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Fernando Pessoa, Hermetismo e Ideal – Vitor Manuel Adrião – Comunidade Teúrgica Portuguesa<br />

“A Nação é também uma realidade, pois a definem o território, ou o idioma,<br />

ou a continuidade histórica – um desses elementos, ou todos. O contorno da Nação é<br />

contudo mais esbatido, mais contingente, quer geograficamente, porque nem sempre<br />

as fronteiras são as que deviam ser; quer linguisticamente, porque largas distâncias<br />

no espaço separam países de igual idioma e que naturalmente deveriam formar uma<br />

só nação; quer historicamente, porque, por uma parte, critérios diferentes do passado<br />

nacional quebram, ou tendem para o quebrar, o vasículo nacional, e, por outra, a<br />

continuidade histórica opera diferentemente sobre camadas da população, diferentes<br />

por índole, costumes ou cultura.<br />

“A Humanidade é outra realidade social, tão forte como o Indivíduo, mais forte<br />

ainda que a Nação, porque mais definida do que ela. O Indivíduo é, no fundo, um<br />

conceito biológico; a Humanidade é, no fundo, um conceito zoológico – nem mais nem<br />

menos do que a espécie animal formada de todos os indivíduos de forma humana.<br />

Uma e outra são realidades como raiz. A Nação, sendo uma realidade social, não o é<br />

material: é mais um tronco que uma raiz. O Indivíduo e a Humanidade são lugares,<br />

a Nação o caminho entre eles. É através da fraternidade patriótica, fácil de sentir a<br />

quem não seja degenerado, que gradualmente nos sublimamos, ou sublimaremos, até<br />

à fraternidade com todos os homens.”<br />

Que é dizer, partir do <strong>pessoa</strong>l para o colectivo, do nacional para o universal,<br />

do presente para o futuro acompanhando a marcha interior e exterior da<br />

Evolução Humana, pois sem Evolução não há Progresso e, não havendo<br />

Progresso, a Humanidade estagna e regride à condição simiesca, em termos de<br />

desenvolvimento psicossocial do seu Género.<br />

O número três assiste à composição da Mensagem e tal como as redondilhas<br />

do Bandarra têm, conformadas à tripeça, três realizações diferentes,<br />

nisso adaptadas à translatio imperii patente nas três Idades tradicionais da tese<br />

de Joaquim de Flora, nisto esse propósito está implícito no Poema Pessoano, em<br />

“Brasão”, “Mar Português” e “Quinto Império”, módulo explicitador da críptica<br />

1.ª quadra do III Corpo das Trovas do dito profeta de Trancoso:<br />

“Em vós que haveis de ser o Quinto<br />

Depois de morto o Segundo<br />

Minhas profecias fundo<br />

Nestas letras que VOS / AQUI pinto.”<br />

Nas variantes VOS e AQUI do quarto verso, condensa-se o mistério.<br />

Desdobrando as letras em palavras latinas, obtém-se:<br />

VOS – Vis (Força) / Otium (Ócio) / Scientia (Ciência).<br />

AQUI – Armas (Armas) / Quies (Sossego) / Intellectus (Inteligência).<br />

Eis-nos, portanto, perante o esquema de Joaquim de Flora e o seu modelo<br />

explicativo da História da Humanidade de acordo com a sucessão das três<br />

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