br />

produção e por isso mudam com a<br />

variação do volume de produção.<br />

Representam as despesas<br />

realizadas com os fatores variáveis<br />

de produção. Na contabilidade<br />

empresarial, são chamados de<br />

custos diretos. Os custos fixos totais<br />

(CFT) correspondem às parcelas<br />

dos custos totais que independem<br />

da produção. São decorrentes dos<br />

gastos com os fatores fixos de


produção. Na contabilidade privada,<br />

são chamados de custos indiretos. O<br />

custo total (CT) é a soma dos custos<br />

fixos totais e variáveis totais.<br />

Custos de Produção Agrícola:<br />

de produção e o preço dos fatores.<br />

É considerando o curto prazo<br />

que se define o custo total da firma.<br />

Na análise de curto prazo, o que<br />

se observa são os custos variáveis<br />

e fixos, pois o comportamento do<br />

custo total de produção, que varia<br />

com os insumos, determina o nível<br />

de produção ótima – aquela que<br />

maximiza os lucros. Outros fatores<br />

importantes que impactam os custos<br />

de produção são os encargos de<br />

depreciação, de amortização e de<br />

exaustão dos recursos utilizados na<br />

produção.<br />

No caso da depreciação, há<br />

necessidade de substituição de bens<br />

pelo desgaste do uso, ação da natureza<br />

ou obsolescência normal; com<br />

a amortização há recuperação de<br />

capital ou de bens com prazo legal<br />

limitado ou despesas registradas no<br />

ativo diferido e, no que se refere à<br />

exaustão, há de se buscar o retorno<br />

da perda de valor dos bens ou direitos<br />

do ativo, ao longo do tempo,<br />

decorrente de sua exploração. As<br />

variáveis receita e preços são fundamentais<br />

para se verificar o lucro<br />

econômico (retornos maiores que<br />

as melhores alternativas) e o lucro<br />

normal (retornos iguais às alternativas<br />

existentes). No longo prazo, na<br />

análise econômica, não existiriam<br />

custos fixos e deve-se observar variáveis<br />

que impliquem no aumento<br />

de custo no curto prazo para atingir<br />

menor custo de produção no longo<br />

prazo, ou seja, deve-se observar a<br />

faixa mais eficiente na qual é mais<br />

econômica a produção.<br />

No caso de uma fazenda<br />

de pecuária, por exemplo, muitos<br />

fatores interferem no resultado.<br />

Se for uma fazenda de cria, por<br />

exemplo, a saída de produtos se<br />

dá no momento da desmama. Há<br />

venda de machos e de excedente<br />

de fêmeas, e que o produtor fica<br />

com parte delas para reposição de<br />

matrizes. O modelo não precisa<br />

ser engessado. Uma fazenda de<br />

cria pode vender matrizes se o<br />

preço desses animais subir. O que<br />

não dá é para mudar de estratégia<br />

todo ano, Tendo nítida qual a sua<br />

atividade, o pecuarista deve fazer um<br />

levantamento patrimonial, que nada<br />

mais é do que uma relação de todos<br />

os bens da fazenda e seu respectivo<br />

valor, à exceção da terra. Entram aí<br />

precificação de benfeitorias: casas,<br />

galpões, curral, cocho - tudo que<br />

for infraestrutura. De itens com<br />

motor: caminhonete, moto, trator,<br />

máquinas em geral. De implementos:<br />

roçadeira, guincho, grade. De<br />

equipamentos: motosserra, jogo de<br />

ferramentas, freezer, geladeira. A<br />

venda desse patrimônio geraria um<br />

valor X e é sobre ele que se aplicam<br />

fórmulas para calcular a manutenção<br />

e depreciação”. A depreciação é um<br />

valor “fantasma” que bate à porta<br />

quando você precisa trocar aquele<br />

trator velho.<br />

Isso quer dizer que a cada<br />

ano eu deveria ter economizado<br />

um montante que se perderam com<br />

a desvalorização”. Em resumo, a<br />

depreciação é quanto você precisa<br />

poupar para restituir o bem ao final<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

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de sua vida útil. Feito o levantamento<br />

patrimonial e aplicado sobre ele<br />

gastos com depreciação e manutenção,<br />

é preciso checar outros custos,<br />

como os variáveis que, por sua vez,<br />

estão ligados à atividade pecuária<br />

em si e mudam conforme o tamanho<br />

do rebanho. A esses custos é<br />

dado o nome de desembolsos (as<br />

famosas “despesas”).<br />

Abaixo, o que não pode ficar de<br />

fora da sua planilha de controle:<br />

Impostos: considerando que o<br />

produtor seja pessoa física, os mais<br />

comuns são o Imposto Sobre a Propriedade<br />

Territorial Rural (ITR) e o<br />

Imposto de Renda (IR). De acordo<br />

com o estado, podem haver outros.<br />

Sendo pessoa jurídica, há ainda encargos<br />

diferentes, como a Contribuição<br />

para Financiamento da Seguridade<br />

Social (COFINS).<br />

Assessoria: se enquadram neste<br />

item a prestação de serviços esporádicos<br />

por médicos-veterinários,<br />

agrônomos e zootecnistas. Escritórios<br />

de contabilidade, mais comumente,<br />

e de advocacia, quando<br />

necessário, também estão sob o<br />

mesmo chapéu.<br />

Custos com infraestrutura: abarcam<br />

contas com energia, telefone,<br />

internet, combustível e também<br />

gastos da sede (com alimentação,<br />

limpeza).<br />

Suplementação do rebanho: dependendo<br />

da prática de cada fazenda,<br />

pode corresponder a custos com<br />

sal mineral, proteico-energético ou<br />

ração concentrada.<br />

Gastos com a pastagem: no geral,<br />

adubação e limpeza.<br />

Sanidade: dividido em três, contempla<br />

gastos com vacinas, vermífugos<br />

e medicamentos de rotina.<br />

Reprodução: (item levantado em<br />

propriedades de cria, não se aplica a<br />

fazendas de recria e engorda): agrega<br />

custos com reposição de touros,<br />

inseminação artificial, geralmente<br />

anuais, sêmen e hormônios.<br />

Mão de obra/Recursos Humanos:<br />

são os custos com folha de pagamento,<br />

ou seja, com profissionais<br />

registrados.<br />

Nesse tópico não entram<br />

gastos com a figura do empreiteiro,<br />

que tem seus próprios funcionários<br />

e geralmente presta serviço de manutenção<br />

ao produtor. Quando conserta<br />

uma cerca, o pecuarista que<br />

calculou depreciação e manutenção<br />

tem reservado aí não só o valor do<br />

material, mas também da mão de<br />

obra, que está prevista no cálculo.<br />

Daí a importância de não registrar<br />

esse custo uma segunda vez,<br />

para que não fique duplicado.<br />

Pro labore: último item da lista é a<br />

margem líquida anual que a fazenda<br />

pode gerar para o proprietário.<br />

Para obte-la basta subtrair<br />

da receita o custo operacional total<br />

(depreciação + manutenção +desembolsos)<br />

anual. Dividindo o valor<br />

final por 12, o produtor chega ao<br />

teto para o seu pro labore mensal.<br />

Obviamente, parte desse recurso<br />

será reinvestido na propriedade.<br />

Com estes dados, é possível<br />

que o pecuarista note que tem<br />

maquinário de mais considerando<br />

tamanho do seu rebanho. Ou chegue<br />

á conclusão de que vale a pena<br />

terceirizar uma atividade a adquirir<br />

implementos para sua realização.<br />

Definição dos procedimentos<br />

decisórios e o modo de organizá-los<br />

para que o plano possa ser<br />

realizado. (Ex: cronograma de atividades<br />

ao longo do ciclo produtivo).<br />

Definição de procedimentos<br />

para prevenir ou detectar erros ou<br />

falhas e evitá-los permanentemente.<br />

(Ex: acompanhamento do ganho de<br />

peso diário dos animais em engorda,<br />

controle de estoques)<br />

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Gisela Gracioli e<br />

Marcio Rezende<br />

giselagracioli@gmail.com<br />

EQUINOCULTURA<br />

CAVALOS &<br />

TA<strong>MB</strong>ORES<br />

O BRASIL EM DESTAQUE<br />

As atividades relacionadas ao cavalo movimentam bilhões em todo o mundo e o Brasil está em destaque neste<br />

cenário. Segundo pesquisa do IBGE, somos o terceiro maior do mundo com mais de 5 milhões de animais. Os<br />

