MB Rural Ed. 30
Edição especial de aniversário de 6 anos da Revista MB Rural
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Matheus Moretti<br />
Gestor Técnico Bovinos de Corte<br />
Fábio Quintão<br />
Consultor Técnico Comercial<br />
fabio.quintao@agroceres.com<br />
PASTAGENS III<br />
TIP: TERMINAÇÃO INTENSIVA A PASTO<br />
UM NOVO OLHAR SOB A ENGORDA<br />
Caracterizada pelo fornecimento de ração na quantidade de 1,5 a 2,0% do peso e pela alta taxa de lotação, a terminação<br />
intensiva a pasto (TIP) tem se consolidado com uma excelente opção para engorda de animais a pasto,<br />
permitindo alta lucratividade por hectare ao longo do ano.<br />
A primeira quebra de paradigma<br />
nesse sistema é a quantidade<br />
de ração fornecida para os animais<br />
a pasto. Por vezes, nos deparamos<br />
com situações em que o produtor<br />
acredita que o fornecimento de 1 ou<br />
2 kg de suplemento para o animal é<br />
suficiente. Em alguns casos, alguns<br />
acreditam que só mineral já é de<br />
bom tamanho.<br />
Para pensar: imagine um<br />
animal no confinamento onde o volumoso<br />
ofertado é bagaço de cana<br />
ou silagem de capim. Em nossa analogia,<br />
esses dois volumosos seriam<br />
como o pasto no período da seca e<br />
águas, respectivamente. Seguindo,<br />
um animal pesando 450 kg e consumindo<br />
2,3% do peso vivo, teria a<br />
ingestão de pouco mais de 10kg de<br />
MS por dia. Nesse caso, o fornecimento<br />
de 2 kg de ração, remeteria<br />
a uma dieta com 20% de concentrado<br />
e 80% de volumoso. Pergunto:<br />
quem espera bons resultados de<br />
desempenho com uma dieta de confinamento<br />
com 80% de bagaço de<br />
cana ou silagem de capim?<br />
Dito isso, precisamos “pensar<br />
um pouco fora da caixa” e entender<br />
que o pasto por si só não<br />
apresenta a quantidade de energia<br />
necessária para promover bons ganhos<br />
de peso. Diferente da suplementação<br />
praticada na recria, cujo<br />
foco é fazer com que o animal aproveite<br />
melhor o capim, na fase de engorda<br />
o fornecimento da ração visa<br />
explorar “efeito substitutivo” da<br />
dieta.<br />
A grande vantagem da TIP<br />
é o fato do pasto ser a fonte de volumoso,<br />
ou seja, não precisamos ter<br />
uma área para produção de silagem,<br />
nem de toda a “operação de guerra”<br />
atribuída ao manejo. A simplicidade<br />
de instalação é outro ponto<br />
forte da TIP, sendo a adequação<br />
da área de cocho para os animais o<br />
principal ajuste requerido. No caso<br />
de projetos que visem rodar o ano<br />
todo – seca e águas – a cobertura<br />
do cocho se torna fundamental. A<br />
possibilidade de rodar o ano todo é<br />
mais um diferencial da TIP, enquanto<br />
no confinamento, durante o período<br />
das águas, a lama no curral é<br />
um problema. Na TIP, essa é uma<br />
fase que permite alta produção de<br />
arrobas por hectare.<br />
Um ponto importante a ser<br />
discutido é o ganho de peso. Normalmente,<br />
o desempenho dos animais<br />
na TIP é inferior aos ganhos<br />
obtidos no confinamento. Por exemplo:<br />
se no confinamento um animal<br />
apresenta ganho (GMD) de 1,5 kg/<br />
dia, na TIP, esse mesmo animal,<br />
consumindo a mesma quantidade<br />
de ração, apresentaria um GMD de<br />
1,3 kg/dia. No entanto, a análise dos<br />
dados, baseada nestas informações,<br />
pode levar a falsas conclusões.<br />
Precisamos ter em mente<br />
que a moeda de troca do produtor<br />
com o frigorífico é a carcaça, sendo<br />
assim, nossa analise precisa ser baseada<br />
no ganho em carcaça e, nesse<br />
ponto, teríamos a nossa segunda<br />
quebra de paradigma.<br />
Para entender melhor, pense<br />
em um animal sendo pesado. O valor<br />
obtido - na verdade - representa<br />
a somatória de todos as partes que<br />
40<br />
EDIÇÃO 01 | ANO 07 | MAR/ABR 2017