SCMedia News | Revista | Julho 2019
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A revista da<br />
<strong>Julho</strong> <strong>2019</strong><br />
4,60€<br />
Logística da Mercadona<br />
No coração da eficiência<br />
1<br />
GRUPO RIBERALVES<br />
A TRADIÇÃO AINDA<br />
É O QUE ERA<br />
SUPPLY CHAIN<br />
INTELLIGENCE<br />
LOGÍSTICA 4.0<br />
NA SAÚDE<br />
TRANSFORMAÇÃO<br />
DIGITAL OU<br />
INTEGRAÇÃO?
Dois mundos, uma ideia.<br />
REUNIR O MELHOR DOS DOIS MUNDOS, COMBINAR AS VANTAGENS<br />
NUMA POSIÇÃO ÚNICA - ESTE É O CONCEITO DE BAOLI.<br />
Criando uma posição excepcional no mundo dos equipamentos de movimentação de cargas. O retorno do investimento<br />
está relacionado com a qualidade e após-venda. Os equipamentos Baoli estão ligados à tecnologia avançada.<br />
Este é a Baoli: a energia de uma empresa chinesa dinâmica e a força de um grupo alemão líder.<br />
www.baoli-emea.com
dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />
Dora Assis<br />
EDITORIAL<br />
DAS ILHAS AO ARQUIPÉLAGO<br />
«Sê a mudança que queres ver no mundo.»<br />
Mahatma Gandhi<br />
Vamos fazer uma viagem? A pergunta envolve<br />
um convite e traz uma promessa de história.<br />
Embora esta seja a revista n.º 1, a história<br />
da <strong>SCMedia</strong> começou há 18 meses e com uma<br />
convicção inabalável. Queríamos fazer nascer,<br />
criar e desenvolver um projecto de comunicação<br />
e informação b2b, centrado nas necessidades<br />
de quem está profissionalmente na cadeia de<br />
abastecimento e há desde o início três letras que<br />
nos norteiam e sintetizam na perfeição quem<br />
somos e ao que vimos: SCM.<br />
Somos SCM porque no mundo global todos<br />
Somos Cidadãos do Mundo. Somos SCM<br />
porque somos apaixonados pelas cadeias de<br />
abastecimento, pela internet, amantes da liberdade<br />
de Imprensa, defensores do uso correcto da língua<br />
e do direito à informação plural. Somos SCM<br />
porque acreditamos que o que se faz na logística<br />
vai muito para além do CtrlC + CtrlV de um<br />
comunicado de imprensa. Somos SCM porque mais<br />
de 15 anos de conhecimento e proximidade com<br />
os profissionais do sector levam-nos a acreditar<br />
na importância da informação livre, rigorosa, útil<br />
e de confiança. Credível! Aquela que ajuda<br />
a separar o trigo do joio nestes tempos<br />
conturbados, hipermediatizados e de “fakenews”.<br />
Somos SCM porque gostamos de aproximar<br />
e ligar profissionais, ser o elo, fazer pontes.<br />
E é exactamente isso que temos vindo a construir<br />
ao longo deste ano e meio. A Supply Chain Magazine<br />
tem um site, actualizado diariamente, e onde já<br />
publicámos mais de 1.200 notícias. Editamos uma<br />
newsletter semanal de logística; a de procurement,<br />
quinzenal e a estas ilhas de informação fomos<br />
juntando outras ilhas de conhecimento: os eventos.<br />
Em 18 meses organizámos e promovemos<br />
15 conferências e iniciativas assentes na vontade de<br />
gerar novos saberes e outros olhares sobre a Supply<br />
Chain em sectores tão diversos como o automotive,<br />
pharma e healthcare, agro-alimentar, compras...<br />
Sendo que o expoente máximo foi seguramente a<br />
SCM Conference <strong>2019</strong> que reuniu na NOVA SBE mais<br />
de 400 profissionais. Até hoje.<br />
Hoje nasce o elemento agregador de todas estas<br />
ilhas – a revista.<br />
Acreditamos modestamente que a SCM, online<br />
e em papel, rapidamente vai tornar-se a sua news<br />
magazine. Porquê? Por causa do olhar privilegiado<br />
que vamos trazer-lhe sobre o sector e sobretudo<br />
porque somos uma equipa de gente boa e<br />
generosa, que acredita no que faz e que no seu<br />
código genético tem gravadas as letras SCM.<br />
Sim, somos SCM porque consigo, caro leitor,<br />
vamos realmente Ser Capazes do Melhor.<br />
Trocado por miúdos? Não queremos escrever<br />
o futuro da SCM para si, mas consigo!<br />
ESTATUTO EDITORIAL<br />
<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> é uma revista mensal de informação profissional e sectorial, que tem um site com actualização diária<br />
de informação.<br />
Dirigida aos profissionais que desempenham a sua actividade a montante e a jusante das cadeias de abastecimento,<br />
pretende contribuir para uma opinião informada e esclarecida e apoiá-los nas suas tomadas de decisão. É independente<br />
dos poderes político e económico e compromete-se a respeitar acima de tudo os interesses dos seus leitores.<br />
No desempenho da sua actividade, pauta-se por princípios de rigor, isenção e honestidade, no respeito pela ética<br />
profissional e pelo código deontológico. Defende o pluralismo e distingue as notícias das opiniões. A selecção temática<br />
dos conteúdos responde a critérios de interesse, utilidade e relevância da informação para os seus leitores.
4<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
ÍNDICE<br />
FACTOS & NÚMEROS<br />
Colgate-Palmolive lidera<br />
no ranking Supply Chain Top 25 6<br />
LOGÍSTICA<br />
A tradição ainda é o que era 8<br />
Mulheres, mulheres,<br />
sem negócios à parte 14<br />
Chocolates com sabor a logística 20<br />
Sustentabilidade empresarial<br />
em 3 passos 26<br />
SCM Conference:<br />
No Everest da supply chain 29<br />
A externalização logística<br />
é um bom negócio 34<br />
PROCUREMENT<br />
Análise estratégica<br />
de relações complexas 36<br />
Vortal com os olhos postos no futuro 40<br />
INTRALOGÍSTICA<br />
Inovação “made in Irlanda” 44<br />
No coração da eficiência* 48<br />
TECNOLOGIAS<br />
Logística na Saúde 4.0:<br />
Transformação digital ou integração? 54<br />
Generix:<br />
“As pessoas são a alma do negócio” 60<br />
Investimento na logística<br />
cimenta operações 62<br />
TRANSPORTE<br />
Transportes livres de fósseis<br />
exigem mudanças a alta velocidade 64<br />
CARREIRA<br />
20 anos de aprendizagem logística 72<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Propriedade_<br />
SC Media Unipessoal, Lda.<br />
Administração_ Filipe Barros<br />
Sede, Administração<br />
e Redacção _<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68<br />
São Francisco<br />
2890-307 Lisboa<br />
T: 210 499 074<br />
NPC _ 514707143<br />
Registo na ERC n.º _ 127322<br />
Depósito Legal n.º _458604/19<br />
Directora _Dora Assis<br />
Colaboraram nesta edição_<br />
Ana Paiva, Fábio Santos,<br />
João Miguel Dias, Luís<br />
Madureira, Nelson Silva,<br />
Ricardo Sousa Costa, Direcção Comercial _<br />
Ruben Loureiro<br />
Filipe Barros<br />
Design e fotografia _ Publicidade _<br />
Margarida Matildes<br />
Alexandra Santos<br />
Impressão _VASP DPS<br />
Projecto gráfico e paginação _<br />
MLP – Quinta do Grajal,<br />
Maria João Carvalho Venda Seca<br />
Circulação & Eventos _ 2739-511 Agualva Cacém<br />
Inês Ferreira<br />
Tiragem _3 mil exemplares
NOVO DESTINO<br />
PORTO<br />
A companhia aérea de carga que voa para mais destinos do que<br />
qualquer outra Agora voa para o Poo, Pougal<br />
turkishcargo.com
6 JULHO <strong>2019</strong><br />
FACTOS<br />
& NÚMEROS<br />
Ranking<br />
COLGATE-PALMOLIVE LIDERA<br />
NO RANKING SUPPLY CHAIN TOP 25<br />
A Gartner revelou os resultados do seu estudo anual das melhores Supply Chains,<br />
o Supply Chain Top 25 ranking and masters.<br />
Em 2018, a Unilever voltou a estar no top<br />
1 pela terceira vez consecutiva, e atingiu<br />
a categoria “Master”, que requer que a<br />
empresa se mantenha no top 5 por 7 dos<br />
10 anos anteriores, e como tal não aparece no<br />
deste ano, juntamente com os outros que já<br />
foram distinguidos com esse título como<br />
a Apple, P&G, Amazon e, mais recentemente,<br />
McDonald’s.<br />
Este ano o ranking é liderado pela Colgate-<br />
-Palmolive, que em 2018 estava no Top 4,<br />
seguida da Inditex, Nestlé, PepsiCo e Cisco<br />
Systems, sendo que a única descida que houve<br />
neste Top 5 comparativamente ao do anterior,<br />
foi da Cisco do top 3 para o 5 e a queda de um<br />
lugar da Intel para a sexta posição.<br />
“O ranking consiste num grupo impressionante<br />
de líderes, que inclui duas novas entradas, uma<br />
do retalho e uma do sector químico”, revela<br />
Mike Griswold, vice-presidente analista na<br />
Gartner, referindo-se à Alibaba e à Azko Nobel,<br />
que entraram no top 25 pela primeira vez. •
Formação IN-HOUSE<br />
Gestão de Stocks<br />
Negociação na Logística<br />
Gestão do Armazém<br />
Auditoria Logística<br />
Workshops/Cursos<br />
Intra-Empresas<br />
estruturados e<br />
construídos à medida,<br />
realizados nas<br />
instalações da<br />
empresa, nos horários<br />
que forem mais<br />
convenientes.<br />
Gestão de Compras<br />
Procurement eficiente<br />
Seleção e avaliação de fornecedores<br />
Libertar e maximizar o potencial das equipas logísticas<br />
através da liderança eficaz<br />
Lean Logistics<br />
Gestão de Processos<br />
Facility Management<br />
Gestão de Rotas<br />
Esta é uma oportunidade<br />
para reciclar<br />
conhecimentos, ampliar<br />
outros e alargar horizontes<br />
profissionais.<br />
Gerir com sucesso a sua frota<br />
Como minimizar os custos de transporte<br />
Ferramentas de gestão logística para transitários<br />
Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />
SAIBA MAIS EM:<br />
www.supplychainmagazine.pt/flow/<br />
flow@supplychainmagazine.pt<br />
Sector Transitário - Formação em Vendas<br />
Formação Air & Sea - Vertente Comercial<br />
Formação em Transporte Aéreo - Vertente Comercial<br />
Formação em Transporte Marítimo - Vertente Comercial<br />
Formação em Supply Chain<br />
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8<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
100 toneladas de<br />
bacalhau processadas<br />
diariamente<br />
A TRADIÇÃO AINDA É O QUE ERA<br />
A empresa familiar portuguesa Riberalves fez recentemente um investimento de 4 milhões<br />
de euros na expansão da sua fábrica na Moita, a maior do sector de transformação de bacalhau<br />
