Revista Desporto&Sports - ed14 2019 (Versão Gratuita)

#Portugal
As Mudanças de treinador
o que se autoproclama de “Indústria”
A
mudança de treinador tem
sido a solução mais fácil
de tomar pelos dirigentes
dos clubes de futebol,
quando os resultados
desportivos não surgem ou
Júlio estão abaixo do esperado.
Diz-se “mais fácil” pela
simples razão de que é
Professor do Ensino
muito mais fácil despedir
Superior na área da
1 pessoa do que 7 ou 8.
Gestão, ex-dirigente Contudo, esta decisão
desportivo, autor do livro também acarreta algum
“Formar Jovens Futebolistas:
um projeto formativo toma. No fundo, trata-se
desconforto a quem a
dos 6 aos 18 anos” de colocar uma pessoa
no desemprego. O tempo
jcoelho@ipleiria.pt
que ficam no desemprego
ou querem ficar, é outra
história. Vamos ao essencial: essa
decisão é tomada com a clara convicção
que o “efeito psicológico”
junto do grupo de trabalho seja
positivo. Esperam-se que as novas
caras, eventuais novos métodos de
trabalho e opções táticas possam
potenciar as qualidades dos atletas
do plantel. No entanto, “certezas”
ninguém as tem! Espantoso, é que
quando esses mesmos treinadores
são contratados, um dos fortes
argumentos é o de serem importantes
para “o projeto” que se
pretende desenvolver. Mas depois,
são os resultados desportivos que
comandam as decisões dos gestores
COELHO
desportivos, por influência dos
sócios e simpatizantes, sempre que
os pontos na classificação começam
a faltar. O treinador é o “elo mais
fraco” de uma cadeia de elementos
que constituem uma estrutura de
uma equipa de futebol. Sem dúvida,
que nos casos de sucesso desportivo,
eles são o que mais beneficiam,
mas depois quando há algum
insucesso são os primeiros a sofrer.
Ao dirigente – gestor, cabe naturalmente
dirigir, mas depois deve
também organizar planear e controlar,
nas suas diferentes frentes.
A par da esfera desportiva está a
esfera financeira, estando ambas no
centro das atenções de todos, sendo
a última cada vez mais escrutinada
pelas instâncias que superintendem
a “indústria”. Contudo, desses
todos, os sócios e simpatizantes
pouco se importam com a componente
financeira dos seus clubes – a
não ser para servir de arremesso
aos seus adversários em conversas
de café. A esses só interessam os
resultados desportivos, aqueles que
balizam o despedimento e as novas
contratações de treinadores e atletas.
" Quando os recursos financeiros não abundam,
como é o caso português, entre muitos outros, devem
ser os bons projetos a prevalecer, numa “indústria”
altamente competitiva em termos nacionais e
internacionais."
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