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Revista da Cooperativa Central de Crédito do Norte do Brasil | 01 | dezembro 2014<br />
NOVO<br />
HOSPITAL<br />
Doações do Sicoob<br />
Norte ajudam a<br />
salvar vidas pág_38<br />
Casamento<br />
centenário<br />
Da união do imponente rio e da ferrovia<br />
histórica nasceu Porto Velho,<br />
capital de Rondônia, que<br />
acaba de completar<br />
cem anos de<br />
fundação<br />
pág_8<br />
REBANHO<br />
Gerando arrobas<br />
mais lucrativas<br />
pág_46<br />
MAIS LONGE<br />
Sicoob Norte<br />
avança ao<br />
interior<br />
SUSTENTÁVEL<br />
Aterro<br />
beneficia meio<br />
ambiente<br />
CONE SUL<br />
Memória<br />
viva do<br />
cooperativismo<br />
pág_26<br />
pág_54<br />
pág_50
3<br />
sumário<br />
editorial<br />
NOVA AGÊNCIA<br />
Sicoob Crediforte<br />
inaugura sede<br />
própria<br />
22<br />
Uma nova<br />
revista<br />
34<br />
NOVA DIMENSÃO<br />
SOLIDARIEDADE<br />
36 Passando<br />
por cima da<br />
enchente<br />
BIG BROTHER<br />
56 Câmeras<br />
ajudam a reduzir<br />
criminalidade<br />
Revista da Cooperativa Central<br />
de Crédito do Norte do Brasil |<br />
Edição 01 | Dezembro 2014<br />
Queijo para<br />
abastecer<br />
Rondônia<br />
Av. Nações Unidas, 555, Nossa Sra. das Graças<br />
Porto Velho - Rondônia | (69) 2181-1007<br />
centralnorte@centralnorte.com.br<br />
NOVO PORTO<br />
Terminal começa<br />
a operar em<br />
janeiro<br />
PAZ AMBIENTAL<br />
Empresária<br />
conquista prêmios<br />
internacionais<br />
42<br />
52<br />
Conselho Editorial:<br />
Ivan Capra, Edson Quevedo Soares, Tadashi Hattori,<br />
Rodrigo Neves de Alencar e Sandro Benjamim André<br />
Coordenação Editorial: Verbo Comunicação Ltda<br />
www.verbocomunicacaobrasil.com.br<br />
Cartas para a redação:<br />
revista.socios.negocios@gmail.com<br />
Contatos: (69) 8161-8919<br />
Jornalista responsável:<br />
Sandro Benjamim André (MTB 2425/PR)<br />
Fotos Históricas/Capa: Arquivo Wilson Destro<br />
Projeto gráfico e diagramação:<br />
Raro de Oliveira e Simon Taylor | Ctrl S Comunicação<br />
www.ctrlscomunicacao.com.br<br />
Tiragem: 10.000 exemplares<br />
Vivemos a era da informação.<br />
Milhões de pessoas estão<br />
conectadas o tempo todo.<br />
A comunicação é digital, online, 24<br />
horas por dia, sete dias por semana.<br />
Nem sempre foi assim. A<br />
comunicação moderna surgiu como<br />
resultado da revolução industrial<br />
e de novas tecnologias. Primeiro a<br />
imprensa, depois o rádio, a televisão,<br />
os grandes jornais e revistas,<br />
finalmente a internet.<br />
Hoje, com tantas opções de<br />
acesso à informação, um dos<br />
maiores desafios passa a ser a<br />
produção de conteúdo exclusivo e<br />
de qualidade. É nisso que os grandes<br />
veículos investem. As grandes<br />
instituições também, e o Sistema<br />
Sicoob Norte não é diferente.<br />
Produzir matérias exclusivas,<br />
valorizar a realidade local,<br />
destacar pessoas com histórias<br />
de vida, memórias vivas do<br />
crescimento da instituição de<br />
cooperativismo de crédito.<br />
Vamos falar de produtores<br />
rurais, empreendedores, pioneiros,<br />
profissionais liberais, servidores<br />
públicos, estudantes, gente que um<br />
dia deixou sua terra natal em busca<br />
de realizar um sonho de vida.<br />
Contar histórias que estão<br />
diretamente ligadas ao surgimento<br />
e crescimento de cada cooperativa.<br />
Divulgar o cooperativismo, os casos<br />
de sucesso, o empreendedorismo e<br />
o crescimento do setor produtivo.<br />
Estes são os desafios da<br />
revista Sócios & Negócios.<br />
Conheça nas próximas páginas as<br />
histórias de vida de algumas dessas<br />
pessoas que, em seu cotidiano diário,<br />
ajudam a construir o maior sistema<br />
financeiro cooperativo do país.<br />
Boa leitura!
4 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
entrevista<br />
Enrique Egea Pacheco, presidente da Portocredi<br />
Sangue catalão,<br />
sotaque brasileiro<br />
Textos e fotos: Sandro André<br />
diretor-presidente da Cooperativa<br />
O PortoCredi, de Porto Velho, nasceu<br />
em Barcelona, na região da Catalunha,<br />
Espanha.<br />
Enrique Egea Pacheco chegou ao Brasil<br />
ainda criança, aos sete anos, quando a família<br />
veio morar em São Paulo.<br />
Ainda jovem, buscou sua formação<br />
técnica na área de mecânica e ferramentaria<br />
e, mais tarde, formou-se em Administração<br />
de Empresas.<br />
Trabalhando no ramo de veículos,<br />
como executivo do grupo Volkswagen,<br />
teve a oportunidade de conhecer praticamente<br />
todo o Brasil e grande parte da<br />
América Latina.
5<br />
Ao desembarcar em Rondônia, há mais<br />
vinte anos, para gerenciar as atividades<br />
da empresa no segmento de caminhões,<br />
decidiu se estabelecer definitivamente<br />
em Porto Velho, vindo a se tornar empresário<br />
de sucesso.<br />
É proprietário da Buriti Caminhões,<br />
uma das mais tradicionais empresas desse<br />
segmento, e mantém forte atuação em<br />
Rondônia.<br />
O grupo está presente nas cidades de<br />
Porto Velho, onde se localiza a matriz da<br />
empresa, e em Vilhena, no cone sul do estado,<br />
representando marcas de perfil mundial,<br />
como Volkswagen, Man, Scania e Michelin.<br />
Na entrevista a seguir, Pacheco fala sobre<br />
empreendedorismo, cooperativismo e<br />
as perspectivas econômicas para a cidade<br />
de Porto Velho, que acaba de completar o<br />
seu centenário de fundação.<br />
O associativismo tem muita<br />
força no estado. As ações<br />
coletivas trazem resultados incríveis<br />
Enrique Egea Pacheco<br />
Você contou que nasceu na Espanha, em Barcelona, e a pergunta<br />
é inevitável: você é torcedor do Barça?<br />
Na Espanha é diferente do Brasil, onde você mora em Porto<br />
Velho e torce para o Flamengo ou Corinthians, que são times<br />
de outros estados. Lá, quem é de Barcelona torce para o Barça,<br />
que é um dos maiores times do mundo. Mas quem é de outras<br />
regiões, onde os clubes são menores, torce pelo clube da sua<br />
cidade. Seria um sacrilégio um cidadão como eu, nascido na<br />
Catalunha, torcer por exemplo para o Real Madrid...<br />
Mas seu sotaque é paulistano, sua vida foi sempre baseada na<br />
capital paulista?<br />
Exatamente, meus pais vieram de Barcelona para São Paulo<br />
quando eu era criança, só não vou te dizer em que época foi<br />
isso, vamos pular essa parte (risos). Mas, sobre São Paulo, foi<br />
onde me criei, ali comecei a fazer a escola técnica na área de<br />
mecânica, de ferramentaria, e foi quando comecei a trabalhar<br />
na Volkswagen. Foi também na capital paulista que me formei<br />
como administrador de empresas.<br />
E como você veio a conhecer o estado de Rondônia?<br />
Bom, eu viajei muito durante os anos em que trabalhei na VW,<br />
conheci praticamente todo o Brasil e boa parte da América Latina,<br />
até que surgiu o convite para gerenciar o segmento de<br />
caminhões da empresa no estado. Acabei me tornando sócio e<br />
depois fiquei sendo o único dono da empresa, a Buriti Caminhões,<br />
aqui em Porto Velho.<br />
Podemos dizer que você chegou no lugar certo e na hora certa...<br />
Sim, na verdade Porto Velho já passou por muitos ciclos de<br />
desenvolvimento econômico, ciclo do ouro, da borracha, do<br />
garimpo, e quando eu cheguei se falava muito na construção<br />
dessas usinas, mas a gente olhava meio desconfiado, e quando<br />
realmente vieram os investimentos foi realmente uma surpresa<br />
pra muita gente, inclusive para mim...<br />
Nesse caso, como você avalia que será a reação de Porto Velho<br />
e de Rondônia quando as usinas estiverem prontas, o que deverá<br />
ocorrer dentro de poucos anos...<br />
Realmente, não deve demorar muito mais tempo para que as<br />
usinas do Madeira fiquem prontas, mas eu acredito que Porto<br />
Velho não é mais só a “capital do contracheque”, como sempre<br />
se disse. Temos investimentos, não só nas usinas, mas o novo<br />
porto que está em construção, novas obras de infraestrutura,<br />
até mesmo se fala numa ferrovia vindo de Vilhena, e que poderá<br />
ir mais longe, avançando pela cordilheira em direção ao<br />
Pacífico. Mas, independente dessas grandes obras, Rondônia é<br />
um estado de agronegócio forte, em todo o interior, e a região<br />
de Porto Velho não fica atrás.
6 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
O cooperativismo é capaz<br />
de transformar a sociedade,<br />
e é isso que estamos fazendo<br />
Vamos falar um pouco sobre cooperativismo.<br />
O que falta para Rondônia seguir o<br />
exemplo dos estados do sul e se desenvolver<br />
como terreno fértil para o cooperativismo?<br />
A verdade é que estamos crescendo muito<br />
rapidamente no cooperativismo de Rondônia.<br />
Crescemos a uma taxa de dois dígitos.<br />
Isso estou falando especificamente sobre o<br />
cooperativismo de crédito. É claro que não<br />
existem comparações com os estados do<br />
sul. Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul,<br />
é o berço centenário do cooperativismo de<br />
crédito no país. Santa Catarina e Paraná<br />
possuem um cooperativismo de produção<br />
que dispensa comentários. Mas Rondônia<br />
tem um potencial muito grande e está crescendo<br />
muito. E deverá crescer muito mais.<br />
E como você avalia a presença do Sicoob<br />
em Rondônia?<br />
Realmente é um sistema de cooperativismo<br />
de crédito que veio para ficar. Já estamos<br />
presentes em localidades onde nenhuma<br />
outra instituição financeira chegou. E isso<br />
considerando que temos uma história muito<br />
recente, tudo foi construído pelo Sicoob<br />
Enrique Egea Pacheco<br />
em 15 anos. Temos cooperativas em algumas<br />
regiões do estado que possuem mais<br />
de 50% de toda a movimentação financeira,<br />
como a Credisul e a Credip, que são duas<br />
“gigantes” do nosso sistema.<br />
E na capital, como está a PortoCredi?<br />
Aqui em Porto Velho, a PortoCredi está<br />
crescendo muito, abrimos novas agências,<br />
incorporamos a Crediempresas, na Avenida<br />
Carlos Gomes. Estamos presentes nos distritos<br />
de União Bandeirantes, Nova Dimensão<br />
e Vista Alegre. A cooperativa tem hoje<br />
cerca de três mil cooperados, está crescendo<br />
bem, e o que é mais importante, ainda<br />
tem muito espaço para crescer.<br />
O Sicoob e outros parceiros estão destinando<br />
recursos para o novo hospital do câncer<br />
de Porto Velho. Isso também é resultado do<br />
cooperativismo, não é verdade?<br />
A verdade é que o associativismo tem muita<br />
força no estado. As ações coletivas feitas<br />
pelos segmentos organizados da sociedade<br />
civil trazem resultados incríveis e o futuro<br />
hospital do câncer da Amazônia é um ótimo<br />
exemplo. É uma causa nobre, que conta com<br />
a união de todos, uma bandeira em comum,<br />
e foi muito feliz a decisão do Sicoob de colaborar<br />
para a construção da primeira ala do<br />
hospital, vinculado ao HC de Barretos, e que<br />
funcionará na BR-364, saída para Cuiabá.<br />
Também estão sendo realizadas diversas<br />
atividades, como os leilões...<br />
O Sicoob apoia a realização de leilões de<br />
gado beneficentes para a arrecadação de<br />
recursos para o hospital e oferece financiamento<br />
para esses leilões. O próprio hospital<br />
abriu conta no Sicoob e quem tiver interesse<br />
poderá fazer doações em qualquer<br />
valor através dessa conta. Além de ajudar<br />
uma causa nobre, toda essa movimentação<br />
financeira permanece aqui na capital, ajudando<br />
a desenvolver a cidade e o estado.<br />
Outro tema que você tem sempre destacado<br />
é a inclusão financeira nas comunidades...<br />
O cooperativismo é realmente um tema<br />
apaixonante, uma ferramenta que permite<br />
acelerar o crescimento da sociedade.<br />
E um exemplo de como o cooperativismo<br />
atua é o projeto de educação financeira na<br />
escola, que fizemos nos distritos de União<br />
Bandeirantes, Nova Dimensão e em outros<br />
lugares. É bonito ver as crianças aprendendo<br />
a guardar suas primeiras moedas no<br />
“porquinho” e depois falar aos pais sobre a<br />
importância de poupar. O cooperativismo é<br />
capaz de transformar a sociedade, e é isso<br />
que estamos fazendo.
