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SCMedia News | Revista | Julho 2019

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A revista da<br />

<strong>Julho</strong> <strong>2019</strong><br />

4,60€<br />

Logística da Mercadona<br />

No coração da eficiência<br />

1<br />

GRUPO RIBERALVES<br />

A TRADIÇÃO AINDA<br />

É O QUE ERA<br />

SUPPLY CHAIN<br />

INTELLIGENCE<br />

LOGÍSTICA 4.0<br />

NA SAÚDE<br />

TRANSFORMAÇÃO<br />

DIGITAL OU<br />

INTEGRAÇÃO?


Dois mundos, uma ideia.<br />

REUNIR O MELHOR DOS DOIS MUNDOS, COMBINAR AS VANTAGENS<br />

NUMA POSIÇÃO ÚNICA - ESTE É O CONCEITO DE BAOLI.<br />

Criando uma posição excepcional no mundo dos equipamentos de movimentação de cargas. O retorno do investimento<br />

está relacionado com a qualidade e após-venda. Os equipamentos Baoli estão ligados à tecnologia avançada.<br />

Este é a Baoli: a energia de uma empresa chinesa dinâmica e a força de um grupo alemão líder.<br />

www.baoli-emea.com


dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />

Dora Assis<br />

EDITORIAL<br />

DAS ILHAS AO ARQUIPÉLAGO<br />

«Sê a mudança que queres ver no mundo.»<br />

Mahatma Gandhi<br />

Vamos fazer uma viagem? A pergunta envolve<br />

um convite e traz uma promessa de história.<br />

Embora esta seja a revista n.º 1, a história<br />

da <strong>SCMedia</strong> começou há 18 meses e com uma<br />

convicção inabalável. Queríamos fazer nascer,<br />

criar e desenvolver um projecto de comunicação<br />

e informação b2b, centrado nas necessidades<br />

de quem está profissionalmente na cadeia de<br />

abastecimento e há desde o início três letras que<br />

nos norteiam e sintetizam na perfeição quem<br />

somos e ao que vimos: SCM.<br />

Somos SCM porque no mundo global todos<br />

Somos Cidadãos do Mundo. Somos SCM<br />

porque somos apaixonados pelas cadeias de<br />

abastecimento, pela internet, amantes da liberdade<br />

de Imprensa, defensores do uso correcto da língua<br />

e do direito à informação plural. Somos SCM<br />

porque acreditamos que o que se faz na logística<br />

vai muito para além do CtrlC + CtrlV de um<br />

comunicado de imprensa. Somos SCM porque mais<br />

de 15 anos de conhecimento e proximidade com<br />

os profissionais do sector levam-nos a acreditar<br />

na importância da informação livre, rigorosa, útil<br />

e de confiança. Credível! Aquela que ajuda<br />

a separar o trigo do joio nestes tempos<br />

conturbados, hipermediatizados e de “fakenews”.<br />

Somos SCM porque gostamos de aproximar<br />

e ligar profissionais, ser o elo, fazer pontes.<br />

E é exactamente isso que temos vindo a construir<br />

ao longo deste ano e meio. A Supply Chain Magazine<br />

tem um site, actualizado diariamente, e onde já<br />

publicámos mais de 1.200 notícias. Editamos uma<br />

newsletter semanal de logística; a de procurement,<br />

quinzenal e a estas ilhas de informação fomos<br />

juntando outras ilhas de conhecimento: os eventos.<br />

Em 18 meses organizámos e promovemos<br />

15 conferências e iniciativas assentes na vontade de<br />

gerar novos saberes e outros olhares sobre a Supply<br />

Chain em sectores tão diversos como o automotive,<br />

pharma e healthcare, agro-alimentar, compras...<br />

Sendo que o expoente máximo foi seguramente a<br />

SCM Conference <strong>2019</strong> que reuniu na NOVA SBE mais<br />

de 400 profissionais. Até hoje.<br />

Hoje nasce o elemento agregador de todas estas<br />

ilhas – a revista.<br />

Acreditamos modestamente que a SCM, online<br />

e em papel, rapidamente vai tornar-se a sua news<br />

magazine. Porquê? Por causa do olhar privilegiado<br />

que vamos trazer-lhe sobre o sector e sobretudo<br />

porque somos uma equipa de gente boa e<br />

generosa, que acredita no que faz e que no seu<br />

código genético tem gravadas as letras SCM.<br />

Sim, somos SCM porque consigo, caro leitor,<br />

vamos realmente Ser Capazes do Melhor.<br />

Trocado por miúdos? Não queremos escrever<br />

o futuro da SCM para si, mas consigo!<br />

ESTATUTO EDITORIAL<br />

<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> é uma revista mensal de informação profissional e sectorial, que tem um site com actualização diária<br />

de informação.<br />

Dirigida aos profissionais que desempenham a sua actividade a montante e a jusante das cadeias de abastecimento,<br />

pretende contribuir para uma opinião informada e esclarecida e apoiá-los nas suas tomadas de decisão. É independente<br />

dos poderes político e económico e compromete-se a respeitar acima de tudo os interesses dos seus leitores.<br />

No desempenho da sua actividade, pauta-se por princípios de rigor, isenção e honestidade, no respeito pela ética<br />

profissional e pelo código deontológico. Defende o pluralismo e distingue as notícias das opiniões. A selecção temática<br />

dos conteúdos responde a critérios de interesse, utilidade e relevância da informação para os seus leitores.


4<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

ÍNDICE<br />

FACTOS & NÚMEROS<br />

Colgate-Palmolive lidera<br />

no ranking Supply Chain Top 25 6<br />

LOGÍSTICA<br />

A tradição ainda é o que era 8<br />

Mulheres, mulheres,<br />

sem negócios à parte 14<br />

Chocolates com sabor a logística 20<br />

Sustentabilidade empresarial<br />

em 3 passos 26<br />

SCM Conference:<br />

No Everest da supply chain 29<br />

A externalização logística<br />

é um bom negócio 34<br />

PROCUREMENT<br />

Análise estratégica<br />

de relações complexas 36<br />

Vortal com os olhos postos no futuro 40<br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Inovação “made in Irlanda” 44<br />

No coração da eficiência* 48<br />

TECNOLOGIAS<br />

Logística na Saúde 4.0:<br />

Transformação digital ou integração? 54<br />

Generix:<br />

“As pessoas são a alma do negócio” 60<br />

Investimento na logística<br />

cimenta operações 62<br />

TRANSPORTE<br />

Transportes livres de fósseis<br />

exigem mudanças a alta velocidade 64<br />

CARREIRA<br />

20 anos de aprendizagem logística 72<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Propriedade_<br />

SC Media Unipessoal, Lda.<br />

Administração_ Filipe Barros<br />

Sede, Administração<br />

e Redacção _<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68<br />

São Francisco<br />

2890-307 Lisboa<br />

T: 210 499 074<br />

NPC _ 514707143<br />

Registo na ERC n.º _ 127322<br />

Depósito Legal n.º _458604/19<br />

Directora _Dora Assis<br />

Colaboraram nesta edição_<br />

Ana Paiva, Fábio Santos,<br />

João Miguel Dias, Luís<br />

Madureira, Nelson Silva,<br />

Ricardo Sousa Costa, Direcção Comercial _<br />

Ruben Loureiro<br />

Filipe Barros<br />

Design e fotografia _ Publicidade _<br />

Margarida Matildes<br />

Alexandra Santos<br />

Impressão _VASP DPS<br />

Projecto gráfico e paginação _<br />

MLP – Quinta do Grajal,<br />

Maria João Carvalho Venda Seca<br />

Circulação & Eventos _ 2739-511 Agualva Cacém<br />

Inês Ferreira<br />

Tiragem _3 mil exemplares


NOVO DESTINO<br />

PORTO<br />

A companhia aérea de carga que voa para mais destinos do que<br />

qualquer outra Agora voa para o Poo, Pougal<br />

turkishcargo.com


6 JULHO <strong>2019</strong><br />

FACTOS<br />

& NÚMEROS<br />

Ranking<br />

COLGATE-PALMOLIVE LIDERA<br />

NO RANKING SUPPLY CHAIN TOP 25<br />

A Gartner revelou os resultados do seu estudo anual das melhores Supply Chains,<br />

o Supply Chain Top 25 ranking and masters.<br />

Em 2018, a Unilever voltou a estar no top<br />

1 pela terceira vez consecutiva, e atingiu<br />

a categoria “Master”, que requer que a<br />

empresa se mantenha no top 5 por 7 dos<br />

10 anos anteriores, e como tal não aparece no<br />

deste ano, juntamente com os outros que já<br />

foram distinguidos com esse título como<br />

a Apple, P&G, Amazon e, mais recentemente,<br />

McDonald’s.<br />

Este ano o ranking é liderado pela Colgate-<br />

-Palmolive, que em 2018 estava no Top 4,<br />

seguida da Inditex, Nestlé, PepsiCo e Cisco<br />

Systems, sendo que a única descida que houve<br />

neste Top 5 comparativamente ao do anterior,<br />

foi da Cisco do top 3 para o 5 e a queda de um<br />

lugar da Intel para a sexta posição.<br />

“O ranking consiste num grupo impressionante<br />

de líderes, que inclui duas novas entradas, uma<br />

do retalho e uma do sector químico”, revela<br />

Mike Griswold, vice-presidente analista na<br />

Gartner, referindo-se à Alibaba e à Azko Nobel,<br />

que entraram no top 25 pela primeira vez. •


Formação IN-HOUSE<br />

Gestão de Stocks<br />

Negociação na Logística<br />

Gestão do Armazém<br />

Auditoria Logística<br />

Workshops/Cursos<br />

Intra-Empresas<br />

estruturados e<br />

construídos à medida,<br />

realizados nas<br />

instalações da<br />

empresa, nos horários<br />

que forem mais<br />

convenientes.<br />

Gestão de Compras<br />

Procurement eficiente<br />

Seleção e avaliação de fornecedores<br />

Libertar e maximizar o potencial das equipas logísticas<br />

através da liderança eficaz<br />

Lean Logistics<br />

Gestão de Processos<br />

Facility Management<br />

Gestão de Rotas<br />

Esta é uma oportunidade<br />

para reciclar<br />

conhecimentos, ampliar<br />

outros e alargar horizontes<br />

profissionais.<br />

Gerir com sucesso a sua frota<br />

Como minimizar os custos de transporte<br />

Ferramentas de gestão logística para transitários<br />

Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />

SAIBA MAIS EM:<br />

www.supplychainmagazine.pt/flow/<br />

flow@supplychainmagazine.pt<br />

Sector Transitário - Formação em Vendas<br />

Formação Air & Sea - Vertente Comercial<br />

Formação em Transporte Aéreo - Vertente Comercial<br />

Formação em Transporte Marítimo - Vertente Comercial<br />

Formação em Supply Chain<br />

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8<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

100 toneladas de<br />

bacalhau processadas<br />

diariamente<br />

A TRADIÇÃO AINDA É O QUE ERA<br />

A empresa familiar portuguesa Riberalves fez recentemente um investimento de 4 milhões<br />

de euros na expansão da sua fábrica na Moita, a maior do sector de transformação de bacalhau<br />

do mundo e que conta agora com 40.000m2 de área total, aumentando a sua capacidade de<br />

refrigeração e produção em 20%. É que, quando se fala de bacalhau, em Portugal a tradição<br />

ainda é o que era.<br />

Ricardo Alves, administrador da Riberalves,<br />

explicou, que a expansão da fábrica ficou<br />

a dever-se à tendência de aumento das<br />

vendas do novo produto, o Bacalhau Pronto<br />

a Cozinhar, que já conta com uma quota<br />

de mercado de cerca de 30% em Portugal,<br />

mas que já vale 60% das vendas da empresa.<br />

Acrescenta que, deste investimento, 2/3 vão<br />

para a logística e melhorias com impacto<br />

directo na supply chain da Riberalves.<br />

Após a expansão, a fábrica ficará com<br />

uma capacidade de armazenagem até 23 mil<br />

toneladas de matéria-prima e produto acabado,<br />

mais do que a Islândia produz num ano,<br />

“e é muito nisso que estamos a investir, ainda<br />

agora terminámos uma outra câmara frigorífica,<br />

um pouco mais pequena, porque ter capacidade<br />

de armazenagem afecta a qualidade do produto,<br />

ou seja, quanto mais tempo o bacalhau estiver<br />

em sal, melhor vai ser o seu sabor, e isso


SCM Supply Chain Magazine 9<br />

é muito importante para nós. É fundamental<br />

ter a melhor matéria-prima, mas também ter<br />

capacidade para a armazenar durante<br />

6/7/8 meses para que esse bacalhau ganhe a<br />

famosa cura tradicional portuguesa e se obtenha<br />

o melhor produto”, conta o administrador.<br />

Todos os dias há uma movimentação de<br />

cerca de 250 paletes de bacalhau na fábrica<br />

da Moita. É preciso uma grande capacidade<br />

de movimentação para dar resposta às<br />

necessidades da produção, que ronda as<br />

100 toneladas diárias. Mas como viaja e que<br />

fases atravessa o bacalhau desde o norte da<br />

Europa até chegar à mesa? A Supply Chain<br />

Magazine conta-lhe tudo.<br />

A VIAGEM DO BACALHAU<br />

Tendo como origem da matéria-prima a Noruega,<br />

Rússia e Islândia, numa escala em que, das 35 a<br />

40 mil toneladas de matéria-prima importada,<br />

as duas primeiras representam cerca de 80%<br />

para a Riberalves. No entanto, é precisamente<br />

na Islândia que se encontra a preferência e<br />

também a maior qualidade, devido à forma como<br />

o bacalhau é apanhado e aos cuidados que os<br />

pescadores têm com o peixe. Ao não pescarem<br />

em grande quantidade de uma só vez, os<br />

pescadores islandeses conseguem garantir que<br />

esse bacalhau se distinga dos restantes, e isso<br />

resulta numa maior qualidade do produto final.<br />

O bacalhau chega a Portugal ou congelado ou<br />

em salga verde, sempre transportado através<br />

de contentores reefers, de modo a manter a<br />

qualidade do produto, sendo que da Noruega<br />

vem por via rodoviária e da Rússia e Islândia por<br />

via marítima, existindo ainda troços ferroviários<br />

já em território nacional.<br />

Ricardo Alves explica que o primeiro<br />

quadrimestre do ano é a altura de comprar<br />

RICARDO ALVES [administrador da Riberalves]<br />

O segredo do nosso negócio está na previsão<br />

e está na compra. É tudo uma questão<br />

de previsão e gestão de planeamento.<br />

Primeiro na venda, para sabermos o que<br />

temos de comprar, e depois fazer a compra<br />

da matéria-prima.<br />

“<br />

”<br />

matéria-prima para os próximos meses,<br />

um investimento que este ano se situou entre<br />

os 90 e os 100 milhões de euros feito a longo<br />

prazo, pois de modo a garantir a qualidade<br />

e a tradição portuguesa o bacalhau tem que<br />

ser submetido a um período entre 6 e 8 meses<br />

de cura no sal, por vezes chegando mesmo<br />

a 1 ano, como já acontecera em edições<br />

limitadas natalícias anteriores. De modo a ser<br />

feita esta maturação, é necessária uma grande<br />

capacidade de armazenagem que consiga<br />

corresponder à quantidade de bacalhau ali<br />

produzido.<br />

O administrador da empresa conta que se<br />

aproveita 25% do bacalhau, devido à remoção<br />

da cabeça e vísceras, que representam metade<br />

do peixe, e à escala, remoção da espinha e<br />

secagem, que representam 25%. Por cada quilo<br />

de peixe vivo, 250g são consumidos,


10<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

e por cada 100g de bacalhau, 21g são proteína,<br />

o que significa que é um peixe rico e muito<br />

saudável.<br />

“BACALHAU, SAL E TEMPO”<br />

O processamento do bacalhau não requer<br />

a adição de qualquer produto, além do sal<br />

necessário para a Cura Tradicional Portuguesa.<br />

Aliás, em 2013 a empresa anunciou publicamente<br />

estar contra uma decisão da Comissão Europeia,<br />

que regulava a adição de fosfatos no Bacalhau,<br />

que acabou por não abranger Portugal.<br />

“Bacalhau, sal e tempo, é tudo o que é preciso”,<br />

explica Ricardo Alves. O processo produtivo<br />

do bacalhau Pronto a Cozinhar passa então<br />

por cinco fases principais: Escala, Salga e Cura,<br />

Secagem, Demolha e Ultracongelação.<br />

Escala No processo da escala é feito o corte<br />

do peixe e removida a espinha central para que<br />

este fique aberto e seja limpo.<br />

Salga e Cura A salga é importante para<br />

a conservação do produto e da sua qualidade;<br />

ao mesmo tempo, o bacalhau inicia a cura<br />

tradicional portuguesa, que pode demorar<br />

até um ano.<br />

Secagem A secagem é feita em câmaras<br />

que simulam o ambiente ideal para a sua<br />

desidratação, como temperatura, humidade<br />

ou circulação de ar.<br />

Demolha O bacalhau fica em água corrente,<br />

a temperatura controlada, durante um tempo<br />

específico consoante o tipo de posta,<br />

de modo a ficar no ponto de sal ideal.<br />

Ultracongelação O bacalhau é<br />

ultracongelado a -40ºC durante 4h, de modo<br />

a manter as suas propriedades; de seguida<br />

recebe uma vidragem, que o reveste e prepara<br />

para a guarda nos congeladores caseiros.<br />

Embalamento O embalamento das mais<br />

diversas referências é um processo rigoroso<br />

(ao nível da selecção de qualidade do próprio<br />

produto, do calibre ou das normas de segurança<br />

alimentar). Depois de paletizado está pronto<br />

a ser enviado.<br />

Entregas Por questões de eficácia e<br />

orçamento, a Riberalves abandonou a sua<br />

frota interna de distribuição há cerca de<br />

5 anos, optando por serviços contratados.<br />

As carrinhas ligeiras refrigeradas, ainda<br />

existentes, da marca, servem para fazer a<br />

distribuição na zona de Lisboa, garantindo<br />

entregas a restaurantes e pequeno retalho.<br />

A empresa tem apenas um camião pesado que<br />

assegura a transição de mercadoria entre as<br />

unidades industriais da Moita e Torres Vedras.<br />

Em termos de distribuição para o retalho,<br />

a Riberalves tem distribuidores exclusivos,<br />

responsáveis pela distribuição capilar.<br />

“<br />

O CANAL HORECA É MUITO<br />

IMPORTANTE PARA NÓS, E AS<br />

VENDAS DO NOSSO PRODUTO<br />

ESTÃO MUITO BEM DIVIDIDAS<br />

ENTRE RETALHO, HORECA E<br />

EXPORTAÇÃO. O CANAL HORECA<br />

TEM ESPECIFICIDADES, COMEÇANDO<br />

PELOS CHEFES DE COZINHA, QUE<br />

SÃO EXTREMAMENTE EXIGENTES.<br />

”<br />

Ricardo Alves


SCM Supply Chain Magazine 11


12<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

RIBERALVES EXPORTA<br />

25% DA PRODUÇÃO<br />

25% de toda a produção da Riberalves é<br />

dedicada à exportação, sendo o mercado mais<br />

importante o do Brasil, onde a tradição do<br />

consumo tem também um impacto importante.<br />

África, México, França ou Suíça, são igualmente<br />

geografias onde a marca está presente.<br />

A Riberalves está também atenta às Caraíbas,<br />

um mercado com potencial, pela sua apetência<br />

no consumo de produtos de salga.<br />

Os produtos são muito diversificados, sendo<br />

que a empresa trabalha também com outras<br />

variedades de peixe que requerem processamento<br />

semelhante ao do bacalhau, ou com outras<br />

variedades de produtos dirigidos para a exportação<br />

e em consonância com as tendências dos mercados<br />

aos quais se destinam. Também o canal HORECA<br />

tem referências específicas.<br />

Ricardo Alves dá o exemplo de alguns produtos<br />

sem pele e sem espinhas, vocacionados para<br />

o retalho mexicano, ou produtos de bacalhau<br />

salgado seco para África. Apenas de bacalhau<br />

demolhado ultracongelado têm cerca de 400<br />

SKU, e só em cortes diferentes de bacalhau têm<br />

30, tudo isto proveniente de apenas três locais de<br />

importação.<br />

A empresa familiar portuguesa continua a<br />

apostar no respeito pela tradição e costumes<br />

nacionais, procurando inovar, mas sempre<br />

dentro de referências de Bacalhau de Cura<br />

Tradicional Portuguesa. O Bacalhau Demolhado<br />

Ultracongelado – Pronto a Cozinhar, foi uma<br />

inovação lançada há 18 anos, após séculos de<br />

história de um produto conhecido por ser sempre<br />

seco, mas foi muito bem aceite pelo mercado, por<br />

corresponder às novas necessidades das famílias,<br />

aos novos ritmos de vida, e aos constrangimentos<br />

com a demolha caseira.<br />

A aposta na maior fábrica de processamento<br />

de bacalhau do mundo é feita no sentido de<br />

conseguir responder não só a Portugal, mas<br />

também aos restantes mercados explorados e a<br />

explorar, bem como de modo a poderem garantir<br />

uma maior qualidade e uma maior eficiência final.<br />

“EM TERMOS DE FÁBRICA<br />

O NOSSO OBJECTIVO<br />

É GARANTIR UM PRODUTO<br />

AINDA DE MELHOR QUALIDADE, BEM<br />

COMO UMA EFICIÊNCIA<br />

MAIOR NA PRODUÇÃO; EM TERMOS<br />

DE ARMAZENAGEM ESTAMOS<br />

A PROCURAR GARANTIR AINDA<br />

MAIS QUALIDADE PARA<br />

O CONSUMIDOR FINAL.”<br />

Curiosidades:<br />

Ricardo Alves<br />

» O norte de Portugal<br />

é muito procurado<br />

por espanhóis para o<br />

consumo de bacalhau.<br />

» Portugal tem<br />

aproximadamente<br />

o mesmo consumo<br />

de bacalhau que a<br />

Inglaterra, no entanto,<br />

a nossa população é<br />

cerca de 1/5.<br />

» O português é quem<br />

mais consome bacalhau<br />

no mundo, per capita.


