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Revista MB Rural 32 2017

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MATÉRIA ORGÂNICA – LUCRO E LONGEVIDADE NUM ÚNICO PARÂMETRO DO SOLO<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


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EDITORIAL<br />

Prezados leitores,<br />

Estamos no inverno vivenciando condições climáticas extremas<br />

como neve, geadas e chuvas de granizo no sul e frio intenso e<br />

atípico em algumas regiões do sudeste do país. Na região centro<br />

oeste e norte, além do longo período seco 120 dias de pluviômetro<br />

zerado, estamos convivendo também com altíssimas temperaturas<br />

e fortes ventanias, trio este que favorece o aumento das queimadas<br />

acarretando inúmeros problemas e gerando prejuízos a todos os<br />

segmentos, principalmente à pecuária e ao meio ambiente. Que país<br />

é esse que nos apresenta tamanha diversidade no clima? Este é o<br />

nosso país, o país do agronegócio, que apesar destas disparidades<br />

e dificuldades em relação ao tempo ainda suporta a instabilidade<br />

econômica causada basicamente pela ineficiência da gestão pública e<br />

pela imensa carga de corrupção que está impregnada em seu sistema<br />

político, afetando diretamente a todos nós.<br />

Mas este país gigante pela natureza e pela determinação de<br />

seu povo tem sua força renovada a cada nova safra agrícola, obtendo<br />

sucessivos recordes de produção tanto na agricultura como na<br />

pecuária. Parabéns aos profissionais do agronegócio que continuam<br />

a produzir bens e riquezas contribuindo de forma decisiva para o<br />

aumento do PIB nacional, apesar de tantos e imensos obstáculos.<br />

Este sucesso só está sendo possível graças ao aprimoramento e<br />

capacitação da mão de obra, para a prática de uma agricultura cada<br />

vez mais de precisão e uma pecuária cada vez mais profissional.<br />

Temos que continuar praticando e intensificando o exercício<br />

da capacitação, sem perder de vista o foco do nosso negócio, porque<br />

sempre existirão novos desafios, só assim permaneceremos fortes e<br />

poderemos contribuir para um país cada vez melhor, mais justo e<br />

mais humano.<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>MB</strong> RURAL traz 17 artigos técnicos e a cada<br />

edição vem se superando pela grandeza de conteúdo e layout de<br />

suas matérias. Obrigado a todos os parceiros e autores que são<br />

os verdadeiros “construtores “ desta nossa e nova <strong>MB</strong> RURAL<br />

nacional e virtual! Como sempre, leiam e colecionem!<br />

Finalizando lembro a todos que será inovador,<br />

surpreendente, mais completo e abrangente a Edição Especial de<br />

final de ano e nosso Guia <strong>Rural</strong> 2018. Acreditem, vamos encantar!<br />

Aguardem!<br />

Um forte abraço e boa leitura!<br />

Reinaldo Gil<br />

Eng. Agrônomo/<strong>MB</strong> Parceiro<br />

Índice<br />

10 | GESTÃO RURAL<br />

12 | FERTILIDADE DO SOLO<br />

15 | FERTILIDADE DO SOLO II<br />

18 | SUPLEMENTAÇÃO<br />

21 | FERTILIDADE DO SOLO III<br />

24 | SUPLEMENTAÇÃO II<br />

26 | MANEJO DE PASTAGENS<br />

29 |SUPLEMENTAÇÃO III<br />

34 | MANEJO DO SOLO<br />

37 | SANIDADE ANIMAL<br />

40 | SUPLEMENTAÇÃO IV<br />

43 | GENÉTICA ANIMAL<br />

46 | GENÉTICA ANIMAL II<br />

48 | MANEJO ANIMAL<br />

51 | INTEGRAÇÃO<br />

54 | CRÉDITO RURAL<br />

56 | OBRIGAÇÃO FISCAL<br />

Uma publicação do Grupo <strong>MB</strong> Parceiro<br />

Distribuição Gratuita<br />

Editores:<br />

Mauricio Bassani dos Santos<br />

CRMV-TO 126/Z<br />

Reinaldo Gil<br />

CREA 77816/D<br />

reinaldo.gil@uol.com.br<br />

(63) 98466 8919 / 98426 6697 (WhatsApp)<br />

Tiragem: 3.000 exemplares<br />

Contato Comercial Gurupí<br />

Maurício Fenelon<br />

(63) 99984 1439<br />

Projeto gráfico:<br />

Agência Lumia (63) 3602 3441<br />

Bruce Ambrósio e equipe<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> não possui matéria paga<br />

em seu conteúdo. As ideias contidas nos artigos<br />

assinados não expressam, necessariamente,<br />

a opinião da revista e são de inteira<br />

responsabilidade de seus autores.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> (Adm/Redação):<br />

Endereço:<br />

204 Sul Av. LO 03, QI 17 Lt 02<br />

Palmas - TO - Cep.: 77.020-464<br />

Fones: (63) 98466-0066 / <strong>32</strong>13 1630<br />

mauricio_bassani@yahoo.com<br />

A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO<br />

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Ronnie Valdo Mendes Brito<br />

Engenheiro Agrônomo<br />

rvaldo@gmail.com<br />

GESTÃO RURAL<br />

GERENCIAMENTO DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS<br />

ADMINISTRAÇÃO RURAL<br />

OS PRINCIPAIS INDICADORES DO LUCRO DA FAZENDA DE BOVINO DE CORTE<br />

O pecuarista de corte precisa observar itens para avaliar melhor suas finanças no final do mês. Indicadores<br />

zootécnicos e econômicos ajudam a tomar decisões sobre o rumo da gestão. Quanto o pecuarista terminador<br />

conhece dos seus resultados? Diferente do agricultor, que tem na ponta da língua quanto custa produzir uma boa<br />

lavoura de soja, o produtor de boiada muitas vezes planilha seus dados, mas não raro tem dificuldade de fechar a<br />

última linha.<br />

Para não exagerar na quantidade<br />

de informações e se perder em<br />

meio a elas é preciso ter atenção para<br />

mensurar o lucro de propriedades.<br />

Cada categoria de animais no sistema<br />

de criação representa um custo<br />

respectivamente. Quando consegue<br />

fechar o ciclo pecuário consegue<br />

uma maior rateio de custos na propriedade<br />

e consequentemente agrega<br />

rentabilidade das distintas fases<br />

de criação.<br />

Produção de @/ha/ano -<br />

Combinação de dois indicadores, a<br />

produção de @/ha/ano relaciona o<br />

volume de animais que o produtor<br />

consegue manter em determinada<br />

área com o desempenho que eles<br />

têm. É falar, então, da lotação média<br />

anual no pasto, considerando o período<br />

das águas e da seca, com a produtividade<br />

do rebanho. E quando<br />

fala de produtividade não se refere<br />

simplesmente ao ganho de peso na<br />

engorda. Todos os indicadores – de<br />

reprodução, fertilidade, mortalidade,<br />

peso à desmama, por exemplo,<br />

– interferem nesse desempenho.<br />

Na hora de fazer o cálculo,<br />

o que o produtor precisará medir<br />

é quantas unidades animais (UAsequivale<br />

a um animal de 450 kg )<br />

consegue manter em 1 hectare e<br />

qual a produção do rebanho em<br />

quilos. Tem que levantar quantas<br />

cabeças tem na propriedade no<br />

início e final de um período. Saber<br />

quantos animais comprou e quantos<br />

vendeu.<br />

A média brasileira é inferior<br />

a 5@/ha/ano, o que dificilmente<br />

proporciona um lucro satisfatório.<br />

Hoje, para ter uma pecuária<br />

competitiva, estamos buscando uma<br />

média de produção de 12@/ha/<br />

ano. O que depende de uma lotação<br />

média de 1,3 UA por hectare e ganho<br />

de peso acima de 460 gramas/dia.<br />

Desembolso/cabeça/mês - Outro<br />

indicador relevante quando o<br />

assunto é lucro é quanto o produtor<br />

gasta mensalmente para manter seu<br />

rebanho na fazenda. Os maiores<br />

centros de custo estão associados a<br />

mão-de-obra permanente e insumos<br />

para o rebanho – destes, o maior<br />

gasto é com nutrição. Outros itens<br />

referem-se ao custo com pastagem<br />

(investimentos + manutenção),<br />

parque de máquinas (incluindo<br />

investimentos), administração, taxas<br />

e impostos.<br />

Margem sobre a venda - Mesmo<br />

tendo uma boa produção de arrobas<br />

por hectare, o produtor não está livre<br />

de preocupações. Porque ainda<br />

que produza muito, ele pode gastar<br />

muito. É aí que entra a margem sobre<br />

a venda. O pecuarista deve buscar<br />

uma margem entre 20% e 25%<br />

com produção de nível tecnológico<br />

alto , o que consegue controlando<br />

seus custos, já que não depende dele<br />

definir o preço da @.<br />

O recomendado é ficar o<br />

mais perto possível dos 25%, já que<br />

é bastante difícil alcançar os 30%.<br />

Então, o que leva uma fazenda a ter<br />

o melhor resultado por hectare é um<br />

equilíbrio entre o que eu produzo,<br />

o que eu gasto e o valor da venda<br />

dos animais. Os índices zootécnicos<br />

de produção devem sempre serem<br />

mensurados como referencia de<br />

busca de produtividades atingíveis.<br />

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Mauricio Bassani<br />

Zootecnista/Zoofértil<br />

mauricio_bassani@yahoo.com<br />

FERTILIDADE DO SOLO<br />

O SOLO É SEU MAIOR PATRIMÔNIO PARTE 02:<br />

MATÉRIA ORGÂNICA<br />

LUCRO E LONGEVIDADE NUM ÚNICO PARÂMETRO DO SOLO<br />

No primeiro artigo desta série, ficou claro que as decisões individuais são as grandes responsáveis pelo sucesso<br />

ou fracasso no uso de tecnologias voltadas para a produtividade via melhoria da fertilidade. Neste artigo, vamos<br />

discutir sobre a importância do manejo da Matéria Orgânica no solo – em especial por a considerarmos um dos<br />

principais e mais efetivos parâmetros para expressar o potencial produtivo da maioria dos solos tropicais.<br />

São vários os fatores onde<br />

a matéria orgânica age sobre a<br />

fertilidade do solo e a mesma<br />

influência em quase todos os<br />

parâmetros químicos, físicos e<br />

biológicos do solo. Em especial<br />

o aumento dos teores da Matéria<br />

Orgânica eleva a CTC, potencializa<br />

a retenção de nutrientes e água,<br />

melhora a aeração, permeabilidade<br />

e a estabilidade dos agregados do<br />

solo, reduz a temperatura superficial<br />

do solo, estimula o desenvolvimento<br />

da vida microbiana e a consequente<br />

reduz o impacto dos agentes<br />

patogênicos, dentre vários outros<br />

benefícios diretos e indiretos ao solo<br />

e a produtividade – fator diretamente<br />

relacionado ao lucro / hectare.<br />

A pesquisa tem mostrado<br />

que a queda da matéria orgânica é<br />

visivelmente acompanhada pela<br />

queda de produtividade. Um erro<br />

comum é acreditar que em solos<br />

argilosos reduz-se a importância<br />

da Matéria Orgânica. Neste<br />

sentido, é importante ressaltar que<br />

as pesquisas têm mostrado que a<br />

queda de produção mediante queda<br />

nos teores de matéria orgânica é<br />

mais rápida nos solos arenosos, mas<br />

também ocorre mais lentamente<br />

nos solos argilosos.<br />

Outra situação inesperada<br />

são as perdas de produtividade em<br />

sistemas com grande inclusão de<br />

insumos e tecnologias produtivas –<br />

altas doses de calagem, gessagem,<br />

fertilizantes, nematicidas, inseticidas,<br />

herbicidas, adubos foliares e outras<br />

importantes tecnologias.<br />

Vejam que o problema não<br />

é o uso das tecnologias, mas sim a<br />

falta de ambiente biológico, derivado<br />

da falta de estratégias voltadas ao<br />

manejo da M.O do solo. Portanto,<br />

as reduções nos teores de M.O. não<br />

são um problema específico de áreas<br />

arenosas, degradadas ou com “baixo<br />

uso de tecnologias produtivas”.<br />

Neste sentido, é importante<br />

ressaltar que também é insucesso<br />

obtermos baixos aumentos de produtividade<br />

diante de tantos novos<br />

investimentos realizados pelos produtores<br />

rurais nestes últimos anos.<br />

Sendo assim, nossa recomendação<br />

não é simplista de apenas<br />

incluir a Matéria Orgânica como<br />

mais um parâmetro a ser analisado<br />

no solo. Há muitos anos a mesma<br />

já faz parte do pacote mínimo em<br />

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qualquer análise química do solo<br />

que se preze. Nossa recomendação<br />

é que a Matéria Orgânica deve ser<br />

colocada como ponto fundamental<br />

e prioritário nos trabalhos de manejo<br />

da fertilidade do solo.<br />

Do contrário todos os investimentos<br />

produtivos poderão<br />

ser subutilizados – desde corretivos,<br />

fertilizantes e inseticidas. Também<br />

não aproveitaremos de forma eficiente<br />

os novos materiais genéticos<br />

estão surgindo derivados enormes<br />

investimentos em pesquisa.<br />

Faz-se necessário aplicarse<br />

práticas produtivas onde os<br />

benefícios do incremento da M.O.<br />

possam ser explorados ao máximo.<br />

Sendo assim, princípios<br />

tais como repensar os modelos de<br />

reformas de pastagens, qualificar<br />

equipes sobre as práticas de manejo<br />

adotadas, garantir resíduos de<br />

forragem e/ou palhadas sobre o<br />

solo, utilizar materiais genéticos<br />

eficientes em melhorar o perfil<br />

do solo, ter objetivos claros ao<br />

revolver o solo, utilizar-se de todas<br />

as fontes de M.O. disponíveis são<br />

ações práticas que devem fazer<br />

parte do planejamento estratégico e<br />

produtivo de uma propriedade.<br />

Também é muito importante<br />

renovarmos o conhecimento sobre<br />

o uso dos “Sistemas Integrados<br />

de Produção”. Com certeza a<br />

integração agricultura pecuária fará<br />

cada dia mais parte dos processos<br />

voltados a melhoria da Matéria<br />

Orgânica do solo. Neste sentido, o<br />

conhecimento e estudo aprofundado<br />

de cada estratégia trarão a clareza<br />

das vantagens financeiras e a<br />

motivação para aplicá-los de forma<br />

plena e profissional. Além disso,<br />

aproveitar-se dos sinergismos das<br />

atividades ou ciclos produtivos<br />

exige muita responsabilidade<br />

técnica e competência operacional<br />

– fato possível apenas a aqueles que<br />

realmente entenderem do sistema<br />

adotado.<br />

Deste modo, converse mais<br />

com seu técnico (Agrônomo, Zootecnista<br />

ou outro profissional qualificado<br />

no tema solos) sobre como<br />

montar um plano de trabalho onde<br />

a Matéria Orgânica seja parâmetro<br />

fundamental para a tomada de decisão.<br />

Também busque pesquisas,<br />

simpósios e cursos sobre este tema.<br />

Os próprios agentes de pesquisa do<br />

Tocantins (E<strong>MB</strong>RAPA, UFT e Unitins)<br />

vêm produzindo regionalmente<br />

interessantíssimos trabalhos sobre<br />

o assunto, mas temos visto que<br />

muitos técnicos e produtores ainda<br />

não se sensibilizaram para a importância<br />

do tema e destas pesquisas regionais.<br />

Somente com sabedoria (liderança),<br />

objetividade (estratégia) e<br />

competência (equipes qualificadas)<br />

será possível transformar as pesquisas,<br />

conhecimentos e tecnologias<br />

atualmente disponíveis em Projetos<br />

lucrativos e sustentáveis – condições<br />

essenciais aos negócios agropecuários<br />

de sucesso. “Compre esta<br />

briga”, com certeza o tempo e os<br />

resultados vão mostrar que optou<br />

pelo caminho certo.<br />

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Dr. Gentil Cavalheiro Adorian<br />