7<br />
NOTAS<br />
Concred na Amazônia | A décima edição do Congresso Brasileiro de Cooperativismo de Crédito (Concred) foi<br />
realizada na Amazônia. A cidade de Manaus recebeu, em setembro, os mais de 1.400 participantes do evento, organizado pela Confebras, que<br />
teve como tema central “Integração do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo: o melhor caminho”.<br />
Acima, a organização<br />
do encontro e<br />
diretores do Sistema<br />
Sicoob Norte; ao<br />
lado, manifestações<br />
artísticas e culturais<br />
promovidas dentro<br />
do evento<br />
Mais congressistas<br />
diretor-presidente do Sistema Sicoob Norte, Ivan Capra, e o diretoradministrativo<br />
da instituição, Edson Quevedo Soares, discursaram durante<br />
O<br />
a solenidade de abertura do encontro, realizado no salão Ponta Negra do Tropical<br />
Hotel Manaus. A comitiva rondoniense, por sinal, foi a que registrou maior número de<br />
congressistas, segundo informações divulgadas pela organização do evento.<br />
Futuro do<br />
cooperativismo<br />
O presidente do Sistema OCB/<br />
Sescoop, Márcio Lopes de Freitas,<br />
ressaltou que o momento atual<br />
requer de todos os envolvidos<br />
no sistema uma atenção maior,<br />
principalmente no que se refere<br />
ao futuro do cooperativismo, que<br />
tende a se expandir ainda mais com<br />
o passar dos anos.<br />
Concred Verde Durante<br />
o evento também foi entregue<br />
o Prêmio Concred Verde aos<br />
vencedores das categorias<br />
semente, árvore e frutos. O<br />
objetivo do prêmio é fomentar,<br />
reiterar e incentivar as práticas<br />
das cooperativas financeiras e<br />
demais entidades ligadas ao setor,<br />
que defendem um diálogo mais<br />
participativo de toda a sociedade<br />
em relação à responsabilidade<br />
socioambiental.<br />
Ivan Capra<br />
Edson Quevedo Soares<br />
Boi Garantido Em outro<br />
espaço do Centro de Convenções do<br />
Hotel Tropical, foi organizada a Feira<br />
de Negócios do Cooperativismo<br />
de Crédito, que teve como atração<br />
cultural a banda do Boi Garantido,<br />
uma das principais atrações do<br />
tradicional Festival de Parintins, no<br />
interior do Estado.<br />
Crescimento do setor<br />
Em seu pronunciamento, o presidente da Confederação<br />
Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras),<br />
Celso Ramos Régis, lembrou que o cooperativismo<br />
financeiro tem crescido em níveis elevados, tanto no<br />
número de associados quanto de ativos.<br />
Atualmente, mais de<br />
6 milhões<br />
de pessoas<br />
estão envolvidas e beneficiadas<br />
com o cooperativismo de<br />
crédito no país, em mais de<br />
313 instituições<br />
financeiras
8 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
capa_Porto Velho<br />
Nascida de Maria e do Madeira<br />
Do ciclo da borracha aos dias atuais, a cidade centenária<br />
passou por aventuras e desventuras, mas jamais deixou<br />
de contar com a fidelidade de seu povo, que cultiva por<br />
Porto Velho uma paixão incondicional<br />
Textos: Sandro André<br />
Fotos aéreas: Diego Queiroz<br />
Fotos históricas: Arquivo Wilson Destro<br />
Porto Velho surgiu como município há<br />
exatos cem anos, às margens do Rio Madeira.<br />
Sua origem como cidade está relacionada<br />
diretamente à construção da estrada<br />
de ferro Madeira-Mamoré e à exploração<br />
da borracha natural na Amazônia. Nasceu<br />
de um casamento nada comum, entre o revoltoso,<br />
exuberante e selvagem “Madeirão”,<br />
com a vaidosa, milionária e homicida “Mad<br />
Maria”. Do encontro de interesses que havia<br />
em torno do imponente rio e da ferrovia<br />
histórica, surgiu a cidade.<br />
Para entender melhor essa história, no período<br />
compreendido entre o final do século<br />
dezenove e início do século vinte, havia uma<br />
grande disputa econômica mundial pela primazia<br />
na exploração dos seringais. Era necessário<br />
viabilizar, ampliar e canalizar a produção<br />
de borracha para os grandes centros, em<br />
decorrência do surgimento do automóvel.<br />
Tudo isso justificava a atração de investimentos<br />
milionários para a região. Foi isso que<br />
moveu o grande empreendedor norte-americano<br />
Percival Farquhar a destinar milhões de<br />
dólares no projeto da “Mad Maria”, que ficaria<br />
conhecida como a “Ferrovia da Morte”.<br />
Além do aspecto econômico, o surgimento<br />
da ferrovia tinha a ver com o acordo internacional<br />
assinado entre Brasil e Bolívia. A estrada<br />
de ferro fez parte da contrapartida brasileira<br />
em troca do gigantesco território boliviano<br />
do Acre, resultante da ação diplomática do<br />
Barão do Rio Branco.<br />
“Além da ferrovia, o governo brasileiro<br />
cedeu importantes extensões de terra para a<br />
Bolívia, mas era sem dúvida um acordo desejado<br />
há muito tempo pelos dois lados”, diz o<br />
historiador e escritor porto-velhense Antônio<br />
Cândido da Silva.<br />
Cachoeiras | A Bolívia necessitava de uma<br />
saída para o mar e o Rio Madeira seria seu caminho<br />
natural, mas as cachoeiras traiçoeiras,<br />
entre elas as de Santo Antonio e de Teotonio,
9<br />
não permitiam qualquer esperança de navegação<br />
para os bolivianos. Logo, a Maria Fumaça<br />
representava a alternativa tão desejada.<br />
Mas o que era sonho acabaria se tornando<br />
um pesadelo trágico. Milhares de mortes<br />
ocorreram, em função de doenças tropicais<br />
como a malária. Foram longos e difíceis anos<br />
até que o principal cartão-postal de Porto Velho<br />
começasse a apitar.<br />
A essa altura, porém, algumas mudas de<br />
seringueiras já haviam sido levadas da Amazônia<br />
e replantadas na Malásia. A borracha<br />
brasileira e os planos bolivianos haviam perdido<br />
definitivamente a sua importância para<br />
os grandes “players” mundiais da época.<br />
Restaram as lembranças dos heroicos construtores<br />
da ferrovia, dos lendários soldados<br />
da borracha e de um povo acostumado com as<br />
aventuras e desventuras da cidade, com seus<br />
momentos apoteóticos e seus dramas cotidianos,<br />
e que mantém uma paixão viva pela<br />
cidade, tão incondicional quanto aquela que<br />
Farquhar um dia nutriu à sua “Mad Maria”.<br />
A Porto Velho atual vê despontar seus<br />
edifícios, mas suas raízes econômicas,<br />
geográficas e culturais permanecem<br />
intimamente ligadas ao Rio Madeira<br />
A cidade antiga<br />
e histórica, em<br />
contraste com a<br />
nova arquitetura<br />
de Porto Velho
10 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
capa_Porto Velho<br />
Cem anos de pioneirismo<br />
Histórias de pioneirismo e coragem envolvem<br />
o surgimento da capital de Rondônia,<br />
que comemorou seu centenário de emancipação<br />
política no dia 2 de outubro de 2014<br />
Há exatamente cem anos, a população de<br />
Porto Velho não passava de três mil habitantes.<br />
Eram em sua quase totalidade remanescentes<br />
dos trabalhadores que haviam<br />
construído a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré,<br />
entre os anos de 1907 e 1912.<br />
Na época, a atual capital de Rondônia ainda<br />
era um distrito do município de Humaitá e<br />
pertencia ao estado do Amazonas. Mas passou<br />
a ser um centro econômico de destaque<br />
em toda a região, por causa do ciclo econômico<br />
da borracha.<br />
Naquele tempo, havia uma disputa entre os<br />
estados do Amazonas e do Mato Grosso pelo<br />
controle econômico de Porto Velho. É bom<br />
lembrar que Rondônia não existia como território<br />
independente, sendo suas terras divididas<br />
geograficamente entre esses dois estados.<br />
O estado do Amazonas decidiu então criar<br />
um entreposto fiscal antes da localidade de<br />
Santo Antonio do Rio Madeira, a sete quilômetros<br />
de Porto Velho, a fim de receber os<br />
impostos provenientes da circulação da borracha.<br />
Isso fez com que o governador do Amazonas<br />
emancipasse Porto Velho como município,<br />
o que ocorreu na data de dois de outubro<br />
de 1914, quando se comemora oficialmente o<br />
aniversário da cidade.
11<br />
Marechal Rondon<br />
Alguns anos antes, em 1907, o oficial do corpo<br />
de engenharia militar, Cândido Mariano da<br />
Silva Rondon, o Marechal Rondon, havia sido<br />
encarregado pelo Governo Federal para a dura<br />
tarefa de implantar uma linha telegráfica em plena<br />
selva amazônica, ligando Cuiabá a Santo Antônio<br />
do Rio Madeira.<br />
Para cumprir sua missão, o então tenentecoronel<br />
Rondon dividiu os trabalhos em três<br />
etapas e as denominou “expedições”. A primeira<br />
começou em 2 de setembro de 1907, tendo como<br />
ponto de partida a região de Diamantino, no Mato<br />
Grosso.<br />
Após os primeiros 74 quilômetros da<br />
expedição, Rondon e seus homens encontraram<br />
um grande desafio: os índios. O militar usou<br />
métodos humanitários na pacificação e fazia toda<br />
a tropa expedicionária ser subordinada ao lema:<br />
“morrer, se preciso for, matar nunca”.<br />
De 29 de julho a 3 de novembro de 1908,<br />
ocorria a segunda expedição, um pouco mais<br />
arriscada que a primeira. Alguns homens,<br />
amedrontados pelos índios ferozes, deixaram a<br />
tropa e foram chamados por Rondon de ‘soldados<br />
de espírito fraco’. Entre Juruema e Serra do Norte,<br />
ambas no Mato Grosso, a expedição ergueu 1.653<br />
quilômetros de linha telegráfica.<br />
Em 1909, aconteceu a mais famosa das<br />
expedições de Rondon, quando ele avançou<br />
todo o sertão do atual estado de Rondônia. A travessia durou 237 dias, com<br />
dificuldades maiores na última etapa da missão, devido às emboscadas armadas<br />
pelos índios que chegaram a matar um soldado.<br />
Em outubro do mesmo ano, os expedicionários descobriram um rio de 50<br />
metros de largura, o qual Rondon batizou como ‘Rio Pimenta Bueno’. O general<br />
Rondon chefiava uma comitiva de vinte e oito homens, que muitas vezes não<br />
tinham nem o que comer.<br />
Finalmente, em 25 de dezembro de 1909, a expedição chegava ao seu<br />
objetivo: Santo Antônio do Rio Madeira, com 2.232 quilômetros de linha levantada.<br />
O último poste de linha telegráfica foi implantado somente em 1915, ano em<br />
que foi esticada a última roldana de fio.<br />
Outras expedições foram feitas até os rios Jamary, Anary e Machadinho, rio<br />
das Dúvidas, Ji-Paraná ou Machado e Jacy Paraná. Mas a linha telegráfica até<br />
Porto Velho permaneceu durante décadas como obra que testemunhou os<br />
ideais do Marechal Rondon.<br />
Estrada de Ferro<br />
Com obras executadas entre 1907 e 1912, a história de<br />
Rondônia foi impulsionada pela construção da primeira<br />
grande obra de engenharia civil realizada por norte-americanos<br />
fora dos Estados Unidos.<br />
A Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), com uma<br />
extensão de 366 quilômetros, ligava Porto Velho a Guajará-<br />
Mirim, em plena selva amazônica. Os dois centros urbanos<br />
tiveram sua origem ligada diretamente à construção da<br />
ferrovia.<br />
As enormes dificuldades para sua construção, incluindo a<br />
perda de centenas de vidas, contribuíram para o surgimento do<br />
mito de que mesmo com todo o dinheiro do mundo, somado<br />
à metade de sua população trabalhando nas suas obras, seria<br />
impossível construí-la. O empreendedor Percival Farquhar aceitou<br />
o desafio e teria ainda afirmado: “será o meu cartão de visitas”.<br />
A construção do parque ferroviário exigiu a contratação<br />
de funcionários especializados, como carpinteiros, ferreiros,<br />
soldadores, mecânicos e principalmente braçais. Esses<br />
funcionários, no caso os barbadianos, por necessidade de<br />
ficarem próximos do local do trabalho, foram se fixando em<br />
volta do parque ferroviário.
12 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
capa_Porto Velho<br />
Dois estados, duas cidades<br />
Localizada na divisa das antigas províncias do<br />
Amazonas e Mato Grosso, Porto Velho surgiria<br />
dividida entre duas cidades, com comércio,<br />
segurança e até leis próprias<br />
Cidadãos dos<br />
Estados Unidos e<br />
de muitas outras<br />
nacionalidades<br />
deram origem<br />
à cidade,<br />
que sempre<br />
foi marcada<br />
por línguas<br />
e sotaques<br />
diversos<br />
Na época de sua fundação, no início do século<br />
20, Porto Velho ficava na divisa das antigas<br />
províncias do Amazonas e do Mato Grosso.<br />
As cachoeiras de Santo Antônio, no local onde<br />
hoje está sendo construída a usina hidrelétrica<br />
que leva este nome, pertenciam ao Mato Grosso.<br />
Já o velho porto, onde hoje está localizado o<br />
atual centro urbano, fazia parte do Amazonas.<br />
Criada por desbravadores por volta de 1907,<br />
durante a construção da ferrovia Madeira-Mamoré,<br />
Porto Velho já era alvo de disputas entre<br />
estes dois estados. Porém, desde meados<br />
do século 19, já eram ensaiados os primeiros<br />
movimentos para construir uma ferrovia que<br />
possibilitasse superar o trecho encachoeirado<br />
do rio Madeira (por cerca de 380 quilômetros)<br />
e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e<br />
na região de Guajará Mirim.<br />
A localidade escolhida para construção<br />
do porto onde a borracha seria transbordada<br />
para os navios, seguindo então para a Europa<br />
e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, província<br />
de Mato Grosso.<br />
Mas as dificuldades de construção e operação<br />
de um porto fluvial, em frente aos<br />
rochedos da cachoeira de Santo Antônio,<br />
fizeram com que construtores e armadores<br />
utilizassem o pequeno porto amazônico localizado<br />
sete quilômetros rio abaixo, em local<br />
muito mais favorável.
13<br />
Império | Em 1873, o imperador Dom Pedro II assinou<br />
o Decreto-lei n.º 5.024, autorizando navios mercantes de<br />
todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência,<br />
foram construídas modernas facilidades de atracação em<br />
Santo Antônio, que passou a ser denominado Porto Novo.<br />
O porto velho dos militares continuou a ser usado<br />
por sua maior segurança, apesar das dificuldades operacionais<br />
e da distância até Santo Antônio, ponto inicial<br />
da estrada de ferro.<br />
Percival Farquhar, proprietário da empresa que afinal<br />
conseguiu concluir a ferrovia em 1912, já utilizava o velho<br />
porto desde 1907, para descarregar materiais para a obra.<br />
Ao decidir que o ponto inicial da ferrovia seria aquele,<br />
já na província do Amazonas, Farquhar tornou-se o<br />
verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal<br />
oficializada pela Assembléia do Amazonas, recebeu o<br />
nome Porto Velho.<br />
Barbadoes Town | Após a conclusão da obra da ferrovia,<br />
em 1912, e a retirada dos operários, a população<br />
local era de cerca de mil pessoas. Então, o maior de todos<br />
os bairros era onde moravam os barbadianos - Barbadoes<br />
Town - construído em área de concessão da ferrovia.<br />
As moradias abrigavam principalmente trabalhadores<br />
negros oriundos das Ilhas Britânicas do Caribe, genericamente<br />
denominados barbadianos. Ali residiam, pois vieram<br />
com suas famílias, e nas residências construídas pela<br />
ferrovia para os trabalhadores só podiam morar solteiros.<br />
Era privilégio dos dirigentes morar com as famílias.<br />
Com o tempo passou a abrigar moradores das mais de<br />
duas dezenas de nacionalidades de trabalhadores que<br />
para cá acorreram. Essas frágeis e quase insalubres<br />
aglomerações, associadas às construções da Madeira-<br />
-Mamoré, foram a origem da cidade de Porto Velho,<br />
criada em dois de outubro de 1914.<br />
Muitos operários, migrantes e imigrantes moravam<br />
em bairros de casas de madeira e palha, construídas fora<br />
da área de concessão da ferrovia. Assim, Porto Velho nasceu<br />
das instalações portuárias, ferroviárias e residenciais<br />
da Madeira-Mamoré Railway.<br />
Avenida Divisória | A área não-industrial das obras<br />
tinha uma concepção urbana bem estruturada, onde<br />
moravam os funcionários mais qualificados da empresa,<br />
onde estavam os armazéns de produtos diversos.<br />
De modo que, no início, haviam duas cidades: a área de<br />
concessão da ferrovia e a área pública. Duas pequenas<br />
povoações, com aspectos muito distintos. Eram separadas<br />
por uma linha fronteiriça denominada Avenida Divisória,<br />
a atual Avenida Presidente Dutra.<br />
Na área da railway predominavam os idiomas inglês e<br />
espanhol, usados inclusive nas ordens de serviço, avisos<br />
e correspondência da Companhia. Apenas nos atos oficiais,<br />
e pelos brasileiros, era usada a língua portuguesa.<br />
Cada uma dessas povoações tinha comércio, segurança e<br />
até leis próprias, com vantagens para os ferroviários, face<br />
à realidade econômica das duas comunidades. Até mesmo<br />
uma espécie de força de segurança operava na área de<br />
concessão da empresa, independente da força policial do<br />
estado do Amazonas.<br />
Fonte: Prefeitura de Porto Velho
14 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
Colonização<br />
Três Marias<br />
As três grandes caixas d’água, chamadas de “Três<br />
Marias”, foram projetadas e construídas pela empresa<br />
americana Chicago Bridge & Iron Works, na praça que fica<br />
no centro de Porto Velho, e que leva o mesmo nome.<br />
A primeira caixa d’água foi erguida em 1910, e as outras<br />
duas em 1912. A capacidade de cada reservatório é de 200 mil<br />
litros. O mais impressionante é o fato de que, até 1957, elas ainda<br />
abasteciam a capital, funcionando por ação da gravidade.<br />
Do ponto de vista histórico, a construção das<br />
Três Marias não foi menos importante que a ferrovia<br />
Madeira-Mamoré, e representou um marco na história da<br />
engenharia em Rondônia, particularmente em Porto Velho.<br />
Além das Três Marias, ainda no entorno, foram<br />
construídas as casas do bairro Caiari, o primeiro conjunto<br />
habitacional planejado de Porto Velho. Na década de 50,<br />
outras obras importantes surgiriam, como o Palácio Getúlio<br />
Vargas e o Porto Velho Hotel, erguidos sob o comando<br />
do engenheiro José Otino de Freitas. São monumentos<br />
históricos e arquitetônicos de grande beleza e importância<br />
como patrimônio histórico da cidade, tendo sido edificadas<br />
no período pós segundo ciclo da borracha.<br />
Nas décadas seguintes, a população cresceu em<br />
ritmo acelerado, motivado pelo contínuo fluxo<br />
migratório, proveniente de todas as regiões do Brasil,<br />
especificamente para o eixo da BR-364, onde se<br />
estabeleceram núcleos de colonização agrícola, assim<br />
como para o Vale do Alto Madeira, onde o garimpo<br />
também atraia multidões.<br />
Crescia assim o anseio pela criação do Estado de<br />
Rondônia, até então Território Federal do Guaporé, que<br />
nasceu com quatro municípios, depois agrupados em dois<br />
(Porto Velho e Guajará-Mirim). Em 1975 foram criados mais<br />
cinco municípios: Cacoal, Ariquemes, Vila de Rondônia,<br />
Pimenta Bueno e Vilhena, todos às margens da BR-364.<br />
Nesse período, o Brasil amargava os efeitos<br />
negativos de uma política recessiva e inflacionária, que<br />
gerava desemprego e desestabilização social. Rondônia<br />
vivia, então, uma fase de intensa prosperidade e<br />
desenvolvimento. Nas manchetes nacionais era anunciada<br />
como o novo Eldorado, uma terra promissora e de fartura.<br />
Com o crescimento demográfico, aumentaram<br />
consequentemente as receitas, o que movimentou a<br />
economia. Agricultura e pecuária se desenvolviam, e no<br />
cenário nacional o que se dizia era que se tratava do novo<br />
celeiro do Brasil. A pecuária bovina ganhava impulso e<br />
consideráveis florestas foram derrubadas para a formação<br />
de pastos e em benefício da indústria madeireira.<br />
No século XXI, Rondônia experimenta agora um<br />
novo ciclo em sua economia, com a construção das<br />
grandes usinas do Madeira, a expansão das fronteiras<br />
agrícolas, a modernização gradual do setor agropecuário<br />
e a industrialização crescente. E Porto Velho novamente<br />
volta a figurar entre as cidades mais interessantes para a<br />
realização de negócios no país.