SCM Supply Chain Magazine 13<br />

Cada português come em média 6,5kg,<br />

o que resulta em cerca de 65 mil toneladas<br />

de peixe no mercado português anualmente.<br />

Esses 6,5kg de peixe representam cerca<br />

de 26kg de peixe vivo.<br />

» 1,1 milhões de toneladas que representam<br />

a quota do bacalhau, Portugal consome<br />

260 mil, o que dá cerca de 24%<br />

de todo o bacalhau pescado no mundo. •<br />

NATAL<br />

» Nos últimos 4 meses do ano<br />

existe um grande pico de vendas,<br />

devido ao Natal, que representa<br />

cerca de 30% do bacalhau<br />

vendido no ano.<br />

» No Natal nota-se uma tendência<br />

no mercado para procura produtos de<br />

categoria premium.<br />

24%<br />

» A penetração da categoria<br />

bacalhau em Portugal é cerca<br />

de 90% (num ano, em cada 100<br />

lares, 90 consumiram bacalhau<br />

pelo menos uma vez).


14<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

MULHERES, MULHERES,<br />

SEM NEGÓCIOS À PARTE<br />

No mundo dos negócios, ainda há muitas<br />

mulheres que trabalham na sombra. Afinal, se<br />

ambos os géneros contribuem de igual forma<br />

para o funcionamento de uma empresa, por<br />

que razão existe desigualdade para com as<br />

mulheres? Na logística, os negócios não ficam<br />

à parte delas. O trabalho e a dedicação falam<br />

por si, com um objectivo: igualar o seu papel<br />

enquanto profissionais.<br />

G<br />

oste-se, ou não, factos são factos e no<br />

mundo laboral a desigualdade de género<br />

existe.<br />

Veja-se, por exemplo, a entrada em vigor a 21<br />

de Fevereiro da Lei nº. 60/2018, decretada pelo<br />

Governo, que “introduz medidas de promoção<br />

da igualdade remuneratória entre mulheres e<br />

homens por trabalho igual ou de igual valor”.<br />

LOGÍSTICA<br />

O salário médio mensal<br />

das mulheres é inferior<br />

em 14,9%<br />

Sendo evidente a disparidade salarial entre<br />

géneros, esta medida visa passar “da igualdade<br />

de direitos à igualdade de facto”.<br />

De acordo com este documento, os dados mais<br />

recentes disponíveis mostram que os salários<br />

médios das mulheres são inferiores em 14,9%<br />

em relação ao dos homens, o que representa<br />

uma diferença de mais de 150 euros mensais<br />

e mais de 2.100 euros anuais. Pode-se, então,<br />

concluir que “a disparidade salarial em Portugal<br />

corresponde a uma perda de 54 dias de trabalho<br />

remunerado para as mulheres”.<br />

No que diz respeito ao ordenado médio<br />

mensal, que inclui prémios, subsídios e<br />

pagamento de trabalho suplementar, a diferença<br />

de salários entre mulheres e homens sobre para<br />

18,3%, equivalente a uma diferença de 225 euros<br />

por mês, em desfavor do género feminino.<br />

No entanto, é importante referir o progresso do<br />

nosso país no trajecto da<br />

igualdade de género, no<br />

que refere à redução das<br />

assimetrias salariais. Em<br />

2012, registou-se uma<br />

desigualdade de 18,5%<br />

e, em 2017, desceu para<br />

14,9%, representando<br />

uma diminuição de<br />

3,6% de disparidade<br />

da remuneração média<br />

mensal base.<br />

A Lei que entrou<br />

recentemente em vigor,<br />

assenta em três grandes<br />

dimensões. Em primeiro


SCM Supply Chain Magazine 15<br />

lugar, o Gabinete de Estratégia e Planeamento<br />

do Ministério do Trabalho, Solidariedade e<br />

Segurança Social passa a disponibilizar, todos os<br />

anos, informação estatística sobre as diferenças<br />

salariais entre géneros a nível sectorial e por<br />

empresa.<br />

Em segundo lugar, exige-se que as<br />

empresas tenham uma “política remuneratória<br />

transparente”, assente na avaliação das<br />

componentes das funções e com base em<br />

critérios objectivos. Isto significa que as<br />

entidades passam a ter que demonstrar, junto<br />

dos trabalhadores, Autoridade para as Condições<br />

do Trabalho (ACT), Comissão para a Igualdade no<br />

Trabalho e no Emprego (CITE) ou tribunais, que<br />

os salários são fixados de acordo com critérios<br />

comuns a homens e mulheres como mérito,<br />

produtividade, assiduidade ou antiguidade.<br />

Por último, a ACT passa a notificar as<br />

empresas, cujos balanços mostrem disparidades<br />

remuneratórias, e a CITE deverá emitir<br />

pareceres vinculativos sobre a existência de<br />

casos de discriminação salarial a pedido dos/as<br />

trabalhadores/as ou representantes sindicais.<br />

É de salientar que as empresas que não<br />

cumprirem esta lei, ser-lhes-à aplicada uma<br />

multa. Segundo as declarações do Ministério do<br />

Trabalho ao jornal Público, a ACT pode avançar<br />

com “contra-ordenações graves a muito graves,<br />

se as empresas instadas a corrigir de forma<br />

voluntária não o fizerem”.<br />

Apesar de esta ser a realidade em Portugal,<br />

o importante é que está a ser combatida e, por<br />

isso, estas medidas são muito importantes para<br />

a construção de uma sociedade mais justa e<br />

igualitária.<br />

25 Outubro.Carcavelos<br />

Nova School of Business and Economics<br />

TENDÊNCIAS, COMPETÊNCIAS E NOVAS FRONTEIRAS:<br />

DA INFORMAÇÃO À CRIAÇÃO DE VALOR<br />

SAIBA +<br />

https://www.supplychainmagazine.pt/eventos<br />

Organização


16<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

Prova disso é a recente aposta das empresas em<br />

valorizar o género feminino no meio de trabalho.<br />

A Coca-Cola, por exemplo, anunciou a meta que<br />

pretende alcançar até 2025: quer que 40% dos<br />

seus quadros de direcção sejam mulheres.<br />

Magda Malé, responsável por projectos<br />

estratégicos da Coca-Cola European Partners<br />

Ibéria, explica que “o nosso plano de<br />

sustentabilidade estabelece o compromisso de<br />

promover a diversidade na sociedade e na própria<br />

empresa. Internamente, estamos comprometidos<br />

em fomentar uma cultura diversificada e inclusiva<br />

nos nossos negócios e, para cumprir esse<br />

compromisso, lançamos um plano de diversidade”.<br />

Na mesma lógica, a Nestlé apresentou<br />

recentemente a sua estratégia para aumentar<br />

o número de mulheres em cargos executivos<br />

seniores a nível global. Este plano faz parte da<br />

premissa da empresa sobre “dar oportunidades<br />

iguais para todos”.<br />

Mark Schneider, CEO da Nestlé, afirma que<br />

“acreditamos que uma força de trabalho mais<br />

diversificada, com mais mulheres no topo,<br />

reforçará a nossa cultura inclusiva e fará da<br />

Nestlé uma empresa ainda melhor. (…)<br />

Sabemos que melhorar o equilíbrio entre os<br />

géneros levará a melhores decisões, mais<br />

inovação e maior satisfação dos colaboradores”.<br />

Neste momento, 43% das posições de<br />

liderança dentro da entidade são ocupadas<br />

por mulheres. Em Portugal, de 2100<br />

colaboradores, 51% são homens e 49% são<br />

mulheres.<br />

Leve o tempo que levar, a luta pela igualdade<br />

de género deve continuar a ser levada a<br />

cabo pelas organizações, como tem vindo a<br />

acontecer. Por outro lado, as mulheres também<br />

devem continuar a reivindicar os seus direitos e<br />

não ter a mentalidade de ‘uma gota no oceano’,<br />

mas sim a de que ‘a união faz a força’.<br />

AS NOSSAS MULHERES<br />

Será que se verificam estas assimetrias na<br />

área da supply chain? Ou é um sector em que<br />

as mulheres e os homens têm as mesmas<br />

oportunidades e são encarados da mesma forma?<br />

SÍLVIA FRANCO, Supply<br />

Chain Manager da<br />

Exide Technologies,<br />

diz que o sector não<br />

é suficientemente<br />

feminino, pois isso<br />

significaria ter tantas<br />

mulheres como homens<br />

a trabalhar na área,<br />

algo que não acontece. Não<br />

acredita que existam motivos próprios para esta<br />

diferença, pois “o desempenho profissional não<br />

depende do género, depende antes da educação<br />

e do conhecimento, bem como de outras<br />

características pessoais, tais como a forma de<br />

pensar, a personalidade, o perfil psicológico,<br />

entre outras”.<br />

Contudo, aponta que as empresas beneficiam<br />

muito com as diferentes perspectivas de ambos<br />

os géneros, no momento de tomada de decisão.<br />

Acredita, também, que a<br />

sociedade beneficia quando<br />

os cargos de liderança e<br />

decisão são partilhados<br />

por homens e mulheres.<br />

ANA LEANDRO,<br />

Directora de Supply<br />

Chain e Logística no Grupo


SCM Supply Chain Magazine 17<br />

Auchan Retail, sendo mulher e profissional na<br />

área da logística, também sente que a figura do<br />

homem predomina no sector, principalmente<br />

em cargos de liderança.<br />

Explica ainda que a disparidade entre<br />

géneros que existe no mundo da logística e<br />

supply chain é idêntica à dos restantes sectores.<br />

No entanto, “em Portugal, este sector incorporou<br />

essencialmente homens, creio que pela natureza<br />

da actividade (esforço/força humana/trabalhos<br />

por turnos, etc.) que caracteriza a logística<br />

na sua génese, pelo que são estes que hoje<br />

ocupam cargos de liderança, continuando esta<br />

actividade a apresentar pouca atractividade para<br />

as mulheres”.<br />

Apesar de a área de trabalho ser a mesma, estas<br />

mulheres encontram-se em sectores distintos e,<br />

mesmo assim, partilham a mesma visão.<br />

EDITE LOURO, Directora<br />

na empresa STEF, embora<br />

sinta o mesmo que Sílvia<br />

Franco e Ana Leandro,<br />

afirma ter vindo a<br />

notar uma evolução no<br />

sentido da igualdade “o<br />

sector da supply chain<br />

continua a ser muito<br />

masculino, principalmente<br />

na área mais operacional<br />

(gestão de entrepostos ou transportes) mas é<br />

algo que tem evoluído nos últimos anos. Ainda<br />

assim, existe algum preconceito quanto à<br />

feminilidade que, para muitos, não combina com<br />

operações<br />

e armazéns”.<br />

No seu caso específico, diz nunca ter tido<br />

este sentimento em 25 anos de carreira e<br />

considera-se uma sortuda. “Para uma mulher<br />

conseguir um cargo de liderança tem de provar<br />

muito mais do que um homem”, sublinha.<br />

Na área do procurement o cenário<br />

repete-se. RITA<br />

PEREIRA, Head of<br />

Procurement na<br />

Whitestar Asset<br />

Solutions, afirmou<br />

que este sector é<br />

maioritariamente feito<br />

de homens. Nota uma<br />

discrepância nas conferências<br />

em que participam [empresa], nas publicações<br />

nacionais e internacionais que lêem ou nos<br />

cursos de negociação existentes. No entanto,<br />

refere que “felizmente, na Whitestar, onde<br />

trabalho há 13 anos, são cada vez mais as<br />

mulheres em cargos de liderança. No ‘board’<br />

temos actualmente duas, o que é um sinal de<br />

que há empresas que estão na linha da frente!<br />

Ainda assim, e falando de procurement, são<br />

precisas mais mulheres!”.<br />

Rita Pereira acredita que esta área pode<br />

beneficiar muito com as características<br />

femininas, criando valor para a organização<br />

na qual trabalham “costumo dizer, muitas<br />

vezes, que as mulheres emprestam um sorriso<br />

e um colorido diferente à área das compras.<br />

Na negociação, o lema deve ser: criar valor<br />

(e não apenas e só baixar o preço) e nisto as<br />

mulheres têm uma sensibilidade diferente,<br />

uma abordagem diferente, uma intuição mais<br />

forte, uma melhor postura relativamente<br />

à gestão de conflitos, um sentido ‘mais<br />

humano’”.<br />

Em concordância<br />

com esta visão está<br />

PATRÍCIA ROXO,<br />

Corporate Purchasing<br />

Manager na The<br />

Navigator Company.<br />

Explica que os homens<br />

tendem a ser mais<br />

objectivos, combativos,


18<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

agressivos e menos condescendentes que as<br />

mulheres. Quando se trata de negociar “as<br />

mulheres são, por natureza, mais conciliadoras.<br />

Encontram consensos mais facilmente, são<br />

mais persuasivas quando acreditam e são mais<br />

resilientes do que os homens. Não quero dizer<br />

que lhe dê vantagem ou desvantagem em<br />

relação ao homem na mesa de negociação. São<br />

diferentes e, portanto, produzem resultados,<br />

naturalmente, ‘diferentes’”. No entanto, reforça<br />

que, no compto geral, o género feminino<br />

consegue ser mais completo e trazer melhores<br />

resultados win-win para as organizações.<br />

ANA NOVAIS, Procurement Flight Operations<br />

e Supply Chain Director na<br />

TAP propõe uma visão<br />

mais optimista, notando<br />

uma afluência das<br />

mulheres no sector.<br />

“Independentemente<br />

do género, é importante<br />

ter as características<br />

necessárias para ser um bom<br />

líder, no entanto, considero que a<br />

área do procurement atrai<br />

cada vez mais mulheres e isso é notório<br />

ao longo dos últimos anos”.<br />

O primeiro passo para acabar com a<br />

desigualdade é através da educação, que<br />

começa em casa. Os valores que se incutem<br />

no seio familiar são reflectidos na vida pessoal<br />

e profissional. É importante explicar aos mais<br />

jovens que, por exemplo, as tarefas domésticas<br />

devem ser partilhadas e não apenas destinadas<br />

a uma pessoa, quer seja mãe/pai, mulher ou<br />

homem. Este tipo de princípios pode contribuir<br />

para uma consciencialização para este problema<br />

e uma oportunidade de o erradicar.<br />

Patrícia Roxo aposta nesta mudança na cultura<br />

dentro de casa, o que devia ser algo fácil de<br />

implementar, pois só depende da boa vontade<br />

dos homens em, por exemplo, dividir as tarefas<br />

com as mulheres “podem começar por deixar<br />

de usar a palavra ‘ajuda’ nas tarefas. Se todos<br />

colaborarem ninguém fica sobrecarregado com<br />

os afazeres domésticos e familiares, podendo<br />

ambos dedicar-se de igual forma à carreira”.<br />

Explica ainda que “a educação e a informação<br />

são armas poderosíssimas numa sociedade, pelo<br />

que temos de educar as gerações presentes e<br />

vindouras para a igualdade e para o combate à<br />

discriminação, e simultaneamente informar”.<br />

No contexto laboral, também é necessário<br />

que as empresas apostem em estratégias para<br />

que, dentro daquelas quatro paredes, todos os<br />

trabalhadores/as sejam encarados como iguais.<br />

“O primeiro passo é promover a contratação de<br />

mulheres para posições de relevo e visibilidade,<br />

assumindo papéis que tradicionalmente são<br />

considerados ‘de homem. (…) Em segundo<br />

lugar, dever-se-à apoiar mulheres talentosas<br />

e fomentar uma cultura na qual pessoas<br />

talentosas queiram trabalhar. (…) As mulheres,<br />

por sua vez, têm de sair da sua zona de conforto.<br />

É preciso coragem para vingarem em ambientes<br />

tradicionalmente masculinos, devendo<br />

orgulhar-se do papel que podem desempenhar.<br />

Finalmente, penso ser muito importante que<br />

a legislação laboral promova a partilha dos<br />

direitos e deveres com os filhos, nomeadamente<br />

no tempo da licença parental”, afirma<br />

Sílvia Franco.<br />

Por sua vez, Ana Leandro pede um maior<br />

esforço por parte das organizações para<br />

incorporar mulheres e novas gerações<br />

neste sector, tornando-o mais atractivo e<br />

moderno no que diz respeito a métodos de<br />

trabalho, ambiente e condições. “Promover<br />

uma divulgação das oportunidades de forma<br />

mais efectiva e apelativa, potenciando<br />

os factores de atractividade junto das<br />

mulheres”, reforça.


SCM Supply Chain Magazine 19<br />

“Uma mudança de paradigma é sempre<br />

necessária!”, refere Rita Pereira.<br />

Não pretendendo deixar uma fórmula mágica<br />

para dar a volta à situação, pede uma reflexão<br />

à cerca deste assunto “não são as mulheres<br />

tão capazes quanto os homens? O tempo tem<br />

demonstrado e provado que somos lutadoras,<br />

criativas, sensíveis e muito trabalhadoras”.<br />

Já Edite Louro, crê que não há muito a fazer,<br />

pois a igualdade de géneros irá depender das<br />

novas gerações e da mudança de mentalidades,<br />

um processo que se inicia no seio da família.<br />

Mostra-se desagradada por ser necessário<br />

promulgar leis para existir um equilíbrio justo<br />

e diz que “a paridade deveria ser algo natural<br />

e a evolução de uma carreira deveria depender<br />

apenas da competência e do mérito”.<br />

Ana Novais remata dizendo que “no dia<br />

em que entendermos que a disciplina e<br />

O GÉNERO FEMININO<br />

CONSEGUE SER MAIS<br />

COMPLETO E TRAZER<br />

MELHORES RESULTADOS<br />

WIN-WIN.<br />

produtividade são factores mais importantes,<br />

teremos um melhor equilíbrio entre a vida<br />

pessoal e profissional e, posteriormente,<br />

igualdade entre géneros”.<br />

A igualdade de género assenta na premissa<br />

de que o trabalho e a dedicação são<br />

caraterísticas de um bom profissional, quer seja<br />

homem ou mulher, pois são ambos capazes.<br />

O que realmente importa é o bom contributo<br />

de cada um e ser reconhecido por isso, género<br />

à parte. •<br />

BE IN CONTROL<br />

As máquinas não falam<br />

...mas os dados sim.<br />

Estado<br />

da bateria<br />

Choque<br />

detetado<br />

Pedido de<br />

assistência<br />

Como saber exatamente quanto tempo os meus equipamentos<br />

estão em operação? Ou há quanto tempo alguns, estão inativos?<br />

Existe alguma solução para otimizar os pedidos de serviço e para<br />

reduzir o custo global da minha operação?<br />

Agora, há uma maneira muito fácil de monitorizar e controlar as suas<br />

operações. Na Toyota, estamos a assumir a liderança neste setor, com<br />

o fornecimento de Equipamentos Inteligentes.<br />

A partir de <strong>2019</strong>, todos os equipamentos de armazém da Toyota são<br />

entregues com hardware de telemática, como standard. A informação<br />

dos equipamentos em operação, pode ser acedida instantaneamente,<br />

através do I_Site, permitindo aumentar a eficiência, eliminar o<br />

desperdício e alcançar uma operação de logística lean.<br />

Para saber mais informações, visite www.empilhadores.toyota.pt<br />

Toyota Caetano Portugal<br />

geral.empilhadores@toyotacaetano.pt<br />

Vila Nova de Gaia 227 867 085<br />

Carregado 263 857 244


20<br />

MAIO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Consumo per capita<br />

