Monografia Ozymandias
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140<br />
1 2 3<br />
[230] Modo 1<br />
1/3 2/3 3/3<br />
[231] Modo 2<br />
1 2 3<br />
CONTINUIDADE<br />
[232] Modo 3 [233] O Jardim das Delicias Terrenas (1504).<br />
Após a definição do número de aberturas e o tempo médio de<br />
cada uma, foi necessário definir também como seria a abordagem<br />
do tema e a distribuição do conteúdo ao longo dessas<br />
aberturas. Com base nisso, fiz um levantamento de três opções:<br />
a primeira opção consistia na interpretação das aberturas<br />
como três elementos distintos e independentes, somente<br />
unificados pela linguagem e consistência visual. Caso seguisse<br />
por esta opção, cada abertura deveria expor um conceito<br />
com início, meio e fim, não dependendo das outras aberturas<br />
para o entendimento central do vídeo [230].<br />
A segunda opção fazia referência ao conceito oposto<br />
da alternativa anterior: tratar as aberturas como partes unidas<br />
e indispensáveis entre si para o entendimento geral dos<br />
vídeos. Desta maneira, o conteúdo deveria ser tratado de forma<br />
contínua porém interruptiva e dependentes, onde a primeira,<br />
a segunda e a terceira abertura representariam o início,<br />
o meio e o fim, respectivamente. Todavia, este caminho não<br />
se apresentava positivo por questões práticas; apesar de possivelmente<br />
interessantes quando assistidas em sequência, as<br />
aberturas ficariam com um aspecto solto e fora do contexto<br />
quando assistidas separadamente em cada episódio, podendo<br />
não satisfazer totalmente a função de abertura [231].<br />
A terceira e última opção foi a escolhida pois considerava<br />
as duas alternativas anteriores de forma conjunta. Enquanto<br />
a primeira tratava cada abertura de modo totalmente<br />
independente e separada, a segunda, em seu extremo, lidava<br />
com as aberturas como um quebra-cabeça, se interligando<br />
para fazer sentido. Logo, a proposta da última opção visava<br />
combinar e equilibrar estas características opostas de interdependência,<br />
idealizando três aberturas independentes – ou<br />
seja, que podem ser interpretadas como um todo sem necessitar<br />
das outras – mas que ao mesmo tempo criam uma conexão<br />
entre si, compondo uma imagem mais amplificada quando<br />
vistas em sequência [232].<br />
Para uma melhor visualização deste último conceito,<br />
podemos utilizar o exemplo da pintura O Jardim das Delicias<br />
Terrenas (1504) do artista holandês Hieronymus Bosch (1459<br />
- 1516) como representação [233]. A obra consiste em um conjunto<br />
de três pinturas: à esquerda O Jardim do Éden, O Jardim<br />
das Delícias Terrenas ao centro, e O Inferno à direita. Quando<br />
observamos as pinturas, vemos que cada painel representa<br />
um universo próprio e independente, onde um único painel é<br />
capaz de mostrar um conceito exclusivo por si só. Entretanto,<br />
quando expostos lado a lado em uma sequência, entendemos<br />
que apesar de cada pintura fazer referência a um organismo<br />
em particular, quando juntas elas se transformam em uma<br />
composição onde a continuidade visual das imagens constrói<br />
uma narrativa linear, se tornando responsáveis por contar a<br />
história do mundo a partir da criação.<br />
Acima, uma representação visual de cada uma das opções<br />
de sequência e continuidade sobre a abordagem temática<br />
na abertura.