Revista Dr Plinio 246
Setembro de 2018
Setembro de 2018
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Dona Lucilia<br />
Autêntica lutadora<br />
Dona Lucilia possuía convicções firmes, e o que ela considerava<br />
como verdadeiro decorria de uma reflexão calma, detida, depois<br />
de ter visto, no exame das coisas da vida, até que ponto aquilo<br />
correspondia a grandes horizontes e era oposto ao mal.<br />
Arquivo <strong>Revista</strong><br />
Se a minha formação como lutador,<br />
como tudo quanto possa<br />
haver em mim de bom se<br />
deve a alguma coisa em que a ação<br />
tão profundamente católica de minha<br />
mãe esteve presente, eu devo<br />
começar a narrar um pouquinho como<br />
era ela como lutadora.<br />
Distância calma,<br />
fria e cortês com<br />
relação aos maus...<br />
A ideia que habitualmente se tem<br />
do lutador é de um indivíduo espumante.<br />
Ele vê algo com que não<br />
concorda, então espuma de raiva. E<br />
quando está bem espumante de raiva,<br />
acha-se no auge de sua condição de<br />
lutador. Então ele se joga na luta por<br />
impulso, por atração, e encontra a delícia<br />
de ser lutador no fato de dar vazão<br />
à raiva de que está possuído.<br />
Tudo isto era o contrário do modo<br />
de Dona Lucilia ser lutadora.<br />
Ela era uma pessoa de convicções<br />
firmes. Quer dizer, o que mamãe tinha<br />
como verdadeiro era fruto de<br />
uma reflexão calma, detida, depois de<br />
ter visto, no exame das coisas da vida,<br />
até que ponto aquilo correspondia a<br />
grandes horizontes e era o oposto ao<br />
mal. Assim como ela amava o bem e<br />
queria que todo o mundo o praticasse,<br />
ela detestava o mal e desejava que<br />
todo o mundo evitasse o mal.<br />
Quando uma pessoa era adepta<br />
ou sequaz do mal, ela não espumava<br />
de raiva contra ela, mas considerava<br />
o mal que havia naquela pessoa com<br />
toda a lógica:<br />
“Tal pessoa fez isto ou pensa daquela<br />
maneira. O que ela fez, ou pensa,<br />
ou disse é mau por essas, aquelas e<br />
aquelas outras razões, tiradas da Doutrina<br />
Católica, da experiência da vida,<br />
etc. Se isto é assim, eu tenho uma posição<br />
oposta a essa pessoa, e absolutamente<br />
não estabelecerei relações próximas<br />
com ela, não farei dela minha<br />
amiga, mas viverei a uma distância calma,<br />
fria e cortês dessa pessoa.<br />
“Evitarei brigas e discussões, a não<br />
ser quando minha obrigação for de lutar<br />
contra e dizer que está errado. Aí<br />
eu falarei e estabelecerei a discussão.<br />
Do contrário, manter-me-ei numa calma<br />
perfeita, mas em torno de mim tudo<br />
que eu possa fazer para que aquela<br />
ideia não seja aceita, aquele exemplo<br />
não seja aprovado, aquele modo<br />
de agir não se repita, eu farei, falando<br />
com calma a respeito daquela pessoa:<br />
‘Fulano tem tais qualidades, mas,<br />
coitado, ele possui tal defeito. E tal defeito<br />
tem tais e tais consequências, de<br />
6<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> discursando,<br />
em Outubro de 1970