B - Egan Bernal, “A Águia de Zipaquirá” Em 2016 Gianni Savio (dono da equipa italiana Androni- Giocattoli) apresentou um jovem colombiano de seu Egan Bernal, que vinha do BTT e que segundo ele tinha um potencial ilimitado. Paolo Alberati, ex-ciclista e agente do colombiano foi o primeiro a dar conta do talento que tinha em mãos, e fez questão de o apresentar a Gianni Savio, que ficou impressionado com os resultados extraordinários dos testes fisiológicos nomeadamente no consumo de oxigénio (VO2 max). O primeiro ano como profissional correu muito bem, adaptou-se facilmente à estrada e obteve resultados interessantes para um miúdo de 19 anos. Tudo apontava que em 2017 iria estrear-se numa grande volta, neste caso o Giro d’Italia, mas a equipa de Savio acabaria por não ser convidada. A segunda temporada na Androni- Giocattoli foi um sucesso, com várias vitórias onde se destaca o domínio avassalador no Tour de l’Avenir. Como era de esperar, não tardaram a chegar as propostas à Androni, uma delas do Team Sky, seria o destino do fenómeno colombiano. 2018 foi o ano da estreia no World Tour e mais uma vez, Bernal não desiludiu. Com apenas 21 anos realizou uma temporada de enorme qualidade. Venceu a Colombia Oro y Paz e a Volta a Califórnia, deu espetáculo na Romandia, Catalunha e no Tour foi um gregário de luxo, Chris Froome pode agradecer o pódio a ele. A equipa britânica decidiu oferecer-lhe um novo contrato de 5 anos, ou seja até 2023. Curiosamente umas semanas mais tarde a Sky revelou que irá abandonar o ciclismo no final de <strong>2019</strong>, uma decisão que não vai impedir a ascensão de Bernal seja na equipa britânica caso arranjem patrocinadore(s) ou noutra estrutura do World Tour. Em <strong>2019</strong> a equipa decidiu darlhe a liderança da equipa no Giro, será a primeira grande volta onde irá com ambições à geral. No próximo mês de maio podemos estar a assistir ao nascimento de uma nova era no ciclismo. C - Remco Evenepoel, “O canibal júnior” Se Egan Bernal era o talento que criava mais expectativas nos últimos anos, há um menino belga que o destronou no último ano, chama-se Remco Evenepoel, tem apenas 18 anos e já acaba de chegar ao World Tour. A história de Remco Evenepoel é muito curiosa, sensivelmente a meio de 2017 decidiu trocar o futebol pelo ciclismo. O belga jogava nas camadas jovens do Anderlecht e chegou a jogar nas seleções jovens da Bélgica. Nas primeiras provas rapidamente deu nas vistas e foi chamado para o mundial em Bergen, onde teve azar e foi obrigado a abandonar na prova em linha de juniores, um ano depois seria tudo muito diferente, mas já lá vamos. Em 2018 competiu 35 dias, venceu em 23 deles, um domínio avassalador em todo o tipo de terrenos e sobre todos os adversários da sua idade, como aconteceu no europeu, onde ganhou com quase 10 minutos de vantagem sobre o 2º na prova em linha e venceu facilmente o contrarrelógio. A diferença foi tão abismal que o jovem belga chegou a pedir para competir no escalão sub-23, a UCI não acedeu ao pedido. O grande objetivo de Evenepoel no último ano era o mundial, um assunto que tinha ficado pendente em 2017. E em Innsbruck rapidamente deu nas vistas, na prova júnior do contrarrelógio, mais uma vez esteve noutro planeta, rodou a uma média perto dos 50 Km/h com andamentos limitados, o segundo ficou a mais de 2 Km/h do belga. Mas o melhor estava guardado para a prova em linha, como aconteceu em Bergen viuse envolvido numa queda mas desta vez não abandonou, recuperou mais de minuto e meio para os da frente e depois deixou toda a gente para trás com uma facilidade desconcertante. Esta superioridade absurda fez com que muitos vissem nele o novo Eddy Merckx. Várias equipas do World Tour não quiseram esperar e tentaram ter o belga nas suas fileiras, a escolha de Evenepoel recaiu na Quick-Step Floors (Deceuninck-Quick Step em <strong>2019</strong>), passa directamente dos juniores para a principal divisão do ciclismo mundial, a pressão é enorme. No entanto, a equipa e o próprio ciclista já puseram um pouco de água na fervura nas expectativas, este primeiro ano no World Tour será sobretudo de aprendizagem e de adaptação à dinâmica das corridas, que é completamente diferente daquilo que está habituado. 22 •
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