09.02.2018 Views

Revista MB Rural Ed 34

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA AUMENTO DA PRODUÇÃO PECUÁRIA. Página 36<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


2<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

3


EDITORIAL<br />

Caros Amigos!<br />

Ano novo, vida nova e esperanças renovadas de dias melhores<br />

em um ano repleto de muitas realizações desafiadoras e expressivos<br />

ganhos financeiros e econômicos. Sucesso a todos!<br />

Desafio! Esta é a palavra a ser trabalhada e vencida a<br />

todo momento neste ano que se inicia, pois, olhando para nossa<br />

atividade enxergamos que o mercado do agronegócio está cada vez<br />

mais competitivo, complexo e dinâmico, onde a maior certeza que<br />

temos serão as incertezas que virão, exigindo assim mais atenção<br />

na profissionalização e capacitação da sua equipe de trabalho. Para<br />

minimizar as incertezas não poderemos mais praticar o exercicio a<br />

miopia e muito menos perder o foco da nossa área de atuação para que<br />

possamos, desta forma, reduzir os efeitos negativos do inesperado.<br />

Além das ações já citadas, será necessário vencer o maior<br />

de todos os desafios a mudança interna, mudar o nosso pensamento<br />

erradicando assim as atitudes mais conservadoras e continuístas, saindo<br />

da já surrada zona de conforto e banindo definitivamente o achismo da<br />

gestão do seu negócio.<br />

E com esse espírito e mentalidade renovada passarmos a acreditar<br />

mais e utilizar com maior frequência e sabedoria as Excelências na<br />

Agropecuária disponíveis através de sistemas e ferramentas tecnológicas<br />

amplamente aprovadas na conquista da Agropecuária de Precisão. Isto<br />

chama-se Ganho de Produtividade com Aumento na Lucratividade.<br />

Quero ressaltar novamente o firme propósito dos profissionais<br />

que participam do Grupo <strong>MB</strong> Parceiro, através da <strong>Revista</strong> <strong>MB</strong><br />

<strong>Rural</strong> de levar conhecimento de alto nível e elevado padrão técnico<br />

aos seus leitores acreditando sempre nas boas perspectivas e no<br />

crescimento do Agronegócio. Confirmando a nossa busca continua<br />

pelo desenvolvimento do Agro publicamos em 2017 a grandiosa<br />

quantidade de 86 artigos técnicos um grande feito em um ano recheado<br />

de surpresas e enormes dificuldades. Desafio aceito e cumprido a<br />

favor de você agropecuarista! Com base neste ideal elaboramos junto<br />

com nossos parceiros, a quem quero agradecer a dedicação por mais<br />

um ano de trabalho realizado com muito sucesso, mais uma <strong>Ed</strong>ição<br />

Especial da <strong>Revista</strong> <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> que vem com 12 artigos sobre o tema<br />

Excelências na Agropecuária – Sistemas que contribuem para o<br />

aumento da produtividade. Leiam e ampliem sua coleção de progresso<br />

profissional através do conhecimento.<br />

Finalizando, como já é tradição apresentamos também o Guia<br />

<strong>Rural</strong> 2018, cada vez melhor, cada vez mais completo e útil para o<br />

desenvolvimento do seu trabalho de pesquisas, orçamentos e aquisições<br />

de produtos e serviços.<br />

Um forte abraço e boa leitura!<br />

Reinaldo Gil - Eng. Agrônomo/<strong>MB</strong> Parceiro<br />

Índice<br />

06 | GESTÃO DE PESSOAS<br />

08 | GENÉTICA ANIMAL<br />

10 | LUCRATIVIDADE<br />

12 | FERTILIDADE DO SOLO<br />

15 | COOPERATIVISMO<br />

19 | MANEJO DE PASTAGENS<br />

24 | MANEJO DE PASTAGENS II<br />

28 | SILAGEM<br />

31 |PECUÁRIA LEITEIRA<br />

<strong>34</strong> | SUPLEMENTAÇÃO<br />

36 | ECONOMIA RURAL<br />

40 | ECONOMIA E FINANÇAS<br />

Uma publicação do Grupo <strong>MB</strong> Parceiro<br />

Distribuição Gratuita<br />

<strong>Ed</strong>itores:<br />

Mauricio Bassani dos Santos<br />

CRMV-TO 126/Z<br />

Reinaldo Gil<br />

CREA 77816/D<br />

reinaldo.gil@uol.com.br<br />

(63) 98466 8919 / 98426 6697 (WhatsApp)<br />

Tiragem: 5.000 exemplares<br />

Contato Comercial Gurupí<br />

Maurício Fenelon<br />

(63) 99984 1439<br />

Projeto gráfico:<br />

Agência Lumia (63) 3602 <strong>34</strong>41<br />

Bruce Ambrósio e equipe<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> não possui matéria paga<br />

em seu conteúdo. As ideias contidas nos artigos<br />

assinados não expressam, necessariamente,<br />

a opinião da revista e são de inteira<br />

responsabilidade de seus autores.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> (Adm/Redação):<br />

Endereço:<br />

204 Sul Av. LO 03, QI 17 Lt 02<br />

Palmas - TO - Cep.: 77.020-464<br />

Fones: (63) 98466-0066 / 3213 1630<br />

mauricio_bassani@yahoo.com<br />

A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO<br />

4<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

5


Roberta Castelo Branco<br />

Médica Veterinária<br />

roberta.castelo@rehagro.com.br<br />

Emerson Alvarenga<br />

Médico Veterinário<br />

emerson.alvarenga@rehagro.com.br<br />

GESTÃO DE PESSOAS<br />

ALTA PRODUTIVIDADE EM<br />

GADO DE CORTE<br />

Por onde começar?<br />

Na pecuária de corte as questões técnicas, gerenciais e operacionais colocam à prova a eficiência das empresas<br />

rurais. Nesse cenário o desafio é lidar com pessoas. Entender sobre pessoas é o gargalo para o sucesso no negócio,<br />

pois onde há processos, há pessoas. E para que o resultado esperado seja alcançado é preciso que as pessoas<br />

envolvidas na atividade estejam comprometidas.<br />

Você deve estar se perguntando:<br />

“Como faço para lidar melhor<br />

com as pessoas?”, ou ainda:<br />

“Como manter os colaboradores<br />

comprometidos com o trabalho?”.<br />

Para responder essas perguntas é<br />

importante destacar que as propriedades<br />

precisam de “gente boa” na<br />

equipe: pessoas bem treinadas, comprometidas<br />

e alinhadas aos objetivos<br />

da fazenda.<br />

Tudo começa na seleção e<br />

contratação, que é papel do líder.<br />

Ele precisa treinar e capacitar sua<br />

equipe, comunicando bem, dando<br />

retorno sobre as atividades e alinhando<br />

expectativas por meio de<br />

reuniões.<br />

Os líderes nas fazendas de<br />

gado de corte, proprietário, gerente<br />

ou capataz, são peça-chave para a<br />

gestão de pessoas. Cabe a eles definir<br />

qual perfil profissional e comportamental<br />

precisam contratar.<br />

Assim se constrói uma equipe, e o<br />

foco passa a ser o crescimento e desenvolvimento<br />

das pessoas.<br />

Muitas vezes, os gestores estão<br />

preocupados com questões técnicas<br />

e operacionais, o que dificulta<br />

a identificação das necessidades dos<br />

colaboradores. Para desenvolver<br />

percepção o líder precisa estar próximo<br />

às pessoas e comunicar melhor<br />

com elas. Para isso é preciso<br />

ser claro, objetivo e checar o que foi<br />

dito. Quando o gerente disser algo<br />

ao capataz, o gerente deve verificar<br />

o que o capataz entendeu, ao passo<br />

que o capataz deve conferir se o<br />

que ele entendeu é o que o gerente<br />

quer que ele entenda. Checar sempre,<br />

independente de ser falante ou<br />

ouvinte torna a comunicação mais<br />

assertiva, evitando falhas. A clareza<br />

em mostrar os objetivos e caminhos<br />

a ser seguidos mantém a equipe focada<br />

no alcance de resultados.<br />

Outro ponto importante é<br />

dar retorno ao colaborador sobre<br />

comportamentos que ele teve: feedback<br />

positivo e negativo. O líder<br />

precisa dar feedback. Assim é possível<br />

reforçar os comportamentos que<br />

devem ser mantidos, e alertar sobre<br />

o que precisa ser melhorado.<br />

Quando o capataz está no<br />

mangueiro e observa o trabalho do<br />

cerqueiro, percebe que as cercas<br />

da divisa norte foram consertadas<br />

e ficaram excelentes. Um pouco<br />

mais a frente, o capataz observa<br />

pedaços de arame no chão. Nessa<br />

situação o capataz pode dar o feedback<br />

ao cerqueiro reforçando o<br />

trabalho bem feito na cerca, e alertá-lo<br />

sobre ter deixado um material<br />

cortante no pasto. No feedback o<br />

capataz é claro e objetivo, dizendo<br />

o comportamento que o cerqueiro<br />

teve, quando e onde observou esse<br />

comportamento, e o impacto disso:<br />

“Ontem observei que a cerca da divisa<br />

norte estava pronta. Você foi<br />

eficiente em consertar a cerca, isso é<br />

importante para a fazenda, pois garante<br />

que os animais não irão para<br />

o pasto vizinho”. Depois, o retorno<br />

6<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


sobre o comportamento indesejado:<br />

“Seguindo pela divisa norte, observei<br />

pedaços de arames no chão. Os<br />

animais podem comer esses arames<br />

e morrer. Isso não deve mais acontecer,<br />

quero que você recolha os pedaços<br />

de arame que ficaram no chão<br />

do pasto, pense nisso e lembre-se de<br />

recolher todos das próximas vezes”.<br />

Todos queremos feedback.<br />

Independente da função que<br />

desempenhamos, ou do cargo que<br />

ocupamos, queremos retorno sobre<br />

nosso trabalho. A equipe que recebe<br />

feedback de forma clara e contínua<br />

consegue enxergar como está seu<br />

desempenho e em quais aspectos<br />

precisa melhorar.<br />

O feedback é um retorno<br />

pontual, para questões amplas , que<br />

envolvem mais pessoas, o líder pode<br />

realizar reuniões. O objetivo principal<br />

delas é encontrar soluções que<br />

não seriam encontradas individualmente.<br />

Participar das decisões proporciona<br />

aos colaboradores o sentimento<br />

de importância, que pode<br />

aumentar o comprometimento e<br />

empenho nas atividades.<br />

Quando são rotina e realizadas<br />

de forma objetiva e eficaz, as<br />

reuniões contribuem para o aumento<br />

de produtividade na fazenda.<br />

O que as fazendas de gado<br />

de corte de alta produtividade visam<br />

é lideranças em constante desenvolvimento,<br />

que realizam seleção<br />

e contratação de pessoas alinhadas<br />

com os interesses da propriedade.<br />

Viabilizando treinamentos e<br />

capacitações, buscando se comunicar<br />

de forma assertiva e dar retorno<br />

sobre as atividades realizadas. Lideranças<br />

que alinham expectativas<br />

e objetivos por meio de reuniões<br />

favorecem o crescimento e comprometimento<br />

dos colaboradores, o<br />

que pode refletir em resultados de<br />

alta produtividade.<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

7


Rafael Mazão<br />

Zootecnista<br />

rafaelmazao@dstak.com<br />

GENÉTICA ANIMAL<br />

Vale o que pesa?<br />

Não! Vale o que pesa e muito mais!<br />

Nos 15 últimos anos acompanho a produção e o mercado de touros melhoradores de perto, “muita água passou<br />

por de baixo da ponte”, mudanças da percepção do mercado produtor e dos pecuaristas consumidores de reprodutores<br />