15<br />
capa_Porto Velho<br />
Os ciclos econômicos<br />
e a população<br />
Ciclos do ouro, da borracha,<br />
da ferrovia, do garimpo,<br />
da madeira, do diamante<br />
e da agricultura ajudam a<br />
entender como se formou a<br />
população rondoniense<br />
povoamento das terras que formam atualmente<br />
o estado de Rondônia começa no<br />
O<br />
século XVIII, durante o ciclo do ouro, quando<br />
mineradores, comerciantes, militares e padres<br />
jesuítas fundam os primeiros arraiais e<br />
vilas nos vales dos rios Guaporé e Madeira.<br />
A decadência do ciclo do ouro reduz a população<br />
desses arraiais, vilas e cidades, com o<br />
êxodo dos portugueses e paulistas que formavam<br />
o topo da sociedade da época. Mas ficam<br />
os negros remanescentes do escravismo, os<br />
mulatos e os índios já aculturados.<br />
No século XIX, o primeiro ciclo da borracha<br />
atraiu basicamente nordestinos e bolivianos<br />
para o trabalho nos seringais, mas<br />
não gerou núcleos de povoamento, pois não<br />
produzia riquezas locais, por tratar-se de uma<br />
economia de exportação, cujos principais núcleos<br />
localizavam-se Manaus e Belém.<br />
O crescimento populacional só viria a ser efetivo<br />
com a construção e funcionamento da Ferrovia<br />
Madeira-Mamoré, chamado de ciclo ferroviário,<br />
e das Estações Telegráficas da Comissão<br />
Rondon, o ciclo do telégrafo, que atraíram povoadores<br />
para as terras rondonienses, originários<br />
de várias regiões brasileiras e de outros países,<br />
que se fixaram e formaram núcleos urbanos.<br />
As estações telegráficas da Comissão Rondon<br />
atraíram, principalmente, matogrossenses,<br />
paulistas e nordestinos, enquanto a<br />
Madeira-Mamoré trouxe imigrantes turcos,<br />
sírios, judeus, gregos, libaneses, italianos,<br />
bolivianos, indianos, cubanos, panamenhos,<br />
porto-riquenhos, italianos, barbadianos, tobaguenses,<br />
jamaicanos e bolivianos.<br />
A migração prosseguiu nas décadas seguintes<br />
com a fixação de nordestinos procedentes<br />
dos estados do Ceará, Bahia, Rio Grande<br />
do Norte e Paraíba, além de amazonenses,<br />
paraenses e matogrossenses.<br />
A ferrovia começou a ser<br />
construída a partir do<br />
velho porto, às margens<br />
do Rio Madeira<br />
Soldados da borracha | O segundo ciclo da Borracha, iniciado em<br />
1942, funcionou completamente diferenciado do primeiro e encontrou<br />
a região com sua infraestrutura em fase de consolidação. Os povoadores<br />
dos seringais eram nordestinos, mas divididos em duas categorias,<br />
os seringueiros civis e os soldados da borracha, estes, incorporados ao<br />
Batalhão da Borracha.<br />
Os núcleos urbanos desenvolveram-se. Em 1943, foi assinado o decreto<br />
de criação do Território Federal do Guaporé, em terras desmembradas<br />
dos estados de Mato Grosso e do Amazonas.<br />
Ao longo das estações telegráficas, a pecuária se desenvolveu, a<br />
partir de colonizadores vindos do Mato Grosso, formando grandes latifúndios<br />
onde funcionavam antigos seringais.<br />
O ciclo do diamante promoveu mudanças e trouxe desenvolvimento<br />
à Vila de Rondônia (hoje Ji-Paraná) e Pimenta Bueno, enquanto o<br />
ciclo da cas<strong>site</strong>rita expandiu a ocupação humana nas regiões de Porto<br />
Velho e Ariquemes.<br />
Chegando aos milhares<br />
ciclo da agricultura, a partir de 1964, trouxe milhares de famílias do<br />
O Mato Grosso, Goiás, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais,<br />
Rio Grande do Sul, Amazonas, Pará, Acre e do Nordeste, destacando-se os<br />
estados do Ceará, Bahia, Piauí, Paraíba e Sergipe.<br />
As regiões de Vilhena, Pimenta Bueno e Rolim de Moura receberam<br />
migrantes mato-grossenses, gaúchos e paranaenses em sua maioria. Para<br />
Cacoal, Presidente Médici e Ji-Paraná, vieram em sua maioria gaúchos,<br />
paranaenses, paulistas e nordestinos.<br />
Capixabas, paranaenses, mineiros e baianos formaram a maioria dos<br />
que se fixaram em Ouro Preto, Jaru e Ariquemes. Nas regiões de Porto<br />
Velho e Guajará-Mirim, a migração ocorreu, porém em menor escala que<br />
nas demais regiões do estado.
16 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
Meados da década de oitenta. A economia<br />
de Porto Velho se baseia no garimpo do<br />
ouro e no contracheque dos servidores públicos.<br />
O Brasil vive dias de agonia econômica<br />
em contraste com a abertura no campo político.<br />
Mas a vitória da democracia fica em segundo<br />
plano diante da inflação galopante.<br />
O novo governo anuncia o “Plano Cruzado”,<br />
que acaba levando muitos comerciantes<br />
à quebradeira geral. São dias tensos. O encapa_Porto<br />
Velho<br />
A crise dos<br />
anos oitenta<br />
Entre os diversos ciclos<br />
econômicos que marcaram<br />
sua história, a cidade<br />
sempre enfrentou crises,<br />
como a do “Plano Cruzado”<br />
A economia da<br />
cidade sempre<br />
foi marcada por<br />
ciclos de grandes<br />
investimentos e por<br />
períodos de crise<br />
genheiro agrônomo Wilson Destro chegou a<br />
Porto Velho justamente nessa época, em meio<br />
à turbulência econômica vivida em todo o país<br />
e na capital rondoniense de modo especial.<br />
“Os garimpos estavam fechando, havia<br />
uma política terrível de arrocho salarial<br />
(termo muito comum na época para o achatamento<br />
dos salários) e o governo parou de<br />
contratar, esse era o cenário”, recorda Destro,<br />
que é sócio-fundador da Cooperativa Credi-<br />
Forte, do Sistema Sicoob Norte, em Porto Velho<br />
(veja matéria especial).<br />
Reinvenção | Como sempre fez quando as<br />
coisas não caminhavam bem, Porto Velho precisou<br />
se reinventar. “No início dos anos noventa<br />
houve um forte estímulo para a atividade no<br />
campo, um fortalecimento da pecuária e uma
17<br />
Apesar de sua<br />
exuberante<br />
beleza natural, a<br />
cidade precisou<br />
ser “reinventada”<br />
para continuar<br />
crescendo<br />
retomada do comércio, com um grande fluxo<br />
de novos empreendedores para a cidade”, diz.<br />
Os investimentos públicos passaram a<br />
acontecer, mas ainda de forma muito inconstante.<br />
A cidade se desenvolveu, mas as<br />
lacunas sociais ainda persistem. Para Destro,<br />
a questão política sempre foi o centro dessa<br />
questão. “Porto Velho necessita de políticos<br />
que tenham seus pés e a sua visão voltados<br />
para a cidade”, afirma.<br />
“Precisa ser a capital do estado, forte e<br />
produtivo do interior, e deixar de ser a velha<br />
capital do extinto Guaporé”, compara. “A<br />
falta de representação política da capital,<br />
em contraste com o a fartura de lideranças<br />
vindas do interior, se reflete diretamente na<br />
ausência de investimentos públicos em infraestrutura<br />
na cidade”.<br />
mudança<br />
Mesmo assim, como sempre acontece<br />
por estas bandas, Destro acredita que muitos<br />
investimentos devem chegar, para mudar novamente<br />
o rumo das coisas. “Vieram as usinas, que receberam<br />
muitas críticas, mas é inegável seu papel na trajetória de<br />
desenvolvimento da cidade”, opina.<br />
Para o agrônomo, chegou o momento de trazer novos<br />
recursos para a cidade. “Está surgindo um novo porto,<br />
centenas de hectares estão sendo abertos para a produção<br />
de grãos na zona rural, temos a expectativa concreta<br />
de uma nova ferrovia, as pequenas agroindústrias e a<br />
industrialização em escala começam a chegar, começamos<br />
a viver um novo ciclo”, argumenta.
18 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
Porto Velho<br />
Cooperativismo<br />
cresce na capital<br />
Representado pelas cooperativas Portocredi,<br />
Crediforte e CredJurd, cooperativismo<br />
de crédito do Sistema Sicoob Norte avança<br />
em Porto Velho e nos distritos da capital<br />
Equipes da<br />
Cooperativa<br />
Sicoob<br />
Portocredi, de<br />
Porto Velho<br />
Textos e fotos: Sandro André<br />
Porto Velho tem a presença de três cooperativas<br />
do Sistema Sicoob Norte, que<br />
juntas reúnem mais de seis mil cooperados.<br />
Criadas no início dos anos 2000, essas instituições<br />
vêm colaborando para o desenvolvimento<br />
da centenária capital de Rondônia.<br />
Os índices de crescimento das cooperativas<br />
alcançam dois dígitos ao ano.<br />
A Cooperativa Portocredi é um bom<br />
exemplo desse crescimento. Além da agência<br />
que funciona há 14 anos na Avenida Nações<br />
Unidas, recentemente incorporou uma<br />
nova agência na Avenida Carlos Gomes,<br />
ambas na capital. Também possui agências<br />
nos distritos de União Bandeirantes, Nova<br />
Dimensão e Vista Alegre do Abunã. Totaliza<br />
cerca de três mil associados.<br />
Nas páginas a seguir, você poderá conhecer<br />
um pouco mais do trabalho realizado<br />
pelas cooperativas Portocredi, Crediforte<br />
e Credjurd em Porto Velho e em distritos<br />
da capital.
Credjurd<br />
19<br />
Crescimento acelerado<br />
Instituição começou com capital inicial registrado<br />
de R$ 19 mil. Menos de 15 anos depois, cooperativa<br />
já atingiu o patamar dos R$ 19 milhões<br />
Cooperativa Credjurd, de Porto Velho, reúne<br />
entre seus cooperados os servidores<br />
A<br />
públicos, magistrados e procuradores do poder<br />
judiciário estadual e federal. Fundada há<br />
14 anos, por um grupo de 20 pessoas, a cooperativa<br />
cresceu a olhos vistos. O capital inicial,<br />
que na época foi registrado em R$ 19 mil, hoje<br />
atinge o patamar dos R$ 19 milhões.<br />
São cerca de 1.250 cooperados, atendidos<br />
em duas agências ou pontos de atendimento,<br />
nos prédios do Tribunal Regional do Trabalho e<br />
do Ministério Público, ambos na capital rondoniense.<br />
Mas a instituição tem um projeto para<br />
instalar outros pontos em locais onde já existem<br />
muitos associados, como no edifício do Tribunal<br />
de Justiça, onde 150 servidores são cooperados.<br />
Equipe Sicoob Credjurd (acima):<br />
cooperativa reúne cerca de 1.250<br />
cooperados, incluindo os servidores do<br />
Ministério Público, em Porto Velho
20 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
“Desde sua fundação, no ano 2000, a cooperativa<br />
não parou de crescer”, diz o presidente<br />
da Credjurd, Altair Schramm. “A explicação<br />
é bastante simples, a cooperativa<br />
oferece produtos e serviços diferenciados,<br />
as vantagens disponíveis aos cooperados são<br />
muito grandes em relação a outras instituições<br />
financeiras”.<br />
O atendimento personalizado é uma das<br />
características de todas as cooperativas do<br />
Sicoob, e com a Credjurd não é diferente. “O<br />
cooperado é também dono da cooperativa”,<br />
lembra o diretor administrativo, Eleaquim<br />
Soares de Moraes. “Temos aplicado todas as<br />
rigorosas normas da política de segurança<br />
administrativa do Banco Central, resultando<br />
numa fórmula de sucesso para a cooperativa”,<br />
completa Altair Schramm.<br />
Credjurd atende servidores do Poder<br />
Judiciário e possui agências em instituições<br />
como o Tribunal do Trabalho de Porto Velho<br />
facilidade<br />
Suely Camelo Izel também é<br />
cooperada há mais de dez anos.<br />
“Aqui tem muita comodidade, recebo<br />
salário, faço empréstimo, tenho cartão<br />
de crédito, de débito, tudo muito fácil,<br />
dentro do meu ambiente de trabalho”,<br />
diz Suely, que é servidora do TRT. “O<br />
atendimento é personalizado, todos te<br />
conhecem pelo nome”.<br />
A qualidade do atendimento também<br />
é um dos pontos comentados pela<br />
cooperada Maria Idelzuite Maia da<br />
Silva. “Gosto tanto do Sicoob que estou<br />
trazendo meus filhos para abrirem conta<br />
aqui”, diz. “Eu descobri que todos os<br />
familiares podem abrir conta poupança<br />
na cooperativa, não precisa trabalhar aqui<br />
para ser cooperado”, explica.<br />
Uma das filhas de Idelzuite mora<br />
com o esposo na cidade de São Luiz dos<br />
Montes Belos, em Goiás. “Lá também<br />
tem Sicoob, é uma comodidade pra mim”,<br />
explica. “O pessoal da cooperativa é como<br />
uma família, aqui eu me sinto em casa”.