do mundo e que conta agora com 40.000m2 de área total, aumentando a sua capacidade de<br />
refrigeração e produção em 20%. É que, quando se fala de bacalhau, em Portugal a tradição<br />
ainda é o que era.<br />
Ricardo Alves, administrador da Riberalves,<br />
explicou, que a expansão da fábrica ficou<br />
a dever-se à tendência de aumento das<br />
vendas do novo produto, o Bacalhau Pronto<br />
a Cozinhar, que já conta com uma quota<br />
de mercado de cerca de 30% em Portugal,<br />
mas que já vale 60% das vendas da empresa.<br />
Acrescenta que, deste investimento, 2/3 vão<br />
para a logística e melhorias com impacto<br />
directo na supply chain da Riberalves.<br />
Após a expansão, a fábrica ficará com<br />
uma capacidade de armazenagem até 23 mil<br />
toneladas de matéria-prima e produto acabado,<br />
mais do que a Islândia produz num ano,<br />
“e é muito nisso que estamos a investir, ainda<br />
agora terminámos uma outra câmara frigorífica,<br />
um pouco mais pequena, porque ter capacidade<br />
de armazenagem afecta a qualidade do produto,<br />
ou seja, quanto mais tempo o bacalhau estiver<br />
em sal, melhor vai ser o seu sabor, e isso
SCM Supply Chain Magazine 9<br />
é muito importante para nós. É fundamental<br />
ter a melhor matéria-prima, mas também ter<br />
capacidade para a armazenar durante<br />
6/7/8 meses para que esse bacalhau ganhe a<br />
famosa cura tradicional portuguesa e se obtenha<br />
o melhor produto”, conta o administrador.<br />
Todos os dias há uma movimentação de<br />
cerca de 250 paletes de bacalhau na fábrica<br />
da Moita. É preciso uma grande capacidade<br />
de movimentação para dar resposta às<br />
necessidades da produção, que ronda as<br />
100 toneladas diárias. Mas como viaja e que<br />
fases atravessa o bacalhau desde o norte da<br />
Europa até chegar à mesa? A Supply Chain<br />
Magazine conta-lhe tudo.<br />
A VIAGEM DO BACALHAU<br />
Tendo como origem da matéria-prima a Noruega,<br />
Rússia e Islândia, numa escala em que, das 35 a<br />
40 mil toneladas de matéria-prima importada,<br />
as duas primeiras representam cerca de 80%<br />
para a Riberalves. No entanto, é precisamente<br />
na Islândia que se encontra a preferência e<br />
também a maior qualidade, devido à forma como<br />
o bacalhau é apanhado e aos cuidados que os<br />
pescadores têm com o peixe. Ao não pescarem<br />
em grande quantidade de uma só vez, os<br />
pescadores islandeses conseguem garantir que<br />
esse bacalhau se distinga dos restantes, e isso<br />
resulta numa maior qualidade do produto final.<br />
O bacalhau chega a Portugal ou congelado ou<br />
em salga verde, sempre transportado através<br />
de contentores reefers, de modo a manter a<br />
qualidade do produto, sendo que da Noruega<br />
vem por via rodoviária e da Rússia e Islândia por<br />
via marítima, existindo ainda troços ferroviários<br />
já em território nacional.<br />
Ricardo Alves explica que o primeiro<br />
quadrimestre do ano é a altura de comprar<br />
RICARDO ALVES [administrador da Riberalves]<br />
O segredo do nosso negócio está na previsão<br />
e está na compra. É tudo uma questão<br />
de previsão e gestão de planeamento.<br />
Primeiro na venda, para sabermos o que<br />
temos de comprar, e depois fazer a compra<br />
da matéria-prima.<br />
“<br />
”<br />
matéria-prima para os próximos meses,<br />
um investimento que este ano se situou entre<br />
os 90 e os 100 milhões de euros feito a longo<br />
prazo, pois de modo a garantir a qualidade<br />
e a tradição portuguesa o bacalhau tem que<br />
ser submetido a um período entre 6 e 8 meses<br />
de cura no sal, por vezes chegando mesmo<br />
a 1 ano, como já acontecera em edições<br />
limitadas natalícias anteriores. De modo a ser<br />
feita esta maturação, é necessária uma grande<br />
capacidade de armazenagem que consiga<br />
corresponder à quantidade de bacalhau ali<br />
produzido.<br />
O administrador da empresa conta que se<br />
aproveita 25% do bacalhau, devido à remoção<br />
da cabeça e vísceras, que representam metade<br />
do peixe, e à escala, remoção da espinha e<br />
secagem, que representam 25%. Por cada quilo<br />
de peixe vivo, 250g são consumidos,
10<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
e por cada 100g de bacalhau, 21g são proteína,<br />
o que significa que é um peixe rico e muito<br />
saudável.<br />
“BACALHAU, SAL E TEMPO”<br />
O processamento do bacalhau não requer<br />
a adição de qualquer produto, além do sal<br />
necessário para a Cura Tradicional Portuguesa.<br />
Aliás, em 2013 a empresa anunciou publicamente<br />
estar contra uma decisão da Comissão Europeia,<br />
que regulava a adição de fosfatos no Bacalhau,<br />
que acabou por não abranger Portugal.<br />
“Bacalhau, sal e tempo, é tudo o que é preciso”,<br />
explica Ricardo Alves. O processo produtivo<br />
do bacalhau Pronto a Cozinhar passa então<br />
por cinco fases principais: Escala, Salga e Cura,<br />
Secagem, Demolha e Ultracongelação.<br />
Escala No processo da escala é feito o corte<br />
do peixe e removida a espinha central para que<br />
este fique aberto e seja limpo.<br />
Salga e Cura A salga é importante para<br />
a conservação do produto e da sua qualidade;<br />
ao mesmo tempo, o bacalhau inicia a cura<br />
tradicional portuguesa, que pode demorar<br />
até um ano.<br />
Secagem A secagem é feita em câmaras<br />
que simulam o ambiente ideal para a sua<br />
desidratação, como temperatura, humidade<br />
ou circulação de ar.<br />
Demolha O bacalhau fica em água corrente,<br />
a temperatura controlada, durante um tempo<br />
específico consoante o tipo de posta,<br />
de modo a ficar no ponto de sal ideal.<br />
Ultracongelação O bacalhau é<br />
ultracongelado a -40ºC durante 4h, de modo<br />
a manter as suas propriedades; de seguida<br />
recebe uma vidragem, que o reveste e prepara<br />
para a guarda nos congeladores caseiros.<br />
Embalamento O embalamento das mais<br />
diversas referências é um processo rigoroso<br />
(ao nível da selecção de qualidade do próprio<br />
produto, do calibre ou das normas de segurança<br />
alimentar). Depois de paletizado está pronto<br />
a ser enviado.<br />
Entregas Por questões de eficácia e<br />
orçamento, a Riberalves abandonou a sua<br />
frota interna de distribuição há cerca de<br />
5 anos, optando por serviços contratados.<br />
As carrinhas ligeiras refrigeradas, ainda<br />
existentes, da marca, servem para fazer a<br />
distribuição na zona de Lisboa, garantindo<br />
entregas a restaurantes e pequeno retalho.<br />
A empresa tem apenas um camião pesado que<br />
assegura a transição de mercadoria entre as<br />
unidades industriais da Moita e Torres Vedras.<br />
Em termos de distribuição para o retalho,<br />
a Riberalves tem distribuidores exclusivos,<br />
responsáveis pela distribuição capilar.<br />
“<br />
O CANAL HORECA É MUITO<br />
IMPORTANTE PARA NÓS, E AS<br />
VENDAS DO NOSSO PRODUTO<br />
ESTÃO MUITO BEM DIVIDIDAS<br />
ENTRE RETALHO, HORECA E<br />
EXPORTAÇÃO. O CANAL HORECA<br />
TEM ESPECIFICIDADES, COMEÇANDO<br />
PELOS CHEFES DE COZINHA, QUE<br />
SÃO EXTREMAMENTE EXIGENTES.<br />
”<br />
Ricardo Alves
SCM Supply Chain Magazine 11
12<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
RIBERALVES EXPORTA<br />
25% DA PRODUÇÃO<br />
25% de toda a produção da Riberalves é<br />
dedicada à exportação, sendo o mercado mais<br />
importante o do Brasil, onde a tradição do<br />
consumo tem também um impacto importante.<br />
África, México, França ou Suíça, são igualmente<br />
geografias onde a marca está presente.<br />
A Riberalves está também atenta às Caraíbas,<br />
um mercado com potencial, pela sua apetência<br />
no consumo de produtos de salga.<br />
Os produtos são muito diversificados, sendo<br />
que a empresa trabalha também com outras<br />
variedades de peixe que requerem processamento<br />
semelhante ao do bacalhau, ou com outras<br />
variedades de produtos dirigidos para a exportação<br />
e em consonância com as tendências dos mercados<br />
aos quais se destinam. Também o canal HORECA<br />
tem referências específicas.<br />
Ricardo Alves dá o exemplo de alguns produtos<br />
sem pele e sem espinhas, vocacionados para<br />
o retalho mexicano, ou produtos de bacalhau<br />
salgado seco para África. Apenas de bacalhau<br />
demolhado ultracongelado têm cerca de 400<br />
SKU, e só em cortes diferentes de bacalhau têm<br />
30, tudo isto proveniente de apenas três locais de<br />
importação.<br />
A empresa familiar portuguesa continua a<br />
apostar no respeito pela tradição e costumes<br />
nacionais, procurando inovar, mas sempre<br />
dentro de referências de Bacalhau de Cura<br />
Tradicional Portuguesa. O Bacalhau Demolhado<br />
Ultracongelado – Pronto a Cozinhar, foi uma<br />
inovação lançada há 18 anos, após séculos de<br />
história de um produto conhecido por ser sempre<br />
seco, mas foi muito bem aceite pelo mercado, por<br />
corresponder às novas necessidades das famílias,<br />
aos novos ritmos de vida, e aos constrangimentos<br />
com a demolha caseira.<br />
A aposta na maior fábrica de processamento<br />
de bacalhau do mundo é feita no sentido de<br />
conseguir responder não só a Portugal, mas<br />
também aos restantes mercados explorados e a<br />
explorar, bem como de modo a poderem garantir<br />
uma maior qualidade e uma maior eficiência final.<br />
“EM TERMOS DE FÁBRICA<br />
O NOSSO OBJECTIVO<br />
É GARANTIR UM PRODUTO<br />
AINDA DE MELHOR QUALIDADE, BEM<br />
COMO UMA EFICIÊNCIA<br />
MAIOR NA PRODUÇÃO; EM TERMOS<br />
DE ARMAZENAGEM ESTAMOS<br />
A PROCURAR GARANTIR AINDA<br />
MAIS QUALIDADE PARA<br />
O CONSUMIDOR FINAL.”<br />
Curiosidades:<br />
Ricardo Alves<br />
» O norte de Portugal<br />
é muito procurado<br />
por espanhóis para o<br />
consumo de bacalhau.<br />
» Portugal tem<br />
aproximadamente<br />
o mesmo consumo<br />
de bacalhau que a<br />
Inglaterra, no entanto,<br />
a nossa população é<br />
cerca de 1/5.<br />
» O português é quem<br />
mais consome bacalhau<br />
no mundo, per capita.