e genética de ponta.<br />

Criadores cada dia mais exigentes<br />

quanto às informações dos<br />

touros, seja eles para inseminação<br />

artificial ou para monta natural, ou<br />

seja, “a ponte” estreitou, e como diria<br />

aqui em Minas Gerais: “essa ponte<br />

miúda virou pinguela”.<br />

Naturalmente afunilando e<br />

buscando produtos com mais informações,<br />

e consistentes, o produtor<br />

se sente mais seguro nas suas escolhas<br />

genéticas anuais que constrói o<br />

seu rebanho no decorrer das gerações.<br />

Criadores sempre em busca<br />

de tecnologia para agregar ao processo<br />

seletivo, têm em mãos atualmente<br />

ferramentas que têm feito<br />

grande diferença na produção de<br />

animais eficientes e melhoradores.<br />

Inúmeras ferramentas estão<br />

disponíveis: software de identificação<br />

para seleção intrarebanho,<br />

avaliação genômica, programas de<br />

melhoramento genético, avaliação<br />

de carcaça através de ultrassonografia,<br />

provas de ganho de peso e eficiência<br />

alimentar, que juntas, além de<br />

proporcionar diferencial de seleção,<br />

munem os pecuaristas de informações<br />

para atestar a qualidade dos<br />

animais produzidos.<br />

Em estudos realizados desde<br />

2013 para análise do benchmarking<br />

de nossos clientes produtores de<br />

touros (entre 24 e 36 meses), analisamos<br />

que os 3 principais fatores<br />

que mais influenciam o maior valor<br />

na venda dos reprodutores, ou seja,<br />

o que mais atrai o mercado atual é:<br />

1. Avaliações Genéticas Positivas;<br />

2. Melhores Medidas de Perímetro<br />

Escrotal;<br />

3. Maior Peso.<br />

Com isso, vamos dar uma<br />

“espiadinha” abaixo nos gráficos<br />

que representam as análises realizadas.<br />

Gráfico 1: Fonte: Dstak Assessoria Pecuária, 2017<br />

(Dados internos).<br />

8<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


Gráfico 2 Fonte: Dstak Assessoria Pecuária, 2017<br />

(Dados internos).<br />

Eu não dispenso um belo touro, bom racial e<br />

harmonia aliada às características morfológicas produtivas<br />

devia ser sempre o objetivo né? Com aprumos<br />

corretos e estrutura forte, musculosidade evidente e<br />

convexa, parte sexual íntegra e eficiente, pigmentação<br />

firme, e para completar com boa libido!<br />

Aliás, nem Eu, nem mesmo o mercado. Embora<br />

a morfologia seja uma mensuração subjetiva, todos<br />

os animais avaliados como Elite, foram mais valorizados<br />

dos que os classificados como Superior, Regular<br />

ou Inferior, na escala de tipo produtivo padrão da<br />

Dstak Assessoria Pecuária, onde seguiram com maior<br />

valorização gradativamente em relação as categorias<br />

abaixo na escala. Mais um importante indicador, nos<br />

referenciando que o “olho” é mais uma ferramenta e é<br />

insubstituível na seleção.<br />

As análises dos últimos 5 anos nos indicam as<br />

prioridades do mercado atual, mas temos que ir além.<br />

Quais serão as premissas do mercado daqui 5, 10, 15,<br />

20 anos? Não tenho dúvidas que várias das ferramentas<br />

citadas “logo ali em cima”, serão muito influenciadoras<br />

nas escolhas dos reprodutores, pois influenciam<br />

diretamente na rentabilidade do sistema de produção,<br />

da cria ao abate.<br />

A verdade é curta e grossa, “história para boi<br />

dormir” não tem mais espaço. Produzir touros muitos<br />

produzem, porém poucos têm conseguido “passar na<br />

pinguela e deixar do outro lado” touros eficientes e<br />

melhoradores para o mercado faminto por qualidade.<br />

Gráfico 3 Fonte: Dstak Assessoria Pecuária, 2017<br />

(Dados internos).<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

9


LUCRATIVIDADE<br />

ESCALA DE PRODUÇÃO NA<br />

Adilson de Paula Almeida Aguiar<br />

Zootecnista / Professor / Consultor<br />

FAZU/CONSULPEC MG<br />

adilson@consupec.com.br<br />

PECUÁRIA<br />

COMO ELA ESTÁ IMPACTANDO OS NEGÓCIOS DO PRODUTOR<br />

Uma empresa de pecuária de corte tem suas particularidades próprias do negócio em si. Uma das mais evidentes<br />

é o montante de capital imobilizado em ativos permanentes e de médio prazo como também em custos fixos e<br />

em despesas administrativas. Como que estas particularidades impactam o negócio de produção de carne bovina?<br />

Um consultor, ao visitar<br />

uma propriedade pela primeira vez,<br />

com o objetivo de emitir um diagnóstico<br />

ele inicia seu trabalho com o<br />

inventário dos recursos disponíveis:<br />

climáticos, solos, infraestrutura, rebanho,<br />

recursos humanos, tecnologias<br />

adotadas, recursos financeiros.<br />

Ao terminar o inventario<br />

é possível diagnosticar que: (a) a<br />

maior parte do capital está imobilizada<br />

no ativo, terra (entre 81 e<br />

89,4%). O capital imobilizado em<br />

terra resulta em um custo de oportunidade<br />

do capital investido neste<br />

ativo que pode corresponder a 16%<br />

do custo de produção de uma arroba;<br />

(b) que por menor que seja a<br />

propriedade há muito capital imobilizado<br />

em benfeitorias e edificações,<br />

podendo representar 35% do capital<br />

imobilizado. Todos estes ativos<br />

são classificados como permanentes<br />

e de baixa liquidez; (c) capital em<br />

maquinas, implementos e veículos,<br />

podendo representar R$ 1 milhão e<br />

R$ 114 por hectare de área útil. Por<br />

sua vez estes ativos são classificados<br />

como médios e de media liquidez.<br />

Tanto ativos permanentes e<br />

médios são depreciados (com exceção<br />

do ativo, terra) ao longo de sua<br />

vida útil e uma taxa de remuneração<br />

deste capital deve ser apropriada<br />

para o calculo dos custos fixos, os<br />

quais podem representar entre 12 a<br />

71% do custo da arroba produzida;<br />

(d) em muitas empresas as despesas<br />

administrativas podem ser representativas,<br />

variando de 3 a 24% do custo<br />

da arroba produzida; e) por menor<br />

que seja a propriedade se a mesma<br />

não for operada pelo proprietário<br />

deverá ser operada por alguém contratado<br />

e este contrato irá gerar um<br />

custo com mão de obra permanente,<br />

o qual pode representar 17% dos<br />

custos.<br />

Por outro lado aquele consultor<br />

vai também diagnosticar que<br />

o numero de animais do rebanho é<br />

relativamente pequeno e que os custos<br />

variáveis para custear este rebanho<br />

também são relativamente baixos.<br />

Em fazendas de cria, o capital<br />

imobilizado no rebanho representa<br />

apenas 8,1 a 14,5% do capital imobilizado<br />

na atividade, enquanto que<br />

em fazendas de recria:engorda aqueles<br />

valores variam entre 9,2 a 16,3%.<br />

10<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


Animais e dinheiro para o custeio<br />

são por sua vez ativos circulantes e<br />

de alta liquidez.<br />

Com baixas taxas de lotação<br />

o custeio (mão de obra variável,<br />

reprodução, manejo de pastagens,<br />

suplementação, sanidade, etc.) com<br />

os animais também é relativamente<br />

muito baixo. Em fazendas de cria<br />

o custeio com o rebanho representa<br />

em média 2,75 e 4,8%, enquanto<br />

em fazendas de recria:engorda varia<br />

entre 1,65 e 5,36% do capital imobilizado.<br />

A análise das relações, ativos<br />

circulantes:ativos médios e<br />

permanentes possibilita a avaliação<br />

da “saúde” da empresa em termos<br />

financeiros. Neste sentido o que é<br />

mais frequente, na quase totalidade<br />

dos diagnósticos que eu tenho feito<br />

nos últimos 15 anos é concluir que<br />

a “saúde” das empresas de pecuária<br />

de corte vai mal porque a maior<br />

proporção do capital está imobilizado<br />

em ativos de baixa liquidez e que<br />

não impactam a produção e a produtividade<br />

diretamente.<br />

Então qual parâmetro pode<br />

ser analisado para diagnosticar se a<br />

“saúde econômica” da atividade pecuária<br />

vai bem ou mal? A rentabilidade<br />

ou o retorno sobre o capital<br />

investido no negócio reflete a eficiência<br />

de como a atividade vem sendo<br />

gerida.<br />

O retorno sobre o capital investido<br />

na atividade de cria, incluindo<br />

o ativo, terra, varia em média<br />

entre 1,54 e 2,76%, enquanto que<br />

em fazendas de recria:engorda o retorno<br />

sobre o capital investido varia<br />

entre 1,8 e 6,8%.<br />

A pergunta é, qual, ou quais,<br />

ações deveriam ser tomadas pelo<br />

produtor para aumentar o retorno<br />

do seu negócio na pecuária de corte.<br />

A resposta passa pelo aumento<br />

da escala de produção. Basicamente<br />

são duas as estratégias para se<br />

alcançar tal objetivo: o aumento da<br />

escala pela estratégia do crescimento<br />

horizontal, comprando mais terras<br />

e mais animais, estratégia tradicionalmente<br />

adotada há séculos pelos<br />

pecuaristas brasileiros. Ou pela estratégia<br />

do crescimento vertical, aumentando<br />

a taxa de lotação da terra<br />

já em uso e do desempenho dos<br />

animais do rebanho, aumentando<br />

assim a produtividade da terra. No<br />

“benchmarking” 2013 dos clientes<br />

da empresa Exagro, ficou demonstrada<br />

a alta correlação entre desempenho<br />

por animal e lucro por hectare<br />

(R2 = 0,90) e entre produtividade<br />

por hectare (arrobas/ha) e lucro<br />

por hectare (R2 = 0,986). Por outro<br />

lado no “benchmarking” da safra<br />

2016:2017 de 184 propriedades de<br />

clientes da empresa Inttegra o aumento<br />

no desempenho individual e<br />

da taxa de lotação foram as variáveis<br />

que mais impactaram no aumento<br />

do lucro por hectare por ano. Veja:<br />

para cada R$ 1 de aumento no preço<br />

de venda da arroba o lucro aumentou<br />

em R$ 10,7/ha/ano; para cada<br />

R$ 1 de economia no custo por cabeça<br />

por mês o lucro aumentou em<br />

R$ 25/ha/ano; para cada 0,1 UA/ha<br />

de aumento na taxa de lotação, o lucro<br />

aumentou em R$ 45,3/ha/ano,<br />

por outro lado para cada 0,1 kg/dia<br />

de aumento no ganho médio diário<br />

houve um aumento no lucro de R$<br />

265/ha/ano.<br />

Conclui-se que a adoção de<br />

técnicas e de tecnologias que possibilitam<br />

aumentos no desempenho<br />

por animal (aumentos nas taxas<br />

de fertilidade, de nascimento e de<br />

desmama, do peso à desmama; do<br />

ganho médio diário ...) e da taxa de<br />

lotação das pastagens, concorre para<br />

o aumento da produtividade da terra<br />

de pastagem (kg de bezerros desmamados/ha/ano,<br />

kg de carcaça/<br />

ha/ano ...) e da escala de produção<br />

da propriedade no sentido vertical,<br />

resultando em redução da proporção<br />

do capital imobilizado no ativo,<br />

terra, e aumento da proporção do<br />

capital nos ativos animal e custeio,<br />

ativos estes circulantes e de alta liquidez,<br />

tornando a atividade rentável<br />

e competitiva.<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

11


Mauricio Bassani<br />

Zootecnista/Zoofértil<br />

mauricio_bassani@yahoo.com<br />

FERTILIDADE DO SOLO<br />

PERFIL DO SOLO<br />

TRABALHE E COLHA BEM MAIS<br />

Se gastar demais assusta, produzir pouco é um filme de terror para qualquer produtor rural brasileiro que<br />

tenha foco no lucro. Neste sentido, nossa referência produtiva é visual, pois observamos firmemente o crescimento<br />

vegetativo de nossas culturas – tanto lavouras quanto pastagens. Já o sistema radicular, na maioria dos casos, é<br />

negligenciado a práticas de adubação e corretivos, ou seja, quando falamos das raízes de nossas culturas, na maioria<br />

dos casos, apenas “cumprimos tabela”. Sendo assim, neste artigo vamos discutir alguns pontos essenciais para que<br />

o solo contribua decisivamente com o sucesso da atividade rural. Venha conosco, pois com certeza há muita coisa<br />

