MB Rural Ed. 30
Edição especial de aniversário de 6 anos da Revista MB Rural
Edição especial de aniversário de 6 anos da Revista MB Rural
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GESTÃO PECUÁRIA - COMO GERIR UMA FAZENDA DE GADO DE CORTE COM MAIS PROFISSIONALISMO<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
a<br />
n<br />
o<br />
s<br />
<strong>Ed</strong>ição Especial<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
1
2<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
3
GRUPO<br />
Unidade de<br />
Beneficiamento<br />
de Sementes de<br />
Chapadão do Céu<br />
SEMEANDO QUALIDADE<br />
nas lavouras do cerrado<br />
Após quase três décadas de expansão continuada, o Grupo Uniggel<br />
se consolida como um dos maiores produtores de sementes de soja<br />
do país e atinge um elevado estágio de maturidade em seus negócios<br />
Os campos de sementes de soja da Uniggel,<br />
que se estendem sobre 35 mil hectares<br />
dos estados de Goiás, Mato Grosso do<br />
Sul e Tocantins, estão na raiz do acelerado<br />
processo de desenvolvimento econômico vivido<br />
pelas principais regiões agrícolas do país nos últimos<br />
anos. Após serem beneficiados nas unidades<br />
da empresa localizadas nos municípios de Chapadão<br />
do Céu (GO), Lagoa da Confusão e Campos Lindos<br />
(TO), cerca de 50 milhões de quilos de sementes da<br />
marca são destinados ao plantio anual de mais de<br />
1 milhão de hectares de soja de alta produtividade,<br />
em nove estados das regiões Centro-Oeste, Norte<br />
e Nordeste do Brasil. O volume coloca a Uniggel<br />
entre os 10 maiores produtores de sementes do<br />
país. “Fornecemos matéria-prima de alta qualidade<br />
para a expansão do agronegócio brasileiro”, define<br />
Fausto Garcia, sócio-diretor do Grupo Uniggel, que<br />
também possui negócios nas áreas de produção e<br />
armazenagem de grãos, beneficiamento de algodão<br />
e revenda de máquinas e implementos agrícolas.<br />
A história do grupo começou há 28 anos, quando<br />
UNIGGEL • INFORME • 2016<br />
4<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
INFORME ESPECIAL<br />
os irmãos Sérgio, Ronan e Fausto Garcia, naturais<br />
de Jataí (GO), perceberam a oportunidade aberta<br />
pela expansão da agricultura no Centro-Oeste. Boa<br />
parte das terras da família, em Chapadão do Céu,<br />
era ainda voltada à pecuária, mas as propriedades<br />
ao redor transformavam-se rapidamente em lavouras<br />
de soja e milho, por obra de gaúchos que chegavam<br />
à região. Com o incentivo e apoio do pai, Ronan<br />
Garcia, os irmãos convenceram-se de que o futuro<br />
estava associado à agricultura. Foi então que os<br />
três – que trabalhavam como advogado, agrônomo<br />
e comerciante de gado – converteram os primeiros<br />
250 hectares de pastagens em lavouras, iniciando<br />
a produção de grãos. “Tomamos um financiamento<br />
e rezamos para São Pedro”, lembra o sócio Ronan<br />
Garcia Junior.<br />
Os anos iniciais foram de aprendizado intenso e<br />
trabalho duro, mas os resultados não demoraram a<br />
aparecer. Reinvestindo os lucros no próprio negócio,<br />
os empreendedores logo ampliaram a área plantada<br />
e ergueram um complexo de armazenagem de grãos,<br />
que deu origem à Uniggel. Em seguida, na segunda<br />
metade dos anos 1990, a empresa deu seu passo<br />
mais importante, iniciando a produção de sementes<br />
de soja. A própria Uniggel sofria com a falta de<br />
sementes adequadas às condições específicas das<br />
novas fronteiras agrícolas que se abriam, e os irmãos<br />
perceberam aí uma oportunidade. “As sementes que<br />
usávamos vinham de uma região produtora mais<br />
antiga, havia poucas variedades disponíveis e poucos<br />
estudos sobre novas regiões”, conta o sócio Sérgio<br />
Garcia, que dirige a unidade de Chapadão do Céu.<br />
A Uniggel, então, associou-se à Empresa Brasileira<br />
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ao Centro<br />
Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias (CTPA),<br />
do governo de Goiás, e à Fundação de Apoio à Pesquisa<br />
do Corredor de Exportação Norte (Fapcen), do<br />
Maranhão, para a realização de pesquisas e ensaios<br />
em suas propriedades, habilitando-se a multiplicar<br />
sementes para diversas regiões produtoras do país.<br />
Foi um tiro certeiro. Nos anos seguintes, o mercado<br />
evoluiu com a chegada de multinacionais oferecendo<br />
novas tecnologias associadas às variedades próprias<br />
para o cerrado brasileiro. A Uniggel costurou parcerias<br />
com empresas do porte de Monsanto, Bayer,<br />
Nidera, Brasmax, Coodetec e TMG,<br />
encarregando-se da multiplicação e<br />
comercialização de sementes desenvolvidas<br />
por essas companhias.<br />
Os diretores da Uniggel logo<br />
entenderam o papel fundamental do<br />
multiplicador na cadeia produtiva da<br />
soja: de pouco adianta a alta tecnologia<br />
genética na origem se a produção<br />
de sementes no campo não é feita<br />
com elevada eficiência e atenção aos<br />
detalhes, o que inclui um rigoroso<br />
sistema de controle de qualidade em<br />
todas as etapas do processo e a precisão<br />
na hora da colheita. “A semente é<br />
feita no campo”, afirma Garcia Junior,<br />
responsável pela área técnica.<br />
Porém, mesmo depois de “feita<br />
no campo”, a semente ainda precisa<br />
de tratamento especial para ficar em<br />
excelentes condições para o plantio.<br />
Aí é que entra a importância das etapas de seleção,<br />
secagem, embalagem e armazenagem. É preciso<br />
ser rápido no beneficiamento e ensacamento, pois<br />
o tempo entre a colheita e o processamento corre<br />
contra a qualidade do produto. A armazenagem, por<br />
fim, deve ser realizada sob baixas temperaturas. O<br />
objetivo é preservar a energia contida na semente,<br />
que deverá ser liberada somente no solo. Na Uniggel,<br />
a alta capacidade das Unidades de Beneficiamento<br />
de Sementes (UBS) e a utilização da tecnologia cool<br />
1 MILHÃO<br />
DE HECTARES<br />
Lavouras de soja<br />
cultivadas com<br />
sementes da Uniggel<br />
Uniggel produz<br />
33 variedades de<br />
sementes de soja,<br />
adequadas a diversas<br />
regiões produtoras<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
5
EDITORIAL<br />
A revista <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> está completando 6 anos de atividades<br />
com um trabalho focado no desenvolvimento e aperfeiçoamento<br />
da gestão do agronegócio, através da magia do conhecimento e da<br />
capacitação profissional, que ao nosso ver são as principais bases<br />
para o crescimento sustentado e contínuo de produtores rurais e da<br />
sociedade.<br />
Neste período ampliamos e consolidamos grandes parcerias,<br />
garantindo a excelência e o elevado padrão didático e técnico nos<br />
artigos, modificamos e inovamos a formatação e a diagramação<br />
trazendo mais riqueza de detalhes e um layout muito atrativo<br />
e apropriado a cada tema; aperfeiçoamos também a forma de<br />
divulgar e distribuir valorizando e personalizando a sua entrega,<br />
maior interação com autores, agropecuaristas e anunciantes. Graças<br />
a esse conjunto de ações e fortalecidos pela crescente demanda a<br />
<strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> em 2016 superou as melhores expectativas pela imensa<br />
receptividade alcançada na edição especial sobre Fertilidade do Solo<br />
e o Guia <strong>Rural</strong> 2017 que por sua grande abrangência tornou-se uma<br />
eficiente ferramenta de trabalho. Superamos nossas metas, mas,<br />
sabemos que podemos ir mais longe.<br />
Publicamos exatos 264 artigos técnicos que foram distribuídos<br />
gratuitamente através de 105.000 revistas. Esses dados indicam que<br />
estamos no caminho correto, criando e estimulando os bons hábitos<br />
de leitura que com certeza é o melhor caminho para a retomada do<br />
crescimento econômico e social.<br />
Finalizando reafirmamos a nossa convicção, que a capacitação<br />
profissional com responsabilidade e sabedoria é o método que nos<br />
conduz ao melhor resultado e erradica definitivamente o achismo<br />
e a ineficiência tão presente em nossas empresas, principalmente<br />
as de pecuária.<br />
Leiam, guardem e colecionem a sua revista <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> que<br />
traz nesta EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO 16 artigos<br />
bem diversificados, atualizados e de excelente conteúdo técnico,<br />
aproveitem! Boa Leitura!<br />
Índice<br />
08 | SANIDADE ANIMAL<br />
10 | GESTÃO<br />
13 | PASTAGENS<br />
16 | GESTÃO II<br />
18 | GENÉTICA ANIMAL<br />
21 | SUPLEMENTAÇÃO<br />
26 | SANIDADE ANIMAL II<br />
<strong>30</strong> |MÁQUINAS AGRÍCOLAS<br />
37 | PASTAGENS II<br />
40 | PASTAGENS III<br />
43 | CRÉDITO RURAL<br />
47 | GESTÃO III<br />
Um forte abraço!<br />
53 | SANIDADE ANIMAL III<br />
a<br />
n<br />
o<br />
s<br />
<strong>Ed</strong>ição Especial<br />
Reinaldo Gil<br />
Eng. Agrônomo/<strong>MB</strong> Parceiro<br />
56 | OBRIGAÇÃO FISCAL<br />
59 | BIOTECNOLOGIA<br />
Uma publicação do Grupo <strong>MB</strong> Parceiro<br />
Distribuição Gratuita<br />
<strong>Ed</strong>itores:<br />
Mauricio Bassani dos Santos<br />
CRMV-TO 126/Z<br />
Reinaldo Gil<br />
CREA 77816/D<br />
reinaldo.gil@uol.com.br<br />
(63) 98466 8919 / 98426 6697 (WhatsApp)<br />
Projeto gráfico:<br />
Agência Lumia (63) 3602 3441<br />
Bruce Ambrósio e equipe<br />
Tiragem: 3.000 exemplares<br />
Colaboração:<br />
Alexandre Andrade de Souza<br />
Dr. Gentil Cavalheiro Adorian<br />
Fábio Quintão<br />
Jesus Joaquim Custódio Neto<br />
João Houly<br />
Josely Sobreira da Silva<br />
Luiz Abatuir Assis Junior<br />
Marcelo Dominici Ferreira<br />
Marcelo Könsgen Cunha<br />
Marcos Jean Vieira de Souza<br />
Uesslley Marinho de Sousa<br />
Matheus Moretti<br />
Prof. Dr. Jorge Luís Ferreira<br />
Prof. Dr. Raysildo Barbosa Lôbo<br />
Renato Antônio Borghetti<br />
Wagner Pires<br />
Werley DiasFerreira Silva<br />
Willian Filgueira Batista<br />
A Revista <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> não possui matéria paga<br />
em seu conteúdo. As ideias contidas nos artigos<br />
assinados não expressam, necessariamente,<br />
a opinião da revista e são de inteira<br />
responsabilidade de seus autores.<br />
Revista <strong>MB</strong> <strong>Rural</strong> (Adm/Redação):<br />
204 Sul Av. LO 03, QI 17 Lt 02<br />
Palmas - TO - Cep.: 77.020-464<br />
Fones: (63) 98466-0066 / 3213 16<strong>30</strong><br />
mauricio_bassani@yahoo.com<br />
CURTA NOSSA PÁGINA<br />
A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO<br />
<strong>MB</strong>PARCEIRO<br />
6<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
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Jesus Joaquim Custódio Neto<br />
Assistente Técnico Comercial da Vallée S/A<br />
jesus.neto@vallee.com.br<br />
SANIDADE ANIMAL<br />
A IMPORTÂNCIA DA VACINAÇÃO<br />
CONTRA AS CLOSTRIDIOSES<br />
As Clostridioses são um grupo de enfermidades causadas por bactérias do gênero Clostridium.. Estes microrganismos<br />
são encontrados naturalmente no solo e na água e apresentam uma forma de resistência chamada<br />
esporo, que pode persistir viável no ambiente por dezenas de anos, causando danos aos animais em diversas situações.<br />
As Clostridioses mais comuns em bovinos no Brasil são o Carbúnculo Sintomático e o Botulismo. Em conjunto<br />
com a Raiva e as Intoxicações por Plantas Tóxicas, as Clostridioses são o grupo de doenças que mais matam<br />
bovinos no Brasil. Impossíveis de serem erradicadas, as Clostridioses exigem sobretudo o seu reconhecimento e a<br />
adoção de medidas preventivas, nas quais se inclui a vacinação específica.<br />
A Clostridiose potencialmente<br />
mais importante na pecuária<br />
mundial e brasileira é o Carbúnculo<br />
Sintomático, também conhecido<br />
como Manqueira ou Mal de Ano.<br />
Há dados de literatura que mostram<br />
que os índices de mortalidade por<br />
essa doença podem atingir 15% e<br />
esse fato já é bem difundido entre<br />
os pecuaristas e técnicos do setor.<br />
O Botulismo é outra Clostridiose<br />
de alta importância e com alto<br />
histórico de mortalidades. Nos últimos<br />
<strong>30</strong> anos, a doença foi responsável<br />
pela mortalidade de milhões de<br />
bovinos em quase todas as regiões<br />
do país. Há estudos que mostram<br />
que animais não vacinados contra<br />
o botulismo têm 11,6% mais chance<br />
de morrer da doença diante de<br />
um desafio convencional, quando<br />
são comparados com animais vacinados.<br />
Da mesma forma, quando o<br />
botulismo incide em rebanhos sem<br />
histórico de vacinação, a mortalidade<br />
média é de 9,13%. Nos surtos da<br />
doença associados à água e alimentos<br />
contaminados a mortalidade<br />
média é de 13%, havendo histórico<br />
de lotes inteiros de animais que<br />
morreram após ingerir a toxina botulínica.<br />
Segundo Dutra (2001), em<br />
confinamentos, são descritos surtos<br />
de botulismo com coeficientes de<br />
mortalidade que causam sérias perdas<br />
patrimoniais e inviabilizam economicamente<br />
o investimento.<br />
Quando se analisa estes indicadores<br />
sanitários, um dos fatores<br />
de risco associados à ocorrência de<br />
altos coeficientes de mortalidade é a<br />
ausência de vacinação dos rebanhos<br />
acometidos (Barros et al. 2006), em<br />
conjunto com a má conservação<br />
dos alimentos e demora na adoção<br />
de medidas corretivas (Dutra et al.<br />
2001, Dutra et al. 2005).<br />
Reconhecer a importância<br />
dessas doenças é o primeiro passo<br />
para controlar efetivamente o problema.<br />
Além disso é de suma importância<br />
a escolha de uma vacina<br />
de boa qualidade, que seja utilizada<br />
corretamente para garantir a imunização<br />
dos animais. Nesta etapa, as<br />
questões como preço e quantidade<br />
de agentes presentes na vacina não<br />
devem ser o critério de decisão. A<br />
escolha deve ser baseada na eficácia<br />
comprovada no campo e cientificamente.<br />
No Brasil temos excelentes<br />
empresas com laboratórios de alto<br />
nível tecnológico produzindo medicamentos<br />
veterinários para bovinos<br />
com qualidade comprovada. Consultando<br />
profissionais capacitados e<br />
observando o portifólio das empresas,<br />
o pecuarista encontrará as vacinas<br />
adequadas que protegerá o seu<br />
rebanho contra todas as principais<br />
Clostridioses, incluindo a Manqueira<br />
e o Botulismo, facilitando assim<br />
o manejo da propriedade e é garantia<br />
de proteção aos animais. Quando<br />