SCM Supply Chain Magazine 13<br />
Cada português come em média 6,5kg,<br />
o que resulta em cerca de 65 mil toneladas<br />
de peixe no mercado português anualmente.<br />
Esses 6,5kg de peixe representam cerca<br />
de 26kg de peixe vivo.<br />
» 1,1 milhões de toneladas que representam<br />
a quota do bacalhau, Portugal consome<br />
260 mil, o que dá cerca de 24%<br />
de todo o bacalhau pescado no mundo. •<br />
NATAL<br />
» Nos últimos 4 meses do ano<br />
existe um grande pico de vendas,<br />
devido ao Natal, que representa<br />
cerca de 30% do bacalhau<br />
vendido no ano.<br />
» No Natal nota-se uma tendência<br />
no mercado para procura produtos de<br />
categoria premium.<br />
24%<br />
» A penetração da categoria<br />
bacalhau em Portugal é cerca<br />
de 90% (num ano, em cada 100<br />
lares, 90 consumiram bacalhau<br />
pelo menos uma vez).
14<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
MULHERES, MULHERES,<br />
SEM NEGÓCIOS À PARTE<br />
No mundo dos negócios, ainda há muitas<br />
mulheres que trabalham na sombra. Afinal, se<br />
ambos os géneros contribuem de igual forma<br />
para o funcionamento de uma empresa, por<br />
que razão existe desigualdade para com as<br />
mulheres? Na logística, os negócios não ficam<br />
à parte delas. O trabalho e a dedicação falam<br />
por si, com um objectivo: igualar o seu papel<br />
enquanto profissionais.<br />
G<br />
oste-se, ou não, factos são factos e no<br />
mundo laboral a desigualdade de género<br />
existe.<br />
Veja-se, por exemplo, a entrada em vigor a 21<br />
de Fevereiro da Lei nº. 60/2018, decretada pelo<br />
Governo, que “introduz medidas de promoção<br />
da igualdade remuneratória entre mulheres e<br />
homens por trabalho igual ou de igual valor”.<br />
LOGÍSTICA<br />
O salário médio mensal<br />
das mulheres é inferior<br />
em 14,9%<br />
Sendo evidente a disparidade salarial entre<br />
géneros, esta medida visa passar “da igualdade<br />
de direitos à igualdade de facto”.<br />
De acordo com este documento, os dados mais<br />
recentes disponíveis mostram que os salários<br />
médios das mulheres são inferiores em 14,9%<br />
em relação ao dos homens, o que representa<br />
uma diferença de mais de 150 euros mensais<br />
e mais de 2.100 euros anuais. Pode-se, então,<br />
concluir que “a disparidade salarial em Portugal<br />
corresponde a uma perda de 54 dias de trabalho<br />
remunerado para as mulheres”.<br />
No que diz respeito ao ordenado médio<br />
mensal, que inclui prémios, subsídios e<br />
pagamento de trabalho suplementar, a diferença<br />
de salários entre mulheres e homens sobre para<br />
18,3%, equivalente a uma diferença de 225 euros<br />
por mês, em desfavor do género feminino.<br />
No entanto, é importante referir o progresso do<br />
nosso país no trajecto da<br />
igualdade de género, no<br />
que refere à redução das<br />
assimetrias salariais. Em<br />
2012, registou-se uma<br />
desigualdade de 18,5%<br />
e, em 2017, desceu para<br />
14,9%, representando<br />
uma diminuição de<br />
3,6% de disparidade<br />
da remuneração média<br />
mensal base.<br />
A Lei que entrou<br />
recentemente em vigor,<br />
assenta em três grandes<br />
dimensões. Em primeiro
SCM Supply Chain Magazine 15<br />
lugar, o Gabinete de Estratégia e Planeamento<br />
do Ministério do Trabalho, Solidariedade e<br />
Segurança Social passa a disponibilizar, todos os<br />
anos, informação estatística sobre as diferenças<br />
salariais entre géneros a nível sectorial e por<br />
empresa.<br />
Em segundo lugar, exige-se que as<br />
empresas tenham uma “política remuneratória<br />
transparente”, assente na avaliação das<br />
componentes das funções e com base em<br />
critérios objectivos. Isto significa que as<br />
entidades passam a ter que demonstrar, junto<br />
dos trabalhadores, Autoridade para as Condições<br />
do Trabalho (ACT), Comissão para a Igualdade no<br />
Trabalho e no Emprego (CITE) ou tribunais, que<br />
os salários são fixados de acordo com critérios<br />
comuns a homens e mulheres como mérito,<br />
produtividade, assiduidade ou antiguidade.<br />
Por último, a ACT passa a notificar as<br />
empresas, cujos balanços mostrem disparidades<br />
remuneratórias, e a CITE deverá emitir<br />
pareceres vinculativos sobre a existência de<br />
casos de discriminação salarial a pedido dos/as<br />
trabalhadores/as ou representantes sindicais.<br />
É de salientar que as empresas que não<br />
cumprirem esta lei, ser-lhes-à aplicada uma<br />
multa. Segundo as declarações do Ministério do<br />
Trabalho ao jornal Público, a ACT pode avançar<br />
com “contra-ordenações graves a muito graves,<br />
se as empresas instadas a corrigir de forma<br />
voluntária não o fizerem”.<br />
Apesar de esta ser a realidade em Portugal,<br />
o importante é que está a ser combatida e, por<br />
isso, estas medidas são muito importantes para<br />
a construção de uma sociedade mais justa e<br />
igualitária.<br />
25 Outubro.Carcavelos<br />
Nova School of Business and Economics<br />
TENDÊNCIAS, COMPETÊNCIAS E NOVAS FRONTEIRAS:<br />
DA INFORMAÇÃO À CRIAÇÃO DE VALOR<br />
SAIBA +<br />
https://www.supplychainmagazine.pt/eventos<br />
Organização
16<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
Prova disso é a recente aposta das empresas em<br />
valorizar o género feminino no meio de trabalho.<br />
A Coca-Cola, por exemplo, anunciou a meta que<br />
pretende alcançar até 2025: quer que 40% dos<br />
seus quadros de direcção sejam mulheres.<br />
Magda Malé, responsável por projectos<br />
estratégicos da Coca-Cola European Partners<br />
Ibéria, explica que “o nosso plano de<br />
sustentabilidade estabelece o compromisso de<br />
promover a diversidade na sociedade e na própria<br />
empresa. Internamente, estamos comprometidos<br />
em fomentar uma cultura diversificada e inclusiva<br />
nos nossos negócios e, para cumprir esse<br />
compromisso, lançamos um plano de diversidade”.<br />
Na mesma lógica, a Nestlé apresentou<br />
recentemente a sua estratégia para aumentar<br />
o número de mulheres em cargos executivos<br />
seniores a nível global. Este plano faz parte da<br />
premissa da empresa sobre “dar oportunidades<br />
iguais para todos”.<br />
Mark Schneider, CEO da Nestlé, afirma que<br />
“acreditamos que uma força de trabalho mais<br />
diversificada, com mais mulheres no topo,<br />
reforçará a nossa cultura inclusiva e fará da<br />
Nestlé uma empresa ainda melhor. (…)<br />
Sabemos que melhorar o equilíbrio entre os<br />
géneros levará a melhores decisões, mais<br />
inovação e maior satisfação dos colaboradores”.<br />
Neste momento, 43% das posições de<br />
liderança dentro da entidade são ocupadas<br />
por mulheres. Em Portugal, de 2100<br />
colaboradores, 51% são homens e 49% são<br />
mulheres.<br />
Leve o tempo que levar, a luta pela igualdade<br />
de género deve continuar a ser levada a<br />
cabo pelas organizações, como tem vindo a<br />
acontecer. Por outro lado, as mulheres também<br />
devem continuar a reivindicar os seus direitos e<br />
não ter a mentalidade de ‘uma gota no oceano’,<br />
mas sim a de que ‘a união faz a força’.<br />
AS NOSSAS MULHERES<br />
Será que se verificam estas assimetrias na<br />
área da supply chain? Ou é um sector em que<br />
as mulheres e os homens têm as mesmas<br />
oportunidades e são encarados da mesma forma?<br />
SÍLVIA FRANCO, Supply<br />
Chain Manager da<br />
Exide Technologies,<br />
diz que o sector não<br />
é suficientemente<br />
feminino, pois isso<br />
significaria ter tantas<br />
mulheres como homens<br />
a trabalhar na área,<br />
algo que não acontece. Não<br />
acredita que existam motivos próprios para esta<br />