Eng. Agrônomo e Dr. em Fitotecnia<br />

gentil.cav@gmail.com<br />

FERTILIDADE DO SOLO II<br />

FIXAÇÃO BIOLÓGICA<br />

DE NITROGÊNIO<br />

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás somente dos Estados Unidos. A área plantada na safra<br />

2016/<strong>2017</strong> foi de 33,890 milhões de hectares, com produção total de 113,923 milhões de toneladas, segundo dados<br />

da Embrapa Soja. A soja brasileira apresenta alta competitividade no mercado externo, onde gerou, neste ano,<br />

incluindo seus derivados (óleo e farelo), uma renda de U$ 25,4 bilhões e, isso certamente não seria possível sem a<br />

fixação biológica de nitrogênio.<br />

O nitrogênio (N) é um elemento<br />

essencial às plantas, para a<br />

grande maioria, o mais requerido,<br />

participando de processos fisiológicos<br />

como a fotossíntese, onde é<br />

componente estrutural da clorofila<br />

(pigmento de cor verde responsável<br />

por receptar a luz solar), e também,<br />

da estrutura de aminoácidos, proteínas,<br />

dentre outros componentes de<br />

importância bioquímica e fisiológica<br />

da planta.<br />

A cultura da soja, para cada<br />

tonelada de grão produzida, consome<br />

aproximadamente 80 kg.ha-1 de<br />

N, e com uma produtividade média<br />

de 3 toneladas por hectare (50<br />

sacas), seria necessário assimilar<br />

240 kg.ha-1 de N. Utilizando, por<br />

exemplo, como fonte de nitrogênio<br />

o fertilizante sulfato de amônio, que<br />

apresenta em torno de 20% de N,<br />

gastaria 1.200 kg.ha-1 do fertilizante.<br />

Isso, com certeza, aumentaria<br />

muito os custos da produção, provavelmente<br />

tornando pouco viável a<br />

produção. A cultura do milho, por<br />

sua vez, para cada tonelada de grão<br />

produzida, assimila aproximadamente<br />

25 kg.ha-1 de N.<br />

Para uma produtividade média<br />

de 7 toneladas por hectares, seria<br />

consumido aproximadamente 140<br />

kg.ha¬-1 de N.<br />

No solo, o nitrogênio é um elemento<br />

pouco abundante, geralmente<br />

está presente na matéria orgânica<br />

(em torno de 40 kg.ha-1 de N a cada<br />

1% de matéria orgânica), que após<br />

mineralizada (decomposta) disponibiliza<br />

o nutriente para a absorção<br />

das plantas. O maior reservatório de<br />

nitrogênio no planeta é a atmosfera,<br />

que contém cerca de 78% de N2<br />

(nitrogênio atmosférico), porém, a<br />

forma N2 não é assimilável pelas<br />

plantas, que somente é possível se<br />

o elemento seja fixado na forma de<br />

NH4+ (amônio).<br />

A fixação de nitrogênio<br />

pode ocorrer de forma natural ou<br />

industrializada. Industrialmente, o<br />

nitrogênio é fixado por um processo<br />

chamado de Haber-Bosch, que<br />

foi desenvolvido na Alemanha, e<br />

utilizado pela primeira vez, em grande<br />

escala, para produzir explosivos<br />

durante a Primeira Guerra Mundial.<br />

Hoje em dia, utilizado para a<br />

produção de fertilizantes. Naturalmente,<br />

o nitrogênio pode ser fixado<br />

por descargas elétricas durante uma<br />

tempestade, formando óxidos de<br />

nitrogênio, que dissolvido na água<br />

da chuva cai ao solo e transforma-<br />

-se em nitrato, ficando prontamente<br />

disponível para absorção pelas plantas.<br />

Entretanto, a fixação biológica é<br />

responsável por 90% da fixação natural<br />

do nitrogênio.<br />

A fixação biológica de nitrogênio<br />

(FBN) pode ser realizada por<br />

bactérias de vida livre (sem estarem<br />

associadas com raízes) ou por bacté-<br />

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ias associadas às raízes das plantas.<br />

Geralmente, a associação<br />

ocorre entre plantas das famílias das<br />

leguminosas (por exemplo, soja, feijão,<br />

crotalária) com bactérias dos gêneros<br />

Rhyzobium, Bradyrhizobium,<br />

Azorhizobium, Sinorhizobium e<br />

Photorhizobium.<br />

Na cultura da soja, as bactérias<br />

do gênero Bradyrhizobium<br />

são inoculadas às sementes ou adicionadas<br />

no sulco durante o plantio,<br />

dispensando totalmente, ou quase<br />

totalmente, o uso da fertilização nitrogenada.<br />

Bactérias do gênero Azospirillum<br />

estão sendo inoculadas com<br />

gramíneas para suprir parcialmente<br />

a demanda de nitrogênio na cultura<br />

do milho e nas pastagens. Porém,<br />

a eficiência em fixar e fornecer nitrogênio<br />

para as gramíneas por esse<br />

gênero de bactéria não é tão eficiente<br />

quanto as do gênero Bradyrhizobium<br />

são para as leguminosas, certamente<br />

havendo a necessidade de<br />

complementação com fertilizantes.<br />

Trabalho acadêmico realizado<br />

em Ponta Grossa, PR, demonstrou<br />

redução de 50% da dose de nitrogênio<br />

recomendada para a cultura<br />

Raízes de plantas de soja demonstrando os nódulos formados<br />

da associação com as bactérias fixadoras de nitrogênio.<br />

do milho com a inoculação de Azospirillum.<br />

Em Nova Xavantina, MS,<br />

foi observado aumento significativo<br />

na taxa de alongamento foliar do capim<br />

Marandu. Logicamente, a eficiência<br />

da inoculação é dependente de<br />

vários fatores, como uso de estirpes<br />

de qualidade, da conservação, condições<br />

do solo, do clima e da aplicação.<br />

Cuidados redobrados devem se<br />

ter em regiões de altas temperaturas<br />

e insolação, como o caso do Cerrado.<br />

Todavia, ainda há necessidade de<br />

mais estudos, para melhor eficiência<br />

do uso dos inoculantes.<br />

O uso integrado (co-inoculação)<br />

entre Bradyrhizobium e<br />

Azospirillum na cultura da soja é<br />

uma prática que está sendo estudada,<br />

e trabalhos demonstram resultados<br />

positivos. Porém, as respostas<br />

à co-inoculação pode ser variável<br />

entre as regiões e também de cultivar<br />

para cultivar, como demonstra<br />

o estudo feito pela Universidade<br />

do Oeste do Paraná, em Marechal<br />

Rondon, onde, a cultivar BMX Turbo<br />

apresentou resposta positiva em<br />

produção quando co-inoculada em<br />

relação à cultivar Coodetec 250. Mas<br />

isso, conforme a literatura é esperado,<br />

uma vez que, a associação das<br />

bactérias do gênero Azospirillum<br />

ocorre na superfície das raízes, o<br />

que gera resultados muito variados,<br />

pois está sujeita a sofrer ações de fatores<br />

externos ao solo.<br />

Já a associação com Bradyrhizobium<br />

ocorre no lado interno<br />

da raiz, onde as condições se encontram<br />

mais controladas.<br />

Contudo, mais estudos devem<br />

ser feitos e, certamente, muito<br />

próximo haverá mais resultados satisfatórios<br />

de pesquisas com inoculação<br />

e/ou co-inoculação em plantas,<br />

com novos métodos e técnicas<br />

de aplicação que ampliem a produção<br />

das culturas, principalmente, nas<br />

novas fronteiras agrícolas.<br />

16<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


14 e 15 de Setembro | Palmas | TO<br />

Endereço | Colégio<br />

São Francisco de Assis,<br />

108 Norte, Alameda 02,<br />

lote 02. Plano Diretor Norte<br />

Palmas | TO<br />

Informações<br />

e inscrições:<br />

www.srbto.com.br<br />

Tel.: (63) 3361-1837<br />

14|09|<strong>2017</strong> 15|09|<strong>2017</strong><br />

08:00 Credenciamento e entrega de material<br />

09:00 - 09:30 Abertura oficial<br />

09:30 - 10:30 Perspectivas do mercado pecuário e insumos<br />

Thiago Bernardino de Carvalho - CEPEA/ ESALQ<br />

10:30 - 11:00 Intervalo - Coffee Break<br />

11:00 - 12:00 O controle parasitário e sua interpolação com o lucro na pecuária de corte<br />

Daniel de Castro Rodrigues - MSD Saúde Animal<br />

12:00 - 14:00 Almoço<br />

14:00 - 15:00 Protocolos curtos em programas de IATF em novilhas Bos taurus e Bos indicus<br />

Lucas Coelho Peres - Clivar Reprodução Bovina<br />

15:00 - 16:00 Programas de IATF em bovinos de leite e corte<br />

Roberto Sartori - Universidade de São Paulo/USP<br />

16:00 - 16:30 Intervalo - Coffee Break<br />

16:30 - 17:30 Como Utilizar a Genética em Programas de IATF ou Monta Natural<br />

José Bento Sterman Ferraz - Universidade de São Paulo/ USP<br />

17:30 - 18:30 Fatores que afetam a mortalidade embrionária e perda gestacional em Bovinos<br />

Roberto Sartori - Universidade de São Paulo/USP<br />

09:00 - 10:00 A contribuiçao da Transferência de Embrião para o aumento<br />

da produção de carne e leite<br />

Pietro Baruselli - Universidade de São Paulo/ USP<br />

10:00 - 10:30 Intervalo - Coffee Break<br />

10:30 - 11:30 A importância dos cuidados sanitários para aumentar a taxa de desmame<br />

Henderson Ayres - MSD Saúde Animal<br />

11:30 - 12:30 Programas de ressincronização em tempo fixo em bovinos de corte<br />

Pietro Baruselli - Universidade de São Paulo/ USP<br />

12:30 - 14:00 Almoço<br />

14:00 - 15:00 Vacas Vazias também dão Lucro?<br />

Marcelo Dominici - Premix<br />

15:00 - 16:00 A Importância do Controle de Plantas Daninhas na Produtividade das Pastagens<br />

Reginaldo Farias Souza - Dow AgroSciences<br />

16:00 - 16:30 Intervalo - Coffee Break<br />

16:30 -17:30 A Influência da Pastagem na Produção e Reprodução Bovina<br />

Wagner Pires - Wagner Pires Consultoria<br />

17:30 - 18:30 Mesa Redonda<br />

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A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

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Julliano Pompei<br />

Médico Veterinário<br />

Técnico de Nutrição Animal Matsuda<br />

SUPLEMENTAÇÃO<br />

PERÍODO SECO<br />

PREVENIR OU REMEDIAR<br />

Sem dúvida alguma os consumidores de carne de todo o mundo buscam a cada dia mais qualidade. Qualidade<br />

proveniente de animais criados a pasto, pois a carne bovina é um alimento altamente saudável, e com isso o Brasil<br />

passa a ter grandes perspectivas na pecuária brasileira, se tornando um dos poucos países em condições de fornecer<br />

carne bovina ao mercado mundial.<br />

Um estudo feito pela FAO,<br />

órgão da ONU (Organização das<br />

Nações Unidas) que acompanha a<br />

agricultura e pecuária, aponta que<br />

em quatro anos a carne bovina brasileira<br />

será responsável por ¼ de todo<br />

o consumo de carne bovina do mundo,<br />

mas isso exigirá dos produtores<br />

competência e profissionalismo, adquirindo<br />

novas tecnologias práticas<br />

e economicamente viáveis, mas para<br />

isso temos que seguir alguns passos<br />

importantes como correta nutrição<br />

animal, controle sanitário eficiente e<br />

um bom melhoramento genético.<br />

É importante que se faça<br />

às suplementações necessárias para<br />

que possamos corrigir as deficiências<br />

nutricionais que ocorrem em<br />

determinadas época do ano e nenhum<br />

sistema é tão eficiente quanto<br />

a bovinocultura a pasto.Devido<br />

a sazonalidade da produção de<br />

forragem que ocorre nas pastagens<br />

do Brasil central,ocorre uma queda<br />

na produção e também dos valores<br />

nutritivos no período seco do<br />

ano,acaba gerando a desnutrição dos<br />

animais criados a pasto,tendo como<br />

consequência o baixo ganho de<br />

peso, ou mesmo a perda deste nesta<br />

época,pois o consumo de forragem<br />

é frequentemente afetado por baixa<br />

concentração de nutrientes como<br />

sódio (Na), Nitrogênio (N), Fósforo<br />

(P), e outros minerais e vitaminas citados<br />

por Carvalho, Barbosa & Mc-<br />

Dowell em 2003.<br />

Durante décadas foi aceita a<br />

hipótese de que o Fósforo (P) era o<br />

principal nutriente limitante na criação<br />

de animais a pasto na época seca.<br />

Após diversos trabalhos conduzidos<br />

por todo o mundo se concluiu que<br />

o fósforo não é o limitante, mas<br />

sim a proteína, que já era cogitada<br />

há décadas passadas. Porém o que<br />

assusta muito é que ainda hoje se<br />

encontra com facilidade propriedades<br />

que abolem ou desconhecem a<br />

utilização de suplementos proteicos<br />

para o período da seca, para evitar as<br />

limitações que os animais têm neste<br />

período, e também os prejuízos que<br />

a falta desta proteína pode causar.<br />

A suplementação dos animais<br />

no período seco do ano eleva<br />

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EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


