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Revista Fevereiro Final Final

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29<br />

Em contraste com as freguesias que apresentaram<br />

altos percentuais de negociações de<br />

engenhos, os lugarejos mais próximo da<br />

Vila/Cidade de Mariana como o Itacolomi<br />

foram pouco representadas nas compras e<br />

vendas de engenhos, tendo ambas as localidades<br />

o percentual de 10,3% dos seus totais<br />

de negociações. Outras nem sequer aparecem<br />

nos dados desse tipo de propriedade<br />

rural, como o distrito de Passagem.<br />

Comparando a referência aos matos virgens<br />

nas localidades apontadas temos que: no<br />

distrito da Passagem, talvez pelo relevo (onde<br />

não houve registro de negociação de engenho)<br />

2,2% das escrituras informaram a presença<br />

desse importante fator da reprodução<br />

agrícola, na área definida como Vila/Cidade de<br />

Mariana apenas 11%, percentuais baixos se<br />

comparados aos de Sumidouro (24,5%) e<br />

Furquim (30,9%), e um pouco menos destoantes<br />

(mas ainda sim inferiores) aos de São<br />

Caetano (14,7%) e de Camargos.<br />

Contudo, é importante lembrar que todas<br />

essas são áreas onde a mineração foi o fator<br />

essencial no processo de conformação do<br />

espaço agrário, que também agia como uma<br />

espécie de fronteira, ou fator limitador, da<br />

expansão da posse do produtor agrícola, o<br />

qual muitas vezes era também minerador.<br />

Conjugando as duas atividades, por mais<br />

benefícios que houvesse nessa diversificação<br />

e sem detrimento de uma pela outra atividade,<br />

poderia haver certa limitação do proprietário<br />

de terras rurais e minerais tanto no acesso a<br />

terras produtivas de plantio nos arredores das<br />

lavras- pois estas estavam quase sempre em<br />

poder de outro minerador/agricultor- quanto na<br />

posse dos escravos, cujo número nem sempre<br />

era força de trabalho suficiente para a ampliação<br />

da sua atividade em diferentes setores<br />

econômicos. Nesse caso, a formação das<br />

sociedades poderia cumprir o importante<br />

papel de fomentar a diversificação/aumento da<br />

produtividade pela divisão de custos e multiplicação<br />

dos investimentos.<br />

Assim, nas áreas onde foi possível expandir o<br />

espaço produtivo por compra de terras próximas,<br />

posse simples delas ou concessão de<br />

sesmaria houve maior registro de negociações<br />

de engenhos. O caso dos engenhos em São<br />

José da Barra Longa possui outro norteamento.<br />

Essa freguesia não sofreu o rápido e intenso<br />

povoamento de outras- como a freguesia da<br />

Vi l a / C i d a d e d e M a r i a n a , F u r q u i m e<br />

Sumidouro- que surgiram no encalço dos<br />

primeiros anos de exploração aurífera. A<br />

participação da Freguesia de São José da<br />

Barra Longa no mercado das propriedades<br />

rurais foi tardia, iniciando-se apenas na década<br />

de 1740. Como área de fronteira aberta<br />

tornou-se viável o acesso às terras ainda não<br />

ocupadas em maiores extensões do que nas<br />

propriedades rurais que se estabeleceram na<br />

circunvizinhança das lavras minerais dos<br />

principais núcleos de mineração.<br />

Fato é que, com maior ou menor presença<br />

pelas freguesias que compuseram o termo de<br />

Mariana no século XVIII, a fabricação da<br />

aguardente nos engenhos ― corrente e<br />

moentes foi uma das atividades produtivas<br />

agrícolas que mais interessou aos moradores<br />

da região. Veja o a tabela baixo entre 1711 e<br />

1790, Mariana teve 2017 engenhos de<br />

cachaça. Hoje o número de alambiques em<br />

Mariana dá para contar nos dedos.<br />

Divulção Dia da Cachaça

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