últimos feitos em 2014/15 apontaram um PIB da Equinocultura de 16,15 bilhões de reais no país. Uma marca<br />

histórica tendo crescimento bruto de 11,3% ao ano.<br />

Não existe outro setor formal<br />

da economia brasileira que teve<br />

um crescimento econômico como o<br />

de equinos. O setor movimenta em<br />

torno de 7 milhões de reais anualmente<br />

no país gerando ao todo mais<br />

de 3 milhões de postos de trabalho,<br />

sendo eles, empregos diretos e indiretos.<br />

Essa movimentação financeira<br />

foi positiva devido a dinâmica<br />

da equinocultura nos últimos anos.<br />

Houve forte crescimento da criação<br />

voltada para o público urbano<br />

principalmente para o esporte, pois<br />

o cavalo de esporte, que designamos<br />

de cavalo atleta, requer maiores<br />

cuidados e gastos, pois são animais<br />

que movimentam com maior intensidade<br />

desde a indústria de medicamentos<br />

e ferragens até cosméticos<br />

e acessórios. Uma modalidade esportiva<br />

que vem se destacando muito<br />

nos últimos anos é a Prova dos<br />

Três Tambores.<br />

Essa atividade tornou-se<br />

hoje uma grande geradora de renda<br />

e emprego, pois é crescente o número<br />

e tamanho dos eventos acontecendo<br />

mensalmente no país como<br />

as provas e os leilões que movimentam<br />

milhões devido ao padrão da<br />

raça e ao alto nível das competições.<br />

Origem dos Três Tambores<br />

Essa modalidade começou<br />

nos Rodeios dos EUA. Acredita-se<br />

que a primeira competição de Três<br />

Tambores ocorreu no Texas com a<br />

criação em 1948 do “Girls Rodeo<br />

Association”, que em 1981 passou<br />

a chamar-se WPRA (Women’s Professional<br />

Rodeo Association) com<br />

a participação de 70 cowgirls. Onde<br />

as mulheres procuravam espaço nos<br />

rodeio.<br />

Essa modalidade chegou ao<br />

Brasil através da ABQM (Associação<br />

Brasileira dos Criadores do Cavalo<br />

Quarto de Milha) que foi instituída<br />

como prova oficial de velocidade,<br />

Karyne Pelizzari<br />

juntamente com as modalidades<br />

Seis Balizas e Cinco Tambores.<br />

Em 1982 foi fundada<br />

nos EUA A National Barrel<br />

Horse Association (NBHA)<br />

revolucionando a indústria dos<br />

Três Tambores, criando vários<br />

formatos de competições em pistas<br />

fora do Rodeio, dividindo por<br />

níveis amadores, crianças, sênior e<br />

profissionais abrangendo todos os<br />

sexos e dando chances para todas as<br />

categorias.<br />

A NBHA tem mais de<br />

23.000 membros associados de todas<br />

as idades e afiliados em mais de<br />

12 países incluindo o Brasil.<br />

Em 2003, as competidoras<br />

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da modalidade formaram a Associação<br />

Nacional dos Três Tambores<br />

(ANTT) para valorizar o esporte.<br />

Desde 2004, já foram distribuídos<br />

mais de R$ 1 milhão em prêmios.<br />

Bruna Rezende - Barretos 2016<br />

Entenda a prova<br />

Para quem não conhece a<br />

prova dos Três Tambores, esta consiste<br />

em combinar a habilidade atlética<br />

do cavalo e do competidor para<br />

contornar os três tambores, em um<br />

percurso triangular preestabelecido,<br />

no menor tempo possível. O tempo<br />

da amazona depende de vários fatores<br />

mais comumente associados às<br />

condições físicas e mentais do cavalo,<br />

às habilidades da competidora e<br />

ao tipo de solo.<br />

O juiz tem função de fiscal<br />

na modalidade. Após o término da<br />

apresentação, se o cavalo apresentar<br />

qualquer ferimento proveniente<br />

do chicote, espora e embocadura, a<br />

competidora é desclassificada.<br />

Nos Rodeios, essa prova<br />

traz charme e elegância para dentro<br />

da arena, pois é a única que tem participação<br />

feminina. Na competição<br />

os cavalos precisam ser inteligentes,<br />

mas também ter força e agilidade<br />

para manobrar na menor distância<br />

possível. Um cavalo que consiga<br />

manobrar rapidamente e seguir os<br />

comandos com precisão fará a prova<br />

em menos tempo. Por isso a raça<br />

mais utilizada nessa modalidade é a<br />

Quarto de Milha.<br />

No complexo desse agronegócio,<br />

o estado do Tocantins se<br />

posiciona em 10º lugar na distribuição<br />

da concentração de equinos no<br />

Brasil segundo a última pesquisa do<br />

IBGE em 2014/15 (Instituto Brasileiro<br />

de Geografia e Estatística).<br />

Com essa grande demanda<br />

de animais no estado, surgiu muitos<br />

adeptos aos esportes equestres, em<br />

especial, nessa modalidade dos Três<br />

Tambores.<br />

Atualmente, temos atletas<br />

que representaram o estado do<br />

Tocantins no cenário Nacional e<br />

Internacional como a amazona<br />

Bruna Rezende de Gurupi, que<br />

durante dois anos representou o<br />

Projeto Cowgirl do Futuro na Festa<br />

do Peão de Boiadeiro de Barretos,<br />

sendo até hoje a competidora mais<br />

nova a correr na grande arena com<br />

apenas 4 anos de idade. Ela é filha do<br />

Leiloeiro Rural Márcio Rezende que<br />

foi pioneiro nesse esporte trazendo<br />

a modalidade para a Região Sul do<br />

estado e que junto com sua esposa<br />

Gisela Gracioli busca sempre<br />

fomentá-la realizando provas todos<br />

os anos.<br />

Temos também a competidora<br />

Jéssica Morais de Paraíso do<br />

Tocantins, que ao participar de uma<br />

competição em dupla da NBHA<br />

nos EUA, se consagrou Campeã<br />

Mundial.<br />

Essa é uma modalidade que<br />

para muitos se torna apaixonante,<br />

pois consegue reunir toda a família<br />

em um mesmo local de diversão.<br />

Nos Três Tambores, é comum ver<br />

os pais, os filhos e até mesmo avô<br />

ou avó competindo independentemente<br />

de idade, sexo ou mesmo estatura<br />

física. Hoje a modalidade dos<br />

Três Tambores é conhecida como A<br />

família do tambor.<br />

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Prof. Dr. Jorge Luís Ferreira<br />

UFT - Tocantins<br />

jorgeuft@gmail.com<br />

É TEMPO DE SE<br />

GESTÃO II<br />

PLANEJAR<br />

O pecuarista deve saber, na ponta do lápis, como, quando, onde e porque o seu dinheiro está sendo usado. Para o<br />

planejamento na atividade pecuária, o Rebanho deve passar obrigatoriamente por revisão periódica. E o que seria<br />

isso? De acordo, com o prof. José Bento, USP Pirassununga, seria mais ou menos responder aos questionamentos:<br />