diferença, pois “o desempenho profissional não<br />
depende do género, depende antes da educação<br />
e do conhecimento, bem como de outras<br />
características pessoais, tais como a forma de<br />
pensar, a personalidade, o perfil psicológico,<br />
entre outras”.<br />
Contudo, aponta que as empresas beneficiam<br />
muito com as diferentes perspectivas de ambos<br />
os géneros, no momento de tomada de decisão.<br />
Acredita, também, que a<br />
sociedade beneficia quando<br />
os cargos de liderança e<br />
decisão são partilhados<br />
por homens e mulheres.<br />
ANA LEANDRO,<br />
Directora de Supply<br />
Chain e Logística no Grupo
SCM Supply Chain Magazine 17<br />
Auchan Retail, sendo mulher e profissional na<br />
área da logística, também sente que a figura do<br />
homem predomina no sector, principalmente<br />
em cargos de liderança.<br />
Explica ainda que a disparidade entre<br />
géneros que existe no mundo da logística e<br />
supply chain é idêntica à dos restantes sectores.<br />
No entanto, “em Portugal, este sector incorporou<br />
essencialmente homens, creio que pela natureza<br />
da actividade (esforço/força humana/trabalhos<br />
por turnos, etc.) que caracteriza a logística<br />
na sua génese, pelo que são estes que hoje<br />
ocupam cargos de liderança, continuando esta<br />
actividade a apresentar pouca atractividade para<br />
as mulheres”.<br />
Apesar de a área de trabalho ser a mesma, estas<br />
mulheres encontram-se em sectores distintos e,<br />
mesmo assim, partilham a mesma visão.<br />
EDITE LOURO, Directora<br />
na empresa STEF, embora<br />
sinta o mesmo que Sílvia<br />
Franco e Ana Leandro,<br />
afirma ter vindo a<br />
notar uma evolução no<br />
sentido da igualdade “o<br />
sector da supply chain<br />
continua a ser muito<br />
masculino, principalmente<br />
na área mais operacional<br />
(gestão de entrepostos ou transportes) mas é<br />
algo que tem evoluído nos últimos anos. Ainda<br />
assim, existe algum preconceito quanto à<br />
feminilidade que, para muitos, não combina com<br />
operações<br />
e armazéns”.<br />
No seu caso específico, diz nunca ter tido<br />
este sentimento em 25 anos de carreira e<br />
considera-se uma sortuda. “Para uma mulher<br />
conseguir um cargo de liderança tem de provar<br />
muito mais do que um homem”, sublinha.<br />
Na área do procurement o cenário<br />
repete-se. RITA<br />
PEREIRA, Head of<br />
Procurement na<br />
Whitestar Asset<br />
Solutions, afirmou<br />
que este sector é<br />
maioritariamente feito<br />
de homens. Nota uma<br />
discrepância nas conferências<br />
em que participam [empresa], nas publicações<br />
nacionais e internacionais que lêem ou nos<br />
cursos de negociação existentes. No entanto,<br />
refere que “felizmente, na Whitestar, onde<br />
trabalho há 13 anos, são cada vez mais as<br />
mulheres em cargos de liderança. No ‘board’<br />
temos actualmente duas, o que é um sinal de<br />
que há empresas que estão na linha da frente!<br />
Ainda assim, e falando de procurement, são<br />
precisas mais mulheres!”.<br />
Rita Pereira acredita que esta área pode<br />
beneficiar muito com as características<br />
femininas, criando valor para a organização<br />
na qual trabalham “costumo dizer, muitas<br />
vezes, que as mulheres emprestam um sorriso<br />
e um colorido diferente à área das compras.<br />
Na negociação, o lema deve ser: criar valor<br />
(e não apenas e só baixar o preço) e nisto as<br />
mulheres têm uma sensibilidade diferente,<br />
uma abordagem diferente, uma intuição mais<br />
forte, uma melhor postura relativamente<br />
à gestão de conflitos, um sentido ‘mais<br />
humano’”.<br />
Em concordância<br />
com esta visão está<br />
PATRÍCIA ROXO,<br />
Corporate Purchasing<br />
Manager na The<br />
Navigator Company.<br />
Explica que os homens<br />
tendem a ser mais<br />
objectivos, combativos,
18<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
agressivos e menos condescendentes que as<br />
mulheres. Quando se trata de negociar “as<br />
mulheres são, por natureza, mais conciliadoras.<br />
Encontram consensos mais facilmente, são<br />
mais persuasivas quando acreditam e são mais<br />
resilientes do que os homens. Não quero dizer<br />
que lhe dê vantagem ou desvantagem em<br />
relação ao homem na mesa de negociação. São<br />
diferentes e, portanto, produzem resultados,<br />
naturalmente, ‘diferentes’”. No entanto, reforça<br />
que, no compto geral, o género feminino<br />
consegue ser mais completo e trazer melhores<br />
resultados win-win para as organizações.<br />
ANA NOVAIS, Procurement Flight Operations<br />
e Supply Chain Director na<br />
TAP propõe uma visão<br />
mais optimista, notando<br />
uma afluência das<br />
mulheres no sector.<br />
“Independentemente<br />
do género, é importante<br />
ter as características<br />
necessárias para ser um bom<br />
líder, no entanto, considero que a<br />
área do procurement atrai<br />
cada vez mais mulheres e isso é notório<br />
ao longo dos últimos anos”.<br />
O primeiro passo para acabar com a<br />
desigualdade é através da educação, que<br />
começa em casa. Os valores que se incutem<br />
no seio familiar são reflectidos na vida pessoal<br />
e profissional. É importante explicar aos mais<br />
jovens que, por exemplo, as tarefas domésticas<br />
devem ser partilhadas e não apenas destinadas<br />
a uma pessoa, quer seja mãe/pai, mulher ou<br />
homem. Este tipo de princípios pode contribuir<br />
para uma consciencialização para este problema<br />
e uma oportunidade de o erradicar.<br />
Patrícia Roxo aposta nesta mudança na cultura<br />
dentro de casa, o que devia ser algo fácil de<br />
implementar, pois só depende da boa vontade<br />
dos homens em, por exemplo, dividir as tarefas<br />
com as mulheres “podem começar por deixar<br />
de usar a palavra ‘ajuda’ nas tarefas. Se todos<br />
colaborarem ninguém fica sobrecarregado com<br />
os afazeres domésticos e familiares, podendo<br />
ambos dedicar-se de igual forma à carreira”.<br />
Explica ainda que “a educação e a informação<br />
são armas poderosíssimas numa sociedade, pelo<br />
que temos de educar as gerações presentes e<br />
vindouras para a igualdade e para o combate à<br />
discriminação, e simultaneamente informar”.<br />
No contexto laboral, também é necessário<br />
que as empresas apostem em estratégias para<br />
que, dentro daquelas quatro paredes, todos os<br />
trabalhadores/as sejam encarados como iguais.<br />
“O primeiro passo é promover a contratação de<br />
mulheres para posições de relevo e visibilidade,<br />
assumindo papéis que tradicionalmente são<br />
considerados ‘de homem. (…) Em segundo<br />
lugar, dever-se-à apoiar mulheres talentosas<br />
e fomentar uma cultura na qual pessoas<br />
talentosas queiram trabalhar. (…) As mulheres,<br />
por sua vez, têm de sair da sua zona de conforto.<br />
É preciso coragem para vingarem em ambientes<br />
tradicionalmente masculinos, devendo<br />
orgulhar-se do papel que podem desempenhar.<br />
Finalmente, penso ser muito importante que<br />
a legislação laboral promova a partilha dos<br />
direitos e deveres com os filhos, nomeadamente<br />
no tempo da licença parental”, afirma<br />
Sílvia Franco.<br />
Por sua vez, Ana Leandro pede um maior<br />
esforço por parte das organizações para<br />
incorporar mulheres e novas gerações<br />
neste sector, tornando-o mais atractivo e<br />
moderno no que diz respeito a métodos de<br />
trabalho, ambiente e condições. “Promover<br />
uma divulgação das oportunidades de forma<br />
mais efectiva e apelativa, potenciando<br />
os factores de atractividade junto das<br />
mulheres”, reforça.
