Revista MB Rural Ed 34
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AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA AUMENTO DA PRODUÇÃO PECUÁRIA. Página 36
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
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EDITORIAL
Caros Amigos!
Ano novo, vida nova e esperanças renovadas de dias melhores
em um ano repleto de muitas realizações desafiadoras e expressivos
ganhos financeiros e econômicos. Sucesso a todos!
Desafio! Esta é a palavra a ser trabalhada e vencida a
todo momento neste ano que se inicia, pois, olhando para nossa
atividade enxergamos que o mercado do agronegócio está cada vez
mais competitivo, complexo e dinâmico, onde a maior certeza que
temos serão as incertezas que virão, exigindo assim mais atenção
na profissionalização e capacitação da sua equipe de trabalho. Para
minimizar as incertezas não poderemos mais praticar o exercicio a
miopia e muito menos perder o foco da nossa área de atuação para que
possamos, desta forma, reduzir os efeitos negativos do inesperado.
Além das ações já citadas, será necessário vencer o maior
de todos os desafios a mudança interna, mudar o nosso pensamento
erradicando assim as atitudes mais conservadoras e continuístas, saindo
da já surrada zona de conforto e banindo definitivamente o achismo da
gestão do seu negócio.
E com esse espírito e mentalidade renovada passarmos a acreditar
mais e utilizar com maior frequência e sabedoria as Excelências na
Agropecuária disponíveis através de sistemas e ferramentas tecnológicas
amplamente aprovadas na conquista da Agropecuária de Precisão. Isto
chama-se Ganho de Produtividade com Aumento na Lucratividade.
Quero ressaltar novamente o firme propósito dos profissionais
que participam do Grupo MB Parceiro, através da Revista MB
Rural de levar conhecimento de alto nível e elevado padrão técnico
aos seus leitores acreditando sempre nas boas perspectivas e no
crescimento do Agronegócio. Confirmando a nossa busca continua
pelo desenvolvimento do Agro publicamos em 2017 a grandiosa
quantidade de 86 artigos técnicos um grande feito em um ano recheado
de surpresas e enormes dificuldades. Desafio aceito e cumprido a
favor de você agropecuarista! Com base neste ideal elaboramos junto
com nossos parceiros, a quem quero agradecer a dedicação por mais
um ano de trabalho realizado com muito sucesso, mais uma Edição
Especial da Revista MB Rural que vem com 12 artigos sobre o tema
Excelências na Agropecuária – Sistemas que contribuem para o
aumento da produtividade. Leiam e ampliem sua coleção de progresso
profissional através do conhecimento.
Finalizando, como já é tradição apresentamos também o Guia
Rural 2018, cada vez melhor, cada vez mais completo e útil para o
desenvolvimento do seu trabalho de pesquisas, orçamentos e aquisições
de produtos e serviços.
Um forte abraço e boa leitura!
Reinaldo Gil - Eng. Agrônomo/MB Parceiro
Índice
06 | GESTÃO DE PESSOAS
08 | GENÉTICA ANIMAL
10 | LUCRATIVIDADE
12 | FERTILIDADE DO SOLO
15 | COOPERATIVISMO
19 | MANEJO DE PASTAGENS
24 | MANEJO DE PASTAGENS II
28 | SILAGEM
31 |PECUÁRIA LEITEIRA
34 | SUPLEMENTAÇÃO
36 | ECONOMIA RURAL
40 | ECONOMIA E FINANÇAS
Uma publicação do Grupo MB Parceiro
Distribuição Gratuita
Editores:
Mauricio Bassani dos Santos
CRMV-TO 126/Z
Reinaldo Gil
CREA 77816/D
reinaldo.gil@uol.com.br
(63) 98466 8919 / 98426 6697 (WhatsApp)
Tiragem: 5.000 exemplares
Contato Comercial Gurupí
Maurício Fenelon
(63) 99984 1439
Projeto gráfico:
Agência Lumia (63) 3602 3441
Bruce Ambrósio e equipe
A Revista MB Rural não possui matéria paga
em seu conteúdo. As ideias contidas nos artigos
assinados não expressam, necessariamente,
a opinião da revista e são de inteira
responsabilidade de seus autores.
Revista MB Rural (Adm/Redação):
Endereço:
204 Sul Av. LO 03, QI 17 Lt 02
Palmas - TO - Cep.: 77.020-464
Fones: (63) 98466-0066 / 3213 1630
mauricio_bassani@yahoo.com
A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO
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Roberta Castelo Branco
Médica Veterinária
roberta.castelo@rehagro.com.br
Emerson Alvarenga
Médico Veterinário
emerson.alvarenga@rehagro.com.br
GESTÃO DE PESSOAS
ALTA PRODUTIVIDADE EM
GADO DE CORTE
Por onde começar?
Na pecuária de corte as questões técnicas, gerenciais e operacionais colocam à prova a eficiência das empresas
rurais. Nesse cenário o desafio é lidar com pessoas. Entender sobre pessoas é o gargalo para o sucesso no negócio,
pois onde há processos, há pessoas. E para que o resultado esperado seja alcançado é preciso que as pessoas
envolvidas na atividade estejam comprometidas.
Você deve estar se perguntando:
“Como faço para lidar melhor
com as pessoas?”, ou ainda:
“Como manter os colaboradores
comprometidos com o trabalho?”.
Para responder essas perguntas é
importante destacar que as propriedades
precisam de “gente boa” na
equipe: pessoas bem treinadas, comprometidas
e alinhadas aos objetivos
da fazenda.
Tudo começa na seleção e
contratação, que é papel do líder.
Ele precisa treinar e capacitar sua
equipe, comunicando bem, dando
retorno sobre as atividades e alinhando
expectativas por meio de
reuniões.
Os líderes nas fazendas de
gado de corte, proprietário, gerente
ou capataz, são peça-chave para a
gestão de pessoas. Cabe a eles definir
qual perfil profissional e comportamental
precisam contratar.
Assim se constrói uma equipe, e o
foco passa a ser o crescimento e desenvolvimento
das pessoas.
Muitas vezes, os gestores estão
preocupados com questões técnicas
e operacionais, o que dificulta
a identificação das necessidades dos
colaboradores. Para desenvolver
percepção o líder precisa estar próximo
às pessoas e comunicar melhor
com elas. Para isso é preciso
ser claro, objetivo e checar o que foi
dito. Quando o gerente disser algo
ao capataz, o gerente deve verificar
o que o capataz entendeu, ao passo
que o capataz deve conferir se o
que ele entendeu é o que o gerente
quer que ele entenda. Checar sempre,
independente de ser falante ou
ouvinte torna a comunicação mais
assertiva, evitando falhas. A clareza
em mostrar os objetivos e caminhos
a ser seguidos mantém a equipe focada
no alcance de resultados.
Outro ponto importante é
dar retorno ao colaborador sobre
comportamentos que ele teve: feedback
positivo e negativo. O líder
precisa dar feedback. Assim é possível
reforçar os comportamentos que
devem ser mantidos, e alertar sobre
o que precisa ser melhorado.
Quando o capataz está no
mangueiro e observa o trabalho do
cerqueiro, percebe que as cercas
da divisa norte foram consertadas
e ficaram excelentes. Um pouco
mais a frente, o capataz observa
pedaços de arame no chão. Nessa
situação o capataz pode dar o feedback
ao cerqueiro reforçando o
trabalho bem feito na cerca, e alertá-lo
sobre ter deixado um material
cortante no pasto. No feedback o
capataz é claro e objetivo, dizendo
o comportamento que o cerqueiro
teve, quando e onde observou esse
comportamento, e o impacto disso:
“Ontem observei que a cerca da divisa
norte estava pronta. Você foi
eficiente em consertar a cerca, isso é
importante para a fazenda, pois garante
que os animais não irão para
o pasto vizinho”. Depois, o retorno
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sobre o comportamento indesejado:
“Seguindo pela divisa norte, observei
pedaços de arames no chão. Os
animais podem comer esses arames
e morrer. Isso não deve mais acontecer,
quero que você recolha os pedaços
de arame que ficaram no chão
do pasto, pense nisso e lembre-se de
recolher todos das próximas vezes”.
Todos queremos feedback.
Independente da função que
desempenhamos, ou do cargo que
ocupamos, queremos retorno sobre
nosso trabalho. A equipe que recebe
feedback de forma clara e contínua
consegue enxergar como está seu
desempenho e em quais aspectos
precisa melhorar.
O feedback é um retorno
pontual, para questões amplas , que
envolvem mais pessoas, o líder pode
realizar reuniões. O objetivo principal
delas é encontrar soluções que
não seriam encontradas individualmente.
Participar das decisões proporciona
aos colaboradores o sentimento
de importância, que pode
aumentar o comprometimento e
empenho nas atividades.
Quando são rotina e realizadas
de forma objetiva e eficaz, as
reuniões contribuem para o aumento
de produtividade na fazenda.
O que as fazendas de gado
de corte de alta produtividade visam
é lideranças em constante desenvolvimento,
que realizam seleção
e contratação de pessoas alinhadas
com os interesses da propriedade.
Viabilizando treinamentos e
capacitações, buscando se comunicar
de forma assertiva e dar retorno
sobre as atividades realizadas. Lideranças
que alinham expectativas
e objetivos por meio de reuniões
favorecem o crescimento e comprometimento
dos colaboradores, o
que pode refletir em resultados de
alta produtividade.
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Rafael Mazão
Zootecnista
rafaelmazao@dstak.com
GENÉTICA ANIMAL
Vale o que pesa?
Não! Vale o que pesa e muito mais!
Nos 15 últimos anos acompanho a produção e o mercado de touros melhoradores de perto, “muita água passou
por de baixo da ponte”, mudanças da percepção do mercado produtor e dos pecuaristas consumidores de reprodutores
e genética de ponta.
Criadores cada dia mais exigentes
quanto às informações dos
touros, seja eles para inseminação
artificial ou para monta natural, ou
seja, “a ponte” estreitou, e como diria
aqui em Minas Gerais: “essa ponte
miúda virou pinguela”.
Naturalmente afunilando e
buscando produtos com mais informações,
e consistentes, o produtor
se sente mais seguro nas suas escolhas
genéticas anuais que constrói o
seu rebanho no decorrer das gerações.
Criadores sempre em busca
de tecnologia para agregar ao processo
seletivo, têm em mãos atualmente
ferramentas que têm feito
grande diferença na produção de
animais eficientes e melhoradores.
Inúmeras ferramentas estão
disponíveis: software de identificação
para seleção intrarebanho,
avaliação genômica, programas de
melhoramento genético, avaliação
de carcaça através de ultrassonografia,
provas de ganho de peso e eficiência
alimentar, que juntas, além de
proporcionar diferencial de seleção,
munem os pecuaristas de informações
para atestar a qualidade dos
animais produzidos.
Em estudos realizados desde
2013 para análise do benchmarking
de nossos clientes produtores de
touros (entre 24 e 36 meses), analisamos
que os 3 principais fatores
que mais influenciam o maior valor
na venda dos reprodutores, ou seja,
o que mais atrai o mercado atual é:
1. Avaliações Genéticas Positivas;
2. Melhores Medidas de Perímetro
Escrotal;
3. Maior Peso.
Com isso, vamos dar uma
“espiadinha” abaixo nos gráficos
que representam as análises realizadas.