se realiza a primovacinação dos<br />
animais, é necessário realizar uma 2ª<br />
dose (<strong>30</strong> dias após a 1ª dose) para<br />
garantir um nível ótimo de proteção.<br />
A partir daí uma única dose, anualmente,<br />
é suficiente para protegê-los.<br />
8<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
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João Houly<br />
Médico/Pecuarísta<br />
jhouly@uol.com.br<br />
GESTÃO<br />
GESTÃO PECUÁRIA<br />
COMO GERIR UMA FAZENDA DE GADO DE CORTE<br />
COM MAIS PROFISSIONALISMO<br />
Gerir o que quer que seja,<br />
exige do gestor um mínimo de conhecimento<br />
e informações<br />
Do próprio negocio e do<br />
ambiente em que se encontra inserido,<br />
sem estas informações as decisões<br />
são fortuitas e entregues ao<br />
acaso.<br />
No setor pecuário esta máxima<br />
não é diferente ou o produtor<br />
se mantém atualizado com as realidades<br />
do mercado ou corre o risco<br />
de por seu negocio a deriva.<br />
Em resposta a esses desafios,<br />
o pecuarista brasileiro vem buscando<br />
inovar e melhorar a produtividade<br />
de seus sistemas de produção.<br />
Isso fica claro quando se compara<br />
os censos agropecuários de 1996<br />
e 2006. O rebanho bovino cresceu<br />
de 153 para 170 milhões de cabeças<br />
ao passo que a área de pastagem diminuiu<br />
de 177 para 172 milhões de<br />
hectares. Isso significa que a lotação<br />
média passou de 0,86 para 0,99 cabeças/ha.<br />
Nesse mesmo período,<br />
a produção de carne aumentou de<br />
6,4 para 7,4 milhões de toneladas<br />
(ANUALPEC, 2006), viabilizando a<br />
participação definitiva do Brasil no<br />
mercado de exportação.<br />
A população de cabeças de<br />
gado bovino em fazendas brasileiras<br />
cresceu e atingiu o recorde de 215,2<br />
milhões de animais em 2015, com<br />
um aumento de 1,3% sobre 2014.<br />
O crescimento de 2015 foi o<br />
maior desde 2011 e representa uma<br />
aceleração após a queda causada<br />
pela seca de 2012 e a variação próxima<br />
de zero registrada em 2013 e<br />
2014.<br />
Em uma análise regional, a população<br />
de gado cresceu mais no Norte<br />
(2,9%) e teve queda no Nordeste,<br />
com -0,9%.<br />
O Centro-Oeste teve variação<br />
de 2,1% e continua a ser a região<br />
que concentra a maior criação, com<br />
33,8% da participação nacional. O<br />
IBGE aponta que a região conta<br />
com “grandes propriedades destinadas<br />
à criação de bovinos e produtores<br />
especializados, possuindo clima,<br />
relevo e solo favoráveis à atividade,<br />
como também grandes plantas frigoríficas<br />
que têm impulsionado o<br />
abate em larga escala”.<br />
Todos sabem que o momento<br />
atual é bastante inóspito tanto na<br />
parte econômica do Brasil , quanto<br />
o senário especifico da pecuária pós<br />
publicações sensacionalistas e irresponsáveis<br />
de boa parte da mídia.<br />
Apesar do grande salto tecnológico<br />
observado no setor produtivo<br />
como um todo, esse desempenho<br />
excepcional da pecuária não<br />
tem sido uniforme, visto que vários<br />
pecuaristas ainda hoje enfrentam dificuldades<br />
no manejo das pastagens,<br />
a grande maioria faz manejo do gado<br />
e não manejo de pastagens, não respeita<br />
altura de pastejo, lotação adequada,<br />
distancia de oferta hídrica<br />
entre outros, na nutrição animal, no<br />
controle de endo e ectoparasitas, no<br />
melhoramento genético do rebanho<br />
ou na comercialização do gado.<br />
O que chama a atenção é que existem<br />
diversas soluções tecnológicas<br />
já disponíveis para atender essas e<br />
outras demandas da cadeia produtiva.<br />
Muitas vezes elas não são colocadas<br />
em prática porque a gestão<br />
da propriedade não dá o suporte necessário<br />
à tomada de decisão. Muitas<br />
fazendas pecam por não terem<br />
10<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
o nível de controle adequado dos<br />
seus recursos, por não apresentarem<br />
um planejamento de longo prazo ou<br />
conduzirem análises essenciais para<br />
o direcionamento do negócio pecuário.<br />
O resultado é a desinformação,<br />
e com ela, o desempenho insatisfatório.<br />
Vejo, contudo neste momento<br />
uma oportunidade ímpar<br />
para fazermos uma análise da gestão<br />
da empresa agropecuária porteira<br />
para dentro. A imensa maioria dos<br />
pecuaristas continua administrando<br />
suas fazendas como no passado.<br />
O ponto mais critico em minha<br />
opinião é a ausência de planejamento,<br />
sendo as ações executadas<br />
Sob demanda e na base do<br />
improviso, assim, sai o fazendeiro e<br />
entra a figura do bombeiro, ou seja,<br />
vivem apagando incêndios criados<br />
por eles mesmos.<br />
A fazenda precisa ser tratada<br />
como empresa e como tal necessita<br />
de planejamento estratégico e gestão<br />
profissional sob pena de não ter<br />
sustentabilidade.<br />
Uma gestão profissional inclui<br />
e requer excelência em todas<br />
atividades praticadas na propriedade<br />
principalmente nas seguintes tarefas<br />
ou itens, a saber: 1ª - Gestão de RH<br />
com funcionários sendo capacitados<br />
e estimulados frequentemente;<br />
2ª - Gestão de recursos financeiros<br />
com planejamento de receitas e despesas<br />
e direcionamento para qual<br />
categoria animal será direcionado o<br />
investimento, análise de custos de<br />
oportunidades e riscos potenciais.<br />
3ª – Gestão de maquinários com<br />
cálculos precisos incluindo a taxa de<br />
depreciação dos equipamentos; 4ª –<br />
Gestão do uso correto da terra adotando<br />
estratégias para seu melhor<br />
aproveitamento integrado ou não.<br />
Um dado interessante para<br />
reflexão! Por que a maioria dos agricultores<br />
consegue de forma muito<br />
simples se utilizar do sistema de integração<br />
lavoura pecuária e o inverso<br />
quase nunca acontece?<br />
Será porque os agricultores<br />
planejam suas safras, tem noções<br />
muito claras do custo de sua produção<br />
e raramente trabalham no improviso?<br />
A historia é farta em nos<br />
mostrar que o ser humano só cresce<br />
na adversidade, este é o momento<br />
Ideal para reflexões , se informar<br />
melhor, como disse nenhum agricultor<br />
comete o devaneio de plantar<br />
com sementes não fiscalizadas e<br />
certificadas , não passa na cabeça de<br />
um agricultor sério arriscar , os pecuaristas<br />
porem não tomam os mesmos<br />
cuidados em analogia se utilizam<br />
de reprodutores de rebanhos<br />
duvidosos, bois cabeceiras de boiada<br />
sem nenhum tipo de critério e<br />
avaliação genética. Ainda se utilizam<br />
de uma pecuária extensiva de péssima<br />
qualidade com níveis de ocupação<br />
pífios. Não tratam as pastagens<br />
como cultura, não fazem análise e<br />
correções de solo e nem ajustes para<br />
sua melhor ocupação. E ampliando<br />
este leque de ineficiência muitos<br />
pecuaristas se utilizam de cercas de<br />
arame farpado e não raro criam seus<br />
rebanhos como popularmente se<br />
chama na larga. Não se preocupam<br />
com o adequado e correto fornecimento<br />
de água e procuram produtos<br />
mais baratos e de procedência duvidosa<br />
para mineralizar e vermifugar<br />
seus animais. Em fim vejo que estes<br />
pecuaristas têm neste momento<br />
a oportunidade de mudar se tecnificando<br />
e se especializando no que<br />
fazem ou estarão todos fadados a<br />
falência. A crise chegou para todos<br />
e certamente sofreram menos e permaneceram<br />
no mercado aqueles que<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
11
souberem vencer as adversidades<br />
com inteligência e profissionalismo.<br />
No 4o trimestre de 2016,<br />
foram abatidas 7,41 milhões de cabeças<br />
de bovinos sob algum tipo de<br />
serviço de inspeção sanitária. Essa<br />
quantidade foi 1,2% maior que a registrada<br />
no trimestre imediatamente<br />
anterior e 3,7% menor que a do<br />
4o trimestre de 2015. O Gráfico I.1<br />
mostra que é bastante comum um<br />
incremento do abate de bovinos<br />
no 4o trimestre, incentivado pela<br />
maior procura de carne bovina para<br />
as festas de final de ano, a chegada<br />
do 13º salário associada ao consumo<br />
preferencial de carne bovina e a<br />
maior oferta de bois gordos com a<br />
chegada das chuvas e melhoria das<br />
pastagens. Entretanto, mostra também<br />
que no 4o trimestre de 2016<br />
ocorre a terceira queda consecutiva<br />
no abate de bovinos dentre os 4os<br />
trimestres.<br />
O Brasil possui o maior rebanho<br />
comercial de gado bovino<br />
do mundo, com 215 milhões de cabeças,<br />
tendo exportado em 2015 o<br />
equivalente a US$ 5,9 bilhões. Os<br />
números da CNA mostram que<br />
o mercado interno responde por<br />
cerca de 80% do consumo da carne<br />
bovina produzida e os demais<br />
20% são colocados no mercado internacional,<br />
estas informações nos<br />
mostram e fortalecem o nosso pensamento<br />
e nos dizem que estamos<br />
inseridos numa fantástica atividade<br />
do agronegócio mundial. Portanto,<br />
deixo uma palavra de entusiasmo<br />
ao amigo pecuarista, não perca a<br />
oportunidade do crescimento da sua<br />
empresa, para isto é preciso se profissionalizar<br />
e a hora é agora, vamos<br />
agir rapidamente sempre com muita<br />
sabedoria sem perder o foco de seu<br />
negócio.<br />
PLENA ALIMENTOS.<br />
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SEU GADO.<br />
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segue os padrões internacionais de qualidade, além de apresentar tecnologia<br />
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12<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
Wagner Pires<br />
Engenheiro Agrônomo<br />
wagner@circuitodapecuaria.com.br<br />
www.circuitodapecuaria.com.br<br />
PASTAGENS<br />
O que vou plantar neste ano?<br />
Já entramos no período da seca e é fundamental que estejamos definindo agora quais as áreas que pretendemos<br />
reformar neste ano e com quais variedades. Você pode achar que é cedo, porém não é!<br />
Em primeiro lugar colete<br />
uma amostra de solo e encaminhe<br />
para a turma da Zoofértil analisar<br />
e lhe recomendar o que usar, nesta<br />
época do ano o laboratório está<br />
mais tranquilo e o resultado vai ficar<br />
pronto rapidinho.<br />
Nesta época do ano as filas<br />
para carregar calcário são bem pequenas<br />
e você ganha no frete. Puxe o<br />
calcário se for necessário aplicar para<br />
junto do pasto a ser reformado e se<br />
a unidade ainda permitir, você pode<br />
aplicar e dar uma primeira mão de<br />
grade. Será muito boa para provocar<br />
a morte das plantas daninhas existentes<br />
na área. É muito importante<br />
você definir agora qual gramínea<br />
plantar e não se esqueça de que hoje<br />
a ordem é fugir da Brachiaria Brizantha<br />
Marandu, principalmente em virtude<br />
da Cigarrinha Mahanarva.<br />
Se você for trocar de gramínea<br />
seria muito bom aplicar um Glifosato,<br />
para assim eliminar por completo<br />
a gramínea a ser substituída.<br />
Voltando ao calcário, se a<br />
análise de solo pedir calcário, não<br />
aplique ½ dose ou dose menor, aplique<br />
tudo o que a análise solicitar e<br />
não se esqueça de incorporar este ao<br />
solo, pois o calcário caminha muito<br />
lentamente no solo. O gesso para<br />
agir no solo necessita de umidade,<br />
porem nada impede que ele seja<br />
aplicado agora.<br />
Outro insumo que você deve<br />
adquirir para aplicar ao seu solo é o<br />
gesso, ele não corrige a acides, mas<br />
ele carreia o Alumínio tóxico para as<br />
camadas mais profundas do solo e é<br />
uma fonte de Cálcio e Enxofre. O<br />
gesso irá propiciar um maior enraizamento<br />
da sua pastagem. O gesso<br />
você pode deixar para aplicar ele na<br />
época do plantio.<br />
Quando falamos em reforma<br />
de pasto, logo vem o questionamento<br />
sobre o que plantar. É muito<br />
importante você buscar agrupar as<br />
gramíneas em blocos, pois isso irá<br />
facilitar o manejo. Não embarque<br />
no modismo de mistura de gramíneas,<br />
pois isso só irá provocar um<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
13
estresse maior por parte do rebanho<br />
e dificuldade no manejo.<br />
Mas o que escolher?<br />
Desde o ano passado tivemos<br />
uma serie de novas gramíneas e<br />
algumas delas bastante interessante<br />
para as condições do Brasil – Central,<br />
vamos conhece-las.<br />
BRS Tamani: Este material é um<br />
Panicum e é hibrido, lançado recentemente<br />
pela E<strong>MB</strong>RAPA e<br />
UNIPASTO, é muito exigente em<br />
fertilidade de solo, sendo que o seu<br />
manejo é mais fácil que o Mombaça<br />
pois possui menos talo. Apresenta<br />
boa tolerância a Cigarrinha Mahanarva.<br />
Paredão MG 12: trata-se de um Panicum<br />
como o Mombaça, bastante<br />
exigente em fertilidade do solo e esta<br />
cultivar tem apresentado uma boa<br />
tolerância a Cigarrinha Mahanarva.<br />
Ela pode chegar a altas produções<br />
de massa, portanto muito recomendada<br />
para sistemas mais intensivos.<br />
BRS Quênia: Este material também<br />
é um hibrido, lançado agora neste<br />
ano pela E<strong>MB</strong>RAPA e UNIPAS-<br />
TO, pouco talo e bastante produtivo.<br />
Também apresenta alta uma boa<br />
tolerância a Cigarrinha Mahanarva.<br />
Nos ensaios conduzidos pela EM-<br />
BRAPA apresentou-se muito produtiva.<br />
BRS Ipyporã: Trata-se de um hibrido<br />
de Brachiaria Brizantha resistente<br />
a Cigarrinha Mahanarva. Este<br />
material promete muito para o norte<br />
do Brasil, apesar de não ser tolerante<br />
a encharcamento.<br />
Braúna MG 13: Trata-se de uma<br />
Brachiaria Brizantha selecionada<br />
pela Sementes Matsuda, com uma<br />
boa tolerância a seca e veranicos.<br />
Bastante produtiva e medianamente<br />
exigente a fertilidade do solo.<br />
Tupã MG 07: Este material é um<br />
hibrido de Andropogon, graminea<br />
já aprovada por todos no Tocantins<br />
e em outras regiões do Brasil, porem<br />
ele vem com um ponto bastante positivo,<br />
que é justamente quanto ao<br />
manejo dele, que é muito mais fácil<br />
que o Andropogon Gayanus, normalmente<br />
plantado por todos. Eu<br />
recomendo.<br />
Tijuca MG 11: Este é um hibrido<br />
de Setária Sphacelata, a Setária é<br />
uma gramínea ideal para terrenos<br />
encharcados e muito produtiva. A<br />
muito tempo nada era feito para se<br />
destacar a Setária. Se ela for boa de<br />
produção de semente ela irá bombar<br />
no norte do Brasil.<br />
Como podemos ver, tudo o<br />
que citei a cima é novidade e lançamento,<br />