Quemcossô? Oncotô? Poncovô?<br />

Parecem muito engraçadas<br />

essas palavras, mas o pecuarista tem<br />

que entender que a pecuária mudou<br />

muito nos últimos anos, e a maneira<br />

de escolher e selecionar os touros<br />

também. Em um passado não muito<br />

distante, era muito comum, a contratação<br />

das Centrais de Inseminação<br />

dos touros Grande Campeão e<br />

Reservado Campeão, em que apenas<br />

as vitórias na pista garantiam a diferenciação<br />

do animal dentro de uma<br />

bateria de doadores de sêmen.<br />

Mas aí vêm novamente as<br />

perguntas (Quemcosô? Oncotô?<br />

Poncovô?), e ainda a célebre frase<br />

do pecuarista Fernando Penteado,<br />

em que diz: “Na pecuária de corte,<br />

antes de mais nada, há que se<br />

pensar na comida do gado. Depois<br />

na raça ou nos animais. Sustentabilidade<br />

é dinheiro no bolso<br />

do lavrador”.<br />

Agora, as avaliações<br />

genéticas são o fator decisivo,<br />

apesar de que aqui também se abre<br />

um parêntese sobre a escolha dos<br />

animais. E como 90% dos pecuaristas<br />

vivem de produzir carne a pasto,<br />

temos que encontrar uma genética<br />

mais precoce e que possa garantir<br />

que as vacas reconcebam a cada 12<br />

meses. Mas aí vem novamente as<br />

famosas perguntas (Quemcosô?<br />

Oncotô? Poncovô?).<br />

O produtor tem que entender<br />

que nem sempre o melhor é o<br />

mais adequado para seu rebanho.<br />

Assim, a condição para o<br />

sucesso do empreendimento é eficiência<br />

em produtividade, em reprodução<br />

(precocidade, prenhez de primíparas,<br />

fertilidade), em adaptação,<br />

em eficiência alimentar e qualidade<br />

em desempenho (à desmama, ao<br />

sobreano, padrão de carcaça, qualidade<br />

de carne. O pecuarista precisa<br />

entender e responder o que deseja<br />

de sua empresa pecuária?<br />

Precisa saber e entender<br />

suas limitações (pontos fracos e<br />

fortes). Compreender se existe<br />

demanda (mercado) para sua<br />

produção, e principalmente estar<br />

ciente se existirá ou irá se manter<br />

um mercado daqui a 10 anos (ou em<br />

longo prazo) para cumprir a meta<br />

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de remunerar seu capital e tempo de<br />

trabalho.<br />

Dessa forma, não é apenas<br />

mudar para a nova onda (avaliação<br />

genética). Ou seja, manter um rebanho<br />

que é apenas fruto de touros<br />

avaliados. É preciso entender se as<br />

suas condições ambientais são ideais<br />

para ter rentabilidade e valer a pena,<br />

tendo em vista o investimento realizado<br />

ou necessário? Ter genética no<br />

rebanho não é condição primordial<br />

para o sucesso do empreendimento.<br />

O sucesso se faz com planejamento,<br />

com seleção adequada,<br />

com condições ambientais satisfatórias,<br />

com investimento, entre outros.<br />

Assim, a genética é um dos pilares<br />

para o progresso do sistema agropecuário,<br />

pois o desempenho é em<br />

função de outros fatores, também.<br />

Assim, faz-se necessário,<br />

em qualquer situação saber como se<br />

consegue ter produtividade e rentabilidade<br />

na empresa pecuária? Como<br />

favorecer um ambiente adequado<br />

para que melhor desempenho dos<br />

animais? E como a genética pode<br />

contribuir para essa maior rentabilidade<br />

e produtividade? Esses questionamentos<br />

não são nada fáceis de<br />

serem respondidos, mas devem ser a<br />

premissa para o pecuarista.<br />

Hoje, seguindo apenas o<br />

“modismo”, da avaliação genética o<br />

que se vê, entre muitos pecuaristas,<br />

é o melhoramento genético feito<br />

de forma errada. Ainda, temos<br />

muitos produtores que relutam<br />

em querer LUCRATIVIDADE,<br />

PRODUTIVIDADE.<br />

Temos hoje sistemas de<br />

criação que vendem tourinhos ainda<br />

baseados em muitos touros antigos,<br />

velhos. A premissa do melhoramento<br />

genético é a SELEÇÃO, então<br />

como podemos favorecer ganhos<br />

genéticos, melhorar o rebanho, se<br />

não fazemos a premissa básica.<br />

Como podemos desenvolver<br />

efetivamente a pecuária, se ao menos<br />

sabemos o que é Seleção. O produtor<br />

precisa entender que melhoramento<br />

genético é um processo e não um<br />

estado. Precisamos ter coragem, e<br />

ainda deixar de lado certos mitos,<br />

pois quem ganhará será a pecuária.<br />

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Marcelo Dominici Ferreira<br />

Médico Veterinário<br />

Especialista em Nutrição Animal<br />

marcelodominici@outlook.com<br />

CUSTO DE PRODUÇÃO<br />

VACAS VAZIAS<br />

TA<strong>MB</strong>ÉM DÃO LUCRO!<br />

No centro norte do Brasil as estações de monta, sejam elas por IATF ou por monta natural, iniciam se em dezembro<br />

e finaliza nos meses de março ou abril. Esse período, é tecnicamente suficiente para os animais apresentarem bons<br />

resultados reprodutivos. Após o término da estação reprodutiva inicia se o período de desmame e os diagnósticos<br />

de gestação das matrizes. Logicamente, nem todos animais conseguem emprenhar, e os fatores são diversos.<br />

É salutar a recomposição<br />

do rebanho, substituição de animais<br />

velhos e matrizes problemas. Dessa<br />

forma, os animais geneticamente<br />

mais antigos são substituídos por<br />

matrizes modernas e a evolução genética<br />

do rebanho é alcançada. Pro<br />

rebanho, pra propriedade, isso é lucro,<br />

pois estamos trocando maquinas<br />

novas e modernas por unidades<br />

de produção antigas, pouco produtivas<br />

e geneticamente ultrapassadas.<br />

Agora, vamos pensar nas<br />

bezerras melhores de raça, de padrão<br />

e morfologia que se tornarão<br />

as futuras matrizes. Estas após um<br />

ano de recria, serão novilhas nulíparas.<br />

Logicamente, bem trabalhadas<br />

esses animais terão boas taxas de<br />

prenhes, principalmente utilizando<br />

técnicas modernas, como os protocolos<br />

de indução aliada a suplementação<br />

proteico energética e mineral<br />

pra alcançarem a puberdade. Entretanto,<br />

nem todas emprenharão. Mas<br />

vamos dizer que um bom índice seria<br />

próximo a 80%.<br />

Em tempos de mercado retraído,<br />

menor liquidez e queda de<br />

preços, temos que achar o ponto<br />

de equilíbrio pro melhor custo de<br />

produção de bezerros. Muitas vezes,<br />

rebanhos que já estão com taxas de<br />

sucesso reprodutivo elevado, o criador<br />

terá que investir mais pra alcançar<br />

novos índices. Temos que medir<br />

se isso compensa. Hipoteticamente,<br />

uma fazenda com índice de 85% de<br />

prenhes, será que vale a pena atingir<br />

90%? Entendemos que o esforço e<br />

o investimento pra sairmos de 60%<br />

e irmos pra 80% não será tão alto<br />

perante a alavancagem do resultado.<br />

Todavia, pra sairmos de um bom índice<br />

de 85% e irmos pra 90% poderá<br />

agregar maior custo, que o retorno<br />

em tempos de preços em queda<br />

não os pague.<br />

Nas contas do criador, é<br />

contabilizado como receita a venda<br />

dos bezerros. Tão é verdade, que se<br />

perguntar a um criador quanto custou<br />

um bezerro (a) ele irá responder<br />

o valor da razão entre o custo total<br />

anual da propriedade pelo número<br />

de bezerros desmamados ou pelo<br />

número de matrizes prenhes. E as<br />

novilhas que recriaram e não emprenharam,<br />

quem pagou a conta? Lembre<br />

se do índice que citamos acima,<br />

20% dessas não emprenharam, e<br />

portanto, elas saíram das 6,5@ na<br />

desmama e foram pras 11,5@ no<br />

período de um ano. Esse ganho<br />

em arroba que também é receita pra<br />

propriedade, foi pago e computado<br />

no custo da produção dos bezerros<br />

(as) e portanto, este ganho de produção<br />

passará a ser receita líquida.<br />

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ANÁLISE ECONÔMICA PARA UMA FAZENDA DE 1.000 MATRIZES<br />