ao redor de 35% a ingestão de matéria<br />

seca e proporciona menores<br />

perdas de peso, e quando usada em<br />

conjunto com mineral e energia esta<br />

resposta pode ser ainda maior, e<br />

muitas vezes é possível se obter ganhos<br />

relativos.<br />

Este aumento na ingestão<br />

acontece porque a digestão dos<br />

bovinos é realizada através de um<br />

processo de fermentação microbiana,<br />

realizada por fungos, bactérias e<br />

protozoários, este conjunto de microrganismos<br />

são chamados de microbiota<br />

ruminal.<br />

A nutrição dos ruminantes<br />

depende diretamente da simbiose<br />

entre o animal e a microbiota ruminal<br />

que habita o seu aparelho digestivo,<br />

pois, quando um bovino ingere<br />

alimento, na verdade ele está fornecendo<br />

nutrientes para a microbiota<br />

ruminal, que é responsável pela<br />

fermentação e digestão, fazendo o<br />

desdobramento destes alimentos<br />

ingeridos e para então fornecer os<br />

nutrientes que alimentará o animal.<br />

Porém se houver deficiência<br />

ou ausência de alguns nutrientes<br />

limitantes para o desenvolvimento<br />

e proliferação dos microrganismos<br />

como por exemplo, a proteína (nitrogênio),<br />

pode ocorrer uma diminuição<br />

na proliferação da microbiota<br />

ruminal, aumentando o tempo de<br />

passagem dos alimentos pelo tubo<br />

digestivo dos animais, diminuindo<br />

também a eficácia da digestão. E<br />

é justamente o que ocorre com as<br />

pastagens nesta época seca do ano,<br />

os níveis de proteína caem cerca<br />

de 50% (tendo uma média de 3,5 a<br />

4,5% de proteína bruta se levarmos<br />

em consideração as brachiarias de<br />

modo geral), seguida dos minerais<br />

que caem de 50 até 80%, enquanto a<br />

energia diminui de 15 a 20%.<br />

Para que possamos suprir<br />

no mínimo a manutenção desta microbiota<br />

devemos fornecer ao menos<br />

7% de proteína bruta, somente<br />

para manutenção, situação esta que<br />

não ocorre em pastagens tropicais<br />

no período da seca. Por este motivo<br />

o produtor deve ter reservas de pasto<br />

em sua propriedade, mesmo que<br />

seco ou passado, conhecido como<br />

“buxa ou massega”, pois com a utilização<br />

de proteinados para o período<br />

seco, que contenham além de todos<br />

os minerais essenciais, fontes de<br />

proteína (nitrogênio), aminoácidos<br />

e energia para os microrganismos<br />

do rúmen, para que assim consigam<br />

aproveitar estas pastagens de baixa<br />

qualidade, e evitar a perda de peso<br />

dos animais, e possibilita ganhos razoáveis<br />

de acordo com a disponibilidade<br />

e também a qualidade dos pastos,<br />

mesmos secos, evitando assim<br />

o famoso e indesejável efeito “boi<br />

sanfona”.<br />

Se esses passos não forem<br />

seguidos, as propriedades não alcançarão<br />

índices zootécnicos satisfatórios,<br />

como abate dos animais antes<br />

de completarem 30 meses de idade<br />

e fêmeas com o primeiro parto ao<br />

redor de 27 meses.<br />

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EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


Renato Antônio Borghetti<br />

Eng. Agrônomo<br />

M.Sc. Solos e Nutrição de Plantas/UFV<br />

renato@grupoborghetti.com.br<br />

FERTILIDADE DO SOLO III<br />

MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO<br />

A SOLUÇÃO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES<br />

Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas) o mundo terá 9,7 bilhões de pessoas em 2050, se a<br />

tendência de consumo permanecer, precisaremos produzir 60 % mais alimentos, 50 % mais energia e 40 % mais<br />

água. Não temos escolha, necessitamos ser mais eficazes no uso dos recursos naturais, dentre eles o solo. O Brasil<br />

possui aproximadamente 140 milhões de hectares de áreas degradadas segundo dados no Ministério do Meio<br />

Ambiente, são áreas onde algum processo ou ação climática ou antrópica, alteraram suas características originais,<br />

como a ocorrência de erosão, perda da fertilidade natural e exposição do solo.<br />

Uma propriedade muito<br />

importante para manutenção da<br />

qualidade produtiva e estrutural do<br />

solo, é o teor de Matéria Orgânica<br />

do Solo (MOS). Em áreas bem<br />

manejadas, esta representa em<br />

média, 5 % da composição total do<br />

solo.<br />

A MOS é composta por<br />

resíduos vegetais, animais e de micro-organismos,<br />

influencia nas características<br />

químicas do solo como<br />

maior disponibilidade de fósforo<br />

para as culturas, auxilia na retenção<br />

de água e nutrientes, evitando as<br />

perdas por lixiviação (lavagem pela<br />

água da chuva), altera a densidade<br />

do solo, permitindo melhor aeração<br />

e crescimento de raízes melhorando<br />

a estrutura do solo. Seus bons teores,<br />

podem suprir a falta de argila em<br />

solos arenosos, em função da característica<br />

de agrupamento de partículas<br />

formando agregados estáveis,<br />

nestes casos, solos arenosos podem<br />

apresentar comportamento de solos<br />

com maiores teores de argila. Além<br />

disso, a MOS tem efeito estimulante<br />

nas plantas, sendo a única forma de<br />

armazenar nitrogênio (N) no solo.<br />

Apesar de todos esses benefícios e<br />

importância, a MOS tem sido bastante<br />

negligenciada por grande parte<br />

dos pecuaristas e agricultores.<br />

Mas como podemos melhorar<br />

os teores de MOS? Precisamos<br />

romper com os modelos tradicionais<br />

de cultivo e adotar novas práticas<br />

sustentáveis e conservacionistas,<br />

como uso do Sistema de Plantio Direto<br />

na Palha (SPD), e a integração<br />

Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF)<br />

tecnologias já usadas por parte dos<br />

agricultores, que visam além de<br />

maior acúmulo de Carbono no sistema,<br />

manter a cobertura permanente<br />

do solo e a ciclagem constante de<br />

matéria orgânica.<br />

A presença de árvores no<br />

sistema contribui com um sistema<br />

radicular bastante profundo, permitindo<br />

a exploração em profundidades<br />

de solo não exploradas por<br />

culturas agrícolas. Além disso, as<br />

plantas leguminosas auxiliam no<br />

aporte de nitrogênio no solo, capturando-o<br />

da atmosfera e fixando-o<br />

por meio de micro-organismos simbióticos.<br />

Resultados de pesquisa mostram<br />

que a conversão do sistema<br />

convencional de plantio pelo iLPF,<br />

pode em até 4 anos, gerar MOS similar<br />

a solos de mata. Nestes casos<br />

o uso de plantas forrageiras do gênero<br />

brachiaria nos sistemas podem<br />

explicar a maior rapidez na recuperação<br />

dos teores de MOS.<br />

Na agricultura a sucessão<br />

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de soja e braquiária, ou soja safra e<br />

milho/ braquiária na safrinha tem<br />

trazido excelentes resultados de<br />

produtividade, em parte graças ao<br />

aumento dos teores de MOS. Nesse<br />

sistema, a produtividade da cultura<br />

da soja pode aumentar em até 30 %,<br />

principalmente em anos com poucas<br />

chuvas isso por que os restos da<br />

braquiária funcionam como proteção<br />

natural mantendo a umidade do<br />

solo e a grande quantidade de raízes<br />

da gramínea auxiliam em uma irrigação<br />

indireta por capilaridade trazendo<br />

águas mais profundas até as<br />

raízes da cultura.<br />

Trabalhos recentes da Embrapa<br />

gado de corte mostram que<br />

o cultivo de soja sobre a palhada<br />

de capins dos gêneros brachiaria e<br />

panicum podem aumentar a produtividade<br />

em mais de 10 sacas/ha,<br />

quando comparado a soja produzida<br />

sobre palhada somente de milho.<br />

Em outras pesquisas a Embrapa<br />

Agrossilvipastoril em Sinop<br />

(MT) obtiveram ganhos de <strong>32</strong> arrobas<br />

por hectare (ha) em área de<br />

eucalipto com dois anos de soja na<br />

safra com milho/brachiaria na safrinha,<br />

enquanto que nas áreas de pecuária<br />

exclusiva o ganho foi de 17<br />

arrobas/ha, isso mostra um aumento<br />

de cinco vezes a média nacional,<br />

ocasionados devido além do fator<br />

solo, pela maior ambiência dos animais<br />

expostos à sombra.<br />

Outro fator importante,<br />

é manter um balanço nutricional<br />

equilibrado, investindo na correção<br />

do solo com calcário, gesso e em<br />

adubação mineral e orgânica, pois<br />

propiciam melhores condições de<br />

crescimento radicular e maior volume<br />

de material vegetal, devolvendo<br />

ao sistema os nutrientes exportados<br />

pelas culturas, através da maior ciclagem<br />

dos resíduos vegetais.<br />

Uma pratica bastante comum nas<br />

áreas de pastagens e que deve ser<br />

evitada é o uso do fogo como uma<br />

opção de manejo devido ao baixo<br />

custo e fácil aplicação. A queima do<br />

material vegetal sobre o solo resulta<br />

em um aumento bastante expressivo<br />

da produtividade em função da<br />

rápida disponibilidade de nutrientes<br />

contidos nas cinzas. Porém a longo<br />

prazo a tendência é que ocorra<br />

uma redução nos teores desses nutrientes,<br />

além de maior incremento<br />

de plantas invasoras e exposição do<br />

solo aos processos erosivos.<br />

Investir em produção sustentável<br />

é uma necessidade para se<br />

produzir mais alimentos de forma<br />

segura, com alternância de atividades,<br />

de forma a tornar nossas áreas<br />

mais rentáveis e equilibradas permitindo<br />

uma ciclagem de nutrientes e<br />

atividade microbiana constante.<br />

Sem dúvida a mudança<br />

de sistema requer planejamento<br />

e acompanhamento técnico,<br />

mudanças que podem ser onerosas<br />

nos primeiros anos, mas ao longo do<br />

tempo, os benefícios são ampliados<br />

e os ganhos serão vistos no bolso do<br />

produtor.<br />

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EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


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Bruno Soares Pires de Mello Tristão<br />

Zootecnista / Agroquima<br />

bruno.tristao@agroquima.com.br<br />

Luis Felipe Felix Monteiro<br />

Zootecnista / Agroquima<br />

luis.felipex8@hotmail.com<br />

SUPLEMENTAÇÃO II<br />

ESTRATÉGIA DE<br />

SUPLEMENTAÇÃO NA SECA<br />

A atividade de pecuária de corte vem enfrentando cada vez mais desafios, e o estreitamento das suas margens de<br />

lucro tem se evidenciado com o decorrer das últimas décadas, frente a isto, não há condições de continuar trabalhando<br />

com os baixos índices de produtividade. Tem-se, então, que maximizar as respostas com uso de tecnologias<br />

viáveis economicamente. Esta situação desafia a pecuária de corte a produzir de forma eficiente, de modo a reduzir<br />

a idade de abate para 24 meses, com animais terminados a pasto, sem a necessidade de confinamento.<br />