portanto cabe ao pecuarista<br />
sair em busca de semente destas e realizar<br />
seus testes. Não queira formar<br />
grandes áreas, faça um pasto, avalie o<br />
comportamento da mesma nas águas<br />
e na seca e se gostar amplie a área. O<br />
que você não pode e não deve é ficar<br />
repetindo o disco da Brizantha Marandu<br />
e Mombaça. Não se esqueça<br />
também de começar a adubar seus<br />
pastos pois a terra não é uma fonte<br />
inesgotável de nutrientes.<br />
Este ano não deveremos ter<br />
os mesmos problemas que o ano<br />
passado de semente, porem todo<br />
material novo a disponibilidade é<br />
pequena.<br />
BRS Ipyporã<br />
BRS Quênia<br />
Braúna MG 13<br />
Paredão MG 12<br />
Tupã MG 07<br />
14<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
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Marcelo Dominici Ferreira<br />
Médico Veterinário<br />
Especialista em Nutrição Animal<br />
marcelodominici@outlook.com<br />
GESTÃO II<br />
PECUÁRIA<br />
ONDE ESTAMOS E PARA ONDE IREMOS?<br />
A atividade pecuária no Brasil, é<br />
a mais comum das dezenas atividades<br />
produtivas desenvolvidas no campo.<br />
Somos o maior exportador de carne<br />
bovina do mundo, temos volume, qualidade,<br />
alimento com processos seguros<br />
e confiáveis, e o melhor, a um preço<br />
extremamente oportuno. Disparadamente,<br />
isso faz a nossa carne bovina<br />
brasileira ter o melhor custo benefício<br />
do mercado internacional. Tudo isso se<br />
deve há vários fatores: grande potencial<br />
brasileiro de produzir carne a pasto,<br />
longas extensões de terras baratas<br />
com diversidades de forrageiras tropicais<br />
e temperadas, alta produtividade de<br />
grãos à custo baixo para suplementos e<br />
confinamentos, ao persistente e bravo<br />
produtor brasileiro e ao Nelore nacional,<br />
hoje considerado mundialmente o<br />
melhor trabalho genético das raças zebuínas.<br />
A fantástica raça Nelore, chegou<br />
ao Brasil, na década de sessenta, pelas<br />
mãos de alguns importantes zebuzeros<br />
como os Srs. Nene Costa e Celso<br />
Garcia Cid. Observem de lá pra cá<br />
como melhoramos. Desenvolvemos e<br />
selecionamos características de produtividade,<br />
beleza racial, funcionalidade,<br />
precocidade, habilidade materna, etc.<br />
Nosso gado melhorou absurdamente,<br />
conseguimos transformar um animal<br />
bravio de pouca musculatura, que produzia<br />
pouco leite, que criava mal um<br />
bezerro, de baixa precocidade, em um<br />
bicho produtivo, de alto rendimento de<br />
carcaça, de boa performance muscular,<br />
dócil, fértil e precoce. Pensando que o<br />
bovino tem um intervalo de gerações<br />
de 4,5 anos, promovemos uma rápida<br />
16<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
mudança em pouco mais de 10 gerações.<br />
Esse tempo pra desenvolvimento<br />
genético é muito pequeno,<br />
mas o trabalho foi exemplar, mesmo<br />
selecionando características de<br />
média a baixa herdabilidade como<br />
fertilidade e precocidade sexual.<br />
Porém, ainda temos muitos<br />
entraves produtivos. Nosso desfrute<br />
ainda é muito pequeno, cerca de<br />
22%, isso nos incomoda. Índices de<br />
prenhez baixos pra tanta seleção em<br />
fertilidade. Peso ao desmame que<br />
muito pouco evoluiu, grande ineficiência<br />
de gestão e baixo controle de<br />
processos, custos e índices. Temos<br />
que evoluir urgentemente a exemplo<br />
do desenvolvimento genético, e<br />
o que me deixa mais tranquilo nessa<br />
hora, é que temos muita condição<br />
e com bem pouco chegaremos. A<br />
exemplo, uma fazenda de 1000 hectares<br />
de pasto com 1000 vacas em<br />
reprodução, produzindo 800 bezerros<br />
ao ano, tem seguramente um capital<br />
investido 10 milhões de reais.<br />
É um bom dinheiro e precisa ser<br />
muito bem administrado. Será que a<br />
maioria faz isso com maestria?<br />
Felizmente, nossas terras<br />
nunca deixaram de valorizar, sejam<br />
elas pra lavoura ou pecuária. Isso é<br />
sinal que o mundo de 9 bilhões de<br />
pessoas nos próximos anos precisará<br />
de nossa atrativa produção. Aliás,<br />
isso que muitas vezes nos deixa<br />
confortáveis e pouco incomodados<br />
com o baixo incremento na produtividade<br />
e consequentemente na<br />
rentabilidade. A valorização da terra<br />
corrige erros e suprime financeiramente<br />
a baixa eficiência do processo<br />
produtivo. Podemos continuar pensando<br />
assim, mas não podemos deixar<br />
de investir na produtividade para<br />
garantir ganhos, entretanto, esse o é<br />
mais seguro e palpável em épocas de<br />
dinheiro caro.<br />
Pra finalizar, mensurem,<br />
analisem e calculem. O achismo<br />
pode ser seu maior erro. Nosso<br />
potencial é imenso, aproveitem o<br />
sucesso, ele está em nossas mãos.<br />
Acreditem no seu próprio negócio,<br />
afinal, boi é bonito, prazeroso e imaginem<br />
dando dinheiro em terras em<br />
continuas trajetórias de valorização.<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
17
Prof. Dr. Jorge Luís Ferreira<br />
UFT - Tocantins<br />
jorgeuft@gmail.com<br />
Prof. Dr. Raysildo Barbosa Lôbo<br />
USP/ANCP<br />
raysildo@gmail.com<br />
GENÉTICA ANIMAL<br />
MELHORAMENTO GENÉTICO DO REBANHO<br />
VALE A PENA INVESTIR?<br />
No mundo inteiro tem-se observado um aumento considerado na demanda por produtos de origem animal. O<br />
Brasil ocupa posição de destaque no cenário exportador mundial de carnes, entretanto para a manutenção deste<br />
cenário há uma necessidade de desenvolvimento e modernização do setor agropecuário brasileiro, ainda mais,<br />
pelas restrições impostas pelo código florestal no que diz respeito à abertura de novas fronteiras agrícolas, como<br />
também pelas crescentes reduções nas margens de lucro.<br />
No Brasil os sistemas pecuários<br />
precisam melhorar a produtividade<br />
dos rebanhos, pois só assim<br />
poderão suprir as demandas. Uma<br />
alternativa para essa situação é o melhoramento<br />
da composição genética<br />
dos rebanhos, quer por meio de seleção<br />
ou sistemas de acasalamento,<br />
além de melhoria nas condições<br />
ambientais de criação.Mas porque<br />
a melhoria da composição genética<br />
do rebanho poderia promover incrementos<br />
substanciais na produção<br />
pecuária? O que isso tem a ver?<br />
A resposta para essa situação<br />
não é somente técnica, ou do<br />
ponto de vista genético. A sua resposta<br />
é ampla, e primeiramente relaciona-se<br />
com uma conjuntura.<br />
Em todo sistema pecuário qualquer<br />
adoção de técnica, decisão ou escolha<br />
é crucial ao desempenho econômico-produtivo<br />
do sistema. Assim,<br />
ante a qualquer tomada de decisão<br />
é preciso atender a pontos, pois o<br />
empreendimento pecuário deve ser<br />
visto como um negócio. Assim, os<br />
seguintes questionamentos devem<br />
ser assumidos e respondidos com<br />
responsabilidade. Para onde quero<br />
ir? Como devo fazer? Quando devo<br />
fazer? Quem irá fazer? E, o que é<br />
preciso para fazer?<br />
A genética é apenas um ponto<br />
dessa cadeia, mas assumindo um<br />
papel importante na produtividade<br />
do rebanho. Investir em genética é<br />
crucial ao sistema pecuário, pois um<br />
dos gargalos da pecuária nacional é<br />
o baixo valor genético do rebanho,<br />
não permitindo o máximo aproveitamento<br />
de novas tecnologias. O<br />
melhoramento genético do rebanho<br />
é uma ferramenta que deve ser utilizada<br />
com o propósito de selecionar<br />
animais mais eficientes, consistindo<br />
em identificar animais com maior<br />
eficiência produtiva e reprodutiva<br />
que serão pais da próxima geração.<br />
A evolução genética de um<br />
rebanho tem como base a utilização<br />
de touros de alto valor genético,<br />
utilizados em acasalamentos dirigidos,<br />
para promoção da redução do<br />
18<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
intervalo de gerações, aumento das<br />
características de peso e ganho em<br />
peso, e aumento da pressão de seleção<br />
aplicada ao rebanho.<br />
A utilização de touros melhoradores<br />
no rebanho pode proporcionar<br />
de 84% a 88% do ganho<br />
genético de todo o rebanho (Rosa<br />
2015, comunicação pessoal), para as<br />
relações touro:vaca de 1:20 e 1:40,<br />
respectivamente. Em uma simulação,<br />
por exemplo, com a característica<br />
peso a desmama, a contribuição<br />
do touro melhorador poderia ser dimensionada<br />
da forma a seguir.<br />
Considerando a DEP média<br />
de um programa de melhoramento<br />
animal, para peso a desmama, em<br />
média de 3,9 kg, e se o valor médio<br />
do quilograma do bezerro de R$<br />
5,00, teríamos um retorno econômico<br />
de cada filho desse determinado<br />
touro superior, um valor agregado<br />
de R$ 19,50 quando comparado a<br />
progênies de demais touros de um<br />
rebanho que não participa de um<br />
programa de seleção (Rosa 2015,<br />
comunicação pessoal).<br />
O mesmo autor fazendo<br />
uma comparação mais conservadora,<br />
em que a média do peso a desmama<br />
de um programa fosse 215 kg, e a<br />
média de uma fazenda para a mesma<br />
característica de 156 kg, obtendo-se<br />
assim uma defasagem de 59 kg (215-<br />
156=59). A avaliação do impacto<br />
do touro melhorador no rebanho<br />
poderia ser calculada considerando<br />
que 50% dessa defasagem fossem<br />
devido ao efeito genético, e os outros<br />
50% aos efeitos ambientais. Assim,<br />
o cálculo poderia ser realizado<br />
pegando a DEP média do programa<br />
de melhoramento (3,9 Kg) adicionado<br />
à metade da contribuição genética<br />
da defasagem (29,5/2), ou seja:<br />
3,9 + ½(29,5) = 18,65 kg. Dessa<br />
forma, o valor de um único produto<br />
de um touro superior valeria, nestas<br />
condições, R$ 93,25 acima da média<br />
da fazenda (18,65 kg x R$ 5,00).<br />
Assim, o investimento em<br />
touros selecionadores tem um efeito<br />
direto na renda, como no exemplo,<br />
na venda de bezerros mais valorizados<br />
e pesados, bem como ainda, nas<br />
respostas correlacionadas no processo<br />
seletivo, como precocidade<br />
sexual, ganho em peso e reduzindo<br />
o ciclo de produção com produtos<br />
de excelente qualidade.<br />
No entanto, para uma<br />
fazenda ter sucesso num processo<br />
de seleção, apesar da importância e<br />
grande contribuição do touro, devese<br />
levar em consideração a qualidade<br />
genética das matrizes, que em muitas<br />
vezes, é um fator negligenciado no<br />
processo de seleção, limitando o<br />
descarte das mesmas por idade e<br />
falhas reprodutivas. Quando não se<br />
leva em consideração todo o rebanho<br />
(machos e fêmeas) a evolução<br />
genética é tímida, principalmente<br />
naquelas características de baixa<br />
herdabilidade, como habilidade<br />
materna, fertilidade, intervalo de<br />
parto, idade ao primeiro parto e<br />
precocidade.<br />
Em um trabalho de simulação,<br />
a ANCP demonstrou que a<br />
priorização da seleção de fêmeas<br />
na evolução do rebanho foi extremamente<br />
importante, uma vez que,<br />
progênies de fêmeas com alto mérito<br />
genético são superiores, para<br />
todas as características avaliadas, às<br />
descendentes de fêmeas com baixo<br />
mérito genético.<br />
Nesse mesmo trabalho, fez-<br />
-se outra simulação, em que só foram<br />
utilizados touros melhoradores<br />
superiores (alto MGT) nas duas categorias<br />
de vacas, demonstrando-se<br />
superioridade de 2,09 u.d.p.g. (unidades<br />
de desvio-padrão genético)<br />
das progênies de vacas superiores<br />
em relação às demais.<br />
Esses resultados demonstram<br />
que a seleção eficiente de fêmeas<br />
é de grande importância para<br />
um ganho genético e para que seja<br />
possível fornecer animais de alto<br />
potencial genético ao mercado.<br />
Assim, investir em melhoramento<br />
genético do rebanho é extremamente<br />
vantajoso, pois os resultados<br />
são para a composição do<br />
rebanho, ou seja, melhoria no peso<br />
a desmama, no peso pós-desmama,<br />
precocidade de crescimento e sexual,<br />
fertilidade, idade ao primeiro<br />
parto, habilidade materna, e composição<br />
e conformação dos animais.<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
19
20<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
Luiz Abatuir Assis Junior<br />
Médico Veterinario<br />
luiz@terrafos.com.br<br />
SUPLEMENTAÇÃO<br />
SUPLEMENTAÇÃO A PASTO<br />
FERRAMENTA DE AUMENTO DA PRODUTIVIDADE<br />
Nos sistemas de exploração de pastagens é praticamente impossível manter constante a oferta de forragem de alta<br />
qualidade durante o ano todo. Ademais, quando a forragem oriunda das pastagens é o único alimento disponível<br />
para os animais em pastejo, essa deve fornecer energia, proteína, vitaminas e minerais necessários para o atendimento<br />
dos requerimentos de mantença e de produção.<br />
Assim, deve-se ajustar a disponibilidade<br />
de forragem através<br />
da oferta de alimento suplementar,<br />
adubação estratégica no final das<br />
águas, diminuição do número de<br />
animais ou da utilização de outras<br />
áreas de pastagens, a fim de reduzir<br />
o impacto da estacionalidade da<br />
produção de forragem no desempenho<br />
animal, principalmente no período<br />
da seca. Nas condições brasileiras,<br />
o período da seca é a fase<br />
mais critica do sistema de produção<br />
de bovinos em pastejo. Nesta época<br />
o rebanho bovino alimenta-se de<br />
forragem de baixo valor nutritivo,<br />
oriunda do crescimento do período<br />
de primavera/verão, caracterizadas<br />
por apresentar um elevado teor de<br />
fibra indigestível e teores de proteína<br />
bruta inferiores ao nível crítico,<br />
6 a 7% MS, limitando desta forma o<br />
seu consumo.<br />
Assim, nesta fase se não<br />
houver a suplementação da dieta<br />
dos animais, a fim de suprir os nutrientes<br />
deficientes na forragem, haverá<br />
redução do ganho de peso ou<br />
até mesmo desempenho negativo,<br />
pois nutrientes corporais são mobilizados<br />
para mantença, resultando<br />
assim, em aumento da idade de abate<br />
e do custo fixo da atividade, além<br />
de redução da taxa de desfrute do<br />
sistema de produção pecuário.<br />
Mesmo havendo disponibilidade<br />
de fibra potencialmente digestível<br />
nos pastos, no período seco<br />
a proteína é o nutriente que mais<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
21
limita o desempenho animal. Dessa<br />
forma, o propósito da suplementação<br />
é adequar os níveis deficientes<br />
de nitrogênio e enxofre na forragem,<br />