SCM Supply Chain Magazine 19<br />
“Uma mudança de paradigma é sempre<br />
necessária!”, refere Rita Pereira.<br />
Não pretendendo deixar uma fórmula mágica<br />
para dar a volta à situação, pede uma reflexão<br />
à cerca deste assunto “não são as mulheres<br />
tão capazes quanto os homens? O tempo tem<br />
demonstrado e provado que somos lutadoras,<br />
criativas, sensíveis e muito trabalhadoras”.<br />
Já Edite Louro, crê que não há muito a fazer,<br />
pois a igualdade de géneros irá depender das<br />
novas gerações e da mudança de mentalidades,<br />
um processo que se inicia no seio da família.<br />
Mostra-se desagradada por ser necessário<br />
promulgar leis para existir um equilíbrio justo<br />
e diz que “a paridade deveria ser algo natural<br />
e a evolução de uma carreira deveria depender<br />
apenas da competência e do mérito”.<br />
Ana Novais remata dizendo que “no dia<br />
em que entendermos que a disciplina e<br />
O GÉNERO FEMININO<br />
CONSEGUE SER MAIS<br />
COMPLETO E TRAZER<br />
MELHORES RESULTADOS<br />
WIN-WIN.<br />
produtividade são factores mais importantes,<br />
teremos um melhor equilíbrio entre a vida<br />
pessoal e profissional e, posteriormente,<br />
igualdade entre géneros”.<br />
A igualdade de género assenta na premissa<br />
de que o trabalho e a dedicação são<br />
caraterísticas de um bom profissional, quer seja<br />
homem ou mulher, pois são ambos capazes.<br />
O que realmente importa é o bom contributo<br />
de cada um e ser reconhecido por isso, género<br />
à parte. •<br />
BE IN CONTROL<br />
As máquinas não falam<br />
...mas os dados sim.<br />
Estado<br />
da bateria<br />
Choque<br />
detetado<br />
Pedido de<br />
assistência<br />
Como saber exatamente quanto tempo os meus equipamentos<br />
estão em operação? Ou há quanto tempo alguns, estão inativos?<br />
Existe alguma solução para otimizar os pedidos de serviço e para<br />
reduzir o custo global da minha operação?<br />
Agora, há uma maneira muito fácil de monitorizar e controlar as suas<br />
operações. Na Toyota, estamos a assumir a liderança neste setor, com<br />
o fornecimento de Equipamentos Inteligentes.<br />
A partir de <strong>2019</strong>, todos os equipamentos de armazém da Toyota são<br />
entregues com hardware de telemática, como standard. A informação<br />
dos equipamentos em operação, pode ser acedida instantaneamente,<br />
através do I_Site, permitindo aumentar a eficiência, eliminar o<br />
desperdício e alcançar uma operação de logística lean.<br />
Para saber mais informações, visite www.empilhadores.toyota.pt<br />
Toyota Caetano Portugal<br />
geral.empilhadores@toyotacaetano.pt<br />
Vila Nova de Gaia 227 867 085<br />
Carregado 263 857 244
20<br />
MAIO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
Consumo per capita<br />
em Portugal<br />
situa-se nos 1,5 Kg<br />
CHOCOLATES<br />
COM SABOR A LOGÍSTICA<br />
Sinónimo de deliciosos e irresistíveis momentos! É assim que<br />
é percepcionado, se não por todos, seguramente que por uma<br />
imensa maioria. Vamos falar de chocolates e da sua cadeia de<br />
abastecimento, nomeadamente num dos picos de consumo,<br />
como é a Páscoa.<br />
M<br />
uitos não a vêem, mas ela está lá.<br />
A logística, de seu nome, está sempre<br />
presente, e para que alguns possam olhar<br />
para a época da Páscoa como dias de descanso<br />
em família, na companhia de alguns doces<br />
achocolatados, outros têm de apanhar um<br />
embalo de alguns meses de preparação para<br />
que toda a operação pascal corra bem.<br />
Alguns prepararam esta época com uma maior<br />
antecedência, entre 6 e 12 meses, como é o caso<br />
da Imperial, que este ano trouxe novos produtos<br />
para o mercado e por isso teve de se antecipar<br />
ainda mais cedo; outros, 12 semanas antes<br />
avançaram com a operação Páscoa, começaram<br />
a preparar as encomendas, as novas embalagens<br />
e ligaram os motores rumos às lojas; e ainda<br />
houve outros que abasteceram as suas montras<br />
com exemplares sazonais únicos de sabores que<br />
só ali poderiam encontrar.<br />
Toda esta preparação prévia é bastante<br />
para a logística funcionar, e nela, toda a<br />
cadeia de abastecimento tem um papel<br />
fundamental, passando por sectores como<br />
as compras, produção, operadores logísticos,<br />
transportadores, experiência de venda - seja ela<br />
online ou tradicional - e termina com a entrega<br />
de última milha.<br />
A maior produtora nacional de chocolates,<br />
Imperial, começa por se sentar ao lado<br />
de parceiros como universidades, centros<br />
tecnológicos, clientes e consumidores,<br />
fornecedores e outras entidades próximas,<br />
de modo a debater novas ideias e gerar captação<br />
de conhecimento. A criação de novos produtos<br />
é exigente e envolve tendências, novas<br />
matérias-primas, diferentes sabores, variada<br />
diversificação e inovadoras experiências para<br />
o consumidor. Não é uma tarefa fácil, pelo que<br />
a antecedência começa desde logo no final da<br />
campanha anterior.<br />
“Normalmente, o ciclo de desenvolvimento de<br />
um produto novo dura entre seis e 12 meses”,
SCM Supply Chain Magazine 21<br />
explica Manuela Tavares de Sousa, CEO da<br />
Imperial, “este ano apresentamos no mercado<br />
várias novidades, em particular produtos<br />
isentos de glúten, vegan e de organismos<br />
geneticamente modificados”, acrescenta.<br />
A sua produção para a campanha deste ano<br />
começou em Novembro, e antecipando<br />
o número crescente de encomendas, foi<br />
necessário aumentar a produção das 20 para<br />
as 25 toneladas diárias, envolvendo trabalhos a<br />
três turnos em todas as suas unidades industriais.<br />
A esta necessidade acrescem maiores<br />
cuidados, e a desnormalização traz sempre<br />
consigo alguns problemas adicionais.<br />
A CEO conta que “as principais dificuldades<br />
sentidas com a proximidade da Páscoa são<br />
essencialmente centradas no incremento<br />
substancial das encomendas dos clientes, com<br />
reflexo na produção, logística e nos transportes”,<br />
mas mostra-se preparada para aceitar os<br />
desafios logísticos e responder às exigências do<br />
mercado. Também as operações de co-packing<br />
estão englobadas nessas operações sazonais,<br />
existindo um local dedicado ao embalamento e<br />
etiquetagem, mas a responsável revela que por<br />
vezes há a necessidade de recorrer a operadores<br />
especializados em regime de outsourcing,<br />
coordenados por uma equipa da Imperial.<br />
Ainda em termos de externalização, e embora<br />
a Imperial tenha uma equipa especializada e<br />
“RELATIVAMENTE À PÁSCOA,<br />
VERIFICA-SE UM AUMENTO EXPRESSIVO<br />
DE CONSUMO DE CHOCOLATE<br />
FACE A OUTRAS ÉPOCAS DO ANO,<br />
CORRESPONDENDO A CAMPANHA DE<br />
PÁSCOA A 35% DO VOLUME DE NEGÓCIO<br />
ANUAL DA IMPERIAL.”<br />
dedicada à operação logística, a distribuição<br />
capilar dos seus produtos está concentrada<br />
num único operador logístico, o que lhe permite<br />
assegurar uma maior eficiência e criar sinergias<br />
entre a gestão de diversas actividades, desde<br />
recepção e conferência de stock, preparação<br />
de picking e encomendas, carga das viaturas e<br />
expedição e gestão da documentação necessária.<br />
Ao todo, estas operações envolvem mais<br />
de 400 referências de chocolate em todo o<br />
grupo, divididas entre as suas diversas marcas<br />
(Regina, Jubileu, Alegro, Pintarolas, Canderel<br />
e Pantagruel), estando a ser comercializadas<br />
em mais de 50 países. Manuela Tavares de<br />
Sousa revela que “em Portugal ainda se regista<br />
um consumo reduzido de chocolate, quando<br />
comparado com a média europeia. A nível<br />
nacional o consumo per capita situa-se nos 1,5<br />
quilogramas”, número que aumenta ligeiramente<br />
para 1,7 se se incluir o chocolate de culinária.<br />
IMPERIAL
22<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
A Carreras é a próxima a actuar na cadeia.<br />
Enquanto operadora logística e transportadora,<br />
com larga experiência nas operações deste<br />
produto, é a responsável pela gestão logística,<br />
armazenagem e transporte de grandes marcas<br />
internacionais de chocolates comercializadas<br />
pelo país. A sua vasta experiência já remonta às<br />
suas origens em Espanha, e hoje, em Portugal,<br />
assume o mesmo modelo de funcionamento.<br />
“<br />
OS PORTUGUESES SÃO MAIS<br />
APRECIADORES DE CHOCOLATES DE<br />
LEITE CLÁSSICOS, BEM COMO OS COM<br />
FRUTOS SECOS (AVELÃS E AMÊNDOAS),<br />
COM CARAMELO E SABORES DE<br />
FRUTA. NO ENTANTO, AS MUDANÇAS<br />
NOS HÁBITOS DE CONSUMO E A<br />
PREOCUPAÇÃO COM UM ESTILO DE<br />
VIDA MAIS SAUDÁVEL TÊM LEVADO A<br />
UMA PREFERÊNCIA CADA VEZ MAIOR<br />
PELOS CHOCOLATES COM ELEVADO<br />
TEOR DE CACAU.<br />
”<br />
Carlos Rodrigues Manuel, gestor de<br />
desenvolvimento de negócios da Carreras em<br />
Portugal, revela que uma das principais vantagens<br />
para os clientes é que a empresa “tem o<br />
‘know-how’ e os conhecimentos especializados da<br />
logística e distribuição destes produtos”. Segundo<br />
conta, cerca de 12 semanas antes começam a<br />
receber mercadorias das fábricas, e aí começa a<br />
operação Páscoa, um dos picos de actividade neste<br />
segmento dos chocolates, a que se junta o Natal.<br />
Na sua maioria provenientes de países como<br />
Suíça, Alemanha, Espanha, Itália, França e<br />
Polónia, os chocolates chegam por via rodoviária<br />
e a temperatura controlada, uma característica<br />
importante para o transporte deste tipo de<br />
produtos. Conta que toda a operação está sujeita<br />
a grandes controlos, tais como rastreabilidade,<br />
higiene e segurança, e que quando se lida com<br />
produtos que requerem cuidados acrescidos<br />
na cadeia, é necessário estar atento a todos os<br />
detalhes.<br />
“Devido à sua susceptibilidade a variações<br />
térmicas, a armazenagem e transporte do<br />
chocolate acresce de rigor no controlo das<br />
temperaturas, por forma a chegue aos clientes à<br />
temperatura necessária que garanta a qualidade<br />
e características do produto”, explica Carlos<br />
Rodrigues Manuel, acrescentando que um dos<br />
principais requisitos é respeitar e manter a<br />
temperatura controlada durante toda a operação.<br />
Para a ajuda no controlo de todos estes<br />
elementos, a Carreras conta com sistemas<br />
informáticos avançados que lhes permitem
SCM Supply Chain Magazine 23<br />
todo o controlo da<br />
operação logística,<br />
podendo o cliente<br />
aceder através<br />
da página web<br />
da empresa, em<br />
tempo real, a toda a<br />
informação detalhada<br />
de que necessita,<br />
como stocks de produtos ou rastreabilidade.<br />
Épocas como a Páscoa e o Natal, exigem<br />
uma necessidade de planeamento e de tarefas<br />
adicionais, como o co-packing. Revela que<br />
existem áreas específicas dedicadas a estas<br />
operações e que “é uma actividade que<br />
dominamos há muitos anos, temos uma longa<br />
experiência de sucesso na gestão de grandes<br />
campanhas de co-packing, que são sempre um<br />
desafio devido à sua enorme variabilidade”,<br />
explica Carlos Rodrigues Manuel.<br />
Por fim, com as embalagens feitas, é hora<br />
de responder às encomendas e ligar os motores<br />
para preparar o transporte. A empresa conta<br />
com uma frota de mais de 1.000 veículos<br />
“OS PRINCIPAIS PICOS DE ACTIVIDADE NA<br />
´LOGÍSTICA DO CHOCOLATE’ SÃO OS MESES<br />
ANTERIORES AO NATAL E À PÁSCOA, ALTURAS<br />
EM QUE A ACTIVIDADE INCREMENTA<br />