38<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


Uma outra conta<br />

interessante, é o descarte de<br />

matrizes vazias ao final da estação<br />

de monta. Em rebanhos com<br />

estações regulares, com boa gestão<br />

e condição de manejo nutricional<br />

adequado, poderemos identificar<br />

uma matriz vazia e desmamar<br />

sua cria precocemente. Isso nos<br />

permitirá, ainda durante o período<br />

de chuvas, engordar essa matriz<br />

no pós desmame precoce e abatela.<br />

Se houver condições favoráveis<br />

de pastos, com o mesmo valor<br />

ou próximo deste, alcançado pela<br />

venda do descarte, pode se adquirir<br />

uma matriz prenha! Ora trocar uma<br />

fêmea descarte, por uma novilha<br />

nova, moderna e prenha, também<br />

é uma boa condição que a vaca<br />

vazia dá lucro. Entendemos que<br />

na vasta pecuária brasileira o custo<br />

tem que ser individualizado para<br />

cada propriedade e nunca podemos<br />

deixar de fazê-lo. Portanto, façam<br />

e refaçam sempre, o ponto de<br />

equilíbrio pode não ser ótimo, mas<br />

ele existe.<br />

Uma arroba de bezerros a todos.<br />

Planilha em Excel disponibilizada pelo<br />

autor mediante solicitação por email:<br />

marcelodominici@outlook.com.<br />

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wr


Daniella Martins Pimenta<br />

Bióloga<br />

d_ni_martins@outlook.com<br />

AGRONEGÓCIO<br />

AGROTINS<strong>2017</strong><br />

A FORÇA DO AGRONEGÓCIO DO NORTE DO PAÍS<br />

Ocorreu entre os dias 09 e 13 de maio, no Centro Agrotecnológico da Capital (Palmas-TO) a 17º Feira de Tecnologia<br />

Agropecuária do Tocantins – AGROTINS, com o tema “Água, Sustentabilidade da Vida” e o slogan “Os<br />

desafios de produzir frente às mudanças climáticas”, o objetivo do tema é fazer uma reflexão sobre as mudanças<br />

climáticas e alertar para o uso sustentável da água com a importância para a produção de alimentos.<br />

Considerada a maior feira<br />

de tecnologia agropecuária da Região<br />

Amazônica e a 8ª do Brasil,<br />

contaram com a participação de<br />

agricultores, técnicos, estudantes e a<br />

comunidade em geral, de forma que<br />

fiquem por dentro das práticas e de<br />

novos conceitos para o campo.<br />

O evento contou com uma<br />

ampla programação, onde foram<br />

ofertadas cerca de 200 capacitações,<br />

entre palestras, oficinas, cursos,<br />

workshops e seminários, além de<br />

contar com 650 expositores do setor<br />

agrícola.<br />

Uma das novidades da feira<br />

foi um Modelo de fazenda sustentável<br />

que foi criado por técnicos do<br />

Instituto de Desenvolvimento Rural<br />

do estado (Ruraltins), aonde veio<br />

ensinar o manejo dos recursos e as<br />

técnicas de rotação de culturas, a fazenda<br />

mostrou formas de se aproveitar<br />

as reservas ambientais, por<br />

exemplo, a criação de abelhas sem<br />

ferrão e peixes. A mini fazenda tem<br />

cerca de 400 metros quadrados de<br />

área. Com o consórcio de melancia,<br />

pepino, hortaliças, mamão e entre<br />

outras. Com o propósito de mostra<br />

para o pequeno agricultor que não<br />

importa o tamanho da sua área, que<br />

se pode aproveitar qualquer espaço<br />

para produzir o alimento. A área<br />

também pode ser usada para a compostagem,<br />

onde o adubo do restante<br />

de propriedade é feito. Também há<br />

áreas onde a horta é integrada com a<br />

criação de aves e peixes. As aves e os<br />

peixes são usados como controle de<br />

insetos e pragas para a preservação<br />

da horta.<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

41


Também ocorreu a realização<br />

do leilão solidário, “Direito de<br />

Viver”, com renda revertida para o<br />

Hospital de Câncer de Barretos e<br />

homenagens às pessoas e instituições<br />

que sempre contribuíram com a<br />

realização da 6ª no ranking nacional<br />

e maior feira da região Norte do país.<br />

Em balanço divulgado<br />

pelo secretário de Estado do<br />

Desenvolvimento da Agricultura<br />

e Pecuária, Clemente Barros,<br />

anunciou que a 17ª Feira de<br />

Tecnologia Agropecuária do<br />

Tocantins (Agrotins) bateu recorde<br />

de movimentação financeira e<br />

público. De acordo com o gestor, o<br />

evento contou com um público de<br />

120 mil visitantes e um volume de<br />

negócios de R$ 652 milhões. Em<br />

relação ao ano passado, quando o<br />

balanço apontou R$ 451 milhões em<br />

negócios, a Agrotins movimentou,<br />

em <strong>2017</strong>, R$ 201 milhões a mais.<br />

A quantidade de visitantes também<br />

superou em 35 mil pessoas a<br />

quantidade do ano anterior, quando<br />

receberam 85 mil visitantes. Para<br />

este ano, a projeção do Governo era<br />

que a feira movimentasse R$ 600<br />

milhões e tivesse um público em<br />

torno de 100 mil pessoas.<br />

O evento contou também<br />

com a participação maciça de estudantes<br />

do primário, ensino médio,<br />

técnico e superior. Em relação aos<br />

alunos da rede pública (estadual e<br />

municipal) e particular de ensino,<br />

cerca de três mil estudantes visitaram<br />

a Agrotins.<br />

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William Koury Filho<br />

Zootecnista<br />

Diretor da BrasilcomZ<br />

william@brasilcomz.com<br />

GENÉTICA<br />

Milho de Paiol ou<br />

Touro Melhorador?<br />

Amigos agropecuaristas, o artigo a seguir apresenta um título no mínimo curioso, e se trata de um assunto sério e<br />

preocupante com relação ao profissionalismo e eficiência da pecuária bovina nacional.<br />

Nascido numa família que<br />

vive da venda de reprodutores, sou<br />

zootecnista faz 22 anos, e há 15 anos<br />

tenho me dedicado a uma empresa<br />

de consultoria em melhoramento,<br />

que atua na gestão genética e<br />

soluções técnico-comerciais em<br />

bovinos.<br />

Além das janelas da fazenda<br />

da família, tenho andado muito, e<br />

me deparado com diversos cenários<br />

na pecuária, desde exemplos fantásticos,<br />

até casos em que a atividade é<br />

conduzida de forma lastimável, sem<br />

qualquer indicador de resultados, situação<br />

em que o fracasso parece ser<br />

só uma questão de tempo.<br />

Nas andanças pelo Brasil e<br />

países latino americanos, assistimos<br />

a grande revolução da agricultura<br />

nas últimas décadas. Impressionante<br />

a evolução de técnicas de cultura,<br />

equipamentos e melhoramento<br />

genético dos cultivares de grãos e<br />

cereais - por exemplo. Como a agricultura<br />

envolve grande investimento<br />

de dinheiro para o custeio da safra e<br />

grandes riscos em qualquer falha no<br />

trato cultural, a atividade exige gestão!<br />

Caso contrário o produtor pode<br />

quebrar, e rápido.<br />

Na pecuária também evoluímos<br />

muito, o Brasil por exemplo,<br />

possui o maior rebanho comercial<br />

do mundo, cerca de 210 milhões de<br />

cabeças com taxa de lotação atual<br />

próxima a 1,13 animais por hectare,<br />

superior a média mundial. Com<br />

isso, o país é o segundo maior produtor<br />

de carne do mundo, mesmo<br />

diminuindo 10 milhões de hectares<br />

de pasto desde 1985, cedendo espaço<br />

para agricultura e minimizando a<br />

pressão sobre as matas nativas.<br />

As perspectivas para o agronegócio<br />

são ótimas, a população<br />

mundial em 2050 deverá chegar em<br />

9,5 bilhões de habitantes. Esse povo<br />

precisa comer! Nesse cenário, se focarmos<br />

na pecuária, o consumo de<br />

carne deverá aumentar em 58%, e a<br />

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pecuária baseada em pastagens tropicais<br />