de tal forma a aumentar a taxa<br />
de crescimento e eficiência de síntese<br />
microbiana, com reflexo sobre o<br />
aumento da taxa de degradação da<br />
fração fibrosa, da taxa de passagem<br />
ruminal, da ingestão de matéria seca<br />
de forragem e, consequentemente,<br />
do fluxo energético para o animal.<br />
Outro aspecto de relevância<br />
refere-se à definição dos reais objetivos<br />
da suplementação dentro do<br />
sistema de produção. Assim, o aporte<br />
de nutrientes via suplementação<br />
durante a recria ou recuperação de<br />
escore corporal de matrizes e touros,<br />
pode visar níveis diferenciados<br />
de desempenho dos animais, desde<br />
a simples mantença de peso (com o<br />
fornecimento de suplemento mineral<br />
com uréia), passando por ganhos<br />
moderados de cerca de 150-<strong>30</strong>0 g/<br />
dia por animal (através da suplementação<br />
com proteinado de baixo<br />
consumo), até ganhos de 500-800g/<br />
dia (com suplemento proteico energético<br />
de alto consumo), quando se<br />
objetiva cobrir fêmeas com cerca de<br />
14 meses e/ou abater machos com<br />
menos de 25 meses de idade.<br />
Independentemente do tipo<br />
de suplemento utilizado é de fundamental<br />
importância que nas formulações<br />
ocorra a inclusão de aditivos<br />
zootécnicos melhoradores de performance<br />
(Salinomicina, Monensina<br />
e Virginiamicina), uma vez que este<br />
tipo de “tecnologia” proporciona<br />
melhor aproveitamento energético<br />
da forragem, ambiente ruminal mais<br />
estável e até 25% a mais de desempenho,<br />
quando comparado com os<br />
suplementos sem sua inclusão.<br />
Portanto, fica evidente que<br />
as tecnologias de suplementação<br />
apresentam-se como excelente alternativa<br />
para os pecuaristas que desejam<br />
aumentar os níveis de desempenho<br />
e produtividade (Kg de peso<br />
vivo/ha/ano), e para isso, ela deve<br />
ser bem planejada e executada, a fim<br />
de se tornar viável.<br />
22<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
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23
24<br />
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Josely Sobreira da Silva<br />
Médico Veterinário<br />
Consultor em Pecuária<br />
josely.silva@merck.com<br />
SANIDADE ANIMAL II<br />
SEGREDOS NO<br />
MANEJO VACINAL<br />
EM BOVINOS<br />
Vacinar é um procedimento dos mais nobres dentro do manejo pecuário. Na verdade, trata-se de um ato de<br />
muita inteligência e prudência. Vacinas são produtos sofisticadíssimos, o auge da evolução tecnológica!<br />
Quando se compara o custo<br />
de uma vacinação ao custo de ocorrência<br />
de uma doença, fica evidente<br />
que não vale a pena arriscar. No<br />
próximo mês de maio no Tocantins<br />
será realizada a primeira etapa da vacinação<br />
contra a febre aftosa. É preciso<br />
o produtor está atento na hora<br />
de vacinar, planejando passo a passo<br />
a vacinação do rebanho.<br />
Vacinas são produtos biológicos<br />
gerados a partir de vírus, bactérias<br />
e outros microrganismos causadores<br />
de doenças. Estes produtos<br />
podem conter os microrganismos<br />
vivos, inativados ou apenas partes<br />
destes. As vacinas têm a função de<br />
prevenir doenças pela estimulação<br />
do sistema de defesa do animal,<br />
também chamado sistema imunológico,<br />
e não devem ser confundidas<br />
com medicamentos, que são drogas<br />
(produtos químicos) usadas para<br />
tratar doenças.<br />
Enquanto medicamentos<br />
têm efeito imediato, as vacinas demoram<br />
pelo menos cerca de 15 dias<br />
para começar a fazer efeito. A primeira<br />
vacina veterinária produzida<br />
por engenharia genética ocorreu há<br />
20 anos, contra a doença de Aujeszky<br />
em suínos e contra a raiva em<br />
animais silvestres, a partir daí deu-se<br />
início a uma série de pesquisas de<br />
vacinas para diversas enfermidades,<br />
inclusive as que acometem bovinos<br />
(ROTH, 2011).<br />
A vacinação é importante<br />
não só para evitar a disseminação de<br />
doenças entre animais sãos e infectados,<br />
como também para evitar o<br />
sacrifício de animais acometidos por<br />
doenças infecciosas que são classificadas<br />
pelo MAPA em doenças de<br />
sacrifício obrigatório, como brucelose,<br />
febre aftosa, raiva e tuberculose<br />
(BRASIL, 2009). Entre as medidas<br />
sanitárias das doenças citadas,<br />
está a utilização de vacinas (BRA-<br />
SIL, 2009). Em ruminantes, particularmente<br />
bovinos, o MAPA lan-<br />
26<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
çou programas sanitários, os quais<br />
atuam no combate à febre aftosa,<br />
brucelose e raiva, estabelecendo a<br />
obrigatoriedade do uso de vacinas.<br />
A raiva é uma encefalite aguda<br />
viral transmitida através da mordedura<br />
de animais doentes e portadores,<br />
e que se caracteriza por um<br />
quadro neurológico fatal. Também<br />
conhecida como hidrofobia, a raiva<br />
é uma zoonose e o profissional responsável<br />
pelo seu controle é o médico<br />
veterinário.<br />
Estima-se que a raiva seja<br />
responsável pela morte de cerca de<br />
50.000 bovinos por ano no Brasil.<br />
A raiva bovina é geralmente<br />
transmitida pela mordedura de<br />
morcegos hematófagos, que atuam<br />
como portadores, reservatórios e<br />
transmissores do vírus da raiva. No<br />
Brasil, a espécie mais importante é<br />
a Desmodus rotundus. O vírus encontra-se<br />
na saliva do animal e, obviamente,<br />
é necessário que a saliva<br />
tenha contato com a ferida, pois o<br />
vírus não atravessa a pele íntegra.<br />
Existem também relatos da transmissão<br />
por via aérea que ocorre em<br />
cavernas (muito importante entre<br />
os morcegos) e locais fechados que<br />
abrigam animais doentes. Pode-se<br />
ainda, ocorrer a transmissão acidental<br />
através da utilização de vacinas<br />
vivas e durante a necropsia de animais<br />
afetados pela doença.<br />
Após a transmissão, o vírus<br />
desloca-se para o sistema nervoso e<br />
o curso da doença leva em média 10<br />
dias. O período de incubação da enfermidade<br />
varia de 3 a 15 semanas.<br />
Nos bovinos a forma clínica<br />
mais comum é a raiva paralítica,<br />
entretanto, podem ocorrer casos de<br />
raiva furiosa. O animal afetado apresenta<br />
uma hipersensibilidade a todos<br />
os fatores externos. Ocorre uma nítida<br />
mudança de hábito, os sintomas<br />
evoluem para perda da consciência,<br />
mugido rouco, aumento do volume<br />
e presença de espuma na saliva, midríase,<br />
fezes secas e escuras, andar<br />
cambaleante, paralisia dos membros<br />
posteriores, e evolução para a paralisia<br />
dos anteriores. A morte ocorre 4<br />
a 8 dias após o início dos sintomas.<br />
Nos casos de suspeita clinica da raiva<br />
na propriedade procurar os escritórios<br />
locais e regionais da Adapec,<br />
nestes existem médicos veterinários<br />
capacitados e treinados para examinarem<br />
clinicamente o animal e fazer<br />
necropsia do mesmo quando necessário<br />
para envio do material coletado<br />
aos laboratórios de referencia<br />
do MAPA para fins de diagnóstico.<br />
Aqui no tocantins existem sete<br />
municípios que possuem vacinação<br />
obrigatória para esta enfermidade<br />
instituída pela Adapec.<br />
IMUNIDADE:<br />
Quando se vacina um rebanho,<br />
as variáveis envolvidas na resposta<br />
são muitas, é necessário conhecermos<br />
algumas:<br />
Animais: em primeiro lugar somente<br />
animais saudáveis são capazes de<br />
colocar seu exercito imunológico<br />
em prontidão! A maioria dos participantes<br />
da atividade imune é composta<br />
de proteínas, assim animais<br />
desnutridos, infestados por parasitas<br />
ou fracos e debilitados vão responder<br />
mal a qualquer vacinação.<br />
Vacinas: Quando adequadamente<br />
administradas protegem muito bem<br />
os animais, nunca 100%. O Sucesso<br />
de uma grande eficácia depende<br />
muito do manejo instituído aos animais,<br />
é o famoso manejo racional<br />
que tanto pregamos nas fazendas,<br />
esta comprovado que animais estres-<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
27
sados liberam mediadores químicos<br />
que inativam algumas substancias<br />
presentes nas vacinas, diminuindo a<br />
eficácia vacinal.<br />
Fatores não genéticos:<br />
Idade; Estagio nutricional; Estresse;<br />
Prenhez; Abscessos Vacinais:<br />
Os abscessos são acúmulo<br />
de pus em diferentes tecidos, envolto<br />
em uma cápsula de fibrose e<br />
ocorrem como resposta ao desenvolvimento<br />
de bactérias piogênicas<br />
que ganham acesso ao organismo<br />
animal por uma ferida na pele e por<br />
meio de agulhas ou instrumentos<br />
contaminados. Causam aumento de<br />
volume e temperatura local, além de<br />
dor. No caso da vacina contra febre<br />
aftosa pode ocorrer um “caroço”<br />
no local da aplicação em virtude da<br />
consistência oleosa da vacina e de<br />
absorção lenta. O que na maioria<br />
dos casos ocorre é a contaminação,<br />
provocando os abscessos. Vários<br />
trabalhos de pesquisa mostram a<br />
elevada perda econômica dos abcessos<br />
em função da lesão no local da<br />
aplicação e descarte da carne no toalete<br />
realizado na linha de matança. É<br />
necessária a mudança de cultura do<br />
produtor com relação ao manejo racional,<br />
como também o treinamento<br />
e capacitação dos vaqueiros nas fazendas.<br />
Tratamento dos abscessos:<br />
Para o tratamento dos abscessos<br />
podem ser utilizados antibióticos<br />
de amplo espectro no início do<br />
quadro clínico. Uma vez instalada a<br />
lesão deve ser feita drenagem cirúrgica<br />
do abscesso. Para isso deve-se<br />
higienizar o local da lesão e realizar<br />
incisão ampla do abscesso para<br />
impedir a retenção do pus e nova<br />
formação do caroço; retirar as secreções<br />
e aplicar soluções antissépticas<br />
à base de iodo ou hipoclorito<br />
de sódio; proteger a incisão com<br />
repelentes para evitar a postura de<br />
ovos e desenvolvimento de larvas de<br />
moscas.<br />
Local correto de aplicação:<br />
Recomendações de<br />
uso das vacinas:<br />
1. Vacinar somente animais saudáveis,<br />
a resposta imune é plena e<br />
satisfatória;<br />
2. Conferir o prazo de validade das<br />
vacinas;<br />
3. Conservar as vacinas sob refrigeração<br />
entre 2 e 8 graus, não<br />
congelar!<br />
4. Agite o frasco da vacina antes e<br />
durante o uso;<br />
5. Mantenha uma geladeira para<br />
armazenamento e uso exclusivo<br />
de vacinas;<br />
6. Evite estresse dos animais no<br />
momento de conduzi-los ao<br />
curral;<br />
7. Conter bem os animais a serem<br />
vacinados;<br />
8. Aplique a vacina no terço médio<br />
do pescoço do animal;<br />
9. A cada 10 animais vacinados<br />
troque a agulha da seringa;<br />
10. Higienize o equipamento sempre<br />
que fizer uma vacinação;<br />
28<br />
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Werley DiasFerreira Silva<br />
Gerente de peças<br />
COMAGRIL/VALTRA<br />
werley@comagril.com.br<br />
MÁQUINAS AGRÍCOLAS<br />
MANUTENÇÃO<br />
PREVENTIVA<br />
A manutenção preventiva é uma programação pertinente às ações de manutenção projetadas pelo gestor<br />
ao elaborar o planejamento de manutenção anual de suas maquinas. O principal objetivo da manutenção preventiva<br />
é evitar falhas e avarias dos equipamentos, antes mesmo que elas aconteçam, ou seja, prevenir fica muito mais<br />
barato do que remediar. Por isso, a manutenção é tão importante para uma fazenda em termos de redução de<br />
custos e aumento de lucratividade, afinal, máquinas funcionando a pleno vapor significam produtividade em alta.<br />
O planejamento desse tipo<br />
de manutenção é projetado com o<br />
intuito de preservar e aumentar a<br />
confiabilidade nos equipamentos<br />
agrícolas, substituindo os componentes<br />
desgastados antes que eles<br />
realmente falhem. As atividades de<br />
manutenção preventiva incluem<br />
verificações de eixos dianteiros e<br />
traseiros, caixa de transmissão, motor,<br />
sistemas elétrico e de ar condicionado,<br />
regulagens periódicas da<br />
embreagem e analise dos óleos lubrificantes,<br />
prevenindo assim, falhas<br />
inesperadas e alterações parciais ou<br />
totais em cada peça.<br />
O plano de manutenção<br />
preventiva também deve relacionar<br />
treinamentos específicos a funcionários,<br />
pois, através de estudos, relatórios<br />
e diagramas, se observa que<br />
muitos dos defeitos apresentados<br />
nas máquinas devem-se à má utilização<br />
deles. O programa de manutenção<br />
preventiva ideal seria evitar todas<br />
as falhas no equipamento antes<br />
que ela ocorra.<br />
Alguns benefícios em longo<br />
prazo propiciados pela manutenção<br />
preventiva incluem: diminuição<br />
do custo de substituição de peças,<br />
aumento na durabilidade/hora do<br />
óleo lubrificante, confiabilidade do<br />
equipamento melhorada, redução<br />
do tempo de inatividade das maquinas<br />
e melhor gestão de peças de<br />
reposição no estoque. Mesmo com<br />
tantos benefícios proporcionados,<br />
ainda há vários equívocos sobre a<br />
manutenção preventiva.<br />
Um deles é que a manutenção<br />
preventiva é dispendiosa para o<br />
agricultor. Ledo engano, pois este<br />
pensamento não corresponde à realidade.<br />
A manutenção, sem dúvidas,<br />
<strong>30</strong><br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
pode ser considerada mais barata<br />
do que se comparado aos prejuízos<br />
causados pela inatividade de máquinas,<br />
que teria como consequência a<br />
interrupção da produção e baixos<br />
lucros. Sem a manutenção preventiva,<br />
por exemplo, os custos de tempo<br />
de produção perdida por avaria do<br />
equipamento são incalculáveis para<br />
o agricultor em época de plantio ou<br />
colheita, assim como para o pecuarista,<br />
que deixa de alimentar seu rebanho<br />
corretamente.<br />
Cabe lembrar que os programas<br />
de manutenção e os custos<br />
da atividade de manutenção devem<br />
ser mantidos sob revisão constante,<br />
não apenas com o objetivo de eliminar<br />
a manutenção preventiva desnecessária,<br />
mas também de garantir<br />
que o valor financeiro envolvido<br />
nos planos de manutenção seja de<br />
conhecimento de todos. Outro fato<br />
a ser levado em conta é “quando”<br />
a manutenção deve ser realizada, e<br />
isso depende de vários fatores. Algumas<br />
máquinas são simples na<br />
sua concepção e função, e algumas<br />
não. Normalmente, há itens a serem<br />
inspecionados e lubrificados diariamente.<br />
