especial varejo capitalização Diferenciados e atrativos Embora não sejam indicados para investimentos rentáveis, os títulos de capitalização são populares. Saiba como cada modalidade pode atender as necessidades de clientes e empresas Lívia Sousa 34
Os portadores de títulos de capitalização estão mantendo suas economias guardadas por mais tempo. Dados divulgados pela CNseg revelam que o segmento começou 2015 atingindo marca histórica: somente nos dois primeiros meses do ano, as reservas técnicas do setor chegaram a R$ 30,081 bilhões, valor 11,2% maior ante o registrado no mesmo período de 2014. “O valor reflete toda a base de títulos ativos do mercado. Isso é um ótimo sinal, já que ainda não temos uma cultura de poupança de longo prazo consolidada no País”, afirma o presidente da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), Marco Antonio Barros. Em meio à instabilidade econômica, fica a pergunta: seria a capitalização uma modalidade eficiente para se obter, assim como na caderneta de poupança, um bom retorno financeiro? Primeiramente, é preciso esclarecer que o produto é um instrumento diferenciado, não indicado para investimentos rentáveis. Segundo Gustavo Rosa, diretor de produtos de Capitalização da Icatu Seguros, em linhas gerais este tipo de produto conta apenas com a correção monetária e deve ser utilizado com o propósito de formar reserva. Por outro lado, para quem não tem acesso a produtos de investimento, a capitalização pode ser a única maneira de guardar dinheiro com segurança. Já aos que têm acesso, o título é uma forma mais descontraída de guardar recursos, mas sem programar aposentadoria ou focar toda a aplicação nestes produtos. Por lei, são comercializadas quatro modalidades de títulos de capitalização, todas adequadas para cada perfil de cliente e para cada projeto de vida. Na Compra Programada, por exemplo, a sociedade de capitalização garante ao titular, ao final da vigência, o recebimento do valor de resgate em dinheiro ou recebimento do bem ou serviço referenciado na ficha de cadastro. Já a modalidade Popular, de baixo tíquete, visa propiciar a participação do titular nos sorteios citados, sem que haja devolução integral dos valores pagos. A Tradicional tem por objetivo restituir ao titular, ao final do prazo de vigência, no mínimo, o valor total dos pagamentos efetuados pelo subscritor, desde que todos os pagamentos previstos tenham sido realizados nas datas programadas. Esta, inclusive, é a modalidade responsável por aproximadamente 87% dos títulos do mercado brasileiro de capitalização e tem como proposta básica também conjugar a acumulação de recursos com participação em sorteios. A aquisição pode ser feita em instituições bancárias. Porém, nos últimos anos, os canais de venda acompanharam a diversificação dos produtos, que agora passaram a ser comercializadas também por redes varejistas, call centers e online. O contratante pode quitar o produto sob a forma de pagamento único (PU), voltado a quem não quer assumir compromissos mensais, ou de pagamento mensal (PM) e periódico (PP), aderidos por clientes que não contam com renda fixa. Capitalização no meio corporativo Os títulos de capitalização não são destinados apenas às pessoas físicas. Há também soluções voltadas a empresas de segmentos e portes variados, como os Produtos de Incentivo. Contratado pelas pessoas jurídicas interessadas em desenvolver ações promocionais com seus clientes por meio de sorteios, o título funciona como uma espécie de alavanca de venda de produtos. De acordo com o diretor da Mapfre Consórcio e Capitalização, Renato Fernandes, ferramentas como esta ajudam as companhias a resolverem questões momentâneas. Um exemplo típico é quando grandes redes varejistas precisam “limpar” o estoque, situação em que o título funciona como um incentivo ao consumidor final. Até mesmo algumas companhias de cosméticos têm aderido a esta estratégia, além de multinacionais, companhias do setor alimentício e operadoras de telefonia e de cartão de crédito. “Com isso, a empresa tem a possibilidade de realizar campanhas diferenciadas dos concorrentes e fornecer prêmios que se diferenciam dos demais. Elas conseguem colocar essas ações no mercado de maneira única, com prazo inicial e final”, declara Fernandes. 35