em Portugal<br />

situa-se nos 1,5 Kg<br />

CHOCOLATES<br />

COM SABOR A LOGÍSTICA<br />

Sinónimo de deliciosos e irresistíveis momentos! É assim que<br />

é percepcionado, se não por todos, seguramente que por uma<br />

imensa maioria. Vamos falar de chocolates e da sua cadeia de<br />

abastecimento, nomeadamente num dos picos de consumo,<br />

como é a Páscoa.<br />

M<br />

uitos não a vêem, mas ela está lá.<br />

A logística, de seu nome, está sempre<br />

presente, e para que alguns possam olhar<br />

para a época da Páscoa como dias de descanso<br />

em família, na companhia de alguns doces<br />

achocolatados, outros têm de apanhar um<br />

embalo de alguns meses de preparação para<br />

que toda a operação pascal corra bem.<br />

Alguns prepararam esta época com uma maior<br />

antecedência, entre 6 e 12 meses, como é o caso<br />

da Imperial, que este ano trouxe novos produtos<br />

para o mercado e por isso teve de se antecipar<br />

ainda mais cedo; outros, 12 semanas antes<br />

avançaram com a operação Páscoa, começaram<br />

a preparar as encomendas, as novas embalagens<br />

e ligaram os motores rumos às lojas; e ainda<br />

houve outros que abasteceram as suas montras<br />

com exemplares sazonais únicos de sabores que<br />

só ali poderiam encontrar.<br />

Toda esta preparação prévia é bastante<br />

para a logística funcionar, e nela, toda a<br />

cadeia de abastecimento tem um papel<br />

fundamental, passando por sectores como<br />

as compras, produção, operadores logísticos,<br />

transportadores, experiência de venda - seja ela<br />

online ou tradicional - e termina com a entrega<br />

de última milha.<br />

A maior produtora nacional de chocolates,<br />

Imperial, começa por se sentar ao lado<br />

de parceiros como universidades, centros<br />

tecnológicos, clientes e consumidores,<br />

fornecedores e outras entidades próximas,<br />

de modo a debater novas ideias e gerar captação<br />

de conhecimento. A criação de novos produtos<br />

é exigente e envolve tendências, novas<br />

matérias-primas, diferentes sabores, variada<br />

diversificação e inovadoras experiências para<br />

o consumidor. Não é uma tarefa fácil, pelo que<br />

a antecedência começa desde logo no final da<br />

campanha anterior.<br />

“Normalmente, o ciclo de desenvolvimento de<br />

um produto novo dura entre seis e 12 meses”,


SCM Supply Chain Magazine 21<br />

explica Manuela Tavares de Sousa, CEO da<br />

Imperial, “este ano apresentamos no mercado<br />

várias novidades, em particular produtos<br />

isentos de glúten, vegan e de organismos<br />

geneticamente modificados”, acrescenta.<br />

A sua produção para a campanha deste ano<br />

começou em Novembro, e antecipando<br />

o número crescente de encomendas, foi<br />

necessário aumentar a produção das 20 para<br />

as 25 toneladas diárias, envolvendo trabalhos a<br />

três turnos em todas as suas unidades industriais.<br />

A esta necessidade acrescem maiores<br />

cuidados, e a desnormalização traz sempre<br />

consigo alguns problemas adicionais.<br />

A CEO conta que “as principais dificuldades<br />

sentidas com a proximidade da Páscoa são<br />

essencialmente centradas no incremento<br />

substancial das encomendas dos clientes, com<br />

reflexo na produção, logística e nos transportes”,<br />

mas mostra-se preparada para aceitar os<br />

desafios logísticos e responder às exigências do<br />

mercado. Também as operações de co-packing<br />

estão englobadas nessas operações sazonais,<br />

existindo um local dedicado ao embalamento e<br />

etiquetagem, mas a responsável revela que por<br />

vezes há a necessidade de recorrer a operadores<br />

especializados em regime de outsourcing,<br />

coordenados por uma equipa da Imperial.<br />

Ainda em termos de externalização, e embora<br />

a Imperial tenha uma equipa especializada e<br />

“RELATIVAMENTE À PÁSCOA,<br />

VERIFICA-SE UM AUMENTO EXPRESSIVO<br />

DE CONSUMO DE CHOCOLATE<br />

FACE A OUTRAS ÉPOCAS DO ANO,<br />

CORRESPONDENDO A CAMPANHA DE<br />

PÁSCOA A 35% DO VOLUME DE NEGÓCIO<br />

ANUAL DA IMPERIAL.”<br />

dedicada à operação logística, a distribuição<br />

capilar dos seus produtos está concentrada<br />

num único operador logístico, o que lhe permite<br />

assegurar uma maior eficiência e criar sinergias<br />

entre a gestão de diversas actividades, desde<br />

recepção e conferência de stock, preparação<br />

de picking e encomendas, carga das viaturas e<br />

expedição e gestão da documentação necessária.<br />

Ao todo, estas operações envolvem mais<br />

de 400 referências de chocolate em todo o<br />

grupo, divididas entre as suas diversas marcas<br />

(Regina, Jubileu, Alegro, Pintarolas, Canderel<br />

e Pantagruel), estando a ser comercializadas<br />

em mais de 50 países. Manuela Tavares de<br />

Sousa revela que “em Portugal ainda se regista<br />

um consumo reduzido de chocolate, quando<br />

comparado com a média europeia. A nível<br />

nacional o consumo per capita situa-se nos 1,5<br />

quilogramas”, número que aumenta ligeiramente<br />

para 1,7 se se incluir o chocolate de culinária.<br />

IMPERIAL


22<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

A Carreras é a próxima a actuar na cadeia.<br />

Enquanto operadora logística e transportadora,<br />

com larga experiência nas operações deste<br />

produto, é a responsável pela gestão logística,<br />

armazenagem e transporte de grandes marcas<br />

internacionais de chocolates comercializadas<br />

pelo país. A sua vasta experiência já remonta às<br />

suas origens em Espanha, e hoje, em Portugal,<br />

assume o mesmo modelo de funcionamento.<br />

“<br />

OS PORTUGUESES SÃO MAIS<br />

APRECIADORES DE CHOCOLATES DE<br />

LEITE CLÁSSICOS, BEM COMO OS COM<br />

FRUTOS SECOS (AVELÃS E AMÊNDOAS),<br />

COM CARAMELO E SABORES DE<br />

FRUTA. NO ENTANTO, AS MUDANÇAS<br />

NOS HÁBITOS DE CONSUMO E A<br />

PREOCUPAÇÃO COM UM ESTILO DE<br />

VIDA MAIS SAUDÁVEL TÊM LEVADO A<br />

UMA PREFERÊNCIA CADA VEZ MAIOR<br />

PELOS CHOCOLATES COM ELEVADO<br />

TEOR DE CACAU.<br />

”<br />

Carlos Rodrigues Manuel, gestor de<br />

desenvolvimento de negócios da Carreras em<br />

Portugal, revela que uma das principais vantagens<br />

para os clientes é que a empresa “tem o<br />

‘know-how’ e os conhecimentos especializados da<br />

logística e distribuição destes produtos”. Segundo<br />

conta, cerca de 12 semanas antes começam a<br />

receber mercadorias das fábricas, e aí começa a<br />

operação Páscoa, um dos picos de actividade neste<br />

segmento dos chocolates, a que se junta o Natal.<br />

Na sua maioria provenientes de países como<br />

Suíça, Alemanha, Espanha, Itália, França e<br />

Polónia, os chocolates chegam por via rodoviária<br />

e a temperatura controlada, uma característica<br />

importante para o transporte deste tipo de<br />

produtos. Conta que toda a operação está sujeita<br />

a grandes controlos, tais como rastreabilidade,<br />

higiene e segurança, e que quando se lida com<br />

produtos que requerem cuidados acrescidos<br />

na cadeia, é necessário estar atento a todos os<br />

detalhes.<br />

“Devido à sua susceptibilidade a variações<br />

térmicas, a armazenagem e transporte do<br />

chocolate acresce de rigor no controlo das<br />

temperaturas, por forma a chegue aos clientes à<br />

temperatura necessária que garanta a qualidade<br />

e características do produto”, explica Carlos<br />

Rodrigues Manuel, acrescentando que um dos<br />

principais requisitos é respeitar e manter a<br />

temperatura controlada durante toda a operação.<br />

Para a ajuda no controlo de todos estes<br />

elementos, a Carreras conta com sistemas<br />

informáticos avançados que lhes permitem


SCM Supply Chain Magazine 23<br />

todo o controlo da<br />

operação logística,<br />

podendo o cliente<br />

aceder através<br />

da página web<br />

da empresa, em<br />

tempo real, a toda a<br />

informação detalhada<br />

de que necessita,<br />

como stocks de produtos ou rastreabilidade.<br />

Épocas como a Páscoa e o Natal, exigem<br />

uma necessidade de planeamento e de tarefas<br />

adicionais, como o co-packing. Revela que<br />

existem áreas específicas dedicadas a estas<br />

operações e que “é uma actividade que<br />

dominamos há muitos anos, temos uma longa<br />

experiência de sucesso na gestão de grandes<br />

campanhas de co-packing, que são sempre um<br />

desafio devido à sua enorme variabilidade”,<br />

explica Carlos Rodrigues Manuel.<br />

Por fim, com as embalagens feitas, é hora<br />

de responder às encomendas e ligar os motores<br />

para preparar o transporte. A empresa conta<br />

com uma frota de mais de 1.000 veículos<br />

“OS PRINCIPAIS PICOS DE ACTIVIDADE NA<br />

´LOGÍSTICA DO CHOCOLATE’ SÃO OS MESES<br />

ANTERIORES AO NATAL E À PÁSCOA, ALTURAS<br />

EM QUE A ACTIVIDADE INCREMENTA<br />

LARGAMENTE, PARA QUE O CHOCOLATE<br />

POSSA ESTAR A TEMPO À DISPOSIÇÃO<br />

DOS CONSUMIDORES.”<br />

a nível ibérico<br />

e explica que a<br />

distribuição é feita<br />

tendo em conta<br />

o tipo e tamanho<br />

das encomendas,<br />

sendo que no caso<br />

de difíceis acessos,<br />

como no interior das<br />

localidades, esta é feita com carros de menor<br />

dimensão, sempre tendo em atenção<br />

os cuidados necessários para o seu transporte.<br />

Chegados os produtos às suas lojas,<br />

a Hussel Iberia está pronta a vender os<br />

seus chocolates. Este conceito de loja é<br />

diferenciador: existem 25 lojas Hussel<br />

espalhadas pelo nosso país, e apenas nelas<br />

se poderão encontrar estes sabores únicos que<br />

viajam várias centenas<br />

de quilómetros desde os armazéns alemães da<br />

sua empresa-mãe até às montras portuguesas.<br />

A Hussel GmbH tem 300 lojas na Alemanha,<br />

pelo que a fonte refere que a centralização das<br />

suas compras é uma estratégia de negócio


24<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

“PARA CONSEGUIRMOS<br />

OPTIMIZAR ESTA OPERAÇÃO,<br />

TEMOS DE COORDENAR AS DATAS<br />

DE RECOLHA, COM A LOCALIZAÇÃO<br />

DOS ARMAZÉNS E O Nº DE<br />

PALETES. ESTE PLANEAMENTO<br />

PRÉVIO PERMITE-NOS UMA<br />

OPTIMIZAÇÃO DOS CUSTOS DE<br />

TRANSPORTE.”<br />

interessante que lhes traz economias de escala.<br />

Embora seja uma subsidiária da alemã, a<br />

HusselIberia tem total autonomia de actuação,<br />

desde a definição do sortido, dos preços de<br />

venda, das campanhas temáticas e mesmo do<br />

packaging. “Toda a operação logística é da<br />

nossa responsabilidade, desde a recolha no<br />

armazém da Hussel na Alemanha até à entrega<br />

nas nossas 25 lojas”, acrescenta fonte oficial.<br />

Também sentem o peso da Páscoa e do Natal,<br />

pelo que apostam nestas e noutras épocas<br />

para juntar as suas 200 referências sazonais<br />

às 300 que se encontram nas suas lojas ao<br />

longo do ano. Com o poder de decisão do seu<br />

lado, a escolha dos sortidos para as campanhas<br />

especiais é feita entre 6 e 9 meses antes,<br />

começando por traçar um cronograma.<br />

Após definirem quais os seus requisitos,<br />

entram em contacto com os fornecedores, na<br />

maioria europeus, definem o sortido e uma<br />

data em que este tem de estar disponível para<br />

entrega. A sua transportadora fica encarregue<br />

de ir até aos armazéns dos fornecedores<br />

recolher as encomendas, que as irá levar até ao<br />

seu operador logístico, para que receba tudo no<br />

tempo devido e os armazene e proceda, mais<br />

tarde, à entrega às lojas.<br />

Nas suas lojas, a Hussel vende os chocolates<br />

avulso, modelo que, logisticamente, se<br />

procededa mesma maneira que os embalados,<br />

por chegarem em caixas de transporte, mesmo<br />

a nível de segurança e rastreamento: “as lojas<br />

mantêm um registo de todos os lotes e<br />

validades que são colocados à venda, nas<br />

secções a peso, com a respectiva data”,<br />

explica a fonte.<br />

Embora tenham o seu sortido disponível<br />

para consulta online, ainda não é possível a<br />

sua compra através da plataforma, mas a fonte<br />

admite que essa opção estará disponível num<br />

futuro próximo. Houve recentemente uma<br />

parceria feita com a Uber Eats numa campanha<br />

de Dia dos Namorados que a fonte revelou ter<br />

sido “um enorme sucesso”, e admitiu que este<br />

modelo poderia ser uma forma viável para a<br />

última milha. “Foi uma experiência e estamos<br />

a estudar o caso”, conclui a empresa.<br />

Após acompanharmos o longo percurso que<br />

os chocolates percorrem até enfeitarem as<br />

prateleiras das lojas, chegámos a uma única<br />

conclusão: o chocolate realmente sabe melhor<br />

com um recheio de logística. •


SCM Supply Chain Magazine 25


26<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Conjugar sustentabilidade<br />

e desempenho financeiro<br />

João Miguel Dias<br />

[Logistics Leader | Speaker & Trainer,<br />

Procter & Gamble]<br />

GUIA PRÁTICO<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

EMPRESARIAL EM 3 PASSOS


SCM Supply Chain Magazine 27<br />

Já deverá ter notado que nos últimos anos, as empresas têm vindo a centrar as suas<br />

agendas no conceito da “sustentabilidade”. Não é particularmente surpreendente, já<br />

que qualquer empresa está hoje sob um intenso escrutínio em relação ao seu papel na<br />

sociedade, sendo este exercido pela comunicação social, reguladores governamentais<br />

e, mais importante ainda, pelos seus clientes. Não há razões para alarme, quer esteja<br />

a trabalhar numa grande multinacional ou numa start-up, aqui ficam algumas ações<br />

práticas para guiá-lo rumo à sustentabilidade empresarial.<br />

D<br />

e um ponto de vista conceptual,<br />

pode-se facilmente concordar que é possível<br />

conjugar atividades sustentáveis e um<br />

melhor desempenho financeiro. Contudo, para<br />

qualquer empresa que pretenda implementar um<br />

programa de sustentabilidade, o maior desafio<br />

prende-se como facto de os custos internos<br />

das atividades sustentáveis serem diretamente<br />

mensuráveis, enquanto a sua contrapartida<br />

financeira é indireta e dispersa pelas diferentes<br />

partes do negócio.<br />

1. Defina os seus objetivos<br />

com métricas claras<br />

À semelhança de qualquer outra área, os<br />

projetos de sustentabilidade devem ser medidos<br />

através de Key Performance Indicators (KPIs)<br />

com uma “meta perfeita” bem definida, como<br />

seja, ter produtos feitos com materiais naturais e<br />

100% reutilizáveis, recicláveis ​ou biodegradáveis,<br />

sem provocar qualquer desperdício no seu<br />

fabrico.<br />

Parece-lhe um objetivo demasiado ambicioso?<br />

A Procter & Gamble não se coibiu de declará-lo<br />

abertamente como seu compromisso enquanto<br />

visão a longo prazo, aplicando simultaneamente<br />

ações de curto prazo, como a redução das<br />

emissões de gases de estufa em 30% até 2020.<br />

É importante notar que estas métricas<br />

necessitam de ser regularmente mensuradas a<br />

fim de possibilitar comparações ao longo<br />

do tempo. Além disso, os resultados devem<br />

ser comunicados dentro e fora da empresa<br />

numa linguagem percetível pelo cidadão<br />

comum e não apenas por cientistas.<br />

2. Os resultados a curto prazo<br />

financiam investimentos<br />

a longo prazo<br />

Tem já um conjunto de KPIs para medir<br />

as iniciativas de sustentabilidade da sua<br />

empresa? Excelente, vamos usá-los<br />

diretamente nas áreas que estão já a ser<br />

mensuradas anualmente em comparação<br />

a um ano de referênciade modo a quantificar<br />

as reduções do custo operacional.<br />

Pensando bem, quase todos os projetos<br />

de otimização operacional podem ser associados<br />

a ganhos de sustentabilidade, e muitos deles até<br />

podem ser obtidos a curto prazo. No seu próximo<br />

projeto, experimente considerar como parte dos<br />

indicadores de redução de custos, o impacto<br />

na gestão de resíduos por item produzido, ou<br />

poupanças nos custos energéticos.<br />

Utilizemos o exemplo da Virgin Atlantic.<br />

Em 2015, a empresa alcançou poupanças<br />

energéticas no valor de US$4.4 milhões em<br />

combustível, reduzindo ao mesmo tempo 21.000<br />

toneladas em emissões de carbono, tudo isso<br />

devido a um simples programa de educação


28<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

dirigido aos seus pilotos sobre as melhores<br />

práticas a adotar na descolagem, no ar<br />

e na aterragem.<br />

Este é apenas um exemplo em como não<br />

é necessária tecnologia dispendiosa e<br />

revolucionária para alcançar redução nos custos<br />

operacionais a curto prazo. Ao integrar esses<br />

ganhos num programa de sustentabilidade,<br />

as portas abrem-se para a empresa apostar<br />

em investimentos de longo prazo geradores de<br />

retorno mais significativo.<br />

Em resumo, estaremos gradualmente a financiar<br />

investimentos estruturais em sustentabilidade<br />

de médio prazo através de savings gerados pela<br />

otimização operacional de curto prazo.<br />

3. Proteger a marca,<br />

aumentar as vendas<br />

Após reduzir os custos operacionais, é altura<br />

de se concentrar nos setores intangíveis cujas<br />

mais-valias são difíceis de mensurar. A reputação<br />

da marca é considerada um ativo de elevado<br />

valor, como refere o KPMG Global CEO Outlook’17,<br />

colocando-a no top 3 em categorias como<br />

riscos mais importantes e impacto potencial no<br />

crescimento futuro.<br />

Para ilustrar o impacto da sustentabilidade na<br />

reputação duma marca, recordemos o “dieselgate”,<br />

caso de 2016 em que uma empresa construtora de<br />

automóveis dotou os seus motores a diesel com<br />

um sistema que permitia ocultar a emissão de<br />

gases poluentes acima dos limites legais.<br />

Certamente estará recordado deste<br />

acontecimento, e não é o único, pois a perda<br />

de potenciais clientes mundiais fez a empresa<br />

acumular o seu primeiro prejuízo trimestral em<br />

15 anos (€2,5 biliões). Os anos passaram, mas o<br />

impacto na reputação continua presente, apesar<br />

dos milhões investidos para reverter a imagem da<br />

empresa.<br />

Mas a<br />

sustentabilidade<br />

é mais do que<br />

evitar prejuízos<br />

e mitigar o risco<br />

da depreciação<br />

Quase todos os<br />

projetos de otimização<br />

operacional podem ser<br />

associados a ganhos de<br />

sustentabilidade e muitos<br />

deles até podem<br />

ser obtidos a<br />

curto prazo.<br />

da marca. Ela pode também gerar vendas,<br />

como revela uma pesquisa da Nielsen feita<br />

a 30,000 consumidores em 60 países.<br />

Quando questionados se estavam dispostos<br />

a pagar mais dinheiro por um produto<br />

sustentável, 66% responderam SIM, com uma<br />

consistência notável, independentemente do<br />

seu nível de rendimentos. E não é surpresa<br />

constatar que os Millennials e Geração Z se<br />

tivessem destacado com 70% de respostas<br />

afirmativas. Deste modo, facilmente se<br />

comprova que o futuro é bastante risonho<br />

para aqueles que estão dispostos a investir<br />

na sustentabilidade.<br />

E importa não esquecer que estas<br />

gerações mais jovens, com uma considerável<br />

sensibilização ambiental, são também um<br />

alvo importante no recrutamento e captação<br />

de talentos para as empresas.<br />

Apesar de menos tangíveis, também é<br />

possível medir as métricas relacionadas<br />

com a reputação da marca, retenção de<br />

talentos e satisfação do cliente através dum<br />

scorecard baseado em inquéritos a clientes/<br />

funcionários e com analytics de redes sociais.<br />

Se preferir fazer o outsourcing desta<br />

análise, muitas empresas de consultoria<br />

oferecem a possibilidade de estimar o valor<br />

gerado pela sustentabilidade a qualquer marca<br />

ou empresa. Independentemente da<br />

metodologia utilizada, consultoras como<br />

ES Global, Interbrand e CSR Hub estão de<br />

acordo que a sustentabilidade contribui entre<br />

3% e 15% para o valor da marca, consoante<br />

o sector de atividade. •


LOGÍSTICA<br />

29<br />

SCM Conference<br />

NO EVEREST<br />

DA SUPPLY CHAIN<br />

Um auditório com capacidade para 400 pessoas, lotado a uma<br />

semana do evento, foi o ponto de partida da SCM Conference <strong>2019</strong>,<br />

provando que não devemos ter medo de reformular ou Repensar, a<br />

Supply Chain, e todos os caminhos que temos para trilhar,<br />

na cadeia de abastecimento e não só. Só assim se chega ao Everest.