“tá com a faca e o queijo na<br />

mão”, para atender essa demanda<br />

com qualidade e baixos custos de<br />

produção, isso tudo com responsabilidade<br />

sócio ambiental.<br />

A pecuária brasileira<br />

apresenta números impressionantes,<br />

são algo em torno de 7 milhões de<br />

empregos diretos, e, mesmo com um<br />

mercado interno fortíssimo, em que<br />

cada cidadão consome cerca de 40<br />

Kg de carne bovina/ano. Em 2016<br />

foram gerados aproximadamente 8<br />

bilhões de dólares em exportações.<br />

Pois é, passou-se a produzir<br />

mais, em menos espaço, graças<br />

a evolução das pastagens, suplementos,<br />

saúde, estratégias reprodutivas,<br />

melhoramento genético e por conta<br />

da competência de boa parte dos<br />

pecuaristas. Porém a pecuária apresenta<br />

ciclo de produção mais longo,<br />

é mais difícil controlar os custos/<br />

receitas, e o próprio pecuarista, em<br />

média, ainda tem muito o que melhorar<br />

em gestão. Impressionante<br />

como nesse cenário, com tantas ferramentas<br />

disponíveis, muita gente<br />

toca o negócio do mesmo jeitão que<br />

se tocava antigamente.<br />

A pecuária passa por um<br />

momento turbulento, mas o melhoramento<br />

genético, área em que<br />

mais atuo, o cenário é próspero, em<br />

que encontramos programas estruturados<br />

e bancos de dados com<br />

números inimagináveis para muitos<br />

pesquisadores estrangeiros, em que<br />

temos touros jovens com provas<br />

fenotípicas, genéticas e genômicas,<br />

muita gente utiliza machos sem nenhuma<br />

garantia como reprodutores,<br />

os chamados “bois de boiada”.<br />

Caracterizada como uma ponta da<br />

boiada destinada ao abate, apartada<br />

para reprodução.<br />

Para se ter uma ideia em números,<br />

no rebanho atual brasileiro<br />

são cerca de 59 milhões de matrizes<br />

de corte, sendo inseminadas cerca<br />

de 7%, com isso estima-se uma<br />

demanda anual de aproximadamente<br />

350 mil touros (1 touro para 30<br />

vacas), se os programas de melhoramento<br />

genético produzem menos<br />

de 100 mil touros melhoradores/<br />

ano, muita semente utilizada não<br />

possui garantia alguma. O que muitos<br />

se esquecem, é que genética é<br />

cumulativa, e que o touro não pode<br />

ser considerado como custo, e sim<br />

investimento, já que deixa aumento<br />

de produtividade nos machos para<br />

abate e nas fêmeas de reposição.<br />

Independente do cenário, o<br />

pecuarista deve entender que genética<br />

é um insumo, e que touro não<br />

pode entrar como custo, e sim como<br />

investimento, já que o valor pago<br />

pelo reprodutor melhorador retorna<br />

muitas vezes mais, seja pelos bois<br />

mais pesados e precoces, ou pela<br />

genética aditiva que é cumulativa no<br />

rebanho através da reposição de fêmeas<br />

de reposição.<br />

Para fechar a prosa, cabe<br />

uma analogia pertinente, ao comparar<br />

a capacidade da agricultura de<br />

precisão, que só usa semente certificada,<br />

com garantias de qualidade,<br />

com o que ainda se pode evoluir na<br />

pecuária brasileira, em que boa parte<br />

dos rebanhos ainda usam “semente<br />

de milho do paiol”, sem garantia alguma<br />

de uma boa colheita de bezerros.<br />

Como diz o velho ditado:<br />

Colhemos aquilo que plantamos!<br />

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Marcos Jean Vieira de Souza<br />

Gerente Geral do Banco da Amazônia<br />

Agência Paraíso do Tocantins<br />

marcos.souza@bancoamazonia.com.br<br />

ECONOMIA<br />

CENÁRIO ATUAL DA<br />

ATIVIDADE PECUÁRIA<br />

A pecuária, que já vinha sofrendo retração nos preços, com advento da operação carne fraca e mais recentemente<br />

a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, proprietário da JBS, levou a atividade a atravessar uma das<br />

piores crises da sua história. E o fim dessa realidade parece que ainda possui outros capítulos, pois começou a<br />

surgir as consequências da operação carne fraca, como o cancelamento da compra de carne bovinas pelos Estados<br />

Unidos; os desdobramentos da delação, ocasionando o surgimento de situações diversas, colocando em dúvida a<br />

sobrevivência da empresa.<br />

E dado sua importância para<br />

atividade pecuária, considerando<br />

que em alguns Estados do Brasil ela<br />

é responsável por mais da metade do<br />

abate de gado, a situação da mesma<br />

afeta toda cadeia produtiva.<br />

A atividade bovinocultura<br />

que até então era sinônimo de<br />

liquidez, atravessa um momento<br />

de dificuldade em proceder às<br />

vendas com recebimento imediato.<br />

A própria JBS que antes da crise<br />

efetuava o pagamento à vista, passou<br />

a solicitar 30 dias para liquidação<br />

da fatura, emitindo NPR (Nota<br />

Promissória Rural), instrumento<br />

que pela situação da empresa deve<br />

enfrentar certa dificuldade de<br />

desconto junto aos Bancos.<br />

Dado a sua grandeza, a<br />

JBS acaba regulando o mercado de<br />

carnes no Brasil, mas em função<br />

do momento, vem apresentando<br />

perda de clientes e fornecedores<br />

desconfiados da capacidade da<br />

mesma em superar a crise que<br />

enfrenta, deixando margem para<br />

atuação de outros frigoríficos, que<br />

estão aproveitando essa condição<br />

para melhorarem sua margem,<br />

pois estão efetuando aquisições em<br />

baixa e não estão repassando aos<br />

consumidores na mesma proporção,<br />

assumindo os pecuaristas a perda<br />

maior nesse cenário.<br />

Com todos esses acontecimentos<br />

negativos, se imagina que a<br />

atividade deva enfrentar momentos<br />

muito difíceis. Mas, existem aspectos<br />

que podem amenizar e ajudar a<br />

enfrentar a crise no setor, um deles é<br />

a desvalorização do real, que no acumulado<br />

de <strong>2017</strong> já apresenta queda<br />

de 2,63%, que dá maior competitividade<br />

as commodities brasileiras.<br />

A gestão do fluxo de caixa<br />

nesse momento é primordial para<br />

enfrentar a crise, havendo opção<br />

de buscar junto as Instituições<br />

financeiras, linhas de crédito com<br />

juros subsidiados, que possuem<br />

prazos de pagamentos com 1 a<br />

2 anos, possibilitando a quem<br />

possui disponibilidade de estrutura<br />

para retenção de bezerros(as) e<br />

garrotes(as) condição para aguardar<br />

melhoria do cenário.<br />

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Para quem possui disponibilidade<br />

de pastagem e condição financeira<br />

de manutenção, também existe a<br />

disponibilidade de linhas de crédito<br />

para aquisição de bezerros(as)<br />

garrotes(as) destinados a engorda<br />

com prazo de até 2 anos e taxas de<br />

juros de 6,65% a.a. e aquisição de<br />

matrizes, com prazo de até 10 anos,<br />

com até 3 anos de carência e taxas a<br />

partir de 5,65% a.a, sendo momento<br />

que consideramos oportuno para<br />

aquisições, considerando o baixo<br />

preço de reposição, esperando-se a<br />

melhoria da atividade no período de<br />

carência.<br />

O Banco da Amazônia<br />

possui disponibilidade de recursos<br />

para região Norte, através do Fundo<br />

Constitucional do Norte–FNO<br />

e outras fontes, disponíveis para o<br />

agronegócio e outras atividades produtivas,<br />

com as menores taxas do<br />

mercado. A partir de julho de <strong>2017</strong><br />

as taxas praticadas no setor rural terão<br />

redução, conforme tabela.<br />

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Emerson Ferrari Netto<br />

Médico Veterinário/Supervisor de Vendas<br />

Barenbrug do Brasil<br />

emerson@barenbrug.com.br<br />

INTEGRAÇÃO<br />

ROTAÇÃO DE CULTURA E INTEGRAÇÃO<br />

LAVOURA-PECUÁRIA<br />

A cada ano a integração entre lavoura e pecuária vem se difundindo mais no país. A necessidade por intensificação<br />

das áreas em virtude da dificuldade de abertura de novas terras e a melhoria na estrutura do solo, principalmente<br />

em áreas do cerrado brasileiro, fizeram com que o pecuarista e o agricultor enxergassem que a integração entre<br />

os dois segmentos seria uma alternativa para sanar seus problemas e aumentar a rentabilidade por hectare em<br />

