11.06.2019 Views

ED3_SA_Digitalok

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

26<br />

Diagnóstico<br />

Casei e engravidei cedo.<br />

O Mateus é meu filho único e faz parte<br />

de todo meu entendimento de vida.<br />

Eu era inexperiente na época, mas já<br />

na amamentação ele não interagia<br />

muito comigo. No começo teve um desenvolvimento<br />

aparentemente dentro<br />

da normalidade. Chegou a falar algumas<br />

palavras...<br />

Passear<br />

A, e, i, o, u.<br />

A olhar para mim e falar, bonita.<br />

Mãe<br />

Frases curtas de duas a três palavras.<br />

Mas foi regredindo no seu desenvolvimento.<br />

Andava na ponta dos pés,<br />

corria sem parar, apresentava auto<br />

e heteroagressividade, se jogava no<br />

berço, mordia a mão, batia a cabeça,<br />

não brincava com brinquedos, não<br />

entendia linguagem figurada, não<br />

brincava com as pessoas, girava a<br />

rodinha do carrinho com as mãos<br />

ao invés de brincar, não olhava nos<br />

olhos, se fixava nos pés das pessoas<br />

caminhando, não respondia a comandos,<br />

não imitava, girava uma cordinha<br />

com as mãos, se balançava muito,<br />

enfileirava objetos, fechava as portas,<br />

não atendia pelo nome.<br />

Foi se distanciando cada vez mais<br />

e parou de falar aos 7 anos. Eu não<br />

tinha a orientação que precisava, pois<br />

se sabia pouco sobre o diagnóstico<br />

naquela época. A pediatra dizia que<br />

atrasos eram normais. Até mesmo<br />

porque os exames físicos não detectavam<br />

nada.<br />

O pai foi se afastando... me deixava<br />

sozinha com o Mateus por longos<br />

períodos. O casamento acabou.<br />

Eu e minha família mal sabíamos o<br />

que era autismo. O diagnóstico veio<br />

quando o Mateus tinha dois anos e<br />

meio. E o pai biológico nunca mais<br />

apareceu e sua família também se<br />

distanciou, infelizmente. Só para<br />

vocês terem uma idéia da gravidade,<br />

o Mateus nessa época chegou a falar:<br />

pai. Mas meus familiares sempre<br />

estiveram ao meu lado.<br />

Tratamento<br />

Em um programa de televisão meus<br />

pais viram o Dr. Raymond Rosenberg<br />

falar sobre o transtorno, e que tinha<br />

tudo a ver com o Mateus. A pediatra<br />

orientou que não precisava procurar<br />

o Dr. Rosenberg, porque ele podia<br />

melhorar. Ainda assim decidimos<br />

levar ele motivados por uma grande<br />

preocupação. Fiquei sem chão e<br />

muito desesperada. Muito preocupada<br />

quanto ao futuro do Mateus e o que<br />

aconteceria com ele. Eu teria que<br />

abandonar uma carreira bem-sucedida.<br />

Corremos de tratamento em<br />

tratamento. Eu estava bem abalada<br />

e iniciei minha terapia que faço até<br />

hoje.<br />

O Mateus fez reorganização neurológica<br />

pelo método da Dra. Beatriz<br />

Padovan, fono, equoterapia...<br />

Tudo que estava ao nosso alcance.<br />

Tivemos auxilio de uma profissional<br />

reconhecida, Dra. Margarida Windolz,<br />

infelizmente recém-falecida.<br />

O Mateus passou por excelentes<br />

profissionais da área. Usamos os<br />

conceitos do Aba. Tem o PECS,<br />

sistema alternativo de comunicação<br />

por imagens. Ele tem um painel onde<br />

organiza sua rotina. O tratamento<br />

hoje é melhor que a 10... 20 anos.<br />

Escola e inclusão<br />

Tentamos a inclusão. Mas muitas<br />

escolas não o aceitaram. Chegaram<br />

a me dizer que era um problema na<br />

educação e que eu não dava carinho e<br />

não cuidava bem dele. Faltava e falta<br />

estrutura nas escolas. Que não forneciam<br />

um monitor, nem se quer permitiam<br />

que conseguíssemos um, por<br />

causa de leis trabalhistas da época.<br />

Hoje é permitido monitores, mas<br />

carece de formação adequada de<br />

profissionais. Encontramos em escolas<br />

especiais uma maior estrutura<br />

inclusive pelo nível de autismo do<br />

meu filho. Ele está na Fada associação<br />

de pais a pelo menos 15 anos. É muito<br />

feliz lá.<br />

Tenho várias histórias lindas do<br />

Mateus com eles. Escola especializada<br />

em autismo, onde encontramos um<br />

tratamento modelo. Infelizmente<br />

sobrevivem com muita dificuldade.<br />

Para contar uma história que adoro<br />

do psiquiatra do Mateus, com ele. Vou<br />

dizer de um dia que ele visitou a Fada,<br />

depois de muitos anos sem ir à escola.<br />

O Mateus fez pipoca junto com seus<br />

amigos e achamos que logo depois iria<br />

comer o seu potinho sozinho, como<br />

sempre fazia. Mas nos surpreendeu<br />

oferecendo para o doutor antes. O<br />

Mateus tem dificuldade na interação<br />

social e comunicação. Como é no<br />

transtorno. Por isso, muitas vezes,<br />

não consegue dividir. Se organiza por<br />

meio de rotina como é no TEA, e o<br />

doutor naquela situação significava<br />

uma quebra de rotina.<br />

Preconceito<br />

O Mateus sofreu algum preconceito.<br />

Para falar um pouco disso, em um<br />

prédio onde eu morava, tive que me<br />

mudar, pois ele chegou a ser isolado<br />

pelos moradores. Uma vez quando foi<br />

à piscina, se assustou com as crianças<br />

correndo e segurou com as mãos o<br />

braço de um amigo. Ele se assustou<br />

e a mãe não aceitou qualquer tipo de<br />

explicação minha e de minha família.<br />

Fazendo uma reclamação ao condomínio<br />

e comunicando a todos em um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!