Revista Coamo - Novembro de 2018
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saúva, sapé e samambaia. Não tinha<br />
gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> cereais<br />
como tinha na época em Maringá,<br />
e apareciam uns “picaretas” que<br />
no começo da safra abriam as portas,<br />
recebiam a primeira carga e<br />
até pagavam, mas não ganhavam<br />
a confiança do produtor. Muitos<br />
iam embora e <strong>de</strong>ixavam os agricultores<br />
na mão.<br />
RC: O setor agrícola não tinha representação<br />
na época?<br />
Oliveira: Não tínhamos nenhuma<br />
organização para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o agricultor,<br />
tinha uma associação rural.<br />
Daí veio um agrônomo da Acarpa<br />
para cá (José Carlos Carvalho)<br />
que era o superior do engenheiro<br />
agrônomo José Aroldo Gallassini,<br />
que chegou com a missão <strong>de</strong><br />
fundar um sindicato, transformar<br />
a associação em sindicato. Ele me<br />
chamou e me disse que eu não iria<br />
entrar como interventor rural, mas<br />
fazer um sindicato. Eu topei e fundamos<br />
o Sindicato Rural em Campo<br />
Mourão.<br />
RC: Como nasceu a i<strong>de</strong>ia no mesmo<br />
período <strong>de</strong> fundar uma cooperativa?<br />
Oliveira: Logo em seguida <strong>de</strong>sse<br />
trabalho veio para Campo Mourão<br />
o Dr. Aroldo para ser o Regional<br />
da Acarpa, com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fundar<br />
uma cooperativa. A Acarpa não tinha<br />
dinheiro para pagar o aluguel,<br />
aí quem pagava o aluguel era a<br />
Associação Rural que foi transformada<br />
em sindicato.<br />
RC: O senhor acredita que o Sindicato<br />
Rural cumpriu sua função ao<br />
longo dos 50 anos?<br />
Oliveira: Só a fundação da <strong>Coamo</strong><br />
já cumpriu a função. Porque eu<br />
era trabalhador do Banco do Brasil,<br />
filho do ‘seo’ Joaquim Teodoro,<br />
que inclusive foi prefeito <strong>de</strong> Campo<br />
Mourão. Os agrônomos da<br />
Acarpa eram novos aqui, e houve<br />
cinco tentativas para fundar cooperativas,<br />
mas nenhuma <strong>de</strong>u certo<br />
pois ninguém acreditava. Daí surgiu<br />
o Dr. Aroldo com esse i<strong>de</strong>alismo<br />
fazendo reuniões para fundar<br />
uma cooperativa e <strong>de</strong>u certo.<br />
RC: Como era o Dr. Aroldo naquela<br />
época, com menos <strong>de</strong> 30 anos?<br />
Oliveira: Era um i<strong>de</strong>alista recém-<br />
-formado. Quando a <strong>Coamo</strong> nasceu<br />
não tinha nenhum patrimônio,<br />
e tinha que ter aval para comprar lá<br />
e quem autorizava era o meu pai.<br />
Muitas pessoas chegavam nele e<br />
diziam: “’Seo’ Joaquim, o senhor<br />
é louco <strong>de</strong> avalizar esse rapaz?<br />
Nem daqui ele é. Aí o ‘seo’ Ferri<br />
[Fioravante, primeiro presi<strong>de</strong>nte<br />
da <strong>Coamo</strong>] assumiu a presidência<br />
e conversou com ele, que aceitou<br />
ser gerente da cooperativa. Meu<br />
pai dizia: “Esse menino, Aroldo, é<br />
um menino bom, ele ajudou muito<br />
na fundação da <strong>Coamo</strong>.”<br />
RC: O senhor imaginava que 48<br />
anos <strong>de</strong>pois, a <strong>Coamo</strong> seria a cooperativa<br />
que é hoje?<br />
Oliveira: No começou ninguém<br />
acreditava. Mas, <strong>de</strong>u certo pela serieda<strong>de</strong><br />
e muito trabalho.<br />
RC: Com a serieda<strong>de</strong> e trabalho,<br />
caminhou junto a confiança?<br />
Oliveira: Sim, a confiança, porque<br />
é isso que o cooperativismo “ven<strong>de</strong>”:<br />
confiança. Se não tem confiança,<br />
ninguém entrega aqui, ninguém<br />
entra <strong>de</strong> sócio e ninguém<br />
compra ou movimenta com a cooperativa.<br />
Então para mim isso tudo<br />
"Os 79 agricultores<br />
estão na história e<br />
assinaram a ata. Eu sou<br />
um <strong>de</strong>les com o número<br />
48, <strong>de</strong>u certo pela<br />
sincerida<strong>de</strong> e confiança<br />
que o Dr. Aroldo<br />
inspirava."<br />
é motivo <strong>de</strong> orgulho. Posso dizer<br />
que o maior orgulho que tenho é<br />
a <strong>Coamo</strong>, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo<br />
muitos não acreditavam, e entre<br />
os que tinham fé na i<strong>de</strong>ia estava<br />
eu e o Dr. Aroldo. Sou nascido<br />
aqui, filho <strong>de</strong> fundadores da cida<strong>de</strong><br />
e <strong>de</strong> ex-prefeito, fui vereador<br />
por um mandato e conheço muito<br />
a história do cooperativismo e da<br />
cida<strong>de</strong>, por isso afirmo: Campo<br />
Mourão se divi<strong>de</strong> em antes e <strong>de</strong>pois<br />
do presi<strong>de</strong>nte da <strong>Coamo</strong>.<br />
RC: O cooperativismo mudou o<br />
cenário e a história <strong>de</strong> Campo<br />
Mourão?<br />
Oliveira: Veja só pela história <strong>de</strong><br />
Campo Mourão, que cresceu graças<br />
a <strong>Coamo</strong> e ao Banco do Brasil,<br />
que financiou todas aquelas terras<br />
ruins. A <strong>Coamo</strong> <strong>de</strong>u assistência<br />
técnica, recebeu a produção e pagou<br />
<strong>de</strong>vidamente o produtor, que<br />
<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> entregar para o cerea-<br />
<strong>Novembro</strong>/<strong>2018</strong> REVISTA<br />
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