21<br />
Gosto tanto do Sicoob<br />
que estou trazendo meus<br />
filhos para abrirem conta aqui<br />
Maria Idelzuite Maia da Silva<br />
Benefícios<br />
Antigos cooperados da Credjurd concordam<br />
com a visão de seus diretores. É o caso de<br />
Ana Balbina, que se orgulha de possuir a conta<br />
de número 11 da instituição. Balbina se lembra do<br />
dia em que a agente de controle Sissel Gunther a<br />
convidou para se tornar cooperada.<br />
“Eu disse para a Sissel: ‘Você quer que eu me<br />
torne cooperada? Então me dê um bom motivo’...<br />
Ela então começou a falar sobre as sobras que<br />
a gente recebe todo início de ano. Depois, eu<br />
descobri que a gente não paga nenhuma taxa<br />
bancária. E o calor humano, isso aqui é uma família,<br />
são pessoas, não são meros números”, opina.<br />
Ana Balbina lembra que, por pertencer<br />
ao Sicoob, a conta na cooperativa pode ser<br />
movimentada no Brasil inteiro. “Já viajei para o<br />
Maranhão, para Santa Catarina, onde vou tem um<br />
caixa do Sicoob”, diz. “E quando uso o saque do<br />
Banco 24 Horas, que nesse caso é cobrada uma<br />
taxa, a CredJurd me reembolsa o valor da tarifa<br />
depois”.<br />
Com mais de 25 anos de trabalho como<br />
servidor do Ministério Público, Joaquim<br />
Limeira abriu a conta na CredJurd há<br />
cinco anos. Ele faz questão de mostrar o<br />
celular, que usa para acessar sua conta<br />
pela internet. “Eu e minha esposa temos<br />
conta no Sicoob, são muitas vantagens. Eu<br />
não apenas recomendo, como até trago as<br />
pessoas aqui pra conhecer. Quem abre conta<br />
na cooperativa, não quer saber de outra<br />
instituição”.
22 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
Crediforte<br />
Uma nova agência para a cidade<br />
A mais nova agência do Sicoob em todo o país<br />
está sendo inaugurada na capital rondoniense<br />
e pertence à Cooperativa Crediforte<br />
Arquivo Sicoob Norte
23<br />
Textos e fotos: Sandro André<br />
Cooperativa Crediforte está inaugurando<br />
uma ampla e moderna agência<br />
A<br />
em Porto Velho. São cerca de dois mil metros<br />
quadrados de área construída, planejados<br />
em todos os detalhes para oferecer<br />
um atendimento em nível de excelência<br />
aos seus cooperados.<br />
A instituição, que acaba de completar<br />
16 anos de atividades, investiu cerca de R$<br />
4 milhões na nova agência, que está situada<br />
na Rua João Goulart, quase esquina com<br />
Almirante Barroso, em região privilegiada<br />
na capital do estado.<br />
“Em nossas novas instalações, teremos<br />
condições de atender com todo conforto<br />
aos nossos mais de 1.800 cooperados”, diz<br />
a presidente da Cooperativa Crediforte, Simone<br />
Sant’Ana. “Além de maior praticidade<br />
no atendimento, estamos incorporando<br />
novos itens tecnológicos aos serviços que<br />
serão oferecidos aos cooperados”, diz.<br />
A cooperativa é formada pelos servidores<br />
federais do poder executivo no estado<br />
de Rondônia, oriundos de diversos órgãos<br />
federais que funcionam dentro do estado.<br />
“Esse é um público de aproximadamente<br />
15 mil pessoas, que futuramente poderão<br />
se tornar cooperados de nossa instituição<br />
em todo o estado, então acredito que ainda<br />
vamos crescer muito nos próximos anos”,<br />
avalia Simone.<br />
As vantagens para os cooperados justificam<br />
o otimismo da presidente da instituição.<br />
Além de serem “donos” da cooperativa,<br />
seus associados recebem sobras no final de<br />
cada exercício anual. “Somente no ano passado<br />
distribuímos cerca de R$ 2,5 milhões<br />
em sobras aos nossos cooperados”, diz Simone.<br />
“No acumulado, já foram distribuídos<br />
mais de R$ 10 milhões”, acrescenta.<br />
Para se tornar cooperado da Crediforte<br />
é necessário pertencer ao quadro de servidores<br />
de uma das instituições do poder<br />
executivo federal em Rondônia, que inclui<br />
os servidores da Ceplac, Embrapa, Funasa,<br />
Incra, INSS, Polícia Rodoviária Federal, Receita<br />
Federal e Unir, entre outras. Além disso,<br />
com a confirmação da transposição do<br />
funcionalismo público de Rondônia para o<br />
quadro federal, todos esses servidores estarão<br />
aptos a se tornar cooperados.<br />
Em nossas novas instalações, teremos<br />
condições de atender com todo conforto<br />
aos nossos mais de 1.800 cooperados<br />
Simone Sant’Ana
24 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
Apoio fiel da Ceplac<br />
história da Crediforte está intimamente ligada<br />
A aos servidores da Ceplac de Porto Velho.<br />
Simone Santana, atual presidente da cooperativa, é<br />
funcionária de carreira da instituição, que faz parte<br />
do Ministério da Agricultura (MAPA). Durante toda<br />
sua trajetória, a cooperativa funcionou dentro do<br />
prédio da Ceplac na capital.<br />
Simone lembra que já havia uma cooperativa<br />
de crédito dos servidores da Ceplac na cidade de<br />
Itabuna (BA), de onde sua família veio em 1987 com<br />
destino a Rondônia. “Com base em modelos de<br />
outras cooperativas, como a Cominagri de Brasília<br />
e a Ceplac de<br />
Itabuna, e contando com o<br />
apoio da Ceplac de Rondônia,<br />
constituímos a Crediforte em<br />
outubro de 1998”, recorda.<br />
Ela agradece o apoio<br />
recebido desde o início por<br />
personagens como João<br />
Valério, Horário Guedes,<br />
Francisco das Chagas<br />
Sobrinho, Cassiano e Wilson<br />
Destro. “São pessoas<br />
ligadas à Ceplac e que<br />
Simone Sant’Ana, diretora-presidente<br />
da Cooperativa Sicoob Crediforte<br />
tiveram participação decisiva, ao nosso lado, na formação da<br />
cooperativa”, ressalta.<br />
A Crediforte, que teve início com 25 cooperados e um capital<br />
inicial de R$ 2,5 mil, cresceu com o apoio de outras instituições<br />
financeiras, como o Banco do Brasil e o extinto banco Sudameris,<br />
mas atingiu sua maturidade ao se tornar integrante do Sistema<br />
Sicoob, no início da década passada.<br />
“Com a chegada do Sistema Sicoob, nossa cooperativa cresceu<br />
muito, e hoje oferece todos os produtos e serviços bancários,<br />
incluindo atendimento com tecnologia de ponta disponível<br />
para aparelhos celulares de última geração”, explica o gerente<br />
administrativo da Crediforte, Jaime Primão.<br />
Cooperados destacam atendimento<br />
Durante muitos anos, a Crediforte<br />
atendeu seus cooperados<br />
no prédio da Ceplac. Maria das<br />
Graças Lemos Pantoja é uma das<br />
pessoas que conhece a cooperativa<br />
desde a sua fundação. Servidora<br />
da Advocacia Geral da União, ela é<br />
associada da desde o início. “Aqui, eu<br />
me sinto como se estivesse na casa<br />
de meus pais”, diz.<br />
A servidora da AGU explica<br />
que está trazendo seus colegas de<br />
trabalho para também abrirem conta<br />
na cooperativa. “O atendimento é<br />
excelente, tudo se resolve muito<br />
rápido. Tanto é verdade que eu já<br />
passei até a pensão pra receber aqui,<br />
direto pelo Sicoob”.<br />
Isaías Ferraz de Oliveira<br />
também é associado antigo. Servidor<br />
federal aposentado da Sefin, Isaías<br />
afirma, em bom português: “Não sou<br />
puxa-saco, mas isso aqui é nota 10!<br />
Esse não é um banco, é uma<br />
família”. Segundo Isaías, na<br />
Crediforte “não existe a palavra<br />
“não”. Aqui você sempre é bem<br />
recebido, é meu pai, avô e tio”.<br />
Para Sergia Ferreira de Lima,<br />
servidora da Superintendência<br />
Federal da Agricultura, a cooperativa<br />
surgiu em sua vida no momento em<br />
que mais precisava. “Minha mãe teve<br />
um grave problema de saúde, mas<br />
a cooperativa me atendeu rápido,<br />
sem burocracia, nos deu o socorro<br />
na hora em que mais necessitamos”,<br />
afirma. “De lá para cá, o Sicoob<br />
nos tem apoiado em todos os<br />
momentos”.
25<br />
Arquivo Sicoob Norte<br />
Conforto<br />
na nova casa<br />
Anova agência da Crediforte tem modernas<br />
instalações distribuídas em três pavimentos.<br />
Toda a estrutura foi projetada para<br />
disponibilizar conforto e sofisticação aos cooperados<br />
e colaboradores da instituição.<br />
Logo na entrada o cooperado recebe toda<br />
a orientação necessária e tem acesso aos mais<br />
diversos serviços da agência. No pavimento<br />
superior, foi construído um auditório com capacidade<br />
para receber 250 pessoas e possibilidade<br />
de ser dividido em dois espaços simultâneos,<br />
com acústica própria e paredes móveis,<br />
com facilidade de remanejamento de acordo<br />
com os eventos realizados.<br />
O prédio, que tem localização privilegiada,<br />
dispõe ainda de garagem subterrânea, com capacidade<br />
para 45 veículos. O estacionamento<br />
dispõe de estrutura similar à de um pequeno<br />
auditório e por esse motivo também oferece a<br />
possibilidade de receber eventos.<br />
“Governo deve ser enzima, não proteína”<br />
Wilson Destro é um dos 25 fundadores da Cooperativa<br />
Crediforte, do Sistema Sicoob Norte, em Porto Velho.<br />
Funcionário de carreira da Ceplac, como a maioria dos fundadores,<br />
ele recorda das dificuldades do início. “As cooperativas singulares<br />
faziam o papel de Davi contra Golias”, lembra.<br />
“O Sicoob foi muito feliz quando reuniu as cooperativas, mas<br />
só deu certo porque houve uma interpessoalidade”, diz. “Mas, para<br />
crescer, é preciso que continue assim, não pode ser “frio” e impessoal,<br />
apenas com números, isso não funciona em cooperativismo”, opina.<br />
Paranaense de Terra Boa, na região de Maringá, Wilson Destro<br />
tem raízes numa das maiores regiões do cooperativismo em<br />
todo o país. “Meu pai era pedreiro e construiu a base de um dos<br />
primeiros silos da Coamo”, lembra.<br />
“Meu sonho é que as cooperativas de produção cresçam em<br />
Rondônia, como cresceram na década de setenta no Paraná. Isso<br />
pode acontecer, desde que o governo seja apenas um indutor, e<br />
permita que a sociedade tome as rédeas do processo. O governo<br />
deve ser a enzima, a sociedade deve ser a proteína”, resume.
26 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
distritos<br />
Chegando mais longe<br />
Nova Dimensão e<br />
União Bandeirantes são<br />
exemplos de localidades<br />
rondonienses atendidas<br />
exclusivamente<br />
pelo Sicoob<br />
Textos e fotos: Sandro André<br />
Sicoob Norte está chegando a localidades<br />
de Rondônia onde nenhuma outra<br />
O<br />
instituição financeira teve acesso. Nos últimos<br />
dois anos, novas e modernas agências<br />
foram instaladas, pela Cooperativa Porto-<br />
Credi, nos distritos rondonienses de União<br />
Bandeirantes e Nova Dimensão.<br />
São regiões economicamente ativas,<br />
com um comércio crescente, fortalecido<br />
pela pecuária de corte e de leite e pelos se-
27<br />
tores madeireiro e agrícola, além da indústria<br />
de laticínios.<br />
O distrito de União Bandeirantes surgiu<br />
a partir de 1999 e pertence ao município de<br />
Porto Velho. Possui cerca de 18 mil habitantes<br />
e está a 160 quilômetros da capital. O<br />
distrito leva o nome de um antigo clube de<br />
futebol do norte do Paraná. A agência do Sicoob<br />
em União Bandeirantes foi inaugurada<br />
em junho de 2012.<br />
Na mesma região, está situado o distrito<br />
de Nova Dimensão. Pertencente ao município<br />
de Nova Mamoré, conta com cerca de oito<br />
mil habitantes e fica a aproximadamente 70<br />
quilômetros de União Bandeirantes. A agência<br />
de Nova Dimensão é mais recente, e foi<br />
aberta em maio de 2013.<br />
Os dois distritos estão em expansão. Ambos<br />
estão regularizando milhares de imóveis,<br />
por escritura definitiva, o que deverá valorizar<br />
ainda mais a região, que possui economia já<br />
bastante fortalecida pela atividade agropecuária<br />
e pela indústria madeireira.<br />
Tranquilidade | “Esta é uma localidade<br />
financeiramente sólida, só faltava uma instituição<br />
de crédito que acreditasse em sua<br />
gente e decidisse caminhar e crescer junto<br />
com a sua população”, diz o gerente da Cooperativa<br />
PortoCredi de União Bandeirantes,<br />
Demisson Queiroz.<br />
“A presença do Sicoob trouxe tranquilidade<br />
para os moradores destes distritos, que<br />
desenvolvem suas atividades econômicas de<br />
maneira ativa, mas não tinham uma instituição<br />
para realizar serviços financeiros básicos,<br />
como trocar cheques, fazer depósitos,<br />
fornecer cartões de crédito e débito e oferecer<br />
empréstimos e linhas de crédito aos produtores,<br />
como o Sicoob faz”, diz o gerente.<br />
“Hoje, todos esses serviços e muitos outros<br />
são oferecidos aos nossos cooperados”,<br />
diz a assistente administrativa da cooperativa,<br />
Adriana Alves.<br />
Infraestrutura | A distância e a falta de<br />
infraestrutura, que afastaram outras instituições,<br />
não inibiram o Sicoob de investir<br />
nessas localidades. O acesso, feito somente<br />
por estradas de chão, as quedas de energia<br />
e de internet, além da ausência de sinal de<br />
telefonia celular, não foram suficientes para<br />
impedir o crescimento da região.<br />
Mesmo com todas essas dificuldades, o<br />
número de construções novas e de pessoas<br />
interessadas em investir cresce a cada dia.<br />
Existe uma obra sendo construída em cada<br />
quarteirão dos distritos. Novos comércios<br />
estão surgindo ou sendo ampliados. E os<br />
hotéis disponíveis estão diariamente com<br />
lotação máxima. “O resultado financeiro<br />
para a cooperativa tem sido excelente e o<br />
número de cooperados só aumenta”, resume<br />
Demisson.<br />
Colaboradores<br />
da Cooperativa<br />
Sicoob<br />
Portocredi,<br />
em União<br />
Bandeirantes
28 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
Dinheiro, só pelo táxi<br />
Durante anos, a falta de uma agência bancária criou situações<br />
inusitadas para os comerciantes da região. O casal de pecuaristas<br />
Delcimar Martelli e Dangela Vitorio, pioneiros de União Bandeirantes,<br />
ajudou a reunir os moradores para trazer a cooperativa ao distrito. Eles<br />
lembram muito bem dessa época.<br />
“Antes, a gente era obrigado a pagar o taxista pra levar o dinheiro e<br />
fazer o depósito na conta do banco em Porto Velho”, lembra Delcimar. “Os<br />
aposentados costumavam fornecer até a senha do cartão para o motorista de<br />
táxi”, explica Dangela. “Cada corrida custava em média 40 reais, sem falar no<br />
risco de acontecer um acidente ou um assalto, por exemplo”.<br />
Em 2011, surgiu a expectativa de uma mudança nessa situação, que era<br />
pra lá de incômoda. “O Sicoob pediu pra reunirmos 140 assinaturas e, com<br />
isso, seria marcada uma reunião pra tratar da vinda de uma agência para cá”.<br />
As assinaturas foram colhidas e a reunião agendada. Porém, no dia<br />
marcado, uma forte tempestade caiu sobre todo o distrito, provocando um<br />
blecaute geral no fornecimento de energia elétrica. “Pensamos: com essa<br />
enxurrada, não vai vir ninguém! Mas o povo veio, lotou o salão da igreja e<br />
mostrou que realmente queria o Sicoob”, conta Dangela.<br />
A casa da agropecuária<br />
Ricardo Vicente da Silva e Franciele Marquesin são<br />
comerciantes no distrito de União Bandeirantes.<br />
Donos de uma loja tradicional de produtos<br />
agropecuários, a Casa Rural, eles reconhecem a<br />
mudança ocorrida após a chegada do Sicoob na região.<br />
“Hoje, o Sicoob é o coração financeiro da nossa<br />
empresa”, diz Franciele. “Com a cooperativa, dispomos<br />
dos mais diversos serviços financeiros, como<br />
depósitos ou transferências bancárias, que antes<br />
dependíamos de Porto Velho e que temos hoje aqui<br />
mesmo, em nosso distrito”.<br />
Oriundo de Foz do Iguaçu (PR), o casal de<br />
comerciantes se estabeleceu em União em 2003. “É<br />
um lugar novo, de muitas oportunidades para quem<br />
está começando e quer trabalhar”, explica Ricardo.<br />
“Tem um comércio forte, muito movimento de gado<br />
e madeira, produtos agropecuários e materiais de<br />
construção”, diz.<br />
Cheques movimentam comércio<br />
Pioneiros do comércio varejista de combustíveis no distrito<br />
de União Bandeirantes, Romário Santana e Adauto<br />
Oliveira necessitavam de uma instituição financeira disponível<br />
para atendimento diário. “O Sicoob é hoje o nosso grande<br />
parceiro comercial, tudo mudou da água para o vinho após a<br />
chegada da cooperativa”, diz Romário.<br />
“O comércio de União Bandeirantes trabalha muito com<br />
cheques pré-datados, é uma prática ainda bastante comum na<br />
região, por causa do forte comércio local e da venda de madeira<br />
e gado”, explica Adauto. “Cheque do Sicoob é dinheiro na<br />
hora, sem burocracia, para o cooperado, é o que tem a melhor<br />
aceitação na praça”, confirma Romário, proprietário dos postos<br />
União e Chaparral.<br />
Sobre as oportunidades de negócios no distrito, eles<br />
concordam que existe muito espaço para crescer. “Não temos<br />
nem agência dos correios ainda, isso é só um exemplo, aqui tem<br />
muito dinheiro circulando e todos os serviços novos serão muito<br />
bem-vindos”, completa Adauto.
