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Revista Dr Plinio 246

Setembro de 2018

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O pensamento filosófico de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />

bora a vida material dessa cidade seja<br />

pacata, não haja excesso de trânsito,<br />

nem trepidação econômica, incerteza<br />

de condições de vida, nem a angústia<br />

contemporânea, mesmo ali esse<br />

fato se pronuncia; ao menos tanto<br />

quanto eu pude verificar. Acontece<br />

que, em geral, a Revolução não chega<br />

muito a fundo em lugares assim. Mas<br />

quando ela chega a fundo, esse fato<br />

se dá tanto quanto nos grandes centros.<br />

O que leva a julgar que a coisa<br />

é mais filha de uma influência da Revolução<br />

do que das condições de vida<br />

contemporânea.<br />

Esse é, naturalmente, um exame<br />

sumário, não inteiramente taxativo,<br />

decisivo. Esse exame sumário a mim<br />

me leva a achar que muito provavelmente<br />

as coisas são assim.<br />

O que tem a Revolução, considerada<br />

enquanto desligada das condições<br />

de vida que ela mesma criou,<br />

para que ela produza esses efeitos?<br />

Os fatos naturais não<br />

explicam tudo<br />

doras dessa mentalidade têm uma capacidade<br />

de difusão prodigiosa, e isso<br />

também não é verdade. Não há nenhuma<br />

razão para achar que isso seja<br />

especialmente assim.<br />

Fazendo um exame que, por algum<br />

lado, é muito atento, e por outro<br />

não cerca todas as possibilidades<br />

menores, mais rebuscadas – abrange<br />

apenas a linha geral –, se diria que<br />

não é fácil encontrar uma causa natural<br />

que, só ela, produza tudo isso.<br />

Que haja fatos naturais que concorram<br />

para produzir isso, eu concordo.<br />

Mas que somente eles causem isto<br />

eu acho muito discutível.<br />

Então, somos levados a nos perguntar<br />

se um fator preternatural poderia<br />

produzir isto. E para nosso<br />

exame ser completo, já que levantamos<br />

uma hipótese para além da natureza,<br />

deveríamos nos perguntar<br />

também se o fator sobrenatural poderia<br />

ser responsável por isso. Ora,<br />

quando falamos em fator sobrenatural<br />

responsável por isso, nós recusamos<br />

a ideia com horror. Porque<br />

compreendemos que isto é uma desordem,<br />

não pode ser produzido pelo<br />

fator sobrenatural autêntico, o<br />

qual, por sua natureza, é ordenador.<br />

Ação preternatural<br />

Então, só pode ser o preternatural,<br />

pois este produz desordem. Acontece<br />

que o homem, diante de impressões<br />

nele causadas ou acentuadas por<br />

efeito preternatural, tem um comportamento<br />

muito parecido com esse.<br />

Quer dizer, quando o homem é tentado<br />

por uma forma de tentação, como<br />

soem ser todas as tentações – ou quase<br />

todas –, que acentua muito nele<br />

uma impressão, dão-se nele todos esses<br />

fatos. De um lado a sugestão faz-<br />

-lhe parecer como evidente algo que<br />

não o é; de outro lado o raciocínio se<br />

suspende e ele fica incapaz de crítica,<br />

e precisa ter uma ascese firmíssima<br />

para escapar a essa ação. Ascese tão<br />

firme que, segundo os autores espiri-<br />

Poderíamos fazer a seguinte objeção:<br />

Os comunistas têm uma dosagem<br />

de espírito revolucionário muito<br />

mais intenso do que os burgueses.<br />

Logo, os filhos, os netos de comunistas<br />

– em linhagens comunistas<br />

de pai para filho e para neto – deveriam<br />

ter essa deformação psíquica<br />

muito mais do que os filhos e netos<br />

dos burgueses.<br />

Ora, essa tese absolutamente não<br />

parece que seja verdadeira. Haveria,<br />

pelo menos, interrogações muito<br />

fortes a fazer, em admitir que é pura<br />

e simplesmente a ideologia revolucionária,<br />

ou um ambiente apenas revolucionário.<br />

Seríamos levados a admitir<br />

a presença de uma outra causa.<br />

Uma pequena cidade penetrada<br />

pelo espírito da Revolução toma contato<br />

com gente que já tem essa mentalidade.<br />

E essa mentalidade, então,<br />

intoxica a pequena cidade. Nós deveríamos<br />

achar que as pessoas portatuais,<br />

para um homem muito tentado<br />

consiste em não pensar no assunto,<br />

até que passe a tentação. Porque<br />

se ele pensar no assunto, vai se deixar<br />

dominar por esta impressão, de<br />

tal maneira o mecanismo intelectivo<br />

está apertado, contrariado, coarctado<br />

na sua eficácia normal, pela tentação.<br />

Um exemplo. Uma pessoa desconfiada<br />

está caminhando, ouve alguém<br />

dizer alguma coisa, e desconfia<br />

que aquilo é com ela. Dá mais<br />

uns passos e o demônio, porque<br />

quer levá-la ao homicídio, sussurra:<br />

“Aquilo é com você.” Imediatamente,<br />

entrando o demônio, uma porção<br />

de impressões que a pessoa teve<br />

com aquilo se perturbam, se complicam<br />

e ela já não é mais capaz de<br />

dizer com clareza o que ouviu e não<br />

ouviu. Mas fica com a falsa evidência<br />

de que ela ouviu uma coisa que,<br />

bem analisada – e entra aí uma análise<br />

errada –, vai levá-la à conclusão<br />

de que aquele indivíduo disse aquilo;<br />

e conclui que é preciso matá-lo.<br />

A pessoa vai e mata. Na origem do<br />

crime de homicídio houve um fenômeno<br />

dessa natureza.<br />

Então, fica a pergunta se não haverá<br />

uma ação preternatural, uma<br />

vez que uma causa meramente natural<br />

é muito improvável, e a ação dos<br />

espíritos malignos costuma ser assim.<br />

Ora, isso faz muito o jogo do demônio<br />

e da Revolução. Resultado:<br />

não terá o demônio feito isso?<br />

Se houver um processo psicológico<br />

– e aqui entra a certeza –, o demônio<br />

está a cavalo nesse processo. Porque<br />

sempre que entra uma tentação natural,<br />

a sugestão demoníaca se conjuga a<br />

ela, e o fator preternatural se introduz.<br />

Logo, pode-se afirmar a existência de<br />

uma importante dose de preternatural<br />

no fenômeno acima descrito. v<br />

(Extraído de conferência de<br />

6/4/1973)<br />

1) Cf. <strong>Revista</strong> <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, n. 245, p. 26.<br />

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