Gráfico 1: Fonte: Dstak Assessoria Pecuária, 2017
(Dados internos).
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Gráfico 2 Fonte: Dstak Assessoria Pecuária, 2017
(Dados internos).
Eu não dispenso um belo touro, bom racial e
harmonia aliada às características morfológicas produtivas
devia ser sempre o objetivo né? Com aprumos
corretos e estrutura forte, musculosidade evidente e
convexa, parte sexual íntegra e eficiente, pigmentação
firme, e para completar com boa libido!
Aliás, nem Eu, nem mesmo o mercado. Embora
a morfologia seja uma mensuração subjetiva, todos
os animais avaliados como Elite, foram mais valorizados
dos que os classificados como Superior, Regular
ou Inferior, na escala de tipo produtivo padrão da
Dstak Assessoria Pecuária, onde seguiram com maior
valorização gradativamente em relação as categorias
abaixo na escala. Mais um importante indicador, nos
referenciando que o “olho” é mais uma ferramenta e é
insubstituível na seleção.
As análises dos últimos 5 anos nos indicam as
prioridades do mercado atual, mas temos que ir além.
Quais serão as premissas do mercado daqui 5, 10, 15,
20 anos? Não tenho dúvidas que várias das ferramentas
citadas “logo ali em cima”, serão muito influenciadoras
nas escolhas dos reprodutores, pois influenciam
diretamente na rentabilidade do sistema de produção,
da cria ao abate.
A verdade é curta e grossa, “história para boi
dormir” não tem mais espaço. Produzir touros muitos
produzem, porém poucos têm conseguido “passar na
pinguela e deixar do outro lado” touros eficientes e
melhoradores para o mercado faminto por qualidade.
Gráfico 3 Fonte: Dstak Assessoria Pecuária, 2017
(Dados internos).
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LUCRATIVIDADE
ESCALA DE PRODUÇÃO NA
Adilson de Paula Almeida Aguiar
Zootecnista / Professor / Consultor
FAZU/CONSULPEC MG
adilson@consupec.com.br
PECUÁRIA
COMO ELA ESTÁ IMPACTANDO OS NEGÓCIOS DO PRODUTOR
Uma empresa de pecuária de corte tem suas particularidades próprias do negócio em si. Uma das mais evidentes
é o montante de capital imobilizado em ativos permanentes e de médio prazo como também em custos fixos e
em despesas administrativas. Como que estas particularidades impactam o negócio de produção de carne bovina?
Um consultor, ao visitar
uma propriedade pela primeira vez,
com o objetivo de emitir um diagnóstico
ele inicia seu trabalho com o
inventário dos recursos disponíveis:
climáticos, solos, infraestrutura, rebanho,
recursos humanos, tecnologias
adotadas, recursos financeiros.
Ao terminar o inventario
é possível diagnosticar que: (a) a
maior parte do capital está imobilizada
no ativo, terra (entre 81 e
89,4%). O capital imobilizado em
terra resulta em um custo de oportunidade
do capital investido neste
ativo que pode corresponder a 16%
do custo de produção de uma arroba;
(b) que por menor que seja a
propriedade há muito capital imobilizado
em benfeitorias e edificações,
podendo representar 35% do capital
imobilizado. Todos estes ativos
são classificados como permanentes
e de baixa liquidez; (c) capital em
maquinas, implementos e veículos,
podendo representar R$ 1 milhão e
R$ 114 por hectare de área útil. Por
sua vez estes ativos são classificados
como médios e de media liquidez.
Tanto ativos permanentes e
médios são depreciados (com exceção
do ativo, terra) ao longo de sua
vida útil e uma taxa de remuneração
deste capital deve ser apropriada
para o calculo dos custos fixos, os
quais podem representar entre 12 a
71% do custo da arroba produzida;
(d) em muitas empresas as despesas
administrativas podem ser representativas,
variando de 3 a 24% do custo
da arroba produzida; e) por menor
que seja a propriedade se a mesma
não for operada pelo proprietário
deverá ser operada por alguém contratado
e este contrato irá gerar um
custo com mão de obra permanente,
o qual pode representar 17% dos
custos.
Por outro lado aquele consultor
vai também diagnosticar que
o numero de animais do rebanho é
relativamente pequeno e que os custos
variáveis para custear este rebanho
também são relativamente baixos.
Em fazendas de cria, o capital
imobilizado no rebanho representa
apenas 8,1 a 14,5% do capital imobilizado
na atividade, enquanto que
em fazendas de recria:engorda aqueles
valores variam entre 9,2 a 16,3%.
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Animais e dinheiro para o custeio
são por sua vez ativos circulantes e
de alta liquidez.
Com baixas taxas de lotação
o custeio (mão de obra variável,
reprodução, manejo de pastagens,
suplementação, sanidade, etc.) com
os animais também é relativamente
muito baixo. Em fazendas de cria
o custeio com o rebanho representa
em média 2,75 e 4,8%, enquanto
em fazendas de recria:engorda varia
entre 1,65 e 5,36% do capital imobilizado.
A análise das relações, ativos
circulantes:ativos médios e
permanentes possibilita a avaliação
da “saúde” da empresa em termos
financeiros. Neste sentido o que é
mais frequente, na quase totalidade
dos diagnósticos que eu tenho feito
nos últimos 15 anos é concluir que
a “saúde” das empresas de pecuária
de corte vai mal porque a maior
proporção do capital está imobilizado
em ativos de baixa liquidez e que
não impactam a produção e a produtividade
diretamente.
Então qual parâmetro pode
ser analisado para diagnosticar se a
“saúde econômica” da atividade pecuária
vai bem ou mal? A rentabilidade
ou o retorno sobre o capital
investido no negócio reflete a eficiência
de como a atividade vem sendo
gerida.
O retorno sobre o capital investido
na atividade de cria, incluindo
o ativo, terra, varia em média
entre 1,54 e 2,76%, enquanto que
em fazendas de recria:engorda o retorno
sobre o capital investido varia
entre 1,8 e 6,8%.
A pergunta é, qual, ou quais,
ações deveriam ser tomadas pelo
produtor para aumentar o retorno
do seu negócio na pecuária de corte.
A resposta passa pelo aumento
da escala de produção. Basicamente
são duas as estratégias para se
alcançar tal objetivo: o aumento da
escala pela estratégia do crescimento
horizontal, comprando mais terras
e mais animais, estratégia tradicionalmente
adotada há séculos pelos
pecuaristas brasileiros. Ou pela estratégia
do crescimento vertical, aumentando
a taxa de lotação da terra
já em uso e do desempenho dos
animais do rebanho, aumentando
assim a produtividade da terra. No
“benchmarking” 2013 dos clientes
da empresa Exagro, ficou demonstrada
a alta correlação entre desempenho
por animal e lucro por hectare
(R2 = 0,90) e entre produtividade
por hectare (arrobas/ha) e lucro
por hectare (R2 = 0,986). Por outro
lado no “benchmarking” da safra
2016:2017 de 184 propriedades de
clientes da empresa Inttegra o aumento
no desempenho individual e
da taxa de lotação foram as variáveis
que mais impactaram no aumento
do lucro por hectare por ano. Veja:
para cada R$ 1 de aumento no preço
de venda da arroba o lucro aumentou
em R$ 10,7/ha/ano; para cada
R$ 1 de economia no custo por cabeça
por mês o lucro aumentou em
R$ 25/ha/ano; para cada 0,1 UA/ha
de aumento na taxa de lotação, o lucro
aumentou em R$ 45,3/ha/ano,
por outro lado para cada 0,1 kg/dia
de aumento no ganho médio diário
houve um aumento no lucro de R$
265/ha/ano.
Conclui-se que a adoção de
técnicas e de tecnologias que possibilitam
aumentos no desempenho
por animal (aumentos nas taxas
de fertilidade, de nascimento e de
desmama, do peso à desmama; do
ganho médio diário ...) e da taxa de
lotação das pastagens, concorre para
o aumento da produtividade da terra
de pastagem (kg de bezerros desmamados/ha/ano,
kg de carcaça/
ha/ano ...) e da escala de produção
da propriedade no sentido vertical,
resultando em redução da proporção
do capital imobilizado no ativo,
terra, e aumento da proporção do
capital nos ativos animal e custeio,
ativos estes circulantes e de alta liquidez,
tornando a atividade rentável
e competitiva.
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Mauricio Bassani
Zootecnista/Zoofértil
mauricio_bassani@yahoo.com
FERTILIDADE DO SOLO
PERFIL DO SOLO
TRABALHE E COLHA BEM MAIS
Se gastar demais assusta, produzir pouco é um filme de terror para qualquer produtor rural brasileiro que
tenha foco no lucro. Neste sentido, nossa referência produtiva é visual, pois observamos firmemente o crescimento
vegetativo de nossas culturas – tanto lavouras quanto pastagens. Já o sistema radicular, na maioria dos casos, é
negligenciado a práticas de adubação e corretivos, ou seja, quando falamos das raízes de nossas culturas, na maioria
dos casos, apenas “cumprimos tabela”. Sendo assim, neste artigo vamos discutir alguns pontos essenciais para que
o solo contribua decisivamente com o sucesso da atividade rural. Venha conosco, pois com certeza há muita coisa
para conversarmos.
Em artigos anteriores, já tratamos
das falhas no aproveitamento
dos adubos e as perdas diretas de
capital por não nos atentarmos simplesmente
ao pH do solo. Também
já tratamos da importância da Matéria
orgânica para a sustentabilidade
produtiva. Ainda sim, o tema solos
é bem mais amplo. Deste modo, um
dos aspectos mais importantes que
temos que ressaltar é que a produtividade
está diretamente relacionada
a fertilidade no perfil do solo, ou
seja, a fertilidade no solo no sentido
mais amplo: desde a camada superficial
com a qual trabalhamos mais
intensamente via corretivos e adubos,
bem como nos perfis subsuperficiais,
ou seja, abaixo da camada
arável do solo.
Sendo assim, se realmente
queremos altas produtividades, tanto
na pecuária quanto na agricultura,
temos que investir na construção da
fertilidade no perfil do solo, sob todos
seus aspectos químicos, físicos e
biológicos. Do contrário, estaremos
sempre a mercê de sistemas radiculares
superficiais, que podem não
atender ao potencial produtivo da
planta, bem como ser extremamente
susceptíveis aos riscos climáticos
comuns mesmos nas áreas agrícolas
tradicionais.
Tudo começa com um bom
diagnóstico técnico. Podemos avaliar
os aspectos físicos, tais como adensamentos
e compactações; aspectos
químicos, tais como falta de nutrientes
essenciais para o desenvolvimento
radicular e / ou presença de
elementos tóxicos; bem como os aspectos
biológicos que dizem respeito
à sanidade do solo e a potencial
vida microbiológica. O importante é
que, antes de se tomar uma decisão,
tenhamos um diagnóstico feito com
profissionalismo e experiência.
São inúmeros os trabalhos mostrando
benefícios do aprofundamento
radicular na produtividade. Neste
sentido, nossa recomendação é que
o produtor amplie sua avaliação do
perfil do solo quanto à fertilidade. Se
sempre trabalhou avaliando seu solo
apenas até 20 cm que passe a buscar
realizar o diagnóstico e intervenções
trabalhando a melhoria da fertilidade
até 40 cm. A meta é dobrar o
“tanque de combustível” ofertando
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mais nutrientes e água através de
práticas que possam gerar sistemas
radiculares mais profundos.