para conversarmos.<br />

Em artigos anteriores, já tratamos<br />

das falhas no aproveitamento<br />

dos adubos e as perdas diretas de<br />

capital por não nos atentarmos simplesmente<br />

ao pH do solo. Também<br />

já tratamos da importância da Matéria<br />

orgânica para a sustentabilidade<br />

produtiva. Ainda sim, o tema solos<br />

é bem mais amplo. Deste modo, um<br />

dos aspectos mais importantes que<br />

temos que ressaltar é que a produtividade<br />

está diretamente relacionada<br />

a fertilidade no perfil do solo, ou<br />

seja, a fertilidade no solo no sentido<br />

mais amplo: desde a camada superficial<br />

com a qual trabalhamos mais<br />

intensamente via corretivos e adubos,<br />

bem como nos perfis subsuperficiais,<br />

ou seja, abaixo da camada<br />

arável do solo.<br />

Sendo assim, se realmente<br />

queremos altas produtividades, tanto<br />

na pecuária quanto na agricultura,<br />

temos que investir na construção da<br />

fertilidade no perfil do solo, sob todos<br />

seus aspectos químicos, físicos e<br />

biológicos. Do contrário, estaremos<br />

sempre a mercê de sistemas radiculares<br />

superficiais, que podem não<br />

atender ao potencial produtivo da<br />

planta, bem como ser extremamente<br />

susceptíveis aos riscos climáticos<br />

comuns mesmos nas áreas agrícolas<br />

tradicionais.<br />

Tudo começa com um bom<br />

diagnóstico técnico. Podemos avaliar<br />

os aspectos físicos, tais como adensamentos<br />

e compactações; aspectos<br />

químicos, tais como falta de nutrientes<br />

essenciais para o desenvolvimento<br />

radicular e / ou presença de<br />

elementos tóxicos; bem como os aspectos<br />

biológicos que dizem respeito<br />

à sanidade do solo e a potencial<br />

vida microbiológica. O importante é<br />

que, antes de se tomar uma decisão,<br />

tenhamos um diagnóstico feito com<br />

profissionalismo e experiência.<br />

São inúmeros os trabalhos mostrando<br />

benefícios do aprofundamento<br />

radicular na produtividade. Neste<br />

sentido, nossa recomendação é que<br />

o produtor amplie sua avaliação do<br />

perfil do solo quanto à fertilidade. Se<br />

sempre trabalhou avaliando seu solo<br />

apenas até 20 cm que passe a buscar<br />

realizar o diagnóstico e intervenções<br />

trabalhando a melhoria da fertilidade<br />

até 40 cm. A meta é dobrar o<br />

“tanque de combustível” ofertando<br />

12<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


mais nutrientes e água através de<br />

práticas que possam gerar sistemas<br />

radiculares mais profundos.<br />

Dentre as bases de um bom<br />

diagnóstico também recomendamos<br />

que seja feito um estudo completo<br />

de todas as características químicas e<br />

físicas do solo. Neste sentido, o uso<br />

rotineiro de equipamentos específicos<br />

para verificação do grau de compactação.<br />

Com relação às amostragens<br />

do solo, nossa indicação é que<br />

a mesma seja feita com metodologia<br />

específica inclusive envolvendo<br />

o uso de GPS a fim de possibilitar<br />

comparações futuras. Sendo assim,<br />

todas as avaliações devem ser feitas<br />

com muito planejamento, critério e<br />

calma. Investir tempo, pessoas capacitadas<br />

e capital no correto diagnóstico<br />

é essencial para que possamos<br />

tomar decisões que realmente promovam<br />

o incremento da produtividade<br />

com o menor gasto financeiro<br />

possível.<br />

Após o diagnóstico, todas<br />

intervenções devem observar também<br />

a realidade operacional, financeira<br />

e produtiva do produtor. Com<br />

estas informações, técnico qualificado<br />

poderá montar um bom plano<br />

viável e inteligente que promova a<br />

melhoria e a construção da fertilidade<br />

no perfil do solo a partir das<br />

ferramentas disponíveis. Todo este<br />

trabalho, se bem implementado, traz<br />

benefícios a todo o sistema. Possibilitará<br />

às plantas expressar melhor<br />

seu potencial produtivo, bem como<br />

trará mais rentabilidade ao produtor.<br />

Cabe reforçar também os<br />

benefícios contra riscos climáticos.<br />

A segurança produtiva, via aprofundamento<br />

das raízes e redução do risco<br />

de estresse hídrico, minimiza as<br />

possíveis perdas na produtividade<br />

em função de veranicos.<br />

Dentre as estratégias disponíveis,<br />

o uso de fertilizantes químicos<br />

como calcário, fosfatos, cloreto<br />

de potássio, gesso e outras fontes<br />

de nutrientes (inclusive de micronutrientes)<br />

são muito importantes para<br />

a construção da fertilidade no perfil<br />

do solo, mas devem ser feitas com<br />

qualidade e quantidades compatíveis<br />

com o objetivo desejado.<br />

Ainda sim, é importante ressaltar<br />

que nutrientes sem ambiente<br />

físico e, consequentemente, sem<br />

ambiente biológico não tem muito<br />

sucesso. A absorção de nutrientes<br />

também está ligada a adequada<br />

aeração do solo. Ambientes compactados<br />

além de prejudicarem diretamente<br />

o crescimento das raízes<br />

podem também limitar a absorção<br />

de nutrientes pelas raízes em função<br />

das alterações na densidade do solo.<br />

A inclusão de gramíneas tropicais<br />

com alta produção de massa<br />

também tem sido crescente a cada<br />

dia. Nas fazendas de pecuária tem<br />

ocorrido via ajuste de nível tecnológico<br />

– fornecendo ao sistema os<br />

nutrientes essenciais para que estas<br />

plantas se tornem perenes e tragam<br />

a consequente melhoria do sistema<br />

solo. Na agricultura, graças ao sistema<br />

radicular extremamente agressivo,<br />

as gramíneas tropicais têm sido<br />

muito eficazes para reduzir também<br />

compactação moderada. Além disso,<br />

em ambos os sistemas também<br />

promovem a melhoria da drenagem,<br />

conservação do solo e reciclagem de<br />

nutrientes.<br />

Diante destes fatos, acreditamos<br />

que o uso de gramíneas tropicais<br />

com o aproveitamento e/ou<br />

aporte de fertilizantes deve se tornar<br />

mais comum em todos os sistemas<br />

agropecuários. Fato este que reforça<br />

a tese na qual acreditamos de que a<br />

cada dia mais, a Integração Lavoura<br />

/pecuária será o melhor caminho<br />

para a maioria das propriedades.<br />

Finalmente, para todos nós<br />

os desafios principais são o tempo e<br />

o dinheiro. Sendo assim, recomendamos<br />

que o tema seja aprofundado<br />

individualmente.<br />

Afinal, construir a fertilidade<br />

no perfil do solo não se trata<br />

de uma ação instantânea, mas é<br />

um ponto fundamental dentro das<br />

estratégias voltadas ao incremento<br />

da produtividade. Além disso, pode<br />

colaborar claramente com a necessária<br />

redução de custos, melhorar o<br />

aproveitamento de todos os investimentos<br />

(máquinas, adubos, insumos<br />

e materiais genéticos) e trazer mais<br />

segurança ao processo produtivo.<br />

Sendo assim, lembre-se: “Seu solo<br />

é seu maior patrimônio” e trabalhar<br />

na construção da fertilidade do<br />

perfil do solo é investir em sistemas<br />

mais produtivos e seguros.<br />

Contem conosco!<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

13


14<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


COOPERATIVISMO<br />

Renato Greidanus<br />

Diretor Presidente da<br />

Frísia Cooperativa Agroindustrial<br />

COOPERATIVAS<br />

fazem a diferença!<br />

O associativismo, a troca de informações, o compartilhamento das boas ideias e boas práticas, o espírito<br />

colaborativo e empreendedor são determinantes para o avanço do bem estar econômico e social de um povo. Isso<br />

é ainda mais importante no Brasil, país onde as diferenças regionais chamam atenção e onde o intercâmbio de<br />

experiências bem sucedidas pode ajudar a melhoria das condições de vida e progresso de todos.<br />

O sistema cooperativo brasileiro<br />

é um dos mais bem sucedidos<br />

do mundo, e um exemplo a ser<br />

seguido. Importante e consolidado<br />

principalmente no Sul do Brasil, o<br />

modelo cooperativo tem espaço e<br />

oportunidade de ajudar a desenvolver<br />

regiões, principalmente agrícolas,<br />

cuja atividade agrícola profissional<br />

é mais recente e, portanto, com<br />

muito espaço para se desenvolver.<br />

Sua chegada com mais força ao Tocantins,<br />

apoiado numa experiência<br />

muito bem sucedida no Paraná, já<br />

está provocando mudanças e melhorias<br />

na economia agrícola do Estado.<br />

Diferenças<br />

Enquanto uma empresa<br />

convencional é comandada por alguns<br />

sócios, que decidem o destino<br />

do negócio e repartem apenas entre<br />

si os lucros, o sistema cooperativo<br />

faz do produtor associado o dono e<br />

usuário principal do sistema. Numa<br />

cooperativa, ele pode participar das<br />

decisões, compartilhar os avanços<br />

e descobertas tecnológicas, trocar<br />

experiências e as melhores práticas,<br />

além de ter o apoio de uma organização<br />

profissional que dá assistência<br />

técnica, ajuda na gestão e é decisiva<br />

na hora de reduzir custos, de<br />

negociar coletivamente vantagens e<br />

mesmo acesso ao crédito, além de<br />

barganhar por melhores preços. No<br />

sistema cooperativa, as sobras são<br />

divididas com os associados, proporcionalmente<br />

ao trabalho realizado.<br />

Outra característica importante<br />

é que as cooperativas geralmente<br />

têm origem local, ou seja,<br />

atuam diretamente na região onde<br />

surgiram, comprometidas com o desenvolvimento<br />

sustentável, ao bem<br />

estar, educação e desenvolvimento<br />

cultural dos seus membros e de toda<br />

a comunidade. As regiões onde o<br />

cooperativismo é forte são conhecidas<br />

pelo seu alto índice de desenvolvimento<br />

humano, alta produtividade<br />

e elevado grau de desenvolvimento<br />

econômico. É o caso dos Campos<br />

Gerais, no Paraná, onde atuam três<br />

cooperativas criadas por imigrantes<br />

holandeses, e onde a Cooperativa<br />

Agroindustrial Frísia se destaca há<br />

92 anos como referência na produção<br />

leiteira do País, pioneirismo na<br />

aplicação de tecnologias como o<br />

plantio direto e pelos altos índices<br />

de produtividade agrícola e no melhoramento<br />

genético animal. É esse<br />

modo de produção, onde a gestão<br />

e a administração do negócio possuem<br />

um diferencial competitivo,<br />

que desde 2013 está ajudando o Tocantins<br />

a dar um novo salto de produtividade.<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

15


Tocantins<br />

A chegada desse modelo de<br />

cooperativismo ao Tocantins já está<br />

impulsionando a agricultura e a economia<br />

do Estado, desde a aquisição<br />

da Fazenda Santa Maria, em Paraíso<br />

do Tocantins, em 2013 pela Cooperativa<br />

Agroindustrial Frísia.<br />

Com a inauguração em 2016<br />

de um entreposto de recebimento<br />

de grãos, empreendimento com<br />

capacidade para armazenar 28 mil<br />

toneladas, com perspectiva de ampliação<br />

no curto ou médio prazo,<br />

um gargalo importante na região foi<br />

equacionado, o da armazenagem de<br />

grãos, e deu previsibilidade e garantias<br />

ao produtor da região, permitindo<br />

também que ele possa esperar o<br />

melhor momento – e o melhor preço<br />

– para negociar sua safra.<br />

Outro exemplo de como<br />

esse modelo de negócio pode ajudar<br />

o Tocantins é o aporte de novas<br />

tecnologias e a pesquisa e experimentação<br />

genética. A realização do<br />

Dia de Campo do Milho em 2017,<br />

por exemplo, onde os produtores da<br />

região puderam identificar e definir<br />

qual o híbrido ideal para a produção<br />

da segunda safra (safrinha) em 2018.<br />

O evento, que teve a participação<br />

da Fundação ABC, entidade<br />

paranaense referência em pesquisa<br />

agropecuária, apresentou aos produtores,<br />

cooperados ou não, 47 espécies<br />

de híbridos de semente de<br />

milho, para que, após a colheita, os<br />

produtores vejam quais apresentaram<br />

os melhores resultados. O<br />

objetivo é desenvolver variedades<br />

precoces que permitam antecipar o<br />

plantio e evitar o período de chuvas,<br />

o que permitiria uma segunda safra.<br />

O sucesso dessa empreitada é um<br />

dos grandes desafios dos produtores<br />

da região e vai representar um<br />

ganho enorme em produção e renda<br />

para os agricultores.<br />

Como essa, outras soluções<br />

estão sendo estudadas pelo sistema<br />

cooperativo, que une suas forças<br />

para promover o desenvolvimento<br />

e compartilhar seu sucesso com a<br />

comunidade. É essa experiência que<br />

o Tocantins recebe agora e que será<br />

decisiva para o seu futuro como<br />

Estado.<br />

16<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

17


18<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


MANEJO DE PASTAGENS<br />

Phyllypi F de Melo<br />

Zootecnista<br />

CriaBem Nutrição Animal<br />

melopf@criabem.com.br<br />

EXCELÊNCIA<br />

AGROPECUÁRIA<br />

COMO MONTAR SISTEMAS DE ALTA PRODUTIVIDADE<br />

A grande dificuldade de definir a rentabilidade da atividade pecuária de corte está ligado ao fato de que as informações<br />

referentes ao sistema produtivo são incompletas, poucos sabem descrever quantas arroba produz por<br />

hectare/ano ou mesmo qual é o custo da arroba produzida na engorda Acelerada a pasto na sua fazenda.<br />

Tudo isso torna-se mais<br />

agravante quanto analisamos a queda<br />

da lucratividade na pecuária nas<br />

últimas décadas, segundo dados da<br />

Agroconsult, o lucro líquido obtido<br />

da atividade nos dias atuais é 7,5 vezes<br />

menor do que os obtidos durante<br />

a década de 70, sendo assim, para<br />

permanecer na atividade o produtor<br />

deveria elevar a produtividade do<br />

seu sistema pecuário. Esse cenário<br />

desafiador tem levado forçadamente<br />

a mudanças de paradigmas da atividade,<br />

em que o pecuarista passa a<br />

gerenciar a propriedade como uma<br />

empresa rural e não mais como uma<br />

atividade familiar ou mesmo reserva<br />

de valor.<br />

Nosso sistema produtivo de<br />

bovinos no Brasil Central tem como<br />

base a produção animal a pasto, uma<br />

vez que nosso clima quente e úmido<br />

favorece a produção das forrageiras<br />

tropicais C4, que por sua vez apresentam<br />

alto potencial de crescimento<br />

e acúmulo de massa. Todavia,<br />

esse sistema apresenta sazonalidade<br />

climática que interfere impondo restrições<br />

em determinados meses do<br />

ano. Via de regra nos períodos de<br />

Primavera/Verão as forragens são<br />

beneficiadas pela incidência de luz<br />

e chuvas, sendo que o seu restabelecimento<br />

a altura ideal de pastejo<br />

ocorre rapidamente, entorno de 10<br />

a 15 dias e os animais apresentam<br />

bom desempenho individual. Em<br />

contrapartida, durante os períodos<br />

de Outono/Inverno, a baixa qualidade<br />

e disponibilidade de forragem,<br />

resultam muitas vezes em manutenção<br />

ou perda de peso destes.<br />

Sendo assim, períodos negativos<br />

na curva de crescimento animal<br />

devem ser evitados, o que impacta<br />

em redução da idade de abate,<br />

diminui o tempo de permanência do<br />

animal na fazenda, aumentando o<br />

giro do capital investido e da taxa de<br />

desfrute. Para isso o correto planejamento<br />

nutricional e de produção de<br />

forragem se faz necessários para o<br />

sucesso na busca por altas produtividades.<br />

MANEJO DE PASTAGENS<br />

Controle de Altura de Pastejo: Uma<br />

das primícias no manejo de pastagem<br />

de gramíneas forrageiras tropicais,<br />

subtropicais e temperadas é o<br />

Controle de Altura de Pastejo, para<br />

nós nutricionistas técnicos de campo,<br />

essa deveria ser a regra máxima<br />

do manejo de pastagem. Assim devemos<br />

entender os três modelos de<br />

pastejo em uso no Brasil Central: o<br />

pastejo contínuo, quando o lote de<br />

bovinos fica estabelecido em um<br />

único pasto, o pastejo alternado,<br />

quando o lote de animais permanece<br />

alternando entre dois pastos diferentes<br />

por determinado tempo em<br />

cada um, e o pastejo rotacionado,<br />

que pode ser chamado assim sempre<br />

que o lote de bovinos for manejado<br />

em mais de três pastos distintos.<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