LARGAMENTE, PARA QUE O CHOCOLATE<br />
POSSA ESTAR A TEMPO À DISPOSIÇÃO<br />
DOS CONSUMIDORES.”<br />
a nível ibérico<br />
e explica que a<br />
distribuição é feita<br />
tendo em conta<br />
o tipo e tamanho<br />
das encomendas,<br />
sendo que no caso<br />
de difíceis acessos,<br />
como no interior das<br />
localidades, esta é feita com carros de menor<br />
dimensão, sempre tendo em atenção<br />
os cuidados necessários para o seu transporte.<br />
Chegados os produtos às suas lojas,<br />
a Hussel Iberia está pronta a vender os<br />
seus chocolates. Este conceito de loja é<br />
diferenciador: existem 25 lojas Hussel<br />
espalhadas pelo nosso país, e apenas nelas<br />
se poderão encontrar estes sabores únicos que<br />
viajam várias centenas<br />
de quilómetros desde os armazéns alemães da<br />
sua empresa-mãe até às montras portuguesas.<br />
A Hussel GmbH tem 300 lojas na Alemanha,<br />
pelo que a fonte refere que a centralização das<br />
suas compras é uma estratégia de negócio
24<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
“PARA CONSEGUIRMOS<br />
OPTIMIZAR ESTA OPERAÇÃO,<br />
TEMOS DE COORDENAR AS DATAS<br />
DE RECOLHA, COM A LOCALIZAÇÃO<br />
DOS ARMAZÉNS E O Nº DE<br />
PALETES. ESTE PLANEAMENTO<br />
PRÉVIO PERMITE-NOS UMA<br />
OPTIMIZAÇÃO DOS CUSTOS DE<br />
TRANSPORTE.”<br />
interessante que lhes traz economias de escala.<br />
Embora seja uma subsidiária da alemã, a<br />
HusselIberia tem total autonomia de actuação,<br />
desde a definição do sortido, dos preços de<br />
venda, das campanhas temáticas e mesmo do<br />
packaging. “Toda a operação logística é da<br />
nossa responsabilidade, desde a recolha no<br />
armazém da Hussel na Alemanha até à entrega<br />
nas nossas 25 lojas”, acrescenta fonte oficial.<br />
Também sentem o peso da Páscoa e do Natal,<br />
pelo que apostam nestas e noutras épocas<br />
para juntar as suas 200 referências sazonais<br />
às 300 que se encontram nas suas lojas ao<br />
longo do ano. Com o poder de decisão do seu<br />
lado, a escolha dos sortidos para as campanhas<br />
especiais é feita entre 6 e 9 meses antes,<br />
começando por traçar um cronograma.<br />
Após definirem quais os seus requisitos,<br />
entram em contacto com os fornecedores, na<br />
maioria europeus, definem o sortido e uma<br />
data em que este tem de estar disponível para<br />
entrega. A sua transportadora fica encarregue<br />
de ir até aos armazéns dos fornecedores<br />
recolher as encomendas, que as irá levar até ao<br />
seu operador logístico, para que receba tudo no<br />
tempo devido e os armazene e proceda, mais<br />
tarde, à entrega às lojas.<br />
Nas suas lojas, a Hussel vende os chocolates<br />
avulso, modelo que, logisticamente, se<br />
procededa mesma maneira que os embalados,<br />
por chegarem em caixas de transporte, mesmo<br />
a nível de segurança e rastreamento: “as lojas<br />
mantêm um registo de todos os lotes e<br />
validades que são colocados à venda, nas<br />
secções a peso, com a respectiva data”,<br />
explica a fonte.<br />
Embora tenham o seu sortido disponível<br />
para consulta online, ainda não é possível a<br />
sua compra através da plataforma, mas a fonte<br />
admite que essa opção estará disponível num<br />
futuro próximo. Houve recentemente uma<br />
parceria feita com a Uber Eats numa campanha<br />
de Dia dos Namorados que a fonte revelou ter<br />
sido “um enorme sucesso”, e admitiu que este<br />
modelo poderia ser uma forma viável para a<br />
última milha. “Foi uma experiência e estamos<br />
a estudar o caso”, conclui a empresa.<br />
Após acompanharmos o longo percurso que<br />
os chocolates percorrem até enfeitarem as<br />
prateleiras das lojas, chegámos a uma única<br />
conclusão: o chocolate realmente sabe melhor<br />
com um recheio de logística. •
SCM Supply Chain Magazine 25
26<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
Conjugar sustentabilidade<br />
e desempenho financeiro<br />
João Miguel Dias<br />
[Logistics Leader | Speaker & Trainer,<br />
Procter & Gamble]<br />
GUIA PRÁTICO<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
EMPRESARIAL EM 3 PASSOS
SCM Supply Chain Magazine 27<br />
Já deverá ter notado que nos últimos anos, as empresas têm vindo a centrar as suas<br />
agendas no conceito da “sustentabilidade”. Não é particularmente surpreendente, já<br />
que qualquer empresa está hoje sob um intenso escrutínio em relação ao seu papel na<br />
sociedade, sendo este exercido pela comunicação social, reguladores governamentais<br />
e, mais importante ainda, pelos seus clientes. Não há razões para alarme, quer esteja<br />
a trabalhar numa grande multinacional ou numa start-up, aqui ficam algumas ações<br />
práticas para guiá-lo rumo à sustentabilidade empresarial.<br />
D<br />
e um ponto de vista conceptual,<br />
pode-se facilmente concordar que é possível<br />
conjugar atividades sustentáveis e um<br />
melhor desempenho financeiro. Contudo, para<br />
qualquer empresa que pretenda implementar um<br />
programa de sustentabilidade, o maior desafio<br />
prende-se como facto de os custos internos<br />
das atividades sustentáveis serem diretamente<br />
mensuráveis, enquanto a sua contrapartida<br />
financeira é indireta e dispersa pelas diferentes<br />
partes do negócio.<br />
1. Defina os seus objetivos<br />
com métricas claras<br />
À semelhança de qualquer outra área, os<br />
projetos de sustentabilidade devem ser medidos<br />
através de Key Performance Indicators (KPIs)<br />
com uma “meta perfeita” bem definida, como<br />
seja, ter produtos feitos com materiais naturais e<br />
100% reutilizáveis, recicláveis ou biodegradáveis,<br />
sem provocar qualquer desperdício no seu<br />
fabrico.<br />
Parece-lhe um objetivo demasiado ambicioso?<br />
A Procter & Gamble não se coibiu de declará-lo<br />
abertamente como seu compromisso enquanto<br />
visão a longo prazo, aplicando simultaneamente<br />
ações de curto prazo, como a redução das<br />
emissões de gases de estufa em 30% até 2020.<br />
É importante notar que estas métricas<br />
necessitam de ser regularmente mensuradas a<br />
fim de possibilitar comparações ao longo<br />
do tempo. Além disso, os resultados devem<br />
ser comunicados dentro e fora da empresa<br />
numa linguagem percetível pelo cidadão<br />
comum e não apenas por cientistas.<br />
2. Os resultados a curto prazo<br />
financiam investimentos<br />
a longo prazo<br />
Tem já um conjunto de KPIs para medir<br />
as iniciativas de sustentabilidade da sua<br />
empresa? Excelente, vamos usá-los<br />
diretamente nas áreas que estão já a ser<br />
mensuradas anualmente em comparação<br />
a um ano de referênciade modo a quantificar<br />
as reduções do custo operacional.<br />
Pensando bem, quase todos os projetos<br />
de otimização operacional podem ser associados<br />
a ganhos de sustentabilidade, e muitos deles até<br />
podem ser obtidos a curto prazo. No seu próximo<br />
projeto, experimente considerar como parte dos<br />
indicadores de redução de custos, o impacto<br />
na gestão de resíduos por item produzido, ou<br />
poupanças nos custos energéticos.<br />
Utilizemos o exemplo da Virgin Atlantic.<br />
Em 2015, a empresa alcançou poupanças<br />
energéticas no valor de US$4.4 milhões em<br />
combustível, reduzindo ao mesmo tempo 21.000<br />
toneladas em emissões de carbono, tudo isso<br />
devido a um simples programa de educação
28<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
dirigido aos seus pilotos sobre as melhores<br />
práticas a adotar na descolagem, no ar<br />
e na aterragem.<br />
Este é apenas um exemplo em como não<br />
é necessária tecnologia dispendiosa e<br />
revolucionária para alcançar redução nos custos<br />
operacionais a curto prazo. Ao integrar esses<br />
ganhos num programa de sustentabilidade,<br />
as portas abrem-se para a empresa apostar<br />
em investimentos de longo prazo geradores de<br />
retorno mais significativo.<br />
Em resumo, estaremos gradualmente a financiar<br />
investimentos estruturais em sustentabilidade<br />
de médio prazo através de savings gerados pela<br />
otimização operacional de curto prazo.<br />
3. Proteger a marca,<br />
aumentar as vendas<br />
Após reduzir os custos operacionais, é altura<br />
de se concentrar nos setores intangíveis cujas<br />
mais-valias são difíceis de mensurar. A reputação<br />
da marca é considerada um ativo de elevado<br />
valor, como refere o KPMG Global CEO Outlook’17,<br />
colocando-a no top 3 em categorias como<br />
riscos mais importantes e impacto potencial no<br />
crescimento futuro.<br />
Para ilustrar o impacto da sustentabilidade na<br />
reputação duma marca, recordemos o “dieselgate”,<br />
caso de 2016 em que uma empresa construtora de<br />
automóveis dotou os seus motores a diesel com<br />
um sistema que permitia ocultar a emissão de<br />
gases poluentes acima dos limites legais.<br />
Certamente estará recordado deste<br />
acontecimento, e não é o único, pois a perda<br />
de potenciais clientes mundiais fez a empresa<br />
acumular o seu primeiro prejuízo trimestral em<br />
15 anos (€2,5 biliões). Os anos passaram, mas o<br />
impacto na reputação continua presente, apesar<br />
dos milhões investidos para reverter a imagem da<br />
empresa.<br />
Mas a<br />
sustentabilidade<br />
é mais do que<br />
evitar prejuízos<br />
e mitigar o risco<br />
da depreciação<br />
Quase todos os<br />
projetos de otimização<br />
operacional podem ser<br />
associados a ganhos de<br />
sustentabilidade e muitos<br />
deles até podem<br />
ser obtidos a<br />
curto prazo.<br />
da marca. Ela pode também gerar vendas,<br />
como revela uma pesquisa da Nielsen feita<br />
a 30,000 consumidores em 60 países.<br />
Quando questionados se estavam dispostos<br />
a pagar mais dinheiro por um produto<br />
sustentável, 66% responderam SIM, com uma<br />
consistência notável, independentemente do<br />
seu nível de rendimentos. E não é surpresa<br />
constatar que os Millennials e Geração Z se<br />
tivessem destacado com 70% de respostas<br />
afirmativas. Deste modo, facilmente se<br />
comprova que o futuro é bastante risonho<br />
para aqueles que estão dispostos a investir<br />
na sustentabilidade.<br />
E importa não esquecer que estas<br />
gerações mais jovens, com uma considerável<br />
sensibilização ambiental, são também um<br />
alvo importante no recrutamento e captação<br />
de talentos para as empresas.<br />
Apesar de menos tangíveis, também é<br />
possível medir as métricas relacionadas<br />
com a reputação da marca, retenção de<br />
talentos e satisfação do cliente através dum<br />
scorecard baseado em inquéritos a clientes/<br />
funcionários e com analytics de redes sociais.<br />
Se preferir fazer o outsourcing desta<br />
análise, muitas empresas de consultoria<br />
oferecem a possibilidade de estimar o valor<br />
gerado pela sustentabilidade a qualquer marca<br />
ou empresa. Independentemente da<br />
metodologia utilizada, consultoras como<br />
ES Global, Interbrand e CSR Hub estão de<br />
acordo que a sustentabilidade contribui entre<br />
3% e 15% para o valor da marca, consoante<br />
o sector de atividade. •
LOGÍSTICA<br />
29<br />
SCM Conference<br />
NO EVEREST<br />
DA SUPPLY CHAIN<br />
Um auditório com capacidade para 400 pessoas, lotado a uma<br />
semana do evento, foi o ponto de partida da SCM Conference <strong>2019</strong>,<br />
provando que não devemos ter medo de reformular ou Repensar, a<br />
Supply Chain, e todos os caminhos que temos para trilhar,<br />
na cadeia de abastecimento e não só. Só assim se chega ao Everest.