Dentre as bases de um bom
diagnóstico também recomendamos
que seja feito um estudo completo
de todas as características químicas e
físicas do solo. Neste sentido, o uso
rotineiro de equipamentos específicos
para verificação do grau de compactação.
Com relação às amostragens
do solo, nossa indicação é que
a mesma seja feita com metodologia
específica inclusive envolvendo
o uso de GPS a fim de possibilitar
comparações futuras. Sendo assim,
todas as avaliações devem ser feitas
com muito planejamento, critério e
calma. Investir tempo, pessoas capacitadas
e capital no correto diagnóstico
é essencial para que possamos
tomar decisões que realmente promovam
o incremento da produtividade
com o menor gasto financeiro
possível.
Após o diagnóstico, todas
intervenções devem observar também
a realidade operacional, financeira
e produtiva do produtor. Com
estas informações, técnico qualificado
poderá montar um bom plano
viável e inteligente que promova a
melhoria e a construção da fertilidade
no perfil do solo a partir das
ferramentas disponíveis. Todo este
trabalho, se bem implementado, traz
benefícios a todo o sistema. Possibilitará
às plantas expressar melhor
seu potencial produtivo, bem como
trará mais rentabilidade ao produtor.
Cabe reforçar também os
benefícios contra riscos climáticos.
A segurança produtiva, via aprofundamento
das raízes e redução do risco
de estresse hídrico, minimiza as
possíveis perdas na produtividade
em função de veranicos.
Dentre as estratégias disponíveis,
o uso de fertilizantes químicos
como calcário, fosfatos, cloreto
de potássio, gesso e outras fontes
de nutrientes (inclusive de micronutrientes)
são muito importantes para
a construção da fertilidade no perfil
do solo, mas devem ser feitas com
qualidade e quantidades compatíveis
com o objetivo desejado.
Ainda sim, é importante ressaltar
que nutrientes sem ambiente
físico e, consequentemente, sem
ambiente biológico não tem muito
sucesso. A absorção de nutrientes
também está ligada a adequada
aeração do solo. Ambientes compactados
além de prejudicarem diretamente
o crescimento das raízes
podem também limitar a absorção
de nutrientes pelas raízes em função
das alterações na densidade do solo.
A inclusão de gramíneas tropicais
com alta produção de massa
também tem sido crescente a cada
dia. Nas fazendas de pecuária tem
ocorrido via ajuste de nível tecnológico
– fornecendo ao sistema os
nutrientes essenciais para que estas
plantas se tornem perenes e tragam
a consequente melhoria do sistema
solo. Na agricultura, graças ao sistema
radicular extremamente agressivo,
as gramíneas tropicais têm sido
muito eficazes para reduzir também
compactação moderada. Além disso,
em ambos os sistemas também
promovem a melhoria da drenagem,
conservação do solo e reciclagem de
nutrientes.
Diante destes fatos, acreditamos
que o uso de gramíneas tropicais
com o aproveitamento e/ou
aporte de fertilizantes deve se tornar
mais comum em todos os sistemas
agropecuários. Fato este que reforça
a tese na qual acreditamos de que a
cada dia mais, a Integração Lavoura
/pecuária será o melhor caminho
para a maioria das propriedades.
Finalmente, para todos nós
os desafios principais são o tempo e
o dinheiro. Sendo assim, recomendamos
que o tema seja aprofundado
individualmente.
Afinal, construir a fertilidade
no perfil do solo não se trata
de uma ação instantânea, mas é
um ponto fundamental dentro das
estratégias voltadas ao incremento
da produtividade. Além disso, pode
colaborar claramente com a necessária
redução de custos, melhorar o
aproveitamento de todos os investimentos
(máquinas, adubos, insumos
e materiais genéticos) e trazer mais
segurança ao processo produtivo.
Sendo assim, lembre-se: “Seu solo
é seu maior patrimônio” e trabalhar
na construção da fertilidade do
perfil do solo é investir em sistemas
mais produtivos e seguros.
Contem conosco!
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EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
COOPERATIVISMO
Renato Greidanus
Diretor Presidente da
Frísia Cooperativa Agroindustrial
COOPERATIVAS
fazem a diferença!
O associativismo, a troca de informações, o compartilhamento das boas ideias e boas práticas, o espírito
colaborativo e empreendedor são determinantes para o avanço do bem estar econômico e social de um povo. Isso
é ainda mais importante no Brasil, país onde as diferenças regionais chamam atenção e onde o intercâmbio de
experiências bem sucedidas pode ajudar a melhoria das condições de vida e progresso de todos.
O sistema cooperativo brasileiro
é um dos mais bem sucedidos
do mundo, e um exemplo a ser
seguido. Importante e consolidado
principalmente no Sul do Brasil, o
modelo cooperativo tem espaço e
oportunidade de ajudar a desenvolver
regiões, principalmente agrícolas,
cuja atividade agrícola profissional
é mais recente e, portanto, com
muito espaço para se desenvolver.
Sua chegada com mais força ao Tocantins,
apoiado numa experiência
muito bem sucedida no Paraná, já
está provocando mudanças e melhorias
na economia agrícola do Estado.
Diferenças
Enquanto uma empresa
convencional é comandada por alguns
sócios, que decidem o destino
do negócio e repartem apenas entre
si os lucros, o sistema cooperativo
faz do produtor associado o dono e
usuário principal do sistema. Numa
cooperativa, ele pode participar das
decisões, compartilhar os avanços
e descobertas tecnológicas, trocar
experiências e as melhores práticas,
além de ter o apoio de uma organização
profissional que dá assistência
técnica, ajuda na gestão e é decisiva
na hora de reduzir custos, de
negociar coletivamente vantagens e
mesmo acesso ao crédito, além de
barganhar por melhores preços. No
sistema cooperativa, as sobras são
divididas com os associados, proporcionalmente
ao trabalho realizado.
Outra característica importante
é que as cooperativas geralmente
têm origem local, ou seja,
atuam diretamente na região onde
surgiram, comprometidas com o desenvolvimento
sustentável, ao bem
estar, educação e desenvolvimento
cultural dos seus membros e de toda
a comunidade. As regiões onde o
cooperativismo é forte são conhecidas
pelo seu alto índice de desenvolvimento
humano, alta produtividade
e elevado grau de desenvolvimento
econômico. É o caso dos Campos
Gerais, no Paraná, onde atuam três
cooperativas criadas por imigrantes
holandeses, e onde a Cooperativa
Agroindustrial Frísia se destaca há
92 anos como referência na produção
leiteira do País, pioneirismo na
aplicação de tecnologias como o
plantio direto e pelos altos índices
de produtividade agrícola e no melhoramento
genético animal. É esse
modo de produção, onde a gestão
e a administração do negócio possuem
um diferencial competitivo,
que desde 2013 está ajudando o Tocantins
a dar um novo salto de produtividade.
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Tocantins
A chegada desse modelo de
cooperativismo ao Tocantins já está
impulsionando a agricultura e a economia
do Estado, desde a aquisição
da Fazenda Santa Maria, em Paraíso
do Tocantins, em 2013 pela Cooperativa
Agroindustrial Frísia.
Com a inauguração em 2016
de um entreposto de recebimento
de grãos, empreendimento com
capacidade para armazenar 28 mil
toneladas, com perspectiva de ampliação
no curto ou médio prazo,
um gargalo importante na região foi
equacionado, o da armazenagem de
grãos, e deu previsibilidade e garantias
ao produtor da região, permitindo
também que ele possa esperar o
melhor momento – e o melhor preço
– para negociar sua safra.
Outro exemplo de como
esse modelo de negócio pode ajudar
o Tocantins é o aporte de novas
tecnologias e a pesquisa e experimentação
genética. A realização do
Dia de Campo do Milho em 2017,
por exemplo, onde os produtores da
região puderam identificar e definir
qual o híbrido ideal para a produção
da segunda safra (safrinha) em 2018.
O evento, que teve a participação
da Fundação ABC, entidade
paranaense referência em pesquisa
agropecuária, apresentou aos produtores,
cooperados ou não, 47 espécies
de híbridos de semente de
milho, para que, após a colheita, os
produtores vejam quais apresentaram
os melhores resultados. O
objetivo é desenvolver variedades
precoces que permitam antecipar o
plantio e evitar o período de chuvas,
o que permitiria uma segunda safra.
O sucesso dessa empreitada é um
dos grandes desafios dos produtores
da região e vai representar um
ganho enorme em produção e renda
para os agricultores.
Como essa, outras soluções
estão sendo estudadas pelo sistema
cooperativo, que une suas forças
para promover o desenvolvimento
e compartilhar seu sucesso com a
comunidade. É essa experiência que
o Tocantins recebe agora e que será
decisiva para o seu futuro como
Estado.
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MANEJO DE PASTAGENS
Phyllypi F de Melo
Zootecnista
CriaBem Nutrição Animal
melopf@criabem.com.br
EXCELÊNCIA
AGROPECUÁRIA
COMO MONTAR SISTEMAS DE ALTA PRODUTIVIDADE
A grande dificuldade de definir a rentabilidade da atividade pecuária de corte está ligado ao fato de que as informações
referentes ao sistema produtivo são incompletas, poucos sabem descrever quantas arroba produz por
hectare/ano ou mesmo qual é o custo da arroba produzida na engorda Acelerada a pasto na sua fazenda.
Tudo isso torna-se mais
agravante quanto analisamos a queda
da lucratividade na pecuária nas
últimas décadas, segundo dados da
Agroconsult, o lucro líquido obtido
da atividade nos dias atuais é 7,5 vezes
menor do que os obtidos durante
a década de 70, sendo assim, para
permanecer na atividade o produtor
deveria elevar a produtividade do
seu sistema pecuário. Esse cenário
desafiador tem levado forçadamente
a mudanças de paradigmas da atividade,
em que o pecuarista passa a
gerenciar a propriedade como uma
empresa rural e não mais como uma
atividade familiar ou mesmo reserva
de valor.
Nosso sistema produtivo de
bovinos no Brasil Central tem como
base a produção animal a pasto, uma
vez que nosso clima quente e úmido
favorece a produção das forrageiras
tropicais C4, que por sua vez apresentam
alto potencial de crescimento
e acúmulo de massa. Todavia,
esse sistema apresenta sazonalidade
climática que interfere impondo restrições
em determinados meses do
ano. Via de regra nos períodos de
Primavera/Verão as forragens são
beneficiadas pela incidência de luz
e chuvas, sendo que o seu restabelecimento
a altura ideal de pastejo
ocorre rapidamente, entorno de 10
a 15 dias e os animais apresentam
bom desempenho individual. Em
contrapartida, durante os períodos
de Outono/Inverno, a baixa qualidade
e disponibilidade de forragem,
resultam muitas vezes em manutenção
ou perda de peso destes.
Sendo assim, períodos negativos
na curva de crescimento animal
devem ser evitados, o que impacta
em redução da idade de abate,
diminui o tempo de permanência do
animal na fazenda, aumentando o
giro do capital investido e da taxa de
desfrute. Para isso o correto planejamento
nutricional e de produção de
forragem se faz necessários para o
sucesso na busca por altas produtividades.
