Revista MB Rural 32 2017

SANIDADE ANIMAL
Willian Filgueira Batista
Consultor em pecuária – TO
MSD Saúde Animal
willian.batista@merck.com
CACIMBAS
O USO DE CACIMBAS PODE LEVAR A OCORRÊNCIA DE VÁRIAS
DOENÇAS E A GRANDES PREJUÍZOS A PROPRIEDADE RURAL
Em muitas fazendas de regime extensivo, devido à existência de poucos mananciais hídricos como córregos
e rios, as cacimbas (escavações destinados a receber e armazenar agua) são, às vezes a principal, ou mesmo
exclusivamente, fonte de fornecimento de agua para os animais. Apesar de seu menor custo de investimento, as
cacimbas constituem um enorme fator de risco sanitário. Isto se dá por que, para ter acesso a agua, os animais
entram na cacimba e muitas vezes urinam e defecam dentro da mesma, levando a aumento de matéria orgânica e
diminuindo a qualidade da agua fornecida aos animais.
O consumo de agua de
cacimbas contaminadas pode levar
a perda de produtividade, causar
várias enfermidades e até mesmo
levar animais a morte.
Na época da seca esse problema
se agrava. Isto ocorre devido
ao fato, de as cacimbas ficam quase
secas, com aumento da temperatura
e diminuição ou até mesmo falta
de oxigenação da agua. Estes fatores,
aliados as fezes dos animais e as
carcaças dos peixes e de animais que
morrem próximo a cacimba geram
um ambiente propício à multiplicação
de bactérias, como as clostridioses,
sobre tudo o botulismo.
O botulismo é uma intoxicação
decorrente da ingestão de toxinas
produzidas pelas bactérias da
espécie Clostridium botulinum. Esta
doença tem sido associada em bovinos
com habito de consumir ossos
de carcaças (osteofagia). Entretanto,
pouco se fala a respeito do botulismo
hídrico (botulismo ocasionado
pelo consumo de agua contaminada
com a toxina do (Clostridiun butulinum).
Os bovinos, ao pastar em
áreas contaminadas pelo Clostridium
botulinum, ingerem os seus esporos
e ao defecar no interior ou nas
proximidades das cacimbas, podem
assim criar condições favoráveis à
multiplicação dessa bactéria.
Após diversos relatos de
morte de animais sem motivo
aparente Aires Manoel de Souza
(médico veterinário e professor de
Doenças Infecciosas dos Animais
da Universidade Federal de
Goiás), realizou um estudo em 12
municípios do Vale do Araguaia.
Neste estudo foram colhidas
e analisadas amostras de sedimentos
de 300 diferentes cacimbas. Destas
300 amostras analisadas 30 foram
positivas (10%) para pesquisa de
Clostridium botulinum, constatando
que a cacimba pode ser meio
para a proliferação da toxina do
Clostridium botulinum, causadora
do botulismo. O estudo foi parte
da tese de doutorado do professor,
defendida na Universidade de São
Paulo (USP).
EDIÇÃO 03 | ANO 07 | JUL/AGO 2017
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