30<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
a Supply Chain’ foi o tema<br />
que moveu mais de 400 profissionais<br />
‘Repensar<br />
a ouvirem o painel de conceituados<br />
profissionais da supply chain, nacionais e<br />
internacionais, que pisaram o palco do auditório<br />
Jerónimo Martins, na Nova SBE, em Carcavelos,<br />
nos dias 6 e 7 de Maio, para partilharem o seu<br />
conhecimento, experiências e debaterem os<br />
temas que se têm vindo a despoletar na área<br />
da supply chain.<br />
A SCM Conference <strong>2019</strong> apostava num<br />
novo modelo, num novo formato e num novo<br />
posicionamento,<br />
direccionando a<br />
conferência para os<br />
gestores de topo<br />
da supply chain e<br />
ambicionando criar<br />
um ponto de encontro<br />
para a reflexão e pensamento estratégico de<br />
quem lidera nas cadeias de abastecimento.<br />
A adesão dos profissionais ao desafio que foi<br />
lançado diz tudo.<br />
Empresários, Gestores, Administradores,<br />
Head of Logistics e Supply Chain, Head of<br />
Procurement, Directores de Logística e Supply<br />
Chain marcaram presença no evento para<br />
acompanharem temas inovadores, nunca antes<br />
abordados. Falou-se de mudança, de passado,<br />
presente e futuro, de liderança e motivação,<br />
de sucesso e, como não podia deixar de ser,<br />
de logística: um ingrediente essencial nesta<br />
receita que transbordou êxito.<br />
VIAGEM AO FUTURO<br />
Na abertura da conferência, a vasta experiência<br />
do Professor e Especialista em Supply Chain<br />
Management e Operação, Luis Solís, em voo<br />
entre Portugal e Madrid, levou-nos até ao futuro.<br />
O SUCESSO DEPENDERÁ DE UMA FORTE<br />
GESTÃO E ORGANIZAÇÃO, DE FORMA<br />
A CRIAR UMA TRANSIÇÃO COM ÊXITO,<br />
DE UMA CADEIA DE ABASTECIMENTO<br />
ANALÓGICA PARA O TÃO ALMEJADO DIGITAL<br />
Repensar a supply chain é importante, mas<br />
é necessário resolver os problemas do passado<br />
para conseguir avançar para o amanhã, como<br />
apontou. Questionou se estaremos realmente<br />
preparados para a supply chain do futuro.<br />
E a verdade é que tanto se fala da indústria 4.0<br />
e tecnologia, e como revolucionará o sector, mas<br />
sem a colaboração de todas as partes,<br />
um grande esforço de integração, bem como<br />
o talento e comportamento dos intervenientes<br />
da cadeia, não será possível avançar para o tão<br />
esperado ‘futuro’, explicou. O sucesso dependerá<br />
de uma forte gestão e<br />
organização, de forma<br />
a criar uma transição,<br />
com êxito, de uma<br />
cadeia de<br />
abastecimento<br />
analógica para o tão<br />
almejado digital.<br />
Na mesma lógica de pensamento e com os<br />
temas ‘futuro’ e ‘tecnologia’ sempre presentes,<br />
seguiu-se a apresentação do Professor Luís<br />
Ferreira e da primeira mesa redonda do dia 6,<br />
que contou com os gestores de topo da CUF<br />
Serviços, Sakthi, Delta Cafés e Primavera.<br />
Apesar de terminado o primeiro dia da SCM<br />
Conference, o sentimento de missão cumprida<br />
era ainda um sonho e altas as expectativas<br />
dos profissionais em relação aos trabalhos do<br />
segundo dia.<br />
Presencialmente na Nova SBE, em Carcavelos,<br />
mas com o pensamento no Everest. Foi assim<br />
que arrancou o segundo dia da SCM Conference,<br />
com Nuno Fontes a levar um auditório cheio<br />
numa escalada inesperada às montanhas<br />
pessoais dos participantes. E o resultado foi uma<br />
sessão de motivação e reflexão sobre o alcançar<br />
o topo dos nossos objectivos e, principalmente,<br />
de como preparar e realizar com êxito a<br />
caminhada até lá chegar.
SCM Supply Chain Magazine 31<br />
ALINHAR SABERES E VONTADES<br />
Explicou que um dos gaps que existe nas<br />
organizações é o facto de a força da técnica não<br />
ser suficiente para superar as adversidades que<br />
vão ocorrendo, pois é necessário alinhar o saber<br />
com o empenho, força de vontade e não ceder<br />
à tentação de desistir.<br />
A caminhada para alcançar os objectivos de<br />
cada um faz-se passo a passo, tendo referindo<br />
que “mais do que uma meta, o nosso Everest<br />
dá-nos um propósito para a mudança”.<br />
E, no final, quando conquistado o nosso topo,<br />
não há espaço para complacência porque há<br />
sempre mais a conquistar e ambicionar.<br />
Na lógica de repensar a supply chain, que<br />
é o Everest de cada um, explicou que uma<br />
das vantagens que o evento pôde trazer às<br />
organizações foi a capacidade de repensar<br />
o caminho.<br />
É caso para dizer que a SCM Conference<br />
atingiu o seu Everest.<br />
Entre mesas redondas e conferências com<br />
temas inovadores, CEO’s e Head of Suplly Chain,<br />
alguns cafés e cocktails, foram passando as<br />
horas que antecipavam o fim da segunda edição<br />
da SCM Conference. Muitas foram as empresas<br />
que partilharam experiências e conhecimentos<br />
no palco do auditório Jerónimo Martins, como<br />
Deloitte, NOS, TAP Air Portugal, Salsa, FNAC,<br />
HUUB, Frulact, Capgemini Portugal, SAP,<br />
Ernst &Young, Unilever, VW Autoeuropa e<br />
AuchanRetail.<br />
É NECESSÁRIO ALINHAR<br />
O SABER COM O EMPENHO,<br />
FORÇA DE VONTADE<br />
E NÃO CEDER À TENTAÇÃO<br />
DE DESISTIR
32<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
QUANDO MENOS É MAIS<br />
Através de um paralelismo entre os All Blacks,<br />
a Selecção Neozelandesa de rugby, e a postura<br />
que as organizações devem adoptar para<br />
obterem sucesso, José Costa Faria apostou<br />
numa abordagem diferente à liderança.<br />
Explicou que o trabalho da equipa é inspirado<br />
nos princípios da cultura Maori, a tribo<br />
da Nova Zelândia. O principal motivo de<br />
alcançarem 86% das vitórias, e 90% desde<br />
2012, é, só e apenas, devido à simplicidade<br />
que advém dos princípios da tribo, que passam,<br />
principalmente, pela força mental.<br />
José Costa Faria apontou 15 princípios de<br />
liderança sem os quais os All Blacks nunca<br />
teriam tido êxito, que passam pela melhoria<br />
contínua e constante aprendizagem, inclusão<br />
e colaboração, ambição, sacrifício, prática,<br />
entre outros. Mostrou que esta base assente<br />
no dia-a-dia da equipa de rugby, deve servir<br />
também para inspirar as empresas a repensarem<br />
o modo como actuam, de forma a obter sucesso<br />
e a simplicidade é um bom meio para isso. Por<br />
vezes, menos é mais.<br />
E porque a intenção era trazer inovação,<br />
interactividade e dinamismo à SCM Conference,<br />
o último painel do evento contou com<br />
a ajuda da audiência para decidir os temas<br />
a abordar. Nuno Amaral Bastos, Director de<br />
Logística do Grupo Os Mosqueteiros,<br />
Patrícia Roxo, Corporate Purchasing Manager
SCM Supply Chain Magazine 33<br />
da The Navigator Company e Ricardo Ribeiro,<br />
Logistics Leader da IKEA, ficaram nas mãos do<br />
público que, através de um sistema de votação<br />
em tempo real, optaram, em primeiro lugar,<br />
pelo tema ‘Gestão de talento/Engagement’,<br />
em segundo ‘Colaboração na Supply Chain’, de<br />
seguida ‘Agilidade’, e por fim, ‘Customer Service’.<br />
Os três oradores criaram um ambiente<br />
descontraído, onde puderam falar sobre o<br />
exemplo do sacrifício no meio de trabalho,<br />
e daquilo que temos de estar dispostos a<br />
fazer em direcção ao sucesso. Destacaram o<br />
reconhecimento das equipas de trabalho, que<br />
fazem tudo acontecer e de lutarem todos pelo<br />
objectivo comum, bem como do imediatismo e<br />
facilidade que movem os dias de hoje.<br />
JOSÉ COSTA FARIA<br />
APOSTOU NUMA<br />
ABORDAGEM DIFERENTE<br />
A adesão e colaboração por parte do público foi<br />
a chave de ouro a finalizar.<br />
Foram dois dias repletos de inovação,<br />
conhecimento e muito networking. A SCM<br />
Conference conseguiu superar-se. Alcançámos<br />
o nosso Everest, e agora iniciamos uma nova<br />
caminhada até conquistar o próximo: a SCM<br />
Conference 2020. •<br />
Food Service Logistics<br />
O seu parceiro de negócio<br />
HAVI.COM
34<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
Outsourcing<br />
A EXTERNALIZAÇÃO<br />
LOGÍSTICA<br />
É UM BOM NEGÓCIO<br />
Ricardo Sousa Costa<br />
[Administrador do Grupo Garland,<br />
responsável pela Garland Logística]<br />
A<br />
externalização logística, ou na<br />
terminologia mais disseminada no meio,<br />
o outsourcing logístico, é uma prática<br />
há longo tempo utilizada em Portugal<br />
pelas empresas multinacionais e de grande<br />
dimensão, mas que só mais recentemente<br />