MANEJO DE PASTAGENS
Controle de Altura de Pastejo: Uma
das primícias no manejo de pastagem
de gramíneas forrageiras tropicais,
subtropicais e temperadas é o
Controle de Altura de Pastejo, para
nós nutricionistas técnicos de campo,
essa deveria ser a regra máxima
do manejo de pastagem. Assim devemos
entender os três modelos de
pastejo em uso no Brasil Central: o
pastejo contínuo, quando o lote de
bovinos fica estabelecido em um
único pasto, o pastejo alternado,
quando o lote de animais permanece
alternando entre dois pastos diferentes
por determinado tempo em
cada um, e o pastejo rotacionado,
que pode ser chamado assim sempre
que o lote de bovinos for manejado
em mais de três pastos distintos.
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O controle de altura de pastejo
é a forma mais dinâmica de garantirmos
forragem em quantidade
e qualidade para que os bovinos
possam colher, digerir e desempenhar
seu máximo potencial. Quando
uma determinada propriedade
tem um manejo de pastagem deficiente
e a entrada e saída dos lotes
de bovinos não respeita as alturas
alvos mínima e máxima (tabela 1),
ocorre que a Interceptação da Luz
Solar (IL%) irá influenciar na produção
das gramíneas forrageiras e as
proporções de folhas, hastes, raízes
e material velho serão prejudicadas
por esse fato. A IL% é tida como o
percentual de luz solar que as folhas
da gramínea conseguem interceptar
sem que os raios solares cheguem ao
solo e/ou base da planta.
Assim temos que, para desenvolvermos
sistemas de alta produtividade
a IL% ideal deverá ser de
90 a 95%, o que está inteiramente
relacionado à altura de pastejo (tabela
1), esse fato proporcionará que
as gramíneas forrageiras desempenhem
seu potencial máximo de
%PB (proteína bruta) e %DIVMO
(digestibilidade).
Para que a IL 95% seja atendida
o manejo de pastagem deve
respeitar as alturas alvos, como
exemplo a altura de pastejo inicial
no Braquiarão de 25 centímetros e
do Andropogon de 50 centímetros.
Nome da planta forrageira
Adubação
Devido a sua representatividade,
a atenção no período das chuvas
deve ser voltada para a adubação,
seu sucesso depende de práticas
agronômicas como amostragem,
analise, interpretação, recomendação
e aplicação dos fertilizantes,
que deve ocorrer preferencialmente
logo após o pastejo a fim de estimular
o perfilhamento e produzir folhas.
Com isso obtém-se a resposta
desejada tanto em quantidade como
em qualidade de forragem, o que é
refletido em melhores ganhos de
peso e taxa de lotação.
De Saída
Científico Comum Entrada Não Adubado Adubado
Andropogon gayanus Andropogon 50 40 25
B. Brizantha, B. decumbens Braquiarão, decumbens 25 20 13
Relacionado a este assunto, alguns
erros são mais frequentes
na adubação, como:
• Distribuição desuniforme
do fertilizante, o que pode provocar
perda de grande parte da forragem
produzida devido a diferenças no
crescimento;
• Adubação de plantas que
apresentam manejo inadequado, o
que reflete negativamente na expansão
de folhas e torna inviável o custo
do fertilizante devido a sua perda
pós aplicação;
• Correção da saturação de
bases, a qual é frequentemente, recomendada
para níveis ao redor de
40 a 60%, onde os mais elevados são
indicados para reforma ou formação
de pastagens. Quando falamos
de intensificação para altos níveis de
produção, a recomendação deve ser
semelhante à agricultura, de 70%;
• Manejo de crescimento e
colheita inadequado da planta, que
interfere na resposta econômica das
adubações. Atenção ao manejo!
Além desses tópicos vale ressaltar
que o momento de se aplicar a tecnologia
é tão importante quanto o
uso da mesma. Diferente do agricultor,
o pecuarista ainda não tem a
disciplina em relação ao momento
de fazer uso de insumos como adubações,
controle de pragas e plantas
invasoras ou do manejo do rebanho
em pastejo.
Nutrição Animal
A margem sobre a venda
conhecida como lucratividade e giro
de estoque são os elementos chaves
para o sucesso econômico de qualquer
atividade. Não seria diferente
nas etapas da pecuária. A fase de
cria abrange todas as categorias e
processos necessários para se produzir
um bezerro desmamado. A
recria é a etapa que vai do desmame
(peso de 6 a 8@) até o início
da terminação (peso de 13 a 14@),
sendo esta última a etapa final, que
leva o animal até o abate. Em cada
fase de produção a nutrição animal
tem papel fundamental nos balanceamentos
das dietas de bovinos a
pasto ou semiconfinados, suprindo
B. brizantha, B. hibrida Xaraés: MG5, Convert 30 25 15
Brachiaria humidicola Humidicola 25 20 13
C. dactylon, nlemfuensis Coastcross, Tifton 68 30 25 15
C. dactylon x C. nlemfuensis Tifton 85 25 20 13
C. plectoastachyus Estrela africana 30 25 15
Panicum maximum Massai 30 25 15
Panicum maximum Mombaça, Tobiatã 90 70 45
Panicum maximum Tanzânia 70 55 35
Pennisetum americanum Milheto 50 40 25
Tabela 1. Alturas alvos de manejo de pastagem de gramíneas forrageiras tropicais e subtropicais em
pastoreios de lotação alternada e rotacionada em pastagens não adubadas e em pastagens adubadas.
Fonte: AGUIAR, 2012b, 2012c, 2012d.
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as exigências de minerais, aditivos,
energia e proteína, maximizando os
ganhos zootécnicos e garantindo a
manutenção da saúde ruminal para
que cada raça desempenhe o seu
máximo potencial genético.
Olhando para as fases de
recria e engorda, ao contrário da
fase de cria, o processo produtivo
é outro. O próprio individuo deve
produzir para si. Neste caso, o
GPMD (ganho de peso médio
diário) é o principal indicador
de desempenho individual. Na
engorda, a necessidade de energia
da dieta necessária para que ocorra
a terminação adequada é maior.
Esse fato, invariavelmente, torna
a necessidade de desembolso em
Nutrição Animal maior por arroba
produzida, uma vez que se faz
necessário o uso de suplementos
mineiras proteicos e energéticos
com consumos que variam de 0,3
a 0,7% do PV animal/dia como
forma de acelerar a terminação e
torná-la mais eficiente e de melhor
custo/benefício para o pecuarista.
A recria é o momento de
ganho muscular e desenvolvimento
ósseo, nesta etapa temos a oportunidade
de construção da estrutura
da carcaça e perfil de víscera que
possibilitarão uma terminação mais
econômica, para isso é necessário o
uso de soluções nutricionais como
os da CriaBem, linha Pastomax que
é um suplemento mineral proteico
com consumo de 0,1 a 0,12% do
PV animal/dia, que
combinado a uma
gramínea forrageira
de qualidade torna a
fase de recria o momento
que temos a
melhor relação custo/benefício.
Numa
faixa de desembolso
de R$ 45,00/cabeça
mês, consegue-se
obter um GPMD na
casa de 0,570 kg/dia
o que gera uma arroba
produzida na casa
de R$ 79,00/@/ano.
No cenário de venda da arroba valorizada
a R$ 135,00 gera uma margem
operacional superior a 40%. A
construção dessa margem sustenta
as demais etapas para que, ao final
de todo o processo, possa-se obter
margem final líquida de 18,5% por
boi abatido.
Além da recria construir
margem devido a relação produção/
custo ser a melhor de todas, ela pode
ser uma grande potencializadora da
taxa de desfrute. Esta representa o
total de animais abatidos em relação
ao rebanho. Existe uma relação linear
inversa entre o GPMD, tempo
de permanência e taxa de desfrute
(figura 1), ou seja, quanto maior o
GPMD, menor o tempo de permanencia
e maior a quantidade de animais
abatidos por ano (CHAKER,
2017). A intensificação, definida
no dicionário como “fazer com que
Figura 1. Relação entre GPMD, taxa de desfrute e tempo de permanência.
algo se torne mais intenso, árduo,
excessivo”, muitas vezes, na pecuária,
é lida como “cara” e inviável.
Recentes pesquisas de campo apontam
que o custo adicional para o
aumento de 0,100 kg/dia sobre ganhos
de 0,500 kg/dia é de R$ 5,70/
cabeça/mês. Na maioria dos casos,
o aumento do desembolso mensal
necessário para intensificação do ganho
reduz o desembolso da arroba
produzida em consequência do menor
tempo de permanência e racionalização
dos custos fixos.
Sistemas de pecuária a pasto
que buscam a alta produtividade
ampliam seus resultados econômicos,
o fato é que a atividade pecuária
lucrativa é intimamente relacionada
à eficiência operacional, ou seja, depende
de um bovino superior, de
tecnologia nutricional de ponta e da
espécie forrageira adequada.
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MANEJO DE PASTAGENS II
Wagner Pires
Engenheiro Agrônomo
wagner@circuitodapecuaria.com.br
www.circuitodapecuaria.com.br
Uma pastagem de
Excelência
Ano novo, vida nova, pasto degradado e pecuária de baixo lucro! Opa! Nós não queremos isso e nem podemos
trabalhar desta forma, pois afinal somos Pecuaristas que buscam a excelência. O ano de 2018 promete, pelo menos
no Agronegócio, pois na política, justiça e economia eu não sei, mas nós da pecuária queremos estar com nossas
propriedades preparadas para quando este pais “maravilhoso” sair desta crise. O que fazer? É simples, basta seguir
os conselhos do Consultor Wagner Pires.
Não queira retirar do solo
aquilo que ele não tem
Muitos pecuaristas querem ter em
suas fazendas gramíneas de alta produtividade,
porem para que ela produza
bastante ela necessita de mais
nutrientes que as gramíneas menos
produtivas. Será que o seu solo dispõe
destes nutrientes?
Se você não tem esta resposta,
então colete amostra de solo
dos seus vários pastos e mande fazer
análise para saber.
Estabeleça um plano de
curto, médio e longo prazo
para melhorar a fertilidade
De posse da análise a primeira coisa
que você deve fazer é trocar ideia
com um Engenheiro Agrônomo
para ver o que fazer para corrigir a
acides do seu solo, levar Cálcio para
as camadas mais profundas, melhorar
a Saturação de Base e os níveis
de Fósforo.
Por onde começar?
Comece pelas gramíneas mais exigentes.
Pelos pastos livres de invasoras.
Pelos pastos menores.Pelos pastos
que você pretende trabalhar com
uma taxa de lotação mais elevada.
Qual o primeiro passo?
Se for reformar o pasto aplique a
dosagem total de Calcário que a
Análise de Solo pediu e use o calcário
correto sempre visando uma
relação de Ca/Mg de 3:1.
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Se for recuperar o pasto ou
você usa um subsolador ou um aero
solo para incorporar o calcário ou
você divide a dosagem recomendada
em 2 a 3 anos.
Não se iluda com produtos
milagrosos
Por exemplo produtos que prometem
com uma dosagem bem pequena
corrigir a acides do seu solo.
Enquanto estes produtos milagrosos
estiverem sob investigação dos
pesquisadores eles não merecem o
nosso voto. Opá, que o pecuarista
compre.
