05.12.2017 Views

Revista Curinga Edição 01

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

De cara limpa<br />

“Nem todo mundo ri, mas<br />

tem sempre alguém que vai<br />

rir”, conta Eduardo Guimarães,<br />

comediante adepto do standup.<br />

Du, como é conhecido, faz<br />

parte da nova geração que aposta<br />

no formato comédia de cara<br />

limpa e nas redes sociais como<br />

instrumento de divulgação e de<br />

termômetro do trabalho.<br />

O Stand-up Comedy ou<br />

Comédia em Pé é um gênero de<br />

se fazer comédia que surgiu nos<br />

Estados Unidos, caracterizado<br />

pela fuga das piadas tradicionais<br />

para o uso de análises<br />

cômicas do cotidiano. Segundo<br />

o site Stand Up Comedy do<br />

Brasil, esse tipo de atuação tem<br />

algumas regras. É proibido ao<br />

comedian (aquele que faz o<br />

stand-up) o uso de maquiagem,<br />

figurino, e cenário elaborado<br />

ou efeitos de som. Só resta ao<br />

comediante o palco, o microfone<br />

e, claro, o público. “É preciso<br />

muita observação, muitos textos<br />

e testes em rodas de amigos<br />

ou via redes sociais. Um método<br />

eficaz é usar o exagero para<br />

trazer o humor”, revela.<br />

A maior aposta desse gênero<br />

é satirizar as questões rotineiras,<br />

inclusive características<br />

físicas ou comportamentais<br />

dos próprios comediantes. Os<br />

precursores desse formato no<br />

Brasil são Zé Vasconcelos e Chico<br />

Anysio. Hoje, fica impossível<br />

enumerar todos os comedians,<br />

prova da disseminação do<br />

estilo. Entretanto, o resultado<br />

desse tipo de apresentação nem<br />

sempre são gargalhadas. Com<br />

o crescimento do stand-up,<br />

intensifica-se a discussão entre<br />

o que é humor e o que é ofensa.<br />

Um dos casos mais recentes,<br />

envolvendo o humorista Rafinha<br />

Bastos e suas declarações<br />

sobre a cantora Wanessa e o<br />

filho dela, divide opiniões entre<br />

população, mídia, críticos e não<br />

há um consenso até mesmo entre<br />

os comediantes. Afinal, cada<br />

um carrega suas impressões<br />

do que vem a ser engraçado ou<br />

não. Para a socióloga Giulle da<br />

Matta, “o humor é uma crítica<br />

social que deve ser levada com<br />

responsabilidade e, quando foge<br />

dessa característica, ele se torna<br />

agressivo e grotesco”. Já Eduardo<br />

acredita que essas situações<br />

são levadas muito a sério. “Todo<br />

mundo quer defender todo<br />

mundo. O preconceito está mais<br />

na cabeça de quem ouve e usa<br />

a piada para acusar, do que na<br />

de quem conta. Não é à toa que<br />

chama piada. É uma situação<br />

inventada que às vezes nem<br />

mesmo o próprio comediante<br />

faria”, ressalta.<br />

Os Eduardos parecem lidar<br />

naturalmente com a missão de<br />

fazer as pessoas rirem e se sentem<br />

responsáveis e gratificados<br />

por oferecer um passaporte ao<br />

imaginário. As pessoas, mesmo<br />

que por poucos instantes, são<br />

desconectadas do mundo real e<br />

dos problemas cotidianos. E é<br />

isso que buscamos por instinto<br />

na televisão, no cinema, no teatro,<br />

no circo ou mesmo em um<br />

grupo de amigos. Algo que nos<br />

cure das sequelas do cotidiano,<br />

pois, como vovó dizia, “rir é o<br />

melhor remédio.”<br />

Sem fantasia: Du e a<br />

comédia escancarada do<br />

Stand-up.<br />

Fotos: Luiza Lourenço e leandro sena<br />

25<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!