Monografia Ozymandias
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A psicologia da cor<br />
51<br />
Cada olhar envolve uma observação, cada observação uma reflexão,<br />
cada reflexão uma síntese: ao olharmos atentamente para o mundo já<br />
estamos teorizando. Devemos, porém, teorizar e proceder com consciência,<br />
autoconhecimento, liberdade e – se for preciso usar uma palavra<br />
audaciosa – com ironia: tal destreza é indispensável para que a<br />
abstração, que receiamos, não seja prejudicial, e o resultado empírico,<br />
que desejamos, nos seja útil e vital. (Goethe)<br />
Um dos primeiros elementos que percebemos quando notamos<br />
algo pela primeira vez é a cor. A Teoria das Cores foi publicada<br />
em 1810, por Wolfgang Goethe. Diferentemente do físico<br />
Isaac Newton (1643-1747) que na época acreditava que as cores<br />
eram somente um fenômeno puramente físico de interferência<br />
da luz, Goethe defendeu a ideia de que as sensações transmitidas<br />
pelas cores são moldadas pela nossa percepção e como<br />
o nosso cérebro processa as informações 20 (ARAÚJO, 2013).<br />
Em seu círculo cromático, Goethe separa as cores<br />
em lados positivos e negativos (onde alguns indicam como<br />
quentes e frias) e indica efeitos e as impressões causadas por<br />
cada cor: as cores do lado positivo transmitem excitação e<br />
alegria, uma impressão calorosa e confortável. O amarelo,<br />
por exemplo, está associado à luz, brilho, força, calor e proximidade.<br />
Já as cores negativas abalam os humores, estimulam<br />
a fraqueza e a saudade. Para Goethe, o azul traz um sentimento<br />
de frieza, privação, sombra, escuridão e distância<br />
(QUEIROZ, 2015).<br />
Em suma, Goethe acreditava que os estímulos incidentes<br />
devem ser em primeiro lugar analisados e, então, separados<br />
e decompostos de acordo com o modo como observamos o<br />
mundo. Então, inicia-se o processo de síntese, através da qual<br />
extraímos informações, características e significados.<br />
Desta maneira, o contexto em que a cor se encontra pode<br />
ser colocada de maneira a ser relacionado com a semiótica<br />
visual no processo de criação de significados pelas cores.<br />
Porém, existe uma variante cultural que é determinada<br />
por determinação demográfica, geográfica, psicológica, tendências,<br />
relacionamentos, etc., que variam de indivíduo para<br />
indivíduo no momento de interpretação de significado da cor.<br />
Como as autoras Stamato, Staffa e von Zeidler (2013) exemplificam,<br />
“o vermelho que para nós ocidentais representa o amor,<br />
para os orientais representa poder. O luto é representado por<br />
nós pela cor preta, já para eles o branco que o indica, simbolizando<br />
também aspectos espirituais da alma. Por isso, a análise<br />
das cores deve ocorrer de modo específico, levando em<br />
consideração os seus receptores.” Em outras palavras, as cores<br />
imprimes significado, mas cabe ao receptor interpretá-los.<br />
20 O Alemão Itten também não se limitou a examinar a cor como um elemento puramente<br />
físico e, seguindo o pensamento de Goethe, acreditava que as cores poderiam ter<br />
efeitos psicológicos e espirituais nos indivíduos.<br />
[29] análoga (esq.), trádica (centro) e complementar (dir.)