Porém, a maior dificuldade<br />

para produção de carne a pasto, em<br />

condições tropicais e subtropicais, é<br />

a ocorrência da sazonalidade de produção<br />

das plantas forrageiras. Isto<br />

reflete em oscilações na produtividade<br />

e na qualidade das forrageiras<br />

durante o ano, sendo responsável<br />

por baixos índices zootécnicos.<br />

Com isto, há a necessidade<br />

de usar estratégias nutricionais,<br />

como o uso da suplementação proteica<br />

ou proteico energética, eliminando<br />

as fases negativas do crescimento<br />

(seca), reduzindo a idade ao<br />

abate e diluindo o custo fixo, além<br />

de aumentar o capital de giro. A<br />

suplementação na seca é, indiscutivelmente,<br />

excelente alternativa para<br />

incrementos nos ganhos.<br />

O uso de sal proteinado, em<br />

geral, mantém os pesos ou permite<br />

leves ganhos adicionais (100 a 200<br />

g/dia) no período. Já suplementos<br />

proteico-energéticos de baixo consumo<br />

(até 0,1-0,3%PV) tem propiciado<br />

ganhos superiores a 400 g/<br />

animal/dia). Porém muitas das experiências<br />

tem sido negativas, ou<br />

abaixo do esperado, não pela qualidade<br />

dos produtos, mas sim por<br />

erros básicos na própria fazenda,<br />

sendo mais frequente o manejo inadequado<br />

das pastagens no período<br />

das águas, ocasionado baixas ofertas<br />

de foragem no período da seca.<br />

O fator de maior importância<br />

para o sucesso de um programa<br />

de nutricional a pasto é a oferta adequada<br />

de forragem. Em segundo<br />

plano, a qualidade, pois o objetivo<br />

da suplementação é complementar<br />

os nutrientes limitantes na pastagem<br />

para o bom desempenho animal.<br />

A qualidade, bem como a<br />

oferta das forragens, além de serem<br />

dependentes dos fatores climáticos,<br />

sofrem grande influência da disponibilidade<br />

de nutrientes no solo e<br />

do “manejo” do pastejo da fazenda<br />

(taxa de lotação, intervalo entre pastejos,<br />

etc.), sendo que estas duas últimas<br />

situações podem ser modificadas,<br />

diminuindo os efeitos negativos<br />

da primeira situação.<br />

Em função das estações bem<br />

definidas de águas e seca no Brasil,<br />

as taxas de crescimento das plantas<br />

ao longo do ano são variáveis, e a<br />

adoção de estratégias erradas de<br />

24<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


manejo, afetam a quantidade e<br />

qualidade de forragem na estação<br />

subsequente. Durante o período<br />

das águas, em geral, usa-se grandes<br />

lotações com taxas de desfolha<br />

severas e frequentes, não sobrando<br />

massa de forragem suficiente no<br />

período da seca para sustentar o<br />

peso dos animais, mesmo quando<br />

suplementados.<br />

Desta forma, torna-se importante<br />

o uso de estratégias de<br />

manejo para que a oferta não seja o<br />

ponto crítico do programa estratégico<br />

de suplementação proteico-energética.<br />

Se o objetivo da suplementação<br />

é fechar as lacunas deixadas<br />

pela curva sazonal de crescimento<br />

das forrageiras, a estação do ano<br />

mais adequada para o seu uso seria<br />

a da seca. Na região Centro-Norte<br />

do Brasil, esta época ocorre entre os<br />

meses de junho à setembro, quando<br />

os pastos estão maduros, com baixo<br />

crescimento (aproximadamente 15 e<br />

25% do crescimento anual para os<br />

Panicum e Braquiárias, respectivamente)<br />

e baixos teores de nutrientes<br />

(PB).<br />

A manipulação nutricional<br />

via suplementos, deve atender aos<br />

requerimentos nutricionais dos microrganismos<br />

ruminais e dos bovinos<br />

propriamente ditos. Condições<br />

favoráveis a proliferação de microrganismos<br />

(bactérias, protozoários e<br />

fungos) são fundamentais para que<br />

os ruminantes se utilizem da fração<br />

não-solúvel (fibras) das pastagens.<br />

Nas secas a suplementação<br />

não é opcional, é obrigatória. Agora<br />

é necessário avaliar qual suplemento<br />

e qual manejo é adequado para situação<br />

de cada propriedade.<br />

Pois para traçar uma estratégia<br />

de suplementação o primeiro<br />

ponto necessário é ter pasto com<br />

quantidade de forragem satisfatória,<br />

o segundo ponto é ter quantidade<br />

de cocho, o terceiro é ter mão de<br />

obra qualificada para fornecer o suplemento<br />

e o quarto a logística para<br />

abastecer os cochos para o gado<br />

(estrutura, depósitos, trator, etc..).<br />

Essas são as questões que habilitam<br />

o produtor a suplementar, e depois<br />

ele avalia qual a viabilidade em cada<br />

uma das categorias dos animais.<br />

Para a cria e a recria, em<br />

média, gastasse de R$0,15 a R$0,20<br />

de sal mineral por cabeça por dia.<br />

O uso de proteinado na seca para a<br />

recria despende em média R$0,50.<br />

Dobrasse os gastos com suplementação,<br />

porém a resposta de ganho é<br />

em torno de 4 a 5 vezes maior. A<br />

relação custo-benefício de um proteinado<br />

na seca é na ordem de 3<br />

para 1, a cada R$1,00 real investido<br />

o produtor tem R$3,00 de retorno.<br />

Falando em suplementação proteica<br />

mais intensa, em torno de 0,4%<br />

do peso corporal, para animais em<br />

recria, gastasse em torno de R$1,30<br />

por dia.<br />

Para terminação, o gasto<br />

com suplementação de proteinado<br />

com 0,4% do peso vivo, seria<br />

em torno de R$2,00 por dia. Já os<br />

gastos com suplementação de 1,0%<br />

do peso vivo seriam em torno de<br />

R$3,50 a R$4,50 reais, dependendo<br />

do preço do insumo, claro!<br />

A suplementação intensiva,<br />

ou confinamento a pasto, fornecendo<br />

em torno de oito a nove quilos<br />

de ração, o produtor gastaria de<br />

R$6,50 a R$7,50 reais por cabeça<br />

por dia, semelhante ao desembolso<br />

nutricional de um confinamento.<br />

Não existe tecnologia cara,<br />

existe tecnologia boa ou ruim. Às<br />

vezes, gasta-se R$ 0,10 por animal<br />

e essa tecnologia não trás retorno,<br />

tornando-se cara. Por outro lado,<br />

pode-se gastar R$ 5,00/cab/dia e<br />

ter ótimo retorno econômico. Portanto,<br />

o produtor deve conhecer a<br />

realidade de sua fazenda, deve saber<br />

seu objetivo para então traçar qual<br />

será a melhor estratégia de suplementação<br />

para ser utilizada.<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

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Marcelo Könsgen Cunha<br />

Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa<br />

e Professor da Católica do Tocantins<br />

marcelo.konsgen@gmail.com<br />

MANEJO DE PASTAGENS<br />

PASTEJO ROTACIONADO<br />

Como fazer<br />

HÁ DIVERSAS MANEIRAS DE FAZER UM SISTEMA DE PASTEJO ROTACIONADO, CONTUDO A PRIMEIRA ETAPA<br />

DEVE SER O PLANEJAMENTO, OU SEJA, O PROJETO. SENDO ASSIM, PRETENDE-SE COM O TEXTO CONTRIBUIR<br />

PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE PASTEJO ROTACIONADO RACIONAIS.<br />

TAMANHO DA ÁREA DE<br />

UM ROTACIONADO<br />

Para dimensioná-la deve-se<br />

levantar a produtividade e qualidade<br />

da pastagem, os animais a serem<br />

alimentados (quantidade, espécie,<br />

genética, categoria e peso vivo) e a<br />

suplementação que será oferecida<br />

(quantidade e qualidade).<br />

Lembrando que, deve-se<br />

adequar, ao longo do ano, o componente<br />

animal e a sua suplementação<br />

com a produtividade e qualidade da<br />

pastagem, no intuito de maximizar<br />

a eficiência produtiva e econômica<br />

do sistema. Isso significa que, ao<br />

dimensionar um sistema de pastejo<br />

rotacionado deve-se planejar o uso<br />

do mesmo em todos os períodos de<br />

um ano, e não somente para o período<br />

das águas, por exemplo. Sistemas<br />

mal ou não planejados fatalmente<br />

26<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

necessitam de adequações para serem<br />

usados, o que, de modo geral,<br />

impacta negativamente na eficiência<br />

do sistema rotacionado e do sistema<br />

de produção como um todo.<br />

Em algumas situações o tamanho<br />

da área não pode ser modificado,<br />

por exemplo, em pastagens já<br />

formadas que serão divididas para<br />

manejo rotacionado.<br />

Nestes casos o tamanho do<br />

lote de animais a ser alimentado é<br />

que deve ser formatado com base<br />

na demanda de alimentos/nutrientes<br />

dos animais, na produtividade e<br />

qualidade da forragem da pastagem<br />

e na suplementação oferecida.<br />

Técnicas (por exemplo, a<br />

adubação) que aumentem a produtividade<br />

e qualidade de forragem podem<br />

impactar o tamanho do lote de<br />

animais na área.<br />

NÚMERO DE DIVISÕES<br />

(PIQUETES) DE UM<br />

ROTACIONADO<br />

Depende do clima, solo,<br />

planta ou plantas forrageiras que<br />

compõe a pastagem, do animal ou<br />

animais a serem alimentados e do<br />

manejo destes componentes.<br />

De modo geral, quanto mais<br />

favoráveis forem os componentes<br />

citados, maior será a produtivi-


dade de forragem e o potencial de<br />

transformar forragem em produto<br />

animal, portanto, maior deverá ser<br />

o número de piquetes. Por exemplo,<br />

em sistemas intensivos de produção<br />

de leite, o lote de vacas de<br />

alta produção entra em um piquete<br />

novo depois de cada ordenha, desta<br />

forma recebe sempre pastagem<br />

com forragem de alta qualidade e<br />

na mesma quantidade, para que isso<br />

seja possível é necessário que a área<br />

de pastagem seja dividida em uma<br />

quantidade maior de piquetes.<br />

Observa-se, portanto, que<br />

o tamanho dos piquetes será uma<br />

consequência do tamanho da área<br />

e do número de divisões da mesma,<br />

ou seja, o tamanho dos piquetes não<br />

deve ser considerado como elemento<br />

para planejar um rotacionado.<br />

NÚMERO DE AGUADAS/<br />

ÁREAS DE LAZER DE UM<br />

ROTACIONADO<br />

Idealmente é definida em<br />

função do formato e tamanho da<br />

área, pois as aguadas/áreas de lazer<br />

são locadas de modo que a distância<br />

percorrida pelos animais esteja dentro<br />

de determinados limites (ideais<br />

ou máximos), já que estas distâncias<br />

percorridas impactam no desempenho<br />

animal, pois interferem tanto<br />

no consumo de forragem, quanto<br />

na conversão alimentar. Esses limites<br />

dependem de diversos fatores,<br />

como animal, relevo, clima e microclima<br />

(arborização da pastagem).<br />

Em algumas situações, onde<br />

o investimento em distribuição de<br />

água não é feito, haverá impacto<br />

no tamanho da área do sistema<br />

de pastejo rotacionado. Ou seja,<br />

a disponibilidade de água e sua<br />

distribuição são primordiais para<br />

o desenvolvimento de sistemas<br />

eficazes de produção animal<br />

baseados em pastagem.<br />

FORMA DOS PIQUETES DE<br />

UM ROTACIONADO<br />

Preferem-se piquetes com<br />

forma quadrada, pois estes, de<br />

modo geral, propiciam melhor uniformidade<br />

de colheita da forragem<br />

da pastagem pelos animais e economizam<br />

em materiais para construir<br />

as cercas. Porém, o formato dos piquetes<br />

pode variar em cada situação,<br />

pois depende de muitos fatores, sendo<br />

os principais: formato da área da<br />

pastagem a ser dividida, localização<br />

das aguadas/áreas de lazer e relevo/<br />

topografia.<br />

Lembrar sempre que sistemas<br />

de pastejo rotacionado são<br />

indicados para situações de boa a<br />

excelente produtividade da pastagem<br />

e para animais de bom a alto<br />

potencial produtivo, pois nestes casos<br />

espera-se maior impacto do uso<br />

deste sistema de pastejo na produtividade<br />

e, consequentemente, nos<br />

indicadores econômicos do sistema<br />

de produção. Em situações de baixa<br />

produtividade da pastagem e baixo<br />

potencial produtivo dos animais indica-se,<br />

primeiramente, a mudança<br />

nestes fatores para implantar um rotacionado.<br />

Ressalta-se que é muito comum<br />

encontrar sistemas de pastejo<br />

rotacionado que precisam ser<br />

adequados para funcionarem, pois<br />

não houve um planejamento ou o<br />

mesmo foi falho. Essas adequações,<br />

em sua grande maioria, melhoram a<br />

eficiência do sistema, mas não corrigem<br />

falhas estruturais de projeto<br />

e, assim sendo, não se consegue alcançar<br />

produtividades compatíveis<br />

com a oferta do ambiente, ficando<br />

a mesma prejudicada por falhas ou<br />

falta de planejamento.<br />

Embora esse texto traga informações,<br />

nenhum texto substitui<br />

o trabalho de um técnico capacitado,<br />

o que é fundamental ao sucesso<br />

de qualquer empreendimento e ação<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

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28<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


Luiz Abatuir Assis Junior<br />

Médico Veterinario<br />

luiz@terrafos.com.br<br />

SUPLEMENTAÇÃO III<br />

IMPORTÂNCIA DO<br />

VOLUMOSO<br />

NO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE LEITE<br />

Qualquer sistema de produção que trabalhe com bovinos vai obrigatoriamente envolver a presença de<br />

alguma fonte de forragem. As forrageiras são fonte de diversos nutrientes em uma dieta, mas fundamentalmente<br />

são fontes de fibra. A dieta de uma vaca tem obrigatoriamente que ter uma determinada quantidade de fibra proveniente<br />

de forragem.<br />

Na realidade brasileira de<br />

produção de leite, na grande maioria<br />

das vezes os nutrientes provenientes<br />

da forragem são mais baratos que os<br />

dos concentrados. Nessa situação,<br />

a produção será mais eficiente sob<br />

ponto de vista econômico, quanto<br />

maior for a inclusão de forragens na<br />

dieta. Muitas vezes, a estratégia de<br />

obtenção do custo mínimo no sistema<br />

de produção envolve o maior<br />

uso possível de forrageiras. Por isso,<br />

a capacidade de produção de forragem<br />

da propriedade muitas vezes é<br />

o maior determinante do seu potencial<br />

produtivo.<br />

NUTRIENTES DAS<br />

FORRAGENS<br />

a expressão de todo o seu potencial<br />

produtivo. Nesse caso, a solução<br />

é adicionar alimentos que sejam<br />

mais ricos em nutrientes, embora<br />

sejam mais caros: os concentrados.<br />

Qualquer que seja a exigência<br />

do animal a ser alimentado, em<br />

situações típicas do Brasil, o melhor<br />

resultado econômico vai envolver<br />

o uso mínimo de concentrados e o<br />

uso máximo de volumosos. Assim,<br />

pode haver um animal em que essa<br />

solução ideal tenha 10% de concentrado<br />

na dieta e outro em que essa<br />

solução tenha 50% de concentrado<br />

na dieta. As dietas de ambos podem<br />

estar corretamente balanceadas sendo<br />

difícil dizer qual é o melhor animal<br />

sob ponto de vista de retorno<br />

econômico, visto que essa avaliação<br />

estará influenciada por outros fatores<br />

tais como nível de produção de<br />

leite. O que deve estar claro é que<br />

Todo alimento rico em fibra<br />

tende a ser digerido mais lentamente<br />

pelo animal, apresentando menor<br />

digestibilidade final. Consequentemente,<br />

esses alimentos são menos<br />

energéticos. Esse mesmo raciocínio<br />

é válido para outros nutrientes como<br />

proteína e minerais. Como as forrageiras<br />

são ricas em fibra, acabam<br />

sendo mais pobres em nutrientes<br />

do que os alimentos concentrados.<br />

Muitas vezes, o animal a ser<br />

alimentado tem uma alta exigência<br />

por nutrientes e uma dieta só de volumosos,<br />

embora mais barata, não<br />

atende a sua exigência, impedindo<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

29


para um mesmo animal, normalmente<br />

a opção de dieta que tenha<br />

maior inclusão de volumosos e atenda<br />

a exigência nutricional é aquela<br />

mais econômica.<br />

NUTRIENTES E QUALIDADE<br />

DAS FORRAGENS<br />

Em alguns alimentos, a composição<br />

normalmente apresenta-se<br />

constante em diversas amostras. Se<br />

amostras de farelo de soja de diferentes<br />

partes do mundo, produzidas<br />

pelo mesmo processo industrial, forem<br />

comparadas umas às outras, a<br />

variação entre as amostras será muito<br />

pequena. No entanto, quando são<br />

comparadas diferentes amostras de<br />

uma forrageira produzida na mesma<br />

região, pode-se observar grande variação<br />

na sua composição. Diversos<br />

fatores envolvidos na produção influenciam<br />

a qualidade da forrageira.<br />

Quanto melhor for a sua qualidade,<br />

maior será a quantidade de nutrientes<br />

disponíveis na mesma. Consequentemente,<br />

menor será a necessidade<br />

de inclusão de concentrados<br />

na dieta para atender a exigência do<br />

animal, qualquer que seja essa exigência.<br />

Qualidade de forragem para<br />

alimentação de bovinos é um conceito<br />

relacionado à quantidade de<br />

nutrientes que o animal irá absorver<br />

por kg de matéria seca ingerida do<br />

alimento.<br />

O volumoso ideal é aquele<br />

que resulta em alta ingestão pelo<br />

animal e tem alta digestibilidade.<br />

Um alimento altamente digestível é<br />

aquele que é amplamente digerido<br />

e absorvido pelo trato digestivo do<br />

animal, funcionando como uma boa<br />

fonte de energia para o mesmo. Tanto<br />

ingestão quanto digestão estão<br />

estreitamente relacionados à composição<br />

do alimento. Assim, através<br />

da composição, pode-se presumir se<br />

aquele alimento é ou não uma boa<br />

fonte de nutrientes.<br />

As forragens têm grande variação<br />

de qualidade entre amostras.<br />

Os fatores envolvidos na sua produção<br />

influenciam fortemente a qualidade<br />

da forragem. Volumoso de<br />

alta qualidade contribui com maior<br />

quantidade de nutrientes e reduz a<br />

necessidade de inclusão de concentrados,<br />

reduzindo custos.<br />

30<br />

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33


Guilherme Dominici Ferreira<br />

Engenheiro Químico<br />

financeiroterraboa@outlook.com<br />

MANEJO DO SOLO<br />

COMPACTAÇÃO<br />

DE SOLO<br />

Tema de discussão recorrente entre produtores rurais, a compactação de solo tem se mostrado um grande desafio<br />

para o aumento da produtividade no campo brasileiro. Devido ao aumento de porte do maquinário agrícola (maior<br />

peso), da maior ocorrência de períodos secos e chuvosos alongados, e da prática de técnicas de plantio direto na<br />

agricultura, a compactação de solo tornou-se assunto importante e essencial para o homem do campo.<br />