E o fósforo?
Estou falando de Fosforo e
não de fosforo que faz fogo! Desde
que a acides já esteja corrigida você
pode começar a trabalhar com um
pouco de fertilizante a base de fosforo,
mas não exagere na dosagem
e na área adubada, pois você pode
produzir muito pasto e não conseguir
colher.
Controle das plantas
daninhas.
Lembre-se de que as plantas
daninhas contam com um sistema
radicular muito mais poderoso que
o das gramíneas forrageiras e além
disso são tolerantes a baixa fertilidade,
portanto a briga é desleal. Antes
de pensar em adubar você deve
controlar as plantas daninhas. Planta
daninha, político corrupto e MST
acabam com quem quer ter uma pecuária
produtiva.
Tenha um olho no gado e o
outro nas pragas
Agora na temporada da chuva
é preciso que o pecuarista tenha
um olho no seu gado e o outro nas
pragas que atacam o pasto. Tem que
imitar o olho daquele cara que foi
preso, como é mesmo o nome dele?
Fique atento as cigarrinhas e não
espere a vaca ir pro brejo para começar
a controlar, lembre-se que os
melhores produtos são sistêmicos e
para que eles transloquem por toda
a planta é necessário que a gramínea
esteja sadia e isso só é possível no
começo. Cuidado com as lagartas,
tem umas que estão dispostas a levar
o lucro do pecuarista na mala.
Divisão ajuda no manejo e na
colheita do pasto
Na hora de dividir o pasto
o pecuarista deve atentar para as
distancias da águada ao fundo do
pasto, se for dividir o pasto em 2 ou
3, é recomendável que as divisões
sejam aproximadamente iguais, para
assim se for alternar ou rotacionar
o lote não tenha problema de manejo.
Uma diferença de até 10% é
aceitável. Para uma boa divisão nada
melhor do que um mapa feito corretamente.
Isso ajuda e barateia o
trabalho. Se o pecuarista achar que
a conta com arame, mão de obra e
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estaca vai ficar meio ardida, pode
trabalhar com cerca elétrica, que
normalmente fica 1/3 do custo da
cerca convencional.
A cima um estudo de divisão
que estou implantando em uma
fazenda no Tocantins, a esquerda
como é hoje e a direita como vai
ficar. Estamos projetando trabalhar
nas águas com uma taxa de lotação
3 vezes maior do que as pastagens
comportam hoje.
Não invente!
Em tempos de crise e de
Lava Jato o pecuarista não deve ficar
escutando os “vendedores professores”
que existem no mercado e sim
escutar quem entende e é preparado
tecnicamente. Estou me referindo a
mistura de capim. Não faça isso, o
bovino é seletivo, ele escolhe o capim
mais gostoso e vai ficar caminhando
para colher o melhor capim
e você sabe que nada melhor que
uma boa caminhada para se perder
peso. Mas você quer justamente
peso do seu rebanho. Portanto não
misture duas ou mais gramíneas no
mesmo pasto.
Crie controles
É muito comum o pecuarista
achar muito e não anotar nada,
isso é um grande erro que deve ser
trabalhado para mudar. O pecuarista
deve anotar as chuvas, as operações
realizadas em cada pasto e os
produtos usados e o custo. Anotar
o dia de entrada e saída do rebanho
de cada piquete. Isso tudo permite
uma análise de custos com o manejo
e os resultados. É muito comum o
pecuarista somente pesar o gado no
momento de vender, sendo que ele
deve ter os ganhos do rebanho nas
águas e na seca para assim tomar
uma atitude e corrigir os resultados
negativos. É fundamental criar um
habito.
Capacitar a equipe
Cada vez mais a mão de obra
que está sobrando para a pecuária
é a pior de todas. Existem muitas
maneiras de se capacitar os funcionários
sem muito custo. Eu mesmo
disponho em meu site de um curso
completo para se ter uma pastagem
sustentável. Porém o pecuarista
acha que investir na equipe é caro e
desnecessário. É comum um pecuarista
comprar um trator que muitas
vezes tem o valor mais elevado que
a sua caminhonete e ele entrega esta
máquina a um funcionário que mal
sabe ler e escrever.
O momento exige a capacitação
da equipe.E para finalizar vou
dar a dica mais importante e talvez a
mais difícil de se implantar.
A reforma íntima.
Este ponto é o mais difícil.
O meu avô foi assim, meu pai era
assim e eu sou tudo de bom que eles
foram! Mas os tempos hoje são muito
diferentes do tempo do seu avô
e do seu pai. Tem pecuarista que se
considera um vencedor, porem ele
desconhece o quanto ele poderia ter
crescido e sido muito melhor.
As coisas hoje mudam muito
mais rápido do que a alguns anos
atrás e no amanhã vão mudar mais
rápido ainda. O modo de vida que o
pecuarista ganhava dinheiro e vivia a
10 ou 20 anos atrás, é totalmente diferente
da forma que ele vive hoje e
seus filhos vão viver amanhã. Hoje é
obrigatório a mudança, mudar para
crescer, mudar para não perder, mudar
para se manter no seu negócio.
Eu desejo a você pecuarista
que você em 2018 trilhe os pontos
que eu destaquei a cima, mas também
comece este ano se renovando
e mudando-se totalmente para se
manter em seu negócio. Crescer e
gerar riquezas, fazer a diferença na
economia do nosso pais.
Não se esqueça de que antes
de ser criador, você deve ser um
agricultor de pasto, pois você não
consegue fazer bezerro ou boi gordo
sem um bom pasto.
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Luis Eduardo Zampar
Médico Veterinário
Consultor Nutrição Animal
confinabrasil@gmail.com
SILAGEM
SILAGEM DE MILHO
O Brasil tem se destacado no Agronegócio como verdadeiro e valioso campo de oportunidades. Temos extensão
territorial, sol e água em abundância, nos credenciando como um verdadeiro porto seguro na oferta de alimentos.
Nas fazendas de leite e corte
contamos com áreas de pastagens e
também de silagens, com o objetivo
principal de fornecer volumosos
para suprir uma boa parte das necessidades
nutricionais dos rebanhos.
As silagens são uma forma
de armazenar alimento por um
longo período, como principal vantagem
a manutenção do valor nutritivo,
desde que o manejo da ensilagem
seja bem realizado.
A silagem de milho é o volumoso
que mais concentra energia,
reina nas Fazendas do Brasil por ser
uma opção altamente viável e lucrativa
se bem conduzida e trabalhada,
podendo ser utilizada para bovinos,
ovinos e equinos. Possui alto potencial
de produção de leite e carne,
sendo altamente palatável e apreciada
pelos animais.
Por tudo isto , a Silagem de
Milho de Alta Qualidade é uma opção
estratégica e valiosa para compor
a dieta dos nossos animais.
1. Ponto de Colheita: o produtor
tem errado muito o ponto
de colheita . É ele que define a
participação de grão na silagem,
sendo responsável pela diminuição
do uso de concentrado nas
dietas e, consequentemente, por
reduzir os custos de produção.
O ponto correto é chamado
tecnicamente de farináceo duro,
quando o grão se apresenta 50%
farináceo e 50% leitoso, olhando
para a planta de milho, o colmo
e as folhas estão verdes e a
palha da espiga está seca.
2. Tamanho de Partícula: o ideal
é entre 5 a 10 mm ou 0,5 a 1,0
cm. Isto facilita ingestão, compactação,
reduz perdas e economiza
alimento. Aqui o capricho
ou a atenção deve ser redobrada
com a regulagem da ensiladeira,
na afiação das facas, na escolha
das engrenagens corretas e da
distância das facas com a contra-faca.
Só aumentar a partícula
para vacas de leite confinadas
(18 a 22 mm).
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3. Compactação do Silo: o ideal
é a utilização de silos tipo trincheira,
enchendo no sistema
de rampa, pois as paredes auxiliam
muito na compactação,
o que proporciona até 750 kg/
m³. Os silos tipo superfície podem
proporcionar perdas, principalmente,
pela dificuldade na
compactação. O principal objetivo
da compactação é a retirada
completa do oxigênio, que
é o grande inimigo das silagens,
pois predispõe ao desenvolvimento
de bactérias e fungos indesejáveis.
A compactação deve
ser realizada com trator traçado
e pesado passando muitas vezes
sobre o material picado.
4. Fechamento do Silo: aqui o
mais importante é a retirada do
oxigênio remanescente, pois,
quando cobrimos o silo com a
primeira lona, nós colocamos
oxigênio dentro do silo, que
deve ser retirado. Lacramos o
fundo e as laterais do silo, deixando
a boca aberta. Sobre esta
1ª lona, colocamos uma camada
fina de terra e areia, cobrindo
toda a lona e, com isso, vamos
empurrando todos os gases
indesejáveis para fora do silo.
Após, lacra-se a boca do silo e
colocamos a segunda lona. Sobre
a segunda lona colocamos
uma proteção, que pode ser cordinhas
fixadas sobre a 2ª lona,
que cruzam no sentido da largura
do silo, com uma distância de
60 cm entre elas.
5. Altura de Corte: o ideal é colher
a silagem ao redor de 30 a
40 cm de altura, com o objetivo
de deixar uma parte da matéria
orgânica para o solo, melhorar
a digestibilidade, pois com esta
prática conseguimos reduzir a
concentração de lignina no material
ensilado.
6. Aplicação de Inoculante: o
inoculante é um produto à base
de bactérias saudáveis e enzimas
que aceleram o processo de fermentação,
podendo abrir o silo
7 dias após ser lacrado. Quando
não aplicamos o inoculante, devermos
aguardar 30 dias.
Conclusão:
A silagem de milho tem
como papel fundamental a redução
dos custos de produção, mas para
isso, o foco e o profissionalismo na
sua produção são chave para o sucesso.
E a possibilidade de os produtores
melhorarem o seu negócio,
tornando-o mais eficiente e sustentável.
O Gado agradece!
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Francisco Alexandre Gomes
Analista Técnico SEBRAE - TO
franciscoalex@to.sebrae.com.br
PECUÁRIA LEITEIRA
Inovação que traz resultados:
PEQUENO PRODUTOR DE LEITE
APLICA NOVAS TÉCNICAS DE PRODUÇÃO E GESTÃO E
RESULTADO APARECE NO BOLSO
A bovinocultura de leite e sua cadeia produtiva é uma atividade que desponta na economia tocantinense com
grande potencial para geração de empregos no meio rural e urbano, além de aumentar a renda do produtor e fixar
o homem no campo. O Tocantins em 2016 ocupou a 14ª posição no ranking brasileiro e se apresentou como o 3º
maior produtor de leite da região Norte com uma produção anual de 385 milhões de litros de um total de 528 mil
vacas e produtividade/vaca/ano de 730 litros (EMBRAPA, 2017).
Podem-se citar as principais
deficiências existentes e que precisam
ser modificadas: tradicionalismo
na exploração da atividade,
pouco conhecimento de novas tecnologias
sobre a produção de leite,
instalações sanitárias precárias, prática
alimentar rudimentar, problemas
nas áreas de reprodução que
supostamente estão relacionados ao
manejo inadequado, baixa qualidade
do leite, baixa qualidade genética
dos rebanhos, e ainda, falta de conhecimento
sobre gerenciamento da
atividade.