19


O controle de altura de pastejo<br />

é a forma mais dinâmica de garantirmos<br />

forragem em quantidade<br />

e qualidade para que os bovinos<br />

possam colher, digerir e desempenhar<br />

seu máximo potencial. Quando<br />

uma determinada propriedade<br />

tem um manejo de pastagem deficiente<br />

e a entrada e saída dos lotes<br />

de bovinos não respeita as alturas<br />

alvos mínima e máxima (tabela 1),<br />

ocorre que a Interceptação da Luz<br />

Solar (IL%) irá influenciar na produção<br />

das gramíneas forrageiras e as<br />

proporções de folhas, hastes, raízes<br />

e material velho serão prejudicadas<br />

por esse fato. A IL% é tida como o<br />

percentual de luz solar que as folhas<br />

da gramínea conseguem interceptar<br />

sem que os raios solares cheguem ao<br />

solo e/ou base da planta.<br />

Assim temos que, para desenvolvermos<br />

sistemas de alta produtividade<br />

a IL% ideal deverá ser de<br />

90 a 95%, o que está inteiramente<br />

relacionado à altura de pastejo (tabela<br />

1), esse fato proporcionará que<br />

as gramíneas forrageiras desempenhem<br />

seu potencial máximo de<br />

%PB (proteína bruta) e %DIVMO<br />

(digestibilidade).<br />

Para que a IL 95% seja atendida<br />

o manejo de pastagem deve<br />

respeitar as alturas alvos, como<br />

exemplo a altura de pastejo inicial<br />

no Braquiarão de 25 centímetros e<br />

do Andropogon de 50 centímetros.<br />

Nome da planta forrageira<br />

Adubação<br />

Devido a sua representatividade,<br />

a atenção no período das chuvas<br />

deve ser voltada para a adubação,<br />

seu sucesso depende de práticas<br />

agronômicas como amostragem,<br />

analise, interpretação, recomendação<br />

e aplicação dos fertilizantes,<br />

que deve ocorrer preferencialmente<br />

logo após o pastejo a fim de estimular<br />

o perfilhamento e produzir folhas.<br />

Com isso obtém-se a resposta<br />

desejada tanto em quantidade como<br />

em qualidade de forragem, o que é<br />

refletido em melhores ganhos de<br />

peso e taxa de lotação.<br />

De Saída<br />

Científico Comum Entrada Não Adubado Adubado<br />

Andropogon gayanus Andropogon 50 40 25<br />

B. Brizantha, B. decumbens Braquiarão, decumbens 25 20 13<br />

Relacionado a este assunto, alguns<br />

erros são mais frequentes<br />

na adubação, como:<br />

• Distribuição desuniforme<br />

do fertilizante, o que pode provocar<br />

perda de grande parte da forragem<br />

produzida devido a diferenças no<br />

crescimento;<br />

• Adubação de plantas que<br />

apresentam manejo inadequado, o<br />

que reflete negativamente na expansão<br />

de folhas e torna inviável o custo<br />

do fertilizante devido a sua perda<br />

pós aplicação;<br />

• Correção da saturação de<br />

bases, a qual é frequentemente, recomendada<br />

para níveis ao redor de<br />

40 a 60%, onde os mais elevados são<br />

indicados para reforma ou formação<br />

de pastagens. Quando falamos<br />

de intensificação para altos níveis de<br />

produção, a recomendação deve ser<br />

semelhante à agricultura, de 70%;<br />

• Manejo de crescimento e<br />

colheita inadequado da planta, que<br />

interfere na resposta econômica das<br />

adubações. Atenção ao manejo!<br />

Além desses tópicos vale ressaltar<br />

que o momento de se aplicar a tecnologia<br />

é tão importante quanto o<br />

uso da mesma. Diferente do agricultor,<br />

o pecuarista ainda não tem a<br />

disciplina em relação ao momento<br />

de fazer uso de insumos como adubações,<br />

controle de pragas e plantas<br />

invasoras ou do manejo do rebanho<br />

em pastejo.<br />

Nutrição Animal<br />

A margem sobre a venda<br />

conhecida como lucratividade e giro<br />

de estoque são os elementos chaves<br />

para o sucesso econômico de qualquer<br />

atividade. Não seria diferente<br />

nas etapas da pecuária. A fase de<br />

cria abrange todas as categorias e<br />

processos necessários para se produzir<br />

um bezerro desmamado. A<br />

recria é a etapa que vai do desmame<br />

(peso de 6 a 8@) até o início<br />

da terminação (peso de 13 a 14@),<br />

sendo esta última a etapa final, que<br />

leva o animal até o abate. Em cada<br />

fase de produção a nutrição animal<br />

tem papel fundamental nos balanceamentos<br />

das dietas de bovinos a<br />

pasto ou semiconfinados, suprindo<br />

B. brizantha, B. hibrida Xaraés: MG5, Convert 30 25 15<br />

Brachiaria humidicola Humidicola 25 20 13<br />

C. dactylon, nlemfuensis Coastcross, Tifton 68 30 25 15<br />

C. dactylon x C. nlemfuensis Tifton 85 25 20 13<br />

C. plectoastachyus Estrela africana 30 25 15<br />

Panicum maximum Massai 30 25 15<br />

Panicum maximum Mombaça, Tobiatã 90 70 45<br />

Panicum maximum Tanzânia 70 55 35<br />

Pennisetum americanum Milheto 50 40 25<br />

Tabela 1. Alturas alvos de manejo de pastagem de gramíneas forrageiras tropicais e subtropicais em<br />

pastoreios de lotação alternada e rotacionada em pastagens não adubadas e em pastagens adubadas.<br />

Fonte: AGUIAR, 2012b, 2012c, 2012d.<br />

20<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


as exigências de minerais, aditivos,<br />

energia e proteína, maximizando os<br />

ganhos zootécnicos e garantindo a<br />

manutenção da saúde ruminal para<br />

que cada raça desempenhe o seu<br />

máximo potencial genético.<br />

Olhando para as fases de<br />

recria e engorda, ao contrário da<br />

fase de cria, o processo produtivo<br />

é outro. O próprio individuo deve<br />

produzir para si. Neste caso, o<br />

GPMD (ganho de peso médio<br />

diário) é o principal indicador<br />

de desempenho individual. Na<br />

engorda, a necessidade de energia<br />

da dieta necessária para que ocorra<br />

a terminação adequada é maior.<br />

Esse fato, invariavelmente, torna<br />

a necessidade de desembolso em<br />

Nutrição Animal maior por arroba<br />

produzida, uma vez que se faz<br />

necessário o uso de suplementos<br />

mineiras proteicos e energéticos<br />

com consumos que variam de 0,3<br />

a 0,7% do PV animal/dia como<br />

forma de acelerar a terminação e<br />

torná-la mais eficiente e de melhor<br />

custo/benefício para o pecuarista.<br />

A recria é o momento de<br />

ganho muscular e desenvolvimento<br />

ósseo, nesta etapa temos a oportunidade<br />

de construção da estrutura<br />

da carcaça e perfil de víscera que<br />

possibilitarão uma terminação mais<br />

econômica, para isso é necessário o<br />

uso de soluções nutricionais como<br />

os da CriaBem, linha Pastomax que<br />

é um suplemento mineral proteico<br />

com consumo de 0,1 a 0,12% do<br />

PV animal/dia, que<br />

combinado a uma<br />

gramínea forrageira<br />

de qualidade torna a<br />

fase de recria o momento<br />

que temos a<br />

melhor relação custo/benefício.<br />

Numa<br />

faixa de desembolso<br />

de R$ 45,00/cabeça<br />

mês, consegue-se<br />

obter um GPMD na<br />

casa de 0,570 kg/dia<br />

o que gera uma arroba<br />

produzida na casa<br />

de R$ 79,00/@/ano.<br />

No cenário de venda da arroba valorizada<br />

a R$ 135,00 gera uma margem<br />

operacional superior a 40%. A<br />

construção dessa margem sustenta<br />

as demais etapas para que, ao final<br />

de todo o processo, possa-se obter<br />

margem final líquida de 18,5% por<br />

boi abatido.<br />

Além da recria construir<br />

margem devido a relação produção/<br />

custo ser a melhor de todas, ela pode<br />

ser uma grande potencializadora da<br />

taxa de desfrute. Esta representa o<br />

total de animais abatidos em relação<br />

ao rebanho. Existe uma relação linear<br />

inversa entre o GPMD, tempo<br />

de permanência e taxa de desfrute<br />

(figura 1), ou seja, quanto maior o<br />

GPMD, menor o tempo de permanencia<br />

e maior a quantidade de animais<br />

abatidos por ano (CHAKER,<br />

2017). A intensificação, definida<br />

no dicionário como “fazer com que<br />

Figura 1. Relação entre GPMD, taxa de desfrute e tempo de permanência.<br />

algo se torne mais intenso, árduo,<br />

excessivo”, muitas vezes, na pecuária,<br />

é lida como “cara” e inviável.<br />

Recentes pesquisas de campo apontam<br />

que o custo adicional para o<br />

aumento de 0,100 kg/dia sobre ganhos<br />

de 0,500 kg/dia é de R$ 5,70/<br />

cabeça/mês. Na maioria dos casos,<br />

o aumento do desembolso mensal<br />

necessário para intensificação do ganho<br />

reduz o desembolso da arroba<br />

produzida em consequência do menor<br />

tempo de permanência e racionalização<br />

dos custos fixos.<br />

Sistemas de pecuária a pasto<br />

que buscam a alta produtividade<br />

ampliam seus resultados econômicos,<br />

o fato é que a atividade pecuária<br />

lucrativa é intimamente relacionada<br />

à eficiência operacional, ou seja, depende<br />

de um bovino superior, de<br />

tecnologia nutricional de ponta e da<br />

espécie forrageira adequada.<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

21


22<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

23


MANEJO DE PASTAGENS II<br />

Wagner Pires<br />

Engenheiro Agrônomo<br />

wagner@circuitodapecuaria.com.br<br />

www.circuitodapecuaria.com.br<br />

Uma pastagem de<br />

Excelência<br />

Ano novo, vida nova, pasto degradado e pecuária de baixo lucro! Opa! Nós não queremos isso e nem podemos<br />

trabalhar desta forma, pois afinal somos Pecuaristas que buscam a excelência. O ano de 2018 promete, pelo menos<br />

no Agronegócio, pois na política, justiça e economia eu não sei, mas nós da pecuária queremos estar com nossas<br />

propriedades preparadas para quando este pais “maravilhoso” sair desta crise. O que fazer? É simples, basta seguir<br />

