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Fernando Pessoa, Hermetismo e Ideal – Vitor Manuel Adrião – Comunidade Teúrgica Portuguesa<br />
a mente colectiva, mantendo-a arredada da reflexão sobre o sentido verdadeiro<br />
do por que existe – perderam a favor da vitória do dr. António Oliveira Salazar,<br />
que lhe foi dada pelos votos públicos de alguns milhares de cidadãos. Seriam todos<br />
salazaristas? Não creio. Mas creio que todos exerceram o voto de protesto ao estado<br />
caótico em que está a sociedade portuguesa, onde os líderes partidários e todos os<br />
respectivos partidos políticos, em nome da democracia constantemente exercida<br />
como “bur[r]ocracia” e “abusocracia”, desprezam o povo, arrogantes atiram-no<br />
no desemprego condenando-o à fome e à miséria, e ameaçam com o despedimento<br />
os ainda empregados sem deixar de os crivar com impostos sobre impostos à boa<br />
maneira feudal, parecendo mesmo querer reduzi-los à condição de escravos sem<br />
quaisquer direitos, achando um abuso terem férias e até receberem salário, como<br />
transparece nos seus subentendidos, ou seja, roubam-lhes da boca o pão nosso de<br />
cada dia para encherem as suas e as dos seus, sempre insaciáveis como Moloch,<br />
sempre querendo mais e mais; fecham hospitais e maternidades, obrigam os<br />
pobres a pagar o que não têm quando têm a infelicidade de adoecer; cobram<br />
impostos absurdos e desumanos à velhice nos seus últimos dias; aos pais que<br />
oferecem prendas aos filhos, acirram os filhos a denunciar os pais ao fisco; os<br />
alunos contra os professores, os aprendizes contra os mestres; roubam a<br />
autoridade aos adultos e dão-na aos meninos, não raro soltando criminosos e<br />
condenando quem os prendeu; condenam o fumo do tabaco e promovem as drogas<br />
«leves» dando subsídios a quem prove ser toxicodependente, indo assim<br />
alimentar a perpetuidade do vício; e neste caos satânico, anarquia campeando,<br />
sonham sempre com empreendimentos megalómanos, para que por eles os seus<br />
nomes fiquem imortalizados no meio da miséria geral que semearam. Até quando<br />
este estado caótico das coisas?… Realmente, é bem verdade que “quem nasce em<br />
Portugal é por missão ou castigo”, mas, Senhor, não bastará já de tanto castigo?<br />
Até quando permitirás, Senhor, que os lobos assassinos continuem a devorar os<br />
cordeiros inocentes? Onde está o Pastor, guia e protector do seu rebanho? Que<br />
liberdade podre é esta?! Quanto libertinismo desvairado corre a jorros no mais<br />
que estropiado tecido psicossocial…<br />
Moderno «problema socrático» insolúvel? Não, antes questão de Vida e<br />
Morte: carece-se da mudança de mentalidade, de uma verdadeira revolução<br />
mental a favor de novos e mais amplos valores e hábitos que façam o Homem<br />
mais Homem e Deus mais Deus, acabando-se de vez com tudo quanto tenha a ver<br />
com um ciclo velho, podre e gasto. Em suma e para afastar de vez algum desses<br />
tipos de rótulo político, useiro e vezeiro, que alguns sintam necessidade<br />
de atribuir-me para desculpabilizar a indignidade desumana dos seus actos, seja<br />
à «esquerda» ou à «direita», logo parcelares e não totais: tudo pela Sinarquia, nada<br />
pela Anarquia!<br />
Liberdade também para taxar Fernando Pessoa com as maiores<br />
displicências, mas que só podem caber a quem as emite. Repete-se, mais uma vez,<br />
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