30<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

a Supply Chain’ foi o tema<br />

que moveu mais de 400 profissionais<br />

‘Repensar<br />

a ouvirem o painel de conceituados<br />

profissionais da supply chain, nacionais e<br />

internacionais, que pisaram o palco do auditório<br />

Jerónimo Martins, na Nova SBE, em Carcavelos,<br />

nos dias 6 e 7 de Maio, para partilharem o seu<br />

conhecimento, experiências e debaterem os<br />

temas que se têm vindo a despoletar na área<br />

da supply chain.<br />

A SCM Conference <strong>2019</strong> apostava num<br />

novo modelo, num novo formato e num novo<br />

posicionamento,<br />

direccionando a<br />

conferência para os<br />

gestores de topo<br />

da supply chain e<br />

ambicionando criar<br />

um ponto de encontro<br />

para a reflexão e pensamento estratégico de<br />

quem lidera nas cadeias de abastecimento.<br />

A adesão dos profissionais ao desafio que foi<br />

lançado diz tudo.<br />

Empresários, Gestores, Administradores,<br />

Head of Logistics e Supply Chain, Head of<br />

Procurement, Directores de Logística e Supply<br />

Chain marcaram presença no evento para<br />

acompanharem temas inovadores, nunca antes<br />

abordados. Falou-se de mudança, de passado,<br />

presente e futuro, de liderança e motivação,<br />

de sucesso e, como não podia deixar de ser,<br />

de logística: um ingrediente essencial nesta<br />

receita que transbordou êxito.<br />

VIAGEM AO FUTURO<br />

Na abertura da conferência, a vasta experiência<br />

do Professor e Especialista em Supply Chain<br />

Management e Operação, Luis Solís, em voo<br />

entre Portugal e Madrid, levou-nos até ao futuro.<br />

O SUCESSO DEPENDERÁ DE UMA FORTE<br />

GESTÃO E ORGANIZAÇÃO, DE FORMA<br />

A CRIAR UMA TRANSIÇÃO COM ÊXITO,<br />

DE UMA CADEIA DE ABASTECIMENTO<br />

ANALÓGICA PARA O TÃO ALMEJADO DIGITAL<br />

Repensar a supply chain é importante, mas<br />

é necessário resolver os problemas do passado<br />

para conseguir avançar para o amanhã, como<br />

apontou. Questionou se estaremos realmente<br />

preparados para a supply chain do futuro.<br />

E a verdade é que tanto se fala da indústria 4.0<br />

e tecnologia, e como revolucionará o sector, mas<br />

sem a colaboração de todas as partes,<br />

um grande esforço de integração, bem como<br />

o talento e comportamento dos intervenientes<br />

da cadeia, não será possível avançar para o tão<br />

esperado ‘futuro’, explicou. O sucesso dependerá<br />

de uma forte gestão e<br />

organização, de forma<br />

a criar uma transição,<br />

com êxito, de uma<br />

cadeia de<br />

abastecimento<br />

analógica para o tão<br />

almejado digital.<br />

Na mesma lógica de pensamento e com os<br />

temas ‘futuro’ e ‘tecnologia’ sempre presentes,<br />

seguiu-se a apresentação do Professor Luís<br />

Ferreira e da primeira mesa redonda do dia 6,<br />

que contou com os gestores de topo da CUF<br />

Serviços, Sakthi, Delta Cafés e Primavera.<br />

Apesar de terminado o primeiro dia da SCM<br />

Conference, o sentimento de missão cumprida<br />

era ainda um sonho e altas as expectativas<br />

dos profissionais em relação aos trabalhos do<br />

segundo dia.<br />

Presencialmente na Nova SBE, em Carcavelos,<br />

mas com o pensamento no Everest. Foi assim<br />

que arrancou o segundo dia da SCM Conference,<br />

com Nuno Fontes a levar um auditório cheio<br />

numa escalada inesperada às montanhas<br />

pessoais dos participantes. E o resultado foi uma<br />

sessão de motivação e reflexão sobre o alcançar<br />

o topo dos nossos objectivos e, principalmente,<br />

de como preparar e realizar com êxito a<br />

caminhada até lá chegar.


SCM Supply Chain Magazine 31<br />

ALINHAR SABERES E VONTADES<br />

Explicou que um dos gaps que existe nas<br />

organizações é o facto de a força da técnica não<br />

ser suficiente para superar as adversidades que<br />

vão ocorrendo, pois é necessário alinhar o saber<br />

com o empenho, força de vontade e não ceder<br />

à tentação de desistir.<br />

A caminhada para alcançar os objectivos de<br />

cada um faz-se passo a passo, tendo referindo<br />

que “mais do que uma meta, o nosso Everest<br />

dá-nos um propósito para a mudança”.<br />

E, no final, quando conquistado o nosso topo,<br />

não há espaço para complacência porque há<br />

sempre mais a conquistar e ambicionar.<br />

Na lógica de repensar a supply chain, que<br />

é o Everest de cada um, explicou que uma<br />

das vantagens que o evento pôde trazer às<br />

organizações foi a capacidade de repensar<br />

o caminho.<br />

É caso para dizer que a SCM Conference<br />

atingiu o seu Everest.<br />

Entre mesas redondas e conferências com<br />

temas inovadores, CEO’s e Head of Suplly Chain,<br />

alguns cafés e cocktails, foram passando as<br />

horas que antecipavam o fim da segunda edição<br />

da SCM Conference. Muitas foram as empresas<br />

que partilharam experiências e conhecimentos<br />

no palco do auditório Jerónimo Martins, como<br />

Deloitte, NOS, TAP Air Portugal, Salsa, FNAC,<br />

HUUB, Frulact, Capgemini Portugal, SAP,<br />

Ernst &Young, Unilever, VW Autoeuropa e<br />

AuchanRetail.<br />

É NECESSÁRIO ALINHAR<br />

O SABER COM O EMPENHO,<br />

FORÇA DE VONTADE<br />

E NÃO CEDER À TENTAÇÃO<br />

DE DESISTIR


32<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

QUANDO MENOS É MAIS<br />

Através de um paralelismo entre os All Blacks,<br />

a Selecção Neozelandesa de rugby, e a postura<br />

que as organizações devem adoptar para<br />

obterem sucesso, José Costa Faria apostou<br />

numa abordagem diferente à liderança.<br />

Explicou que o trabalho da equipa é inspirado<br />

nos princípios da cultura Maori, a tribo<br />

da Nova Zelândia. O principal motivo de<br />

alcançarem 86% das vitórias, e 90% desde<br />

2012, é, só e apenas, devido à simplicidade<br />

que advém dos princípios da tribo, que passam,<br />

principalmente, pela força mental.<br />

José Costa Faria apontou 15 princípios de<br />

liderança sem os quais os All Blacks nunca<br />

teriam tido êxito, que passam pela melhoria<br />

contínua e constante aprendizagem, inclusão<br />

e colaboração, ambição, sacrifício, prática,<br />

entre outros. Mostrou que esta base assente<br />

no dia-a-dia da equipa de rugby, deve servir<br />

também para inspirar as empresas a repensarem<br />

o modo como actuam, de forma a obter sucesso<br />

e a simplicidade é um bom meio para isso. Por<br />

vezes, menos é mais.<br />

E porque a intenção era trazer inovação,<br />

interactividade e dinamismo à SCM Conference,<br />

o último painel do evento contou com<br />

a ajuda da audiência para decidir os temas<br />

a abordar. Nuno Amaral Bastos, Director de<br />

Logística do Grupo Os Mosqueteiros,<br />

Patrícia Roxo, Corporate Purchasing Manager


SCM Supply Chain Magazine 33<br />

da The Navigator Company e Ricardo Ribeiro,<br />

Logistics Leader da IKEA, ficaram nas mãos do<br />

público que, através de um sistema de votação<br />

em tempo real, optaram, em primeiro lugar,<br />

pelo tema ‘Gestão de talento/Engagement’,<br />

em segundo ‘Colaboração na Supply Chain’, de<br />

seguida ‘Agilidade’, e por fim, ‘Customer Service’.<br />

Os três oradores criaram um ambiente<br />

descontraído, onde puderam falar sobre o<br />

exemplo do sacrifício no meio de trabalho,<br />

e daquilo que temos de estar dispostos a<br />

fazer em direcção ao sucesso. Destacaram o<br />

reconhecimento das equipas de trabalho, que<br />

fazem tudo acontecer e de lutarem todos pelo<br />

objectivo comum, bem como do imediatismo e<br />

facilidade que movem os dias de hoje.<br />

JOSÉ COSTA FARIA<br />

APOSTOU NUMA<br />

ABORDAGEM DIFERENTE<br />

A adesão e colaboração por parte do público foi<br />

a chave de ouro a finalizar.<br />

Foram dois dias repletos de inovação,<br />

conhecimento e muito networking. A SCM<br />

Conference conseguiu superar-se. Alcançámos<br />

o nosso Everest, e agora iniciamos uma nova<br />

caminhada até conquistar o próximo: a SCM<br />

Conference 2020. •<br />

Food Service Logistics<br />

O seu parceiro de negócio<br />

HAVI.COM


34<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Outsourcing<br />

A EXTERNALIZAÇÃO<br />

LOGÍSTICA<br />

É UM BOM NEGÓCIO<br />

Ricardo Sousa Costa<br />

[Administrador do Grupo Garland,<br />

responsável pela Garland Logística]<br />

A<br />

externalização logística, ou na<br />

terminologia mais disseminada no meio,<br />

o outsourcing logístico, é uma prática<br />

há longo tempo utilizada em Portugal<br />

pelas empresas multinacionais e de grande<br />

dimensão, mas que só mais recentemente<br />

se generalizou nas PME portuguesas. Estas<br />

tradicionalmente resistiam aos argumentos<br />

económicos que os operadores logísticos se<br />

esforçavam por demonstrar, baseando-se na<br />

cultura de proximidade e de pertença, em que<br />

julgavam haver perda de controlo no negócio<br />

por confiarem os bens que comercializavam<br />

a terceiros. Face ao aumento do nível de<br />

profissionalismo e sofisticação tecnológica<br />

que os operadores logísticos nacionais<br />

foram adquirindo no mercado, lentamente<br />

esta tendência foi-se atenuando, sendo<br />

atualmente já muito difícil encontrar empresas<br />

que resistam de forma consciente aos seus<br />

argumentos de venda.<br />

O racional é simples. Ao externalizar a sua<br />

atividade logística, a empresa poupa as energias<br />

e os recursos que gastaria ineficientemente em<br />

atividades em que não é especialista, e pode-se<br />

concentrar no seu Core Business, aumentado<br />

ainda assim a sua Competitividade, ao adquirir<br />

maior Flexibilidade e a Otimização das suas<br />

operações.<br />

Do ponto de vista financeiro, a externalização<br />

logística proporciona a substituição de custos<br />

fixos, fundamentalmente em armazéns e<br />

equipamentos, naturalmente dimensionados<br />

para os picos da atividade, por custos variáveis,


SCM Supply Chain Magazine 35<br />

em que só se pagam os serviços que se<br />

necessitam, assim como assegura a redução dos<br />

investimentos necessários à atividade e a própria<br />

redução dos custos logísticos, assegurada pelas<br />

sinergias que os operadores logísticos dispõem.<br />

Do ponto de vista operacional, os operadores<br />

logísticos garantem uma capacidade de<br />

resposta sempre adaptada às necessidades das<br />

empresas, assim como a disponibilização de uma<br />

performance logística em contínua evolução,<br />

fruto da experiência acumulada e dos níveis de<br />

especialização existente nos mesmos.<br />

Naturalmente que os operadores logísticos<br />

são empresas que têm fins lucrativos e portanto<br />

cobrarão sempre uma margem de negócio sobre<br />

os custos otimizados dos serviços que prestam,<br />

tipicamente de um dígito no mercado nacional,<br />

mas o racional de poupança para as empresas<br />

é claro. Nos picos de atividade, os recursos<br />

utilizados pelos operadores logísticos estarão<br />

próximos dos que as empresas dispunham e<br />

portanto não haverá grandes reduções de custo,<br />

mas quando a atividade decresce para níveis<br />

intermédios ou mais baixos, as poupanças são<br />

naturalmente significativas. Os operadores<br />

logísticos dispõem de múltiplas sinergias entre<br />

as atividades dos seus diversos clientes que<br />

permitem uma racionalização dos recursos<br />

utilizados, o que não acontece com uma<br />

empresa, e é desta forma que asseguram<br />

as suas rentabilidades.<br />

Este racional simples demonstra que a<br />

externalização logística é claramente uma<br />

prática win-win e portanto vantajosa para<br />

qualquer empresa de média e pequena<br />

dimensão. •<br />

FINANCEIRA<br />

OPERACIONAL<br />

FLEXIBILIDADE<br />

CUSTOS FIXOS<br />

VS. VARIÁVEIS<br />

MAIOR CAPACIDADE<br />

DE RESPOSTA<br />

OTIMIZAÇÃO<br />

REDUÇÃO DE CUSTOS<br />

E INVESTIMENTOS<br />

MELHOR PERFORMANCE<br />

LOGÍSTICA<br />

FOCO NO CORE BUSINESS<br />

MAIOR COMPETITIVIDADE<br />

“<br />

O RACIONAL É SIMPLES. AO EXTERNALIZAR A SUA ATIVIDADE LOGÍSTICA,<br />

A EMPRESA POUPA AS ENERGIAS E OS RECURSOS QUE GASTARIA INEFICIENTEMENTE<br />

EM ATIVIDADES EM QUE NÃO É ESPECIALISTA, E PODE-SE CONCENTRAR NO SEU CORE<br />

BUSINESS, AUMENTADO AINDA ASSIM A SUA COMPETIVIDADE, AO ADQUIRIR MAIOR<br />

FLEXIBILIDADE E A OTIMIZAÇÃO DAS SUAS OPERAÇÕES.<br />


36<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

PROCUREMENT<br />

Supply Chain<br />

Intelligence<br />

ANÁLISE ESTRATÉGICA<br />

DE RELAÇÕES COMPLEXAS<br />

O ambiente competitivo no qual tomamos decisões é a cada dia que<br />

passa mais desafiante, ou mais comumente chamado de VUCA, uma<br />

sigla militar usada para descrever ambientes de guerra ou guerrilha,<br />

onde impera a Volatilidade, (Uncertainty) Incerteza, Complexidade e<br />

Ambiguidade. Neste contexto, e com a necessidade evidente de reduzir<br />

a incerteza na tomada de decisão assim com garantir a performance das<br />

organizações, surge a Competitive Intelligence. Esta é a disciplina que<br />

desenvolve insights acionáveis sobre o ambiente competitivo com<br />

o objetivo de aumentar a performance das organizações.<br />

A<br />

cadeia de abastecimento, enquanto parte<br />

integrante deste ambiente competitivo,<br />

é obviamente e também VUCA. Volátil,<br />

pois, a sua estabilidade pode ser impactada<br />

por eventos que a disrupcionam a qualquer<br />

momento, exemplo de catástrofes naturais<br />

como uma tempestade ou a entrada em<br />

erupção de um vulcão. Incerta, pois, é cada<br />

vez mais difícil de prever quando é que estas<br />

ou outras disrupções ocorrem. Complexa, pois,<br />

é cada vez mais difícil ligar as causas e os<br />

resultados destas disrupções. Ambígua,<br />

pois, mesmo controlando a Ambiguidade,<br />

Incerteza e Complexidade, é extremamente<br />

difícil perceber a dimensão do impacto.<br />

Vejamos o exemplo dos posts no Facebook<br />

da Pepsi Suécia aquando das qualificações<br />

para o apuramento para o Mundial de<br />

Futebol, o que levou a uma quebra<br />

considerável das vendas da Pepsi em Portugal.<br />

Como é que a Cadeia de Abastecimento da<br />

Pepsi para Portugal poderia ter previsto isto,<br />

e mesmo que tivesse tido conhecimento dos<br />

posts, como é que poderia calcular o impacto<br />

nas vendas para adaptar o seu stock<br />

e fornecimento às lojas?


SCM Supply Chain Magazine 37<br />

SUPPLY CHAIN INTELLIGENCE<br />

COMO SOLUÇÃO DO SINGLE SOURCE PROCUREMENT<br />

A cadeia de abastecimento é muitas vezes<br />

um fator crítico de sucesso, um denominador<br />

comum necessário para competir, e por vezes<br />

uma vantagem competitiva, algo que cria valor<br />

de uma forma única e que distingue assim as<br />

organizações dos seus concorrentes perante<br />

os seus clientes. É assim crítico, desenvolver<br />

os insights acionáveis sobre a cadeia de<br />

abastecimento que permitem às organizações<br />

ter uma performance superior, e sustentar<br />

ou desenvolver a vantagem competitiva que<br />

detêm nesta área funcional. Estamos a falar de<br />

Supply Chain Intelligence.<br />

Um dos problemas que decorrem desta<br />

complexidade inerente ao ambiente competitivo,<br />

assim como à cadeia de abastecimento, é<br />

a questão do Single Source Procurement /<br />

Supplier, encontrando-se este, muitos níveis<br />

a montante dos fornecedores diretos. Este<br />

estrangulamento da Cadeia de Abastecimento<br />

num único fornecedor pode pôr em causa todo<br />

o negócio. Quando acontece alguns níveis a<br />

montante é difícil de identificar e de monitorizar.<br />

Sem um esforço processual contínuo,<br />

sistemático e conhecedor é quase impossível.<br />

Para resolver este e outro tipo de<br />

problemas, e mais concretamente para ajudar<br />

a desenvolver os insights acionáveis para<br />

aos nossos clientes, a ÜBERBRANDS conta<br />

agora com um novo parceiro tecnológico com<br />

a sensibilidade adequada a estes desafios.<br />

Estamos a falar do centro de investigação<br />

para análise de dados orientado ao negócio:<br />

KNOW-CENTER, Áustria.<br />

FIG. 1 _ Ferramenta de<br />

Supply Chain Intelligence:<br />

rede de suppliersTier-N<br />

reconstruída a partir de<br />

fontes de informação<br />

online abertas. Cores<br />

correspondem a diferentes<br />

grupos de empresas<br />

de acordo com Key<br />

Performance Indicators<br />

específicos (exemplo: Azul<br />

- empresas relacionadas<br />

com metal)


38<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

A SOLUÇÃO PARA GESTÃO DO RISCO DE SINGLE SOURCE SUPPLIERS<br />

O KNOW-CENTER desenvolveu um projeto em<br />

parceria com a empresa DCCS, para descobrir<br />

fornecedores ocultos e os seus respetivos<br />

relacionamentos complexos ao longo de<br />

toda a cadeia de fornecimento (aplicado<br />

especificamente aos dados de uma conhecida<br />

construtora de automóveis). Interrupções<br />

inesperadas têm um enorme impacto nas<br />

principais estratégias da cadeia de fornecedores.<br />

É muito difícil prever o impacto real dessas<br />

ruturas até que seja tarde demais. Pequenos<br />

fornecedores desconhecidos podem afetar em<br />

larga escala a entrega de um produto. É assim<br />

crucial monitorizar constantemente problemas<br />

com fornecedores diretos e indiretos.<br />

Uma nova ferramenta de inteligência visual foi<br />

desenvolvida pelo KNOW-CENTER para permitir<br />

que os diversos stakeholders de uma empresa<br />

analisem e discutam os<br />

múltiplos relacionamentos<br />

na cadeia de fornecimento.<br />

Este projeto seguiu várias<br />

etapas para conseguir uma<br />

reconstrução automatizada da<br />

rede de fornecedores de Tier-N<br />

a partir de uma lista inicial de<br />

fornecedores de Tier-1.<br />

A primeira etapa (Etapa 1)<br />

consistiu na criação de um processo de<br />

extração automática de dados para descobrir<br />

regularmente novas informações textuais e<br />

relacionamentos entre fornecedores. Este<br />

processo foi baseado apenas em fontes de<br />

informação abertas (websites específicos, blogs,<br />

newsgroups) e em discussões com o parceiro<br />

de projeto, a empresa DCCS. Na Etapa 2, estas<br />

novas informações foram analisadas usando<br />

algoritmos avançados de textmining para extrair<br />

e identificar quais os fornecedores relevantes.<br />

UTILIZANDO ESTE TIPO<br />

DE ANÁLISE, UMA REDE<br />

DE FORNECIMENTO<br />

EMERGIU<br />

AUTOMATICAMENTE.<br />

Na Etapa 3, foram aplicados algoritmos de<br />

análise de relacionamentos (network analysis)<br />

às informações anteriormente extraídas de<br />

forma a inferir qual o nível de relacionamento<br />

entre os fornecedores identificados<br />

automaticamente. Estas relações foram inferidas<br />

com base em KPIs específicos e discutidos<br />

durante o projeto (por exemplo, número de<br />

referências entre as empresas, tipo de referência,<br />

etc.). Utilizando este tipo de análise, uma rede<br />

de fornecimento emergiu automaticamente,<br />

revelando por exemplo insights adicionais<br />

acerca da força de ligação entre empresas, tipo<br />

de relações comerciais, produtos, descrições<br />

de serviços entre fornecedores, problemas.<br />

Na etapa final, uma ferramenta de visualização<br />

interativa foi criada para permitir a exploração<br />

e anotação de casos interessantes. Por<br />

exemplo, à medida que a<br />

rede evolui com o tempo,<br />

os relacionamentos e a<br />

tendência das mudanças<br />

podem ser rastreados e<br />

discutidos.<br />

Como resultado<br />

deste projeto, os vários<br />

stakeholders podem agora<br />

utilizar esta nova ferramenta<br />

de inteligência competitiva para identificar<br />

relacionamentos surpreendentes, os chamados,<br />

“u-boats”, isto é, empresas que, devido à sua<br />

importância e ponto único de conexão a outros<br />

fornecedores, afetariam negativamente a<br />

rede da cadeia de suprimentos caso ocorresse<br />

alguma interrupção inesperada no seu normal<br />

funcionamento. Após esta identificação, medidas<br />

corretivas podem ser tomadas para salvaguardar<br />

a possibilidade futura de interrupção na rede da<br />

cadeia de fornecimento. •


SCM Supply Chain Magazine 39<br />

Contexto<br />

Parceiros<br />

Perguntas<br />

Método<br />

Benefícios<br />

Sites Globais de Produção para a Indústria Automóvel<br />

DCCS GmbH e KNOW-CENTER GmbH<br />

> Como descobrir relações de fornecimento desconhecidas usando apenas fontes abertas<br />

de informação?<br />

> Como monitorizar alterações constantes nos relacionamentos entre fornecedores<br />

e manter a informação atualizada?<br />

> Qual o número de componentes que pode ser afetado por disrupções em fornecedores<br />

na cadeia de fornecimento?<br />

> Quais as prioridades e características entre fornecedores específicos?<br />

Extração e Análise Automática de Informação em Websites e Documentos<br />

> Deteção e Prevenção de Problemas na Cadeia de Fornecimento<br />

> Planeamento de Aquisições, e Monitorização da Demanda de Produção<br />

> Identificação Automática de Entidades de Fornecimento (Tier-N)<br />

Luís Madureira @ UBERBRANDS<br />

Nelson Silva @ KNOW-CENTER GmbH [Research Center for Data-Driven Business & Big Data Analytics]<br />