Neste artigo, será dada ênfase<br />

nos impactos da compactação<br />

de solo na cultura de soja, avaliação<br />

da permeabilidade de água no solo,<br />

e desenvolvimento radicular e foliar.<br />

Neste contexto, devemos ter<br />

noção de que se até 10 anos atrás,<br />

grande parte das áreas cultivadas<br />

tinham o plantio convencional como<br />

técnica principal, hoje, vê-se que o<br />

plantio direto é a técnica dominante.<br />

E isto impactou diretamente a forma<br />

como se dá a compactação de solo.<br />

Inicialmente vamos dividir<br />

as camadas do solo, genericamente,<br />

em superficial (0cm-20cm) e subsuperficial<br />

(20cm abaixo).<br />

No plantio convencional,<br />

marcado pelo uso continuo de grades<br />

e demais implementos aradores,<br />

a camada superficial compactada era<br />

constantemente rompida, transferindo<br />

a compactação para maiores<br />

profundidades (camada subsuperficial),<br />

os chamados “pé-de-grade”.<br />

O manejo para estes casos se dava<br />

através do uso de subsoladores, com<br />

profundidade de trabalho próxima a<br />

40 cm.<br />

Após o advento do plantio<br />

direto, em que há intenção do menor<br />

revolvimento do solo, para a<br />

manutenção da matéria orgânica,<br />

a camada compactada passou a ficar<br />

restrita a superfície, na camada<br />

superficial (0 cm – 20 cm). O mercado<br />

de máquinas e implementos,<br />

em parceria com as Universidades,<br />

adaptou-se a esta tendência, criando<br />

os escarificadores, com profundidade<br />

de trabalho de até 30cm.<br />

Em termos práticos, a determinação<br />

do equipamento indicado,<br />

e posterior regulagem da profundidade<br />

de trabalho, devem vir de<br />

experimentos a campo, sendo que<br />

pode haver diferença entre as cabeceiras<br />

do talhão (onde há maior tra-<br />

34<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


fego de maquinas) e o centro (Silva<br />

et al., 2004c).<br />

No caso da cultura de soja, o<br />

nível critico de compactação de solo<br />

para impacto na produtividade, é da<br />

ordem de 2mPa a 4mPa, de acordo<br />

com o tipo de solo (Beutler et al.,<br />

2006).<br />

Trazendo a teoria para a<br />

realidade do Tocantins, em visitas<br />

a diversos produtores na safra<br />

2016/<strong>2017</strong>, nos municípios de Cariri<br />

– TO (Fazenda Renascer), Gurupi<br />

– TO (Fazenda Santo Antônio)<br />

e São Valério da Natividade – TO<br />

(Fazenda São Benedito) nota-se os<br />

efeitos da compactação do solo, visualmente<br />

no desenvolvimento radicular<br />

e foliar, conforme imagem<br />

comparativa abaixo (planta de área<br />

escarificada a esquerda da imagem).<br />

Fica também evidenciado,<br />

em entrevistas com os produtores<br />

de cada propriedade, que o manejo<br />

de solo aplicado ao talhão impacta<br />

diretamente nos níveis e profundidade<br />

de compactação.<br />

Isto é, produtores com costume<br />

de aplicar grade niveladora<br />

para incorporação de sementes para<br />

cobertura, tinham índices próximos<br />

a 4mPa em uma profundidade de<br />

10cm. Em outros casos, talhões que<br />

passaram por calagem, e posterior<br />

incorporação do calcário com grade<br />

aradora intermediaria, apresentavam<br />

índices de até 5mPa a uma profundidade<br />

de 15cm. Em 90% das medições<br />

realizadas, a profundidade de<br />

compactação igual ou superior ao<br />

nível critico se deu até 30 cm.<br />

Outro fator diretamente<br />

ligado a compactação de solo, é<br />

a quantidade de matéria orgânica<br />

na superfície. Estudos indicam<br />

que uma maior quantidade de<br />

matéria orgânica reduz a pressão<br />

exercida por maquinas sobre o solo,<br />

no sentido de que quanto mais<br />

compactável o solo, maior será o<br />

feito da incorporação de matéria<br />

orgânica (Zhang et al., 1997).<br />

Por fim, compreender a interação<br />

da matéria orgânica, umidade<br />

e textura do solo é importante<br />

para definir estratégias de manejo,<br />

visando o desenvolvimento do perfil<br />

de solo e crescimento das plantas.<br />

No caso especifico do TO,<br />

região que se consolida como fronteira<br />

agrícola, com características tão<br />

irregulares de solo, estes conceitos<br />

devem ser amplamente utilizados,<br />

com os agricultores investindo em<br />

inovações tecnológicas e cuidando<br />

de seu bem mais precioso: a terra.<br />

Efeitos da compactação de solo<br />

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36<br />

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SANIDADE ANIMAL<br />

Willian Filgueira Batista<br />

Consultor em pecuária – TO<br />

MSD Saúde Animal<br />

willian.batista@merck.com<br />

CACI<strong>MB</strong>AS<br />

O USO DE CACI<strong>MB</strong>AS PODE LEVAR A OCORRÊNCIA DE VÁRIAS<br />

DOENÇAS E A GRANDES PREJUÍZOS A PROPRIEDADE RURAL<br />

Em muitas fazendas de regime extensivo, devido à existência de poucos mananciais hídricos como córregos<br />

e rios, as cacimbas (escavações destinados a receber e armazenar agua) são, às vezes a principal, ou mesmo<br />

exclusivamente, fonte de fornecimento de agua para os animais. Apesar de seu menor custo de investimento, as<br />

cacimbas constituem um enorme fator de risco sanitário. Isto se dá por que, para ter acesso a agua, os animais<br />

entram na cacimba e muitas vezes urinam e defecam dentro da mesma, levando a aumento de matéria orgânica e<br />

diminuindo a qualidade da agua fornecida aos animais.<br />

O consumo de agua de<br />

cacimbas contaminadas pode levar<br />

a perda de produtividade, causar<br />

várias enfermidades e até mesmo<br />

levar animais a morte.<br />

Na época da seca esse problema<br />

se agrava. Isto ocorre devido<br />

ao fato, de as cacimbas ficam quase<br />

secas, com aumento da temperatura<br />

e diminuição ou até mesmo falta<br />

de oxigenação da agua. Estes fatores,<br />

aliados as fezes dos animais e as<br />

carcaças dos peixes e de animais que<br />

morrem próximo a cacimba geram<br />

um ambiente propício à multiplicação<br />

de bactérias, como as clostridioses,<br />

sobre tudo o botulismo.<br />

O botulismo é uma intoxicação<br />

decorrente da ingestão de toxinas<br />

produzidas pelas bactérias da<br />

espécie Clostridium botulinum. Esta<br />

doença tem sido associada em bovinos<br />

com habito de consumir ossos<br />

de carcaças (osteofagia). Entretanto,<br />

pouco se fala a respeito do botulismo<br />

hídrico (botulismo ocasionado<br />

pelo consumo de agua contaminada<br />

com a toxina do (Clostridiun butulinum).<br />

Os bovinos, ao pastar em<br />

áreas contaminadas pelo Clostridium<br />

botulinum, ingerem os seus esporos<br />

e ao defecar no interior ou nas<br />

proximidades das cacimbas, podem<br />

assim criar condições favoráveis à<br />

multiplicação dessa bactéria.<br />

Após diversos relatos de<br />

morte de animais sem motivo<br />

aparente Aires Manoel de Souza<br />

(médico veterinário e professor de<br />

Doenças Infecciosas dos Animais<br />

da Universidade Federal de<br />

Goiás), realizou um estudo em 12<br />

municípios do Vale do Araguaia.<br />

Neste estudo foram colhidas<br />

e analisadas amostras de sedimentos<br />

de 300 diferentes cacimbas. Destas<br />

300 amostras analisadas 30 foram<br />

positivas (10%) para pesquisa de<br />

Clostridium botulinum, constatando<br />

que a cacimba pode ser meio<br />

para a proliferação da toxina do<br />

Clostridium botulinum, causadora<br />

do botulismo. O estudo foi parte<br />

da tese de doutorado do professor,<br />

defendida na Universidade de São<br />

Paulo (USP).<br />

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37


Além do botulismo, enfermidades<br />

como cisticercose, leptospirose,<br />

brucelose, verminoses e<br />

diarreias virais, bacterianas e parasitarias<br />

podem ser disseminadas nas<br />

cacimbas.<br />

Desta maneira, trazendo<br />

prejuízos que os quais diminuem o<br />

ganho de peso, atrasam o desenvolvimento,<br />

condenam a carcaças no<br />

frigorifico, abortos ou até mesmo a<br />

morte dos animais.<br />

Um ponto muito importante,<br />

é que ao ingerir água contendo<br />

algum patógeno, os bovinos podem<br />

não manifestar nenhum sintoma<br />

(ou seja, um quadro assintomático)<br />

e dessa forma a doença pode passar<br />

despercebida. Assim, a mensuração<br />

do prejuízo, pelo pecuarista, fica<br />

prejudicada.<br />

Outro ponto é que algumas<br />

doenças podem apresentar sinais<br />

clínicos comuns a várias enfermidades,<br />

como fraqueza, falta de apetite<br />

e pelos arrepiados. Isto, dificulta o<br />

diagnóstico e consequentemente, o<br />

tratamento.<br />

Mais um ponto de atenção<br />

seria a ocorrência de diarreia nos<br />

animais com acesso a cacimba.<br />

Em muitos casos os tratamentos<br />

estabelecidos para esta enfermidade<br />

são ineficazes. Isto ocorre, devido<br />

ao fato dos fármacos utilizados (em<br />

geral antibióticos) terem um agente<br />

mais especifico de ação e, sem contar<br />

que o período de ação do remédio<br />

possa não ser tão duradouro quanto<br />

os efeitos do agente causador.<br />

Na maioria das vezes os animais<br />

com diarreia permanecem no<br />

mesmo pasto tendo acesso à mesma<br />

agua contaminada. Dessa forma<br />

o animal apresenta melhora após o<br />

tratamento, mas poderá voltar a manifestar<br />

os sintomas novamente ao<br />

termino do período de ação do medicamento.<br />

Além disso, as pesquisas<br />

apontam a ocorrência de diarreias<br />

de origem viral e/ou parasitaria, as<br />

quais não respondem a tratamento<br />

com antibiótico (antibióticos não<br />

tem ação sobre vírus e parasitos),<br />

sendo a prevenção através de vacina<br />

especifica a única forma de controle<br />

dessas diarreias.<br />

Vale ressaltar que apesar de<br />

sua extrema importância, nem sempre<br />

a agua recebe a merecida atenção.<br />

Muitas vezes encontra-se grande<br />

investimento em alimentação e<br />

pastagem, entretanto uma grande<br />

desatenção em relação à qualidade<br />

da água. É importante lembrar que<br />

o primeiro sintoma da restrição de<br />

água é a diminuição na ingestão de<br />

alimentos e como consequência diminuição<br />

do ganho de peso.<br />

Uma alternativa para<br />

proporcionar água de boa qualidade<br />

ao rebanho é o uso de bebedouros<br />

com boias automáticas, pois além<br />

da renovação contínua da água,<br />

permite uma limpeza periódica<br />

dos bebedouros. Além disso, é<br />

recomendável que as propriedades<br />

rurais tenham um calendário<br />

sanitário muito bem elaborado que<br />

contemple a imunização através de<br />

vacinas das principais doenças que<br />

acometem os bovinos, com foco<br />

nos principais desafios regionais.<br />

DOSE<br />

ÚNICA<br />

38<br />

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Fábio Quintão<br />

Consultor Técnico Comercial<br />

fabio.quintao@agroceres.com<br />

Fernando de Oliveira Brito<br />

Consultor Técnico Agroceres Multimix<br />

SUPLEMENTAÇÃO IV<br />

CONFINAMENTO<br />

Todos os animais, inclusive o ser humano, consomem alimentos com base na matéria seca, ou seja, desprezando-se<br />

a quantidade de água. É por isso, por exemplo, que conseguimos comer “mais” (em matéria natural) alface (5% de<br />

