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ONLINE_Revista_Abril2018

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HABITAÇÃO<br />

Note-se que estas duas últimas medidas<br />

levantam problemas acrescidos quanto<br />

ao conceito de «renda acessível». Uma<br />

casa equipada é necessariamente mais<br />

cara que uma não equipada (o senhorio<br />

tem de comprar os electrodomésticos,<br />

sendo ainda obrigado a pagar IRS sobre<br />

essa despesa, actualmente), da mesma<br />

maneira que uma casa com uma classificação<br />

energética superior (que obriga a<br />

variadíssimos investimentos). Estes dois<br />

factores serão também eles reflectidos<br />

nos índices de «renda média» do INE?<br />

Parece-nos que isto traduz apenas, uma<br />

vez mais, a falta de ambição do governo,<br />

tanto no que diz respeito à dinamização<br />

do mercado de arrendamento como ao<br />

próprio cumprimento das metas de redução<br />

de consumo energético.<br />

Ainda uma palavra para a reabilitação urbana:<br />

existem há já vários anos, inscritos<br />

no Estatuto dos Benefícios Fiscais, uma<br />

série de incentivos à reabilitação (isenção<br />

de IMI, taxa reduzida de IRS sobre<br />

o arrendamento, taxa reduzida de mais-<br />

-valias pela venda) que deverão ser agora<br />

prosseguidos. No entanto, são frequentemente<br />

as próprias Câmaras Municipais<br />

e a Autoridade Tributária a levantar os<br />

mais variados entraves burocráticos a<br />

estes incentivos, recusando a sua aplicação.<br />

Os proprietários vêem-se assim<br />

impedidos de usufruir dos actuais benefícios,<br />

depois de terem de fazer vultuosos<br />

investimentos na recuperação dos seus<br />

imóveis ao fim de várias décadas de ocupação<br />

— em muitos casos, têm de gastar<br />

o equivalente aos últimos 30 anos de<br />

renda. A não aplicação destes benefícios<br />

(que esperamos venham a ser agilizados)<br />

é também outra das explicações para o<br />

aumento que se tem verificado no valor<br />

das rendas, que importa corrigir.<br />

Para concluir: é certo que Portugal (e<br />

sobretudo Lisboa) está a assistir a um<br />

aumento dos valores praticados no sector<br />

imobiliário, quer ao nível da compra<br />

e venda, quer do arrendamento, mas a<br />

verdade é que os preços continuam a<br />

ser inferiores aos da esmagadora maioria<br />

dos países da União Europeia, mesmo<br />

tendo em conta o poder de compra. A<br />

Associação Lisbonense de Proprietários<br />

e os seus Associados foram fundamentais<br />

nos últimos 130 anos para a promoção<br />

do arrendamento urbano, apesar<br />

dos sucessivos congelamentos impostos<br />

ao sector que o foram paulatinamente<br />

sufocando.<br />

A ALP saudaria uma verdadeira dinamização<br />

do mercado, que não acredita<br />

venha a acontecer com estas medidas.<br />

Pelo contrário, o regresso ao congelamento<br />

das rendas introduzido por este<br />

governo (com a não aplicação do subsídio<br />

de renda) e a falta de ambição que<br />

voltou agora a demonstrar com a sua<br />

«Nova Geração de Políticas de Habitação»,<br />

que nem sequer é ainda clara, terão<br />

levado muitos proprietários a perderem<br />

novamente a confiança no mercado<br />

de arrendamento que fora timidamente<br />

introduzida em 2012 (que impôs tectos<br />

máximos de renda para os contratos antigos<br />

ainda assim várias vezes inferiores<br />

ao valor justo).<br />

Muitos proprietários continuarão portanto<br />

simplesmente a desistir de arrendar os<br />

seus imóveis, optando por vendê-los, e<br />

diminuindo ainda mais a oferta.<br />

Resta saber se não será este o seu objectivo:<br />

um dos grandes beneficiários do<br />

boom imobiliário actual, senão o maior,<br />

é precisamente o Orçamento do Estado,<br />

através da cobrança de IMT e mais-valias<br />

sobre as vendas. O governo estará apenas<br />

a fingir que muda alguma coisa para<br />

que tudo fique na mesma.<br />

Abril 2018<br />

p. 13

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