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40<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

VORTAL<br />

COM OS OLHOS<br />

POSTOS NO FUTURO<br />

PROCUREMENT<br />

A empresa cresceu 12%<br />

e atingiu os 14 milhões<br />

de euros de receitas<br />

Estivemos com o novo CEO da Vortal.<br />

Embora haja um olhar sobre o caminho<br />

percorrido, a conversa com Miguel Sobral é<br />

feita sobretudo de futuro. O crescimento,<br />

as geografias em que actuam, os desafios<br />

que se apresentam às empresas públicas e<br />

privadas e as propostas de valor que a Vortal<br />

quer introduzir para continuar a aproximar<br />

a oferta e a procura na era digital, em que<br />

interoperabilidade é a palavra-chave. <strong>2019</strong><br />

vai ser um ano de novidades, como a nova<br />

plataforma, com lançamento agendado<br />

para o último trimestre.<br />

Conheça o senhor que se segue.<br />

C<br />

om a saída de Rui Dias Ferreira no final de<br />

2018 da administração, foi a Miguel Sobral,<br />

o então “n.º 2”, que coube a missão de<br />

assumir o comando da maior empresa nacional<br />

de contratação electrónica e uma das maiores<br />

a nível mundial. De novo, só talvez a maior<br />

responsabilidade, já que Miguel Sobral<br />

está na Vortal desde 2001 e conhece<br />

bem os cantos à casa.<br />

2018 foi um ano muito importante para a<br />

Vortal. “Consolidámos a nossa liderança em<br />

Espanha, que já representa o dobro das receitas<br />

que temos em Portugal no sector público”. Tendo<br />

em conta que o principal espaço de crescimento<br />

da Vortal é exactamente a internacionalização,<br />

percebe-se o ar visivelmente satisfeito de Miguel<br />

Sobral com os resultados de 2018. Para <strong>2019</strong>, as<br />

previsões são duplicar as receitas em Espanha,<br />

“portanto, no sector das entidades públicas, vai<br />

passar a ser para nós um mercado quatro vezes<br />

maior do que Portugal”, conta.<br />

A empresa cresceu 12%, atingiu os 14 milhões<br />

de euros de receitas. Aliás, o crescimento a<br />

dois dígitos já não é novidade, tem sido assim<br />

de há alguns anos a esta parte, até porque, de<br />

facto, o negócio principal da Vortal está fora do<br />

país. Em termos de geografias, “70% das nossas<br />

receitas são provenientes de fora de Portugal ,<br />

sobretudo países da Europa e América Latina.<br />

Além de Portugal, na Europa temos operações<br />

em Espanha e Alemanha; na América Latina<br />

são os governos da Colômbia, da República<br />

Dominicana e das Honduras os utilizadores da<br />

nossa tecnologia para a contratação pública, ao<br />

nível da administração central e local, a todos os<br />

níveis. Também temos uma operação no México<br />

mais orientada para o sector privado, através<br />

de um parceiro com quem trabalhamos e que<br />

nos tem ajudado a desenvolver ali o negócio”.<br />

Têm vindo a procurar crescer no sector público<br />

e também no privado, sobretudo na Europa e<br />

na América Latina. “Entregámos também um<br />

contrato para o Conselho da Europa, arrancámos<br />

com entidades privadas, sobretudo no sector do<br />

retalho em Itália”, acrescenta o n.º 1 da Vortal.


SCM Supply Chain Magazine 41<br />

No último trimestre<br />

de <strong>2019</strong>, a Vortal vai lançar<br />

a sua nova plataforma<br />

de contratação.<br />

A IMPORTÂNCIA DE FAZER DIFERENTE<br />

“Actuamos num contexto em que a contratação<br />

pública, hoje, já é obrigatória em toda a Europa<br />

e embora existam muitas empresas que prestam<br />

serviços de contratação pública electrónica,<br />

a maior parte opera apenas em cada um<br />

desses países. Isto tem sobretudo a ver com<br />

os diferentes contextos legais que acabam por<br />

impedir a utilização da mesma tecnologia”.<br />

E é aqui que a Vortal faz a diferença.<br />

“A plataforma da Vortal permite estar em<br />

vários países, com customizações diferentes,<br />

para responder a requisitos legais diferentes,<br />

mas utilizando uma única rede de empresas<br />

e entidades públicas, o que faz com que as<br />

entidades públicas tenham acesso a uma rede<br />

internacional de empresas muito mais vasta,<br />

o que abre às empresas concorrentes mais<br />

oportunidades de negócio, em vários países,<br />

a partir de um único interface”.<br />

E, portanto, a tecnológica tem estado a<br />

ter um papel muito activo neste campo. É com<br />

os olhos postos no futuro que Miguel Sobral


explica que “as entidades públicas têm assim<br />

acesso a um mercado muito mais vasto e<br />

conseguem, sobretudo, envolver muito mais<br />

empresas nos processos de contratação pública.<br />

Com isto aumenta a transparência, mas também<br />

se consegue dar mais oportunidades às PME,<br />

que muitas vezes não têm visibilidade sobre as<br />

oportunidades que existem no sector público.<br />

Acreditamos muito neste efeito de rede, um<br />

aspecto muito diferenciador da Vortal, pelo que<br />

temos estado muito focados nestas questões<br />

da interoperabilidade. E é um dos desafios que<br />

temos pela frente”.<br />

Para este ano, um outro desafio muito<br />

importante é seguramente a nova plataforma<br />

de contratação, que será lançada no último<br />

trimestre de <strong>2019</strong>. “A nova plataforma constitui<br />

uma aposta muito forte na usabilidade e na<br />

performance e faz uso de soluções muito<br />

inovadoras com base em inteligência artificial e<br />

em semântica”, avança Miguel Sobral.<br />

“Por um lado, queremos que a plataforma e as<br />

soluções da Vortal tenham uma simplicidade de<br />

utilização e uma usabilidade muito grandes e que<br />

sejam muito intuitivas.<br />

Por outro lado, é fundamental que sejam<br />

dotadas de conteúdos inteligentes e ajustados<br />

às necessidades de cada empresa para que o<br />

processo de consulta ao mercado, encontrar<br />

novos parceiros de negócio e as melhores<br />

propostas seja também ele muito simples e ágil”.<br />

COLABORAR, COLABORAR, COLABORAR<br />

Querem caminhar para uma lógica colaborativa,<br />

em que “quem está a fazer compras vai interagir<br />

com uma máquina que, de forma inteligente,<br />

lhe vai fazer chegar os melhores parceiros, as<br />

melhores propostas de negócio, os melhores<br />

preços, as melhores alternativas de produtos com<br />

base no perfil de compra daquela empresa, mas<br />

também com base na experiência colaborativa<br />

onde aquela empresa se insere”.<br />

Noutros termos, a ideia da Vortal é que quem<br />

está, por exemplo, a fazer a contratação da<br />

instalação de um ar condicionado ou de um<br />

serviço de limpeza, não faz muito sentido estar<br />

a pedir a essa empresa/pessoa que tenha que<br />

especificar algo que faz dezenas de vezes por


SCM Supply Chain Magazine 43<br />

dia, todos os dias do ano. O acesso a bibliotecas<br />

de templates de compras que lhes permitam<br />

de forma muito simples fazer consultas<br />

estruturadas ao mercado é a solução.<br />

Miguel Sobral lembra que “uma das primeiras<br />

regras-chave de quem quer comprar bem é<br />

especificar bem aquilo que quer, deixando<br />

os graus de liberdade necessários para<br />

que os fornecedores possam apresentar<br />

propostas alternativas. É muito neste sentido<br />

que queremos caminhar. Queremos que a<br />

plataforma e as soluções da Vortal tenham, por<br />

um lado, uma simplicidade de utilização muito<br />

grande, que sejam muito intuitivas e, por outro,<br />

que sejam dotadas de conteúdos inteligentes<br />

ajustados às necessidades de cada empresa<br />

para que o processo de consulta ao mercado<br />

seja simplificado e agilizado”.<br />

anuncio revista.pdf 1 26/06/<strong>2019</strong> 15:09:29<br />

É esperar pelo último trimestre de <strong>2019</strong><br />

para ver.<br />

Outro dos objectivos na mira de Miguel<br />

Sobral é fazer com que a tecnologia seja<br />

assimilada de forma natural pelas empresas<br />

“e que seja implementada pelo valor, pelos<br />

clientes, pelas vendas que gera. Em concreto,<br />

isso passa por soluções de facturação<br />

electrónica, por soluções de presença digital<br />

nas redes sociais, por CRM’s, por soluções<br />

de segurança... há um portefólio vasto que<br />

estamos a preparar para lançar no mercado,<br />

com recurso a parceiros, com isto aumentando<br />

muito a velocidade e a riqueza da nossa<br />

proposta de valor”.<br />

No fundo, levar mais serviços às empresas<br />

para que quem compra, compre bem e quem<br />

vende, venda mais. •<br />

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Administradores, Direcções Gerais,<br />

Direcções Financeiras, Responsáveis de<br />

Logística, Responsáveis de Stocks e<br />

Aprovisionamentos, Responsáveis de<br />

Compras de matérias primas,<br />

Responsáveis de Exportação,<br />

Responsáveis de Armazém,<br />

Responsáveis de Transporte.<br />

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www.supplychainmagazine.pt/textilogistica


INTRALOGÍSTICA<br />

Nova fábrica<br />

da Combilift


SCM Supply Chain Magazine<br />

45<br />

INOVAÇÃO<br />

“MADE IN IRLANDA”<br />

O cenário é Monaghan e, como manda a tradição irlandesa,<br />

a história tem coisas fantásticas e um certo toque de<br />

magia. As fadas e duendes foram substituídas por dois<br />

homens com um sonho e uma vontade inabalável, como<br />

são os empresários Martin McVicar e Robert in Mof fett.<br />

Há também campos verdejantes, arco-íris e, no final<br />

deste, o pote de ouro: a nova fábrica da Combilif t,<br />

um investimento de 50 milhões de euros, que vai continuar<br />

a levar a empresa irlandesa e os seus equipamentos<br />

costumizados aos quatro cantos do mundo.<br />

S<br />

ão 40 hectares de terreno, no condado<br />

irlandês de Monaghan, que acolhem esta<br />

nova fábrica de 46.500 m²<br />

e que conta com um moderno centro de<br />

Investigação & Desenvolvimento, zona para<br />

testes dos equipamentos, além de amplas<br />

instalações administrativas.<br />

20 anos depois de ter sido criada pela mão<br />

e pela vontade do seu CEO e do seu director<br />

técnico, a Combilift inaugurou a sua nova<br />

casa no dia 26 de Abril perante jornalistas do<br />

mundo inteiro e na presença dos revendedores<br />

que tem espalhados por mais de 85 países.<br />

A portuguesa Tima lá estava também,<br />

representada pela administradora da empresa<br />

e pelo seu director comercial.<br />

Não é exagero afirmar que o fabricante tem<br />

vindo a revolucionar a forma como empresas<br />

do mundo inteiro movimentam e armazenam<br />

materiais, especialmente cargas longas, de<br />

grandes dimensões e pouco convencionais,<br />

ou quando o espaço em armazém é limitado e<br />

exige soluções que se afastam do padrão.<br />

São especializados na produção de máquinas<br />

e equipamentos “taylor made” e o que os<br />

seus clientes têm em comum é apenas a<br />

compreensão de como um design inteligente<br />

pode fazer toda a diferença e maximizar a<br />

eficiência, a segurança, a operacionalidade e,<br />

por consequência, o lucro dos seus negócios.


46<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

Os 200 postos de trabalho, a serem criados<br />

nos próximos três anos, serão para técnicos<br />

qualificados, engenheiros de projecto,<br />

especialistas em logística e supply chain, bem<br />

como para profissionais com competências ao<br />

nível da engenharia mecânica e eléctrica. Hoje, a<br />

Combilift emprega 550 pessoas na produção das<br />

suas soluções para a movimentação de produtos<br />

e materiais.<br />

Martin McVicar, o CEO da companhia<br />

salientou que o investimento permitiria à<br />

Combilift cumprir os seus ambiciosos planos de<br />

crescimento: “Empregamos mais 230 pessoas<br />

desde que anunciámos em 2015 os nossos<br />

planos para esta fábrica que estamos agora<br />

a inaugurar e planeamos recrutar mais 200<br />

nos próximos três anos. É a combinação desta<br />

unidade de produção de última geração e uma<br />

força de trabalho qualificada e capacitada,<br />

que nos irá permitir duplicar a produção nos<br />

próximos cinco anos ”.<br />

PERSONALIZAÇÃO:<br />

A NOVA FRONTEIRA<br />

Martin McVicar, atribui o impressionante<br />

crescimento da empresa à customização em<br />

massa. “A Combilift estabeleceu o padrão de<br />

referência para a produção em massa de produtos<br />

inovadores e personalizados. Esta é, no nosso<br />

entender, a nova fronteira para o cliente e para o<br />

fabricante. Cada vez mais os clientes esperam que<br />

os produtos sejam adaptados para responder às<br />

suas reais necessidades”. É isso que esta empresa<br />

faz desde 1998.<br />

“A flexibilidade das nossas novas instalações<br />

significa que a Combilift pode continuar a receber<br />

e dar resposta a qualquer solicitação para o<br />

desenvolvimento de uma solução personalizada<br />

quando em causa está o manuseamento e<br />

movimentação de materiais ou produtos com<br />

exigências especiais”, disse McVicar.<br />

46.500 m 2<br />

Fábrica<br />

40<br />

Hectares<br />

Terreno<br />

Revendedores<br />

em<br />

85 países


SCM Supply Chain Magazine 47<br />

“A nova fábrica permite-nos duplicar<br />

a produção e permanecermos focados<br />

nas necessidades dos nossos clientes e<br />

revendedores. Hoje, somos muito mais do que<br />

um fabricante de empilhadores e equipamentos<br />

de movimentação. Estamos a transformar o<br />

sector de transporte e logística com as nossas<br />

soluções e propostas inovadoras. Os nossos<br />

engenheiros proactivamente projectam,<br />

planeiam e produzem soluções em colaboração<br />

com os nossos clientes, oferecendo-lhes uma<br />

análise de fluxos de materiais e animações em<br />

3D com as soluções ou futuras implantações,<br />

para que eles possam ter uma ideia o mais real<br />

possível do projecto”, esclareceu o CEO.<br />

FÁBRICA<br />

VERDE E SUSTENTÁVEL<br />

Com 46.500 m 2 , a unidade fabril de Monaghan<br />

foi construída em formato de “L” para optimizar<br />

toda a linha de desenvolvimento e montagem<br />

de equipamentos. Ambientalmente sustentável,<br />

as novas instalações apresentam uma cobertura<br />

onde 30% do telhado deixa entrar iluminação<br />

natural – quando é necessária luz artificial,<br />

sensores automatizados acionam 1.100<br />

lâmpadas LED, direccionadas para os postos<br />

de trabalho.<br />

Além da luz natural, a fábrica da Combilift<br />

está equipada com painéis solares capazes de<br />

gerar até 185 kW de energia e uma unidade de<br />

1 MW de biomassa a partir de madeira reciclada<br />

para aquecimento local e cabinas de pintura.<br />

O clima maioritariamente chuvoso do norte<br />

da Irlanda é igualmente utilizado em benefício<br />

da fábrica. O sistema de captação de água da<br />

chuva suporta até 110 mil litros de água para as<br />

mais diversas necessidades fabris.<br />

Todas as semanas, saem da unidade<br />

de Monaghan mais de 50 camiões com<br />

equipamentos e peças sobresselentes para<br />

85 mercados e concessionários em todo o mundo.<br />

A Combilift destaca ainda que a nova fábrica está<br />

classificada segundo os padrões de qualidade e<br />

segurança internacionais, nomeadamente com as<br />

normas ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001.<br />

A Combilift é, de facto, uma incrível história<br />

de sucesso de Monaghan. Quando a empresa<br />

foi fundada, há 20 anos, contava com três<br />

funcionários, um conceito arrojado - que<br />

posteriormente se revelaria brilhante - e a<br />

ambição de torná-lo realidade. Actualmente<br />

exporta 98 por cento dos seus produtos. O que<br />

começou como uma pequena operação focada<br />

em desenvolver soluções para um nicho de<br />

mercado é hoje uma reconhecida marca global<br />

com uma declarada e assumida paixão pela<br />

inovação. •<br />

SÃO ESPECIALIZADOS NA<br />

PRODUÇÃO DE MÁQUINAS<br />

E EQUIPAMENTOS “TAYLOR<br />

MADE” E O QUE OS SEUS<br />

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DE COMO UM DESIGN<br />

INTELIGENTE PODE FAZER<br />

TODA A DIFERENÇA E<br />

MAXIMIZAR A EFICIÊNCIA


48<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Geração de armazéns<br />

Séc. XXI<br />

*<br />

Viagem realizada a convite da Mercadona Portugal.<br />

NO CORAÇÃO DA EFICIÊNCIA *<br />

Fomos conhecer o modelo de loja eficiente que o retalhista<br />

vai introduzir também deste lado da fronteira e, não<br />

menos importante, um dos motores indispensáveis ao<br />

funcionamento de toda a sua cadeia de abastecimento:<br />

o bloco logístico de Ciempozuelos, da geração Armazéns<br />

Séc. XXI, onde a eficiência está no centro de tudo.