produção.<br />

O agricultor, tendo necessidade<br />

de melhoria na fertilidade<br />

do solo, começou a investir no uso<br />

de brachiaria para a formação de<br />

palhada. Inicialmente essa escolha<br />

apresentou resistência por parte dos<br />

produtores mais tradicionais, já que<br />

essa forrageira promove multiplicação<br />

do nematoide Pratylenchus brachyurus<br />

Ȧo longo do tempo essa<br />

barreira foi superada, já que se<br />

comprovaram os benefícios de seu<br />

emprego, que eram infinitamente<br />

superiores à multiplicação dos nematoides.<br />

Iniciou-se então o uso<br />

de Brachiaria ruziziensis cv ruziziensis<br />

em sobressemeadura na soja<br />

com intuito de formação de palhada,<br />

visando o aumento de matéria<br />

orgânica no solo. Concomitante a<br />

isto, alguns produtores começaram<br />

a adotar a Crotalaria spectabilis cv<br />

comum como uma alternativa para<br />

a rotação de cultura, principalmente<br />

em áreas com infestação alta de<br />

nematoides, já que esta espécie além<br />

de não reproduzir nematoides pode<br />

acumular até 130 kg de nitrogênio<br />

(N) na parte aérea, provenientes<br />

da fixação biológica (E<strong>MB</strong>RAPA,<br />

2001).<br />

Além da sobressemeadura<br />

na soja, o uso de brachiaria consorciado<br />

com o milho também se tornou<br />

uma realidade. Novas técnicas<br />

de plantio permitiram a ampla difusão<br />

da tecnologia, sem prejuízo para<br />

a cultura, permitindo que a forrageira<br />

fosse plantada na terceira caixa da<br />

plantadeira, a lanço ou de avião.<br />

Seu emprego veio como<br />

uma boa opção de integração com<br />

a pecuária, garantindo alimento para<br />

o gado na entressafra, agregando valor<br />

ao negócio e ainda por cima melhorando<br />

a estrutura do solo com o<br />

aumento da matéria orgânica. Uma<br />

alternativa para o plantio da semente<br />

de brachiaria surgida nos últimos<br />

anos foi o uso de sementes forrageiras<br />

incrustadas que melhoram a<br />

plantabilidade em virtude de uniformidade<br />

de tamanho e peso, além dos<br />

tratamentos agregados às sementes<br />

como fungicidas e inseticidas.<br />

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Hoje já se falam em pelo<br />

menos 4 sistemas de plantio<br />

consorciado com a agricultura que<br />

são:<br />

1. Sistema Barreirão: Tecnologia<br />

de recuperação/renovação de<br />

pastagens em consórcio com<br />

culturas anuais. Consorciam-se<br />

arroz de terras altas, o milho,<br />

o sorgo e o milheto com forrageiras,<br />

ou com leguminosas<br />

forrageiras, como Andropogon<br />

gayanus e Panicum sp. e/ou leguminosas<br />

forrageiras, como<br />

Stylosantes sp., Calopogonio<br />

mucunoides e Arachis pintoi<br />

(E<strong>MB</strong>RAPA, 1991).<br />

2. Sistema Santa Fé: Tecnologia<br />

que permite o uso intensivo<br />

de áreas agrícolas na região do<br />

cerrado com redução nos custos<br />

de produção. Os principais<br />

objetivos do Sistema Santa Fé<br />

são a produção forrageira para a<br />

entressafra e palhada em quantidade<br />

e qualidade para o Sistema<br />

Plantio Direto (SPD). Este sistema<br />

apresenta grandes vantagens,<br />

pois altera o cronograma<br />

de atividades do produtor, é de<br />

baixo custo e não exige equipamentos<br />

especiais para ser implantado<br />

simultaneamente ao<br />

plantio da cultura anual ou cerca<br />

de 10 a 20 dias após a emergência<br />

desta (E<strong>MB</strong>RAPA, 2.000).<br />

3. Sistema Santa Brígida: O objetivo<br />

do Sistema Santa Brígida<br />

é inserir os adubos verdes no<br />

sistema de produção, de modo<br />

a permitir um aumento do aporte<br />

de nitrogênio no solo, via fixação<br />

biológica do nitrogênio<br />

atmosférico. O consórcio não<br />

deve afetar a produção de grãos<br />

de milho. A cultura subsequente<br />

pode se beneficiar do nitrogênio<br />

proveniente das leguminosas,<br />

permitindo a redução no fornecimento<br />

de nitrogênio mineral.<br />

Ainda pode-se citar como vantagens<br />

desse sistema a melhoria<br />

na qualidade das pastagens,<br />

quando no consorcio também<br />

se cultiva brachiarias, e a diversificação<br />

das palhadas para o SPD<br />

(E<strong>MB</strong>RAPA, 2010).<br />

4. Sistema São Francisco: Considerado<br />

o mais recente modelo<br />

de Integração Lavoura-Pecuária<br />

(ILP), o sistema consiste na sobressemeadura<br />

de capim sobre<br />

soja ou milho, mas com uma<br />

diferença: ao invés de Brachiaria<br />

ruziziensis, “gramínea-rainha”<br />

da integração, usa-se Mombaça,<br />

capim do gênero Panicum até<br />

pouco tempo considerado inadequado<br />

para ILP. O entouceramento<br />

do Mombaça pode ser<br />

evitado ajustando-se a taxa de<br />

lotação, de acordo com a oferta<br />

de forragem.<br />

No entanto o entouceramento<br />

não é visto como um problema<br />

frequente no sistema, porque o<br />

capim tem vida curta e é pastejado<br />

nos meses de seca e depois dessecado<br />

(DBO, <strong>2017</strong>).<br />

Independentemente do<br />

sistema usado, o importante é não<br />

deixar o solo descoberto e intensificar<br />

cada vez mais a produção na mesma<br />

área, visto que a competição por<br />

outras culturas como a cana-deaçúcar<br />

é cada vez maior, uma<br />

vez que o retorno financeiro por<br />

hectare desta cultura é bastante<br />

atrativo. Hoje, em algumas regiões<br />

privilegiadas por clima, já é possível<br />

fazer safra, safrinha e boi, ou seja, 3<br />

safras em um ano, tendo assim um<br />

rendimento por hectare maior do<br />

que qualquer sistema solteiro, como<br />

seria com pecuária ou agricultura de<br />

formas isoladas.<br />

Nós produzimos comida<br />

para o mundo e precisamos chegar<br />

na excelência em produção de<br />

proteína. A demanda mundial é<br />

crescente e precisamos acompanhála,<br />

não apenas na produção, mas<br />

também em qualidade do produto<br />

oferecido.<br />

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Matheus Caldeira Brant<br />

Msc. Eng. Agrônomo<br />

Sistemas de Produção Vegetal - UFMG<br />

CONTROLE FITOSSANITÁRIO<br />

USO CORRETO DE<br />

HERBICIDAS<br />

UMA PARCERIA COM A PRODUTIVIDADE<br />

No meio agropecuário, é crescente o acesso a informações e tecnologias que vêm incrementar produtividades e<br />

reduções de custos, seja na agricultura, pecuária e mais recentemente em sistemas integrados de produção. Dentre<br />

estas, o uso de herbicidas, já conhecido e largamente empregado, em ambas atividades do setor, tem se tornado<br />