os conselhos do Consultor Wagner Pires.<br />

Não queira retirar do solo<br />

aquilo que ele não tem<br />

Muitos pecuaristas querem ter em<br />

suas fazendas gramíneas de alta produtividade,<br />

porem para que ela produza<br />

bastante ela necessita de mais<br />

nutrientes que as gramíneas menos<br />

produtivas. Será que o seu solo dispõe<br />

destes nutrientes?<br />

Se você não tem esta resposta,<br />

então colete amostra de solo<br />

dos seus vários pastos e mande fazer<br />

análise para saber.<br />

Estabeleça um plano de<br />

curto, médio e longo prazo<br />

para melhorar a fertilidade<br />

De posse da análise a primeira coisa<br />

que você deve fazer é trocar ideia<br />

com um Engenheiro Agrônomo<br />

para ver o que fazer para corrigir a<br />

acides do seu solo, levar Cálcio para<br />

as camadas mais profundas, melhorar<br />

a Saturação de Base e os níveis<br />

de Fósforo.<br />

Por onde começar?<br />

Comece pelas gramíneas mais exigentes.<br />

Pelos pastos livres de invasoras.<br />

Pelos pastos menores.Pelos pastos<br />

que você pretende trabalhar com<br />

uma taxa de lotação mais elevada.<br />

Qual o primeiro passo?<br />

Se for reformar o pasto aplique a<br />

dosagem total de Calcário que a<br />

Análise de Solo pediu e use o calcário<br />

correto sempre visando uma<br />

relação de Ca/Mg de 3:1.<br />

24<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


Se for recuperar o pasto ou<br />

você usa um subsolador ou um aero<br />

solo para incorporar o calcário ou<br />

você divide a dosagem recomendada<br />

em 2 a 3 anos.<br />

Não se iluda com produtos<br />

milagrosos<br />

Por exemplo produtos que prometem<br />

com uma dosagem bem pequena<br />

corrigir a acides do seu solo.<br />

Enquanto estes produtos milagrosos<br />

estiverem sob investigação dos<br />

pesquisadores eles não merecem o<br />

nosso voto. Opá, que o pecuarista<br />

compre.<br />

E o fósforo?<br />

Estou falando de Fosforo e<br />

não de fosforo que faz fogo! Desde<br />

que a acides já esteja corrigida você<br />

pode começar a trabalhar com um<br />

pouco de fertilizante a base de fosforo,<br />

mas não exagere na dosagem<br />

e na área adubada, pois você pode<br />

produzir muito pasto e não conseguir<br />

colher.<br />

Controle das plantas<br />

daninhas.<br />

Lembre-se de que as plantas<br />

daninhas contam com um sistema<br />

radicular muito mais poderoso que<br />

o das gramíneas forrageiras e além<br />

disso são tolerantes a baixa fertilidade,<br />

portanto a briga é desleal. Antes<br />

de pensar em adubar você deve<br />

controlar as plantas daninhas. Planta<br />

daninha, político corrupto e MST<br />

acabam com quem quer ter uma pecuária<br />

produtiva.<br />

Tenha um olho no gado e o<br />

outro nas pragas<br />

Agora na temporada da chuva<br />

é preciso que o pecuarista tenha<br />

um olho no seu gado e o outro nas<br />

pragas que atacam o pasto. Tem que<br />

imitar o olho daquele cara que foi<br />

preso, como é mesmo o nome dele?<br />

Fique atento as cigarrinhas e não<br />

espere a vaca ir pro brejo para começar<br />

a controlar, lembre-se que os<br />

melhores produtos são sistêmicos e<br />

para que eles transloquem por toda<br />

a planta é necessário que a gramínea<br />

esteja sadia e isso só é possível no<br />

começo. Cuidado com as lagartas,<br />

tem umas que estão dispostas a levar<br />

o lucro do pecuarista na mala.<br />

Divisão ajuda no manejo e na<br />

colheita do pasto<br />

Na hora de dividir o pasto<br />

o pecuarista deve atentar para as<br />

distancias da águada ao fundo do<br />

pasto, se for dividir o pasto em 2 ou<br />

3, é recomendável que as divisões<br />

sejam aproximadamente iguais, para<br />

assim se for alternar ou rotacionar<br />

o lote não tenha problema de manejo.<br />

Uma diferença de até 10% é<br />

aceitável. Para uma boa divisão nada<br />

melhor do que um mapa feito corretamente.<br />

Isso ajuda e barateia o<br />

trabalho. Se o pecuarista achar que<br />

a conta com arame, mão de obra e<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

25


estaca vai ficar meio ardida, pode<br />

trabalhar com cerca elétrica, que<br />

normalmente fica 1/3 do custo da<br />

cerca convencional.<br />

A cima um estudo de divisão<br />

que estou implantando em uma<br />

fazenda no Tocantins, a esquerda<br />

como é hoje e a direita como vai<br />

ficar. Estamos projetando trabalhar<br />

nas águas com uma taxa de lotação<br />

3 vezes maior do que as pastagens<br />

comportam hoje.<br />

Não invente!<br />

Em tempos de crise e de<br />

Lava Jato o pecuarista não deve ficar<br />

escutando os “vendedores professores”<br />

que existem no mercado e sim<br />

escutar quem entende e é preparado<br />

tecnicamente. Estou me referindo a<br />

mistura de capim. Não faça isso, o<br />

bovino é seletivo, ele escolhe o capim<br />

mais gostoso e vai ficar caminhando<br />

para colher o melhor capim<br />

e você sabe que nada melhor que<br />

uma boa caminhada para se perder<br />

peso. Mas você quer justamente<br />

peso do seu rebanho. Portanto não<br />

misture duas ou mais gramíneas no<br />

mesmo pasto.<br />

Crie controles<br />

É muito comum o pecuarista<br />

achar muito e não anotar nada,<br />

isso é um grande erro que deve ser<br />

trabalhado para mudar. O pecuarista<br />

deve anotar as chuvas, as operações<br />

realizadas em cada pasto e os<br />

produtos usados e o custo. Anotar<br />

o dia de entrada e saída do rebanho<br />

de cada piquete. Isso tudo permite<br />

uma análise de custos com o manejo<br />

e os resultados. É muito comum o<br />

pecuarista somente pesar o gado no<br />

momento de vender, sendo que ele<br />

deve ter os ganhos do rebanho nas<br />

águas e na seca para assim tomar<br />

uma atitude e corrigir os resultados<br />

negativos. É fundamental criar um<br />

habito.<br />

Capacitar a equipe<br />

Cada vez mais a mão de obra<br />

que está sobrando para a pecuária<br />

é a pior de todas. Existem muitas<br />

maneiras de se capacitar os funcionários<br />

sem muito custo. Eu mesmo<br />

disponho em meu site de um curso<br />

completo para se ter uma pastagem<br />

sustentável. Porém o pecuarista<br />

acha que investir na equipe é caro e<br />

desnecessário. É comum um pecuarista<br />

comprar um trator que muitas<br />

vezes tem o valor mais elevado que<br />

a sua caminhonete e ele entrega esta<br />

máquina a um funcionário que mal<br />

sabe ler e escrever.<br />

O momento exige a capacitação<br />

da equipe.E para finalizar vou<br />

dar a dica mais importante e talvez a<br />

mais difícil de se implantar.<br />

A reforma íntima.<br />

Este ponto é o mais difícil.<br />

O meu avô foi assim, meu pai era<br />

assim e eu sou tudo de bom que eles<br />

foram! Mas os tempos hoje são muito<br />

diferentes do tempo do seu avô<br />

e do seu pai. Tem pecuarista que se<br />

considera um vencedor, porem ele<br />

desconhece o quanto ele poderia ter<br />

crescido e sido muito melhor.<br />

As coisas hoje mudam muito<br />

mais rápido do que a alguns anos<br />

atrás e no amanhã vão mudar mais<br />

rápido ainda. O modo de vida que o<br />

pecuarista ganhava dinheiro e vivia a<br />

10 ou 20 anos atrás, é totalmente diferente<br />

da forma que ele vive hoje e<br />

seus filhos vão viver amanhã. Hoje é<br />

obrigatório a mudança, mudar para<br />

crescer, mudar para não perder, mudar<br />

para se manter no seu negócio.<br />

Eu desejo a você pecuarista<br />

que você em 2018 trilhe os pontos<br />

que eu destaquei a cima, mas também<br />

comece este ano se renovando<br />

e mudando-se totalmente para se<br />

manter em seu negócio. Crescer e<br />

gerar riquezas, fazer a diferença na<br />

economia do nosso pais.<br />

Não se esqueça de que antes<br />

de ser criador, você deve ser um<br />

agricultor de pasto, pois você não<br />

consegue fazer bezerro ou boi gordo<br />

sem um bom pasto.<br />

26<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

27


Luis <strong>Ed</strong>uardo Zampar<br />

Médico Veterinário<br />

Consultor Nutrição Animal<br />

confinabrasil@gmail.com<br />

SILAGEM<br />

SILAGEM DE MILHO<br />

O Brasil tem se destacado no Agronegócio como verdadeiro e valioso campo de oportunidades. Temos extensão<br />

territorial, sol e água em abundância, nos credenciando como um verdadeiro porto seguro na oferta de alimentos.<br />

Nas fazendas de leite e corte<br />

contamos com áreas de pastagens e<br />

também de silagens, com o objetivo<br />

principal de fornecer volumosos<br />

para suprir uma boa parte das necessidades<br />

nutricionais dos rebanhos.<br />

As silagens são uma forma<br />

de armazenar alimento por um<br />

longo período, como principal vantagem<br />

a manutenção do valor nutritivo,<br />

desde que o manejo da ensilagem<br />

seja bem realizado.<br />

A silagem de milho é o volumoso<br />

que mais concentra energia,<br />

reina nas Fazendas do Brasil por ser<br />

uma opção altamente viável e lucrativa<br />

se bem conduzida e trabalhada,<br />

podendo ser utilizada para bovinos,<br />

ovinos e equinos. Possui alto potencial<br />

de produção de leite e carne,<br />

sendo altamente palatável e apreciada<br />

pelos animais.<br />

Por tudo isto , a Silagem de<br />

Milho de Alta Qualidade é uma opção<br />

estratégica e valiosa para compor<br />

a dieta dos nossos animais.<br />

1. Ponto de Colheita: o produtor<br />

tem errado muito o ponto<br />

de colheita . É ele que define a<br />

participação de grão na silagem,<br />

sendo responsável pela diminuição<br />

do uso de concentrado nas<br />

dietas e, consequentemente, por<br />

reduzir os custos de produção.<br />

O ponto correto é chamado<br />

tecnicamente de farináceo duro,<br />

quando o grão se apresenta 50%<br />

farináceo e 50% leitoso, olhando<br />

para a planta de milho, o colmo<br />

e as folhas estão verdes e a<br />

palha da espiga está seca.<br />

2. Tamanho de Partícula: o ideal<br />

é entre 5 a 10 mm ou 0,5 a 1,0<br />

cm. Isto facilita ingestão, compactação,<br />

reduz perdas e economiza<br />

alimento. Aqui o capricho<br />

ou a atenção deve ser redobrada<br />

com a regulagem da ensiladeira,<br />

na afiação das facas, na escolha<br />

das engrenagens corretas e da<br />

distância das facas com a contra-faca.<br />

Só aumentar a partícula<br />

para vacas de leite confinadas<br />

(18 a 22 mm).<br />

28<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


3. Compactação do Silo: o ideal<br />

é a utilização de silos tipo trincheira,<br />

enchendo no sistema<br />

de rampa, pois as paredes auxiliam<br />

muito na compactação,<br />

o que proporciona até 750 kg/<br />

m³. Os silos tipo superfície podem<br />

proporcionar perdas, principalmente,<br />

pela dificuldade na<br />

compactação. O principal objetivo<br />

da compactação é a retirada<br />

completa do oxigênio, que<br />

é o grande inimigo das silagens,<br />

pois predispõe ao desenvolvimento<br />

de bactérias e fungos indesejáveis.<br />

A compactação deve<br />

ser realizada com trator traçado<br />

e pesado passando muitas vezes<br />

sobre o material picado.<br />

4. Fechamento do Silo: aqui o<br />

mais importante é a retirada do<br />

oxigênio remanescente, pois,<br />

quando cobrimos o silo com a<br />

primeira lona, nós colocamos<br />

oxigênio dentro do silo, que<br />

deve ser retirado. Lacramos o<br />

fundo e as laterais do silo, deixando<br />

a boca aberta. Sobre esta<br />

1ª lona, colocamos uma camada<br />

fina de terra e areia, cobrindo<br />

toda a lona e, com isso, vamos<br />

empurrando todos os gases<br />

indesejáveis para fora do silo.<br />

Após, lacra-se a boca do silo e<br />

colocamos a segunda lona. Sobre<br />

a segunda lona colocamos<br />

uma proteção, que pode ser cordinhas<br />

fixadas sobre a 2ª lona,<br />

que cruzam no sentido da largura<br />

do silo, com uma distância de<br />

60 cm entre elas.<br />

5. Altura de Corte: o ideal é colher<br />

a silagem ao redor de 30 a<br />

40 cm de altura, com o objetivo<br />

de deixar uma parte da matéria<br />

orgânica para o solo, melhorar<br />

a digestibilidade, pois com esta<br />

prática conseguimos reduzir a<br />

concentração de lignina no material<br />

ensilado.<br />

6. Aplicação de Inoculante: o<br />

inoculante é um produto à base<br />

de bactérias saudáveis e enzimas<br />

que aceleram o processo de fermentação,<br />

podendo abrir o silo<br />

7 dias após ser lacrado. Quando<br />

não aplicamos o inoculante, devermos<br />

aguardar 30 dias.<br />

Conclusão:<br />

A silagem de milho tem<br />

como papel fundamental a redução<br />

dos custos de produção, mas para<br />

isso, o foco e o profissionalismo na<br />

sua produção são chave para o sucesso.<br />

E a possibilidade de os produtores<br />

melhorarem o seu negócio,<br />

tornando-o mais eficiente e sustentável.<br />

O Gado agradece!<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

29


30<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


Francisco Alexandre Gomes<br />

Analista Técnico SEBRAE - TO<br />

franciscoalex@to.sebrae.com.br<br />

PECUÁRIA LEITEIRA<br />

Inovação que traz resultados:<br />

PEQUENO PRODUTOR DE LEITE<br />

APLICA NOVAS TÉCNICAS DE PRODUÇÃO E GESTÃO E<br />

RESULTADO APARECE NO BOLSO<br />

A bovinocultura de leite e sua cadeia produtiva é uma atividade que desponta na economia tocantinense com<br />

grande potencial para geração de empregos no meio rural e urbano, além de aumentar a renda do produtor e fixar<br />

o homem no campo. O Tocantins em 2016 ocupou a 14ª posição no ranking brasileiro e se apresentou como o 3º<br />

maior produtor de leite da região Norte com uma produção anual de 385 milhões de litros de um total de 528 mil<br />

vacas e produtividade/vaca/ano de 730 litros (E<strong>MB</strong>RAPA, 2017).<br />