29<br />
A gratidão do Baiano<br />
Um dos maiores pecuaristas de União Bandeirantes é<br />
também um exemplo de vida e de empreendedorismo.<br />
Manoel Pereira Neves, o popular “Baiano”, chegou ao distrito<br />
há cerca de dez anos.<br />
Nascido em Itanhém, no sul da Bahia, região conhecida<br />
pela pecuária de leite e de corte, Baiano decidiu vir<br />
a Rondônia em busca de terras mais baratas para<br />
desenvolver a atividade.<br />
Desembarcou em Jaru, no final da década de 90, e<br />
começou a trabalhar como funcionário de uma fazenda.<br />
“Morava numa casa de chão batido, a lida era muito<br />
grande, não tinha dinheiro pra nada, então resolvi tentar a<br />
vida aqui em União”, recorda. “Não tinha dinheiro nem para<br />
o frete”, lembra.<br />
Em União Bandeirantes, Baiano começou a arrendar<br />
terras e colocar boi no pasto em parceria com pecuaristas.<br />
“Foi assim, dividindo o resultado do trabalho, que comecei a<br />
atividade. As terras eram muito baratas e com o dinheiro que<br />
sobrava ia comprando”, conta.<br />
Guinada | Mas a grande virada aconteceu pelas mãos de<br />
um produtor conhecido, o seo Jorge, mineiro de Juiz de Fora.<br />
“Ele acreditou no meu trabalho e na minha honestidade, então<br />
me arrumou o dinheiro para comprar cem cabeças de gado,<br />
com o meu compromisso de dividir o fruto do trabalho”.<br />
A partir daí, Baiano não parou mais de crescer. “A gente<br />
tem que acreditar em Deus e cumprir com a palavra firmada,<br />
que as bênçãos serão muito grandes na nossa vida”, explica.<br />
“Hoje tenho tranquilidade na vida, junto com a minha família”,<br />
diz Baiano, ao lado da esposa.<br />
Sobre a vinda do Sicoob a União Bandeirantes, Baiano<br />
resume numa frase: “a cooperativa só me dá lucro”. Palavra de<br />
quem conhece muito bem o valor do dinheiro, mas também<br />
sabe ser grato. “São pessoas como seo Jorge que fazem a<br />
diferença na vida da gente”, agradece.<br />
Os negócios do Cafuringa<br />
principal hotel e o restaurante mais frequentado de União<br />
O Bandeirantes pertencem ao “Cafuringa”, nome de guerra do<br />
empreendedor Luiz Carlos de Oliveira, e à sua esposa, Nilza de Oliveira.<br />
O hotel tem 41 apartamentos e estava completamente lotado<br />
em plena terça-feira, um retrato do movimento intenso que toma<br />
conta do lugar. O restaurante, sempre o último a fechar, serve<br />
comida caseira e é parada obrigatória para quem mora em União<br />
ou está ali a negócios.<br />
“Andei por muitos lugares, fiz mil negócios, perdi tudo, ganhei<br />
e perdi inúmeras vezes, até chegar em União, daqui não quero<br />
mais sair”, conta Cafuringa, que chegou a Rondônia em 1979.<br />
“Fui professor primário em Colorado do Oeste, trabalhei na<br />
usina de Primavera, onde rejeitei um convite irrecusável para<br />
trabalhar para os russos, juntei dinheiro, tive casa boa e dois<br />
carros em Ariquemes, perdi tudo, vim pra União, trabalhei de<br />
frentista no posto, peguei o acerto e montei loja de auto-peças,<br />
vendi o comércio, comprei terrenos e chácara, troquei tudo por<br />
uma camionete, assim foi minha vida, sempre”, recorda Cafuringa.<br />
Patrimônio | Por último, em 2007, Cafuringa trocou<br />
a camioneta, seu único patrimônio na época, pelo terreno<br />
onde acabou construindo o hotel e o restaurante. Dona Nilza,<br />
companheira inseparável, conta que o lugar já era ponto de<br />
encontro no final do dia.<br />
“A turma gostava de ficar por aqui, a gente fazia um caldo de peixe,<br />
até que alguém deu a ideia de começar a cobrar pela refeição, assim<br />
nasceu o restaurante”, diz Nilza. “Já tínhamos um pequeno hotelzinho,<br />
que foi crescendo, junto com o movimento do distrito”, diz.<br />
Planos para o futuro? Tem, sim, mas são bem mais seguros agora.<br />
“Estamos construindo um predinho ao lado do hotel, vamos fazer<br />
algum comércio, talvez”, diz Cafuringa, que faz questão de mostrar<br />
a todos a logomarca do Sicoob pintada em seu estabelecimento<br />
comercial. “É nosso grande parceiro, é uma forma de agradecer tudo<br />
que o Sicoob faz pelo nosso distrito”, completa.
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32 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
distritos<br />
Equipe Sicoob<br />
PortoCredi no<br />
distrito de Nova<br />
Dimensão<br />
Terra<br />
promissora<br />
Economia baseada no gado<br />
e na madeira, somada à<br />
regularização fundiária,<br />
impulsionam crescimento<br />
de Nova Dimensão<br />
Textos e fotos: Sandro André<br />
distrito de Nova Dimensão começou a<br />
O surgir em meados da década de 1980.<br />
No início, apenas doze famílias moravam<br />
na localidade, que fica a 60 quilômetros do<br />
município de Nova Mamoré.<br />
Hoje a realidade é outra. Com um comércio<br />
em expansão e uma economia fortalecida pela<br />
atividade agropecuária, pelo setor madeireiro<br />
e pela indústria de laticínios, Nova Dimensão<br />
abriga oito mil habitantes e aguarda com<br />
muita expectativa o processo de regularização<br />
de todos os seus imóveis.<br />
O rebanho de Nova Dimensão é bastante<br />
significativo, com mais de 200 mil cabeças de<br />
gado. O pecuarista capixaba Ronildo Martins<br />
de Paula conhece bem a atividade. Ele chegou<br />
a Rondônia no início da década de 1990, inicialmente<br />
para trabalhar na região de Urupá.<br />
Em 2003, decidiu tentar a sorte em Nova<br />
Dimensão. Foi recompensado. Ronildo trabalha<br />
há muitos anos com o comércio de<br />
gado e a intermediação entre os produtores<br />
da região e os grandes frigoríficos de Jaru,<br />
Abunã e Porto Velho. Pelas suas contas, comercializa<br />
entre 800 e 1.000 cabeças de gado<br />
por mês para abate.<br />
Na lida do gado<br />
Ronildo também possui um<br />
comércio agropecuário no distrito.<br />
Mas a lida diária com o gado continua<br />
sendo sua atividade preferida. Um<br />
dos moradores mais conhecidos e<br />
respeitados do lugar, ele acredita no<br />
desenvolvimento da região. “Tem<br />
tudo para crescer e se consolidar<br />
economicamente”, diz. Sobre a<br />
presença do Sicoob, o pecuarista<br />
resume: “É o grande parceiro<br />
do povo de Nova Dimensão”.
33<br />
Madeira<br />
para o Guga<br />
Outro empreendedor bastante conhecido no distrito é Sirleno<br />
Schappo, o “Leno”. Oriundo de Florianópolis, Leno chegou a São<br />
Francisco do Guaporé no início dos anos 2000, para trabalhar em<br />
sociedade com o pai e os irmãos.<br />
Quatro anos depois, Leno decidiu vir a Nova Dimensão. Ele se<br />
orgulha de ter comercializado, nessa época, toda a madeira utilizada<br />
na construção da mansão do tenista Gustavo Kuerten, o “Guga”, na<br />
capital catarinense. “Uma casa belíssima, tem o formato de um navio”,<br />
recorda. “Custou uma pequena fortuna”, brinca.<br />
Trabalhando há vários anos no beneficiamento da madeira,<br />
Leno gera cerca de 70 empregos diretos em Nova Dimensão.<br />
Seus maiores clientes estão nos estados do sul e em Minas Gerais.<br />
Também possui investimentos em reflorestamento no Paraná.<br />
Sobre o Sicoob em Nova Dimensão, que começou a funcionar em<br />
maio de 2013, Leno traduz o sentimento de todos os empresários<br />
locais: “Veio para ficar”.<br />
Visão de empreendedor<br />
Quando o empresário Daniel da Silva Bastos chegou a Nova<br />
Dimensão, havia apenas uma rua e quatro pontos comerciais<br />
no distrito. Nascido em Realeza (MG), Daniel chegou ainda criança<br />
a Rondônia. Sua família se estabeleceu primeiro em Ouro Preto do<br />
Oeste, em 1984.<br />
A vinda para Nova Dimensão se deu em 2003. No início, a família,<br />
de nove pessoas, morava numa pequena casa de apenas um quarto.<br />
Foi nessa época que Daniel iniciou a construção de seu primeiro<br />
comércio, com menos de 60 metros quadrados. “Comprei uns 5 mil<br />
reais em mercadorias e abri o próprio negócio”, diz.<br />
As coisas foram melhorando, sempre com muito trabalho,<br />
o distrito cresceu e Daniel mostrou que tem vocação para o<br />
empreendedorismo. Hoje, ele é proprietário de uma loja de produtos<br />
agropecuários e de um supermercado, além de um laticínio (veja<br />
matéria especial nesta edição).<br />
Daniel ressalta a importância de contar com uma agência<br />
do Sicoob em Nova Dimensão. “Antes, a gente tinha que levar o<br />
dinheiro até o banco em Nova Mamoré, agora tudo mudou, para<br />
melhor”, diz o empresário. “A cooperativa é o grande parceiro<br />
financeiro do nosso distrito”, conclui.
34 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
laticínio<br />
Queijo para os<br />
rondonienses<br />
Produto fabricado<br />
em Nova Dimensão<br />
é comercializado em<br />
grandes redes de<br />
supermercado em todo o<br />
estado de Rondônia<br />
maior empreendimento do empresário<br />
O Daniel da Silva Bastos, de Nova Dimensão,<br />
é um moderno laticínio. As instalações<br />
foram adquiridas há cinco anos. Na época, a<br />
pequena indústria estava fechando as portas.<br />
A estrutura estava antiga e os equipamentos<br />
defasados.<br />
Mostrando visão empreendedora, Daniel<br />
– que também possui comércios<br />
dentro do distrito – decidiu investir no<br />
laticínio. Reformou e ampliou o prédio,<br />
comprou equipamentos e fez sociedade<br />
com o mestre queijeiro Adriano Ferreira<br />
Costa, que é o responsável técnico por<br />
toda a produção e tem direito a uma fra-
35<br />
Empresário<br />
Daniel da Silva<br />
Bastos, de Nova<br />
Dimensão<br />
ção das ações da empresa.<br />
A indústria processa diariamente cerca de<br />
30 mil litros de leite, que resultam em cerca<br />
de 112 toneladas de queijo por mês, nas<br />
variedades mussarela e prato. O queijo produzido<br />
é comercializado em redes de supermercados<br />
nos principais municípios de Rondônia,<br />
com a marca “Tradilac”.<br />
Hoje, após cinco anos de atividades, o laticínio<br />
acaba de passar por nova ampliação.<br />
Foram adquiridos modernos equipamentos.<br />
“Com essa nova ampliação, em breve vamos<br />
começar a fabricar manteiga também”, projeta<br />
Daniel, que gera dezenas de empregos<br />
diretos dentro do distrito .<br />
O queijo passa<br />
por vários<br />
processos até<br />
ser embalado e<br />
distribuído
36 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
Vista Alegre<br />
Nas asas da<br />
solidariedade<br />
PortoCredi manteve<br />
serviços financeiros<br />
no distrito de Vista<br />
Alegre do Abunã e<br />
demais localidades<br />
atingidas pela cheia<br />
histórica do Rio<br />
Madeira<br />
Textos: Sandro André<br />
Fotos: Arquivo Sicoob Norte/Decom-RO<br />
cooperativa PortoCredi está presente<br />
no distrito de Vista Alegre do Abunã,<br />
A<br />
que fica a 260 quilômetros de Porto Velho. A<br />
agência foi inaugurada em novembro de 2013<br />
e hoje conta com centenas de cooperados.<br />
A população do distrito, que passa dos<br />
quatro mil habitantes, ficou completamente<br />
isolada durante a cheia histórica do Rio Madeira,<br />
nos primeiros meses de 2014.<br />
Mesmo assim, em solidariedade às famílias<br />
que vivem em Vista Alegre do Abunã, o<br />
Sistema Sicoob Norte manteve sua operação<br />
financeira dentro do distrito, através<br />
da utilização de serviços de táxi-aéreo,<br />
uma vez que os deslocamentos por terra se<br />
tornaram inviáveis.<br />
“O cooperativismo de crédito representado<br />
pelo Sistema Sicoob Norte vem alcançando<br />
localidades onde nenhuma outra ins-
37<br />
Na alegria e na tristeza: seja na inauguração da cooperativa<br />
(ao lado) ou na assistência às comunidades isoladas,<br />
o cooperativismo do Sicoob está sempre presente<br />
Debaixo d´água<br />
Desde o final de 2013, o excesso de chuva no norte do país e na<br />
Bolívia provocou uma grande cheia no Rio Madeira. Por seis meses,<br />
a água não parou de subir, desalojando milhares de famílias que viviam<br />
no campo e nas cidades.<br />
O resultado foi uma cheia histórica. Em 2014, o Rio Madeira subiu 19<br />
metros e 96 centímetros em Porto Velho. O recorde foi atingido no dia<br />
27 de março.<br />
Cidades ficaram inundadas e, ao longo do rio, milhares de<br />
agricultores ribeirinhos perderam lavouras, rebanhos, e até mesmo as<br />
casas onde viviam.<br />
Em Vista Alegre do Abunã e em diversas outras localidades, a<br />
população ficou isolada, e ninguém podia chegar nem sair das cidades.<br />
Em Abunã, a estação telemétrica mantida pela Agência Nacional de<br />
Águas (ANA) marcou 25,21 metros acima do nível normal.<br />
tituição financeira está presente,<br />
como é o caso do distrito de Vista<br />
Alegre do Abunã, e outros distritos,<br />
como União Bandeirantes e Nova<br />
Dimensão”, lembra o presidente da<br />
cooperativa PortoCredi, Enrique<br />
Egea Pacheco. “Decidimos manter o<br />
atendimento nessas localidades por<br />
uma questão de respeito e solidariedade<br />
com os nossos cooperados”.<br />
Madeira atingiu<br />
níveis históricos<br />
em 2014, deixando<br />
milhares de desabrigados<br />
na capital (foto) e isolando<br />
comunidades pelo<br />
interior do estado
38 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
saúde<br />
Salvando vidas<br />
Sistema Sicoob Norte doa recursos para a construção<br />
do novo Hospital de Câncer da Amazônia, que atenderá<br />
pacientes de toda a região norte, em Porto Velho<br />
Textos: Sandro André<br />
Fotos: Arquivo Sicoob Norte<br />
Imagens/Autocad: Arquivo HC Barretos<br />
As obras de construção do novo Hospital<br />
de Câncer da Amazônia já começaram a<br />
sair do papel em Porto Velho. Parte dos recursos<br />
financeiros que garantiram o início da<br />
construção da primeira ala do hospital foram<br />
destinados através da doação de R$ 2 milhões,<br />
feita este ano por iniciativa das cooperativas<br />
de crédito que integram o Sistema Sicoob<br />
Norte, além de instituições parceiras e voluntários<br />
que contribuíram por meio dos leilões<br />
de gado na campanha “Direito de Viver”.<br />
A nova unidade deverá estar pronta em<br />
aproximadamente dois anos. Será administrada<br />
pela Fundação Pio XII, instituição mantenedora<br />
do Hospital de Câncer de Barretos<br />
(SP) e está sendo construída com o objetivo<br />
de se tornar referência para a população no<br />
Norte do Brasil que busca tratamento contra<br />
a doença. A estrutura será semelhante à que<br />
existe na cidade do interior paulista e que<br />
mantém uma tradição de mais de 50 anos no<br />
tratamento dessa grave enfermidade.<br />
Além de contribuir para as obras do futuro<br />
hospital, o Sicoob Norte e seus parceiros<br />
têm colaborado com doações para a unidade<br />
do HC de Barretos em Porto Velho, que
39<br />
Rondônia, que dependia<br />
quase inteiramente dos<br />
atendimentos em Barretos, poderá<br />
se tornar referência nacional no<br />
tratamento contra o câncer<br />
Henrique Prata<br />
funciona desde 2012 dentro da estrutura do<br />
Hospital de Base. Neste local, cerca de quatro<br />
mil pacientes estão cadastrados e mais<br />
de 350 procedimentos são realizados todos<br />
os dias (leia matéria especial).<br />
Projeto | O HC da Amazônia está sendo<br />
construído às margens da BR-364, a 14<br />
quilômetros do centro de Porto Velho (saída<br />
para Cuiabá), num terreno de aproximadamente<br />
70 mil metros quadrados. A obra,<br />
avaliada em sua primeira fase em R$ 80<br />
milhões, dos quais R$ 30 milhões são para<br />
equipamentos, está na fase de execução de<br />
terraplanagem do terreno.<br />
O novo hospital terá estrutura de ambulatório<br />
e a construção de 20 consultórios, 68 leitos e<br />
quatro salas cirúrgicas. A unidade de internação<br />
geral será constituída de 24 leitos, além de 16<br />
leitos de internação pediátrica, 20 leitos da internação<br />
indígena e mais oito leitos de UTI.<br />
Na primeira etapa, serão 15 mil metros<br />
quadrados de área construída, sendo dois<br />
mil metros quadrados reservados especificamente<br />
para o atendimento a indígenas de<br />
toda a Amazônia.<br />
O hospital realizará os serviços de quimioterapia,<br />
radioterapia, pesquisa, banco de tumores,<br />
emergência, radiologia com duas salas<br />
de raios-X, três aparelhos de ultrassom, ressonância<br />
magnética, mamógrafo e tomografia.<br />
O laboratório de análises clínicas terá seis<br />
salas de coleta e duas salas de exames.<br />
Referência | O diretor-geral do Hospital de<br />
Câncer de Barretos, Henrique Prata, frisou a<br />
importância e a grandiosidade do projeto do<br />
novo Hospital de Câncer da Amazônia. “Rondônia<br />
dependia quase inteiramente dos atendimentos<br />
em Barretos, agora, o estado também<br />
poderá se tornar uma referência nacional<br />
no tratamento contra o câncer”, diz.<br />
Segundo Henrique Prata, o novo hospital<br />
trará muitos benefícios aos pacientes, como<br />
o diagnóstico precoce e maior facilidade<br />
para o tratamento. “O tratamento será mais<br />
fácil e menos doloroso. Além disso, a estrutura<br />
para diagnosticar um paciente com<br />
câncer vai melhorar muito, e nestes casos, a<br />
precocidade é um fator decisivo. Com esta<br />
estrutura nova poderemos realizar um trabalho<br />
muito melhor”, ressalta.