ferramenta indispensável ao sucesso destas.<br />

No meio agrícola, onde a<br />

adoção de tecnologias e grandes<br />

investimentos são empregados na<br />

atividade, o controle de plantas daninhas<br />

por meio químico é mais utilizado<br />

que no meio pecuário. No entanto,<br />

com o advento da tecnologia<br />

RR (Roundup Ready), que imprime<br />

por transgenia, resistência ao princípio<br />

ativo mais utilizado no mundo,<br />

o glifosato, e pela falta de rotação de<br />

moléculas químicas e métodos de<br />

controle, têm-se selecionado plantas<br />

daninhas resistentes a ele como o<br />

Capim-amargoso (Digitaria insulares)<br />

e a Buva (Conyza bonariensis),<br />

o que tem tirado o sono de técnicos<br />

e produtores e ressaltado a necessidade<br />

tanto da rotação dos princípios<br />

ativos utilizados, como do manejo<br />

integrados das plantas daninhas.<br />

Outro entrave no meio agrícola,<br />

é que com seu avanço sobre<br />

áreas de pecuária, uma herança indesejada<br />

também tem incomodado<br />

agricultores. O residual herbicida do<br />

princípio ativo Picloram. Esta molécula<br />

química, fica adsorvida em argilas<br />

do solo e na matéria orgânica<br />

presente, sendo capaz de inviabilizar<br />

o cultivo, principalmente de plantas<br />

leguminosas como a soja, em grandes<br />

extensões de áreas por anos.<br />

Ressalta-se portanto, a importância<br />

de se conhecer o histórico da área<br />

e análise de resíduos desse princípio<br />

ativo antes de serem implantadas<br />

culturas susceptíveis. Outra observação<br />

importante, é quanto à época<br />

da retirada de amostras a serem enviadas<br />

ao laboratório para detecção<br />

do residual herbicida, pois este se<br />

movimenta com a água no solo, ficando<br />

no período seco, em camadas<br />

profundas do solo, retornando à superfície<br />

com o retorno das chuvas.<br />

Nas áreas de pastagem, basicamente<br />

seis princípios ativos dominam<br />

o mercado de controle de<br />

plantas daninhas, havendo um apelo<br />

pelo uso de princípios ativos que não<br />

deixem residuais nos solos, pensando<br />

principalmente no uso agrícola<br />

destas áreas, seja para recuperação<br />

de pastagens ou rotação permanente<br />

entre culturas agrícolas e ou florestais<br />

com pecuária. Em pastagens,<br />

existe ainda um grande potencial de<br />

uso a ser explorado, faltando muitas<br />

vezes, acesso à informação por<br />

parte dos pecuaristas, como recomendações<br />

técnicas mais eficazes,<br />

visando maior custo-benefício aos<br />

consumidores destes produtos.<br />

52<br />

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Outro problema atual em<br />

áreas de pastagem, tem sido a infestação<br />

de plantas daninhas também<br />

gramíneas, por duas espécies principais,<br />

o “Capim-barba-de-paca”<br />

(Sporobolus indicus) e o “Capim-<br />

-duro ou Capim-capivara” (Paspalum<br />

virgatum), que têm requerido<br />

manejo adequado por parte dos<br />

produtores, principalmente preventivo,<br />

como quarentena de animais,<br />

limpeza das máquinas e implementos,<br />

além da desinfestação de corredores<br />

e estradas de acesso às pastagens.<br />

Alguns princípios ativos têm<br />

sido usado com sucesso no controle<br />

destas plantas, no entanto, deve-se<br />

considerar a espécie forrageira infestada<br />

por essas plantas daninhas<br />

e seu estágio vegetativo no momento<br />

da aplicação, afim de diminuir o<br />

efeito fito-toxico sobre o pasto.<br />

Uma máxima utilizada por<br />

pesquisadores da área de plantas daninhas<br />

em pastagens, diz que: “Para<br />

cara Kg de mato produzido, um Kg<br />

de pastagem deixa de ser produzida”,<br />

o que reforça a ideia de que<br />

uma boa pastagem é o que engorda<br />

o gado. Já em áreas de sistemas de<br />

integrados, o uso técnico de herbicidas<br />

tem sido cada vez mais empregado,<br />

principalmente no controle da<br />

competição entre plantas consorciadas,<br />

visando a supressão de uma<br />

das espécies em detrimento de outra<br />

espécie consorciada, através de subdoses<br />

herbicidas objetivando-se a<br />

menor competição em fases críticas<br />

das culturas em consórcio.<br />

Os sistemas integrados de<br />

produção, têm sido também largamente<br />

utilizados no controle de<br />

plantas daninhas, principalmente<br />

quando utilizado o sistema plantio-<br />

-direto-na-palha, pelo não revolvimento<br />

do solo, deixando dormente<br />

o banco de sementes presente nele<br />

até a inviabilidade destas.<br />

Grandes são as possibilidades<br />

de controle e espécies a serem<br />

controladas nas mais diversas culturas.<br />

Contamos hoje com um vasto<br />

leque de herbicidas, que utilizados<br />

de forma correta e ou combinado,<br />

permitem grande eficácia no controle<br />

de plantas daninhas, a custos<br />

reduzidos e menores impactos aos<br />

meios onde são aplicados e às culturas,<br />

quando comparados a outros<br />

métodos de controle.<br />

Cabe ao consumidor, independente<br />

do ramo de atuação, se armar<br />

de informações e mais que isso,<br />

contar com assistência técnica confiável.<br />

Além disso, investir no uso<br />

de equipamentos, bicos e produtos<br />

adjuvantes usados de forma correta,<br />

visando maior eficiência na aplicação<br />

e dos produtos aplicados.<br />

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Dr. Rômulo Augusto Guedes Rizzardo,<br />

Zootecnista, professor da UFT<br />

Ricciere Rodrigues Pereira Parente<br />

Zootecnista, Mestrando em Ciência Animal<br />

Tropical – UFT<br />

APICULTURA<br />

APICULTURA<br />

Reflexão sobre o manejo para produção em Zonas Tropicais Úmidas<br />

A criação racional de abelhas melíferas (Apis mellifera) já esta consagrada no Brasil há vários anos, principalmente<br />

com a extração do mel. Atividade considerada de baixo custo inicial em relação às demais atividades da produção<br />

animal, além da exploração de produtos apícolas de importância nutricional e farmacêutica, como a própolis,<br />

apitoxina, pólen apícola, cera de abelhas e geleia real, contribui também para o processo de polinização, principal<br />