Podem-se citar as principais<br />

deficiências existentes e que precisam<br />

ser modificadas: tradicionalismo<br />

na exploração da atividade,<br />

pouco conhecimento de novas tecnologias<br />

sobre a produção de leite,<br />

instalações sanitárias precárias, prática<br />

alimentar rudimentar, problemas<br />

nas áreas de reprodução que<br />

supostamente estão relacionados ao<br />

manejo inadequado, baixa qualidade<br />

do leite, baixa qualidade genética<br />

dos rebanhos, e ainda, falta de conhecimento<br />

sobre gerenciamento da<br />

atividade.<br />

Diante desse quadro o Serviço<br />

Brasileiro de Apoio as Micro<br />

e Pequenas Empresas (SEBRAE)<br />

vem trabalhando e desenvolvendo<br />

um projeto de inovação, difusão e<br />

transferência de tecnologias para<br />

produção intensiva de leite baseado<br />

na capacitação de produtores. O<br />

projeto utiliza conceitos de produção<br />

intensiva de leite a pasto e também<br />

a aplicação de ferramentas de<br />

gestão que busquem a melhoria da<br />

produtividade e da rentabilidade dos<br />

produtores, garantindo competitividade<br />

e qualidade com foco na intensificação<br />

da produção e da sustentabilidade<br />

econômica, ambiental e<br />

social visando à redução dos custos,<br />

aumento da produtividade, a elevação<br />

do nível de renda e a melhoria<br />

da qualidade de vida do produtor.<br />

Nesse projeto participam<br />

diversos produtores e tem se destacado<br />

o Senhor <strong>Ed</strong>is Gualberto<br />

da Silva, proprietário do Sítio Pé da<br />

Serra, onde tem apresentado bons<br />

resultados a partir do trabalho de<br />

consultoria que vem recebendo em<br />

sua propriedade nos últimos anos.<br />

O Sítio é uma pequena propriedade<br />

localizada no município<br />

de Araguaína/TO, precisamente no<br />

povoado Água Amarela a 6 km da<br />

sede do município e desde 2010 o<br />

produtor desenvolve a atividade leiteira<br />

que gera uma renda para o sustento<br />

da família.<br />

No início a propriedade era<br />

caracterizada por um sistema extensivo<br />

com pastagens degradadas, sem<br />

reserva estratégica de volumoso<br />

para o período de seca, sem suplementação,<br />

sem os devidos cuidados<br />

sanitários, sem manejo reprodutivo<br />

adequado, rebanho desestruturado<br />

e produtividade baixa. A produção<br />

inicial era de 50 litros diários de um<br />

total de 9 vacas em lactação que gerava<br />

uma renda bruta mensal de R$<br />

1.380,00 e com muita dificuldade o<br />

produtor lutava para permanecer na<br />

atividade. Foi a partir do ano 2013<br />

que a propriedade “tomou” novos<br />

rumos através da consultoria gerencial<br />

e tecnológica do SEBRAE,<br />

onde foi planejado e executado um<br />

projeto para a fazenda que aplicou<br />

Área implantada de capim Mombaça<br />

Área de cochos de suplementação do rebanho<br />

Vacas suplementadas no cocho com cana de açúcar<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

31


Indicadores<br />

Unidade<br />

Período<br />

Início (2013) Atual (2017)<br />

Área utilizada ha 10 10<br />

Produção média diária l/dia 50 204<br />

Vacas em lactação cab 9 11<br />

Vacas secas cab 7 5<br />

Vacas totais cab 16 16<br />

Produção por vaca em lactação l/dia 5,5 18,5<br />

Renda bruta mensal com venda de leite R$ 1.380,00 5.630,00<br />

Despesas operacionais + investimento R$ 731,00 2.870,00<br />

Fluxo de caixa mensal (saldo) R$ 649,00 2.760,00<br />

Vacas lactação por área VL/há 0,9 1,1<br />

Produtividade da terra l/há/ano 1.825 7.446<br />

Quadro 1: Resumo dos índices econômicos e zootécnicos do Sítio Pé da Serra<br />

conceitos de produção intensiva e<br />

de gestão econômica e zootécnica.<br />

O trabalho de consultoria<br />

foi iniciado com a implantação de<br />

planilhas de controle gerencial e<br />

zootécnico para melhor gestão dos<br />

dados e informações, além disso,<br />

foi realizada a transferência de um<br />

pacote de conhecimentos e tecnologias<br />

que compreenderam um<br />

conjunto escalonado e articulado de<br />

técnicas de produção. As primeiras<br />

medidas implantadas foi a produção<br />

de alimento em quantidade e<br />

qualidade para o rebanho com a implantação<br />

de uma área de 0,5 ha de<br />

capim Mombaça rotacionado para<br />

uso no período das águas (novembro<br />

a maio) e uma área de cana de<br />

açúcar de 1,0 ha para suplementação<br />

volumosa no período de seca (junho<br />

a outubro). Ao mesmo tempo o produtor<br />

foi selecionando o rebanho de<br />

vacas através do descarte de animais<br />

improdutivos e aquisição de outros<br />

de melhor produção. A partir desse<br />

momento o produtor começou a<br />

entender a importância de manejar<br />

as pastagens e com volumoso de<br />

qualidade dividiu as vacas em lotes,<br />

segundo sua produção e período de<br />

lactação para o arraçoamento.<br />

Devido a intensa participação<br />

do produtor na administração<br />

e na consultoria pode-se observar<br />

através do quadro 1 a evolução da<br />

propriedade nesses últimos anos de<br />

trabalho. O quadro mostra uma evolução<br />

na produção de leite saindo de<br />

50 para 204 litros diários o que proporcionou<br />

um aumento significativo<br />

da renda da propriedade de R$<br />

1.380,00 para R$ 5.630,00/mês. Em<br />

relação às despesas houve aumento<br />

considerável do custeio e do investimento<br />

passando de R$ 731,00 para<br />

R$ 2.870,00/mês devido as maiores<br />

despesas operacionais para manter<br />

o negócio, como concentrados,<br />

energia e adubação. O fluxo de caixa<br />

(saldo) apresentou um aumento<br />

significativo passando de R$ 649,00<br />

para R$ 2.760,00/mês. Com o processo<br />

de intensificação das áreas de<br />

produção das pastagens a produtividade<br />

da terra saltou de 1.825 para<br />

7.446 litros por hectare/ano mostrando<br />

que o uso eficiente da terra e<br />

da produção animal é determinante<br />

nos resultados.<br />

As mudanças realizadas<br />

para alcançar os resultados foram<br />

na gestão econômica e zootécnica<br />

da propriedade onde o produtor<br />

passou a anotar dados relativos a<br />

produção individual das vacas do<br />

rebanho, partos, cios e coberturas,<br />

despesas e receitas da atividade com<br />

objetivo de melhor controle e tomada<br />

de decisão do negócio. A partir<br />

de um diagnóstico socioeconômico<br />

foi possível conhecer a realidade de<br />

produção de leite e da família para<br />

elaboração de um planejamento da<br />

propriedade de acordo com as condições<br />

financeiras e de mão obra do<br />

produtor.<br />

O trabalho de consultoria<br />

no Sítio Pé da Serra promoveu uma<br />

mudança na forma de produzir leite,<br />

pois o produtor entendeu que o<br />

controle e a administração eficiente<br />

da propriedade juntamente com a<br />

inserção de novas tecnologias produtivas<br />

é fundamental para “ganhar<br />

dinheiro” com a atividade. O objetivo<br />

da propriedade para 2018 é alcançar<br />

350 litros/dia e para isso o produtor<br />

está ampliando a área de cana<br />

de açúcar de 1,2 para 3 ha que será<br />

utilizada no período de seca e fornecida<br />

ao rebanho sob forma de silagem,<br />

aquisição de oito vacas e uma<br />

ordenhadeira balde ao pé e com o<br />

apoio da esposa e o filho o produtor<br />

sonha alcançar o objetivo final de<br />

produção de 500 litros de leite/dia.<br />

Atualmente o Senhor <strong>Ed</strong>is<br />

Gualberto da Silva é reconhecido<br />

pelo trabalho diferenciado que faz<br />

na região devido a sua simplicidade,<br />

persistência e por ser um típico produtor<br />

de leite da agricultura familiar<br />

que conduz a atividade com sua esposa<br />

e filho.<br />

Avaliação e planejamento de ações da propriedade<br />

32<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

Bezerras resultado do trabalho de Inseminação Artificial<br />

Pesagem de bezerras


EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

33


Pedro Henrique Rezende de Alcântara,<br />

Zootecnista MSc<br />

Embrapa Pesca e Aquicultura<br />

pedro.alcantara@embrapa.br<br />

SUPLEMENTAÇÃO<br />

A BUSCA PELA<br />

EFICIÊNCIA<br />

NA BOVINOCULTURA DE CORTE<br />

A pecuária de corte brasileira é praticada majoritariamente a pasto, isso não é novidade para ninguém. Porém,<br />

o que nem todos sabem é que nas últimas duas décadas a pecuária brasileira experimentou um aumento de<br />

produtividade superior a 100% (Abiec, 2016). Esse aumento de produtividade permitiu elevar a nossa produção de<br />

carne e ao mesmo tempo reduzir cerca de 20 milhões de ha no mesmo período. Ou seja, aumentar a produtividade<br />

reduz a pressão sobre áreas de mata nativa, é o chamado efeito poupa terra. Diante deste cenário, resta a dúvida:<br />

como aumentar a eficiência e a rentabilidade do meu sistema de produção de gado de corte a pasto?<br />