SCM Supply Chain Magazine 49<br />

A<br />

loja Glorieta de Quevedo, fica no centro<br />

de Madrid, na praça Quevedo, numa zona<br />

habitacional maioritariamente constituída por<br />

estudantes e consumidores com poder de compra.<br />

Pertence à nova geração de lojas que a cadeia<br />

de retalho vai introduzir em Portugal e que é<br />

designada pela Mercadona como “loja eficiente”.<br />

É um supermercado de dois pisos, construído<br />

com corredores amplos e lineares onde<br />

abundam os produtos com as marcas próprias da<br />

cadeia de distribuição: Hacendado (alimentação),<br />

Deliplus (higiene e beleza), Bosque Verde<br />

(produtos de higiene para a casa) ou Compy<br />

(alimentação para animais de estimação).<br />

De acordo com André Silva, director de<br />

comunicação da Mercadona Portugal, que nos<br />

acompanhou na visita, no que diz respeito<br />

às marcas próprias vs. marcas de produtor,<br />

a penetração em loja é na ordem dos 50/50.<br />

Primeira particularidade: todos os produtos com<br />

as marcas da Mercadona têm a identificação do<br />

produtor. Segunda particularidade: os fornos de<br />

onde sai o pão para a padaria são da empresa<br />

portuguesa Ramalhos e estão em todas as lojas<br />

da Mercadona. Terceira particularidade: os pastéis<br />

de nata estão realmente a conquistar “nuestros<br />

hermanos”, pois a meio da manhã o expositor na<br />

zona de pastelaria já estava vazio.<br />

Lá encontrámos também os snacks<br />

portugueses de maçã desidratada, o Mateus Rosé,<br />

o Porto Cruz e seguramente que se o olhar tivesse<br />

sido mais demorado ainda iriamos encontrar mais<br />

alguns produtos lusos e outros já com informação<br />

na embalagem também em português é que, “em<br />

2018, a Mercadona comprou 88 milhões de euros<br />

a produtores portugueses”, conta André Silva.<br />

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50<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

2.600 ENTREGAS/MÊS<br />

O novo modelo de supermercado tem logo à<br />

entrada uma zona destinada às entregas ao<br />

domicílio e é também junto à porta que estão os<br />

sacos para quem pretende que as suas compras<br />

sejam entregues em casa. A loja de Glorieta de<br />

Quevedo é a que mais serviços faz ao domicílio:<br />

2.600 entregas por mês, como nos explicou<br />

a gerente da loja. “O serviço de entregas ao<br />

domicílio também vai estar disponível nos<br />

supermercados portugueses”, realça André Silva.<br />

As relações de boa vizinhança são apanágio da<br />

cadeia de retalho espanhola, que tudo faz para<br />

se inserir na comunidade em que vão nascer as<br />

lojas. Foi também assim na loja de Quevedo. O<br />

telhado desta loja, um jardim, constituído por<br />

plantas autóctones, veio substituir o antigo<br />

telhado de fibrocimento e as maquinarias, usuais<br />

e imprescindíveis neste tipo de instalação, estão<br />

em salas insonorizadas no interior do local. Por<br />

outro lado, estas coberturas verdes absorvem<br />

poluição, produzem oxigénio e são um excelente<br />

isolante térmico.<br />

Mas, como se consegue tanta eficiência e<br />

produtividade para proporcionar aquilo que<br />

o director de comunicação para Portugal da<br />

Mercadona designa como “um serviço de<br />

excelência às nossas lojas”?<br />

A resposta encontra-se a meia hora de carro<br />

de Madrid, em Ciempozuelos. É lá que fica<br />

localizado o Bloco Logístico Século XXI.<br />

Ao longo dos anos tem servido para aprender<br />

e continuar a aperfeiçoar os sistemas e<br />

melhorar o serviço ao cliente e a eficiência.<br />

São 100 mil metros quadrados construídos,<br />

com capacidade para recepcionar diariamente<br />

13 mil paletes e expedir 12 mil e abastece<br />

actualmente 272 lojas (Madrid, Norte de<br />

Castela-La Mancha e sul de Castela e Leão).<br />

A designação escolhida para aquele centro,<br />

“Bloco Logístico Século XXI”, não podia estar<br />

mais em consonância com toda a tecnologia<br />

que ali fomos encontrar.<br />

100.000 M 2 DE TECNOLOGIA<br />

Construído em 2006, o Bloco Logístico<br />

de Ciempozuelos foi a primeira plataforma<br />

totalmente automatizada da Mercadona<br />

e dotada na altura da mais moderna<br />

tecnologia.


SCM Supply Chain Magazine 51<br />

Tudo começou em 2004 quando a<br />

Mercadona comprou um terreno de 200 mil<br />

quadrados para construir um centro logístico<br />

convencional. A ideia de automatizar os<br />

processos surgiria apenas em 2005, após<br />

um trabalhador com alguma antiguidade na<br />

empresa dizer ao seu director que gostaria de<br />

envelhecer ali, embora a dureza de<br />

alguns processos no trabalho logístico não lhe<br />

permitissem acreditar muito nisso.<br />

O comentário chegou à administração da<br />

empresa e a sugestão foi considerada.<br />

Responsáveis da Mercadona viajaram até<br />

à Alemanha para aprender e ver como<br />

desenvolver um centro logístico totalmente<br />

automatizado.<br />

Actualmente, o centro logístico da<br />

Mercadona em Ciempozuelos tem mais de<br />

950 trabalhadores. Com a automatização dos<br />

processos, a ideia da Mercadona é diminuir<br />

a vertente mais dura do trabalho num centro<br />

logístico convencional. Há menos esforço<br />

físico, o trabalho é mais especializado e<br />

existe uma maior diversificação dos postos<br />

de trabalho. Quando num armazém logístico<br />

convencional a força de trabalho feminina<br />

situa-se nos 5%, no caso de Ciempozuelos<br />

esta cifra-se nos 37%.<br />

Um dos responsáveis do bloco logístico<br />

explica à comitiva portuguesa que o número<br />

de trabalhadores é menor do que num<br />

centro logístico convencional, embora não<br />

seja significativa, pois o que aconteceu foi<br />

“uma reconversão dos trabalhadores e uma<br />

maior especialização das funções”. Ou seja,<br />

num armazém com capacidade para 44 mil<br />

embalagens e para receber 800 por hora,<br />

muitos trabalhadores são especializados<br />

em mecânica e em electricidade, já que<br />

é fundamental assegurar o trabalho de<br />

manutenção.<br />

PUB MODULA


52<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

UM GIGANTESCO TETRIS<br />

Conhece o “Tetris”? Já jogou ou, pelo menos,<br />

conhece a mecânica do jogo? É que ver este<br />

centro logístico da Mercadona a funcionar<br />

assemelha-se em tudo a um gigantesco Tetris.<br />

Para darem entrada no armázem, todos<br />

os produtos têm que estar devidamente<br />

parametrizados no sistema. Se o processo<br />

falha, perde-se eficiência. Um dos<br />

responsáveis diz-nos que, desde que o centro<br />

abriu, “o processo de aprendizagem e<br />

melhoria tem sido uma constante”.<br />

Os trabalhadores que conduzem os<br />

empilhadores depositam as embalagens<br />

na recepção do armazém automático e<br />

seguidamente o sistema procede à leitura dos<br />

respectivos códigos de barras. No código de<br />

barras da embalagem consta a informação<br />

sobre o produto, o seu peso e a respectiva<br />

dimensão. Os nossos anfitriões salientam que,<br />

em alturas de pico de actividade, como o Natal<br />

ou a Páscoa, podem dar entrada na recepção<br />

do armazém automático qualquer coisa como<br />

nove mil embalagens.<br />

É no segundo piso do armazém que tem<br />

início a preparação dos pedidos que têm como<br />

destino as várias lojas da Mercadona através<br />

do processo de picking automático. Um<br />

elevador de gavetas leva os produtos até às<br />

prateleiras a uma velocidade entre oito<br />

e 12 metros por segundo.<br />

Na última fase do processo, o sistema<br />

calcula automaticamente como é que as<br />

embalagens vão ser organizadas e o sistema<br />

informático analisa os pedidos, os produtos<br />

prioritários, o seu peso, o seu formato...<br />

Terminada esta análise, a máquina dispõe<br />

automaticamente os produtos nas embalagens<br />

de transporte, tal como num jogo de Tetris,<br />

procurando alcançar o máximo de optimização<br />

e rentabilização do espaço, sem que isso<br />

comprometa, claro, o estado e integridade dos<br />

diferentes produtos. Em quanto tempo? 10 a<br />

13 minutos. Se o processo fosse convencional<br />

levaria perto de 45 minutos.<br />

No final, é também uma máquina que filma<br />

e envolve todas as embalagens. Depois de<br />

embalados e filmados todos os produtos é<br />

colocada em cada volume uma etiqueta onde<br />

consta o número da loja a que se destina, bem<br />

como informação sobre todos os produtos que<br />

ali são transportados.<br />

Depois de Ciempozuelos, foram já<br />

construídos centros logísticos em Villadongos<br />

(Leão), Riba-roja (Valência), Guadix<br />

(Granada), Abrera (Barcelona) e Vitória<br />

(Álava). Todos foram evoluindo em termos de<br />

técnica e inovação para ganhar eficiência e<br />

produtividade.


SCM Supply Chain Magazine 53<br />

OS NÚMEROS DA LOGÍSTICA<br />

15<br />

blocos logísticos<br />

4 em projecto e construção<br />

MERCADONA<br />

1.099.000 m 2<br />

superfície<br />

1.627<br />

supermercados<br />

no fecho do exercício em 2017<br />

3<br />

armazéns-satélite<br />

LOJA PORTUGUESA COM CERTEZA<br />

Um investimento de oito milhões de euros, 85<br />

trabalhadores, 1.800 metros quadrados de área<br />

de venda e 240 lugares de estacionamento. Estes<br />

são os números que contam a história da primeira<br />

das 10 lojas que a Mercadona tem projectadas<br />

para Portugal neste segundo semestre e que<br />

abriu ao público no dia 2 de <strong>Julho</strong>, no Canidelo,<br />

em Vila Nova de Gaia.<br />

Mas a ambição da Mercadona é atingir nos<br />

próximos anos 150 pontos de venda em Portugal.<br />

Certezas, para já, são os planos de abertura de<br />

10 lojas este ano, mais outras tantas em 2020<br />

e também o desenvolvimento de outro centro<br />

logístico perto de Lisboa, além daquele que já<br />

possui na Póvoa do Varzim. Um total de 100<br />

milhões de euros de investimento em <strong>2019</strong> e<br />

passar dos actuais 900 para 1.100 colaboradores<br />

até Dezembro. •


54<br />

TECNOLOGIAS<br />

Logística na Saúde<br />

4.0


SCM Supply Chain Magazine 55<br />

Ruben Loureiro<br />

[Mestre e Licenciado em Gestão. Doutorando em Gestão]<br />

Exerce funções de Gestão na área Logística.<br />

Professor Convidado em Gestão e Logística<br />

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL<br />

OU INTEGRAÇÃO?<br />

A 4.ª revolução industrial procura afetar todos<br />

os setores e pretende desafiar as áreas logísticas<br />

para uma digitalização e integração tecnológica<br />

de grande domínio. A saúde não é excepção.<br />

A<br />

ntes de partir para a indústria 4.0<br />

propriamente dita (ou no caso logística<br />

4.0), falemos sobre a inteligência artificial,<br />

um mito que chegou aos dias de hoje e nos tem<br />

acompanhado fortemente, com uma evolução<br />

favorável através da criação de algoritmos<br />

que, procura analisar os padrões de procura,<br />

as capacidades de resposta (e integração) às<br />

necessidades dos serviços – tudo isto porque<br />

existe uma capacidade artificial de raciocínio<br />

(simulando a capacidade humana) de perceber,<br />

resolver e elaborar soluções para os problemas.<br />

Esta inteligência artificial é cada vez mais<br />

necessária em “loja” para acompanhar os<br />

retalhistas no apoio à decisão e nas sugestões<br />

rápidas e eficazes aos seus clientes. Para além<br />

disso, há que considerar também, fruto de<br />

toda esta evolução, a utilização que é feita dos<br />

sistemas de informação nas várias indústrias e<br />

os benefícios que daí perduram.<br />

Procura-se assim com a Logística 4.0,<br />

encontrar os benefícios das tecnologias e da<br />

digitalização, associado a uma lógica ainda<br />

deficitária de infraestruturas e de espaços<br />

adequados e maximizando a cooperação entre<br />

áreas e organizações.<br />

LOGÍSTICA 4.0<br />

Com a revolução logística (associada à ultima<br />

revolução industrial) e porventura assente em<br />

princípios essencialmente tecnológicos, espera-<br />

-se uma alteração significativa da logística a todos<br />

os níveis, fundamentalmente com a redução dos<br />

custos operacionais e da diminuição de stocks.<br />

Não só através da inteligência artificial, mas<br />

com um novo modelo industrial, tornando-se<br />

rápido aceder a dados de consumo, produção<br />

e até mesmo aos padrões de consumo e<br />

algoritmos de vendas para o dia seguinte.


56<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

Ou seja, a empresa agora é integrada<br />

digitalmente e permite que os sistemas<br />

trabalhem em conjunto: daí pode-se modificar<br />

produtos, processos e modelos de negócio com<br />

um simples “click”.<br />

Afirmar que o apoio das tecnologias é o principal<br />

elo de ligação entre a Logística, a redução de<br />

custos e stock é cada vez uma realidade mais<br />

próxima, esperando-se uma melhoria significativa<br />

nas interações com os clientes (no tempo dessa<br />

informação e análise), uma diminuição de erro nas<br />

previsões de procura, mas também a otimização<br />

de recursos através de itinerários (dentro e fora<br />

dos armazéns). Com a flexibilidade da robótica e<br />

a sua interação com os humanos, a realidade da<br />

produção e da logística está a ser revolucionada.<br />

A combinação das capacidades humanas com<br />

o poder das máquinas ou os simples óculos<br />

inteligentes que permitem que o profissional<br />

tenha informação privilegiada num curto espaço<br />

de tempo e faça a sua rota de uma forma muito<br />

mais rápida, influenciará os custos operacionais<br />

e melhorará o nível de stock.<br />

INOVAÇÃO 4.0<br />

O desafio inovador das próximas décadas é<br />

preparar a informação para o gestor conseguir<br />

tomar melhores decisões, mais informadas e<br />

que garantam uma maior eficiência nas soluções<br />

conseguidas.<br />

Terá a revolução industrial um<br />

carácter de inovação?<br />

É importante reconhecer que maioria dos<br />

processos de inovação são relacionadas com<br />

tecnologias e digitalização da informação. Como<br />

já foi referido, a Indústria 4.0 surge através da<br />

alta informatização de processos e robotização<br />

em chão de fábrica.<br />

Mas será só essa a razão desta revolução?<br />

Analisando os dados do Pordata de 2005 a 2015<br />

(ilustração abaixo) referente a despesas de<br />

atividade de investigação e desenvolvimento nas<br />

Ciências Médicas e da Saúde e nas Ciências da<br />

Engenharia e Tecnologia, pode-se afirmar que o<br />

investimento tem tido um rápido crescimento,<br />

o que leva a garantir que nos últimos anos<br />

o desenvolvimento da tecnologia já se tem<br />

verificado aos vários níveis da indústria e dos<br />

serviços.<br />

Os investimentos mais notáveis têm sido<br />

na gestão de processos de trabalho, ou seja,<br />

melhorar a forma como as coisas são feitas, com<br />

vista à melhoria contínua nas metodologias de<br />

trabalho. Esta<br />

otimização<br />

já existente<br />

mostra<br />

vantagens<br />

a nível<br />

económico nas<br />

organizações<br />

e melhora a<br />

rápida resposta<br />

ao cliente, de<br />

“A redução de custos<br />

e stock é uma realidade<br />

cada vez mais próxima”<br />

forma mais ágil<br />

e acertada.


SCM Supply Chain Magazine 57<br />

REDES DE TRANSAÇÃO<br />

Depois de analisar os pontos anteriores, desde<br />

a Indústria 4.0 à influência da inovação, é<br />

importante refletir sobre os contributos que<br />

estas revoluções digitais têm para as redes e<br />

para os custos de transação. Ou seja, muitas das<br />

organizações já cooperam em rede com outras<br />

empresas (até com concorrentes), mas será que<br />

é suficiente para uma vantagem competitiva?<br />

Poderá as tecnologias da informação através do<br />

4.0 melhorar a transação entre parceiros?<br />

A realidade atualmente existente em todos<br />

os setores, está patente no tempo e custo da<br />

passagem de recursos entre as várias fases de<br />

produção: seja matéria prima; produtos acabados<br />

ou até mesmo a entrega ao nosso consumidor<br />

final.<br />

Mas não só, pois existe outro aspeto a<br />

reter onde não só as redes mas também a<br />

digitalização, muito influencia na melhoria<br />

dos custos de transação, que é “a informação”.<br />

Assim, a passagem da informação entre as várias<br />

fases, melhora consideravelmente aquando a<br />

implementação de tecnologias de informação<br />

na produção. Como já vimos, ao toque de um<br />

click podemos aceder a consumos num bloco<br />

operatório de um hospital ou até mesmo ao<br />

movimento de produtos em produção no nosso<br />

chão de fábrica.<br />

INTEGRAÇÃO 4.0<br />

O tema é suscetível a levantar algumas<br />

questões, como por exemplo, se estamos<br />

perante uma revolução industrial (ou neste<br />

caso logístico) ou se será uma integração de<br />

recursos, capacidades e processos?<br />

Como já foi apresentado, existe a capacidade<br />

“Ao toque de um<br />

click podemos aceder a consumos<br />

num bloco operatório de um hospital”<br />

Recursos<br />

Inovação<br />

Capacidades<br />

Tecnologia<br />

INDÚSTRIA<br />

4.0<br />

Integração<br />

Custos<br />

de<br />

Transação<br />

Redes<br />

de utilização dos sistemas de informação há<br />

vários anos. Contudo, agora adicionando outros<br />

fatores surge a revolução 4.0, mas será só uma<br />

fusão de conceitos integrados por sistemas de<br />

informação e melhor capacitação na utilização<br />

destes?<br />

Integração entre o mundo físico e o mundo<br />

digital será melhorada com esta relação,<br />

onde o principal desafio é integrar sistemas<br />

digitais com os problemas estruturais de<br />

algumas organizações, mas também conseguir<br />

responder a dificuldades de liderança<br />

das organizações. Agora com a dificuldade<br />

acrescida de liderar organizações em<br />

mudança e com a introdução intensiva<br />

de sistemas de informação e digitalização<br />

nos seus processos logísticos e produtivos.


58<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA NA SAÚDE 4.0<br />

Surge por fim a necessidade de enquadrar<br />

a Logística 4.0 na realidade da Saúde, ou<br />

neste caso nas estruturas Hospitalares.<br />

Talvez seja uma temática ainda muito<br />

sensível pois como já se compreendeu<br />

é uma abordagem que requer muito<br />

investimento, mas também grande alteração<br />

da cultura organizacional dos Hospitais,<br />

que são estruturas burocráticas complexas,<br />

mas que já mostraram viabilidade noutros<br />

projetos idênticos – apresentando interesse<br />

na melhoria contínua e no aproveitamento<br />

dos avanços tecnológicos.<br />

A Logística 4.0 na Saúde, será um desafio<br />

para as instituições e para os profissionais,<br />

mas será uma mais-valia na gestão diária<br />

dos Hospitais: um conceito de informação<br />

automática no consumo ou na previsão de<br />

consumo para emitir uma informação de<br />

compra ou uma atualização de stock num<br />

serviço através da digitalização, sem a<br />

necessidade de ajuda humana. A utilização<br />

de tecnologia RFID ou o desenvolvimento<br />

de robótica poderá contribuir nos Hospitais,<br />

através do apoio na preparação de picking<br />

e na gestão de armazéns.