40 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
HC atende no Hospital de Base<br />
Uma carreta de diagnóstico equipada com<br />
scanner realiza exames de prevenção de câncer<br />
de cólo de útero, mama, próstata e pele, de<br />
forma gratuita, por todo o estado de Rondônia,<br />
mapeando e encaminhando os casos para<br />
o hospital em Porto Velho.<br />
“O estado não tinha assistência até então<br />
de diagnóstico de prevenção de câncer<br />
em mulheres, mas esse projeto vem para<br />
somar e será ampliado para os demais municípios,<br />
será um benefício imenso”, afirma<br />
Henrique Prata. Com parte do dinheiro será<br />
comprado um mamógrafo digital que irá<br />
atender as mulheres em Porto Velho.<br />
O presidente do Sistema Sicoob Norte, empresário<br />
Ivan Capra, de Vilhena, confirmou<br />
que as empresas cooperadas que trabalham no<br />
regime de lucro real, com imposto de renda a<br />
pagar, serão orientadas e incentivadas a fazer<br />
doações através de projetos de incentivo fiscal.<br />
Já o presidente da Cooperativa PortoCredi,<br />
de Porto Velho, empresário Enrique Egea<br />
Pacheco, que contribuiu para abrir as portas<br />
do Sistema Sicoob Norte para o HC de Barretos,<br />
também trabalhou para que outras<br />
instituições também colaborem para essa<br />
importante causa.<br />
Centenas de cidadãos rondonienses tinham que se deslocar todos<br />
os anos a São Paulo a fim de receberem o tratamento adequado<br />
contra o câncer na unidade do hospital em Barretos (SP). Essa realidade<br />
mudou em 2012, com a abertura da unidade do HC de Barretos dentro<br />
da estrutura do Hospital de Base, em Porto Velho.<br />
De acordo com a diretora administrativa do hospital, Raquel Keller,<br />
a unidade já atende cerca de 95% dos casos da doença em Rondônia.<br />
O hospital tem 22 leitos e oferece gratuitamente todos os exames<br />
preventivos e os serviços de quimioterapia e de cirurgias. A estrutura<br />
atual conta com 24 médicos – a maioria em regime de dedicação<br />
exclusiva – e mais de 150 profissionais da área de saúde e colaboradores.<br />
Rondônia é o estado que mais contribui financeiramente para o HC<br />
de Barretos. Com a unidade em funcionamento no Hospital de Base de<br />
Porto Velho, mais de 1,4 mil pacientes deixaram o tratamento à distância<br />
no interior paulista e puderam retornar a Rondônia. Hoje, pacientes e<br />
seus familiares dispõem de maior conforto durante o tratamento. Além<br />
do hospital, a cidade conta com uma estrutura com capacidade para 70<br />
pessoas, que abriga familiares de pacientes oriundos do interior do estado.<br />
Recursos | Antes de contar com o hospital em Porto Velho, o governo<br />
do estado pagava cerca de R$ 25 milhões por ano para custear as<br />
despesas de centenas de rondonienses que se dirigiam todos os meses<br />
para receber atendimento em Barretos. Para a construção do hospital<br />
em Porto Velho, foram destinados quase R$ 4 milhões, sendo R$ 2,9<br />
milhões investidos pelo estado e R$ 1 milhão da iniciativa privada.<br />
Os serviços de radioterapia, que exigem a construção de uma<br />
estrutura adequada, funcionarão no novo Hospital de Câncer da<br />
Amazônia. Mas até lá, o paciente que precisar deste tratamento poderá<br />
ser atendido no Hospital São Daniel Comboni, em Cacoal (RO), pelo SUS.<br />
serviço<br />
As doações para a construção do novo Hospital de Câncer da Amazônia<br />
podem ser feitas através do Sicoob – agência 3321 – conta-corrente<br />
201.989-2, para a Fundação Pio XII.<br />
Se a sua empresa trabalha no regime de lucro real, você também poderá<br />
destinar parte de seu imposto de renda a pagar, via projetos de incentivo<br />
fiscal, para o HC de Barretos.<br />
Informações: (69) 3301-3500 ou captacaoro@hcbportovelho.com.br
41<br />
NOTAS<br />
Poupança cor-de-rosa<br />
Os porquinhos cor-de-rosa da Poupança Sicoob foram uma atração à parte durante a 29ª Expovil (Exposição<br />
e Feira Agropecuária, Comercial e Industrial), realizada na primeira quinzena de julho, em Vilhena. Os<br />
porquinhos chamaram a atenção de crianças e adultos, que aproveitaram para tirar fotos com as mascotes.<br />
Atração na arena | Na arena de rodeios,<br />
onde foram feitas algumas apresentações, o assédio foi<br />
ainda maior. Inúmeros cofrinhos foram lançados para o<br />
público e em alguns deles foram colocados vales-poupança<br />
no valor de cem reais. “Nosso objetivo é estimular as<br />
pessoas a pouparem”, diz o diretor-administrativo da<br />
Cooperativa Sicoob CrediSul, de Vilhena, Vilmar Saúgo.<br />
Pais e filhos | As mascotes também fizeram sucesso nas<br />
diversas exposições agropecuárias em todo o estado. Na AgriShow<br />
Norte, em Ouro Preto do Oeste, os porquinhos da Cooperativa Sicoob<br />
Centro despertaram a atenção de pais e filhos durante todo o evento.<br />
McDia Feliz<br />
Hospital de Câncer de Barretos foi a instituição<br />
O escolhida para receber os recursos financeiros<br />
arrecadados durante o McDia Feliz, realizado no Porto<br />
Velho Shopping, no dia 30 de agosto. E a equipe do<br />
Sicoob Norte marcou presença no evento, interagindo<br />
com as crianças, fazendo pintura facial e entregando<br />
balões coloridos, tudo num clima de muita descontração.<br />
Solidariedade | O McDia Feliz é uma ação de solidariedade,<br />
realizada anualmente em todo o país, em prol das<br />
crianças e adolescentes com câncer. Durante esse dia, os recursos<br />
arrecadados com a venda de sanduíches BigMac são<br />
revertidos para as instituições que oferecem o tratamento<br />
médico, como o hospital de Barretos em Porto Velho.<br />
Dia de Cooperar<br />
Voluntários do Sistema Sicoob Norte participaram em setembro do Dia de<br />
Cooperar (Dia C), em Porto Velho. A atividade envolveu a doação de sangue<br />
e de medula óssea e foi realizada por iniciativa de diversas instituições, como o<br />
Sistema OCB/Sescoop, Unimed, Sesi/Senar, Ciee e Prefeitura Municipal.<br />
Atendimento de saúde | Promovido anualmente em todo o país, o Dia<br />
C foi realizado pela primeira vez na capital rondoniense. A população contou com<br />
diversos atendimentos de saúde, desde a vacinação de hepatite, gripe e febre<br />
amarela, aferição de pressão arterial, teste de glicemia e verificação de massa corporal,<br />
além de serviços oferecidos na área social.<br />
rural show<br />
O Sistema Sicoob Norte movimentou mais de<br />
20 milhões<br />
de reais em negócios<br />
durante os quatro dias da Rondônia Rural Show –<br />
Feira de Tecnologias e Oportunidades de Negócios<br />
Agropecuários, realizada em maio, em Ji-Paraná.
42 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
hidrovia<br />
O novo porto da capital<br />
Grupo empresarial André Maggi<br />
deverá iniciar as operações do novo terminal<br />
privado de Porto Velho em janeiro de 2015<br />
Textos: Sandro André<br />
Fotos: Arquivo Grupo Amaggi<br />
As obras de construção de um novo porto<br />
privado no Rio Madeira, na localidade de<br />
Porto Chuelo, a 18 quilômetros de Porto Velho,<br />
seguem em ritmo acelerado.<br />
O porto está sendo construído pelo Grupo<br />
André Maggi. O investimento do grupo é de<br />
cerca de R$ 120 milhões. O valor contempla as<br />
obras de engenharia e equipamentos.<br />
O complexo portuário, que possui 100<br />
hectares de área, deverá entrar em operação<br />
em janeiro de 2015.<br />
Em seu primeiro ano, deverá receber cerca<br />
de um milhão de toneladas de soja e milho.<br />
A capacidade do terminal será de cinco milhões<br />
de toneladas por ano, ou seja, cerca de<br />
quatro vezes a movimentação atual do estado.<br />
Nesta primeira etapa, estão sendo construídos<br />
quatro silos, cada um com capacidade<br />
para 18 mil toneladas, totalizando 78 mil<br />
toneladas de grãos.<br />
O canteiro de obras deverá reunir, no pico<br />
da obra, cerca de 700 operários.<br />
A previsão do grupo é de erguer doze silos<br />
até 2020, ampliando a capacidade de armazenamento<br />
para 216 mil toneladas.<br />
A nova localização<br />
do porto permitirá<br />
encurtar em oito<br />
quilômetros o curso<br />
das cargas pelo rio<br />
Madeira, até o porto<br />
de Itacoatiara (AM)
43<br />
Zona de exportação<br />
A nova localização do porto permitirá<br />
encurtar em oito quilômetros o curso das<br />
cargas pelo rio Madeira, até o porto de Itacoatiara<br />
(AM).<br />
Complexo portuário | O porto privado do<br />
Grupo Amaggi faz parte de um grande e moderno<br />
complexo portuário, com 2,7 mil hectares,<br />
que será construído em Porto Chuelo.<br />
Somados todos os investimentos relacionados<br />
ao novo complexo, governo e iniciativa<br />
privada destinarão cerca de R$ 1 bilhão no<br />
empreendimento.<br />
Os investimentos incluem o interesse de<br />
grandes corporações de porte nacional e internacional,<br />
que já negociam presença no<br />
complexo. São grupos que possuem forte atuação<br />
em segmentos como os de combustíveis,<br />
bebidas e produção de grãos.<br />
O complexo também já definiu uma área<br />
de 110 hectares, onde será edificado o novo<br />
porto público.<br />
Zona de Processamento de Exportação (ZPE), que receberá<br />
A empresas interessadas em produzir para o mercado externo, será<br />
implantada dentro do novo complexo e terá área disponível de 250<br />
hectares.<br />
Ainda dentro da ZPE, será construído um novo distrito industrial,<br />
com estímulos do governo para as empresas que decidirem se instalar.<br />
Também está prevista a construção de um trecho rodoviário de 23<br />
quilômetros, ligando a BR-364 diretamente ao novo porto.<br />
O acesso será na altura do hospital Santa Marcelina, próximo<br />
ao atual distrito industrial de Porto Velho, e vai retirar o trânsito de<br />
caminhões pesados da zona urbana da capital.<br />
Transporte de grãos<br />
Amaggi Navegação, ligada ao grupo empresarial, possui uma das maiores<br />
A frotas fluviais da América Latina, com mais de 115 embarcações.<br />
A produção de soja e milho é transportada por carretas até Porto Velho,<br />
onde a companhia possui um porto de transbordo.<br />
Depois, os carregamentos seguem em comboios formados por barcaças pelo<br />
Rio Madeira até o porto graneleiro de Itacoatiara (AM), às margens do Rio Amazonas.<br />
De lá, os grãos, o óleo e o farelo de soja são exportados em navios de grande<br />
porte para a Europa e a Ásia.<br />
A navegação fluvial depende de quatro fatores: o produto, as condições de<br />
navegação do rio, a eficiência das embarcações e a boa logística de navios.<br />
Esses fatores ocorreram de forma consistente em 2013 e contribuíram para<br />
que se atingisse um volume transportado recorde de 2,8 milhões de toneladas<br />
de grãos, o que superou as expectativas da companhia.<br />
Em 2014, houve a aquisição de novas barcaças e empurradores. Esse<br />
investimento, assim como as obras que estão em andamento, farão com que o<br />
volume de grãos transportados chegue a cinco milhões de toneladas.<br />
Fonte: Grupo Amaggi<br />
Nesta primeira etapa,<br />
estão sendo construídos<br />
quatro silos, cada um com<br />
capacidade para 18 mil<br />
toneladas, totalizando 78<br />
mil toneladas de grãos
44 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
produção<br />
Porto volta<br />
a importar<br />
fertilizantes<br />
Expectativa é triplicar volume de<br />
fertilizantes importados via porto<br />
público de Porto Velho em 2015<br />
Textos: Sandro André<br />
Fotos: Arquivo Soph/Seagri/Decom-RO<br />
Após dois anos sem movimentar fertilizantes,<br />
o Porto Organizado de Porto<br />
Velho, através da operadora portuária Hermasa,<br />
retomou este ano as operações de<br />
importação do produto que vai abastecer as<br />
lavouras de soja e milho do sul de Rondônia<br />
e noroeste do Mato Grosso.<br />
A estimativa é movimentar até dezembro<br />
cerca de 100 mil toneladas do insumo - superfosfato<br />
simples e cloreto de potássio. O produto,<br />
importado de Israel, será desembarcado em<br />
Itacoatiara, Amazonas, de onde segue de balsa<br />
até o porto público da capital de Rondônia.<br />
De acordo com a Sociedade de Portos e Hidrovias<br />
do Estado de Rondônia – Soph, a perspectiva<br />
para 2015 é triplicar estas importações.<br />
A previsão para o próximo ano é movimentar,<br />
pelo menos, 300 mil toneladas de<br />
fertilizantes, que serão destinados ao setor<br />
produtivo de Rondônia e Mato Grosso.<br />
Demanda | Segundo dados da Secretaria<br />
Estadual de Agricultura, a área cultivada com<br />
grãos em Rondônia corresponde a 220 mil<br />
hectares e a perspectiva é que ela se expanda<br />
em 30% na próxima safra. A demanda de fertilizantes<br />
para atender a cadeia produtiva é de<br />
aproximadamente 150 mil toneladas.