AUMENTO DA PRODUTIVIDADE<br />

EM SISTEMAS A PASTO<br />

A grosso modo, temos duas<br />

ferramentas muito eficientes para<br />

aumento da produtividade a pasto:<br />

manejo da pastagem (notadamente<br />

adubação e pastejo) e a suplementação<br />

alimentar. Estas tecnologias<br />

isoladamente ou associadas causam<br />

grande impacto na rentabilidade dos<br />

sistemas de produção de carne a pasto,<br />

quando bem aplicadas. Há de se<br />

atentar para o fato de que a adoção<br />

de novas tecnologias, especialmente<br />

aquelas que envolvem custo, deve<br />

ser orientada por um consultor técnico<br />

experiente e competente. Caso<br />

isso não seja respeitado, corre-se o<br />

risco de piorar o resultado econômico<br />

da fazenda.<br />

No Brasil Central, observamos<br />

características muito distintas<br />

entre as estações do ano. Os pastos<br />

apresentam uma variação elevada<br />

quanto à produção e qualidade<br />

da forragem produzida ao longo<br />

do ano. No período chuvoso temos<br />

alta produção de matéria seca<br />

(MS) de boa qualidade nutricional<br />

(se bem manejado). Por sua vez, no<br />

período seco a produção de MS é<br />

praticamente nula e nota-se queda<br />

brusca da qualidade nutricional da<br />

forragem. Mesmo dentro da estação<br />

chuvosa ou seca, observamos variações<br />

nessas características das pastagens<br />

destacando os períodos de<br />

transição seca/águas e águas/seca.<br />

Além disso, a depender do manejo<br />

de pastagem utilizado podemos ter<br />

respostas diversas na produção e valor<br />

nutricional das forrageiras. Uma<br />

vez que a suplementação é utilizada<br />

para suprir as deficiências nutricionais<br />

das pastagens, devemos adaptar<br />

a estratégia de suplementação de<br />

acordo com as características das<br />

pastagens.<br />

<strong>34</strong><br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


O QUE CONSIDERAR NO<br />

PLANEJAMENTO<br />

DA SUPLEMENTAÇÃO?<br />

Passo fundamental para o<br />

sucesso de um programa de suplementação<br />

o planejamento deve ser<br />

feito com antecedência. Na seca, deve-se<br />

planejar a suplementação para<br />

as águas e vice-versa. Isso permite a<br />

compra de insumos (grãos e minerais)<br />

em períodos estratégicos, reduzindo<br />

o custo.<br />

Ainda na fase de planejamento<br />

é necessário conhecer quais<br />

serão as categorias suplementadas e<br />

qual o desempenho desejado considerando<br />

o custo benefício da suplementação.<br />

As exigências nutricionais<br />

para ganho são pouco alteradas<br />

em função da estação do ano. Assim<br />

sendo, a composição da pastagem<br />

será o determinante das características<br />

do suplemento a ser utilizado,<br />

independente se você está nas<br />

águas ou na seca. Como conhecer<br />

essa composição? Realizando análises<br />

bromatológicas periódicas do<br />

pasto. É possível no campo observar<br />

pastos diferidos ou oriundos de<br />

integração lavoura pecuária na seca<br />

com qualidade nutricional superior<br />

a pastos mal manejados nas águas.<br />

Portanto, não é possível determinar<br />

a suplementação baseado apenas na<br />

estação do ano.<br />

QUAL TIPO DE<br />

SUPLEMENTAÇÃO UTILIZAR?<br />

Detmann et al. (2010) analisaram<br />

dados de diversos experimentos<br />

em pastos tradicionais (sem<br />

adubação nitrogenada) nas águas e<br />

observaram um déficit de proteína<br />

na dieta de animais em recria e terminação.<br />

Se considerarmos um animal<br />

em recria com ganho de peso<br />

desejado de 1,0 kg/dia, a relação nutrientes<br />

digestíveis totais/proteína<br />

bruta é de aproximadamente 5,33<br />

(Valadares-Filho, 2016). Observando<br />

dados de composição de pastagens<br />

nas águas (Tabela 1) observamos<br />

déficit proteico. Nessa situação<br />

a suplementação proteica, provavelmente,<br />

trará incrementos de produtividade.<br />

Alimento NDT (%) PB (%) Relação NDT:PB<br />

Andropogon 53,56 7,16 7,48<br />

Mombaça 59,00 10,15 5,81<br />

Massai 41,19 7,49 5,50<br />

Marandu 63,73 9,53 6,69<br />

Colonião 50,80 8,18 6,21<br />

Capim elefante 50,35 7,00 7,19<br />

Tifton 68 55,55 13,40 4,15<br />

Alimento NDT (%) PB (%) Relação NDT:PB<br />

Andropogon 53,56 7,16 7,48<br />

Mombaça 59,00 10,15 5,81<br />

Massai 41,19 7,49 5,50<br />

Marandu 63,73 9,53 6,69<br />

Colonião 50,80 8,18 6,21<br />

Capim elefante 50,35 7,00 7,19<br />

Tifton 68 55,55 13,40 4,15<br />

Fonte: Adaptado de Valadares-Filho et al. (2017).<br />

Se considerarmos um sistema<br />

de produção intensivo a pasto,<br />

no qual são realizadas adubações<br />

periódicas, a qualidade nutricional<br />

da pastagem apresenta alto valor nutricional,<br />

especialmente teor de proteína<br />

bruta (Tabela 2). Nesse caso,<br />

a deficiência passa a ser energética,<br />

portanto, as características do suplemento<br />

devem ser adequadas para<br />

aproveitar o potencial proteico do<br />

capim. De que forma? Trabalhando<br />

com suplementos energéticos. Um<br />

estudo realizado por Dórea e Santos<br />

(2015) demonstrou experimentalmente<br />

esta assertiva, ao comparar<br />

estudos que envolveram 2.591 animais.<br />

Concluiu-se que em forragem<br />

de alta qualidade (PB >= 11,4%),<br />

não há efeito da suplementação proteica.<br />

Pastagem NDT (%) PB (%) Relação NDT:PB<br />

Mombaça 59,00% 13,03% 4,53<br />

Marandu 63,73% 13,65% 4,67<br />

Colonião 50,80% 16,30% 3,12<br />

Capim elefante 50,35% 17,30% 2,91<br />

Tifton 68 55,55% 22,10% 2,51<br />

Pastagem NDT (%) PB (%) Relação<br />

Fonte: Adaptado de Valadares-Filho et al. (2017) e<br />

Santos e Dórea (2013).<br />

Mombaça 59,00% 13,03% 4,5<br />

Marandu 63,73% 13,65% 4,6<br />

TROCANDO EM MIÚDOS<br />

Colonião 50,80% 16,30% 3,1<br />

A suplementação alimentar<br />

de animais a pasto é uma ferramenta<br />

essencial para a intensificação dos<br />

sistemas de produção de carne. Não<br />

se recomenda ao produtor implantar<br />

um programa de suplementação<br />

alimentar sem orientação de um técnico<br />

especializado, isso pode gerar<br />

custos que não sejam superados pelos<br />

ganhos oriundos dessa tecnologia.<br />

Seguindo os critérios adequados<br />

o produtor tem muito a ganhar com<br />

o uso da suplementação a pasto.<br />

Capim elefante 50,35% 17,30% 2,9<br />

Tifton 68 55,55% 22,10% 2,5<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

35


Danilo Figueiredo<br />

Zootecnista<br />

danilomarfigueiredo@gmail.com<br />

ECONOMIA RURAL<br />

AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA AUMENTO DA<br />

PRODUÇÃO PECUÁRIA<br />

DEVEM ESTAR INTERLIGADAS EM UM ÚNICO PROJETO, SOMENTE ASSIM A<br />

ATIVIDADE PODE SER COMPARADA ÀS MAIS RENTÁVEIS DO CAMPO<br />

Há 40 anos atrás o pecuarista brasileiro tinha como referência de eficiência na produtividade a capacidade de<br />

abertura de novas áreas e a consolidação das fazendas de gado em regiões de expansão. As propriedades eram valorizadas<br />

pelas aguadas naturais, índice pluviométrico e logística, essa última na maioria das vezes viabilizada pelo<br />

próprio produtor ou por um conjunto de produtores interessados em desenvolver uma determinada região, sem<br />

ação efetiva do estado. Paralelo a esse despertar econômico do setor, a pecuária brasileira desenvolveu de maneira<br />

peculiar a sua genética, nutrição, manejo e sanidade, com profissionalismo necessário para nos levar aos dias de<br />

hoje, onde somos reconhecidos como gigantes mundiais na produção de proteína animal.<br />

O tempo correu, as terras<br />

valorizaram de acordo com sua aptidão<br />

e a logística passou a ser uma<br />

necessidade não só dos produtores,<br />

mas também do estado. O Brasil<br />

apresentou novas áreas para exploração<br />

e junto a elas particularidades<br />

climáticas, de solo e relevo que<br />

passaram a redesenhar a pecuária<br />

de acordo com as condições oferecidas<br />

pelo país continental. Contudo,<br />

alguns parâmetros do negócio<br />

pecuário formaram interseções importantes<br />

para análise da viabilidade<br />

econômica da atividade. O pecuarista<br />

desbravador do passado se vê na<br />

obrigação de enxergar sua propriedade<br />

em números. A agricultura ensinou<br />

uma nova forma de avaliação<br />

da produtividade por área efetiva de<br />

produção, e além de plantar tecnologia<br />

no campo, plantou também uma<br />

grande interrogação nos modelos de<br />

produção pecuária de vanguarda.<br />

Quantas arrobas produzo<br />

por hectare de área aberta? Qual o<br />

custo da arroba produzida? Qual<br />

margem de lucro real é deixada pela<br />

atividade? Daí em diante o produtor<br />

passa a entender a “Intensificação<br />

da pecuária” como modelo capaz de<br />

andar junto ao crescimento tecnológico<br />

da lavoura e obter níveis de<br />

retorno compatíveis com o uso máximo<br />

da terra.<br />

Visão Estratégica:<br />

Tempo/Área Efetiva das Pastagens/Sazonalidade<br />

de Produção do<br />

Capim. A permanecia do animal na<br />

fazenda, seja bezerro ou garrote, determina<br />

o nível de investimento necessário<br />

para transformá-lo em boi<br />

gordo e consequentemente a taxa<br />

de retorno do investimento. Essa<br />

categoria animal deve ser encarada<br />

como ativo circulante de capital,<br />

36<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


portanto, o tempo gasto para realização<br />

da venda do animal terminado<br />

será determinante das margens<br />

de lucro vindouras.<br />

Considerando que a recria<br />

deve ter como meta o desenvolvimento<br />

de pelo menos o dobro das<br />

arrobas compradas, ou seja, levar<br />

um bezerro de 6@ comprado com<br />

ágil (valor variável) para no mínimo<br />

12@, o cálculo do custo da arroba<br />

produzida na recria estará estritamente<br />

relacionado ao tempo de permanência<br />

do animal nessa fase.<br />

A variação dos resultados de<br />

campo é enorme e reflete o modelo<br />

adotado pelo criador, mas a recria<br />

feita em ciclo curto (como base de<br />

regra de 8 a 14 meses em sistemas<br />

intensivos ou semi intensivos), entrega<br />

o garrote para a engorda com<br />

seu custo de compra diluído, trazendo<br />

o custo final do animal recriado<br />

de 12 a 14@ para patamares mais<br />

adequados à saúde financeira do sistema.<br />

Vale ressaltar que o sistema de<br />

produção adotado é determinante<br />

para o resultado de ganho de peso,<br />

mas no sistema tradicional que não<br />

está em discussão aqui, experimentamos<br />

permanências de até 2 anos<br />

dos animais na fase de recria, com<br />

ganhos entre 3 e 4 arrobas por ano,<br />

transformando o capital de giro em<br />

praticamente ativo fixo, com pouca<br />

mobilidade e de baixo rendimento.<br />

Após analisamos o fator tempo, os<br />

outros dois fatores nos remetem ao<br />

entendimento global da atividade<br />

pecuária quando necessitamos de<br />

eficiência do uso da terra e do capital<br />

que dispomos, sendo eles a aérea<br />

efetiva de pastagem e a sazonalidade<br />

de produção do capim.<br />

Quando analisamos a área<br />

efetiva das pastagens buscamos entender<br />

a capacidade de produção de<br />

forragem previamente calculada, logicamente<br />

de acordo com nível de<br />

investimento aplicado nessa pastagem,<br />

que aponta o suporte de peso<br />

vivo animal que cabe na área e que<br />

sustente os ganhos de peso esperados.<br />

Concluímos então que a capacidade<br />

suporte de uma propriedade<br />

possui um único limitador, o tamanho<br />

da área; os outros aspectos de<br />

variação, sistema pastoril (capins de<br />

alta produção, tamanho dos pastos,<br />

pastejo alternado, rotacionado e etc)<br />

e lotação em cabeças por hectare<br />

(depende do peso animal inserido<br />

no sistema), são variáveis que conseguimos<br />

interferir e moldar estrategicamente<br />

o sistema para máxima<br />

capacidade de exploração.<br />

Já a sazonalidade de produção<br />

das forragens é um fator não negociável<br />

com a natureza, a não ser que<br />

implementemos um sistema de irrigação,<br />

que tem custo elevado e manejo<br />

complexo, não questionando<br />

aqui a sua viabilidade. Devemos extrair<br />

desse raciocínio que o principal<br />

fator determinante da capacidade<br />

de lotação das nossas propriedades<br />

são os meses onde os animais consomem<br />

o estoque de forragem sem<br />

reposição natural da mesma, ou seja,<br />

o período de seca.<br />

Além do período de estiagem<br />

que normalmente é definido,<br />

esbarramos no momento crítico<br />

da seca que compreende, com variações<br />

específicas de acordo com<br />

a região, o período final da estação<br />

seca, meados de setembro e outubro<br />

e com o início do período chuvoso<br />

em meados a final de novembro.<br />

Nesse período, o peso ideal<br />

de gado nas pastagens deve ser o<br />

menor possível, pois devemos permitir<br />

que as pastagens se reestabeleçam<br />

com vigor e volume, ao mesmo<br />

tempo que não ocorram perdas de<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

37


produção dos animais. Estabelecemos<br />

então a base de lotação da propriedade,<br />

demonstrado no gráfico.<br />

Todo pensamento do produtor durante<br />

o ano está voltado exatamente<br />

para esse período, quando seu negócio<br />

aparenta fragilidade e alto risco.<br />

Porém, esse modelo induz a perdas<br />

de capim no restante do ano, necessidade<br />

de implantar taxa variável de<br />

lotação e processos de gestão complexos<br />

como compra, venda, aquisição<br />

de alugueis, deslocamentos e<br />

outras ações que resultam em custos<br />

extras.<br />

Modificar esse processo<br />

para manter altas lotações com produção<br />

elevada e convivendo com a<br />

sazonalidade de produção das forragens<br />

é o nosso maior desafio, e estabelece<br />

novos números dentro das<br />

propriedades que buscam alternativas<br />

de aumento da produção.<br />

Sabendo ser impossível retirar<br />

os meses de transição e baixa<br />

produção de forragem do nosso<br />

ano agrícola, nos cabe implementar<br />

alternativas que reduzam ou anulam<br />

as influências negativas dessa fase.<br />

Intensificar a pecuária somente a<br />

pasto pode ser um tiro errado se não<br />

pensarmos na estratégia para esse<br />

período. Portanto, o aproveitamento<br />

intensivo das pastagens deve ter um<br />

direcionamento para o acabamento<br />

também intensivo e rápido, que<br />

consiga absorver toda a produção e<br />

desempenho do período das águas e<br />

transformá-la em receita no decorrer<br />

do mesmo ano. As técnicas de<br />

acabamento, seja em confinamento<br />

ou qualquer outra modalidade, propiciam<br />

o encaixe das engrenagens<br />

trabalhando em velocidade compatível<br />

para o desenvolvimento equilibrado<br />

do projeto pecuário intensificado.<br />

O principal ponto de entendimento<br />

para que o confinamento<br />

seja utilizado como ferramenta de<br />

produção atuante e que interfere em<br />

todas as bases da propriedade, é o<br />

fato de não mais existir animais nos<br />

pastos em fase de acabamento na<br />

fazenda, quando a relação peso dos<br />

animais e área ocupada força para<br />

a diminuição do número de cabeças<br />

alojadas por hectare. Compreendendo<br />

melhor essa matemática,<br />

uma propriedade que mantém mil<br />

cabeças em recria e engorda a pasto,<br />

possui aproximadamente 30% desse<br />

rebanho na fase de acabamento com<br />

peso médio acima de 450 kg, ou<br />

seja, uma unidade animal (UA) alojada<br />

no pasto de engorda, enquanto<br />

na recria, com peso médio de 300 kg<br />

por animal, teremos 1,5 animais alojados<br />

para compor o mesmo peso<br />

do animal em acabamento na mesma<br />

área.<br />

Isso representa aumento<br />

de lotação em cabeças por volta<br />

de 50% sob o rebanho de engorda.<br />

O perfil da fazenda passa a ter<br />

somente animais leves por unidade<br />

de área na recria, nos remetendo a<br />

entender que se não temos animais<br />

pesados nos pastos, e sim em confinamento,<br />

a área de pastagem efetiva<br />

da propriedade passa a alojar mais<br />

animais, que serão preparados para<br />

atingir entre 12 e 14@ no menor<br />

período de tempo possível e serão<br />

encaminhados para terminação em<br />

confinamento, semi confinamento<br />

ou confinamento a pasto. Consideramos<br />

que qualquer uma dessas<br />

técnicas vai minimizar ou excluir<br />

totalmente a necessidade de pastejo<br />

por parte dos animais devido a suplementação<br />

para terminação que<br />

os animais irão receber.<br />

Contextualizando a discussão,<br />

implantamos novas e vigorosas<br />

pastagens utilizando variedades de<br />

capim que estão sendo desenvolvidos<br />

para aumento da produtividade<br />

e suporte animal cada vez maior<br />

das áreas. Promovemos subdivisões<br />

dos pastos e implantamos sistemas<br />

rotacionados para pastejo intensivo<br />

aumentando ainda mais a capacidade<br />

de lotação da fazenda. Tudo isso<br />

a partir de um rebanho construído<br />

com rigor genético e sanitário para<br />

máximo desempenho, dentro de um<br />

sistema que atinge elevados níveis de<br />

lotação no período de maior disponibilidade<br />

de forragem sem se preocupar<br />

com a sazonalidade de produção<br />

do capim, pois após concluída<br />

a recria em ciclo curto e iniciado o<br />

período seco, encaminharemos os<br />

animais para a fase de conclusão do<br />

projeto.<br />

O confinamento do gado<br />

bem recriado corrige as inversões<br />

de desempenho no período crítico<br />

do ano e desloca a receita da propriedade<br />

para os meses de escassez<br />

no fornecimento de gado gordo<br />

proveniente dos pastos. Promove<br />

melhoria das pastagens permitindo<br />

a implantação do manejo de lotação<br />

com taxa variável na fazenda, sem<br />

alterar a quantidade de gado no estoque<br />

e mantendo as rédeas do negócio<br />

nas mãos do proprietário.<br />

38<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

39


Leonora Duarte<br />

Gerente de Processos da empresa IDEAGRI<br />

leonora.duarte@ideagri.com.br<br />

ECONOMIA E FINANÇAS<br />

Gestão Econômica<br />

versus<br />

Gestão Financeira<br />

Visões diferentes do seu negócio<br />

‘Economia’ e ‘Finanças’ são palavras com certa similaridade no significado e, em várias situações da linguagem<br />