Diante desse quadro o Serviço
Brasileiro de Apoio as Micro
e Pequenas Empresas (SEBRAE)
vem trabalhando e desenvolvendo
um projeto de inovação, difusão e
transferência de tecnologias para
produção intensiva de leite baseado
na capacitação de produtores. O
projeto utiliza conceitos de produção
intensiva de leite a pasto e também
a aplicação de ferramentas de
gestão que busquem a melhoria da
produtividade e da rentabilidade dos
produtores, garantindo competitividade
e qualidade com foco na intensificação
da produção e da sustentabilidade
econômica, ambiental e
social visando à redução dos custos,
aumento da produtividade, a elevação
do nível de renda e a melhoria
da qualidade de vida do produtor.
Nesse projeto participam
diversos produtores e tem se destacado
o Senhor Edis Gualberto
da Silva, proprietário do Sítio Pé da
Serra, onde tem apresentado bons
resultados a partir do trabalho de
consultoria que vem recebendo em
sua propriedade nos últimos anos.
O Sítio é uma pequena propriedade
localizada no município
de Araguaína/TO, precisamente no
povoado Água Amarela a 6 km da
sede do município e desde 2010 o
produtor desenvolve a atividade leiteira
que gera uma renda para o sustento
da família.
No início a propriedade era
caracterizada por um sistema extensivo
com pastagens degradadas, sem
reserva estratégica de volumoso
para o período de seca, sem suplementação,
sem os devidos cuidados
sanitários, sem manejo reprodutivo
adequado, rebanho desestruturado
e produtividade baixa. A produção
inicial era de 50 litros diários de um
total de 9 vacas em lactação que gerava
uma renda bruta mensal de R$
1.380,00 e com muita dificuldade o
produtor lutava para permanecer na
atividade. Foi a partir do ano 2013
que a propriedade “tomou” novos
rumos através da consultoria gerencial
e tecnológica do SEBRAE,
onde foi planejado e executado um
projeto para a fazenda que aplicou
Área implantada de capim Mombaça
Área de cochos de suplementação do rebanho
Vacas suplementadas no cocho com cana de açúcar
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Indicadores
Unidade
Período
Início (2013) Atual (2017)
Área utilizada ha 10 10
Produção média diária l/dia 50 204
Vacas em lactação cab 9 11
Vacas secas cab 7 5
Vacas totais cab 16 16
Produção por vaca em lactação l/dia 5,5 18,5
Renda bruta mensal com venda de leite R$ 1.380,00 5.630,00
Despesas operacionais + investimento R$ 731,00 2.870,00
Fluxo de caixa mensal (saldo) R$ 649,00 2.760,00
Vacas lactação por área VL/há 0,9 1,1
Produtividade da terra l/há/ano 1.825 7.446
Quadro 1: Resumo dos índices econômicos e zootécnicos do Sítio Pé da Serra
conceitos de produção intensiva e
de gestão econômica e zootécnica.
O trabalho de consultoria
foi iniciado com a implantação de
planilhas de controle gerencial e
zootécnico para melhor gestão dos
dados e informações, além disso,
foi realizada a transferência de um
pacote de conhecimentos e tecnologias
que compreenderam um
conjunto escalonado e articulado de
técnicas de produção. As primeiras
medidas implantadas foi a produção
de alimento em quantidade e
qualidade para o rebanho com a implantação
de uma área de 0,5 ha de
capim Mombaça rotacionado para
uso no período das águas (novembro
a maio) e uma área de cana de
açúcar de 1,0 ha para suplementação
volumosa no período de seca (junho
a outubro). Ao mesmo tempo o produtor
foi selecionando o rebanho de
vacas através do descarte de animais
improdutivos e aquisição de outros
de melhor produção. A partir desse
momento o produtor começou a
entender a importância de manejar
as pastagens e com volumoso de
qualidade dividiu as vacas em lotes,
segundo sua produção e período de
lactação para o arraçoamento.
Devido a intensa participação
do produtor na administração
e na consultoria pode-se observar
através do quadro 1 a evolução da
propriedade nesses últimos anos de
trabalho. O quadro mostra uma evolução
na produção de leite saindo de
50 para 204 litros diários o que proporcionou
um aumento significativo
da renda da propriedade de R$
1.380,00 para R$ 5.630,00/mês. Em
relação às despesas houve aumento
considerável do custeio e do investimento
passando de R$ 731,00 para
R$ 2.870,00/mês devido as maiores
despesas operacionais para manter
o negócio, como concentrados,
energia e adubação. O fluxo de caixa
(saldo) apresentou um aumento
significativo passando de R$ 649,00
para R$ 2.760,00/mês. Com o processo
de intensificação das áreas de
produção das pastagens a produtividade
da terra saltou de 1.825 para
7.446 litros por hectare/ano mostrando
que o uso eficiente da terra e
da produção animal é determinante
nos resultados.
As mudanças realizadas
para alcançar os resultados foram
na gestão econômica e zootécnica
da propriedade onde o produtor
passou a anotar dados relativos a
produção individual das vacas do
rebanho, partos, cios e coberturas,
despesas e receitas da atividade com
objetivo de melhor controle e tomada
de decisão do negócio. A partir
de um diagnóstico socioeconômico
foi possível conhecer a realidade de
produção de leite e da família para
elaboração de um planejamento da
propriedade de acordo com as condições
financeiras e de mão obra do
produtor.
O trabalho de consultoria
no Sítio Pé da Serra promoveu uma
mudança na forma de produzir leite,
pois o produtor entendeu que o
controle e a administração eficiente
da propriedade juntamente com a
inserção de novas tecnologias produtivas
é fundamental para “ganhar
dinheiro” com a atividade. O objetivo
da propriedade para 2018 é alcançar
350 litros/dia e para isso o produtor
está ampliando a área de cana
de açúcar de 1,2 para 3 ha que será
utilizada no período de seca e fornecida
ao rebanho sob forma de silagem,
aquisição de oito vacas e uma
ordenhadeira balde ao pé e com o
apoio da esposa e o filho o produtor
sonha alcançar o objetivo final de
produção de 500 litros de leite/dia.
Atualmente o Senhor Edis
Gualberto da Silva é reconhecido
pelo trabalho diferenciado que faz
na região devido a sua simplicidade,
persistência e por ser um típico produtor
de leite da agricultura familiar
que conduz a atividade com sua esposa
e filho.
Avaliação e planejamento de ações da propriedade
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EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
Bezerras resultado do trabalho de Inseminação Artificial
Pesagem de bezerras
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
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Pedro Henrique Rezende de Alcântara,
Zootecnista MSc
Embrapa Pesca e Aquicultura
pedro.alcantara@embrapa.br
SUPLEMENTAÇÃO
A BUSCA PELA
EFICIÊNCIA
NA BOVINOCULTURA DE CORTE
A pecuária de corte brasileira é praticada majoritariamente a pasto, isso não é novidade para ninguém. Porém,
o que nem todos sabem é que nas últimas duas décadas a pecuária brasileira experimentou um aumento de
produtividade superior a 100% (Abiec, 2016). Esse aumento de produtividade permitiu elevar a nossa produção de
carne e ao mesmo tempo reduzir cerca de 20 milhões de ha no mesmo período. Ou seja, aumentar a produtividade
reduz a pressão sobre áreas de mata nativa, é o chamado efeito poupa terra. Diante deste cenário, resta a dúvida:
como aumentar a eficiência e a rentabilidade do meu sistema de produção de gado de corte a pasto?
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE
EM SISTEMAS A PASTO
A grosso modo, temos duas
ferramentas muito eficientes para
aumento da produtividade a pasto:
manejo da pastagem (notadamente
adubação e pastejo) e a suplementação
alimentar. Estas tecnologias
isoladamente ou associadas causam
grande impacto na rentabilidade dos
sistemas de produção de carne a pasto,
quando bem aplicadas. Há de se
atentar para o fato de que a adoção
de novas tecnologias, especialmente
aquelas que envolvem custo, deve
ser orientada por um consultor técnico
experiente e competente. Caso
isso não seja respeitado, corre-se o
risco de piorar o resultado econômico
da fazenda.
No Brasil Central, observamos
características muito distintas
entre as estações do ano. Os pastos
apresentam uma variação elevada
quanto à produção e qualidade
da forragem produzida ao longo
do ano. No período chuvoso temos
alta produção de matéria seca
(MS) de boa qualidade nutricional
(se bem manejado). Por sua vez, no
período seco a produção de MS é
praticamente nula e nota-se queda
brusca da qualidade nutricional da
forragem. Mesmo dentro da estação
chuvosa ou seca, observamos variações
nessas características das pastagens
destacando os períodos de
transição seca/águas e águas/seca.
Além disso, a depender do manejo
de pastagem utilizado podemos ter
respostas diversas na produção e valor
nutricional das forrageiras. Uma
vez que a suplementação é utilizada
para suprir as deficiências nutricionais
das pastagens, devemos adaptar
a estratégia de suplementação de
acordo com as características das
pastagens.
34
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
O QUE CONSIDERAR NO
PLANEJAMENTO
DA SUPLEMENTAÇÃO?
Passo fundamental para o
sucesso de um programa de suplementação
o planejamento deve ser
feito com antecedência. Na seca, deve-se
planejar a suplementação para
as águas e vice-versa. Isso permite a
compra de insumos (grãos e minerais)
em períodos estratégicos, reduzindo
o custo.
Ainda na fase de planejamento
é necessário conhecer quais
serão as categorias suplementadas e
qual o desempenho desejado considerando
o custo benefício da suplementação.
As exigências nutricionais
para ganho são pouco alteradas
em função da estação do ano. Assim
sendo, a composição da pastagem
será o determinante das características
do suplemento a ser utilizado,
independente se você está nas
águas ou na seca. Como conhecer
essa composição? Realizando análises
bromatológicas periódicas do
pasto. É possível no campo observar
pastos diferidos ou oriundos de
integração lavoura pecuária na seca
com qualidade nutricional superior
a pastos mal manejados nas águas.
Portanto, não é possível determinar
a suplementação baseado apenas na
estação do ano.
QUAL TIPO DE
SUPLEMENTAÇÃO UTILIZAR?
Detmann et al. (2010) analisaram
dados de diversos experimentos
em pastos tradicionais (sem
adubação nitrogenada) nas águas e
observaram um déficit de proteína
na dieta de animais em recria e terminação.
Se considerarmos um animal
em recria com ganho de peso
desejado de 1,0 kg/dia, a relação nutrientes
digestíveis totais/proteína
bruta é de aproximadamente 5,33
(Valadares-Filho, 2016). Observando
dados de composição de pastagens
nas águas (Tabela 1) observamos
déficit proteico. Nessa situação
a suplementação proteica, provavelmente,
trará incrementos de produtividade.
Alimento NDT (%) PB (%) Relação NDT:PB
Andropogon 53,56 7,16 7,48
Mombaça 59,00 10,15 5,81
Massai 41,19 7,49 5,50
Marandu 63,73 9,53 6,69
Colonião 50,80 8,18 6,21
Capim elefante 50,35 7,00 7,19
Tifton 68 55,55 13,40 4,15
Alimento NDT (%) PB (%) Relação NDT:PB
Andropogon 53,56 7,16 7,48
Mombaça 59,00 10,15 5,81
Massai 41,19 7,49 5,50
Marandu 63,73 9,53 6,69
Colonião 50,80 8,18 6,21
Capim elefante 50,35 7,00 7,19
Tifton 68 55,55 13,40 4,15
Fonte: Adaptado de Valadares-Filho et al. (2017).