Outras inspeções e lubrificantes<br />
são progressivamente mais<br />
detalhadas a cada 50, 100, 250, 500 e<br />
1000 horas, dependendo do tipo de<br />
máquina, de componente, frequência<br />
e condições de uso.<br />
Além do projeto da máquina<br />
e sua função básica, vários outros<br />
fatores ajudam a determinar o<br />
melhor intervalo de tempo entre as<br />
tarefas de manutenção preventiva.<br />
Uma delas é a quantidade de tempo<br />
que a máquina funciona entre paradas<br />
regulares e ou quanto tempo<br />
está disponível para a manutenção<br />
preventiva. A máquina trabalha 24<br />
horas por dia, sete dias por semana,<br />
ou oito horas por dia, cinco dias por<br />
semana? Outro fator é o ambiente<br />
em que a máquina trabalha. É úmido,<br />
quente, seco, empoeirado? A<br />
máquina trabalha com cargas extremas<br />
ou de intensidade moderada?<br />
Qual o nível de vibração desse equipamento?<br />
A máquina está sujeita a<br />
intempéries? Boas práticas de operação<br />
e limpeza, ou a falta deles, têm<br />
um impacto significativo sobre a<br />
programação de manutenção. Além<br />
disso, as paradas planejadas durante<br />
a entressafra, ou por outros motivos<br />
também ditam quando os trabalhos<br />
de manutenção preventiva podem<br />
ser realizados.<br />
Atualmente, a manutenção<br />
preditiva pode ser considerada como<br />
uma forma evoluída da Manutenção<br />
Preventiva. Com o aperfeiçoamento<br />
da informática, tornou-se possível<br />
estabelecer previsão de diagnósticos<br />
de falhas possíveis, através da análise<br />
de certos parâmetros dos sistemas<br />
produtivos. Através do acompanhamento<br />
sistemático das variáveis<br />
que indicam o desempenho dos<br />
equipamentos, define-se a necessidade<br />
da intervenção. Ela privilegia<br />
a disponibilidade, pois as medições<br />
e verificações são efetuadas com o<br />
equipamento em funcionamento.<br />
Outra condição considerada fundamental<br />
para a aplicação da manutenção<br />
preditiva é a qualificação da<br />
mão-de-obra responsável pela análise<br />
e diagnóstico, para que as ações<br />
de intervenção tenham qualidade<br />
equivalente aos dados registrados.<br />
As características intrínsecas a esse<br />
tipo de manutenção impedem que<br />
ela seja empregada de forma genera-<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
31
lizada porque exige grande volume<br />
de recursos iniciais, tanto humanos<br />
como materiais; mão-de-obra muito<br />
qualificada e treinada; e a restrição<br />
para aplicação em sistemas industriais<br />
complexos, ficando restrito a<br />
sistema de fácil controle, como maquinas<br />
agrícolas, por exemplo.<br />
Uma tendência é que a área<br />
de manutenção nas fazendas passa<br />
a ser considerada estratégica para os<br />
resultados dos negócios das mesmas,<br />
pois por meio da manutenção<br />
sistemática é possível antecipar-se e<br />
evitar falhas que poderiam ocasionar<br />
paradas imprevistas das maquinas.<br />
Da mesma forma, é possível<br />
se detectar expectativas de falhas e<br />
programar-se para uma intervenção<br />
em oportunidade apropriada.<br />
A manutenção preditiva<br />
também é conhecida como manutenção<br />
sob condição ou manutenção<br />
com base no estado do equipamento.<br />
É baseada na tentativa<br />
de definir o estado futuro de um<br />
equipamento, por meio dos dados<br />
coletados ao longo do tempo por<br />
uma instrumentação específica, verificando<br />
e analisando a tendência<br />
de variáveis do equipamento. Esses<br />
dados coletados, por meio de medições<br />
em campo como temperatura,<br />
vibração, análise físico-química de<br />
óleos, ensaios por ultrassom, termográfia,<br />
cromatografia, ferrografia,<br />
radiografia, gamagrafia, tribologia e<br />
monitoramento de processos, não<br />
permitem um diagnóstico preciso;<br />
portanto, trabalha-se no contexto de<br />
uma avaliação probabilística. Esse<br />
tipo de manutenção caracteriza-se<br />
pela previsibilidade da deterioração<br />
do equipamento, prevenindo falhas<br />
por meio do monitoramento dos<br />
parâmetros principais, com o equipamento<br />
em funcionamento.<br />
A manutenção preditiva é<br />
a execução da manutenção no momento<br />
adequado, antes que o equipamento<br />
apresente falha, e tem a<br />
finalidade de evitar a falha funcional<br />
ou evitar as consequências desta<br />
(MOUBRAY, 1997).<br />
Finalizando, a manutenção<br />
preventiva, preditiva tem como<br />
objetivos, predizer a ocorrência de<br />
uma falha ou degradação, determinar,<br />
antecipadamente, a necessidade<br />
de correção em uma peça específica,<br />
eliminar as desmontagens desnecessárias<br />
para inspeção, aumentar o<br />
tempo de disponibilidade dos equipamentos<br />
para operação, reduzir o<br />
trabalho de emergência e urgência<br />
não planejada, impedir a ocorrência<br />
de falhas e o aumento dos danos,<br />
aproveitar a vida útil total de cada<br />
componente e de um equipamento,<br />
aumentar o grau de confiança no<br />
desempenho de um equipamento<br />
e de seus componentes, determinar<br />
previamente as interrupções de<br />
trabalho da máquina para cuidar do<br />
equipamento, redução de custos de<br />
manutenção, aumento da produtividade<br />
e consequentemente da lucratividade.<br />
32<br />
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Marcelo Könsgen Cunha<br />
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa<br />
e Professor da Católica do Tocantins<br />
marcelo.konsgen@gmail.com<br />
PASTAGENS II<br />
PASTAGENS<br />
COLHER BEM PARA LUCRAR<br />
É comum escutar a seguinte expressão: “Para ser um bom pecuarista é preciso ser um bom produtor<br />
de capim!”. Pois bem, este texto tem por objetivo mostrar que essa afirmativa está incompleta, já que não basta<br />
somente produzir forragem (capim), é necessário transformar a forragem produzida no produto animal que será<br />
comercializado (carcaça ou leite, por exemplo).<br />
A produção animal em pastagem<br />
apresenta três macroprocessos,<br />
que são: crescimento vegetal<br />
(produção de forragem), colheita da<br />
forragem produzida e conversão da<br />
forragem ingerida pelos animais em<br />
produto animal. Ou seja, o resultado<br />
final do sistema produtivo depende<br />
das eficiências obtidas em cada um<br />
dos macroprocessos, sendo assim,<br />
de nada adianta produzir muita forragem<br />
e não haver colheita da mesma,<br />
pois se isto ocorrer não haverá<br />
nenhuma produção animal nesta<br />
área de pastagem.<br />
A produtividade das pastagens<br />
é a base do sistema produtivo,<br />
pois é a partir da mesma que os outros<br />
dois macroprocessos ocorrem.<br />
Por este fato que ela é denominada<br />
de produtividade primária de um<br />
sistema de produção animal baseado<br />
em pastagens.<br />
O desafio nos sistemas<br />
produtivos atuais deve ir além de<br />
produzir muita forragem. Deve-se<br />
colher bem a forragem produzida<br />
nas áreas de pastagem do sistema<br />
de produção. Colher bem significa<br />
colher na quantidade e momento<br />
adequados, equilibrando quantidade<br />
de forragem produzida com o valor<br />
nutricional da mesma, para atingir<br />
um determinado objetivo com um<br />
lote de animais, e buscar boas produtividades<br />
futuras da pastagem.<br />
Vários pontos devem ser<br />
observados para definir o melhor<br />
momento de colher a forragem de<br />
uma área de pastagem, são eles: a<br />
pastagem (oferta de forragem, relação<br />
folha/caule, estádio fenológico<br />
e valor nutricional), os animais (espécie,<br />
genética, categoria e peso), o<br />
desempenho desejado para os animais<br />
e para a área, a suplementação<br />
ofertada e ingerida pelos animais<br />
(quantidade e valor nutricional), entre<br />
outros a depender de cada situação<br />
específica.<br />
Outro ponto importante<br />
na colheita da forragem produzida<br />
é quanto colher. De maneira geral,<br />
colheitas mais severas (que colhem<br />
mais de 65% da forragem da pastagem)<br />
são indicadas quando a relação<br />
folha/caule é alta, a fertilidade<br />
do solo, as condições climáticas e<br />
de manejo da pastagem são favoráveis<br />
à rebrota das plantas forrageiras<br />
que compõe a pastagem. Colheitas<br />
“leves”, ou seja, que deixam grande<br />
parte da forragem produzida<br />
no campo (eficiências de colheita<br />
menores que 35%) de modo geral<br />
não são indicadas, pois conduzem a<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
37
esultados econômicos pouco atrativos.<br />
Colher com eficiência entre 35<br />
e 65% estaria dentro de uma faixa<br />
aceitável e seria manejada de acordo<br />
com cada situação específica.<br />
Colher a forragem após o<br />
momento adequado acarreta, de<br />
modo geral, em perda de produtividade<br />
animal, visto que a forragem<br />
apresenta pior valor nutricional,<br />
com relação folha/caule mais baixa<br />
(que diminui o consumo de forragem<br />
pelos animais) e em rebrota<br />
menos vigorosa. Além disso, quando<br />
se atrasa a colheita da forragem<br />
aumentam-se as perdas com material<br />
vegetal morto e com desperdício<br />
da forragem pelos animais.<br />
A antecipação da colheita<br />
da forragem de uma pastagem<br />
não é aconselhável, pois, se feita<br />
de modo rotineiro, conduzirá as<br />
plantas forrageiras da pastagem<br />
ao esgotamento de suas reservas,<br />
ocasionando perda de produtividade.<br />
Quanto mais severa for a colheita,<br />
mais prejudicial se torna essa<br />
antecipação de colheita.<br />
Outros aspectos, além dos<br />
citados, podem interferir<br />
na decisão de quando<br />
e com que severidade<br />
deve ser feita a colheita<br />
da forragem de uma pastagem.<br />
Por exemplo, em<br />
situações onde se deseja<br />
evitar o aparecimento de<br />
caules e seu engrossamento<br />
e “endurecimento”<br />
seria indicado colher<br />
a forragem com maior<br />
severidade e antes da mesma estar<br />
apta a uma nova colheita, ou seja,<br />
as colheitas seriam mais severas e<br />
frequentes. Este manejo evitaria ou,<br />
pelo menos, diminuiria a presença<br />
de caules grossos e “duros” na pastagem.<br />
Esta situação não favorece o<br />
desempenho dos animais que fazem<br />
esta colheita, sendo assim, deve ser<br />
feita com animais cuja meta de desempenho<br />
seja baixa e condizente<br />
com a forragem a ser ingerida.<br />
As necessidades nutricionais dos<br />
animais (de acordo com o desempenho<br />
desejado para os mesmos)<br />
na pastagem devem ser compatibilizadas<br />
com a oferta de forragem<br />
e suplemento (quantidade e valor<br />
nutricional). Pode-se alcançar com<br />
este ajuste melhoria no consumo de<br />
alimentos e na conversão alimentar<br />
pelos animais, maximizando, desta<br />
forma, a produtividade animal em<br />
uma área de pastagem.<br />
Portanto, produzir a forragem<br />
é apenas a primeira etapa para<br />
obter sucesso em sistemas de produção<br />
animal baseados em pastagens.<br />
Colher a forragem produzida<br />
de forma racional e eficiente, com o<br />
fator animal equilibrado dentro do<br />
sistema de produção, conduzirá o<br />
sistema produtivo a resultados econômicos<br />
exitosos.<br />
38<br />
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Matheus Moretti<br />
Gestor Técnico Bovinos de Corte<br />
Fábio Quintão<br />
Consultor Técnico Comercial<br />
fabio.quintao@agroceres.com<br />
PASTAGENS III<br />
TIP: TERMINAÇÃO INTENSIVA A PASTO<br />
UM NOVO OLHAR SOB A ENGORDA<br />
Caracterizada pelo fornecimento de ração na quantidade de 1,5 a 2,0% do peso e pela alta taxa de lotação, a terminação<br />
intensiva a pasto (TIP) tem se consolidado com uma excelente opção para engorda de animais a pasto,<br />
permitindo alta lucratividade por hectare ao longo do ano.<br />
A primeira quebra de paradigma<br />
nesse sistema é a quantidade<br />
de ração fornecida para os animais<br />
a pasto. Por vezes, nos deparamos<br />
com situações em que o produtor<br />
acredita que o fornecimento de 1 ou<br />
2 kg de suplemento para o animal é<br />
suficiente. Em alguns casos, alguns<br />
acreditam que só mineral já é de<br />
bom tamanho.<br />
Para pensar: imagine um<br />
animal no confinamento onde o volumoso<br />
ofertado é bagaço de cana<br />
ou silagem de capim. Em nossa analogia,<br />
esses dois volumosos seriam<br />
como o pasto no período da seca e<br />
águas, respectivamente. Seguindo,<br />
um animal pesando 450 kg e consumindo<br />
2,3% do peso vivo, teria a<br />
ingestão de pouco mais de 10kg de<br />
MS por dia. Nesse caso, o fornecimento<br />
de 2 kg de ração, remeteria<br />
a uma dieta com 20% de concentrado<br />
e 80% de volumoso. Pergunto:<br />
quem espera bons resultados de<br />
desempenho com uma dieta de confinamento<br />
com 80% de bagaço de<br />
cana ou silagem de capim?<br />
Dito isso, precisamos “pensar<br />
um pouco fora da caixa” e entender<br />
que o pasto por si só não<br />
apresenta a quantidade de energia<br />
necessária para promover bons ganhos<br />
de peso. Diferente da suplementação<br />
praticada na recria, cujo<br />
foco é fazer com que o animal aproveite<br />
melhor o capim, na fase de engorda<br />
o fornecimento da ração visa<br />
explorar “efeito substitutivo” da<br />
dieta.<br />
A grande vantagem da TIP<br />
é o fato do pasto ser a fonte de volumoso,<br />
ou seja, não precisamos ter<br />
uma área para produção de silagem,<br />
nem de toda a “operação de guerra”<br />
atribuída ao manejo. A simplicidade<br />
de instalação é outro ponto<br />
forte da TIP, sendo a adequação<br />
da área de cocho para os animais o<br />
principal ajuste requerido. No caso<br />
de projetos que visem rodar o ano<br />
todo – seca e águas – a cobertura<br />
do cocho se torna fundamental. A<br />
possibilidade de rodar o ano todo é<br />
mais um diferencial da TIP, enquanto<br />
no confinamento, durante o período<br />
das águas, a lama no curral é<br />
um problema. Na TIP, essa é uma<br />
fase que permite alta produção de<br />
arrobas por hectare.<br />
Um ponto importante a ser<br />
discutido é o ganho de peso. Normalmente,<br />
o desempenho dos animais<br />
na TIP é inferior aos ganhos<br />
obtidos no confinamento. Por exemplo:<br />
se no confinamento um animal<br />
apresenta ganho (GMD) de 1,5 kg/<br />
dia, na TIP, esse mesmo animal,<br />
consumindo a mesma quantidade<br />
de ração, apresentaria um GMD de<br />
1,3 kg/dia. No entanto, a análise dos<br />
dados, baseada nestas informações,<br />
pode levar a falsas conclusões.<br />
