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OPINIÃO<br />
Um gigante ainda adormecido<br />
Esperamos que, nos próximos anos, o etanol se torne uma das fontes<br />
energéticas diferenciadas mais valorizadas do mundo e o RenovaBio vai ajudar<br />
ANTONIO EDUARDO TONIELO (*)<br />
ORenovaBio foi criado<br />
para incentivar a participação<br />
de biocombustíveis<br />
na matriz<br />
energética nacional e cumprir<br />
uma das metas do Brasil no<br />
Acordo de Paris. As diretrizes<br />
foram aprovadas pelo Conselho<br />
Nacional de Política Energética<br />
em 2017, e, desde então, se<br />
criou uma esperança enorme<br />
de retomada de crescimento do<br />
setor sucroenergético.<br />
Isso porque, na prática, vai promover<br />
ganhos de eficiência<br />
energética, redução de emissão<br />
de gases de efeito estufa, estabilidade<br />
e previsibilidade para<br />
toda a cadeia. É um programa<br />
estruturante, que deixa claro<br />
qual é o papel dos biocombustíveis<br />
na matriz de transportes e<br />
de energia.<br />
Para cumprir a meta de produzir<br />
54 bilhões de litros nos próximos<br />
anos, será preciso investir<br />
em mais usinas e lavouras, indústrias<br />
de máquinas agrícolas<br />
e implementos, sementes, equipamentos<br />
industriais, indústria<br />
automobilística, pesquisa e desenvolvimento,<br />
postos de combustíveis<br />
e distribuição.<br />
A cadeia de cana é imensa, gera<br />
emprego e renda, desenvolve<br />
setores e cidades, mas estava<br />
esquecida e fora das políticas<br />
públicas nacionais. Esperamos<br />
que, nos próximos anos, nosso<br />
etanol se torne uma das fontes<br />
energéticas diferenciadas mais<br />
valorizadas do mundo. O RenovaBio<br />
vai ajudar a conquistarmos<br />
esse valor. Temos a expertise<br />
que nenhum outro país tem,<br />
disponibilidade de terra, clima<br />
favorável, tecnologia desenvolvida<br />
e infraestrutura.<br />
Se tivermos segurança e demanda,<br />
não faltarão investidores.<br />
Mas é preciso colocar na<br />
mesa as regras do jogo. A hora<br />
de atrairmos a atenção do resto<br />
do planeta é agora. Estamos falando<br />
de tecnologia com sustentabilidade.<br />
Esse é o lado brasileiro<br />
que empreende, trabalha,<br />
confia e cresce!<br />
A evolução deve começar pela<br />
cana energia, o etanol de segunda<br />
geração e na busca de<br />
solução de alguns impasses<br />
existentes à produção. O setor<br />
vai continuar incrementando a<br />
inserção da bioeletricidade na<br />
matriz elétrica. Segundo a Empresa<br />
de Pesquisa Energética, a<br />
capacidade instalada das plantas<br />
à biomassa que atendem ao<br />
Sistema Interligado Nacional alcançou<br />
13 GW no ano passado.<br />
E o bagaço de cana foi o principal<br />
combustível utilizado na geração<br />
de 85% do total. No caso<br />
do biodiesel, são esperados<br />
avanços importantes já em<br />
<strong>2018</strong>, com uma produção superior<br />
a 5 bilhões de litros, com<br />
percentual obrigatório de 10%<br />
de adição ao diesel. O biogás e<br />
o bioquerosene estão contemplados<br />
no RenovaBio e devem<br />
passar por grande desenvolvimento.<br />
Enfim, o RenovaBio está em<br />
total consonância com os programas<br />
globais de conservação<br />
do ambiente e da sustentabilidade.<br />
Se olharmos para o horizonte,<br />
o enxergaremos completamente<br />
favorável para a cadeia<br />
de biocombustíveis. Mas é preciso<br />
muita cautela. O RenovaBio<br />
ainda é um gigante adormecido<br />
e deve ser colocado em prática<br />
apenas em 2020.<br />
A safra <strong>2018</strong>/19 será ainda<br />
menor do que a de 2017/18 –<br />
com 640 milhões de toneladas.<br />
Os canaviais estão envelhecidos,<br />
com falhas e sofreram<br />
com as secas entre junho e novembro<br />
de 2017, que prejudicaram<br />
a brotação das soqueiras.<br />
Os produtores terão que<br />
cuidar dos canaviais para não<br />
comprometerem a renda no<br />
final da safra. O mix deve ser<br />
favorável ao etanol devido a<br />
queda do preço do açúcar no<br />
mercado internacional e da alta<br />
nas cotações de preços do petróleo.<br />
Isso vai contribuir para a recuperação<br />
dos preços do açúcar<br />
junto com a firme demanda por<br />
etanol no mercado interno. As<br />
novas relações de comercialização<br />
de etanol começaram a<br />
mudar no final de 2016, quando<br />
a Petrobras passou a adotar<br />
uma nova política de preços.<br />
Houve o aumento de PIS/Cofins<br />
sobre o etanol; em maio, atingiu-se<br />
o recorde de importação<br />
de gasolina; foi criada a alíquota<br />
de 20% para importação de etanol;<br />
a demanda e os preços do<br />
etanol avançaram; e, em outubro,<br />
as usinas começaram a<br />
mudar seu mix. Estamos em<br />
uma realidade positiva para o<br />
biocombustível, em um momento<br />
ímpar, em que o mercado<br />
está absorvendo essa mudança.<br />
A Organização Internacional do<br />
Açúcar estima uma produção<br />
mundial, em 2017/18, em<br />
179,45 milhões de toneladas,<br />
6,58% superior à temporada<br />
passada, devido ao crescimento<br />
na expectativa de colheita<br />
da Índia, União Europeia,<br />
Tailândia e China.<br />
O Brasil é o maior produtor de<br />
açúcar, com 39,46 milhões de<br />
toneladas em 2017/18. Porém,<br />
na safra <strong>2018</strong>/19 o país pode ter<br />
reduzida sua disponibilidade de<br />
açúcar. Há incertezas em relação<br />
ao percentual de cana que<br />
será destinado a produção. Isso<br />
pode ajudar na recuperação dos<br />
preços. Mas não podemos olhar<br />
apenas para a cana quando falamos<br />
em projeções para <strong>2018</strong>.<br />
Enfrentaremos a batalha da reforma<br />
da Previdência e o resultado<br />
das eleições presidenciais.<br />
Precisamos de grande engajamento<br />
de todos para eleger pessoas<br />
com ética, valores morais,<br />
honestidade e espírito empreendedor.<br />
Não podemos retroceder.<br />
Esse é o momento de os brasileiros<br />
se debruçarem sobre<br />
uma agenda positiva para o<br />
País. Temos que levar as eleições<br />
a sério. O Brasil precisa<br />
crescer, e isso depende de todos<br />
os brasileiros, não apenas<br />
de um setor.<br />
(*) Empresário e conselheiro<br />
da Unica<br />
2<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>