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Jornal Paraná Maio 2018

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OPINIÃO<br />

Um gigante ainda adormecido<br />

Esperamos que, nos próximos anos, o etanol se torne uma das fontes<br />

energéticas diferenciadas mais valorizadas do mundo e o RenovaBio vai ajudar<br />

ANTONIO EDUARDO TONIELO (*)<br />

ORenovaBio foi criado<br />

para incentivar a participação<br />

de biocombustíveis<br />

na matriz<br />

energética nacional e cumprir<br />

uma das metas do Brasil no<br />

Acordo de Paris. As diretrizes<br />

foram aprovadas pelo Conselho<br />

Nacional de Política Energética<br />

em 2017, e, desde então, se<br />

criou uma esperança enorme<br />

de retomada de crescimento do<br />

setor sucroenergético.<br />

Isso porque, na prática, vai promover<br />

ganhos de eficiência<br />

energética, redução de emissão<br />

de gases de efeito estufa, estabilidade<br />

e previsibilidade para<br />

toda a cadeia. É um programa<br />

estruturante, que deixa claro<br />

qual é o papel dos biocombustíveis<br />

na matriz de transportes e<br />

de energia.<br />

Para cumprir a meta de produzir<br />

54 bilhões de litros nos próximos<br />

anos, será preciso investir<br />

em mais usinas e lavouras, indústrias<br />

de máquinas agrícolas<br />

e implementos, sementes, equipamentos<br />

industriais, indústria<br />

automobilística, pesquisa e desenvolvimento,<br />

postos de combustíveis<br />

e distribuição.<br />

A cadeia de cana é imensa, gera<br />

emprego e renda, desenvolve<br />

setores e cidades, mas estava<br />

esquecida e fora das políticas<br />

públicas nacionais. Esperamos<br />

que, nos próximos anos, nosso<br />

etanol se torne uma das fontes<br />

energéticas diferenciadas mais<br />

valorizadas do mundo. O RenovaBio<br />

vai ajudar a conquistarmos<br />

esse valor. Temos a expertise<br />

que nenhum outro país tem,<br />

disponibilidade de terra, clima<br />

favorável, tecnologia desenvolvida<br />

e infraestrutura.<br />

Se tivermos segurança e demanda,<br />

não faltarão investidores.<br />

Mas é preciso colocar na<br />

mesa as regras do jogo. A hora<br />

de atrairmos a atenção do resto<br />

do planeta é agora. Estamos falando<br />

de tecnologia com sustentabilidade.<br />

Esse é o lado brasileiro<br />

que empreende, trabalha,<br />

confia e cresce!<br />

A evolução deve começar pela<br />

cana energia, o etanol de segunda<br />

geração e na busca de<br />

solução de alguns impasses<br />

existentes à produção. O setor<br />

vai continuar incrementando a<br />

inserção da bioeletricidade na<br />

matriz elétrica. Segundo a Empresa<br />

de Pesquisa Energética, a<br />

capacidade instalada das plantas<br />

à biomassa que atendem ao<br />

Sistema Interligado Nacional alcançou<br />

13 GW no ano passado.<br />

E o bagaço de cana foi o principal<br />

combustível utilizado na geração<br />

de 85% do total. No caso<br />

do biodiesel, são esperados<br />

avanços importantes já em<br />

<strong>2018</strong>, com uma produção superior<br />

a 5 bilhões de litros, com<br />

percentual obrigatório de 10%<br />

de adição ao diesel. O biogás e<br />

o bioquerosene estão contemplados<br />

no RenovaBio e devem<br />

passar por grande desenvolvimento.<br />

Enfim, o RenovaBio está em<br />

total consonância com os programas<br />

globais de conservação<br />

do ambiente e da sustentabilidade.<br />

Se olharmos para o horizonte,<br />

o enxergaremos completamente<br />

favorável para a cadeia<br />

de biocombustíveis. Mas é preciso<br />

muita cautela. O RenovaBio<br />

ainda é um gigante adormecido<br />

e deve ser colocado em prática<br />

apenas em 2020.<br />

A safra <strong>2018</strong>/19 será ainda<br />

menor do que a de 2017/18 –<br />

com 640 milhões de toneladas.<br />

Os canaviais estão envelhecidos,<br />

com falhas e sofreram<br />

com as secas entre junho e novembro<br />

de 2017, que prejudicaram<br />

a brotação das soqueiras.<br />

Os produtores terão que<br />

cuidar dos canaviais para não<br />

comprometerem a renda no<br />

final da safra. O mix deve ser<br />

favorável ao etanol devido a<br />

queda do preço do açúcar no<br />

mercado internacional e da alta<br />

nas cotações de preços do petróleo.<br />

Isso vai contribuir para a recuperação<br />

dos preços do açúcar<br />

junto com a firme demanda por<br />

etanol no mercado interno. As<br />

novas relações de comercialização<br />

de etanol começaram a<br />

mudar no final de 2016, quando<br />

a Petrobras passou a adotar<br />

uma nova política de preços.<br />

Houve o aumento de PIS/Cofins<br />

sobre o etanol; em maio, atingiu-se<br />

o recorde de importação<br />

de gasolina; foi criada a alíquota<br />

de 20% para importação de etanol;<br />

a demanda e os preços do<br />

etanol avançaram; e, em outubro,<br />

as usinas começaram a<br />

mudar seu mix. Estamos em<br />

uma realidade positiva para o<br />

biocombustível, em um momento<br />

ímpar, em que o mercado<br />

está absorvendo essa mudança.<br />

A Organização Internacional do<br />

Açúcar estima uma produção<br />

mundial, em 2017/18, em<br />

179,45 milhões de toneladas,<br />

6,58% superior à temporada<br />

passada, devido ao crescimento<br />

na expectativa de colheita<br />

da Índia, União Europeia,<br />

Tailândia e China.<br />

O Brasil é o maior produtor de<br />

açúcar, com 39,46 milhões de<br />

toneladas em 2017/18. Porém,<br />

na safra <strong>2018</strong>/19 o país pode ter<br />

reduzida sua disponibilidade de<br />

açúcar. Há incertezas em relação<br />

ao percentual de cana que<br />

será destinado a produção. Isso<br />

pode ajudar na recuperação dos<br />

preços. Mas não podemos olhar<br />

apenas para a cana quando falamos<br />

em projeções para <strong>2018</strong>.<br />

Enfrentaremos a batalha da reforma<br />

da Previdência e o resultado<br />

das eleições presidenciais.<br />

Precisamos de grande engajamento<br />

de todos para eleger pessoas<br />

com ética, valores morais,<br />

honestidade e espírito empreendedor.<br />

Não podemos retroceder.<br />

Esse é o momento de os brasileiros<br />

se debruçarem sobre<br />

uma agenda positiva para o<br />

País. Temos que levar as eleições<br />

a sério. O Brasil precisa<br />

crescer, e isso depende de todos<br />

os brasileiros, não apenas<br />

de um setor.<br />

(*) Empresário e conselheiro<br />

da Unica<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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