Precisamos ter em mente<br />
que a moeda de troca do produtor<br />
com o frigorífico é a carcaça, sendo<br />
assim, nossa analise precisa ser baseada<br />
no ganho em carcaça e, nesse<br />
ponto, teríamos a nossa segunda<br />
quebra de paradigma.<br />
Para entender melhor, pense<br />
em um animal sendo pesado. O valor<br />
obtido - na verdade - representa<br />
a somatória de todos as partes que<br />
40<br />
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Figura 1. Rúmen e conteúdo do TGI de animais do confinamento e da TIP.<br />
compõem o animal (conjunto de todos<br />
os tecidos e órgãos), mais a comida<br />
que ele consumiu (volumoso,<br />
ração, suplemento). O problema é<br />
que quando pesamos o boi, não sabemos<br />
o quanto de cada uma dessas<br />
partes o animal tem ao certo. Assim,<br />
ao calcular o GMD, não é possível<br />
saber qual componente contribuiu<br />
mais ou menos com o peso ali medido,<br />
uma vez que não existe uma<br />
proporcionalidade na variação dos<br />
componentes com o aumento de<br />
peso, o que gera erro na interpretação<br />
do GMD quando o foco é a<br />
produção de carcaça.<br />
O conteúdo do TGI é um<br />
dos componentes corporais que representa<br />
uma das maiores fontes de<br />
erro na interpretação dos resultados<br />
do GMD. No caso da TIP, temos<br />
observado que a taxa de passagem<br />
da digesta é maior, refletindo diretamente<br />
na quantidade de conteúdo<br />
do TGI e no tamanho do rúmen.<br />
Na Figura 1 você pode notar a diferença<br />
no tamanho do rúmen e consistência<br />
da dieta de animais terminados<br />
no confinamento ou na TIP.<br />
Na imagem da esquerda, temos o<br />
rúmen e o conteúdo do TGI de animais<br />
que estavam no confinamento<br />
e do lado direito, animais da TIP.<br />
Sendo assim, o foco da avaliação<br />
sobre os resultados da TIP<br />
deve ser baseado no ganho em carcaça<br />
dos animais. Nessa nova ótica,<br />
os ganhos conquistados na TIP e no<br />
confinamento se assemelham muito.<br />
Para finalizar, a TIP é mais uma opção<br />
a ser trabalhada nas fazendas de<br />
engorda. Apesar das comparações<br />
com o confinamento, esse sistema<br />
não visa a sua substituição, mas busca<br />
a complementariedade de opções<br />
na fazenda, sendo uma opção a mais<br />
para o produtor. Existem fazendas<br />
que operam com as duas modalidades<br />
de engorda, funcionando de<br />
forma sinérgica porteira a dentro.<br />
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42<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
Marcos Jean Vieira de Souza<br />
Gerente Geral do Banco da Amazônia<br />
Agência Paraíso do Tocantins<br />
marcos.souza@bancoamazonia.com.br<br />
CRÉDITO RURAL<br />
RECURSOS PARA INVESTIR NA<br />
REGIÃO AMAZÔNICA<br />
Recursos e condições excelentes<br />
para quem deseja investir na<br />
região Amazônica. A Região Amazônica<br />
possui uma extensão territorial<br />
de 5.088.668,5 Km² (60% do<br />
território nacional), sendo composta<br />
pelos estados do Acre, Amapá,<br />
Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima<br />
e Tocantins e parte do Maranhão<br />
e Mato Grosso. Possui aproximadamente<br />
25 milhões de habitantes,<br />
com predominância da população<br />
urbana. As principais atividades<br />
econômicas desenvolvidas na Região<br />
são a agropecuária, o extrativismo<br />
vegetal e mineral, a indústria e a<br />
pesca.<br />
Os Estados que compõem<br />
a Amazônia apresentam excelentes<br />
oportunidades para a realização de<br />
investimentos, fato já identificado<br />
por empreendedores de várias regiões<br />
do Brasil que estão intensificando<br />
a procura de locais que melhor<br />
apresentem condições para seus investimentos.<br />
Dentre as oportunidades<br />
destacamos:<br />
1. A existência de uma imensa diversidade<br />
biológica, sendo considerando<br />
o maior banco genético<br />
da terra;<br />
2. A disponibilidade em seu território<br />
de grandes reservas minerárias,<br />
petrolíferas e de gás natural;<br />
3. O elevado potencial hidrelétrico;<br />
e e) A expansão e consolidação<br />
do agronegócio regional envolvendo<br />
produtos madeireiros,<br />
carnes, pescado, grãos, óleos,<br />
frutas, indústria moveleira, destacando-se<br />
a produção de grãos.<br />
Para que ocorra o<br />
desenvolvimento sustentável que<br />
traga mudanças positivas na vida<br />
dos amazônicos, vários desafios<br />
devem ser tratados, no viés<br />
financeiro, considerando que essas<br />
providências possibilitam o melhor<br />
acesso ao crédito, destacamos:<br />
1. Regularização fundiária e ordenamento<br />
territorial;<br />
2. A ampliação dos investimentos<br />
em infraestrutura econômica visando<br />
facilitar o armazenamento,<br />
o escoamento e a comercialização<br />
da produção;<br />
3. A melhoria dos serviços de<br />
assistência técnica e extensão<br />
rural prestado aos produtores<br />
da Região.<br />
Com 74 anos de história, o<br />
Banco da Amazônia é o principal<br />
agente do Governo Federal na<br />
execução das políticas, planos e<br />
programas governamentais voltados<br />
para o desenvolvimento sustentável<br />
Distribuição de recursos Financeiros por Estado<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
43
da Região, além de realizar todas<br />
as atividades bancárias comerciais,<br />
estando presente com o crédito de<br />
fomento, em 100% das localidades<br />
da Região Norte.<br />
A principal fonte de financiamento<br />
do Banco é o Fundo<br />
Constitucional de Financiamento<br />
do Norte (FNO): criado pela<br />
Constituição Federal de 1988 e regulamentado<br />
pela Lei nº 7.827/89, o<br />
FNO tem seus recursos oriundos de<br />
0,6% do produto da arrecadação do<br />
imposto sobre a renda e proventos<br />
de qualquer natureza e do imposto<br />
sobre produtos industrializados<br />
para serem aplicados no financiamento<br />
das atividades econômicas<br />
desenvolvidas em bases sustentáveis<br />
na Região Norte, com programas<br />
que permitem o atendimento<br />
de praticamente toda atividade produtiva<br />
que apresentem viabilidade<br />
técnica/econômica/financeira, com<br />
taxas extremamente atrativas, prazos<br />
e condições adequadas a cada<br />
atividade.<br />
Juros praticados pelo Banco da Amazônia<br />
Encargos Financeiros Setor <strong>Rural</strong> – Juros válidos até <strong>30</strong>/06/2017<br />
Finalidade Porte Integrais Com Bônus<br />
Investimento em bens de Micro, pequeno, peq-médio 7,65% 6,50%<br />
capitais e demais Médio 8,53% 7,25%<br />
investimentos inclusive Grande 10,00% 8,50%<br />
com custeio associado<br />
Custeio Isolado Micro, pequeno, peq-médio 8,82% 7,50%<br />
Médio 10,29% 8,75%<br />
Grande 12,35% 10,50%<br />
Financiamento a Comércio, Serviço e Indústria - Juros válidos até 31/12/2017<br />
I - Operações de INVESTIMENTO e Capital de Giro Associado<br />
Porte Sem Bônus Com Bônus a.m. c/ Bônus<br />
Receita Bruta Até R$90 milhões 8,55% 7,27% 0,59%<br />
Receita Bruta acima de R$90 milhões 10,14% 8,62% 0,69%<br />
II - Operações de CAPITAL DE GIRO - ISOLADO e COMERCIALIZAÇÃO<br />
Porte Sem Bônus Com Bônus a.m. c/ Bônus<br />
Receita Bruta Até R$90 milhões 13,08% 11,12% 0,88%<br />
Receita Bruta acima de R$90 milhões 15,23% 12,95% 1,02%<br />
III- Operações de projetos de ciências, tecnologia e inovação<br />
Porte Sem Bônus Com Bônus a.m. c/ Bônus<br />
Receita Bruta Até R$90 milhões 7,65% 6,50% 0,53%<br />
Receita Bruta acima de R$90 milhões 9,05% 7,69% 0,62%<br />
Atua ainda com outras<br />
fontes de recursos: Fundo de<br />
Desenvolvimento da Amazônia<br />
(FDA), Fundo da Marinha<br />
Mercante (FMM), Recursos do<br />
Orçamento Geral da União (OGU),<br />
Recursos do Banco Nacional de<br />
Desenvolvimento Econômico e<br />
Social (BNDES) e Recursos da<br />
Carteira de Crédito Comercial.<br />
Mesmo neste momento de retração<br />
da economia a Instituição possui<br />
disponibilidade de crédito em<br />
montante que possibilita atender<br />
os investidores interessados em<br />
realizar seus projetos na região,<br />
destacando sua atuação com prática<br />
das melhores taxas do mercado e<br />
prazos compatíveis com a atividade<br />
desenvolvida.<br />
A Instituição vem<br />
passando por uma grande<br />
reformulação, buscando<br />
trabalhar de forma aderente<br />
com as regras de transparência<br />
e governança de mercado, tendo<br />
como foco principal a agilidade no<br />
processo de análise e concessão do<br />
crédito, buscando dar resposta aos<br />
clientes e acionistas com eficiência<br />
e qualidade. As principais mudanças<br />
que estão ocorrendo no Banco<br />
visando aperfeiçoar a concessão do<br />
crédito são:<br />
1. Criação das Centrais de<br />
Crédito - Com objetivo de<br />
proporcionar mais agilidade,<br />
celeridade na aprovação de<br />
projetos que serão analisados,<br />
acompanhados e recuperados.<br />
Hoje, o processo é realizado em<br />
cada agência e/ou e encaminhado<br />
para a sede do Banco, em Belém.<br />
Com a implantação da central os<br />
processos de crédito da região<br />
serão atendidos em um único<br />
local, proporcionando agilidade,<br />
44<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
padronização e maior eficiência<br />
na gestão do processo de crédito<br />
do Banco.<br />
2. Inovações nas linhas de financiamentos,<br />
possibilitando o<br />
atendimento que melhor atenda<br />
as necessidades dos tomadores<br />
de crédito, citamos como<br />
exemplo as alterações que estão<br />
ocorrendo para o plano safra<br />
2017/2018:<br />
• CUSTEIO ALONGADO: Possibilita<br />
ao produtor de grãos o<br />
parcelamento do reembolso das<br />
operações de custeio em até 04<br />
parcelas mensais, sucessivas e<br />
iguais, desde que comprovadamente<br />
efetue a armazenagem da<br />
produção, com o propósito comercializá-la<br />
em um período de<br />
melhor preço;<br />
• CUSTEIO COM RENOVA-<br />
ÇÃO SIMPLIFICADA: Contempla<br />
a simplificação dos procedimentos<br />
de renovação de<br />
custeio agrícola e pecuário, para<br />
os clientes que possuam limite<br />
de crédito vigente;<br />
• OPERAÇÕES DE PRÉ-CUS-<br />
TEIO: Possibilita ao produtor<br />
rural acessar linha de crédito de<br />
crédito de custeio para a safra<br />
subsequente sem a necessidade<br />
de liquidar a operação de custeio<br />
em atual, desde que o mesmo<br />
apresente margem disponível em<br />
seu limite de crédito para isso.<br />
Com essas ações e outras<br />
que estão sendo implementadas<br />
ainda neste ano, o Banco espera<br />
melhorar o atendimento de seus<br />
clientes, proporcionando a agilidade<br />
e tempestividade que o mercado<br />
necessita.<br />
Para enfrentar as dificuldades<br />
da economia, o Banco além da<br />
disponibilidade das linhas de crédito,<br />
oferece excelentes condições para<br />
renegociação de dívidas, destacando-se<br />
os benefícios concedidos pela<br />
Lei 13.340, que concede desconto<br />
para liquidação e possibilidade<br />
de renegociação de dívidas de crédito<br />
rural referente a uma ou mais<br />
operações de um mesmo mutuário<br />
contratadas até 31 de dezembro de<br />
2011, contratadas com recursos do<br />
Fundo Constitucional do Norte –<br />
FNO e recursos mistos FNO + Outras<br />
Fontes, para empreendimentos<br />
localizados na área de abrangência<br />
da SUDAM, com prazo para formalização<br />
até 29/12/2017. A Lei<br />
proporcionará impacto econômico<br />
imediato, pois além de desconto que<br />
pode chegar até 85% sobre o saldo<br />
devedor recalculado, para o produtor<br />
que deseja liquidar a(s) operação(ões)<br />
de sua responsabilidade,<br />
permite para quem não possui essa<br />
condição ou não desejar efetuar a<br />
liquidação, proceder a prorrogação<br />
da dívida por um prazo de 10 anos,<br />
com vencimento da primeira parcela<br />
em 2021 e a última em 20<strong>30</strong>, sendo<br />
oportunidade imperdível para melhorar<br />
o fluxo financeiro dos produtores<br />
enquadrados e com esse fôlego<br />
financeiro poderão acessar novo<br />
crédito e impulsionar a economia da<br />
região.<br />
Para aplicar os mais de<br />
R$ 4,4 bilhões disponíveis por<br />
meio do Fundo Constitucional de<br />
Financiamento do Norte (FNO) para<br />
2017, o Banco da Amazônia realizou<br />
no dia 20/04, o lançamento da ação<br />
estratégica ROTA DO FNO, evento<br />
que tem como objetivo potencializar<br />
as contratações amparadas pelas<br />
linhas de crédito contratadas com<br />
recursos do FNO para empresários,<br />
produtores rurais e diversos outros<br />
segmentos envolvendo crédito para<br />
custeio, capital de giro, máquinas e<br />
equipamentos, dentre outros. Será<br />
realizada uma força tarefa para<br />
aprovar as propostas recebidas<br />
durante o período da campanha,<br />
cujo encerramento ocorrerá no final<br />
do mês de junho.<br />
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46<br />
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GESTÃO III<br />
Uesslley Marinho de Sousa<br />
Técnico Agrícola Habilitado em Zootecnia<br />
Gestão na<br />
uesslleymarinho@hotmail.com<br />
PRODUÇÃO DE LEITE<br />
A atividade Leiteira como qualquer outra atividade econômica do Agronegócio, para obter lucro,<br />
exige aplicação de ferramentas de gestão, que permitam avaliar os índices produtivos, logo sem elas não é possível<br />
realizar o planejamento, a implantação e controle da produção. Infelizmente a maioria das propriedades leiteiras<br />
não possui o mínimo de controle da atividade e isso tem limitado a avaliação e o progresso da atividade. Por outro<br />
lado, uma vez implantado o registro de dados produtivos e econômicos, podemos identificar e corrigir problemas.<br />
Algumas informações simples,<br />
como o registro de dados econômicos<br />
(leite vendido e consumido,<br />
receitas e despesas); zootécnicas<br />
(controle de cios e coberturas, parições<br />
e controle leiteiro) e climáticas<br />
(temperatura e pluviometria) são necessárias<br />
para o avanço gerencial.<br />
Os números revelam se uma<br />
propriedade está operando com lucro<br />
ou prejuízo, portanto, através do<br />
registro destes, alguns índices, podem<br />
ser calculados, e quando analisados<br />
demonstram de que forma<br />
os fatores de produção estão sendo<br />
administrados, e que, uma vez interpretados<br />
corretamente, apontam<br />
quais medidas devem ser tomadas.<br />
Para melhor compreendermos a<br />
importância da gestão na Atividade<br />
Leiteira nos resultados econômicos<br />
da propriedade, vamos apresentar<br />
