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Dr. Gentil Cavalheiro Adorian Eng. Agrônomo e Dr. em Fitotecnia gentil.cav@gmail.com FERTILIDADE DO SOLO II FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás somente dos Estados Unidos. A área plantada na safra 2016/<strong>2017</strong> foi de 33,890 milhões de hectares, com produção total de 113,923 milhões de toneladas, segundo dados da Embrapa Soja. A soja brasileira apresenta alta competitividade no mercado externo, onde gerou, neste ano, incluindo seus derivados (óleo e farelo), uma renda de U$ 25,4 bilhões e, isso certamente não seria possível sem a fixação biológica de nitrogênio. O nitrogênio (N) é um elemento essencial às plantas, para a grande maioria, o mais requerido, participando de processos fisiológicos como a fotossíntese, onde é componente estrutural da clorofila (pigmento de cor verde responsável por receptar a luz solar), e também, da estrutura de aminoácidos, proteínas, dentre outros componentes de importância bioquímica e fisiológica da planta. A cultura da soja, para cada tonelada de grão produzida, consome aproximadamente 80 kg.ha-1 de N, e com uma produtividade média de 3 toneladas por hectare (50 sacas), seria necessário assimilar 240 kg.ha-1 de N. Utilizando, por exemplo, como fonte de nitrogênio o fertilizante sulfato de amônio, que apresenta em torno de 20% de N, gastaria 1.200 kg.ha-1 do fertilizante. Isso, com certeza, aumentaria muito os custos da produção, provavelmente tornando pouco viável a produção. A cultura do milho, por sua vez, para cada tonelada de grão produzida, assimila aproximadamente 25 kg.ha-1 de N. Para uma produtividade média de 7 toneladas por hectares, seria consumido aproximadamente 140 kg.ha¬-1 de N. No solo, o nitrogênio é um elemento pouco abundante, geralmente está presente na matéria orgânica (em torno de 40 kg.ha-1 de N a cada 1% de matéria orgânica), que após mineralizada (decomposta) disponibiliza o nutriente para a absorção das plantas. O maior reservatório de nitrogênio no planeta é a atmosfera, que contém cerca de 78% de N2 (nitrogênio atmosférico), porém, a forma N2 não é assimilável pelas plantas, que somente é possível se o elemento seja fixado na forma de NH4+ (amônio). A fixação de nitrogênio pode ocorrer de forma natural ou industrializada. Industrialmente, o nitrogênio é fixado por um processo chamado de Haber-Bosch, que foi desenvolvido na Alemanha, e utilizado pela primeira vez, em grande escala, para produzir explosivos durante a Primeira Guerra Mundial. Hoje em dia, utilizado para a produção de fertilizantes. Naturalmente, o nitrogênio pode ser fixado por descargas elétricas durante uma tempestade, formando óxidos de nitrogênio, que dissolvido na água da chuva cai ao solo e transforma- -se em nitrato, ficando prontamente disponível para absorção pelas plantas. Entretanto, a fixação biológica é responsável por 90% da fixação natural do nitrogênio. A fixação biológica de nitrogênio (FBN) pode ser realizada por bactérias de vida livre (sem estarem associadas com raízes) ou por bacté- EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO <strong>2017</strong> 15