Se considerarmos um sistema
de produção intensivo a pasto,
no qual são realizadas adubações
periódicas, a qualidade nutricional
da pastagem apresenta alto valor nutricional,
especialmente teor de proteína
bruta (Tabela 2). Nesse caso,
a deficiência passa a ser energética,
portanto, as características do suplemento
devem ser adequadas para
aproveitar o potencial proteico do
capim. De que forma? Trabalhando
com suplementos energéticos. Um
estudo realizado por Dórea e Santos
(2015) demonstrou experimentalmente
esta assertiva, ao comparar
estudos que envolveram 2.591 animais.
Concluiu-se que em forragem
de alta qualidade (PB >= 11,4%),
não há efeito da suplementação proteica.
Pastagem NDT (%) PB (%) Relação NDT:PB
Mombaça 59,00% 13,03% 4,53
Marandu 63,73% 13,65% 4,67
Colonião 50,80% 16,30% 3,12
Capim elefante 50,35% 17,30% 2,91
Tifton 68 55,55% 22,10% 2,51
Pastagem NDT (%) PB (%) Relação
Fonte: Adaptado de Valadares-Filho et al. (2017) e
Santos e Dórea (2013).
Mombaça 59,00% 13,03% 4,5
Marandu 63,73% 13,65% 4,6
TROCANDO EM MIÚDOS
Colonião 50,80% 16,30% 3,1
A suplementação alimentar
de animais a pasto é uma ferramenta
essencial para a intensificação dos
sistemas de produção de carne. Não
se recomenda ao produtor implantar
um programa de suplementação
alimentar sem orientação de um técnico
especializado, isso pode gerar
custos que não sejam superados pelos
ganhos oriundos dessa tecnologia.
Seguindo os critérios adequados
o produtor tem muito a ganhar com
o uso da suplementação a pasto.
Capim elefante 50,35% 17,30% 2,9
Tifton 68 55,55% 22,10% 2,5
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
35
Danilo Figueiredo
Zootecnista
danilomarfigueiredo@gmail.com
ECONOMIA RURAL
AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA AUMENTO DA
PRODUÇÃO PECUÁRIA
DEVEM ESTAR INTERLIGADAS EM UM ÚNICO PROJETO, SOMENTE ASSIM A
ATIVIDADE PODE SER COMPARADA ÀS MAIS RENTÁVEIS DO CAMPO
Há 40 anos atrás o pecuarista brasileiro tinha como referência de eficiência na produtividade a capacidade de
abertura de novas áreas e a consolidação das fazendas de gado em regiões de expansão. As propriedades eram valorizadas
pelas aguadas naturais, índice pluviométrico e logística, essa última na maioria das vezes viabilizada pelo
próprio produtor ou por um conjunto de produtores interessados em desenvolver uma determinada região, sem
ação efetiva do estado. Paralelo a esse despertar econômico do setor, a pecuária brasileira desenvolveu de maneira
peculiar a sua genética, nutrição, manejo e sanidade, com profissionalismo necessário para nos levar aos dias de
hoje, onde somos reconhecidos como gigantes mundiais na produção de proteína animal.
O tempo correu, as terras
valorizaram de acordo com sua aptidão
e a logística passou a ser uma
necessidade não só dos produtores,
mas também do estado. O Brasil
apresentou novas áreas para exploração
e junto a elas particularidades
climáticas, de solo e relevo que
passaram a redesenhar a pecuária
de acordo com as condições oferecidas
pelo país continental. Contudo,
alguns parâmetros do negócio
pecuário formaram interseções importantes
para análise da viabilidade
econômica da atividade. O pecuarista
desbravador do passado se vê na
obrigação de enxergar sua propriedade
em números. A agricultura ensinou
uma nova forma de avaliação
da produtividade por área efetiva de
produção, e além de plantar tecnologia
no campo, plantou também uma
grande interrogação nos modelos de
produção pecuária de vanguarda.
Quantas arrobas produzo
por hectare de área aberta? Qual o
custo da arroba produzida? Qual
margem de lucro real é deixada pela
atividade? Daí em diante o produtor
passa a entender a “Intensificação
da pecuária” como modelo capaz de
andar junto ao crescimento tecnológico
da lavoura e obter níveis de
retorno compatíveis com o uso máximo
da terra.
Visão Estratégica:
Tempo/Área Efetiva das Pastagens/Sazonalidade
de Produção do
Capim. A permanecia do animal na
fazenda, seja bezerro ou garrote, determina
o nível de investimento necessário
para transformá-lo em boi
gordo e consequentemente a taxa
de retorno do investimento. Essa
categoria animal deve ser encarada
como ativo circulante de capital,
36
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
portanto, o tempo gasto para realização
da venda do animal terminado
será determinante das margens
de lucro vindouras.
Considerando que a recria
deve ter como meta o desenvolvimento
de pelo menos o dobro das
arrobas compradas, ou seja, levar
um bezerro de 6@ comprado com
ágil (valor variável) para no mínimo
12@, o cálculo do custo da arroba
produzida na recria estará estritamente
relacionado ao tempo de permanência
do animal nessa fase.
A variação dos resultados de
campo é enorme e reflete o modelo
adotado pelo criador, mas a recria
feita em ciclo curto (como base de
regra de 8 a 14 meses em sistemas
intensivos ou semi intensivos), entrega
o garrote para a engorda com
seu custo de compra diluído, trazendo
o custo final do animal recriado
de 12 a 14@ para patamares mais
adequados à saúde financeira do sistema.
Vale ressaltar que o sistema de
produção adotado é determinante
para o resultado de ganho de peso,
mas no sistema tradicional que não
está em discussão aqui, experimentamos
permanências de até 2 anos
dos animais na fase de recria, com
ganhos entre 3 e 4 arrobas por ano,
transformando o capital de giro em
praticamente ativo fixo, com pouca
mobilidade e de baixo rendimento.
Após analisamos o fator tempo, os
outros dois fatores nos remetem ao
entendimento global da atividade
pecuária quando necessitamos de
eficiência do uso da terra e do capital
que dispomos, sendo eles a aérea
efetiva de pastagem e a sazonalidade
de produção do capim.
Quando analisamos a área
efetiva das pastagens buscamos entender
a capacidade de produção de
forragem previamente calculada, logicamente
de acordo com nível de
investimento aplicado nessa pastagem,
que aponta o suporte de peso
vivo animal que cabe na área e que
sustente os ganhos de peso esperados.
Concluímos então que a capacidade
suporte de uma propriedade
possui um único limitador, o tamanho
da área; os outros aspectos de
variação, sistema pastoril (capins de
alta produção, tamanho dos pastos,
pastejo alternado, rotacionado e etc)
e lotação em cabeças por hectare
(depende do peso animal inserido
no sistema), são variáveis que conseguimos
interferir e moldar estrategicamente
o sistema para máxima
capacidade de exploração.
Já a sazonalidade de produção
das forragens é um fator não negociável
com a natureza, a não ser que
implementemos um sistema de irrigação,
que tem custo elevado e manejo
complexo, não questionando
aqui a sua viabilidade. Devemos extrair
desse raciocínio que o principal
fator determinante da capacidade
de lotação das nossas propriedades
são os meses onde os animais consomem
o estoque de forragem sem
reposição natural da mesma, ou seja,
o período de seca.
Além do período de estiagem
que normalmente é definido,
esbarramos no momento crítico
da seca que compreende, com variações
específicas de acordo com
a região, o período final da estação
seca, meados de setembro e outubro
e com o início do período chuvoso
em meados a final de novembro.
Nesse período, o peso ideal
de gado nas pastagens deve ser o
menor possível, pois devemos permitir
que as pastagens se reestabeleçam
com vigor e volume, ao mesmo
tempo que não ocorram perdas de
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
37
produção dos animais. Estabelecemos
então a base de lotação da propriedade,
demonstrado no gráfico.
Todo pensamento do produtor durante
o ano está voltado exatamente
para esse período, quando seu negócio
aparenta fragilidade e alto risco.
Porém, esse modelo induz a perdas
de capim no restante do ano, necessidade
de implantar taxa variável de
lotação e processos de gestão complexos
como compra, venda, aquisição
de alugueis, deslocamentos e
outras ações que resultam em custos
extras.
Modificar esse processo
para manter altas lotações com produção
elevada e convivendo com a
sazonalidade de produção das forragens
é o nosso maior desafio, e estabelece
novos números dentro das
propriedades que buscam alternativas
de aumento da produção.
Sabendo ser impossível retirar
os meses de transição e baixa
produção de forragem do nosso
ano agrícola, nos cabe implementar
alternativas que reduzam ou anulam
as influências negativas dessa fase.
Intensificar a pecuária somente a
pasto pode ser um tiro errado se não
pensarmos na estratégia para esse
período. Portanto, o aproveitamento
intensivo das pastagens deve ter um
direcionamento para o acabamento
também intensivo e rápido, que
consiga absorver toda a produção e
desempenho do período das águas e
transformá-la em receita no decorrer
do mesmo ano. As técnicas de
acabamento, seja em confinamento
ou qualquer outra modalidade, propiciam
o encaixe das engrenagens
trabalhando em velocidade compatível
para o desenvolvimento equilibrado
do projeto pecuário intensificado.
O principal ponto de entendimento
para que o confinamento
seja utilizado como ferramenta de
produção atuante e que interfere em
todas as bases da propriedade, é o
fato de não mais existir animais nos
pastos em fase de acabamento na
fazenda, quando a relação peso dos
animais e área ocupada força para
a diminuição do número de cabeças
alojadas por hectare. Compreendendo
melhor essa matemática,
uma propriedade que mantém mil
cabeças em recria e engorda a pasto,
possui aproximadamente 30% desse
rebanho na fase de acabamento com
peso médio acima de 450 kg, ou
seja, uma unidade animal (UA) alojada
no pasto de engorda, enquanto
na recria, com peso médio de 300 kg
por animal, teremos 1,5 animais alojados
para compor o mesmo peso
do animal em acabamento na mesma
área.
Isso representa aumento
de lotação em cabeças por volta
de 50% sob o rebanho de engorda.
O perfil da fazenda passa a ter
somente animais leves por unidade
de área na recria, nos remetendo a
entender que se não temos animais
pesados nos pastos, e sim em confinamento,
a área de pastagem efetiva
da propriedade passa a alojar mais
animais, que serão preparados para
atingir entre 12 e 14@ no menor
período de tempo possível e serão
encaminhados para terminação em
confinamento, semi confinamento
ou confinamento a pasto. Consideramos
que qualquer uma dessas
técnicas vai minimizar ou excluir
totalmente a necessidade de pastejo
por parte dos animais devido a suplementação
para terminação que
os animais irão receber.