MS) do que farofa (+90% de MS).<br />

O conceito de matéria seca<br />

é simplesmente a massa do produto<br />

(podendo ser alimentos, como neste<br />

caso) subtraída da massa de água.<br />

Dentre os alimentos, absolutamente<br />

todos (até os mais secos, como fenos<br />

e cereais) possuem algum percentual<br />

de água na sua composição.<br />

Vale ressaltar que, dependendo do<br />

tipo de alimento, mais fibroso (volumosos)<br />

ou mais energético (milho),<br />

os mecanismos fisiológicos que regulam<br />

a saciedade dos animais variam<br />

entre distensão da parede do<br />

rúmen (“cascata hormonal”) ou formação<br />

de ácidos graxos de cadeia<br />

curta (que, ao final da digestão, fornecerão<br />

energia – mecanismo químico),<br />

respectivamente.<br />

Garantir o consumo ideal de<br />

matéria seca digestível é a maneira<br />

mais eficaz para aumentar o desempenho<br />

dos animais (Mertens, 1994).<br />

Isso porque animais que não consumem<br />

o que necessitam diariamente<br />

(durante as 24 horas) não saciam<br />

totalmente as exigências para ganho<br />

de peso e, em situações mais drásticas,<br />

para mantença (sobrevivência),<br />

sendo que, neste caso, utilizam as<br />

reservas corporais (tecidos muscular<br />

e adiposo), perdendo peso até a<br />

morte, em casos prolongados.<br />

Falando em um confinamento<br />

que possui animais com peso<br />

vivo médio de 500 kg e usa silagem<br />

de milho como fonte de volumoso,<br />

se a formulação é feita considerando<br />

esta silagem com 33% de MS (média),<br />

mas, na verdade, está com 20%<br />

de MS na “Fazenda A” e 45% de<br />

MS na “Fazenda B”, muda-se completamente<br />

a formulação com base<br />

na matéria seca, embora na matéria<br />

natural permaneça a mesma.<br />

Figura 1. Silagem de planta inteira de<br />

milho com 29% de matéria seca (pode<br />

ser considerado ideal).<br />

40<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


Dieta referência, com silagem 33% de MS (média)<br />

Dieta referência Kg MN/ cab/dia Proporção MN %MS<br />

Dieta “Fazenda A”, com silagem 20% de MS<br />

Dieta “Fazenda B”, com silagem 45% MS<br />

ara a silagem mais úmida, com<br />

20% de MS na “Fazenda A”:<br />

• Animais consumiriam 13,5%<br />

menos de alimentos na matéria<br />

seca, pois toda a dieta ficou com<br />

mais água (56,2% para 48,6%<br />

MS) – na prática, por dominância<br />

entre os indivíduos do lote,<br />

alguns animais continuarão a<br />

consumir até a saciedade, enquanto<br />

outros passarão fome!<br />

• Parâmetros de saúde ruminal<br />

ficam próximos ou abaixo<br />

do mínimo, podendo causar acidose,<br />

laminite.<br />

Para a silagem mais seca, com<br />

45% de MS na “Fazenda B”:<br />

• Animais consumiriam 12,5%<br />

mais de alimentos na matéria<br />

seca, pois toda a dieta ficou com<br />

menos água (56,2% para 63,2%<br />

Kg MS/<br />

cab/dia<br />

Proporçã MS<br />

Silagem milho 10,881 58,4% 33,0% 3,591 34,3%<br />

Milho moído 7,036 37,7% 88,0% 6,192 59,1%<br />

Farelo soja 45% 0,352 1,9% 89,0% 0,313 3,0%<br />

Confinatto N235 ® 0,22 1,2% 100,0% 0,220 2,1%<br />

Ureia 0,158 0,8% 99,0% 0,156 1,5%<br />

Total ou média 18,647 100,0% 56,2% 10,472 100,0%<br />

Dieta "Fazenda A" Kg MN/ cab/dia Proporção MN %MS<br />

Kg MS/<br />

cab/dia<br />

Proporção MS<br />

Silagem milho 10,881 58,4% 20,0% 2,176 24,0%<br />

Milho moído 7,036 37,7% 88,0% 6,192 68,4%<br />

Farelo soja 45% 0,352 1,9% 89,0% 0,313 3,5%<br />

Confinatto N235 ® 0,22 1,2% 100,0% 0,220 2,4%<br />

Ureia 0,158 0,8% 99,0% 0,156 1,7%<br />

Total ou média 18,647 100,0% 48,6% 9,058 100,0%<br />

Dieta "Fazenda B" Kg MN/ cab/dia Proporção MN %MS<br />

Kg MS/<br />

cab/dia<br />

Proporção MS<br />

Silagem milho 10,881 58,4% 45,0% 4,896 41,6%<br />

Milho moído 7,036 37,7% 88,0% 6,192 52,6%<br />

Farelo soja 45% 0,352 1,9% 89,0% 0,313 2,7%<br />

Confinatto N235 ® 0,22 1,2% 100,0% 0,220 1,9%<br />

Ureia 0,158 0,8% 99,0% 0,156 1,3%<br />

Total ou média 18,647 100,0% 63,2% 11,778 100,0%<br />

MS) – na prática, a regulação do<br />

consumo é fisiológica; portanto,<br />

os animais não consumiriam<br />

mais do que o necessário para<br />

a categoria, peso vivo e ganho<br />

médio diário, mas sim sobraria<br />

alimento, com desperdício de<br />

dinheiro!<br />

• Parâmetros de saúde ruminal,<br />

como proporção volumoso<br />

: concentrado, ficam bem acima<br />

do mínimo (mais volumoso,<br />

pois está mais seco), prejudicando<br />

o desempenho.<br />

Dessa maneira, é imprescindível<br />

controlar e identificar uma<br />

possível variação da matéria seca<br />

do volumoso e da dieta total com o<br />

objetivo de garantir que os animais<br />

ingiram todos os nutrientes fornecidos<br />

na dieta e com isso consigam<br />

desempenhar dentro das expectativas<br />

de ganho almejado.<br />

Dentro das fazendas<br />

podemos mensurar de forma<br />

prática e barata a quantidade de<br />

água dos alimentos através de um<br />

aparelho denominado Koster®, ou<br />

então em micro-ondas comercial<br />

(ambas as técnicas apresentando<br />

resultados semelhantes aos métodos<br />

laboratoriais).<br />

Figuras 2. Determinação da matéria<br />

seca em microondas.<br />

A equação é sempre a<br />

mesma, independentemente do<br />

método:<br />

MMMM% =<br />

mmmmmmmmmm ffffffffff<br />

mmmmmmmmmm iiiiiiiiiiiiii<br />

× 100<br />

Desta forma, com este cálculo<br />

simples, é possível se aproximar<br />

mais entre a dieta que “sai” do<br />

computador formulada pelo nutricionista<br />

(que deveria ser a ideal) e a<br />

que realmente chega na boca do animal,<br />

que é um dos grandes desafios<br />

dos confinamentos de todo Brasil.<br />

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EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


Marcelo Almeida<br />

Médico Veterinário<br />

Gerente executivo CIA de Melhoramento<br />

marcelo.almeida@pro-producaoprofissional.com.br<br />

GENÉTICA ANIMAL<br />

PREPARANDO O REBANHO<br />

PARA O FUTURO<br />

Com a redução das margens de lucro da pecuária ocorridas nos últimos anos, o controle dos custos e o aumento<br />

da produtividade com uso da tecnologia se faz cada vez mais necessário. Neste contexto o melhoramento genético<br />

é uma ferramenta importantíssima, onde através da seleção do rebanho para características produtivas como<br />

crescimento, qualidade de carcaça e precocidade sexual impactam diretamente na rentabilidade da propriedade.<br />

Normalmente informações<br />

fenotípicas, aquelas coletadas<br />

a campo sem nenhum tratamento<br />

estatístico, são fortemente influenciadas<br />

por efeitos ambientais, por<br />

isto quando o produtor utiliza-se<br />

destas informações, frequentemente<br />

não obtém êxito no processo de<br />

melhoria do rebanho. As tomadas<br />

de decisões que afetam o futuro dos<br />

rebanhos precisam estar embasadas<br />

em indicadores mais robustos, mais<br />

confiáveis, sendo a mais importante<br />

a Avaliação Genética!<br />

A avaliação genética proporciona<br />

uma análise segura do potencial<br />

produtivo dos rebanhos, e dos<br />

indivíduos que o compõem, devido<br />

ao tratamento estatístico das informações,<br />

bem como as correções e<br />

ajustes para efeitos ambientais, isolando<br />

o componente genético do<br />

resultado aferido (fenótipo), sendo<br />

que estas informações são expressas<br />

em DEP’s (Diferença Esperada na<br />

Progênie).<br />

As DEP’s destas características<br />

são ponderadas de maneira<br />

inteligente, constituindo o Índice de<br />

Seleção, que orienta todo o processo<br />

seletivo, identificando indivíduos<br />

com superioridade genética para<br />

uma série de características de relevância<br />

econômica, selecionando<br />

matrizes e touros cujas suas progênies<br />

apresentam-se padronizadas e<br />

consistentemente superiores.<br />

Neste contexto a CIA de Melhoramento,<br />

que é uma associação de<br />

criadores da raça nelore, com o objetivo<br />

de promover o melhoramento<br />

genéticos dos seus rebanhos e<br />

disponibilizar ao mercado animais<br />

superiores, selecionados utilizando<br />

o ICIAgen com base nas avaliações<br />

genéticas de características produtivas<br />

e a genômica.<br />

O ICIA genômico, que está<br />

abaixo descrito, é o primeiro Índice<br />

de Seleção utilizado no Brasil que<br />

não pondera o perímetro escrotal<br />

como indicador de precocidade<br />

sexual, ao mesmo tempo inova ao<br />

adicionar a idade ao primeiro parto<br />

(IPP), como indicador de precocidade<br />

sexual, e o peso ao nascimento<br />

como algumas das características<br />

que compõem o índice de seleção.<br />

ICIAgen=2,9%PN+11,75%*r(G-<br />

ND)+2,9%r(Cd)+5,9%Pd+5,9%Md+25%r(GPD)+5,9%r<br />

(Cs)+11,8%Ps+10,3%Ms+4,4%-<br />

Temp+13,25% IPP<br />

Além do Índice de seleção,<br />

também calculamos o Índice de<br />

Desmama, o IDESM. Este índice é<br />

um indicador importante para características<br />

de crescimento, qualidade<br />

de carcaça até a desmama do produto,<br />

bem como de aspectos maternais<br />

da matriz.<br />

IDesm = 36%*r(GND)<br />

+18%*rCd+23% Pd+ 23%Md)<br />

Ao final do processo de avaliação<br />

genética da safra, os animais<br />

situados entre os 20% melhores<br />

indivíduos (machos e fêmeas), de<br />

toda a população para ICIAgen são<br />

listados como candidatos à função<br />

de reprodução. Estes candidatos,<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

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eleitos de maneira objetiva e absolutamente<br />

meritocrática, são submetidos<br />

a uma última vistoria antes<br />

da certificação e só então aqueles<br />

considerados aptos recebem o Certificado<br />

Especial de Identificação e<br />

Produção, o CEIP.<br />

O CEIP é um documento<br />

oficial, outorgado pelo MAPA<br />

aos programas de melhoramento<br />

genético aprovados e reconhecidos<br />

no projeto técnico CEIP, junto<br />

a Secretaria de Desenvolvimento<br />

Agropecuário e Cooperativismo –<br />

SDC, Departamento de Sistemas de<br />

Produção e Sustentabilidade – DE-<br />

PROS. As informações consideradas<br />

para cálculo dos valores genéticos,<br />

bem como os procedimentos<br />

técnicos envolvidos pela CIA de<br />

Melhoramento, são auditados pelo<br />

MAPA.<br />

O modelo de CEIP da Cia<br />

de Melhoramento, onde as informações<br />

genéticas estão dispostas de<br />

maneira gráfica e nominal, representadas<br />

em unidades de desvio padrão<br />

(estandartizadas), com as barras intencionalmente<br />

orientadas para a<br />

direita para características desejáveis<br />

e o comprimento da barra expressa<br />

a intensidade (positiva ou negativa)<br />

desta DEPh.<br />

Os benefícios dos animais<br />

CEIP se caracterizam pela competência<br />

produtiva dos indivíduos<br />

portadores do CEIP, uma vez que,<br />

só uma restrita parcela da população<br />

pode receber o certificado. O CEIP<br />

possui incentivos fiscais de isenção<br />

de ICMS e utilização em financiamentos<br />

de instituições financeiras<br />

públicas e privadas.<br />

Esta enorme pressão de seleção,<br />

a qual estes indivíduos estão<br />

submetidos, bem como o critério<br />

técnico empregado, constituem-se<br />

na principal garantia da qualidade e<br />

superioridade genética dos animais<br />

CEIP.<br />

Os produtores que buscam<br />

melhores e maiores retornos sobre<br />

seus investimentos, devem exigir<br />

de seus fornecedores a certificação<br />

genética dos reprodutores disponibilizados<br />

ao mercado, e adquirir<br />

somente reprodutores que possuam<br />

o CEIP. Este documento é a segurança<br />

de estar introduzindo no seu<br />

rebanho indivíduos com superioridade<br />

genética reconhecida, atestada,<br />

fruto de uma elevada pressão de seleção<br />

exercida sobre a população.<br />

A contínua infusão de genética<br />

superior na população e a<br />

seleção sistemática das matrizes,<br />

resulta em um novo referencial de<br />

qualidade na produção de bezerros.<br />

Velocidade de crescimento e qualidade<br />

de carcaça são características<br />

marcantes dos bezerros produzidos<br />

pela Cia de Melhoramento. Eles são<br />

causa e efeito da pecuária de ciclo<br />

curto, a comprovação que a seleção<br />

deve estar intimamente relacionada<br />

ao sistema de produção.<br />

A CIA de Melhoramento<br />

utiliza a genômica, que através de<br />

suas parcerias científicas desenvolveram<br />

sua própria equação de predição<br />

e faz uso desta tecnologia na<br />

seleção dos reprodutores jovens e<br />

para escolha de Testes de Progênie.<br />

Neste ano de <strong>2017</strong> a CIA de Melhoramento<br />

comercializará todos<br />

os touros da safra 15 com ICIAgen<br />

(índice genômico) que trará mais<br />

confiança ao mercado na escolha de<br />

reprodutores.<br />

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Prof. Dr. Jorge Luís Ferreira<br />

UFT - Tocantins<br />

jorgeuft@gmail.com<br />

Aline Beatriz Schmidt<br />

Médica Veterinária<br />

aline.vet@hotmail.com<br />

GENÉTICA ANIMAL II<br />

QUANTO VALE<br />

MEU TOURINHO<br />

A pecuária de corte é uma atividade complexa, que envolve um grande número de variáveis. Dentre as<br />

decisões a tomar, destaca-se a escolha de reprodutores. No Brasil, a venda de touros geralmente é feita através de<br />

leilões, que são uma prática de comercialização e que ganhou apreço pelos criadores. Apesar dos leilões serem a<br />

prática mais difundida no mercado, fica sempre uma dúvida o que faz o produtor (cliente que compra) concordar<br />

com o valor do maior lance? Que fatores influenciam o preço de tourinhos Nelore comercializados em leilões?<br />

Quais fontes e variantes interferem nas preferências do consumidor, bem como do valor de mercado desses tourinhos<br />

comercializados? Baseado nesses questionamentos, o grupo NAPGEM/UFT e a Fazenda Água Fria, realizaram<br />

um trabalho com o objetivo de discriminar as variáveis que mais influenciam na tomada de preços de touros<br />