Identificamos<br />

Melhorias<br />

CONCLUSÃO<br />

CROSS | Consultores em Logística •<br />

É certo Concebemos que o futuro passa pela otimização de<br />

recursos Soluções através de ferramentas digitais e de<br />

raciocínio artificial, diminuindo o tempo e o erro,<br />

maximizando os ganhos em saúde.<br />

Prateleiras automatizadas? Gestão de<br />

espaço? Operacionalizamos<br />

Óculos inteligentes com informação<br />

exata da localização do artigo? Ou utilização<br />

de Dornes no transporte entre hospitais e<br />

entre fornecedor – hospital? – por exemplo a<br />

fundação Champalimaud já anunciou a utilização<br />

de Drones para a diminuição do tempo de<br />

espera nas análises.<br />

Hoje em dia todas estas ferramentas já são uma<br />

realidade e começam a ganhar condições dentro<br />

das organizações para a sua implementação.<br />

CROSS Logistics Consulting, Lda<br />

Contudo a primeira noção é a reter é que<br />

SCM Supply Chain Magazine 59<br />

a 4ª Revolução Industrial surge na integração<br />

de várias ferramentas e capacidades que já<br />

existiam na realidade empresarial e industrial,<br />

mas com melhoramentos significativos.<br />

Assim, conjugar todas as ferramentas<br />

e integrar toda a informação através de clicks<br />

informáticos é avançar para um futuro digital<br />

e cada vez mais rápido e em algoritmos<br />

inteligentes.<br />

Não é só necessário as ferramentas digitais<br />

mas é ainda mais importante o gestor ter<br />

aptidões e competências para o futuro,<br />

liderando equipas de várias gerações e<br />

conseguindo incluir todas estas realidades<br />

virtuais na verdadeira logística, apoiando<br />

e empreendendo a necessidade destas<br />

ferramentas na vantagem competitiva e nas<br />

capacidades das organizações. •<br />

Identificamos<br />

Melhorias<br />

Concebemos<br />

Soluções<br />

Concebemos<br />

Soluções<br />

Operacionalizamos


60<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Supply Chain Hub<br />

é a mais recente aposta<br />

da Generix<br />

“AS PESSOAS SÃO A ALMA DO NEGÓCIO”<br />

Na era digital, a afirmação pode soar estranha vinda do Country Manager de uma tecnológica.<br />

Mas Marc Defretin tem um genuíno orgulho na equipa que a Generix tem construído ao longo<br />

dos anos e no seu entender são as pessoas a peça-chave para que as soluções tecnológicas da<br />

Generix continuem a conquistar e fidelizar os seus clientes.<br />

E<br />

stabilidade é uma palavra inscrita no ADN<br />

da empresa, tanto em termos de clientes<br />

como de equipa. “Hoje temos uma equipa<br />

que tem muita experiência, o que é muito<br />

importante para os nossos clientes. E não só<br />

têm muita experiência como têm gosto em<br />

trabalhar na empresa. E é isso que também<br />

favorece o desempenho que temos tido ao<br />

longo dos anos”, começa por explicar Marc<br />

Defretin antes de falar sobre a solução que<br />

quer revolucionar o 4.0: a plataforma Supply<br />

Chain Hub.<br />

A Supply Chain Hub é a mais recente aposta da<br />

Generix para agregar num único local todos os<br />

seus clientes e soluções, de modo a simplificar<br />

o acesso às mesmas, e a disponibilizar todas<br />

as ferramentas de que o cliente necessite.<br />

“Juntámos todas as soluções que estavam<br />

isoladas numa única plataforma. O cliente<br />

escolhe dentro da panóplia de serviços que


SCM Supply Chain Magazine 61<br />

temos os que necessita e, como Software<br />

as a Service (SaS), paga em função do que<br />

utiliza, adaptando-se assim as soluções às<br />

exigências e dimensão que o cliente possa ter”,<br />

explica o n.º 1 da Generix em Portugal. E isto<br />

é aplicável tanto às grandes empresas como<br />

às PME. Ao disponibilizar todos os serviços e<br />

soluções da empresa, a tecnológica está a dar<br />

a oportunidade a todos os seus clientes de<br />

utilizarem outras ferramentas a que de outro<br />

modo não teriam acesso.<br />

“Todo e qualquer cliente novo é SaS, não<br />

temos mais licenças, e todos os novos clientes<br />

vão para essa nova plataforma Supply Chain<br />

Hub”. Agora o desafio está em convencer<br />

os clientes antigos a adoptar também este<br />

software.<br />

“<br />

OS CLIENTES ESTÃO A<br />

ADERIR, MAS TEMOS UMA<br />

BASE EXISTENTE QUE<br />

TEMOS QUE FAZER EVOLUIR<br />

PARA O NOVO MODELO.<br />

”<br />

O dirigente revela que agora “há que motivar<br />

os clientes a mudar”, e que os que faltam “são<br />

projectos que em muitos casos são gigantescos”,<br />

dando o exemplo de multinacionais que utilizam<br />

esta plataforma em diversos países e cuja<br />

migração envolverá centenas de armazéns.<br />

“O Carrefour não está em Portugal, mas em<br />

Espanha tem 10 armazéns, em França outros 20,<br />

no Brasil também são cerca de 20… Portanto,<br />

são uma centena de armazéns de grande<br />

dimensão, de grande exigência, é um trabalho<br />

de evolução e de migração da solução que é<br />

complexo”.<br />

A previsão é que até 2020 ou 2021 tenham<br />

todos os clientes na nova plataforma.<br />

Medir e controlar desempenhos<br />

Como grande vantagem desta nova plataforma,<br />

está a ser desenvolvido o sistema Data Lake,<br />

enquanto forma de análise comparativa de<br />

resultados entre clientes do mesmo sector que<br />

utilizam a solução. Ao conciliarem todos os<br />

envolvidos num só local, existe a possibilidade<br />

de analisar as práticas e as performances<br />

obtidas entre eles, e mesmo evolução da própria<br />

empresa. “O Data Lake é algo que só foi possível<br />

porque criámos esta solução colaborativa e vai<br />

ser uma proposta muito interessante para os<br />

clientes”, assegura Marc Defretin.<br />

Os dados gerados diariamente pelas operações<br />

da supply chain são determinantes para a<br />

compreensão das necessidades dos clientes,<br />

melhoria de desempenhos, optimização de<br />

processos e é exactamente essas possibilidades<br />

que com o apoio do Big Data a solução Generix<br />

Data Lake quer explorar nos próximos anos. •<br />

“O CLIENTE NÃO NOS<br />

ESTAVA A PEDIR UM DATA<br />

LAKE, NÃO NOS ESTAVA<br />

A PEDIR PARA<br />

COMPARARMOS A SUA<br />

PERFORMANCE COM A DO<br />

MERCADO, MAS É ISSO QUE<br />

ESTAMOS A TRAZER. VAMOS<br />

FORNECER-LHES MAIS<br />

SERVIÇOS, ALGUNS QUE ELES<br />

AINDA NEM<br />

ESTAVAM A PEDIR.”


62<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

INVESTIMENTO<br />

NA LOGÍSTICA<br />

CIMENTA<br />

OPERAÇÕES<br />

Inserida num sector tradicional<br />

da economia e em anos menos bons<br />

para a construção, a Sotecnisol soube<br />

modernizar-se, inovar e antecipar a<br />

mudança. Investir na agilização da<br />

sua cadeia de abastecimento tem-se<br />

revelado fundamental e um garante<br />

para o êxito das suas operações que,<br />

cá ou no estrangeiro, visam sempre<br />

o mesmo: a satisfação do cliente.<br />

TECNOLOGIAS<br />

Mais de 10 mil<br />

referências de produtos<br />

para gerir<br />

A<br />

Sotecnisol é um daqueles casos raros<br />

em que a logística e a gestão da supply<br />

chain estão há muito na agenda do ‘board’<br />

da empresa. “Temos um conjunto diverso de<br />

obras espalhado pelo país, mas também no<br />

estrangeiro. E, com excepção de Espanha, todos<br />

os materiais necessários à sua execução saem<br />

daqui, pois são abastecidas directamente por<br />

nós”, começa por explicar José Luís Castro, CEO<br />

da companhia, falando sobre a importância da<br />

logística na actividade da empresa.<br />

Tudo na actividade da Sotecnisol foi<br />

crescendo, “o que fez com que a nossa<br />

operação de logística fosse também crescendo,<br />

nomeadamente em termos de complexidade”.<br />

A tal ponto que têm em curso um levantamento<br />

de todos os processos e necessidades logísticas<br />

da empresa “por forma a planearmos uma<br />

mudança que nos permita duplicar a facturação<br />

em termos de distribuição de materiais”.<br />

É que, neste meio tempo, e com a<br />

digitalização a acontecer transversalmente<br />

na sociedade e na economia, a Sotecnisol não<br />

parou e foi pioneira na venda de material de<br />

construção online. Criaram o Obras 360º e com<br />

a entrada no segmento do comércio electrónico<br />

vieram também necessidades e exigências<br />

operacionais distintas. “Estamos a montar a<br />

plataforma logística que servirá de suporte a<br />

todas estas alterações que temos em curso, pois<br />

trata-se de uma operação com características<br />

marcadamente diferentes da que tínhamos<br />

anteriormente”, sublinha José Luís Castro.<br />

Como têm vindo a aumentar substancialmente<br />

o número de referências e o número de


SCM Supply Chain Magazine 63<br />

operações a realizar, foi fundamental muniremse<br />

de novas ferramentas e formas mais eficazes<br />

de o fazerem.<br />

Automatizar, integrar, simplificar<br />

Em termos de gestão de armazém e<br />

distribuição, a Sotecnisol opera com o Eye<br />

Peak, a ferramenta escolhida tendo em vista<br />

a optimização da gestão dos seus armazéns,<br />

sendo a implementação da Inovflow, Primavera<br />

Premium Partner.<br />

Enquanto ferramenta tecnológica, o Eye Peak<br />

tem permitido à Sotecnisol assegurar mais<br />

eficiência na organização e gestão do espaço<br />

em armazém, melhor planeamento das suas<br />

rotas, além de um controlo operacional de<br />

stocks e de volumes de materiais mais rigoroso.<br />

A Sotecnisol encontra-se em clara fase de<br />

expansão do seu negócio. Além de estar no<br />

mercado ibérico, esta multinacional portuguesa<br />

tem sólida presença em mercados como<br />

Angola, Moçambique, Argélia, países do Leste<br />

europeu, pelo que a adopção das correctas<br />

ferramentas de gestão tem sido determinante<br />

para a sua eficiência global.<br />

Visivelmente satisfeito, o CEO da Sotecnisol,<br />

esclarece que aquela implementação permitiu<br />

“automatizar e simplificar a organização<br />

da mercadoria nos nossos espaços de<br />

armazém, maior controlo das entradas,<br />

saídas e transferências de materiais através<br />

de informação em tempo real”. Vantagens?<br />

As que qualquer gestor ambiciona: um<br />

serviço de qualidade superior aos clientes e<br />

melhor desempenho por parte da equipa da<br />

Sotecnisol, além da vantagem adicional de se<br />

tratar de uma solução totalmente integrada,<br />

complementar ao negócio da empresa em toda<br />

a cadeia de valor.<br />

Actualmente a empresa trabalha com mais de<br />

10 mil referências de produtos e tem que gerir<br />

quatro armazéns em Portugal.<br />

O nosso interlocutor não esconde que para<br />

a Sotecnisol “o Eye Peak tem dado um suporte<br />

muito grande a toda a nossa actividade. Já<br />

temos o suporte tecnológico da Primavera<br />

há uns anos e o Eye Peak foi instalado há<br />

aproximadamente dois. A integração tem vindo<br />

a ser cada vez maior no sentido de melhorar a<br />

rapidez de operação e acompanhar a evolução<br />

das nossas diferentes necessidades”.<br />

No centro da mudança<br />

Em todas estas mudanças em curso na supply<br />

chain da Sotecnisol, há dois administradores<br />

directamente envolvidos. Um, tem a seu cargo<br />

acompanhar a implementação do Eye Peak;<br />

e o nosso interlocutor, José Luís Castro, que<br />

está responsável pela parte de reengenharia e<br />

reformulação de toda a cadeia de distribuição,<br />

acompanhando de perto todo o processo de<br />

consultoria em que se vão basear as mudanças<br />

que estão a introduzir nos seus processos e<br />

operações. É que, como nos explica, “estes<br />

processos de mudança, se não partem de cima<br />

e não são acompanhados pelas lideranças, a<br />

sua implementação é muito complicada. Quer<br />

se queira, quer não, a resistência à mudança<br />

existe sempre nas empresas. E, por isso, se<br />

não for apoiada, suportada, dinamizada e<br />

acompanhada pela administração, as coisas<br />

levam muito tempo a acontecer. O negócio<br />

da distribuição de materiais de construção<br />

em Portugal tem sofrido algumas mudanças e<br />

embora no segmento B2B ainda exista algum<br />

conservadorismo, acredito que vão registar-se<br />

mudanças importantes. E, por isso, não imagino<br />

outra forma de fazer as coisas acontecerem a<br />

não ser esta: estar envolvido e no centro da<br />

mudança”. •


64<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

TRANSPORTES<br />

LIVRES DE<br />

FÓSSEIS EXIGEM<br />

MUDANÇAS A<br />

ALTA VELOCIDADE<br />

Um sistema de transportes<br />

comerciais com zero emissões é<br />

viável até 2025, e gera poupanças<br />

na ordem dos 20% nos custos de<br />

operação, comparativamente ao<br />

business-as-usual. Mas, como revela<br />

um estudo da Scania, este objectivo<br />

exigirá mudanças a alta velocidade<br />

e um compromisso sério entre<br />

os sectores público e privado.<br />

Dos biocombustíveis, que<br />

proporcionam as maiores<br />

reduções das emissões de CO2,<br />

à electrificação, que é a opção mais<br />

económica, é esperado um mix<br />

de tecnologias – como as células<br />

de combustível e as eHighways –<br />

com potenciais aplicações.<br />

A<br />

lcançar um sistema de transporte<br />

comercial totalmente livre de combustíveis<br />

fósseis, dentro do prazo do Acordo de<br />

Paris sobre as alterações climáticas, não só<br />

é possível como também é financeiramente<br />

atractivo, de uma perspectiva empresarial.<br />

É esta a principal conclusão do “The Pathways<br />

Study: Achieving fossil-free commercial<br />

transport by 2050”, desenvolvido pela Scania,<br />

a partir de uma análise abrangente revista<br />

por um painel académico externo.<br />

O estudo, que traça o caminho para se atingir<br />

as zero emissões no sector dos transportes<br />

até 2050, revela, contudo, que este objectivo<br />

“exigirá mudanças a alta velocidade sem<br />

precedentes e um compromisso sério e conjunto<br />

entre os sectores público e privado”, como<br />

sublinha Henrik Henriksson, presidente<br />

e CEO da Scania.


SCM Supply Chain Magazine 65<br />

TRANSPORTE<br />

Estudo<br />

“Caminhos de Futuro<br />

para o Transporte”


66<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

ACELERAR A OPTIMIZAÇÃO DOS<br />

SISTEMAS DE TRANSPORTES<br />

O mundo precisa de ficar totalmente livre<br />

de combustíveis fósseis para que se limite<br />

o aquecimento global a 2°C, em linha com<br />

o previsto nos Objectivos de Desenvolvimento<br />

Sustentável (ODS) das Nações Unidas.<br />

E, depois da indústria energética, o sector<br />

dos transportes é a maior fonte das emissões<br />

globais de CO 2<br />

.<br />

Através de uma abordagem baseada num<br />

modelo de back-cast que integra 2050 diferentes<br />

cenários, a pesquisa da Scania, que abrange<br />

três segmentos de<br />

transporte - de longo<br />

curso, distribuição e<br />

autocarros urbanos, os<br />

quais são responsáveis<br />

por 90% das emissões<br />

-, em quatro países<br />

(Suécia, Alemanha,<br />

China e EUA), avalia<br />

quais serão os esforços<br />

e parcerias necessários, a vários níveis, para<br />

construir um ecossistema desta natureza,<br />

apontando as decisões que têm de ser tomadas,<br />

a nível de desenvolvimento tecnológico e de<br />

infra-estruturas, e as acções que o mercado terá<br />

de adoptar, bem como o impacto das mesmas e a<br />

velocidade a que devem concretizar-se, para que<br />

o sector cumpra as metas estabelecidas pelos<br />

ODS. Concluindo desde logo que a indústria tem<br />

de acelerar urgentemente a optimização dos<br />

sistemas de transportes.<br />

E se parece certo que existe viabilidade para<br />

desenvolver vários caminhos simultâneos para<br />

reduzir a emissão de CO 2<br />

nos transportes, a<br />

realidade é que a adopção generalizada das<br />

O FUTURO PASSA POR<br />

COMBINAR UMA LOGÍSTICA MAIS<br />

INTELIGENTE, MAIOR EFICIÊNCIA<br />

DOS VEÍCULOS E UMA APOSTA<br />

EM COMBUSTÍVEIS<br />

E COMPONENTES LIMPOS<br />

novas tecnologias pode demorar um longo<br />

período a concretizar-se, tendo em conta o tempo<br />

necessário para eliminar progressivamente o<br />

parque de veículos rolantes existente.<br />

Abandonar completamente os combustíveis<br />

fósseis até 2050 requer, por isso, mudanças em<br />

grande escala já em 2025, e não apenas no que<br />

diz respeito à utilização de novas tecnologias,<br />

mas também através de novas infra-estruturas<br />

e novos modelos de negócio, prevê o relatório<br />

realizado pela empresa que presta serviços e<br />

comercializa viaturas e equipamentos pesados<br />

em mais de 100 países.<br />

O documento alerta ainda que, atendendo a<br />

que a velocidade e nível de mudança exigidos<br />

são inéditos, a indústria<br />

transformadora de<br />

veículos pesados não<br />

pode trabalhar sozinha<br />

nesta transição, sendo<br />

imprescindível alocar<br />

recursos para viabilizar<br />

esta transição e<br />

estimular a cooperação<br />

com todos os sectores<br />

associados, incluindo a nível público.<br />

O estudo sublinha, entre outros dados, a<br />

necessidade de se atingir uma taxa média<br />

de crescimento global das novas tecnologias<br />

de geração de energia sem utilização de<br />

combustíveis fósseis de, pelo menos, cinco a dez<br />

pontos percentuais por ano, e de se alcançar<br />

uma penetração total de vendas até 2040.<br />

O desafio é enorme, mas, como acredita<br />

o presidente da Scania, é possível “alcançar<br />

uma redução de mais de 20% das emissões<br />

de CO 2<br />

, trabalhando de forma ainda mais<br />

inteligente nos sistemas de transporte<br />

actuais”, por exemplo, através de rotas<br />

melhoradas e de uma melhor gestão da carga.


SCM Supply Chain Magazine 67<br />

Paralelamente, “existem vários caminhos<br />

a seguir, considerando os combustíveis e<br />

os grupos propulsores, para um futuro sem<br />

combustíveis fósseis”.<br />

Se os biocombustíveis são o meio mais<br />

rápido para iniciar a transição e proporcionam<br />

as maiores reduções das emissões de CO 2 , a<br />

electrificação é a opção mais económica e, a<br />

longo prazo, os veículos eléctricos a bateria<br />

constituirão a maioria dos veículos pesados<br />

não fósseis. Outras tecnologias, como as<br />

células de combustível e as auto-estradas<br />

electrificadas (conhecidas como eHighways),<br />

têm potenciais utilizações que devem ser<br />

consideradas, já que poderão ser críticas para<br />

seleccionar geografias e aplicações.<br />

COMBUSTÍVEIS NÃO FÓSSEIS<br />

GERAM POUPANÇAS<br />

Para alcançar o almejado objectivo de tornar<br />

o sector dos transportes sustentável, “a<br />

mudança deve ocorrer a um ritmo raramente<br />

visto”, defende o “The Pathways Study”. E, para<br />

justificar esta afirmação, a Scania traçou, neste<br />

estudo, quatro cenários tecnológicos, a partir do<br />

seu potencial para contribuir para um sistema<br />

de transporte livre de combustíveis fósseis: o<br />

crescimento dos veículos eléctricos a bateria; o<br />

crescimento dos biocombustíveis; o crescimento<br />

dos veículos movidos a células de combustível;<br />

e um mix de tecnologias, no qual múltiplos


68<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

Abandonar os combustíveis<br />

fósseis requer mudanças<br />

na utilização de novas<br />

tecnologias, mas também<br />

em infra-estruturas e modelos<br />

de negócio<br />

componentes tecnológicos e infra-estruturas<br />

vão coexistir. Para cada um destes cenários<br />

foram calculados a potencial redução de gases<br />

com efeito de estufa e o custo total do sistema,<br />

incluindo todos os investimentos públicos e<br />

privados requeridos, a nível de tecnologia e<br />

infra-estruturas.<br />

A primeira grande conclusão da análise é<br />

que um sistema de transportes comerciais livre<br />

de fósseis é viável até 2025, e gera poupanças<br />

na ordem dos 20% nos custos de operação,<br />

comparativamente ao business-as-usual, através<br />

de uma combinação entre uma logística mais<br />

inteligente, uma maior eficiência dos veículos<br />

e uma aposta em combustíveis e componentes<br />

amigos do ambiente.<br />

Se os investimentos se iniciarem já, para além<br />

de contribuírem significativamente para salvar o<br />

planeta podem produzir poupanças assinaláveis,<br />

ao diminuir o custo global que a sociedade<br />

actualmente suporta com a construção,<br />

manutenção e operação de transportes<br />

comerciais. As potenciais poupanças diferem em<br />

função do sistema tecnológico adoptado, sendo<br />

que o mais económico – os veículos eléctricos<br />

a bateria – já produz poupanças e, até 2050,<br />

permitirá gastar menos 20% com o sistema de<br />

transportes.<br />

E esta é outra das principais conclusões<br />

do “The Pahtway study: Achieving fossil-free<br />

commercial transport by 2050”. A electrificação<br />

é uma das apostas ganhas, considerando que<br />

o aumento do número de veículos eléctricos a<br />

bateria constitui o caminho mais eficaz, rápido<br />

e económico em países com um potencial de<br />

infra-estruturas para fornecer sistemas de<br />

carregamento universal e energia não fóssil.<br />

A electrificação à escala total exigirá um<br />

investimento significativo em termos de infraestruturas<br />

em relação à situação actual (quatro<br />

ou cinco vezes maior) mas, em contrapartida,<br />

as despesas operacionais são 40% inferiores,<br />

quando comparadas com os veículos pesados a<br />

diesel. Para além de constituírem a opção mais<br />

barata, a longo prazo os veículos eléctricos a<br />

bateria serão os mais frequentes entre pesados<br />

não fósseis.<br />

Acresce que as estradas eléctricas para o<br />

transporte de longa distância podem acelerar<br />

a electrificação, especialmente na próxima<br />

década, uma vez que os custos das baterias<br />

devem manter-se elevados. De referir que a<br />

Scania tem vindo a destacar as vantagens de<br />

construir auto-estradas eléctricas em algumas<br />

das auto-estradas mais movimentadas, para o<br />

transporte de mercadorias, estando a participar<br />

em ensaios pioneiros na Suécia e na Alemanha<br />

(o país europeu onde o tráfego de mercadorias<br />

é mais intenso) que confirmam que a tecnologia<br />

é viável.


