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18<br />

A menina, a mulher e a mãe.<br />

Nesta edição quero dedicar esse<br />

texto às mulheres. Sim, a elas que<br />

tanto nos encantam e são exemplos<br />

de força e dedicação.<br />

Quando falamos de família e, principalmente,<br />

de um diagnóstico de TEA<br />

então, aí é que elas são as personagens<br />

principais das histórias da maioria<br />

das famílias, salvo raras exceções.<br />

A mulher protagoniza, quase sempre,<br />

a função da pessoa que parte para o<br />

estudo em busca de uma solução para<br />

o desenvolvimento de seu filho(a), assume<br />

perspectivas diferentes no meio<br />

social com o intuito de abranger o<br />

maior número de possibilidades para<br />

que isso aconteça. Passa, facilmente,<br />

de mãe a terapeuta, professora,<br />

fisioterapeuta, nutricionista e por<br />

aí vai. Essa mãe, obrigatoriamente,<br />

tem que se reinventar, para assumir<br />

novos papéis que antes não estavam<br />

programados no plano de vida. E não<br />

podemos nos esquecer de que, se ela<br />

falhar, será cobrada pela sociedade, a<br />

qual atribui toda e qualquer falha na<br />

gestão familiar primeiramente à mãe.<br />

Além do mais, a mãe ainda é vista de<br />

forma tácita como principal responsável<br />

na educação dos filhos.<br />

Todo o exposto acima já é amplamente<br />

discutido e divulgado, sendo assim,<br />

eu não quero que esse texto vire um<br />

“mais do mesmo”. Então, como sempre,<br />

quero propor uma reflexão do<br />

texto a seguir onde quero poder dividir<br />

com vocês o que tenho observado<br />

em algumas oportunidades que a vida<br />

tem me proporcionado.<br />

O diagnóstico na vida adulta em<br />

mulheres tem sido cada vez mais<br />

observado e é considerado sempre<br />

mais complexo. As mulheres, de<br />

forma geral, tendem a camuflar<br />

mais os sintomas e sinais do TEA em<br />

função das convenções sociais. Esses,<br />

acabam passando despercebidos. Isso,<br />

porque espera-se que a mulher tenha<br />

um comportamento mais adequado<br />

aos padrões sociais, como falar pouco,<br />

não encarar as pessoas, não olhar diretamente<br />

nos olhos, etc. Por muitos<br />

anos, esses aspectos eram de vital importância<br />

para que uma mulher fosse<br />

considerada “ direita” ou a “certa para<br />

casar”. Por isso, quando encontramos<br />

mulheres com um comportamento tímido,<br />

ou até mesmo um acanhamento<br />

excessivo, esse comportamento é<br />

visto como aceitável socialmente.<br />

Essas mulheres quando entram na<br />

maternidade têm se descoberto por<br />

meio de seus estudos, motivados pelas<br />

experiências vividas com seus filhos<br />

com TEA. E estão se entendendo enquanto<br />

indivíduos. Atualmente, com<br />

o avanço dos estudos sobre o assunto,<br />

as mulheres têm encontrado subsídios<br />

para conseguirem o diagnóstico<br />

tardio.<br />

Mas, fica a dúvida: a busca pelo diagnóstico<br />

tardio tem benefícios? Essa<br />

é uma pergunta que não tem resposta<br />

certa ou errada. Como já disse<br />

em textos das edições anteriores, o<br />

bem-estar da pessoa é que deve vir<br />

em primeiro lugar. Se essa acredita<br />

que um diagnóstico lhe trará respostas,<br />

por que não? Mas, se por acaso,<br />

uma pessoa pensar que o diagnóstico<br />

pode lhe trazer rótulos ou não trazer<br />

benefício algum, por que tê-lo?<br />

Acredito que com o passar do tempo<br />

teremos cada vez mais informação<br />

sobre em como diagnosticar as mulheres<br />

e isso dará as futuras gerações<br />

a oportunidade de escrever histórias<br />

diferentes. Importante lembrar que<br />

nem todas as mães de pessoas com<br />

autismo, também são autistas. Esse<br />

texto é baseado nas experiências que<br />

tenho tido ao longo da minha jornada<br />

nesse assunto.<br />

Alexsander Sales é formado em<br />

Administração de Empresas e pósgraduado<br />

em logística empresarial<br />

pela FGV. Atualmente, é Pós-graduando<br />

em Neuropsicopedagia e<br />

ativista da causa autista. Desde<br />

2012, acompanha sua família nas<br />

palestras levando seu depoimento<br />

na visão de pai e falando sobre leis<br />

e moradias assistidas.

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