serviço das abelhas prestado ao ecossistema.<br />

Este último influencia tanto<br />

na preservação da vegetação quanto<br />

no aumento da produtividade de<br />

culturas como a soja, melão, girassol,<br />

caju e cítricos. Além do mais, a<br />

atividade colabora para o fortalecimento<br />

da agricultura familiar, baseada<br />

no tripé da sustentabilidade: o<br />

social, com estímulo a permanência<br />

na zona rural, o econômico, promovendo<br />

retorno financeiro direto com<br />

a venda de produtos, e o ambiental,<br />

uma vez que o apicultor, engajado<br />

na preservação e ampliação da vegetação<br />

nativa, estará contribuindo<br />

com maior oferta de flores para as<br />

abelhas e consequente aumento na<br />

produção apícola.<br />

O Brasil dispõe de vasto<br />

território, com diversidade de flora<br />

e clima que, aliados à adaptação<br />

da abelha africanizada, possibilita<br />

a exploração apícola em todas as<br />

regiões, no entanto, é necessário que<br />

sejam adaptadas práticas de manejo<br />

para cada uma delas.<br />

No estado do Tocantins,<br />

onde a apicultura ainda é pouco<br />

explorada, a produção está associada<br />

ao período de menor incidência<br />

pluviométrica, geralmente, entre os<br />

meses de abril e outubro.<br />

Tendo por base a vegetação<br />

de transição entre os Biomas Cerrado<br />

e Amazônia, a Apis mellifera sofre<br />

complicações para se desenvolver,<br />

principalmente devido as condições<br />

climáticas desfavoráveis na época<br />

das águas. Em condições de elevada<br />

precipitação, a disponibilidade de<br />

néctar e pólen chega a ser menor<br />

que a exigida pelas colônias, além<br />

da impossibilidade de forragear<br />

durante a chuva.<br />

Nesse período, é comum a<br />

perda destes insetos por migração,<br />

buscando condições ambientais<br />

favoráveis. Apicultores, da mesma<br />

forma, relatam a maior perda de<br />

colônias justamente no período<br />

chuvoso. Lembramos que, esta<br />

situação é muito diferente de outros<br />

Biomas, como a Caatinga, onde o<br />

período chuvoso é de bonança e o<br />

54<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


período seco é crítico.<br />

Embora alguns produtores<br />

acreditarem não ser necessário a<br />

suplementação das abelhas, Tavares<br />

et al., (2014), e Ramalho-Sousa<br />

et al., (2016), observaram que no<br />

período chuvoso, em ambiente<br />

tropical úmido, compreendendo<br />

os meses de novembro a abril,<br />

ocorre redução nas reservas de mel<br />

coletadas durante todo o período de<br />

safra pelas abelhas, tendo algumas<br />

colônias consumido mais de 20<br />

quilos de mel para se manterem.<br />

Neste sentido, a apicultor<br />

que colher todo o mel ao final da<br />

safra e não fornecer alimentação<br />

suplementar estará condenando o<br />

sucesso do ano seguinte. Por outro<br />

lado, caso não queira suplementar,<br />

será necessário deixar, na colmeia,<br />

pelo menos metade das reservas de<br />

mel, uma vez que a produção anual,<br />

em alguns apiários da região, é em<br />

torno de 40 quilos por colônia.<br />

Outros pontos a serem<br />

considerados, simples, porém muito<br />

eficientes, são aqueles relacionados<br />

ao manejo na entressafra, aonde a<br />

umidade relativa média do ar chega<br />

a 80%. Chamamos atenção, além<br />

da alimentação, para: Insolação<br />

nas colmeias – em torno de 50%,<br />

preferencialmente toda a manhã;<br />

Evitar áreas baixas e terrenos em<br />

que o solo retenha umidade; Instalar<br />

os apiários em locais arejados, com<br />

ventilação, para evitar proliferação<br />

de fungos; Distância entre as<br />

colmeias de dois metros ou mais;<br />

com pelo menos 40 centímetros<br />

de altura do solo; Manter o apiário<br />

limpo e roçado, sem acúmulo de<br />

matéria orgânica e materiais em<br />

desuso. A troca dos quadros com<br />

favos velhos por lâminas inteiras de<br />

cera alveolada e a redução o alvado<br />

nos períodos críticos completam a<br />

lista de cuidados básicos que farão a<br />

diferença na produtividade.<br />

No momento de produção,<br />

quando as colônias já estão<br />

populosas e com favos novos, temos<br />

dois pontos a serem vigiados:<br />

1. Manter sempre espaço livre para<br />

a postura da rainha e estoque<br />

de alimento pelas operárias,<br />

com adição de novas melgueiras<br />

sempre que a anterior atingir<br />

50% de lotação;<br />

2. Colher individualmente os<br />

quadros que estiverem com o<br />

mel completamente operculado.<br />

Dado o exposto, ressaltamos<br />

que a maior atenção às abelhas<br />

deve ser dispensada no momento<br />

da entressafra, geralmente quando<br />

o apicultor diminui o interesse na<br />

atividade, pela inexistência de mel.<br />

Sendo assim, o manejo adequado<br />

refletirá em maximização da produtividade<br />

deste ano e dos próximos.<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong><br />

55


Alexandre Andrade de Souza<br />

Empresário Contábil<br />

aasouza28@conexaocontabilto.com.br<br />

OBRIGAÇÃO FISCAL<br />

OBRIGAÇÕES FISCAIS DO PRODUTOR RURAL: PESSOA FÍSICA<br />

CERTIFICADO DE CADASTRO<br />

DE IMÓVEL RURAL<br />

CCIR-<br />

No meio rural o INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária era e, é conhecido como o órgão<br />

do Governo que legaliza áreas que estão sendo desbravadas e legalizadas, criação de PAs (Assentamentos)<br />

familiares. E depois destas áreas serem propriedades legalizadas, como será que são reguladas pelo INCRA e as<br />

obrigações cadastrais será que continuam. É por esta e várias outras informações que falaremos sobre o CCIR -<br />

Certificado de Cadastro de Imóvel Rural.<br />

O cadastro do imóvel rural no<br />

INCRA é obrigatório?<br />

Sim. Todo imóvel rural deve ser<br />

cadastrado no INCRA, pois sem o<br />

cadastro não é o possível emitir o<br />

CCIR. E todas as regras necessárias<br />

foram editadas na IN 82/15 do<br />

Instituto Nacional de Colonização e<br />

Reforma Agrária - INCRA.<br />

O que é e para que serve o CCIR<br />

- Certificado de Cadastro de<br />

Imóvel Rural?<br />

O CCIR é um documento emitido<br />

pelo INCRA e constitui prova do<br />

cadastro do imóvel rural. O Certificado<br />

contém informações sobre o<br />

titular, a área, a localização, a exploração<br />

e a classificação fundiária do<br />

imóvel rural. É indispensável para<br />

desmembrar, remembrar, arrendar,<br />

hipotecar, vender ou prometer em<br />

venda o imóvel rural e para homologação<br />

de partilha amigável ou judicial<br />

(sucessão causa mortis).<br />

Os dados constantes do<br />

CCIR são exclusivamente cadastrais,<br />

não legitimando direito de domínio<br />

ou posse. É um documento essencial<br />

também para a concessão de<br />

crédito agrícola, exigido por bancos<br />

e agentes financeiros e para cadastro<br />

do negócio junto à Receita Federal<br />

do Brasil.<br />

Como obter?<br />

Após a matrícula de identificação<br />

do imóvel registrada no Cartório de<br />

Registro de Imóveis do município, é<br />

necessário obter o CCIR, documento<br />

emitido pelo INCRA que constitui<br />

prova do cadastro do imóvel<br />

rural. Como o novo titular adquiriu<br />

este imóvel, o mesmo deverá realizar<br />

toda uma atualização cadastral<br />

em todos os órgãos competentes<br />

obrigatórios e entre eles o próprio<br />

CCIR. Retirando a titularidade cadastral<br />

do antigo proprietário e repassando<br />

o cadastro para sua titularidade<br />

ficando assim regularizado.<br />

Após a atualização cadastral<br />

no site do INCRA também é possível<br />

acessar o Sistema Nacional de<br />

Cadastro Rural (SNCR) para emissão<br />

e verificação do CCIR, mas caso<br />

a propriedade possua algum impedimento,<br />

será necessário se dirigir ao<br />

posto do INCRA mais próximo ou<br />

órgão competente vinculado.<br />

Quando é necessário realizar<br />

atualização cadastral?<br />

56<br />

EDIÇÃO 02 | ANO 07 | MAI/JUN <strong>2017</strong>


O cadastro do imóvel rural<br />

deve ser atualizado sempre que<br />

ocorrerem alterações como mudança<br />

de área, de titularidade, de exploração<br />

e de situação jurídica.<br />

É importante que os dados<br />

cadastrais estejam sempre atualizados<br />

para assegurar a emissão do<br />

Certificado de Cadastro de Imóvel<br />

Rural - CCIR. Um exemplo, no caso<br />

um titular de uma propriedade que<br />

tenha vendido parte deste imóvel,<br />

após está venda, deverá efetuar a<br />

atualização cadastral em todos os<br />

órgãos competentes obrigatórios,<br />

entre eles o CCIR no INCRA.<br />

Quando é que pode ter imóveis<br />

com dados divergentes ou sem<br />

declaração processada?<br />

Recentemente foi lançada<br />

uma nova versão do Sistema Nacional<br />

de Cadastro Rural (SNCR),<br />

passando o preenchimento do mesmo<br />

agora de forma eletrônica via<br />

internet. Assim, os imóveis rurais<br />

com dados cadastrais considerados<br />

insuficientes ou divergentes devem<br />

realizar a atualização cadastral rural<br />

para emissão de novo CCIR.<br />

Portanto, se o sistema impedir<br />

a emissão do CCIR será apresentada<br />

a seguinte mensagem: Dados<br />

informados divergentes com o cadastro.<br />

Neste caso o proprietário do<br />

imóvel rural deve realizar a atualização<br />

cadastral. Acontece também de<br />

gerar a seguinte mensagem: Imóvel<br />

não possui declaração processada,<br />

ocorre em duas situações. A primeira<br />

trata de imóvel não cadastrado no<br />

sistema e a segunda de imóvel com<br />

cadastro omisso.<br />

Quando ocorre<br />

cancelamento cadastral?<br />

Ocorre quando a área perdeu a destinação<br />

agropecuária e está inserida<br />

em perímetro urbano, quando o<br />

imóvel tem mais de um cadastro e<br />

por decisão judicial ou administrativa.<br />

Um outro motivo a citar seria<br />

algum imóvel que não existe e tenha<br />

gerado registro de forma irregular.<br />

Estas são apenas algumas<br />

informações básicas sobre a necessidade<br />

do CCIR para o produtor rural,<br />

lembrando sempre que demais<br />

informações deverá procurar um<br />

posto de atendimento do INCRA<br />

ou procure um profissional qualificado<br />

quando necessitar de efetuar a<br />

geração ou atualização cadastral do<br />

seu CCIR.<br />

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EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR <strong>2017</strong>


Família do Chico Boi<br />

Leilão toda Terça feira<br />

às 20:30 hs<br />

(63) 3602-1435<br />

99207-5519 / 98432-7391<br />

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