45<br />
Isso significa que, a partir da próxima safra,<br />
Rondônia deixará de depender do fertilizante<br />
que chega ao país pelos portos do sul e<br />
sudeste. Em 2015, as lavouras de Rondônia terão<br />
suas necessidades plenamente atendidas.<br />
Ainda mais agora, com a ativação da usina de<br />
calcário em Pimenta Bueno, que tem capacidade<br />
instalada de 400 mil toneladas por ano.<br />
A previsão para o próximo ano é movimentar, pelo menos,<br />
300 mil toneladas de fertilizantes, que serão destinados ao<br />
setor produtivo de Rondônia e Mato Grosso<br />
Produtor pagará menos<br />
Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes<br />
O do mundo, conforme dados da Associação<br />
Nacional Para Difusão de Adubos (Anda). Pelo menos<br />
70% do fertilizante usado no país é importado.<br />
Desse total, a metade entra pelo porto de<br />
Paranaguá (PR), que enfrenta anualmente o caos de<br />
escoamento de cargas. Exemplo disso é que um navio<br />
pode demorar até 40 dias para atracar naquele porto.<br />
A demora para atracar atrasa a entrega dos<br />
insumos para a cadeia produtiva, resultando em um<br />
gargalo logístico que se converte em custo. Quem<br />
acaba pagando esta conta é o produtor rural.<br />
Para estados situados longe dos grandes centros,<br />
como Rondônia, a conta é maior ainda. Para se ter uma<br />
ideia, o preço do frete do adubo de Paranaguá a Vilhena,<br />
onde estão localizadas as maiores plantações de grãos<br />
do Estado, chega a custar, em média, R$ 320,00.<br />
A boa nova é que com a mudança de rota do<br />
fertilizante, que agora vai chegar pela Hidrovia do<br />
Madeira até o porto público estadual, o frete de Porto<br />
Velho até o cone sul de Rondônia, por exemplo, vai cair<br />
para aproximadamente R$ 50,00.<br />
Isso será possível por dois motivos: a distância<br />
encurtou e o frete é de retorno, ou seja, o mesmo<br />
caminhão que leva os grãos até o Porto Organizado<br />
de Porto Velho retornará às áreas produtoras com<br />
fertilizantes.
46 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
pecuária<br />
$$$$<br />
Arrobas mais lucrativas<br />
Experimento realizado por produtores do<br />
cone sul mostra que a pecuária pode ser<br />
muito mais rentável que a agricultura. Mas é<br />
preciso investir da “porteira para dentro’’
47<br />
Textos: Sandro André<br />
Fotos: Sandro André/Arquivo Seagri/Decom-RO<br />
Um estudo recente desenvolvido em<br />
Rondônia mostra que a pecuária possui<br />
todas as condições para continuar sendo<br />
mais interessante economicamente que<br />
a agricultura, superando, inclusive, a produção<br />
de soja no cone sul. Mas, para atingir<br />
esse patamar de lucro, é preciso investir na<br />
atividade.<br />
O levantamento foi realizado por pecuaristas<br />
associados da Copama – Cooperativa<br />
Mista Agroindustrial da Amazônia, que tem<br />
sede em Vilhena. Eduardo Sartor, Vinicius<br />
Paiva e Walter Conti fizeram o experimento<br />
em seus rebanhos durante um período médio<br />
de 112 dias.<br />
Ao todo, foram monitorados cerca de<br />
mil animais, divididos em quatro lotes distintos,<br />
dentro da estação das águas, entre o<br />
final de 2013 e os primeiros meses de 2014.<br />
Todos os animais receberam alimentação<br />
suplementar fornecida pela cooperativa. O<br />
resultado final foi surpreendente.<br />
“Conseguimos obter um ganho líquido de
48 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
quase nove vezes a lucratividade média por<br />
hectare em Rondônia”, explica Eduardo Sartor.<br />
O sistema adotado pelos criadores permite<br />
obter um boi acabado, de vinte arrobas,<br />
pronto para o abate, num prazo de dois anos.<br />
“O normal na atividade é alcançar esse<br />
peso num período de três a quatro anos”, diz<br />
Sartor. Além disso, os pecuaristas conseguiram<br />
atingir uma produção de quatro unidades-animais<br />
(UA) por hectare, ou seja, quatro<br />
vezes a média rondoniense.<br />
Rentabilidade | “Hoje, o pecuarista tem<br />
um resultado médio de cinco arrobas por animal,<br />
mas com um custo de três arrobas, gerando<br />
um lucro líquido de duas arrobas. Considerando<br />
o valor de R$ 120 por arroba do boi<br />
gordo, o lucro médio do produtor hoje é de R$<br />
240 por hectare por ano”, afirma Sartor.<br />
Com o novo sistema de produção, o lucro<br />
líquido foi equivalente a R$ 60 por arroba<br />
produzida. “Tivemos um ganho médio de<br />
peso de oito arrobas por animal, multiplicado<br />
por quatro animais por hectare, o experimento<br />
teve um resultado líquido de R$<br />
1.920 por hectare”, garante.<br />
Arrendamento | De acordo com Sartor, muitos<br />
pecuaristas estão optando por arrendar suas<br />
terras para produtores de soja na região. “Hoje,<br />
a pecuária rende em média uns R$ 240 por hectare,<br />
valor que corresponde a 4,36 sacas de soja,<br />
numa cotação média de R$ 55 a saca”, explica.<br />
“Sabemos que, com o arrendamento para<br />
a produção de soja, esse mesmo proprietário<br />
recebe em torno de oito sacas, ou seja, um ganho<br />
líquido anual de R$ 440 por hectare, sem<br />
precisar fazer nada”, diz. “Porém, apesar de<br />
lucrar o dobro da média, isso na prática significa<br />
abandonar a atividade”, compara.<br />
Para Sartor, o lucro do arrendamento, de<br />
oito sacas por hectare, é pequeno se comparado<br />
com o resultado de R$ 1.920 por hectare<br />
(que corresponde a 34,9 sacas por hectare),<br />
obtido através das novas práticas adotadas<br />
pelos três pecuaristas do cone sul.<br />
Da porteira para dentro<br />
stamos propondo um novo conceito de<br />
“Eprodução de gado, que envolve uma série de<br />
medidas, como a recomposição das áreas degradadas,<br />
a utilização de tipos de pastagens mais adequadas, a<br />
recuperação de instalações como cochos, sistemas<br />
viários, cercas e currais, além do uso da<br />
suplementação nutricional”.<br />
Segundo Sartor, o investimento<br />
médio é de R$ 1 mil por<br />
hectare. “Queremos<br />
recuperar a pecuária da porteira para dentro”, diz.<br />
“Hoje, a agricultura para ser competitiva precisa de<br />
tecnologia, agora pergunto, por quê não podemos<br />
fazer o mesmo com a pecuária? Por quê não investir<br />
na renovação da atividade?”
49<br />
Experiência bem-sucedida<br />
Cerca de mil animais receberam a suplementação<br />
nutricional oferecida pela cooperativa Copama.<br />
Eles foram divididos em quatro lotes: dois em<br />
Cerejeiras, um em Vilhena e outro em Chupinguaia.<br />
Foram utilizados dois tipos de capim: Brachiaria<br />
Brizantha e Brachiaria Marandu. Os rebanhos foram<br />
divididos em Nelore e cruzado; Aberdeen e cruzado; e<br />
sem raça definida.<br />
Os lotes também foram divididos por idade:<br />
garrotes de 12 meses, de 17 a 18 meses, de 18 a 24<br />
meses, e bois inteiros de dois anos a dois anos e meio.<br />
Três lotes iniciaram o experimento em novembro de<br />
2013 e tiveram entre quatro e seis meses de duração.<br />
O quarto lote teve início em janeiro de 2014 e foi<br />
analisado durante quatro meses.<br />
O custo da arroba produzida teve variação entre<br />
R$ 40 e R$ 52. O ganho de peso ficou entre 243 e<br />
391 quilos. A diferença se deu em função do período<br />
de tempo analisado, da utilização de maior ou menor<br />
quantidade de suplementos, do tipo de gramínea e da<br />
raça do rebanho, entre outros aspectos. “O importante<br />
é que, em todos os lotes pesquisados, os resultados<br />
foram altamente satisfatórios”, conclui Sartor.<br />
Conseguimos obter um ganho líquido<br />
de quase nove vezes a lucratividade<br />
média por hectare em Rondônia<br />
Eduardo Sartor<br />
Tecnologia melhora produtividade<br />
Copama – Cooperativa Mista Agroindustrial da Amazônia – inaugurou há<br />
A cerca de um ano a sua fábrica de rações para animais. Com capacidade<br />
instalada para produzir duas mil toneladas de ração por mês, a unidade<br />
industrial é totalmente informatizada e tem avançados processos de produção.<br />
Um importante diferencial para os cooperados é o preço – até 30%<br />
menores que os valores praticados no mercado. “Temos um produto de<br />
qualidade e conseguimos atender nossos cooperados com preços reduzidos,<br />
exatamente porque trabalhamos no regime de cooperativismo, sem<br />
finalidade de lucro”, diz o gerente da cooperativa, Giandré Torrezan.<br />
A ração animal é um insumo importante, por exemplo, para os produtores<br />
leiteiros, em especial na estação seca. “É a garantia de uma alimentação de<br />
boa qualidade ao rebanho, com menores custos”, explica Giandré.<br />
A cooperativa também investe em técnicas modernas para aprimorar a<br />
genética do gado leiteiro. Em seu laboratório de embriologia, são utilizadas técnicas<br />
de fertilização in vitro (FIV), chamadas popularmente de “bezerro de proveta”.<br />
As novas tecnologias permitirão dar um salto na produtividade leiteira por<br />
vaca, numa única geração. Todas essas técnicas<br />
estão acessíveis aos cooperados. “Hoje, todos os<br />
produtores rurais de todo o Estado de Rondônia<br />
podem ser cooperados da Copama”, conclui.
50 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
história<br />
A memória viva<br />
do cooperativismo<br />
Associado número 001 da Credisul,<br />
João Carlos relembra o nascimento do<br />
cooperativismo de crédito na região e<br />
os desafios superados pela cooperativa<br />
para se tornar a principal instituição<br />
financeira do cone sul do estado<br />
Textos e fotos: Sandro André<br />
João Carlos de Freitas faz parte do seleto<br />
grupo de pioneiros do cooperativismo de<br />
crédito do cone sul do estado. Ele é um dos 35<br />
associados que fundaram a Cooperativa Credisul,<br />
de Vilhena, em 1999.<br />
Em seu escritório de engenharia, foi redigido<br />
o estatuto social da entidade e ali funcionou<br />
o primeiro endereço oficial da cooperativa.<br />
Por seu empenho pessoal, acabou se<br />
tornando o associado detentor da conta de<br />
número 001 da Credisul.<br />
Ocupou o posto de vice-presidente durante<br />
o mandato da primeira diretoria, que teve como<br />
seu presidente Ilário Ilário Bodanese Nas duas<br />
gestões seguintes, João Carlos foi o presidente da
51<br />
João Carlos de Freitas destacou<br />
a primeira colocação da<br />
Credisul no item “Market Share”<br />
dentro do ranking nacional de<br />
cooperativas do Sicoob<br />
Cheque garantido | “No início tínhamos<br />
uns duzentos cooperados e o grande<br />
desafio era mostrar que a nossa cooperativa,<br />
apesar de nova, possuía segurança e solidez<br />
financeira”, conta.<br />
“Para demonstrar nossa confiabilidade, adotamos<br />
o seguinte lema: ‘cheque<br />
da Credisul não volta”, lembra. “O<br />
resultado foi que, para o comércio,<br />
nosso cheque passou a ser preferencial<br />
em relação a qualquer outro<br />
banco ou instituição financeira,<br />
pois sabia que ele não iria voltar”.<br />
Com essa política, que permaneceu<br />
durante seus primeiros<br />
anos, a cooperativa ganhou fôlego<br />
para crescer. Hoje, possui o maior<br />
capital social do estado, a maior<br />
participação de mercado, e se tornou<br />
o principal agente de liquidez<br />
financeira da porção sul de Rondônia,<br />
sendo o grande parceiro financeiro<br />
de milhares de rondonienses.<br />
Taxas reduzidas | “Ao trabalhar<br />
com a cooperativa, aprendemos<br />
sobre a visão social do<br />
cooperativismo”, diz. “Contrariando<br />
a norma adotada pela<br />
maioria das cooperativas, decidimos<br />
depositar todas as sobras, ou<br />
seja, todo o resultado financeiro<br />
do ano, diretamente na conta dos<br />
cooperados”.<br />
“Também reduzimos muito as<br />
nossas tarifas, que são as menores<br />
entre todas as instituições da região”,<br />
explica. “Essa política fez com<br />
que a cooperativa crescesse mais e<br />
mais, e nos tornamos um “case” entre<br />
as instituições financeiras”.<br />
Renovação | João Carlos de<br />
Freitas, que durante anos foi<br />
membro do conselho administrativo<br />
e financeiro, explica que<br />
um dos principais motores para<br />
o crescimento da cooperativa é a<br />
renovação constante de seu quadro<br />
de diretores e conselheiros.<br />
“Nos primeiros mandatos,<br />
adotamos uma política mais<br />
conservadora, de crescimento<br />
gradual”, explica.<br />
“Com a diretoria atual, que<br />
tem uma visão mais moderna, de<br />
abertura dos negócios, tivemos um<br />
crescimento que impressiona”, diz.<br />
“Tanto é verdade que a Credisul<br />
ficou no topo nacional das cooperativas<br />
do Sicoob por seu desempenho<br />
em Market Share”.<br />
Como reflexo das decisões tomadas<br />
pela Credisul, representantes<br />
do Sicoob nacional e até<br />
mesmo do Banco Central vieram<br />
até a cooperativa para conhecer<br />
melhor a gestão adotada pela instituição<br />
para alcançar resultados<br />
tão expressivos.<br />
entidade, que hoje tem o empresário Ivan Capra<br />
na presidência, já em seu segundo mandato.<br />
Memória viva dos primeiros passos da Credisul,<br />
João Carlos conta que a cooperativa foi<br />
aberta com um capital social de R$ 537 mil.<br />
Quinze anos depois, essa mesma instituição,<br />
ligada ao Sicoob, controla hoje mais de 50%<br />
de toda a movimentação financeira dos municípios<br />
do cone sul, enquanto a média nacional<br />
de participação das cooperativas é de 3%.<br />
Da engenharia para a pecuária<br />
João Carlos chegou a Vilhena em 1989. Formado em Engenharia<br />
Elétrica pela USP, em 1977, deixou a cidade de Maringá para se<br />
tornar pecuarista em Rondônia.<br />
“Meu pai era pecuarista no Paraná, segui esse mesmo caminho<br />
vindo a Rondônia com meus familiares”, conta.<br />
Há cinco anos, como parte de sua experiência dentro do<br />
cooperativismo de crédito, concluiu o MBA em Gestão Financeira pela<br />
Fundação Getúlio Vargas (RJ).<br />
Empreendedor de sucesso, lançou recentemente um condomínio<br />
em Vilhena, com cerca de 530 unidades comercias e residenciais.<br />
“Trata-se de um empreendimento com muitas áreas verdes e foco na<br />
arborização”.<br />
Sobre o Sicoob, resume: “é o parceiro ideal para o empreendedor”.