abaixo quatro importantes índices<br />
para avaliação da Atividade:<br />
Produtividade leite/ha/ano<br />
- A principal referência para a definição<br />
do potencial produtivo das<br />
propriedades leiteiras sempre foi o<br />
tamanho da área, e ainda é comum<br />
pensarmos o potencial produtivo<br />
de uma fazenda a partir de sua área<br />
disponível, medido em litros de leite<br />
por ha/ano. O que no passado<br />
era sonho, hoje é realidade, várias<br />
propriedades que tem aplicado conceitos<br />
de produção intensiva tem alcançado<br />
excelentes resultados, atingindo<br />
produtividade da terra de até<br />
34.000 litros/ha/ano, número 34<br />
vezes maior que a média brasileira<br />
(1000 litros/há/ano).<br />
Esse índice é resultado da<br />
divisão da produção anual de leite<br />
dividido pela área total destinada<br />
para atividade leiteira (área de produção<br />
de volumosos, instalações,<br />
benfeitorias, corredores e sombra).<br />
Quanto mais eficiente o uso do solo<br />
e das pastagens menor área destinada<br />
à atividade, resultando em maior<br />
produtividade da terra. Outro fator<br />
que exerce influência e a produção<br />
média diária de leite no ano, que à<br />
medida que cresce contribui para<br />
alavancar esse índice.<br />
A eficiência deste índice<br />
ganha mais importância quando se<br />
observa que na maioria das propriedades<br />
que produzem leite no país,<br />
tem a terra como maior capital empatado<br />
na produção de leite exigindo<br />
assim, o uso mais eficiente desse<br />
fator de produção.<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
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Reais investidos/litro produzido<br />
– Esse índice merece muita<br />
atenção, pois de uma forma geral o<br />
estoque de capital investido na Atividade<br />
Leiteira é alto. Para a avaliação<br />
do capital empatado para produção<br />
de leite, calculamos o índice<br />
reais investidos/ litro produzido, o<br />
cálculo avalia se a estrutura de investimentos<br />
é condizente com a sua<br />
produção. Para determinar esse índice<br />
divide-se o valor do capital total<br />
utilizado na atividade leiteira (terra,<br />
animais, instalações, benfeitorias e<br />
máquinas), pelo volume médio de<br />
leite diário da propriedade no último<br />
ano, o ideal é até R$ 1.500,00/<br />
litro, valores acima disso indicam<br />
longo prazo, para o retorno do capital<br />
investido, necessitando de ações<br />
venham diminuir o tempo, o que<br />
Chácara Esperança (Wanderlândia,TO)<br />
Resultados Econômicos e Zootécnicos<br />
Unidade<br />
pode ser feito pela diminuição da<br />
área utilizada na atividade por meio<br />
da intensificação das áreas de produção,<br />
o que irá diluir os custos de<br />
investimento da Atividade Leiteira.<br />
VL/ha (vacas em lactação por<br />
hectare): Esse índice relaciona a<br />
eficiência de uso da terra, estrutura<br />
de rebanho, reprodução e persistência<br />
de produção, definindo assim a<br />
capacidade produtiva do sistema.<br />
Para melhor compreendermos é<br />
preciso ressaltar que um rebanho<br />
bem estruturado é composto de 60<br />
a 70% de vacas no rebanho e de <strong>30</strong><br />
a 40% em animais em crescimento<br />
(bezerras e novilhas), e que do total<br />
de vacas do rebanho (60%), 83%<br />
devem estar em lactação na média<br />
anual, a estrutura de rebanho adequada<br />
exerce grande influencia nos<br />
TABELA 1: RESUMO DOS ÍNDICES ECONÔMICOS E ZOOTÉCNICOS DA<br />
CHÁCARA ESPERANÇA. COMPARAÇÃO DE DOIS PERÍODOS DE TRABALHO<br />
Período<br />
Início (2013) Atual( 2017)<br />
a. Área Total da Propriedade há 50 50<br />
b. Área Utilizada para Leite há 50 12<br />
c. Produção Média diária kg/dia <strong>30</strong> 264<br />
c. Maior Produção obtida kg/dia 50 293<br />
d. Vacas em Lactação no Rebanho Cab 10 15<br />
e. Vacas secas Cab 6 13<br />
f. Vacas Total Cab 16 28<br />
g. Produção por vaca em lactação kg/dia 2,6 17,6<br />
h. Renda com Venda de Leite Mensal R$ R$ 900,00 R$ 8.712,00<br />
i. Despesas Operacionais R$ R$ 700,00 R$ 3.700,00<br />
j. Fluxo de caixa Mensal (sobra) (H-i) R$ R$ 200,00 R$ 5.012,00<br />
l. %Vacas lactação/total de vacas (D/G x 100) % 62,5 53,5<br />
m.Vacas lactação (VL) por área ( D/B) VL/há 0,2 1,25<br />
n. Produtividade da Terra (C x 365 / B) l/há/ano 219 80<strong>30</strong><br />
o. Avaliação Patrimonial R$ R$ 192.000,00 R$ 268.516,00<br />
p. R$ investidos/litro produzido ( O / C) R$/litro R$ 6.400,00 R$ 1.017,10<br />
ganhos econômicos da propriedade.<br />
Para calcular o índice VL/<br />
há devemos dividir o total de vacas<br />
em lactação pela área utilizada para<br />
produção de leite (Tabela 1). Fatores<br />
que influenciam Vacas em Lactação/ha:<br />
Eficiência no uso da terra<br />
(produção vegetal); estrutura do rebanho<br />
(quanto maior a % de vacas<br />
no rebanho, maior o índice VL/<br />
ha), reprodução e persistência de<br />
lactação (estes dois últimos fatores<br />
responsáveis pela definição da % de<br />
vacas em lactação no rebanho).<br />
Taxa de Retorno do Capital<br />
Empatado: Esse indicador indica<br />
a atratividade do negócio, valores<br />
acima de 10 % ao ano significa dizer<br />
que a atividade além de viável e<br />
atrativa economicamente. O índice<br />
é calculado dividindo-se a margem<br />
líquida ou lucro total anual da atividade<br />
leiteira pelo capital empatado e<br />
multiplicando o resultado por 100.<br />
Fatores que influenciam a Margem<br />
Bruta por Área: Lucro (resultado<br />
da Receita Total menos o Custo Total)<br />
e o valor do patrimônio.<br />
A Gestão Eficiente dos fatores<br />
produtivos, permitirá a avaliação<br />
dos índices econômico/zootécnicos<br />
da atividade leiteira com isso, fazer<br />
os ajustes necessários para aumentar<br />
o lucro da propriedade, independentemente<br />
do sistema de produção<br />
explorado.<br />
48<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
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Dr. Gentil Cavalheiro Adorian<br />
Eng. Agrônomo e Dr. em Fitotecnia<br />
gentil.cav@gmail.com<br />
FERTILIDADE DO SOLO<br />
Manejo da calagem e gessagem<br />
no sistema de plantio direto em solos do cerrado<br />
O Plantio Direto é um sistema de manejo do solo utilizado como forma de proteger o ambiente e dar<br />
sustentabilidade à agricultura. Tem por fundamento três princípios básicos: não-revolvimento do solo, permanência<br />
da cobertura e rotação de culturas. Adotando essa prática, elimina-se perdas de solo por erosão, aumenta o teor de<br />
matéria orgânica no solo, melhora a infiltração da água, controla a temperatura e preserva a estrutura do solo, como<br />
também, mantém o solo úmido por mais tempo, o que possibilita menores danos às plantas por estresse hídrico<br />
ocasionados por períodos de ausência de chuva na estação chuvosa, conhecidos como veranicos.<br />
Conforme sugerido por pesquisadores<br />
da Embrapa Cerrados,<br />
antes da implantação do Sistema de<br />
Plantio Direto (SPD), deve-se ter<br />
como preocupação inicial corrigir a<br />
acidez do solo tanto da camada superficial<br />
de 0 – 20 cm, quanto da camada<br />
sub-superficial, de 20 – 60 cm.<br />
A correção é feita com aplicação de<br />
calcário, incorporado no solo, a fim<br />
de elevar a saturação por bases em<br />
torno de 50% e o pH em água próximo<br />
de 6,0. A relação do Ca (cálcio)<br />
e Mg (magnésio), deve ser mantida<br />
no intervalo de 1:1 à, no máximo,<br />
10:1, de forma que, os teores de Mg<br />
fiquem, no mínimo, de 0,5 cmolc.<br />
dm3. Se o teor de Mg for inferior a<br />
5% da CTC (Capacidade de Troca<br />
Catiônica) total do solo é indicado<br />
realizar a calagem utilizando calcário<br />
dolomítico, o qual apresenta mais<br />
do que 12% de MgO (óxido de magnésio).<br />
Três anos após a calagem,<br />
recomenda-se fazer nova análise de<br />
solo na camada de 0 – 20 cm, e se<br />
a saturação por bases se encontrar<br />
menor que 40%, deve ser elevada<br />
para 50%. Como no SPD não há<br />
revolvimento do solo, o calcário<br />
é aplicado em superfície, sem a<br />
incorporação.<br />
O processo de acidificação<br />
do solo no SPD ocorre de forma<br />
menos acentuada que no Sistema<br />
Plantio Convencional (SPC), sendo<br />
localizado nos primeiros cinco<br />
centímetros abaixo da superfície,<br />
região com maior acúmulo de<br />
matéria orgânica. Ao contrário, o<br />
SPC, devido os restos culturais serem<br />
incorporados com a gradagem, a<br />
acidificação do solo acontece de<br />
forma mais intensa e na camada de<br />
0 – 20 cm.<br />
A reatividade do calcário,<br />
devido à incorporação, é mais<br />
rápida no SPC, porém, seu efeito<br />
residual fica limitado de 3 a 5 anos,<br />
enquanto no SPD o efeito residual<br />
do calcário pode chegar de 5 a 10<br />
anos após a aplicação, no entanto,<br />
a reatividade é mais lenta, devido à<br />
50<br />
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SEM GESSO<br />
aplicação do corretivo em superfície<br />
sem incorporação e à sua baixa<br />
mobilidade no solo.<br />
Em solos do Cerrado é<br />
comum, também, a deficiência de<br />
Ca em profundidade, que pode estar<br />
associada ou não à toxidez de Al<br />
(Alumínio). Para identificar devem<br />
ser feitas amostragens de 20 – 40 cm<br />
e de 40 – 60 cm de profundidade.<br />
Se os teores de Ca estiverem abaixo<br />
de 0,5 cmolc.dm3 e a saturação por<br />
alumínio acima de 20%, recomendase<br />
fazer a aplicação de gesso agrícola,<br />
3 T/HA DE GESSO<br />
prática conhecida como gessagem.<br />
Até o momento não há um padrão<br />
determinado de recomendação<br />
de doses de gesso, mas pode ser<br />
estimada conforme a seguinte<br />
equação: DOSE (kg.ha-1) = 50 x<br />
(% argila). A aplicação pode ocorrer<br />
antes, durante ou após o plantio,<br />
sem a necessidade de incorporação.<br />
Independentemente da toxidez<br />
de alumínio em camadas mais<br />
profundas, estudos científicos demonstram<br />
que o uso do gesso tem<br />
sido vantajoso, apresentando bons<br />
resultados, principalmente no que<br />
se refere ao aprofundamento do sistema<br />
radicular. Plantas com raízes<br />
capazes de alcançar camadas mais<br />
profundas do solo estão menos<br />
susceptíveis ao estresse hídrico que<br />
ocorre em períodos de veranicos.<br />
As raízes são possibilitadas<br />
a se desenvolverem em maior profundidade<br />
devido à neutralização do<br />
Al e elevação do Ca nessas camadas,<br />
algo que ocorre devido ao composto<br />
sulfato de cálcio (CaSO4), que<br />
tem como fonte o gesso agrícola ou<br />
o fertilizante Superfosfato Simples.<br />
Após a senescência, as raízes que<br />
se desenvolveram em camadas mais<br />
profundas contribuirão para o aumento<br />
da matéria orgânica no perfil<br />
do solo além da região limitada aos<br />
20 cm, ampliando sua capacidade de<br />
retenção de água e nutrientes.<br />
A correção da acidez,<br />
proporcionada pela calagem, não<br />
deve ser ignorada. Quando, além<br />
da calagem, faz-se a neutralização<br />
do alumínio e a elevação do teor de<br />
cálcio em camadas mais profundas<br />
do perfil do solo, pela prática<br />
da gessagem, ou então, pelo uso<br />
do Superfosfato Simples, temse<br />
grande potencial para ampliar<br />
a produção, reduzir perdas pela<br />
deficiência hídrica e manter, ou<br />
mesmo, aumentar a sustentabilidade<br />
agrícola nos solos do Cerrado.<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
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52<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
Willian Filgueira Batista<br />
Zootecnista<br />
willian.batista@merck.com<br />
SANIDADE ANIMAL III<br />
Medidas sanitárias<br />
No mês de maio deverá ser realizada a vacinação, obrigatória, contra a febre aftosa, doença altamente<br />
contagiosa que pode causar grandes perdas econômicas. Nesta etapa, no estado do Tocantins, deverão ser<br />
vacinados todos os bovinos e bubalinos, independente da faixa etária. No entanto não podemos esquecer que a<br />
criação de bovinos requer outras medidas sanitárias, como a prevenção das clostridioses e da raiva e o controle<br />
de parasitas. Estas medidas são indispensáveis para a manutenção da saúde do rebanho e para a lucratividade da<br />
fazenda.<br />
As clostridioses, junto com<br />
a raiva, pertencem ao grupo de doenças<br />
que são as maiores causadoras<br />
da morte de bovinos no Brasil. Essas<br />
doenças podem ocorrer esporadicamente<br />
ou em forma de surtos. No<br />
caso de surtos, os prejuízos são ainda<br />
maiores. Para se ter uma ideia, estima-se<br />
que a mortalidade atribuída<br />
ao carbúnculo sintomático, a “manqueira”,<br />
(clostridiose que ocorre em<br />
todo o mundo) esta em torno de<br />
15%. Isto sem levar em consideração<br />
que algumas mortes acontecem<br />
de forma muito rápida e o diagnostico<br />
para “manqueira” acaba não<br />
acontecendo. O tratamento para as<br />
clostridioses é caro e a taxa de cura<br />
é menor que 1%. No caso da raiva<br />
o cuidado não deve ser menor, pois<br />
esta doença é uma zoonose (doença<br />
que pode ser transmitida do animal<br />
contaminado para o ser humano e<br />
do ser humano contaminado para o<br />
animal) e não tem cura. A raiva pode<br />
ser transmitida através do contato<br />
da saliva do animal infectado com o<br />
vírus, por meio de arranhões, mordidas<br />
e até lambidas.<br />
Levando esses dados em<br />
consideração, é preciso sempre buscar<br />
a prevenção, que pode ser alcançada<br />
através da vacinação e medidas<br />
complementares como, recolhimento<br />
de carcaças de animais mortos na<br />
pastagem, por exemplo, que servem<br />
como reservatório das bactérias causadoras<br />
das clostridioses.<br />
Algumas propriedades adotam<br />
um programa sanitário próprio,<br />
realizando a vacinação preventiva a<br />
clostridioses e raiva, assim como o<br />
controle de parasitas internos e externos<br />
em períodos estratégicos, ao<br />
longo do ano (protocolo mais eficiente).<br />
Outras propriedades aproveitam<br />
a “vinda dos animais no curral”<br />
para a vacinação contra aftosa<br />
para realizar estas medidas de profilaxia.<br />
Independente da estratégia<br />
adotada pelo pecuarista, o que não<br />
pode passar despercebido é a prevenção<br />
da raiva e das clostridioses<br />
através da vacinação, para reduzir<br />
cada vez mais o prejuízo causado<br />
pela morte de animais na fazenda. É<br />
de suma importância que a vacina a<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
53
