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Fernando Pessoa, Hermetismo e Ideal – Vitor Manuel Adrião – Comunidade Teúrgica Portuguesa<br />

II<br />

Pelo livro de Mário Saa, A Invasão dos Judeus, Lisboa, 1925, vem a saberse<br />

que Fernando Pessoa pertenceu a uma família do Fundão por seu quinto avô<br />

Sancho Pessoa, o qual fora astrólogo e salmista. Esse Sancho Pessoa, natural de<br />

Montemor-o-Velho, esteve preso nos calabouços da Inquisição de Coimbra, em<br />

1706 sendo condenado a confisco por ser judeu militante (processo na Torre do<br />

Tombo, n.º 9478). Após, deslocou-se para o Fundão onde casou pela terceira vez,<br />

dando origem aos Pessoa de Amorim, à família do jornalista Alfredo da Cunha e<br />

mais directamente à de Fernando Pessoa, que dele é descendente em varonia.<br />

Adianta Mário Saa, amigo <strong>pessoa</strong>l do poeta, em texto coligido por António<br />

Quadros: “Fernando Pessoa, nós o vemos em recorte feminino e trémulo,<br />

aconchegando a luneta, meditando e actuando. Nós o vemos fisionomicamente<br />

hebreu, com tendências astrológicas e ocultistas, um verdadeiro sacerdote do<br />

Talmude, prudente, cauteloso, tímido, dissimulado em intenções (…) lança-se e<br />

oculta-se, esconde-se e prepara novos lances; é um verdadeiro furta-fogo! Tudo<br />

isto se revela pelos seus numerosos pseudónimos – pelos que tem e pelos que háde<br />

vir a ter, e… pelos que não se sabe que tem! Além do seu verdadeiro nome,<br />

Fernando Pessoa, ele é Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, etc. Isto<br />

só verdadeiramente podia lembrar a um indivíduo duma raça oculta, tal a judaica<br />

ou a chinesa, que são as que mais contribuem para as associações secretas, para a<br />

franco-maçonaria, por exemplo: são as chamadas raças femininas, por<br />

excelência”.<br />

Aquém de todos os seus heterónimos e personagens fictícias ou não, o que<br />

se sabe concretamente de Fernando Pessoa é fornecido em primeira mão por ele<br />

mesmo na nota biográfica que sobre si escreveu em 30-3-1935, a partir da qual os<br />

ensaístas <strong>pessoa</strong>nos têm desenvolvido as suas investigações:<br />

“Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa.<br />

Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio<br />

n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directório), em 13 de Junho de 1888.<br />

Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria<br />

Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de<br />

Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto<br />

materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto, e que foi directorgeral<br />

do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendência<br />

geral – misto de fidalgos e judeus.<br />

Profissão: A designação mais própria será «tradutor», a mais exacta de<br />

«correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor não<br />

constitui profissão, mas vocação.<br />

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