Nelore comercializados em seus leilões.<br />

A Fazenda Água Fria está<br />

localizada no município de Xinguara,<br />

Estado do Pará, possui a bovinocultura<br />

como sua atividade principal,<br />

atuando desde 1972 no mercado<br />

de produção e venda de bovinos de<br />

corte na região. Em 2001, a Fazenda<br />

passou a avaliar seus touros através<br />

do Programa Nelore Brasil da<br />

ANCP, e mais tarde, em 2016, através<br />

do Programa PMGZ da ABCZ.<br />

O trabalho foi desenvolvido<br />

utilizando dados de venda de touros,<br />

em leilões da fazenda Água Fria,<br />

referentes aos anos de 2014, 2015 e<br />

2016. Da mesma forma, foram também<br />

utilizados dados de avaliação<br />

genética e genealogia dos animais<br />

vendidos. Dentre esses dados haviam<br />

informações relevantes, como:<br />

nome do touro, data de nascimento<br />

e venda, preço de venda, genealogia<br />

e informações de DEPs de características<br />

econômicas, como, Área<br />

de Olho de Lombo (DAOL), Peso<br />

aos 365 dias de idade (DP365) e aos<br />

450 dias de idade (DP450), Perímetro<br />

Escrotal aos 365 dias de idade<br />

(DPE365) e aos 450 dias de idade<br />

(DPE450) e o percentil do Mérito<br />

Genético Total Econômico (TOP<br />

MGTe).<br />

No leilão de 2014, 62,30%<br />

dos animais foram vendidos abaixo<br />

da média e apenas 6,55% acima da<br />

média. Já em 2015, 66,12% estavam<br />

no primeiro intervalo da média, e<br />

10,74% acima do intervalo da<br />

média. Em 2016, 56,22% foram<br />

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comercializados no menor intervalo,<br />

e 14,48% no maior intervalo.<br />

Assim, quanto maior é o<br />

preço de venda, menor é a proporção<br />

de animais vendidos, possivelmente<br />

em detrimento de estes<br />

apresentarem atributos genéticos e<br />

fenotípicos que exijam maior investimento<br />

na aquisição.<br />

Assim, fica o questionamento:<br />

o que faz um touro ter elevado<br />

preço na sua aquisição? Que variáveis<br />

podem influenciar o preço<br />

de venda dos touros? Analisando<br />

a característica de ordem de classificação<br />

do mérito genético econômico<br />

dos animais (TOP MGTe),<br />

verificou-se em 2014, 25,14% dos<br />

animais tinham TOP MGTe entre<br />

5 a 7%, e 74,86% dos animais com<br />

TOP MGTe variando de 8 a 10%.<br />

No ano de 2015, 42,76%<br />

dos animais tinham TOP MGTe variando<br />

de 8 a 10%, e 57,24% (TOP<br />

MGTe de 11 a 14%). Já em 2016,<br />

observou-se que animais com índice<br />

TOP MGTe entre 10 a 12%<br />

representavam 15,70% e animais<br />

de índice 13 à 16%, representavam<br />

84,30%. Vale ressaltar que todos os<br />

animais analisados apresentavam<br />

TOP MGTe variando de 5% a 16%,<br />

ou seja, animais classificados como<br />

elite (Top até 15%) e superiores (16<br />

a 30%).<br />

As análises das variáveis<br />

DEPs para área de olho de lombo<br />

(DAOL), peso aos 365 dias de idade<br />

(DP365), peso aos 450 dias de idade<br />

(DP450), perímetro escrotal aos 365<br />

dias de idade (DPE365) e perímetro<br />

escrotal aos 450 dias (DPE450)<br />

sobre os valores médios de venda<br />

dos tourinhos, nos respectivos<br />

anos são apresentadas nos gráficos<br />

acima.<br />

Nestes gráficos observa-se<br />

que ao longo dos anos, foi priorizado<br />

a informação genética.<br />

Os animais na média e acima<br />

da mesma, tiveram melhor desempenho<br />

econômico, foram mais<br />

valorizados. Assim, na comercialização<br />

dos animais o fator desempenho<br />

genético, principalmente nas<br />

características de acabamento, musculatura,<br />

representadas pela AOL,<br />

peso, representada pelas DEPs de<br />

P365 e P450 e fertilidade e precocidade,<br />

representadas pelas DEPs<br />

de PE365 e PE450 foram decisivas<br />

para o desempenho econômico dos<br />

animais.<br />

Nos resultados encontrados,<br />

as variáveis DP450 e DPE365<br />

tiveram efeito significativo (p


Milton Santana<br />

Médico Veterinário<br />

vetsantana@hotmail.com<br />

MANEJO ANIMAL<br />

O QUE FAZER ANTES DE INICIAR UM<br />

PROGRAMA DE IATF<br />

Hoje a IATF uma das principais ferramentas de incremento reprodutivo no sistema de cria em bovinos de corte<br />

(Pode promover melhora na eficiência reprodutiva ao mesmo tempo um ganho genético mais rápido com um<br />

custo benefício interessante para quem usa esta técnica), porém a IATF não deveria ser a primeira etapa num<br />

programa reprodutivo.<br />

Acompanhando propriedades<br />

tocantinenses que conseguem<br />

ter bons índices reprodutivos por<br />

anos consecutivos, todas seguiram<br />

certas etapas antes de implantar a<br />

IATF de forma permanente e geral<br />

na propriedade.<br />

Baseado nas experiências de<br />

campo dessas propriedades acima<br />

citadas vou pontuar algumas fases<br />

e etapas comuns a todas essas propriedades<br />

que conseguem bons resultados<br />

na IATF:<br />

• Nutrição do rebanho<br />

90% dos problemas da<br />

reprodução está ligado a nutrição<br />

isso independe se vamos usar IATF<br />

ou touro começar com manejos de<br />

pasto básicos como manejar a altura<br />

do pastejo (todos capins tem uma<br />

altura ideal indicada para colocar e<br />

retirar o gado baseado em pesquisas),<br />

algumas categorias de animais que<br />

devem comer melhor (ex. vacas<br />

paridas primeira cria, novilhas,<br />

bezerras), planejar um manejo de<br />

pasto específico para vacas paridas<br />

antes da IATF, planejar um manejo<br />

aonde vamos acumular e reservar<br />

pasto para seca.<br />

Achar um ponto de equilíbrio<br />

entre o tamanho dos pastos e<br />

tamanho dos lotes de gado, tamanho<br />

dos cochos de sal para o lote de<br />

gado, aguada com tamanho e acesso<br />

de acordo com o lote, etc. Uma<br />

assistência técnica ou consultoria na<br />

parte nutricional é fundamental para<br />

o sucesso da reprodução, a primeira<br />

etapa é aprender usar melhor a pastagem<br />

que já temos.<br />

• Iniciar um estação de Monta<br />

Vamos concentrar mais<br />

os nascimentos isso vai facilitar a<br />

formação dos lotes de matrizes por<br />

categorias de idade (novilhas, vacas<br />

primíparas, vacas multíparas) fazer<br />

as matrizes parir próximo a uma<br />

época de maior oferta de pasto. O<br />

sucesso da IATF está intimamente<br />

ligada a nutrição da matriz, vamos<br />

ter novilhas com idade similar<br />

(grupo contemporâneo), isso facilita<br />

o descarte das inferiores e concentra<br />

a parição das vacas numa só época.<br />

A primeira cria carece de<br />

uma alimentação melhor e mais<br />

balanceada, o que em regra geral<br />

é um problema nas propriedades<br />

(a estação de monta pode ser feita<br />

de uma vez ou gradualmente ao<br />

longo de alguns anos e não existe<br />

48<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


tamanho de estação de monta<br />

ideal vai depender do nível técnico<br />

administrativo e do período chuvoso<br />

da região onde está localizada a<br />

fazenda.<br />

Consultorias técnicas são<br />

muito importantes na implantação<br />

da estação de monta.<br />

• Identificar as matrizes<br />

Precisamos criar índices<br />

zootécnicos para o rebanho, podendo<br />

ser usado desde uma simples<br />

planilha até programas de gerenciamento<br />

rural dependendo do grau de<br />

controle que a fazenda pretende ter<br />

(se possível levantar os índices que a<br />

fazenda já possuía no passado).<br />

Taxa de prenhes por categoria<br />

animal; Taxa de desmama; Taxa<br />

de Mortes; Peso e idade das novilhas<br />

na época que serão expostas ao touro<br />

para cobertura (proporção touro<br />

x vaca) etc.<br />

• Qualificar Mão de Obra<br />

Não quer dizer fazer um<br />

curso superior. O funcionário da<br />

fazenda é quem vai fazer girar o<br />

sistema no dia a dia, ele tem de ter<br />

conhecimentos básicos de manejo<br />

de pasto, manejo do gado, higiene,<br />

manejo de curral e manejo de cocho.<br />

Esse treinamento pode ser<br />

tanto para o funcionário como para<br />

quem vai gerenciar, através de um<br />

técnico na propriedade, pequenos<br />

cursos, dias de campo, visitas a propriedades<br />

com nível técnico mais<br />

avançado analisando os resultados,<br />

coletando e comparando as informações<br />

de anos anteriores com o<br />

atual, bonificando de alguma maneira<br />

as pessoas empenhadas e dispostas<br />

a participar dessa mudança na<br />

propriedade.<br />

• IATF propriamente dita<br />

Como vocês viram a IATF<br />

é uma técnica que depende de<br />

resultados multifatoriais, nesta fase<br />

vamos nos preocupar com quem vai<br />

fazer a IATF, qual protocolo usar,<br />

em quais lotes vamos usar IATF,<br />

definir as raças e touros a serem<br />

usados (planejar antes de comprar<br />

o sêmen, o que vamos produzir<br />

e como vamos comercializar os<br />

produtos oriundos da IATF é de<br />

suma importância). Um técnico<br />

capacitado é muito importante na<br />

fase de planejamento e escolha de<br />

raças e touros.<br />

Obs. Se uma propriedade<br />

tem índices de prenhes ruins com<br />

touro não é a IATF que vai operar<br />

o milagre de resolver o problema,<br />

primeiro precisamos diagnosticar a<br />

causa do problema (geralmente não<br />

é um só problema) e ir resolvendo<br />

estes juntamente com a implantação<br />

da técnica.<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

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Maycon Klinton<br />

Representante Comercial da Agroquima<br />

agromayklinton@gmail.com<br />

INTEGRAÇÃO<br />

INTEGRAÇÃO<br />

LAVOURA/PECUÁRIA<br />

É DINHEIRO NO BOLSO O ANO TODO!<br />

Nestes tempos em que a questão ambiental vem sendo veementemente abordada, onde a redução do<br />

desmatamento é preocupação geral tanto do governo como da sociedade, mas sempre buscando e necessitando<br />

de altas produtividades. Tendo em vista esses e outros fatores, a utilização de sistemas alternativos de produção,<br />

vêm se mostrando como opções viáveis e vantajosas para o produtor. Um exemplo desses sistemas alternativos é<br />

a Integração Lavoura Pecuária (ILP), permite diferentes atividades de forma integrada, otimizando o uso da área.<br />

Como produzir mais em<br />

uma mesma área? Como aumentar<br />

a renda da fazenda sem mais desmatamento?<br />

Como agregar valor nas<br />

atividades agrícolas e pecuárias?<br />

A ILP, já consolidada em<br />

muitas regiões brasileiras e em constante<br />

crescente no Tocantins, tem<br />

quebrado paradigmas, aumentado a<br />

renda das propriedades e integrado<br />

a atividade agrícola e pecuária, gerando<br />

benefícios a ambas. Diversas<br />

empresas do ramo agropecuário,<br />

junto à Embrapa, desenvolvem,<br />

acompanham, implantam e auxiliam<br />

produtores a adotarem esse sistema<br />

como forma de incrementar a lucratividade<br />

da fazenda.<br />

Dentre os benefícios do sistema<br />

de Integração Lavoura Pecuária<br />

- ILP - é possível citar: aumento<br />

na ciclagem de nutrientes no solo;<br />

aumento na atividade microbiológica<br />

e da biodiversidade, melhorando<br />

a sustentabilidade agropecuária;<br />

aumento na produção por hectare<br />

de grãos, carne e leite, entre outros;<br />

aumento da renda líquida dos produtores,<br />

que passam a trabalhar com<br />

maior liquidez; maior eficiência na<br />

utilização de recursos (água, luz, nutrientes<br />

e capital investido); geração<br />

de emprego e redução da sazonalidade<br />

de mão de obra e êxodo rural;<br />

melhora na conservação e qualidade<br />

das características físicas, químicas e<br />

produtivas do solo; redução da necessidade<br />

de abertura de novas áreas;<br />

promovendo uma melhoria generalizada<br />

do perfil do solo devido<br />

a introdução de gramíneas como a<br />

Brachiaria spp. e seu sistema radicular<br />

agressivo.<br />

Nesses sistemas, é preconizado<br />

o plantio de forrageiras, consorciadas<br />

com culturas de grãos, na<br />

safra ou safrinha, ou em sucessão às<br />

culturas produtoras de grãos, cultivadas<br />

na safra de verão. É possível,<br />

inclusive, que se utilize uma safra<br />

de soja seguida de uma safrinha de<br />

milho ou sorgo (consorciados com<br />

capim) e, na seca, uma “safrinha de<br />

boi”.<br />

Um bom exemplo é o caso<br />

do Sr. Walter Sobreira, pecuarista do<br />

município de Porto Nacional que,<br />

ao arrendar sua área para plantio<br />

de soja (Glycine max), milho (Zea<br />

mays) e sorgo (Sorghum bicolor),<br />

acordou com o arrendatário que um<br />

terço da área seria destinada ao uso<br />

em sistema de integração, soja-forrageira,<br />

o que otimizou a utilização<br />

do capim implantado após a soja<br />

para pastejo com a vacada da fazenda.<br />

Desta forma, sempre que a soja<br />

está na fase de maturação fisiológica<br />

(R5.3 até R6), ou seja, antes da que-<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

51


da natural das folhas, faz-se a distribuição<br />

das sementes de Braquiária<br />

(B. ruziziensis).<br />

Em seguida, a soja é colhida<br />

e se estabelece a pastagem - que<br />

serve como uma boa forrageira para<br />

a seca - de excelente qualidade nutricional,<br />

visto que utiliza os resíduos<br />

de adubação que ficaram do cultivo<br />

anterior, reciclando os nutrientes e<br />

trazendo aqueles mais profundos<br />

para camadas mais superficiais para<br />

serem absorvidos no próximo cultivo.<br />

Assim que as chuvas iniciam, o<br />

gado volta às áreas da fazenda exclusivas<br />

de pastagem, deixando com<br />

que a braquiária rebrote a ponto de<br />

formar uma boa cobertura de solo,<br />

quando é dessecada para formar a<br />

palhada e novamente receber a soja.<br />

Vale salientar que esse manejo<br />

do uso da integração aliado à<br />

suplementação proteico-energética<br />

dos bovinos é excepcional para<br />

o gado, como frisou o Sr. Walter<br />

ao afirmar que, “vamos conseguir<br />

manter melhor o escore corporal<br />

do gado, mesmo com a seca drástica<br />

que temos aqui na fazenda”. Assim,<br />

os animais já entram no período<br />

chuvoso em condições de apresentarem<br />

melhores desempenhos em<br />

ganho de peso e prenhes.<br />

A ILP também se torna<br />

necessária pela dificuldade dos pecuaristas<br />

em investir na reforma<br />

de pastagens e dos agricultores na<br />

manutenção e recuperação do potencial<br />

produtivo das lavouras, principalmente<br />

em razão de problemas<br />

relacionados à redução da matéria<br />

orgânica do solo e ocorrência de insetos<br />

e doenças nos cultivos.<br />

Com a prática da integração<br />

o sistema radicular da gramínea irá<br />

ajudar a formar um perfil de solo<br />

adequado, adicionando matéria orgânica<br />

no solo. Independente da<br />

prática de ILP, é necessário cuidado<br />

e uso de sementes de qualidade, sejam<br />

de soja ou capim, que apresentassem<br />

bom percentual germinativo<br />

e de vigor, bem como tenha certeza<br />

de sua origem, garantindo assim sementes<br />

sem contaminação varietal,<br />

contaminação fúngica e contaminação<br />

por espécies de plantas daninhas<br />

de difícil controle e/ou já resistentes<br />

a herbicidas.<br />

O consórcio de milho com<br />

crotalária (Crotalaria ochroleuca), ao<br />

invés da braquiária, vem se mostrando<br />

uma alternativa muito interessante<br />

para algumas regiões, pois contribui<br />

para o controle de nematoides<br />

e mantém a produção de grãos no<br />

mesmo nível obtido com o outro<br />

consórcio.<br />

Como agrônomo, tive e tenho<br />

a oportunidade de vivenciar diversas<br />

experiências em várias partes<br />

do Brasil, com diferentes resultados,<br />

mostrando que aqueles que obtêm<br />

os melhores resultados são aqueles<br />

que buscam aliar técnicas de conservação<br />

do solo e da água, com utilização<br />

das variedades recomendadas<br />

para a região e dos melhores manejos<br />

de pragas e doenças, intensificação<br />

da área cultivada e, principalmente,<br />

com uma boa mão de obra,<br />

desde o responsável técnico pela fazenda<br />

até o operador de máquinas.<br />

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Marcos Jean Vieira de Souza<br />