ser utilizada seja de alta qualidade e<br />
garanta uma imunização efetiva dos<br />
animais vacinados. Não se deve esquecer<br />
de realizar o reforço vacinal<br />
no período correto, para elevar a<br />
concentração de anticorpos no organismo<br />
do animal, conferindo um<br />
alto nível de proteção. Em animais<br />
primo-vacinados esse reforço deverá<br />
ser realizado em torno de <strong>30</strong> dias<br />
após a aplicação da primeira dose.<br />
Outro ponto importante é o<br />
controle de parasitas, que apesar de<br />
que em poucos casos levam a morte,<br />
tem grande impacto na redução<br />
da produtividade. Uma alta carga<br />
de parasitas internos (vermes) pode<br />
passar despercebida a olho nu, mas,<br />
na realidade eles estão competindo<br />
com os animais pelos nutrientes, levando<br />
a diminuição de ganho peso<br />
ou que até mesmo levando a perda<br />
peso (prejuízo em ambos os casos).<br />
Estudos relatam, também, que parasitoses<br />
podem levar a efeitos negativos<br />
sobre desempenho reprodutivo<br />
e queda de imunidade nos animais<br />
parasitados.<br />
A utilização de um endectocida que<br />
seja eficaz contra parasitas internos<br />
e externos é uma excelente alternativa<br />
para a eliminação desses competidores<br />
e dar condições para que os<br />
animais aproveitem o máximo dos<br />
nutrientes contidos na alimentação.<br />
Fatores como principio ativo, qualidade<br />
da matéria prima, eficácia e<br />
resistência dos parasitas ao produto,<br />
devem nortear a escolha do endectocida<br />
a ser utilizado, pois o tempo<br />
envolvido no manejo de curral, o<br />
gasto e tempo com mão de obra, assim<br />
como todo o trabalho envolvido<br />
será o mesmo, sendo o produto<br />
utilizado eficiente ou não.<br />
Estudos mostram que a<br />
Ivermectina é mais eficaz contra parasitas<br />
externos, já a Abamectina é<br />
mais eficaz contra parasitas internos<br />
(nematoides gastrintestinais e pulmonares).<br />
Hoje o pecuarista pode contar<br />
com o auxílio de tecnologias no<br />
controle de parasitas internos e externos,<br />
como a associação de Ivermectina<br />
e Abamectina no mesmo<br />
produto. Essa combinação aumenta<br />
o poder de eliminação de parasitas<br />
internos e externos, mesmo os mais<br />
resistentes (atua contra parasitas resistentes<br />
a Ivermectina e Doramectina),<br />
oferecendo melhores condições<br />
para os animais alcançarem alta<br />
produtividade e consequentemente<br />
maior retorno financeiro.<br />
Em algum momento o pecuarista<br />
pode pensar em economizar<br />
em medicamentos, vacinas e endectocidas,<br />
mas vale lembrar que o<br />
investimento em sanidade raramente<br />
ultrapassa 3% do total do custo<br />
de produção de bovinos de corte, e<br />
os prejuízos causados pela não utilização<br />
desses fatores de produção<br />
são enormes. Manter o rebanho<br />
saudável e livre de parasitas resulta<br />
em menor mortalidade, mais bezerros<br />
para a fase de cria, maior taxa<br />
de crescimento para a recria e maior<br />
ganho de peso para a engorda. Por<br />
isso não devemos “brincar” quando<br />
o assunto é sanidade.<br />
54<br />
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grafica wr<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
55
Alexandre Andrade de Souza<br />
Empresário Contábil<br />
aasouza28@conexaocontabilto.com.br<br />
OBRIGAÇÃO FISCAL<br />
Parte 5<br />
OBRIGAÇÕES FISCAIS DO PRODUTOR RURAL: PESSOA FÍSICA<br />
LIVRO CAIXA DA ATIVIDADE RURAL<br />
A grande maioria dos produtores rurais pessoas físicas, não são informados de suas obrigações legais ou<br />
simplesmente as desconhecem e, em alguns casos, preferem se ocultar destas mesmas obrigações. Assim, apresentamos<br />
mais uma obrigação tributária e que está vinculada a Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física como<br />
informação acessória e complementar, o Livro Caixa da Atividade <strong>Rural</strong>.<br />
Lembramos que neste artigo<br />
não iremos aprofundar em detalhes<br />
técnicos de regras de cálculos, aproveitamentos,<br />
deduções, cobranças e<br />
demais itens de resultado de apuração<br />
de renda do produtor rural pessoa<br />
física. Iremos apenas informar<br />
o que é o Livro Caixa da Atividade<br />
<strong>Rural</strong>, quem está obrigado a preenche-lo<br />
mensalmente e anualmente.<br />
O Livro Caixa da Atividade<br />
<strong>Rural</strong>, representa o controle acessório<br />
à Declaração do Imposto de<br />
Renda Pessoa Física da renda das<br />
atividades rurais para tributação do<br />
imposto de renda da pessoa física,<br />
não podendo haver intervalos em<br />
branco, nem entrelinhas ou emendas,<br />
deve ser numerado sequencialmente<br />
e conter, no início e no encerramento,<br />
anotações em forma<br />
de “Termos” que identifiquem o<br />
contribuinte e a finalidade do livro.<br />
Citando como Legislação que trata<br />
do assunto, Lei 8.023/1990, Lei<br />
9.250/95 e Lei 9.4<strong>30</strong>/96 e o próprio<br />
Decreto nº <strong>30</strong>00/1999 (Regulamento<br />
do Imposto de Renda).<br />
Sobre a obrigatoriedade da<br />
escrituração do Livro Caixa da Atividade<br />
<strong>Rural</strong> é para o resultado da<br />
exploração da atividade rural, abrangendo<br />
as receitas, as despesas de<br />
custeio, os investimentos e demais<br />
valores que integram a atividade<br />
rural do declarante. Considera-se<br />
atividade rural: a agricultura, a pecuária,<br />
a extração e a exploração da<br />
apicultura, avicultura, cunicultura,<br />
suinocultura, sericultura, piscicultura<br />
e outras culturas animais, a transformação<br />
de produtos decorrentes<br />
da atividade rural, sem que sejam<br />
alteradas a composição e as características<br />
do produto in natura, feita<br />
pelo próprio agricultor ou criador,<br />
com equipamentos e utensílios usualmente<br />
empregados nas atividades<br />
rurais, utilizando exclusivamente<br />
matéria-prima produzida na área<br />
rural explorada, tais como a pasteurização<br />
e o acondicionamento do<br />
leite, assim como o mel e o suco de<br />
laranja, acondicionados em embala-<br />
56<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
gem de apresentação e o cultivo de<br />
florestas que se destinem ao corte<br />
para comercialização, consumo ou<br />
industrialização.<br />
Um pequeno detalhe de não<br />
obrigatoriedade de registro pelo Livro<br />
Caixa da Atividade <strong>Rural</strong> pelo<br />
produtor rural pessoa física é quando<br />
a receita bruta total auferida no<br />
ano-calendário não exceder a R$<br />
56.000,00 (Lei 9.250/1995), porém,<br />
todo ano no período da Declaração<br />
do Imposto de Renda Pessoa Física<br />
a Receita Federal do Brasil edita<br />
informações com um novo valor de<br />
obrigatoriedade no preenchimento<br />
da ficha da atividade rural que hoje<br />
é de R$ 142.798,50, sendo facultada<br />
a apuração mediante prova documental,<br />
dispensada a escrituração<br />
do Livro Caixa, exceto na hipótese<br />
de apuração de prejuízo que se deseja<br />
compensar futuramente. Este<br />
prejuízo citado é ocorrido em ano<br />
ou anos anteriores que podem ser<br />
amortizados no lucro gerado no<br />
ano em questão, diminuindo o cálculo<br />
do imposto de renda para pagar,<br />
porém, deverá ser totalmente<br />
documento e guardado durante o<br />
período que a legislação exige para<br />
comprovação caso necessária.<br />
Lembramos também que<br />
estas regras são aplicadas aos<br />
arrendatários, os condôminos e os<br />
parceiros na exploração da atividade<br />
rural, separadamente, na proporção<br />
dos rendimentos e despesas que<br />
couberem a cada um, devendo essas<br />
condições serem comprovadas<br />
mediante contrato escrito.<br />
Não são consideradas como<br />
receitas da atividade rural as provenientes<br />
do aluguel ou arredamento<br />
de imóvel rural, pastos ou máquinas<br />
e instrumentos agrícolas e da prestação<br />
de serviços de transporte de<br />
produtos de terceiros, as quais devem<br />
ser incluídas com os demais<br />
rendimentos tributáveis na declaração<br />
de rendimentos da pessoa física.<br />
Acreditamos que a grande<br />
maioria dos produtores desconhecem<br />
estas informações legais e de<br />
suas obrigatoriedades, das consequências<br />
que podem gerar por falta de<br />
registro no Livro Caixa da Atividade<br />
<strong>Rural</strong> e da comprovação documental<br />
da comercialização dos produtos,<br />
onde, deverá ser comprovada por<br />
documentos usualmente utilizados,<br />
tais como nota fiscal do produtor,<br />
nota fiscal de entrada, nota promissória<br />
rural vinculada à nota fiscal do<br />
produtor, notas fiscais de despesas,<br />
guias de impostos, recibos de salários<br />
de empregados, recibos e/ou<br />
notas fiscais de prestadores de serviços<br />
terceirizados e demais documentos<br />
reconhecidos pelas fiscalizações<br />
estaduais.<br />
Estas informações sobre<br />
o Livro Caixa da Atividade <strong>Rural</strong><br />
estão apresentadas de forma bem<br />
generalizada, portanto, o produtor<br />
rural que busca estar em dias com<br />
suas obrigações fiscais, procure profissionais<br />
qualificados e que o auxiliem<br />
na melhor tomada de decisão.<br />
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EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
Renato Antônio Borghetti<br />
Eng. Agrônomo<br />
M.Sc. Solos e Nutrição de Plantas/UFV<br />
renato@grupoborghetti.com.br<br />
BIOTECNOLOGIA<br />
A REVOLUÇÃO BIOTECNOLÓGICA NO CAMPO:<br />
Microrganismos a favor da produção<br />
A partir da década de 1950, houve um aumento significativo das técnicas de cultivo na agricultura com o uso de<br />
sementes híbridas e produtos industrializados como os fertilizantes e defensivos agrícolas. O que mais tarde denominou-se<br />
“Revolução Verde”, que possibilitou um crescimento enorme da produtividade das culturas, aumentando<br />
a produção de alimentos no mundo.<br />
As técnicas e produtos à<br />
base de micro-organismos são vastas<br />
e podem ajudar o produtor a<br />
produzir com maior eficiência e sustentabilidade.<br />
Entre essas técnicas,<br />
podemos citar a inoculação e o controle<br />
biológico de pragas e doenças.<br />
A Inoculação, foi por muito<br />
tempo a única técnica biológica<br />
utilizada na agricultura, e ainda<br />
assim, quase que exclusivamente na<br />
cultura da soja. Nos últimos anos,<br />
novas bactérias estão sendo usadas<br />
em gramíneas e outras leguminosas.<br />
Essa prática consiste na utilização de<br />
bactérias específicas, misturadas às<br />
sementes no plantio. Essa associação<br />
faz com que as bactérias colonizem<br />
as raízes, se alimentando dos<br />
exudados (secreções) das plantas,<br />
que em troca captam o nitrogênio<br />
do ar fixando no solo. Essa pratica<br />
reduziu em 90 % a necessidade do<br />
nitrogênio na cultura da soja e pode<br />
chegar entre 20 e <strong>30</strong> % no milho e<br />
nas pastagens.<br />
Além da fixação de nitrogênio,<br />
essas bactérias induzem as plantas<br />
à produção de hormônios internos,<br />
responsáveis por alterações e<br />
induzir alguns mecanismos como o<br />
de defesa das plantas ao ataque de<br />
doenças, sendo uma das premissas<br />
do controle biológico.<br />
Este controle biológico,<br />
existe naturalmente nos ecossistemas,<br />
onde insetos ou doenças<br />
são controlados por outros insetos<br />
ou micro-organismos como vírus,<br />
fungos e bactérias. A joaninha por<br />
exemplo se alimenta de pragas como<br />
cochonilhas e pulgões.<br />
O aumento das áreas de monocultivos<br />
extensivos, fizeram com<br />
que o controle biológico natural fosse<br />
alterado prevalecendo determinadas<br />
pragas ou doenças nas áreas<br />
causando grandes perdas de produtividade.<br />
A dificuldade em produzir<br />
em larga escala esses inimigos<br />
naturais fez com que os defensivos<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017<br />
59
químicos como os inseticidas e fungicidas<br />
ganhassem força pela praticidade,<br />
baixo custo e rápido controle.<br />
Recentemente, o interesse de grandes<br />
empresas e desenvolvimento de<br />
novas tecnologias, fizeram com que<br />
os produtos biológicos passassem a<br />
serem produzidos em grande escala<br />
e de maneira econômica e viável.<br />
Hoje é grande a gama desses<br />
produtos no mercado, destacam-se<br />
os a base da bactéria Bacillus thuringiensis,<br />
que são bastante eficientes<br />
no controle das lagartas e já largamente<br />
utilizado no setor agrícola.<br />
Outro inseticida microbiológico<br />
formulado do fungo Beauveria<br />
bassiana, pode ser utilizado no<br />
controle da mosca-branca e os produtos<br />
à base do fungo Metarhizium<br />
anisopliae são recomendados para o<br />
controle das cigarrinhas das pastagens,<br />
cigarrinha da raiz e cigarrinha<br />
dos capinzais. Há também produtos<br />
comerciais para o controle de nematoides<br />
e fungos de solo que provocam<br />
redução no crescimento e morte<br />
das plantas, neste caso podem ser<br />
usados diretamente no solo ou associados<br />
as sementes no plantio.<br />
A grande vantagens desses<br />
produtos é que além de eficientes<br />
e economicamente viáveis, não<br />
poluem o ecossistema e reduzem<br />
a necessidade do uso de químicos,<br />
que quando usados continuamente,<br />
podem induzir a resistência das pragas<br />
e doenças aos princípios ativos<br />
dos produtos. Porém nem tudo são<br />
flores, para boa eficiência são necessários<br />
alguns cuidados na aplicação<br />
e preparo. Alguns produtos requerem<br />
condições de clima específicas<br />
como alta umidade e temperaturas<br />
amenas, outros são recomendados<br />
apenas como preventivos ou em fases<br />
específicas da praga. Alguns destes,<br />
exigem a aplicação sem associação<br />
com outro produto no tanque,<br />
aumentando o custo operacional.<br />
Não se pode pensar que a<br />
biotecnologia irá substituir totalmente<br />
o uso dos defensivos químicos<br />
e fertilizantes industrializados,<br />
isso porque ela vem como uma opção<br />
que deve ser analisada e recomendada<br />
por profissional da área,<br />
muitas vezes associadas às práticas<br />
convencionais para melhorar os resultados<br />
esperados.<br />
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Família do Chico Boi<br />
Leilão toda Terça feira<br />
às 20:<strong>30</strong> hs<br />
(63) 3602-1435<br />
99207-5519 / 98432-7391<br />
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