52 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
meio ambiente<br />
Paz revolucionária<br />
Uma multa da prefeitura levou a dentista de<br />
Vilhena a abandonar a profissão que exerceu<br />
por mais de vinte anos. Começava, então,<br />
mais uma história de sucesso empresarial<br />
Textos: Sandro André<br />
Fotos: Sandro André/Arquivo Patricia Paz<br />
empresária vilhenense Patricia Paz tem<br />
A uma história nada comum. Dentista por<br />
mais de vinte anos, ela decidiu mudar radicalmente<br />
de atividade depois de ter sido<br />
multada pela prefeitura, em 2007, por não<br />
dar a destinação correta ao lixo gerado por<br />
sua clínica odontológica.<br />
“A partir daquele episódio, decidi aprender<br />
tudo que fosse relacionado a esse assunto”,<br />
diz. Patricia fez especialização na área ambiental<br />
e investiu cerca de R$ 5 milhões no<br />
projeto, em parceria com o marido, Erivelton<br />
Giordani, e com o sócio e amigo Ivan Capra.<br />
O resultado foi a empresa Paz Ambiental,<br />
a primeira em Rondônia a atuar no gerenciamento<br />
de resíduos de alto risco para o meio<br />
ambiente e para a saúde humana. “O fato<br />
de ter sido pioneira em buscar tecnologia e<br />
as certificações necessárias para atuar nessa<br />
área foi fundamental para o sucesso da empresa”,<br />
conta Patricia.
53<br />
Incineração | Primeira empresa certificada<br />
neste segmento no estado, a Paz Ambiental<br />
incinera e dá tratamento ambientalmente<br />
correto a inúmeros resíduos perigosos, como<br />
o lixo hospitalar e odontológico (seringas, gazes,<br />
luvas e embalagens contaminadas), medicamentos<br />
com prazo de validade vencido e<br />
até sobras de combustíveis.<br />
Por mês, a unidade industrial coleta, processa<br />
e incinera cerca de 70 toneladas de resíduos<br />
– que antes eram simplesmente despejados<br />
em lixões, a céu aberto. Agora, todo<br />
este material é reduzido a cinzas em fornos<br />
que atingem 1.000°C.<br />
Os gases resultantes da queima também<br />
recebem tratamento especial – são “lavados”<br />
numa mistura de água e soda cáustica. Os líquidos<br />
são tratados numa estação de efluentes. A<br />
planta industrial tem cerca de mil metros quadrados<br />
e fica a sete quilômetros do município.<br />
Com mais de 1.500 clientes em Rondônia,<br />
Acre e Mato Grosso, a empresa fatura<br />
cerca de R$ 3,6 milhões por ano e emprega<br />
mais de 30 funcionários.<br />
O fato de ter sido pioneira em<br />
buscar a tecnologia e as certificações<br />
necessárias para atuar nessa área foi<br />
fundamental para o sucesso da empresa<br />
Prêmios para a Paz<br />
Patricia Paz<br />
Como resultado de seu trabalho, Patrícia Paz vem colecionando<br />
prêmios nacionais e internacionais nos últimos anos. O mais<br />
importante deles foi concedido há dois anos, em Doha, no Qatar,<br />
onde Patrícia e outras oito mulheres empreendedoras foram<br />
homenageadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e<br />
Desenvolvimento (Undact), entidade ligada à ONU.<br />
No ano passado, Patricia foi homenageada em São Paulo, ao lado de<br />
um seleto grupo de empresárias, pela revista Claudia, da Editora Abril. Além<br />
do prêmio, Patrícia foi capa da tradicional revista feminina, de circulação<br />
nacional. Recebeu também o Prêmio do Instituto Internacional Chico<br />
Mendes (São Paulo, 2013) e o Prêmio Sebrae Mulher (Brasília, 2011).<br />
Com mais de 1.500 clientes em Rondônia,<br />
Acre e Mato Grosso, a empresa fatura<br />
cerca de R$ 3,6 milhões por ano e<br />
emprega mais de 30 funcionários
54 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
resíduos<br />
Em harmonia com<br />
o meio ambiente<br />
Allan Müller:<br />
sustentabilidade<br />
ambiental e<br />
geração de<br />
emprego e<br />
renda pelo<br />
cooperativismo<br />
Aterros sanitários substituem antigos<br />
lixões a céu aberto, eliminam impacto<br />
ao meio ambiente e geram emprego<br />
e renda para dezenas de famílias<br />
Textos e fotos: Sandro André<br />
primeiro aterro sanitário construído pela<br />
O iniciativa privada em Rondônia começou<br />
a funcionar há cerca de um ano, em Vilhena.<br />
A empresa MFM Construções Ambientais e<br />
Saneamento, dos sócios Allan Müller e Fausto<br />
Moura, está construindo outros dois aterros,<br />
em Ji-Paraná e Cacoal. Ambos deverão ficar<br />
prontos até dezembro.<br />
Diferente dos antigos “lixões” a céu aberto,<br />
o aterro sanitário não tem impacto sobre<br />
Lei põe fim aos “lixões”<br />
Lei 12.305, de 2010, determinou a todos<br />
A os municípios brasileiros um prazo<br />
de quatro anos para implantar os aterros<br />
sanitários e acabar com os lixões a céu aberto.<br />
O prazo final concedido pela legislação federal<br />
se encerrou no dia 2 de agosto de 2014.<br />
A lei instituiu a Política Nacional de<br />
Resíduos Sólidos e prevê punições severas<br />
sobre os gestores municipais, que vão da<br />
perda dos direitos políticos até sua prisão,<br />
além de multas que podem chegar aos R$ 50<br />
milhões.
55<br />
o meio ambiente. Além disso, gera empregos<br />
aos separadores do lixo, que são organizados<br />
em cooperativas. Mensalmente, em Vilhena,<br />
são separadas cerca de 200 toneladas mensais<br />
de plásticos, além de outros materiais como<br />
ferro, vidro etc.<br />
O investimento em cada aterro é de aproximadamente<br />
R$ 6 milhões. Em cada local, são<br />
gerados cerca de 100 empregos diretos e indiretos.<br />
Em Vilhena, que recebe os resíduos de<br />
outros cinco municípios, são despejadas cerca<br />
de 150 toneladas de lixo todos os dias. Ji-Paraná<br />
e Cacoal deverão receber o lixo de 30 cidades<br />
da zona da mata e região central do estado.<br />
Estrutura | Ao chegar ao aterro, os caminhões<br />
de lixo passam por uma balança e<br />
seguem para o depósito, que é dividido em<br />
células. Todos os dias, o lixo depositado é<br />
imediatamente recoberto, ou seja, não fica<br />
exposto. As células contam com mantas especiais<br />
que evitam o contato direto do lixo com<br />
o solo e também com a água do subsolo.<br />
O chorume, líquido resultante da decomposição<br />
do lixo orgânico no interior destas células,<br />
é canalizado para os tanques ou lagoas de<br />
decantação. Posteriormente, passa por filtros.<br />
Por enquanto, o gás resultante da fermentação<br />
ainda é queimado, mas o projeto prevê<br />
a construção de biodigestores para o aproveitamento<br />
desses gases como combustível. O<br />
aterro de Vilhena tem 480 hectares e foi construído<br />
para funcionar pelos próximos 50 anos.<br />
Desafio | Para o empresário Allan Müller,<br />
construir toda essa estrutura dentro de rígidos<br />
padrões ambientais representou um grande<br />
desafio. “Foi um grande investimento em termos<br />
financeiros, em estudos e em tecnologia,<br />
mas todo o esforço compensou, pois somos a<br />
primeira empresa de Rondônia a operar com<br />
estruturas nesse nível de complexidade”, diz.<br />
De acordo com o empreendedor, outro fator<br />
muito importante é o lado humano, representado<br />
pelas pessoas que trabalham com a<br />
separação do material que poderá ser reciclado<br />
e reaproveitado pelas indústrias.<br />
“Construímos uma estrutura completa<br />
para os trabalhadores, com vestiários, refeitórios,<br />
sala de descanso e uma área apropriada<br />
para a seleção dos resíduos”, diz Allan,<br />
que é associado da Cooperativa Credisul, do<br />
Sicoob, em Vilhena.<br />
Algumas empresas de Porto Velho já se<br />
interessaram em comprar os plásticos separados.<br />
Todo o resultado financeiro obtido com<br />
a venda desses materiais é revertido para as<br />
cooperativas e associações de catadores.<br />
Tempo de decomposição<br />
Caixa de<br />
papelão<br />
2<br />
meses<br />
Jornal<br />
6<br />
meses<br />
Chicletes<br />
5<br />
anos<br />
Madeira<br />
pintada<br />
13<br />
anos<br />
Lata<br />
de aço<br />
50<br />
anos<br />
Copo<br />
plástico<br />
50<br />
anos<br />
Lata de<br />
alumínio<br />
200<br />
anos<br />
Garrafa plástica<br />
450 anos<br />
Lixo radioativo<br />
250 mil anos<br />
Vidro<br />
Indeterminado
56 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
segurança<br />
Big Brother Rondônia<br />
Adquirido com apoio da Cooperativa Credisul, moderno<br />
sistema de monitoramento por câmeras tem ajudado<br />
a reduzir os índices de criminalidade em Vilhena<br />
O sistema é dotado<br />
de 20 câmeras<br />
de segurança e<br />
funciona 24 horas<br />
por dia<br />
Textos: Sandro André<br />
Fotos: Sandro André/Arquivo PM-RO<br />
Polícia Militar de Vilhena conta, desde<br />
A o ano passado, com um importante reforço<br />
no combate à criminalidade da região.<br />
Um moderno sistema de monitoramento por<br />
câmeras instaladas em pontos estratégicos da<br />
cidade tem colaborado para reduzir os índices<br />
de crimes e violência nas ruas.<br />
O sistema, dotado de 20 câmeras, funciona<br />
24 horas e foi adquirido através de uma parceria<br />
da Cooperativa Credisul, do Sicoob, da<br />
Associação Comercial e Industrial e da Prefeitura,<br />
e custou cerca de R$ 665 mil.<br />
De acordo com o coronel Paulo Sergio Vieira<br />
Gonçalves, comandante do batalhão da PM, houve<br />
forte redução principalmente nos crimes mais<br />
graves, como homicídios, estupros e assaltos.<br />
As ocorrências de trânsito também diminuíram<br />
após a implantação do sistema (veja o quadro).<br />
O sucesso do monitoramento inspirou<br />
outros municípios do estado a fazer investimento<br />
semelhante. Cerca de dez municípios<br />
rondonienses já manifestaram interesse em<br />
instalar as câmeras.<br />
Visão além do alcance<br />
As câmeras possuem movimento horizontal de 360° e vertical<br />
de 180°. O alcance das lentes é de até 30 vezes, suficiente para<br />
identificar com precisão a placa de um carro a 600 metros de distância<br />
do equipamento.<br />
As imagens ficam armazenadas por cinco anos e permanecem<br />
disponíveis para serem utilizadas como prova em processos judiciais.<br />
As imagens são enviadas para quatro estações receptoras, controladas<br />
numa sala de monitoramento que funciona 24 horas.
57<br />
Antes e depois das câmeras<br />
Ocorrências em geral Antes Após Redução<br />
Homicídios 24 20 -16,66%<br />
Estupros 26 22 -15,38%<br />
Roubos a transeunte 123 77 -37,40%<br />
Roubos de veículos 9 8 -11,11%<br />
Roubos no comércio 93 61 -34,41%<br />
Roubos em residências 28 22 -21,43%<br />
Furtos a transeunte 42 32 -23,81%<br />
Furtos de veículos 187 154 -17,64%<br />
Furtos em residências 804 769 -4,68%<br />
Outros furtos 163 70 -57,06%<br />
Danos ao patrimônio público 38 29 -23,68%<br />
Ocorrências de trânsito Antes Após Redução<br />
Acidentes de trânsito 1.135 889 -21,76%<br />
Infrações de trânsito 7.336 6.787 -7,48%<br />
* Comparação entre os períodos de julho/2012 a junho/2013 (antes) e de julho/2013 a junho/2014 (depois)<br />
Cenas de um acidente<br />
Houve redução nos crimes mais graves,<br />
como homicídios, estupros e assaltos.<br />
As ocorrências de trânsito também diminuíram<br />
após implantar o sistema<br />
Coronel Paulo Sergio Vieira Gonçalves<br />
primeiro acidente de<br />
O trânsito flagrado pelas<br />
câmeras envolveu uma<br />
ciclista. Ela é atropelada<br />
por um automóvel que<br />
ignora a preferencial. A<br />
moça chega a rolar por cima<br />
do capô do carro antes<br />
de cair. Felizmente, nada<br />
de mais grave acontece.<br />
Ela se levanta, apanha sua<br />
bicicleta e sai caminhando<br />
normalmente.
58 Sócios&Negócios 01 | dezembro 2014<br />
NOTAS<br />
Triunfo<br />
Fora da capital, uma grande cavalgada reuniu os<br />
voluntários e o público presente no distrito de<br />
Triunfo, a 100 quilômetros de Porto Velho, para<br />
a realização do leilão Direito de Viver, evento que<br />
contou com o apoio do Sistema Sicoob Norte.<br />
Direito de Viver<br />
Mais de 300 voluntários do Sistema Sicoob<br />
Norte e instituições parceiras dedicaram<br />
o domingo, 16 de setembro, para colaborar<br />
com a realização do 2º Leilão Direito de Viver<br />
em Porto Velho.<br />
Educação financeira<br />
Especialização | “Os interessados podem usufruir com descontos especiais<br />
dos cursos de graduação, pós-graduação, cursos rápidos e MBA”, afirma o diretor<br />
comercial da Porto/FGV, Rodrigo Campos. “Estamos felizes em contribuir com desenvolvimento<br />
educacional dos profissionais e familiares por meio dessa parceria”,<br />
assinala Pedro Severino, diretor da Cooperativa Sicoob Credip, de Pimenta Bueno.<br />
Workshop de Negócios<br />
A<br />
Convênio com a FGV<br />
Faculdade Porto/FGV firmou convênio<br />
A para os cursos de graduação e<br />
especialização com descontos exclusivos<br />
aos cerca de 800 colaboradores do Sistema<br />
Sicoob Norte. Os benefícios são extensivos aos<br />
familiares dos colaboradores, nos estados de<br />
Rondônia, Amazonas e Acre e Roraima.<br />
Cooperativa Credisul, de Vilhena, recebeu em julho os diretores das cooperativas que<br />
integram o Sistema Sicoob Norte, durante a realização do WorkShop de Negócios. O<br />
encontro foi aberto pelo diretor-presidente do Sistema Sicoob Norte, Ivan Capra.<br />
Cooperativa Portocredi, de Porto Velho, está<br />
A ajudando a promover a educação financeira<br />
em distritos como o de União Bandeirantes, a 160<br />
quilômetros da capital. O trabalho envolve visitas<br />
às escolas públicas. “As crianças aprendem sobre<br />
a importância de poupar e depois comentam com<br />
seus pais, isso traz mudanças positivas para todas<br />
essas famílias”, revela o diretor-presidente da<br />
cooperativa, Henrique Egea Pacheco.<br />
novo hospital<br />
O evento, promovido em favor da<br />
construção do Hospital de Câncer da<br />
Amazônia, teve várias apresentações<br />
culturais, comercialização de mais<br />
de cinco mil camisetas, almoço e o já<br />
tradicional leilão.<br />
Arrecadação Tratores,<br />
quadriciclos e diversos animais estavam<br />
entre os prêmios a serem leiloados,<br />
num total de 160 lotes. Somente com as<br />
vendas das camisetas e a comercialização<br />
do almoço, foram arrecadados cerca de<br />
duzentos e cinquenta mil reais.
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