Gerente Geral do Banco da Amazônia<br />

Agência Paraíso do Tocantins<br />

marcos.souza@bancoamazonia.com.br<br />

CRÉDITO RURAL<br />

Desmitificando o acesso ao<br />

CRÉDITO DE FOMENTO<br />

Existem algumas linhas de crédito/financiamentos oferecidos a determinadas atividades que possuem condições<br />

especiais em relação a forma de pagamento e menores taxas de juros, quando comparados com ofertas iguais<br />

oferecidas no mercado, geralmente são recursos oriundos de incentivos governamentais, que no geral possuem o<br />

objetivo de trazer desenvolvimento a determinada atividade ou região.<br />

Infelizmente, muitos desconhecem<br />

a existência dessas linhas<br />

e outros imaginam que o acesso a<br />

essas linhas é muito burocrático,<br />

que somente grandes empresas ou<br />

produtores possuem possibilidade<br />

de serem beneficiados, etc, levando<br />

esses empreendedores a nem tentar<br />

a possibilidade de serem atendidos,<br />

deixando dessa forma que empreendimentos<br />

altamente viáveis e que<br />

poderiam ajudar no crescimento da<br />

região onde atuam, tenham atraso<br />

em seu desenvolvimento ou até<br />

mesmo venham a encerrar suas atividades<br />

por falta de suporte financeiro<br />

em determinado momento essencial<br />

a sua existência.<br />

Ao contrário que muitos<br />

pensam, a disponibilidade dessas<br />

linhas especiais atende tanto o setor<br />

agropecuário, quanto os setores<br />

de indústria, comércio e serviços,<br />

atuando junto a pessoas físicas e<br />

jurídicas (inclusive associações e<br />

cooperativas). O acesso às linhas<br />

se dá através de bancos ou cooperativas,<br />

com utilização de recursos<br />

normalmente advindos do Banco<br />

Nacional de Desenvolvimento<br />

Econômico Social – BNDES e dos<br />

Fundos Constitucionais de Desenvolvimento<br />

do Norte, Centro Oeste<br />

e Nordeste. Daremos enfoque neste<br />

artigo a concessão do crédito rural,<br />

considerando o publico da <strong>Revista</strong><br />

<strong>MB</strong> <strong>Rural</strong>.<br />

ONDE POSSO USAR O<br />

CRÉDITO RURAL?<br />

O crédito rural pode ser utilizado<br />

para financiar investimentos<br />

que tragam modernização da estrutura<br />

de produção (curral, cercas,<br />

barracões, reforma de pastagens,<br />

aquisição de máquinas e implementos<br />

agrícolas, etc), os custos<br />

de produção e comercialização de<br />

produtos agropecuários, incluindo<br />

aí o custeio da agrícola/pecuário,<br />

armazenamento, industrialização e<br />

modernização da atividade.<br />

COMO SOLICITAR O<br />

CRÉDITO RURAL<br />

• Em Instituições financeiras ou<br />

cooperativa que atuem com a<br />

concessão do credito que você<br />

deseja, visando criar uma base<br />

de comparação entre os custos<br />

e escolher a que lhe traga mais<br />

benefícios;<br />

• Após a escolha da Instituição<br />

que irá lhe atender, será elaborado<br />

cadastro, com solicitação<br />

normalmente dos seguintes documentos<br />

básicos:<br />

1. Documento de identificação<br />

(RG e CPF, ou outras permitidos<br />

legalmente), inclusive do<br />

cônjuge/companheiro(a), se for<br />

o caso;<br />

2. Comprovante de estado civil;<br />

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3. Cópia do comprovante de<br />

residência (até 60 dias de<br />

vencido);<br />

4. Declaração de Imposto de renda<br />

(completa);<br />

5. Documento de propriedade do<br />

imóvel objeto do financiamento:<br />

Certidão de inteiro teor, negativa<br />

de ônus – validade 30 dias;<br />

6. Contrato de arrendamento ou<br />

comodato, com registro em<br />

cartório (atentar para verificar<br />

as cláusulas exigidas pela<br />

Instituição);<br />

7. Certificado de Cadastro de<br />

Imóvel <strong>Rural</strong> – CCIR, atentando<br />

para verificar se não consta<br />

como improdutivo, se sim,<br />

providenciar adequação;<br />

8. Certidão Negativa de ITR;<br />

9. Cadastro Ambiental <strong>Rural</strong> –<br />

CAR, exigido por algumas<br />

Instituições;<br />

10. Licença ambiental, quando a<br />

atividade pleiteada exigir;<br />

11. Poderá ser solicitado documentos<br />

adicionais, dependendo da<br />

atividade desenvolvida.<br />

• Após a aprovação do cadastro,<br />

se dará inicio ao pleito, sendo<br />

que em alguns casos não haverá<br />

necessidade de elaboração<br />

de projetos (normalmente<br />

para custeio, maquinas isoladas<br />

e atividades de menor complexidade),<br />

acatando-se propostas<br />

simplificadas, acompanhadas de<br />

orçamento de aplicação. Para<br />

propostas mais complexas, existe<br />

a necessidade de apresentação<br />

de projeto que demostre a<br />

viabilidade técnica/econômica/<br />

financeira, visando aferir a qualidade<br />

do pleito;<br />

• Após análise, aprovado o pleito,<br />

será efetuada a formalização<br />

da proposta, com assinatura<br />

e registro (quando houver<br />

necessidade) do instrumento<br />

contratual.<br />

Como se pode observar,<br />

a documentação exigida é básica e<br />

deveria ser de fácil disponibilidade<br />

pelos produtores rurais, mas infelizmente<br />

muitos não possuem essa<br />

condição, somente quando buscam<br />

o crédito e que descobrem que não<br />

estão regulares, e a regularização<br />

nesse momento, que pode ser demorada,<br />

principalmente quando envolve<br />

questões ambientais, leva os<br />

proponentes a pensar que o processo<br />

de concessão de crédito é burocrático,<br />

que em nosso entendimento,<br />

no geral não é.<br />

Na região Norte o principal<br />

recurso de desenvolvimento é o<br />

advindo do Fundo Constitucional<br />

do Norte – FNO, administrado pelo<br />

Banco da Amazônia, que além de<br />

apresentar linhas com excelentes<br />

taxas e prazos, não enfrenta<br />

problemas de disponibilidade<br />

de recursos para atender<br />

empreendimentos nos mais diversos<br />

segmentos, em todas atividades que<br />

demonstrem viabilidade.<br />

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Alexandre Andrade de Souza<br />

Empresário Contábil<br />

aasouza28@conexaocontabilto.com.br<br />

OBRIGAÇÃO FISCAL<br />

OBRIGAÇÕES FISCAIS DO PRODUTOR RURAL: PESSOA FÍSICA<br />

RESUMO DA MOVIMENTAÇÃO DO<br />

REBANHO E INVENTÁRIO DE GADO<br />

No início informamos de forma resumida quais seriam os cadastros obrigatórios para o produtor rural<br />

pessoa física, baseado na aquisição de uma propriedade ou na utilização de contrato de arredamento ou parceria.<br />

Apresentamos informações de obrigações mensais, trimestrais e anuais para diversas obrigatoriedades. Buscando<br />

melhor esclarecer informamos que o produtor rural precisa se adequar as exigências fiscais e sanitárias vinculadas<br />

a sua atividade, aqui no caso, falaremos sobre o produtor rural que é pecuarista.<br />

CITAMOS NOVAMENTE<br />

ESTES DADOS:<br />

1. Cadastro junto a Prefeitura Municipal<br />

para registro da marca;<br />

2. Cadastro junto a Agência de<br />

Defesa Agropecuária Estadual,<br />

para controle sanitário do rebanho;<br />

3. Cadastro junto a Secretaria da<br />

Fazenda Estadual para Inscrição<br />

de Produtor <strong>Rural</strong>;<br />

Como de praxe ainda alguns<br />

produtores rurais não acompanham<br />

e são desinformados quanto as suas<br />

obrigações. No primeiro item temos<br />

o cadastro junto a Prefeitura Municipal<br />

para registro da marca, fato que<br />

acreditamos ser de uma ocorrência<br />

ainda alta, sua falta de cadastro pelo<br />

produtor rural na Coletoria Municipal,<br />

confirmando no município do<br />

domicílio rural qual é a sua marca<br />

escolhida para controle do rebanho.<br />

No segundo item temos o<br />

cadastro junto a Agência de Defesa<br />

Agropecuária Estadual, para controle<br />

sanitário do rebanho, aato que os<br />

produtores já estão familiarizados<br />

e preocupados para manter seu rebanho<br />

protegido de eventuais casos<br />

de doenças. Assim, hoje falaremos<br />

um pouco sobre um documento necessário<br />

e obrigatório para manter<br />

a regularidade junto a Secretaria da<br />

Fazenda do Estado do Tocantins -<br />

SEFAZ-TO.<br />

Conforme supracitado o<br />

item três fala da obrigação do produtor<br />

rural, proprietário ou arrendante/parceiro<br />

da Inscrição Estadual<br />

necessária para movimentação<br />

de rebanho interna ou externamente.<br />

A Portaria Sefaz nº 1975 de<br />

28/12/2007 normatiza as regras de<br />

controle e movimentação do rebanho.<br />

Assim, após a criação de sua<br />

inscrição o produtor rural junto ao<br />

Cadastro de Contribuintes do ICMS<br />

- CCI-TO, conforme Art. 7º da Portaria<br />

supracitada o Registro de Movimento<br />

de Gado as mudanças de era<br />

e todas as operações realizadas pelo<br />

estabelecimento (produtor rural),<br />

individualizando-as por aquisições,<br />

vendas, transferências para outro estabelecimento<br />

do mesmo produtor,<br />

parceria, arrendamento, aluguel, recurso<br />

de pasto, remessa para confinamento<br />

ou venda fora do estabelecimento<br />

e seus respectivos retornos,<br />

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quando for o caso, e remessa para<br />

abate por contra própria.<br />

Mas não basta apenas gerar<br />

o movimento, o produtor rural deverá<br />

guardar pelos próximos cinco<br />

anos, para eventual exibição ao fisco<br />

estadual, contados a partir do primeiro<br />

dia do exercício seguinte ao<br />

do lançamento. O Resumo do Rebanho<br />

e Inventário de Gado, conforme<br />

Art. 502-E do Regulamento do<br />

Imposto sobre Operações Relativa<br />

à Circulação de Mercadorias e sobre<br />

Prestações de Serviços de Transportes<br />

Interestadual e Intermunicipal<br />

e de Comunicação - RICMS<br />

do Estado do Tocantins, deverá ser<br />

apresentado até o dia 31 de janeiro<br />

do exercício seguinte, referentes às<br />

perdas, a produção e as mudanças<br />

de era realizada no período de 1º de<br />

janeiro a 31 de dezembro do ano anterior,<br />

discriminando os animais segundo<br />

o gênero e idade, inclusive os<br />

existentes no estabelecimento, sob<br />

o regime de recurso de pasto e os<br />

existentes em estabelecimentos de<br />

terceiros sob o regime de recurso de<br />

pasto e de confinamento.<br />

O RICMS do Estado do Tocantins,<br />

cita no Art. 92-A. A restrição<br />

dada à Inscrição Estadual ocorre<br />

quando o contribuinte: deixar de<br />

apresentar o Resumo da Movimentação<br />

do Rebanho e Inventário de<br />

Gado. A restrição de que trata este<br />

artigo, interrompe temporariamente<br />

a regularidade cadastral do contribuinte<br />

e o impede de ser destinatário<br />

de mercadorias (bovinos) ou<br />

serviços. Não sanadas as irregularidades<br />

fiscais que levaram à restrição,<br />

no prazo de trinta dias, a inscrição<br />

estadual deve ser suspensa do ofício<br />

do CCI - TO.<br />

Mesmo após o prazo o produtor<br />

rural poderá regularizar a entrega<br />

do Movimento do Rebanho e<br />

Inventário de Gado, regularizando o<br />

desbloqueio de sua Inscrição Estadual<br />

junto à Secretaria da Fazenda<br />

do Estado do Tocantins - SEFAZ-<br />

-TO. Porém, gerará a obrigatoriedade<br />

de pagamento de multa no valor<br />

de R$ 1.100,00 (Hum mil e cem reais),<br />

que após quitação deverá ser<br />

apresentada para reativação da referida<br />

Inscrição Estadual, liberando<br />

para movimentações futuras.<br />

Portanto, caro produtor rural,<br />

fique ciente que as diversas obrigações<br />

junto aos Entes Federativos,<br />

deverão ser acompanhadas com<br />

clareza e atenção, para que não falte<br />

na entrega de nenhuma obrigatoriedade.<br />

Caso tenha dúvida desta e demais<br />

obrigações anuais, trimestrais<br />

e mensais, procure um profissional<br />

qualificado para auxilia-lo.<br />

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GRÁFICA


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EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR <strong>2017</strong>


Família do Chico Boi<br />

Leilão toda Terça feira<br />

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EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

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EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>


EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong><br />

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Com a implantação do Polinésia e<br />

Caribe Residence & Resort, a BIRC e<br />

LUAN se consolidaram no mercado como<br />

empresa inovadora na qualidade das obras<br />

e nos detalhes com uma equipe motivada<br />

em busca de melhoria contínua.<br />

O Parque das Águas, no coração de<br />

Paraíso do Tocantins-TO, impulsiona o<br />

desenvolvimento urbano e o crescimento<br />

da cidade. A Costa Dourada em Palmas<br />

com o seu plano de desenvolvimento<br />

sustentável, magnífica vista para o lago,<br />

excelente segurança e qualidade de vida,<br />

já se tornou um lugar valorizado e desejado<br />

por quem busca o melhor para sua família!<br />

Após a conclusão da Perimetral e o<br />

futuro Campo de Golf, a Costa Dourada<br />

será o melhor lugar para viver e morar na<br />

capital Palmas!<br />

64<br />

EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong>

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