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OPINIÃO<br />
Ano de mudanças e desafios<br />
Nosso objetivo, com todo empenho e dedicação possíveis, será na continuidade do RenovaBio<br />
Miguel Rubens Tranin (*)<br />
OBrasil teve um 2018<br />
bastante intenso, sob<br />
todos os aspectos,<br />
com quebras de paradigmas,<br />
que se completou com<br />
uma eleição histórica para presidente.<br />
A população assistiu,<br />
estupefata, aos acontecimentos<br />
ao longo dos últimos anos, que<br />
culminaram com mudanças e<br />
levaram a uma grande reflexão.<br />
No resultado das urnas, observou-se<br />
o quanto a população<br />
participou desse processo, exigindo<br />
uma nova realidade.<br />
Escândalos sem fim, prisões,<br />
delações. Em um país que se<br />
acostumou ao descaso e à impunidade,<br />
com favorecimentos<br />
e benesses aos mais poderosos,<br />
quase ninguém poderia<br />
imaginar que empresários detentores<br />
de impérios fortemente<br />
ligados ao poder, e até mesmo<br />
um ex-presidente da República,<br />
pudessem acabar na cadeia.<br />
O esgotamento com o modelo<br />
político produziu uma previsível<br />
substancial renovação na representação<br />
parlamentar. Nada menos<br />
que 85% do Senado foram<br />
substituídos, enquanto na Câmara<br />
o percentual chegou à metade.<br />
Mas até que isto acontecesse,<br />
travou-se uma verdadeira<br />
batalha nas ruas e nas<br />
redes sociais, marcada por uma<br />
enxurrada de falácias e ideologias<br />
que, infelizmente, dividiram<br />
a sociedade e mostraram quanto<br />
trabalho temos pela frente para<br />
reordenar os caminhos do<br />
país e retomar o desenvolvimento,<br />
gerando oportunidades<br />
para todos que desejam um<br />
Brasil progressista, mais justo,<br />
em paz, com segurança jurídica,<br />
respeito entre os seus cidadãos<br />
e com importante espaço a<br />
ocupar no cenário global. Que<br />
Deus ilumine a todos nós na correção<br />
desse processo.<br />
Graças a alguns setores, como<br />
o agronegócio e a mineração, a<br />
economia se manteve em 2018<br />
com pilares mais sólidos, contribuindo<br />
de maneira decisiva<br />
para a recuperação, que vai exigir<br />
ainda muito esforço e determinação<br />
dos governantes, agora<br />
fiscalizados passo a passo<br />
por uma população mais informada<br />
e interessada em participar,<br />
que exige o fim da corrupção<br />
e da roubalheira.<br />
O agronegócio, embora ainda<br />
de certa forma incompreendido<br />
por parte da sociedade, tem<br />
cumprido seu papel com muita<br />
desenvoltura, gerando riquezas,<br />
investimentos e inúmeros postos<br />
de trabalho nas regiões produtoras,<br />
conquistando novos<br />
mercados e acelerando exportações<br />
que possibilitam o superávit<br />
na balança comercial. Difícil<br />
pensar como seria o país sem a<br />
participação dos empresários<br />
rurais, mas vale ressaltar: a<br />
energia renovável precisa, ainda,<br />
ser alçada entre as prioridades<br />
no novo governo e tem havido,<br />
por parte do setor, uma mobilização<br />
incisiva para demonstrar<br />
o quanto isto é estratégico.<br />
A partir de agora, o nosso objetivo,<br />
com todo o empenho e dedicação<br />
possíveis, será na continuidade<br />
do RenovaBio, programa<br />
único que conseguiu unir<br />
os segmentos relacionados à<br />
energia renovável (etanol, biodiesel,<br />
biomassa e biogás). Este<br />
deve ser, sem dúvida, o primeiro<br />
Não podemos prescindir de uma linha<br />
de crédito como o Prorrenova, mas<br />
permanente e voltada à renovação<br />
e implantação de novas lavouras<br />
item em nossa agenda.<br />
Outra demanda que exige urgência<br />
é quanto à equalização,<br />
via Confaz, das alíquotas de<br />
ICMS entre os Estados, batalha<br />
antiga. É necessário haver uma<br />
diferenciação tributária entre<br />
combustível renovável e o combustível<br />
de origem fóssil, reconhecendo<br />
os benefícios socioeconômicos,<br />
ambientais e à saúde.<br />
Por suas vantagens e benefícios,<br />
é indiscutível que etanol e<br />
biodiesel precisam ter prioridade<br />
frente à gasolina e ao diesel.<br />
Ao mesmo tempo, as sérias dificuldades<br />
pelas quais o setor de<br />
bioenergia vem passando em<br />
função da adoção, nos últimos<br />
anos, de políticas públicas deletérias,<br />
deve merecer a atenção<br />
governamental. Via BNDES, se<br />
faz indispensável estruturar uma<br />
linha de crédito de refinanciamento,<br />
como o PESA (Plano de<br />
Estruturação e Saneamento de<br />
Ativos), repactuando-se o endividamento<br />
das companhias, visto<br />
que o mesmo foi causado por<br />
políticas públicas equivocadas e<br />
seus efeitos nocivos.<br />
Não podemos prescindir, ainda,<br />
de uma linha de crédito a exemplo<br />
do Prorrenova, mas que seja<br />
permanente e voltada à renovação<br />
e implantação de novas lavouras<br />
para fazer frente à demanda<br />
de crescimento por biocombustíveis.<br />
Em relação à indústria automobilística,<br />
é importante a continuidade<br />
de estímulo à pesquisa e<br />
ao desenvolvimento de novas<br />
tecnologias, como o Inovar-<br />
Auto, buscando aprimorar o desempenho<br />
dos motores flex e<br />
dos veículos híbridos flex e à célula<br />
de combustível.<br />
E que não se coloque em segundo<br />
plano os necessários<br />
recursos para adequação industrial,<br />
em especial quanto à<br />
maior eficiência no aproveitamento<br />
da biomassa, bagaço e<br />
palha para cogeração de energia<br />
elétrica renovável, sem a<br />
qual não haverá disponibilidade<br />
rápida de energia para o crescimento<br />
nacional.<br />
Temos que aproveitar a grande<br />
oportunidade que se apresenta<br />
com a produção de etanol de<br />
milho, em modelos adequados<br />
a cada região. No <strong>Paraná</strong>, poderia<br />
acontecer em paralelo à produção<br />
de etanol de cana, assegurando<br />
maior competitividade<br />
de produção e subprodutos de<br />
valor agregado, suprindo a demanda<br />
protéica nas regiões.<br />
(*) Presidente da Alcopar<br />
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<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>