Contextualizando a discussão,
implantamos novas e vigorosas
pastagens utilizando variedades de
capim que estão sendo desenvolvidos
para aumento da produtividade
e suporte animal cada vez maior
das áreas. Promovemos subdivisões
dos pastos e implantamos sistemas
rotacionados para pastejo intensivo
aumentando ainda mais a capacidade
de lotação da fazenda. Tudo isso
a partir de um rebanho construído
com rigor genético e sanitário para
máximo desempenho, dentro de um
sistema que atinge elevados níveis de
lotação no período de maior disponibilidade
de forragem sem se preocupar
com a sazonalidade de produção
do capim, pois após concluída
a recria em ciclo curto e iniciado o
período seco, encaminharemos os
animais para a fase de conclusão do
projeto.
O confinamento do gado
bem recriado corrige as inversões
de desempenho no período crítico
do ano e desloca a receita da propriedade
para os meses de escassez
no fornecimento de gado gordo
proveniente dos pastos. Promove
melhoria das pastagens permitindo
a implantação do manejo de lotação
com taxa variável na fazenda, sem
alterar a quantidade de gado no estoque
e mantendo as rédeas do negócio
nas mãos do proprietário.
38
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
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Leonora Duarte
Gerente de Processos da empresa IDEAGRI
leonora.duarte@ideagri.com.br
ECONOMIA E FINANÇAS
Gestão Econômica
versus
Gestão Financeira
Visões diferentes do seu negócio
‘Economia’ e ‘Finanças’ são palavras com certa similaridade no significado e, em várias situações da linguagem
comum, podem ser usadas como sinônimos. Todavia, quando relacionadas à gestão empresarial, elas denominam
situações bastante diferentes. No agronegócio, assim como em qualquer área de atuação, o conhecimento
sobre a diferença na terminologia e no uso de ‘econômico’ e ‘financeiro’ é fundamental para o gestor no sentido
de viabilizar análises sobre a saúde do empreendimento.
Regime de Competência X
Regime de Caixa
‘Regime’ é outra palavra
que, no ambiente da gestão empresarial,
não corresponde à sua usual
definição. ‘Regime de Competência’
e ‘Regime de Caixa’ são fundamentais
no gerenciamento econômico-
-financeiro do negócio. Quando nos
referimos à competência, estamos
falando de controles contábeis que
registram as transações no momento
em que elas acontecem. Já no
regime de caixa, as operações são
computadas quando o dinheiro for
movimentado. No tocante à gestão,
para chegarmos ao resultado financeiro,
utilizamos o regime de caixa,
registrando as movimentações na
Demonstração do Fluxo de Caixa
(DFC). O resultado econômico é
obtido por meio do regime de competência,
registrado na Demonstração
de Resultado de Exercício
(DRE). É fundamental destacar que
um regime não é “melhor” do que
o outro. São perspectivas diferentes.
Formas distintas de compreensão
do desempenho do negócio.
Então, o que é a situação econômica
do empreendimento?
É, portanto, a situação contábil,
isto é, o lucro ou o prejuízo
apurado dentro de um regime de
competência. Uma organização com
ótima situação econômica possui
grande quantidade de bens e direitos,
que constituem seu patrimônio.
O gestor precisa avaliar periodicamente
os resultados contábeis da
empresa para entender se o negócio
está dando lucro ou prejuízo e avaliar
a dimensão efetiva do patrimônio,
do ativo e do passivo.
E a situação financeira?
Está relacionada ao caixa
da empresa. Diz respeito aos rendimentos
e às despesas que a organização
apresenta ao longo de um
determinado período, isto é, seu orçamento,
que pode ser positivo ou
negativo. Se a empresa tem recursos
40
EDIÇÃO 34 | ANO 07 | NOV/DEZ 2017
disponíveis para cobrir suas obrigações
mais urgentes e as contas a
pagar do período, a saúde financeira
está boa. Contudo, se a empresa não
conta com recursos suficientes ou
acessíveis para honrar seus compromissos
naquele momento, a saúde
financeira não vai bem.
Por que a análise de ambas as
situações é importante para a
gestão do negócio?
Porque o negócio pode apresentar
uma ótima situação econômica,
sem ter uma situação financeira
positiva. Como? Contando como
certo, por exemplo, o recurso de
muitas vendas realizadas, mas negociadas
para recebimento parcelado.
Nesse cenário, se os clientes ficarem
inadimplentes (não havendo entrada
de recursos) e, para piorar, havendo
muitas despesas a serem honradas
no momento, a saúde financeira
será bem ruim. Em resumo, a empresa
pode ter direitos a receber que
não se concretizem como planejado
e ter muitas obrigações sem ter dinheiro
suficiente para saldá-las.
• No exemplo acima, várias ações
gerenciais podem ser realizadas
no sentido de mitigar tais riscos,
tais como: medidas contra
a inadimplência, como um
acompanhamento próximo e
ações de incentivo à quitação
de dívidas por parte dos clientes
(como programas de fidelidade,
descontos ou novos parcelamentos);
planejamento das
aquisições por meio do corte de
custos; revisão da prioridade das
aquisições; e negociação da forma
de pagamento e dos prazos
junto a fornecedores.
De outro modo, pode-se encontrar
uma empresa com situação
financeira positiva e situação econômica
ruim, quando, por exemplo, há
dinheiro para pagar as obrigações
do período, mas o ativo da entidade
está em baixa ou existem muitas
dívidas de empréstimos a serem
quitadas no curto ou médio prazos.
A empresa pode ter também um estoque
enorme (ou seja, excesso de
capital imobilizado), contudo ter um
baixo volume de vendas. Ainda nesse
cenário, o negócio pode estar com
um bom fluxo de dinheiro (pagando
e recebendo todas as contas em dia),
mas observando uma rápida depreciação
dos seus ativos e percebendo
uma situação insustentável a médio
prazo. Ou seja, saúde financeira boa,
mas econômica ruim.
• Melhorar as decisões de financiamento,
controlar os ativos
em estoque de forma eficiente
ou criar oportunidades de vendas
(ações de marketing, campanhas,
acionamento de redes de
contatos, etc.) são algumas das
opções para que o gestor atue
nas circunstâncias acima exemplificadas.
Qualquer que seja a situação,
planejamento e gestão qualificada
são essenciais. Para manter as
esferas financeira e econômica da
organização equilibradas, é necessário
contar com processos gerenciais
adequados, seja no que tange às informações
contábeis e no que se refere
ao fluxo monetário.
Que tal visualizar a questão em
um exemplo prático?
A análise das entradas e saídas
de dinheiro é de uso comum no
rotina dos gestores. Isto é, o fluxo
de caixa é uma ferramenta amplamente
aplicada no gerenciamento.
Mas e a parte econômica? Devemos
deixá-la exclusivamente para a análise
após a contabilização dos documentos
(procedimento normalmente
realizado por um contador)? Ou
podemos gerenciar as informações
atuais de forma efetiva e alimentando
ainda o planejamento das ações
futuras?
Organização no registro
dos dados
Um ponto fundamental
para que os resultados sejam confiáveis
é a organização dos dados na
“alimentação” das planilhas ou sistema
informatizado. Quando registramos,
por exemplo, uma nota fiscal
de compra, é importante atentar
para aspectos básicos:
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• O item adquirido será aplicado
em que processo? Uma forma
de organizar os processos é por
centro de custos. Esses podem
ser produtivos (isto é, terão
despesas, mas também serão
responsáveis pelo recebimento
de faturamento) ou rateados (ou
seja, processos que não geram
receita, mas são fundamentais
para o funcionamento do
negócio).
• O item adquirido não será aplicado
em nenhum processo e,
por isso, vai para o estoque?
Neste caso, também é importante
atentar para a gestão do
estoque em si, isto é, por meio
do inventário do estoque e do
controle das entradas e saídas
dos itens.
• Além da definição da aplicação
do item em algum processo ou
da sua estocagem, deve-se classificar
o seu tipo. Para tal, recomenda-se
que o gestor adote
um plano de contas gerencial
adequado ao seu ramo de atividade.
Tal classificação irá proporcionar
análises econômicas
essenciais para a apuração dos
custos e facilitará o repasse de
informações para o responsável
pela contabilidade da atividade.
• No registro da compra, os dados
financeiros alimentam o
fluxo de caixa da atividade. Qual
é o fornecedor do item? Qual o
valor total? Como foi definida
a forma de pagamento? Houve
parcelamento ou desconto?
A partir desses dados, o
gestor deve controlar informações
posteriores, tais como a data de
compensação do pagamento,
possíveis multas por pagamento em
atraso ou desconto por pagamento
adiantado, etc.
• A partir das atividades de organização
acima, é possível visualizar
a gestão econômica e a
gestão financeira na prática. Vejamos
um exemplo: aquisição de
concentrado suplementar no valor
de R$ 10.000,00 em janeiro.
• Gestão econômica: o item adquirido
foi integralmente utilizado
no centro de custos ‘Pecuária
Leiteira’. Isto é, o custo de
produção foi impactado em R$
10.000,00 no mês de aplicação
do item (regime de competência).
Para fins de análise da composição
do custo de produção,
o gasto foi classificado como 3.
Despesa / 01. Insumos Pecuária
/ 01. Alimentação Do Rebanho
/ 01. Concentrado Protéico.
• Gestão financeira: a compra
foi dividida em 2 parcelas a partir
do mês subsequente ao mês
de aquisição. Ou seja, o fluxo
de caixa terá duas saídas de R$
5.000,00 nos meses de fevereiro
e março (regime de caixa).
A organização dos registros,
seja para despesas ou para receitas, é
indicada não apenas para o que já foi
realizado, mas também para o planejamento
(projeção) das movimentações
futuras. O uso de um sistema
informatizado pode facilitar bastante
nesta questão ao permitir a réplica
de uma despesa ou receita (automatizando
o lançamento), garantindo a
edição do registro (caso haja alguma
alteração), sem que a informação do
PREVISTO X REALIZADO seja
perdida. Este é o conceito do planejamento
orçamentário, que é uma
ferramenta de grande relevância
para a eficiência do gerenciamento
econômico-financeiro.
Dicas para melhorar o resultado
do seu negócio
Fator tempo
Não esqueça de considerar
o tempo. Quando os clientes realizarão
o pagamento? Quanto tempo
geralmente leva para um cliente
pagar pelos produtos ou serviços?
Quando sua empresa paga suas contas?
Lembre-se de que cada real que
você não possui pode prejudicar
suas operações. Por isso, antecipe-se
e saiba quando os pagamentos serão
efetuados e as vendas recebidas. Tenha
atenção com os prazos médios
de pagamento e de recebimento.
Planeje-se!
Fator risco
Prepare-se para emergências
mantendo em caixa um dinheiro suficiente
para cobrir as despesas por
pelo menos um mês. Infelizmente,
situações inesperadas acontecem e a
gestão de riscos está aí para mitigar
isso. Se necessário, crie contas de
provisões para cada fim específico.
Fator planejamento
Faça um bom planejamento
de orçamento. Planejar e estimar os
ganhos, despesas e investimentos
que a empresa terá em um período
futuro é o primeiro passo para manter
os lados econômico e financeiro
equilibrados. No entanto, é preciso
manter-se dentro do planejado, para
que o futuro não reserve surpresas
negativas.
Resumindo...
Escolher entre a gestão financeira
ou a gestão econômica está
fora de cogitação. Ambas oferecem
uma perspectiva diferente quanto
ao desempenho do seu negócio. Por
isso, as informações devem ser analisadas
tanto pelo Resultado Financeiro
quanto pelo Resultado Econômico.
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