Monografia Ozymandias

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TELEVISÃO
A TV não acabou com o cinema – assim como o cinema não acabou
com a fotografia, que não acabou com a pintura – mas forçou
uma adaptação das configurações de linguagem (BUTCHER,
2016). O conceito de televisão que temos hoje em dia é extremamente
amplo quando comparado às suas primeiras expectativas
em meados de 1920. Apesar de atualmente a televisão assumir
uma relação visual próxima ao cinema – na perspectiva de
que ambos compartilham alguns dos mesmos recursos expressivos
de linguagem e exibem imagens em movimento em alta
qualidade através de uma tela – devemos entender que ambos
se originaram de tecnologias e propósitos diferentes: enquanto
o cinema nasceu exclusivamente da fotografia, a televisão teve
a sua origem a partir da indústria do rádio.
Assim, da mesma forma como a narração de histórias não foi prevista
por Lumière em relação ao cinematógrafo, também não houve
expectativa inicial de que o rádio (e depois a televisão) pudesse vir
a ser o maior veiculador de notícias da nossa sociedade. (ARMES,
1999; p. 119).
[6] A televisão no ambiente familiar, doméstico e privado.
Como podemos constatar nos dias de hoje, a televisão se tornou
uma estrutura tão familiar que somos praticamente incapazes
de deixar de enxergá-la como um retrato natural e inevitável.
Todavia, para que este cenário se concretizasse nos dias
de hoje, houve diversos investimentos no passado. O projeto
da televisão não ocorreu de um acontecimento científico; ao
invés disso, ele foi financiado pela indústria dos radioemissores
e radiorreceptores, e recebeu aperfeiçoamentos sofisticados
e profissionais. O objetivo principal de seus investimentos
era para a criação de uma estrutura de transmissão televisual
que visava atingir um público em escala massiva. Inicialmente,
ela era vista como uma forma de utilizar as imagens como
apoio para a oratória verbal.
A tecnologia que surgiu no começo do século XX era
voltada particularmente para os bens de consumo individual
(MACHADO, 1997). A proposta de colocar o rádio em “caixas
com som e imagem” também gesticulava com a indústria do
entretenimento, que propunha a tecnologia a um mercado doméstico
e privado [6]. Nesta proposta estava implícita que a
maioria da população tinha poder de compra e tempo de lazer
para ser preenchido (ARMES, 1999).