MB Rural Ed. 30

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Prof. Dr. Jorge Luís Ferreira UFT - Tocantins jorgeuft@gmail.com Prof. Dr. Raysildo Barbosa Lôbo USP/ANCP raysildo@gmail.com GENÉTICA ANIMAL MELHORAMENTO GENÉTICO DO REBANHO VALE A PENA INVESTIR? No mundo inteiro tem-se observado um aumento considerado na demanda por produtos de origem animal. O Brasil ocupa posição de destaque no cenário exportador mundial de carnes, entretanto para a manutenção deste cenário há uma necessidade de desenvolvimento e modernização do setor agropecuário brasileiro, ainda mais, pelas restrições impostas pelo código florestal no que diz respeito à abertura de novas fronteiras agrícolas, como também pelas crescentes reduções nas margens de lucro. No Brasil os sistemas pecuários precisam melhorar a produtividade dos rebanhos, pois só assim poderão suprir as demandas. Uma alternativa para essa situação é o melhoramento da composição genética dos rebanhos, quer por meio de seleção ou sistemas de acasalamento, além de melhoria nas condições ambientais de criação.Mas porque a melhoria da composição genética do rebanho poderia promover incrementos substanciais na produção pecuária? O que isso tem a ver? A resposta para essa situação não é somente técnica, ou do ponto de vista genético. A sua resposta é ampla, e primeiramente relaciona-se com uma conjuntura. Em todo sistema pecuário qualquer adoção de técnica, decisão ou escolha é crucial ao desempenho econômico-produtivo do sistema. Assim, ante a qualquer tomada de decisão é preciso atender a pontos, pois o empreendimento pecuário deve ser visto como um negócio. Assim, os seguintes questionamentos devem ser assumidos e respondidos com responsabilidade. Para onde quero ir? Como devo fazer? Quando devo fazer? Quem irá fazer? E, o que é preciso para fazer? A genética é apenas um ponto dessa cadeia, mas assumindo um papel importante na produtividade do rebanho. Investir em genética é crucial ao sistema pecuário, pois um dos gargalos da pecuária nacional é o baixo valor genético do rebanho, não permitindo o máximo aproveitamento de novas tecnologias. O melhoramento genético do rebanho é uma ferramenta que deve ser utilizada com o propósito de selecionar animais mais eficientes, consistindo em identificar animais com maior eficiência produtiva e reprodutiva que serão pais da próxima geração. A evolução genética de um rebanho tem como base a utilização de touros de alto valor genético, utilizados em acasalamentos dirigidos, para promoção da redução do 18 EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017
intervalo de gerações, aumento das características de peso e ganho em peso, e aumento da pressão de seleção aplicada ao rebanho. A utilização de touros melhoradores no rebanho pode proporcionar de 84% a 88% do ganho genético de todo o rebanho (Rosa 2015, comunicação pessoal), para as relações touro:vaca de 1:20 e 1:40, respectivamente. Em uma simulação, por exemplo, com a característica peso a desmama, a contribuição do touro melhorador poderia ser dimensionada da forma a seguir. Considerando a DEP média de um programa de melhoramento animal, para peso a desmama, em média de 3,9 kg, e se o valor médio do quilograma do bezerro de R$ 5,00, teríamos um retorno econômico de cada filho desse determinado touro superior, um valor agregado de R$ 19,50 quando comparado a progênies de demais touros de um rebanho que não participa de um programa de seleção (Rosa 2015, comunicação pessoal). O mesmo autor fazendo uma comparação mais conservadora, em que a média do peso a desmama de um programa fosse 215 kg, e a média de uma fazenda para a mesma característica de 156 kg, obtendo-se assim uma defasagem de 59 kg (215- 156=59). A avaliação do impacto do touro melhorador no rebanho poderia ser calculada considerando que 50% dessa defasagem fossem devido ao efeito genético, e os outros 50% aos efeitos ambientais. Assim, o cálculo poderia ser realizado pegando a DEP média do programa de melhoramento (3,9 Kg) adicionado à metade da contribuição genética da defasagem (29,5/2), ou seja: 3,9 + ½(29,5) = 18,65 kg. Dessa forma, o valor de um único produto de um touro superior valeria, nestas condições, R$ 93,25 acima da média da fazenda (18,65 kg x R$ 5,00). Assim, o investimento em touros selecionadores tem um efeito direto na renda, como no exemplo, na venda de bezerros mais valorizados e pesados, bem como ainda, nas respostas correlacionadas no processo seletivo, como precocidade sexual, ganho em peso e reduzindo o ciclo de produção com produtos de excelente qualidade. No entanto, para uma fazenda ter sucesso num processo de seleção, apesar da importância e grande contribuição do touro, devese levar em consideração a qualidade genética das matrizes, que em muitas vezes, é um fator negligenciado no processo de seleção, limitando o descarte das mesmas por idade e falhas reprodutivas. Quando não se leva em consideração todo o rebanho (machos e fêmeas) a evolução genética é tímida, principalmente naquelas características de baixa herdabilidade, como habilidade materna, fertilidade, intervalo de parto, idade ao primeiro parto e precocidade. Em um trabalho de simulação, a ANCP demonstrou que a priorização da seleção de fêmeas na evolução do rebanho foi extremamente importante, uma vez que, progênies de fêmeas com alto mérito genético são superiores, para todas as características avaliadas, às descendentes de fêmeas com baixo mérito genético. Nesse mesmo trabalho, fez- -se outra simulação, em que só foram utilizados touros melhoradores superiores (alto MGT) nas duas categorias de vacas, demonstrando-se superioridade de 2,09 u.d.p.g. (unidades de desvio-padrão genético) das progênies de vacas superiores em relação às demais. Esses resultados demonstram que a seleção eficiente de fêmeas é de grande importância para um ganho genético e para que seja possível fornecer animais de alto potencial genético ao mercado. Assim, investir em melhoramento genético do rebanho é extremamente vantajoso, pois os resultados são para a composição do rebanho, ou seja, melhoria no peso a desmama, no peso pós-desmama, precocidade de crescimento e sexual, fertilidade, idade ao primeiro parto, habilidade materna, e composição e conformação dos animais. EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017 19
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