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Jornal Paraná Janeiro 2019

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OPINIÃO<br />

Ano de mudanças e desafios<br />

Nosso objetivo, com todo empenho e dedicação possíveis, será na continuidade do RenovaBio<br />

Miguel Rubens Tranin (*)<br />

OBrasil teve um 2018<br />

bastante intenso, sob<br />

todos os aspectos,<br />

com quebras de paradigmas,<br />

que se completou com<br />

uma eleição histórica para presidente.<br />

A população assistiu,<br />

estupefata, aos acontecimentos<br />

ao longo dos últimos anos, que<br />

culminaram com mudanças e<br />

levaram a uma grande reflexão.<br />

No resultado das urnas, observou-se<br />

o quanto a população<br />

participou desse processo, exigindo<br />

uma nova realidade.<br />

Escândalos sem fim, prisões,<br />

delações. Em um país que se<br />

acostumou ao descaso e à impunidade,<br />

com favorecimentos<br />

e benesses aos mais poderosos,<br />

quase ninguém poderia<br />

imaginar que empresários detentores<br />

de impérios fortemente<br />

ligados ao poder, e até mesmo<br />

um ex-presidente da República,<br />

pudessem acabar na cadeia.<br />

O esgotamento com o modelo<br />

político produziu uma previsível<br />

substancial renovação na representação<br />

parlamentar. Nada menos<br />

que 85% do Senado foram<br />

substituídos, enquanto na Câmara<br />

o percentual chegou à metade.<br />

Mas até que isto acontecesse,<br />

travou-se uma verdadeira<br />

batalha nas ruas e nas<br />

redes sociais, marcada por uma<br />

enxurrada de falácias e ideologias<br />

que, infelizmente, dividiram<br />

a sociedade e mostraram quanto<br />

trabalho temos pela frente para<br />

reordenar os caminhos do<br />

país e retomar o desenvolvimento,<br />

gerando oportunidades<br />

para todos que desejam um<br />

Brasil progressista, mais justo,<br />

em paz, com segurança jurídica,<br />

respeito entre os seus cidadãos<br />

e com importante espaço a<br />

ocupar no cenário global. Que<br />

Deus ilumine a todos nós na correção<br />

desse processo.<br />

Graças a alguns setores, como<br />

o agronegócio e a mineração, a<br />

economia se manteve em 2018<br />

com pilares mais sólidos, contribuindo<br />

de maneira decisiva<br />

para a recuperação, que vai exigir<br />

ainda muito esforço e determinação<br />

dos governantes, agora<br />

fiscalizados passo a passo<br />

por uma população mais informada<br />

e interessada em participar,<br />

que exige o fim da corrupção<br />

e da roubalheira.<br />

O agronegócio, embora ainda<br />

de certa forma incompreendido<br />

por parte da sociedade, tem<br />

cumprido seu papel com muita<br />

desenvoltura, gerando riquezas,<br />

investimentos e inúmeros postos<br />

de trabalho nas regiões produtoras,<br />

conquistando novos<br />

mercados e acelerando exportações<br />

que possibilitam o superávit<br />

na balança comercial. Difícil<br />

pensar como seria o país sem a<br />

participação dos empresários<br />

rurais, mas vale ressaltar: a<br />

energia renovável precisa, ainda,<br />

ser alçada entre as prioridades<br />

no novo governo e tem havido,<br />

por parte do setor, uma mobilização<br />

incisiva para demonstrar<br />

o quanto isto é estratégico.<br />

A partir de agora, o nosso objetivo,<br />

com todo o empenho e dedicação<br />

possíveis, será na continuidade<br />

do RenovaBio, programa<br />

único que conseguiu unir<br />

os segmentos relacionados à<br />

energia renovável (etanol, biodiesel,<br />

biomassa e biogás). Este<br />

deve ser, sem dúvida, o primeiro<br />

Não podemos prescindir de uma linha<br />

de crédito como o Prorrenova, mas<br />

permanente e voltada à renovação<br />

e implantação de novas lavouras<br />

item em nossa agenda.<br />

Outra demanda que exige urgência<br />

é quanto à equalização,<br />

via Confaz, das alíquotas de<br />

ICMS entre os Estados, batalha<br />

antiga. É necessário haver uma<br />

diferenciação tributária entre<br />

combustível renovável e o combustível<br />

de origem fóssil, reconhecendo<br />

os benefícios socioeconômicos,<br />

ambientais e à saúde.<br />

Por suas vantagens e benefícios,<br />

é indiscutível que etanol e<br />

biodiesel precisam ter prioridade<br />

frente à gasolina e ao diesel.<br />

Ao mesmo tempo, as sérias dificuldades<br />

pelas quais o setor de<br />

bioenergia vem passando em<br />

função da adoção, nos últimos<br />

anos, de políticas públicas deletérias,<br />

deve merecer a atenção<br />

governamental. Via BNDES, se<br />

faz indispensável estruturar uma<br />

linha de crédito de refinanciamento,<br />

como o PESA (Plano de<br />

Estruturação e Saneamento de<br />

Ativos), repactuando-se o endividamento<br />

das companhias, visto<br />

que o mesmo foi causado por<br />

políticas públicas equivocadas e<br />

seus efeitos nocivos.<br />

Não podemos prescindir, ainda,<br />

de uma linha de crédito a exemplo<br />

do Prorrenova, mas que seja<br />

permanente e voltada à renovação<br />

e implantação de novas lavouras<br />

para fazer frente à demanda<br />

de crescimento por biocombustíveis.<br />

Em relação à indústria automobilística,<br />

é importante a continuidade<br />

de estímulo à pesquisa e<br />

ao desenvolvimento de novas<br />

tecnologias, como o Inovar-<br />

Auto, buscando aprimorar o desempenho<br />

dos motores flex e<br />

dos veículos híbridos flex e à célula<br />

de combustível.<br />

E que não se coloque em segundo<br />

plano os necessários<br />

recursos para adequação industrial,<br />

em especial quanto à<br />

maior eficiência no aproveitamento<br />

da biomassa, bagaço e<br />

palha para cogeração de energia<br />

elétrica renovável, sem a<br />

qual não haverá disponibilidade<br />

rápida de energia para o crescimento<br />

nacional.<br />

Temos que aproveitar a grande<br />

oportunidade que se apresenta<br />

com a produção de etanol de<br />

milho, em modelos adequados<br />

a cada região. No <strong>Paraná</strong>, poderia<br />

acontecer em paralelo à produção<br />

de etanol de cana, assegurando<br />

maior competitividade<br />

de produção e subprodutos de<br />

valor agregado, suprindo a demanda<br />

protéica nas regiões.<br />

(*) Presidente da Alcopar<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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