Monografia Ozymandias

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[61] Planos da abertura de Velho Chico.
A abertura de Velho Chico consiste na apresentação visual
de uma única obra composta de diferentes práticas artísticas,
como pintura e gravura em madeira (criação dos artistas Mello
Menezes e Samuel Casal), ao mesmo tempo em que ela está
em desenvolvimento. A câmera navega pela obra em procedimento
com foco em seus detalhes que visam traduzir o mundo
mitológico e simbólico que permeia o rio São Francisco numa
narrativa excepcionalmente visual (ALMEIDA, 2016) [61].
A criação de Romano e equipe representa um conjunto
de múltiplos organismos sígnicos que se unem formando um
único retrato do universo brasileiro, trabalhando assim com
uma relação de escala micro e macro. Um exemplo desta relação
de escala pode ser feito pela paleta de cores que, empenhada
em variações tonais de saturação, traduz a realidade
cromática de cada elemento – como o azul da água e seus ele-
mentos; a matiz amarelada do calor nordestino – mas que ao
mesmo tempo compõem uma obra que em uma visão geral
do todo representa a intensidade e as cores características da
identidade brasileira.
Na filmagem, esta relação de escala pode ser também
comparada à percepção de controle visual em storytelling. A
abertura permanece boa parte de sua duração com o foco
extremamente fechado na qualidade dos detalhes da obra, limitando
assim a quantidade de informações visuais a serem
exibidas, chegando a sufocar a visão geral do elemento em
questão sendo apresentado – no caso, a obra. A partir do momento
em que a criação é mostrada por meio do foco aberto,
torna-se possível a visualização da imagem total em “macro”
criada a partir da ofuscação dos detalhes que antes eram apreciados
em menos escala.