comum, podem ser usadas como sinônimos. Todavia, quando relacionadas à gestão empresarial, elas denominam<br />

situações bastante diferentes. No agronegócio, assim como em qualquer área de atuação, o conhecimento<br />

sobre a diferença na terminologia e no uso de ‘econômico’ e ‘financeiro’ é fundamental para o gestor no sentido<br />

de viabilizar análises sobre a saúde do empreendimento.<br />

Regime de Competência X<br />

Regime de Caixa<br />

‘Regime’ é outra palavra<br />

que, no ambiente da gestão empresarial,<br />

não corresponde à sua usual<br />

definição. ‘Regime de Competência’<br />

e ‘Regime de Caixa’ são fundamentais<br />

no gerenciamento econômico-<br />

-financeiro do negócio. Quando nos<br />

referimos à competência, estamos<br />

falando de controles contábeis que<br />

registram as transações no momento<br />

em que elas acontecem. Já no<br />

regime de caixa, as operações são<br />

computadas quando o dinheiro for<br />

movimentado. No tocante à gestão,<br />

para chegarmos ao resultado financeiro,<br />

utilizamos o regime de caixa,<br />

registrando as movimentações na<br />

Demonstração do Fluxo de Caixa<br />

(DFC). O resultado econômico é<br />

obtido por meio do regime de competência,<br />

registrado na Demonstração<br />

de Resultado de Exercício<br />

(DRE). É fundamental destacar que<br />

um regime não é “melhor” do que<br />

o outro. São perspectivas diferentes.<br />

Formas distintas de compreensão<br />

do desempenho do negócio.<br />

Então, o que é a situação econômica<br />

do empreendimento?<br />

É, portanto, a situação contábil,<br />

isto é, o lucro ou o prejuízo<br />

apurado dentro de um regime de<br />

competência. Uma organização com<br />

ótima situação econômica possui<br />

grande quantidade de bens e direitos,<br />

que constituem seu patrimônio.<br />

O gestor precisa avaliar periodicamente<br />

os resultados contábeis da<br />

empresa para entender se o negócio<br />

está dando lucro ou prejuízo e avaliar<br />

a dimensão efetiva do patrimônio,<br />

do ativo e do passivo.<br />

E a situação financeira?<br />

Está relacionada ao caixa<br />

da empresa. Diz respeito aos rendimentos<br />

e às despesas que a organização<br />

apresenta ao longo de um<br />

determinado período, isto é, seu orçamento,<br />

que pode ser positivo ou<br />

negativo. Se a empresa tem recursos<br />

40<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


disponíveis para cobrir suas obrigações<br />

mais urgentes e as contas a<br />

pagar do período, a saúde financeira<br />

está boa. Contudo, se a empresa não<br />

conta com recursos suficientes ou<br />

acessíveis para honrar seus compromissos<br />

naquele momento, a saúde<br />

financeira não vai bem.<br />

Por que a análise de ambas as<br />

situações é importante para a<br />

gestão do negócio?<br />

Porque o negócio pode apresentar<br />

uma ótima situação econômica,<br />

sem ter uma situação financeira<br />

positiva. Como? Contando como<br />

certo, por exemplo, o recurso de<br />

muitas vendas realizadas, mas negociadas<br />

para recebimento parcelado.<br />

Nesse cenário, se os clientes ficarem<br />

inadimplentes (não havendo entrada<br />

de recursos) e, para piorar, havendo<br />

muitas despesas a serem honradas<br />

no momento, a saúde financeira<br />

será bem ruim. Em resumo, a empresa<br />

pode ter direitos a receber que<br />

não se concretizem como planejado<br />

e ter muitas obrigações sem ter dinheiro<br />

suficiente para saldá-las.<br />

• No exemplo acima, várias ações<br />

gerenciais podem ser realizadas<br />

no sentido de mitigar tais riscos,<br />

tais como: medidas contra<br />

a inadimplência, como um<br />

acompanhamento próximo e<br />

ações de incentivo à quitação<br />

de dívidas por parte dos clientes<br />

(como programas de fidelidade,<br />

descontos ou novos parcelamentos);<br />

planejamento das<br />

aquisições por meio do corte de<br />

custos; revisão da prioridade das<br />

aquisições; e negociação da forma<br />

de pagamento e dos prazos<br />

junto a fornecedores.<br />

De outro modo, pode-se encontrar<br />

uma empresa com situação<br />

financeira positiva e situação econômica<br />

ruim, quando, por exemplo, há<br />

dinheiro para pagar as obrigações<br />

do período, mas o ativo da entidade<br />

está em baixa ou existem muitas<br />

dívidas de empréstimos a serem<br />

quitadas no curto ou médio prazos.<br />

A empresa pode ter também um estoque<br />

enorme (ou seja, excesso de<br />

capital imobilizado), contudo ter um<br />

baixo volume de vendas. Ainda nesse<br />

cenário, o negócio pode estar com<br />

um bom fluxo de dinheiro (pagando<br />

e recebendo todas as contas em dia),<br />

mas observando uma rápida depreciação<br />

dos seus ativos e percebendo<br />

uma situação insustentável a médio<br />

prazo. Ou seja, saúde financeira boa,<br />

mas econômica ruim.<br />

• Melhorar as decisões de financiamento,<br />

controlar os ativos<br />

em estoque de forma eficiente<br />

ou criar oportunidades de vendas<br />

(ações de marketing, campanhas,<br />

acionamento de redes de<br />

contatos, etc.) são algumas das<br />

opções para que o gestor atue<br />

nas circunstâncias acima exemplificadas.<br />

Qualquer que seja a situação,<br />

planejamento e gestão qualificada<br />

são essenciais. Para manter as<br />

esferas financeira e econômica da<br />

organização equilibradas, é necessário<br />

contar com processos gerenciais<br />

adequados, seja no que tange às informações<br />

contábeis e no que se refere<br />

ao fluxo monetário.<br />

Que tal visualizar a questão em<br />

um exemplo prático?<br />

A análise das entradas e saídas<br />

de dinheiro é de uso comum no<br />

rotina dos gestores. Isto é, o fluxo<br />

de caixa é uma ferramenta amplamente<br />

aplicada no gerenciamento.<br />

Mas e a parte econômica? Devemos<br />

deixá-la exclusivamente para a análise<br />

após a contabilização dos documentos<br />

(procedimento normalmente<br />

realizado por um contador)? Ou<br />

podemos gerenciar as informações<br />

atuais de forma efetiva e alimentando<br />

ainda o planejamento das ações<br />

futuras?<br />

Organização no registro<br />

dos dados<br />

Um ponto fundamental<br />

para que os resultados sejam confiáveis<br />

é a organização dos dados na<br />

“alimentação” das planilhas ou sistema<br />

informatizado. Quando registramos,<br />

por exemplo, uma nota fiscal<br />

de compra, é importante atentar<br />

para aspectos básicos:<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

41


• O item adquirido será aplicado<br />

em que processo? Uma forma<br />

de organizar os processos é por<br />

centro de custos. Esses podem<br />

ser produtivos (isto é, terão<br />

despesas, mas também serão<br />

responsáveis pelo recebimento<br />

de faturamento) ou rateados (ou<br />

seja, processos que não geram<br />

receita, mas são fundamentais<br />

para o funcionamento do<br />

negócio).<br />

• O item adquirido não será aplicado<br />

em nenhum processo e,<br />

por isso, vai para o estoque?<br />

Neste caso, também é importante<br />

atentar para a gestão do<br />

estoque em si, isto é, por meio<br />

do inventário do estoque e do<br />

controle das entradas e saídas<br />

dos itens.<br />

• Além da definição da aplicação<br />

do item em algum processo ou<br />

da sua estocagem, deve-se classificar<br />

o seu tipo. Para tal, recomenda-se<br />

que o gestor adote<br />

um plano de contas gerencial<br />

adequado ao seu ramo de atividade.<br />

Tal classificação irá proporcionar<br />

análises econômicas<br />

essenciais para a apuração dos<br />

custos e facilitará o repasse de<br />

informações para o responsável<br />

pela contabilidade da atividade.<br />

• No registro da compra, os dados<br />

financeiros alimentam o<br />

fluxo de caixa da atividade. Qual<br />

é o fornecedor do item? Qual o<br />

valor total? Como foi definida<br />

a forma de pagamento? Houve<br />

parcelamento ou desconto?<br />

A partir desses dados, o<br />

gestor deve controlar informações<br />

posteriores, tais como a data de<br />

compensação do pagamento,<br />

possíveis multas por pagamento em<br />

atraso ou desconto por pagamento<br />

adiantado, etc.<br />

• A partir das atividades de organização<br />

acima, é possível visualizar<br />

a gestão econômica e a<br />

gestão financeira na prática. Vejamos<br />

um exemplo: aquisição de<br />

concentrado suplementar no valor<br />

de R$ 10.000,00 em janeiro.<br />

• Gestão econômica: o item adquirido<br />

foi integralmente utilizado<br />

no centro de custos ‘Pecuária<br />

Leiteira’. Isto é, o custo de<br />

produção foi impactado em R$<br />

10.000,00 no mês de aplicação<br />

do item (regime de competência).<br />

Para fins de análise da composição<br />

do custo de produção,<br />

o gasto foi classificado como 3.<br />

Despesa / 01. Insumos Pecuária<br />

/ 01. Alimentação Do Rebanho<br />

/ 01. Concentrado Protéico.<br />

• Gestão financeira: a compra<br />

foi dividida em 2 parcelas a partir<br />

do mês subsequente ao mês<br />

de aquisição. Ou seja, o fluxo<br />

de caixa terá duas saídas de R$<br />

5.000,00 nos meses de fevereiro<br />

e março (regime de caixa).<br />

A organização dos registros,<br />

seja para despesas ou para receitas, é<br />

indicada não apenas para o que já foi<br />

realizado, mas também para o planejamento<br />

(projeção) das movimentações<br />

futuras. O uso de um sistema<br />

informatizado pode facilitar bastante<br />

nesta questão ao permitir a réplica<br />

de uma despesa ou receita (automatizando<br />

o lançamento), garantindo a<br />

edição do registro (caso haja alguma<br />

alteração), sem que a informação do<br />

PREVISTO X REALIZADO seja<br />

perdida. Este é o conceito do planejamento<br />

orçamentário, que é uma<br />

ferramenta de grande relevância<br />

para a eficiência do gerenciamento<br />

econômico-financeiro.<br />

Dicas para melhorar o resultado<br />

do seu negócio<br />

Fator tempo<br />

Não esqueça de considerar<br />

o tempo. Quando os clientes realizarão<br />

o pagamento? Quanto tempo<br />

geralmente leva para um cliente<br />

pagar pelos produtos ou serviços?<br />

Quando sua empresa paga suas contas?<br />

Lembre-se de que cada real que<br />

você não possui pode prejudicar<br />

suas operações. Por isso, antecipe-se<br />

e saiba quando os pagamentos serão<br />

efetuados e as vendas recebidas. Tenha<br />

atenção com os prazos médios<br />

de pagamento e de recebimento.<br />

Planeje-se!<br />

Fator risco<br />

Prepare-se para emergências<br />

mantendo em caixa um dinheiro suficiente<br />

para cobrir as despesas por<br />

pelo menos um mês. Infelizmente,<br />

situações inesperadas acontecem e a<br />

gestão de riscos está aí para mitigar<br />

isso. Se necessário, crie contas de<br />

provisões para cada fim específico.<br />

Fator planejamento<br />

Faça um bom planejamento<br />

de orçamento. Planejar e estimar os<br />

ganhos, despesas e investimentos<br />

que a empresa terá em um período<br />

futuro é o primeiro passo para manter<br />

os lados econômico e financeiro<br />

equilibrados. No entanto, é preciso<br />

manter-se dentro do planejado, para<br />

que o futuro não reserve surpresas<br />

negativas.<br />

Resumindo...<br />

Escolher entre a gestão financeira<br />

ou a gestão econômica está<br />

fora de cogitação. Ambas oferecem<br />

uma perspectiva diferente quanto<br />

ao desempenho do seu negócio. Por<br />

isso, as informações devem ser analisadas<br />

tanto pelo Resultado Financeiro<br />

quanto pelo Resultado Econômico.<br />

42<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017


EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017<br />

43


44<br />

EDIÇÃO <strong>34</strong> | ANO 07 | NOV/DEZ 2017

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!