SCM Supply Chain Magazine 69


70<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

MELHORIAS A NÍVEL LOGÍSTICO<br />

PAGAM-SE A SI MESMAS<br />

Outra aposta são os biocombustíveis, cuja<br />

tecnologia e combustíveis já estão disponíveis.<br />

Sendo o meio mais rápido para iniciar a transição<br />

para os veículos 100% livres de emissões,<br />

serão inicialmente um caminho eficaz e viável,<br />

aproveitando a tecnologia tradicional do motor de<br />

combustão, conclui o estudo da Scania. Não sendo<br />

a opção mais barata, são eles que proporcionam<br />

as maiores reduções das emissões de CO 2<br />

.<br />

Com a máxima utilização possível da oferta do<br />

biocombustível disponível a nível global, os<br />

motores de combustão a biocombustível podem<br />

alimentar um quinto dos veículos em 2050,<br />

prevê-se.<br />

Entre as tecnologias alternativas que poderão<br />

ser combinadas, os veículos movidos a células de<br />

combustível têm também potencial para tornar o<br />

sistema de transportes mais sustentável.<br />

Mas, uma vez que serão mais caros, espera-se que<br />

o crescimento substancial desta solução seja mais<br />

remota do que a dos veículos eléctricos a bateria.<br />

Se o custo da tecnologia diminuir e o hidrogénio<br />

renovável estiver disponível em abundância a<br />

baixo custo, em 2050, a célula de combustível<br />

pode ter uma participação substancial na frota de<br />

veículos, antevê também o “The Pathway Study”.<br />

Finalmente, e independentemente das<br />

tecnologias aplicadas, a logística mais inteligente<br />

é a chave para o futuro dos transportes: as<br />

emissões de carbono podem ser reduzidas em<br />

mais de 20% investindo apenas na optimização<br />

dos sistemas e dos grupos propulsores, isto é,<br />

melhorando as rotas e a gestão da carga, por<br />

exemplo. As restantes emissões podem ser<br />

eliminadas com soluções alternativas a nível do<br />

grupo propulsor e dos combustíveis, conclui o<br />

documento.<br />

A análise calcula ainda que a maioria dos<br />

investimentos para melhorias a nível logístico e<br />

no sistema de transporte de veículos se pagam a<br />

si mesmos, o que torna provável a sua adopção<br />

de uma forma abrangente. Algumas regiões<br />

têm muitas oportunidades acessíveis para<br />

desenvolverem melhorias ao nível da eficiência na<br />

gestão da logística e na performance dos veículos.<br />

Mas em países como a China, por exemplo, a<br />

tendência generalizada para sobrecarregar no<br />

transporte de bens ou a insuficiência de recursos<br />

tecnológicos para identificar e partilhar dados que<br />

permitam a consolidação de carga condicionam os<br />

benefícios a lucrar com a eficiência.<br />

Embora o estudo tenha identificado diferenças<br />

para os próximos 15 anos entre os vários cenários<br />

possíveis para alcançar um sector mundial de<br />

transporte livre da utilização de combustíveis<br />

fósseis, até 2050, “os caminhos são relativamente<br />

semelhantes ao longo do tempo e nos diversos<br />

mercados”.<br />

E acima de tudo, independentemente do<br />

caminho, isto é, dos sistemas de transportes<br />

que serão impulsionados ou da coexistência de<br />

múltiplas tecnologias de grupos propulsores e<br />

infra-estruturas, o futuro irá exigir não apenas um<br />

grau de mudança tecnológica sem precedentes,<br />

mas também indústrias adjacentes para fazer a<br />

descarbonização. E uma velocidade nunca vista na<br />

modernização do sector.<br />

A prioridade, para já, é disponibilizar mecanismos<br />

de financiamento e compromissos firmes para o<br />

desenvolvimento da infra-estrutura tecnológica<br />

e de apoio em larga escala, ressalva a Scania. De<br />

um modo geral, é decisivo para o sucesso desta<br />

aposta por parte dos transportes que o sistema<br />

energético elimine, paralelamente, a dependência<br />

dos combustíveis fósseis. E que os compradores de<br />

transportes continuem a aumentar a exigência de<br />

serviços de fornecimento e entrega sem utilização<br />

de combustíveis fósseis.


SCM Supply Chain Magazine 71<br />

EMPRESAS UNIDAS PELAS ZERO EMISSÕES<br />

Com base nas recomendações do “The Pathways<br />

Study”, está a ser formada uma coligação de<br />

empresas com a ambição de acelerar a velocidade<br />

da mudança e liderar o processo de transição<br />

para as energias limpas.<br />

Assinalando um avanço em direcção ao<br />

consenso quanto à urgência da passagem<br />

para um sistema de transporte pesado sem<br />

combustíveis fósseis, o Fórum Scania do<br />

Transporte Sustentável, realizado no final de<br />

maio, em Estocolmo, serviu de palco ao anúncio<br />

de uma coligação entre a Scania, a H&M, a E.ON<br />

e a Siemens. As quatro partes uniram-se para<br />

acelerar a mudança nos sectores do transporte e<br />

da logística, do abastecimento de infra-estruturas,<br />

do fornecimento de energia e da venda a retalho.<br />

Outras empresas foram convidadas a juntar-se a<br />

esta coligação, que defende a necessidade de agir<br />

agora para cumprir o objectivo do Acordo de Paris<br />

de limitar o aquecimento global a um máximo<br />

de 2°C.<br />

Segundo a Scania, que há vários anos participa<br />

activamente no debate sobre o futuro do sector<br />

do Transporte, tanto as empresas da área como<br />

os seus clientes estão a considerar seriamente<br />

as alternativas disponíveis e futuras: “temos vindo<br />

a dizer que as empresas que, num futuro próximo,<br />

não abordem estas questões, serão deixadas para<br />

trás. Esta tomada de consciência está a começar<br />

a ganhar raízes”, considera a empresa. •


72<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

CARREIRA<br />

Curso de Gestão<br />

da Distribuição<br />

e da Logística<br />

20 ANOS<br />

DE APRENDIZAGEM LOGÍSTICA<br />

O curso de Gestão da Distribuição e da Logística no Instituto<br />

Politécnico de Setúbal foi pioneiro em Portugal. Estávamos<br />

no ano lectivo de 1997/98 quando arrancou o bacharelato<br />

que ambicionava dar uma resposta prática às necessidades<br />

logísticas das empresas. Como evoluiu o curso? O que<br />

mudou? Para onde caminha? Que balanço faz da opção<br />

tomada quem por lá passou? E o corpo docente? A resposta<br />

a estas e outras perguntas numa viagem retrospectiva a 20<br />

anos de ensino da logística no IPS.


SCM Supply Chain Magazine 73<br />

Foi no ano lectivo de 1997/1998 que foi criado<br />

o primeiro curso de Gestão da Distribuição<br />

e da Logística (GDL) do país, na Escola<br />

Superior de Ciências Empresariais do Instituto<br />

Politécnico de Setúbal (ESCE/IPS), como<br />

forma de responder à falta de oferta formativa<br />

nacional e às necessidades das empresas.<br />

Nos primeiros três anos, a adesão não fora<br />

a esperada: o desconhecimento da área e a<br />

falta de um histórico de empregabilidade do<br />

novo curso foram barreiras a ultrapassar, mas<br />

rapidamente a logística foi ganhando nome<br />

e em pouco mais de uma década todas as<br />

vagas do curso eram preenchidas no Concurso<br />

Nacional de Acesso.<br />

A APOSTA NUM CURSO<br />

DESCONHECIDO<br />

Pedro Dominguinhos, um dos impulsionadores<br />

do curso de logística, e actual presidente<br />

do IPS, conta que na altura procuravam<br />

complementar a oferta formativa da ESCE com<br />

“uma área inovadora, promissora e disruptiva”,<br />

e tentaram conhecer junto das empresas as<br />

suas necessidades, quer através de um estudo<br />

prospectivo feito nas empresas da região, quer<br />

através de conversas com as principais empresas<br />

nacionais da logística e do retalho, tendo o<br />

resultado sido validado pelo mercado.<br />

“Estes contactos deram-nos a garantia que<br />

estávamos na presença de um curso vencedor,<br />

que respondia aos desafios e necessidades do<br />

mercado e que possuía a flexibilidade necessária<br />

para responder à evolução natural dos dois<br />

sectores de actividade.”<br />

Quando poucos falavam de logística,<br />

o curso de Setúbal foi uma inovação que<br />

necessitou de uma grande promoção por parte<br />

do instituto, e embora as empresas tenham<br />

“ESTES CONTACTOS DERAM-NOS<br />

A GARANTIA QUE ESTÁVAMOS NA<br />

PRESENÇA DE UM CURSO VENCEDOR,<br />

QUE RESPONDIA AOS DESAFIOS<br />

E NECESSIDADES DO MERCADO<br />

E QUE POSSUÍA A FLEXIBILIDADE<br />

NECESSÁRIA PARA RESPONDER<br />

À EVOLUÇÃO NATURAL DOS DOIS<br />

SECTORES DE ACTIVIDADE.”<br />

Pedro Dominguinhos<br />

recebido a novidade com grande entusiasmo,<br />

era necessário apostar na sua promoção junto<br />

dos estudantes. Cristina Alves Luís, docente<br />

da ESCE, foi convidada a ingressar no terceiro<br />

ano do curso, e conta que muitos dos primeiros<br />

alunos escolheram o curso por terem familiares<br />

e amigos na área, e já tinham algumas noções<br />

das potencialidades da graduação. Destaca que<br />

também uma professora de secundário ajudou<br />

na divulgação junto dos seus alunos, através<br />

de visitas e acções de divulgação dos cursos da<br />

ESCE às escolas secundárias do concelho.<br />

Ao longo do tempo o curso foi ganhando<br />

destaque e importância a nível nacional, “até<br />

passarem a ser as empresas a procuraremnos<br />

para formação à medida, com os nossos<br />

docentes nas suas instalações e programas<br />

desenhados para necessidades específicas”,<br />

explica Cristina Alves Luís, acrescentando que<br />

também o passar da palavra entre estudantes<br />

e antigos estudantes junto de potenciais<br />

candidatos foi importante para a divulgação.<br />

“São já muitos os nossos diplomados que vêm<br />

buscar os finalistas porque sabem exactamente<br />

com que podem contar. Existe um trabalho<br />

muito estreito entre empresas e directores de


74<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

curso, em toda a fileira formativa de GDL, quer<br />

nos CTeSP’s, licenciaturas (diurna e pós-laboral)<br />

e mestrado, e estamos sempre abertos a novos<br />

desafios.”<br />

DA ACADEMIA À EMPRESA<br />

Entre os primeiros licenciados está Nuno Silva,<br />

que entrou logo em 1997. Diz que a escolha do<br />

curso, do qual pouco se ouvia falar na altura,<br />

foi resultado das informações mediáticas<br />

relacionadas com a Volkswagen Autoeuropa, e<br />

que despertou em si a motivação e curiosidade<br />

por uma licenciatura que lhe desse fácil acesso ao<br />

mercado de trabalho. Conta que os professores<br />

também lhes falavam das possibilidades que<br />

viriam a ter após a licenciatura, dada a grande<br />

procura por parte das empresas, e que isso se<br />

verificou, não só com ele, mas também com os<br />

restantes licenciados da altura: “quase todos,<br />

se não todos os meus colegas de curso ficaram<br />

‘bem’ colocados em empresas/organizações”.<br />

Actualmente, Nuno é Distribution Coordinator na<br />

Sociedade Central de Cervejas SA.<br />

“Tenho a felicidade, passados estes 20 anos, de<br />

ter tido a possibilidade de trabalhar sempre na<br />

minha área de formação/especialização (Logística<br />

e Distribuição) em diferentes contextos/<br />

realidades industriais.”<br />

Rui Monteiro foi colega de Nuno, e hoje,<br />

enquanto Manager of Demand Fulfilment and<br />

Outbound Logistics na The Rockport Company,<br />

recorda o seu percurso na logística como uma<br />

viagem de grandes aprendizagens, onde passou<br />

por áreas como Planeamento, Operações<br />

Logística, Transportes ou Procurement, em<br />

empresas nacionais e multinacionais, sempre com<br />

a perspectiva de crescimento.<br />

Conta que escolheu este curso após uma visita<br />

ao armazém de uma grande empresa, na qual<br />

o pai de um amigo era Director de Logística.<br />

Esse amigo soube do curso, informou-o, e Rui<br />

candidatou-se, tendo entrado em 1997. “Este<br />

curso teve uma característica que considerei<br />

extremamente importante, que foi a sua vertente<br />

teórica vs. prática”, comenta relativamente aos<br />

conhecimentos adquiridos ao longo do curso.<br />

Após o seu término, explica que começou o seu<br />

percurso através do estágio curricular, seguido<br />

de um estágio profissional num dos maiores<br />

operadores logísticos da Península Ibérica,<br />

tendo sido mais tarde convidado a ingressar nos<br />

quadros da empresa.<br />

“Sem dúvida que é uma área em que não existe<br />

monotonia e que também considero ser muito<br />

desgastante.”<br />

Flávio Guerreiro, o actual Country Manager da<br />

LPR, também foi dos primeiros a ingressar no<br />

curso, mas apenas um ano mais tarde, em 1998.<br />

Conta que o seu percurso logístico começou<br />

quando trabalhava como formador no maior<br />

McDonald’s da Europa, na Expo, num trabalho<br />

de Verão. Comentou com um dos directores<br />

europeus da cadeia sobre a sua indecisão na<br />

escolha de um curso superior, se gestão ou<br />

logística, e este recomendara-lhe a logística: “e<br />

foi aí que a aventura começou…”.<br />

Destaca que para além da importância dos<br />

conhecimentos adquiridos, os valores, o espírito<br />

crítico, a busca por soluções de melhoria<br />

e a vontade de aprender que lhes foram<br />

incutidos durante o curso foram cruciais para<br />

“<br />

TENHO A FELICIDADE, PASSADOS<br />

ESTES 20 ANOS, DE TER TIDO A<br />

POSSIBILIDADE DE TRABALHAR SEMPRE<br />

NA MINHA ÁREA DE FORMAÇÃO/<br />

ESPECIALIZAÇÃO (LOGÍSTICA E<br />

DISTRIBUIÇÃO) EM DIFERENTES<br />

CONTEXTOS/REALIDADES INDUSTRIAIS.<br />

Nuno Silva<br />


AUTORIDADE NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL<br />

SCM Supply Chain Magazine 75<br />

o crescimento profissional e a capacidade de<br />

acrescentar valor às empresas. “Acredito, que as<br />

universidades também têm esta responsabilidade<br />

de formar pessoas e transmitir valores que<br />

seguramente serão um factor crítico de sucesso,<br />

e simultaneamente diferenciador, num sector<br />

extremamente exigente e competitivo como a<br />

logística”, defende Flávio Guerreiro.<br />

“O facto de ser um curso novo e de fazer parte<br />

das primeiras ‘fornadas’ de licenciados, foi uma<br />

clara mais-valia, onde quase que podíamos<br />

escolher a entidade empregadora.”<br />

Para além do seu cargo na LPR, o responsável<br />

também é docente de GDL no IPS, transmitindo<br />

este conhecimento, valores e ideais que o<br />

marcaram ao longo da sua licenciatura às<br />

camadas mais jovens que agora iniciam o mesmo<br />

percurso que ele trilhou.<br />

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76<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

A GESTÃO DA DISTRIBUIÇÃO<br />

E DA LOGÍSTICA HOJE<br />

O presidente do IPS explica como o curso tem<br />

vindo a adaptar-se às necessidades e como tenta<br />

diferenciar-se das restantes ofertas que têm<br />

vindo a aparecer a nível nacional. Inicialmente<br />

criado como Bacharelato, tornou-se mais<br />

tarde uma licenciatura bi-etápica, depois uma<br />

licenciatura e, mais tarde, foi acrescentado<br />

um mestrado na área. Actualmente já tem<br />

uma oferta completa, tendo coberto toda<br />

a possibilidade formativa a leccionar num<br />

politécnico com a introdução de um Curso<br />

Técnico Superior Profissional (CTeSP).<br />

Pedro Dominguinhos destaca a componente<br />

prática do curso como elemento de<br />

diferenciação, e diz que tanto o estágio<br />

curricular obrigatório como a aposta em<br />

metodologias baseadas no saber fazer ou<br />

mesmo a possibilidade por optar por um horário<br />

nocturno são grandes vantagens didácticas que<br />

a escola proporciona tanto aos seus estudantes,<br />

como às empresas. “A oferta do curso em horário<br />

pós-laboral tem permitido que muitos activos<br />

possam completar a sua formação superior e,<br />

desta forma, evoluir profissionalmente”.<br />

Como reforço da aposta na vertente prática,<br />

a ESCE procurou inovar e criou o LogisticsLAB<br />

em Maio de 2016. Este espaço simula várias<br />

situações reais das operações logísticas nas<br />

organizações e permite o contacto com várias<br />

soluções tecnológicas, desde ERP e WMS a<br />

sistemas de picking. A criação do LogisticsLAB<br />

teve como ponto de partida, um desafio lançado<br />

pela software-house portuguesaTecnibite, que<br />

queria ter o seu sistema de gestão de armazéns<br />

disponível na escola para os estudantes<br />

aprenderem através dele. Com o tempo foram<br />

sendo criadas outras parcerias com empresas,<br />

sendo que hoje já são mais de duas dezenas de<br />

diversas áreas da logística.<br />

Tiago Pinho, docente, director do curso diurno<br />

de GDL e responsável do LogisticsLAB conta que<br />

no laboratório os estudantes têm à disposição<br />

um conjunto de soluções tecnológicas que lhes<br />

permitem ter na escola um contacto mais prático<br />

e simular situações reais. “No âmbito de aulas, os<br />

alunos interagem directamente com as soluções<br />

informáticas que lá estão, temos aulas abertas,<br />

onde vêm empresas fazer algumas palestras e<br />

apresentações, e temos projectos a decorrer,<br />

como o estágio, a utilizar os equipamentos de<br />

que o laboratório dispõe”, destaca o docente.<br />

Como principais vantagens, Tiago Pinho<br />

comenta que o resultado deste conceito “é um<br />

conjunto de competências adicionais que os<br />

alunos vão possuir, o facto de eles saberem já<br />

o que é um ambiente de WMS, que interacções<br />

fazem, que documentos são gerados, que<br />

operações são possíveis de fazer ou conhecer<br />

soluções de ERP”. Explica que mesmo que os<br />

estudantes não utilizem aquelas soluções na<br />

vida profissional, pelos menos já têm as bases<br />

e os conceitos essenciais para se adaptarem às<br />

diversas soluções existentes no mercado.<br />

“Pelo menos não partem do zero: conhecem os<br />

conceitos teóricos e conhecem também toda a<br />

vertente operacional das operações.”<br />

“O FACTO DE SER UM CURSO<br />

NOVO E DE FAZER PARTE DAS<br />

PRIMEIRAS ‘FORNADAS’<br />

DE LICENCIADOS, FOI UMA<br />

CLARA MAIS-VALIA, ONDE QUASE<br />

QUE PODÍAMOS ESCOLHER A<br />

ENTIDADE EMPREGADORA.”<br />

Flávio Guerreiro


F2<br />

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,<br />

70 anos a inovar<br />

= ?<br />

‘<br />

command option<br />

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S<br />

C<br />

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fn control option<br />

Celebramos 70 anos de desafios e conquistas.<br />

Muito obrigado aos nossos colaboradores,<br />

aos nossos parceiros e aos nossos clientes.<br />

Luís Simões somos todos nós!<br />

#70anosLS<br />

www.luis-simoes.com


78<br />

JULHO <strong>2019</strong><br />

Tal como anunciado na celebração dos 20 anos<br />

do curso, Pedro Dominguinhos admite que se<br />

encontram a trabalhar num novo mestrado nesta<br />

área: “esperamos que em Outubro possamos<br />

apresentar uma proposta que vá ao encontro das<br />

expectativas, quer dos profissionais, quer dos<br />

diplomados”.<br />

Recordando o progresso que se tem sentido<br />

ao longo destes 20 anos de curso, o presidente<br />

do IPS nota uma grande evolução, seja a nível<br />

de corpo docente, seja a nível do próprio<br />

curso e da adesão que tem tido. “A procura<br />

cresceu significativamente e as vagas têm sido<br />

preenchidas, quer por estudantes no Concurso<br />

Nacional de Acesso, quer por estudantes Maiores<br />

de 23 e detentores de um Curso Técnico Superior<br />

Profissional. A oferta formativa alargou-se,<br />

bem como a investigação realizada pelos<br />

docentes. De uma forma global, o curso<br />

tem sabido responder às diferentes partes<br />

interessadas”, conclui Pedro Dominguinhos. •<br />

“SÃO JÁ MUITOS OS NOSSOS DIPLOMADOS<br />

QUE VÊM BUSCAR OS FINALISTAS PORQUE<br />

SABEM EXACTAMENTE COM QUE PODEM<br />

CONTAR. EXISTE UM TRABALHO MUITO<br />

ESTREITO ENTRE EMPRESAS E DIRECTORES<br />

DE CURSO, EM TODA A FILEIRA FORMATIVA<br />

DE GDL, QUER NOS CTESP’S, LICENCIATURAS<br />

(DIURNA E PÓS-LABORAL) E MESTRADO,<br />

E ESTAMOS SEMPRE ABERTOS A NOVOS<br />

DESAFIOS.<br />

Cristina Alves Luís<br />

Rui Monteiro<br />

[Manager of Demand Fulfilment<br />

and Outbound Logistics –<br />

The Rockport Company]<br />

Nuno Silva<br />

[Distribution Coordinator–<br />

Sociedade Central de Cervejas SA]<br />

Flávio Guerreiro<br />

[Country Manager – LPR]<br />

Pedro Dominguinhos<br />

[Presidente do IPS]<br />

Cristina Alves Luís<br />

[Docente da ESCE]<br />

Tiago Pinho<br />

[Director do curso diurno de GDL<br />

e responsável do LogisticsLAB]

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