se generalizou nas PME portuguesas. Estas<br />
tradicionalmente resistiam aos argumentos<br />
económicos que os operadores logísticos se<br />
esforçavam por demonstrar, baseando-se na<br />
cultura de proximidade e de pertença, em que<br />
julgavam haver perda de controlo no negócio<br />
por confiarem os bens que comercializavam<br />
a terceiros. Face ao aumento do nível de<br />
profissionalismo e sofisticação tecnológica<br />
que os operadores logísticos nacionais<br />
foram adquirindo no mercado, lentamente<br />
esta tendência foi-se atenuando, sendo<br />
atualmente já muito difícil encontrar empresas<br />
que resistam de forma consciente aos seus<br />
argumentos de venda.<br />
O racional é simples. Ao externalizar a sua<br />
atividade logística, a empresa poupa as energias<br />
e os recursos que gastaria ineficientemente em<br />
atividades em que não é especialista, e pode-se<br />
concentrar no seu Core Business, aumentado<br />
ainda assim a sua Competitividade, ao adquirir<br />
maior Flexibilidade e a Otimização das suas<br />
operações.<br />
Do ponto de vista financeiro, a externalização<br />
logística proporciona a substituição de custos<br />
fixos, fundamentalmente em armazéns e<br />
equipamentos, naturalmente dimensionados<br />
para os picos da atividade, por custos variáveis,
SCM Supply Chain Magazine 35<br />
em que só se pagam os serviços que se<br />
necessitam, assim como assegura a redução dos<br />
investimentos necessários à atividade e a própria<br />
redução dos custos logísticos, assegurada pelas<br />
sinergias que os operadores logísticos dispõem.<br />
Do ponto de vista operacional, os operadores<br />
logísticos garantem uma capacidade de<br />
resposta sempre adaptada às necessidades das<br />
empresas, assim como a disponibilização de uma<br />
performance logística em contínua evolução,<br />
fruto da experiência acumulada e dos níveis de<br />
especialização existente nos mesmos.<br />
Naturalmente que os operadores logísticos<br />
são empresas que têm fins lucrativos e portanto<br />
cobrarão sempre uma margem de negócio sobre<br />
os custos otimizados dos serviços que prestam,<br />
tipicamente de um dígito no mercado nacional,<br />
mas o racional de poupança para as empresas<br />
é claro. Nos picos de atividade, os recursos<br />
utilizados pelos operadores logísticos estarão<br />
próximos dos que as empresas dispunham e<br />
portanto não haverá grandes reduções de custo,<br />
mas quando a atividade decresce para níveis<br />
intermédios ou mais baixos, as poupanças são<br />
naturalmente significativas. Os operadores<br />
logísticos dispõem de múltiplas sinergias entre<br />
as atividades dos seus diversos clientes que<br />
permitem uma racionalização dos recursos<br />
utilizados, o que não acontece com uma<br />
empresa, e é desta forma que asseguram<br />
as suas rentabilidades.<br />
Este racional simples demonstra que a<br />
externalização logística é claramente uma<br />
prática win-win e portanto vantajosa para<br />
qualquer empresa de média e pequena<br />
dimensão. •<br />
FINANCEIRA<br />
OPERACIONAL<br />
FLEXIBILIDADE<br />
CUSTOS FIXOS<br />
VS. VARIÁVEIS<br />
MAIOR CAPACIDADE<br />
DE RESPOSTA<br />
OTIMIZAÇÃO<br />
REDUÇÃO DE CUSTOS<br />
E INVESTIMENTOS<br />
MELHOR PERFORMANCE<br />
LOGÍSTICA<br />
FOCO NO CORE BUSINESS<br />
MAIOR COMPETITIVIDADE<br />
“<br />
O RACIONAL É SIMPLES. AO EXTERNALIZAR A SUA ATIVIDADE LOGÍSTICA,<br />
A EMPRESA POUPA AS ENERGIAS E OS RECURSOS QUE GASTARIA INEFICIENTEMENTE<br />
EM ATIVIDADES EM QUE NÃO É ESPECIALISTA, E PODE-SE CONCENTRAR NO SEU CORE<br />
BUSINESS, AUMENTADO AINDA ASSIM A SUA COMPETIVIDADE, AO ADQUIRIR MAIOR<br />
FLEXIBILIDADE E A OTIMIZAÇÃO DAS SUAS OPERAÇÕES.<br />
”
36<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
PROCUREMENT<br />
Supply Chain<br />
Intelligence<br />
ANÁLISE ESTRATÉGICA<br />
DE RELAÇÕES COMPLEXAS<br />
O ambiente competitivo no qual tomamos decisões é a cada dia que<br />
passa mais desafiante, ou mais comumente chamado de VUCA, uma<br />
sigla militar usada para descrever ambientes de guerra ou guerrilha,<br />
onde impera a Volatilidade, (Uncertainty) Incerteza, Complexidade e<br />
Ambiguidade. Neste contexto, e com a necessidade evidente de reduzir<br />
a incerteza na tomada de decisão assim com garantir a performance das<br />
organizações, surge a Competitive Intelligence. Esta é a disciplina que<br />
desenvolve insights acionáveis sobre o ambiente competitivo com<br />
o objetivo de aumentar a performance das organizações.<br />
A<br />
cadeia de abastecimento, enquanto parte<br />
integrante deste ambiente competitivo,<br />
é obviamente e também VUCA. Volátil,<br />
pois, a sua estabilidade pode ser impactada<br />
por eventos que a disrupcionam a qualquer<br />
momento, exemplo de catástrofes naturais<br />
como uma tempestade ou a entrada em<br />
erupção de um vulcão. Incerta, pois, é cada<br />
vez mais difícil de prever quando é que estas<br />
ou outras disrupções ocorrem. Complexa, pois,<br />
é cada vez mais difícil ligar as causas e os<br />
resultados destas disrupções. Ambígua,<br />
pois, mesmo controlando a Ambiguidade,<br />
Incerteza e Complexidade, é extremamente<br />
difícil perceber a dimensão do impacto.<br />
Vejamos o exemplo dos posts no Facebook<br />
da Pepsi Suécia aquando das qualificações<br />
para o apuramento para o Mundial de<br />
Futebol, o que levou a uma quebra<br />
considerável das vendas da Pepsi em Portugal.<br />
Como é que a Cadeia de Abastecimento da<br />
Pepsi para Portugal poderia ter previsto isto,<br />
e mesmo que tivesse tido conhecimento dos<br />
posts, como é que poderia calcular o impacto<br />
nas vendas para adaptar o seu stock<br />
e fornecimento às lojas?
SCM Supply Chain Magazine 37<br />
SUPPLY CHAIN INTELLIGENCE<br />
COMO SOLUÇÃO DO SINGLE SOURCE PROCUREMENT<br />
A cadeia de abastecimento é muitas vezes<br />
um fator crítico de sucesso, um denominador<br />
comum necessário para competir, e por vezes<br />
uma vantagem competitiva, algo que cria valor<br />
de uma forma única e que distingue assim as<br />
organizações dos seus concorrentes perante<br />
os seus clientes. É assim crítico, desenvolver<br />
os insights acionáveis sobre a cadeia de<br />
abastecimento que permitem às organizações<br />
ter uma performance superior, e sustentar<br />
ou desenvolver a vantagem competitiva que<br />
detêm nesta área funcional. Estamos a falar de<br />
Supply Chain Intelligence.<br />
Um dos problemas que decorrem desta<br />
complexidade inerente ao ambiente competitivo,<br />
assim como à cadeia de abastecimento, é<br />
a questão do Single Source Procurement /<br />
Supplier, encontrando-se este, muitos níveis<br />
a montante dos fornecedores diretos. Este<br />
estrangulamento da Cadeia de Abastecimento<br />
num único fornecedor pode pôr em causa todo<br />
o negócio. Quando acontece alguns níveis a<br />
montante é difícil de identificar e de monitorizar.<br />
Sem um esforço processual contínuo,<br />
sistemático e conhecedor é quase impossível.<br />
Para resolver este e outro tipo de<br />
problemas, e mais concretamente para ajudar<br />
a desenvolver os insights acionáveis para<br />
aos nossos clientes, a ÜBERBRANDS conta<br />
agora com um novo parceiro tecnológico com<br />
a sensibilidade adequada a estes desafios.<br />
Estamos a falar do centro de investigação<br />
para análise de dados orientado ao negócio:<br />
KNOW-CENTER, Áustria.<br />
FIG. 1 _ Ferramenta de<br />
Supply Chain Intelligence:<br />
rede de suppliersTier-N<br />
reconstruída a partir de<br />
fontes de informação<br />
online abertas. Cores<br />
correspondem a diferentes<br />
grupos de empresas<br />
de acordo com Key<br />
Performance Indicators<br />
específicos (exemplo: Azul<br />
- empresas relacionadas<br />
com metal)
38<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
A SOLUÇÃO PARA GESTÃO DO RISCO DE SINGLE SOURCE SUPPLIERS<br />
O KNOW-CENTER desenvolveu um projeto em<br />
parceria com a empresa DCCS, para descobrir<br />
fornecedores ocultos e os seus respetivos<br />
relacionamentos complexos ao longo de<br />
toda a cadeia de fornecimento (aplicado<br />
especificamente aos dados de uma conhecida<br />
construtora de automóveis). Interrupções<br />
inesperadas têm um enorme impacto nas<br />
principais estratégias da cadeia de fornecedores.<br />
É muito difícil prever o impacto real dessas<br />
ruturas até que seja tarde demais. Pequenos<br />
fornecedores desconhecidos podem afetar em<br />
larga escala a entrega de um produto. É assim<br />
crucial monitorizar constantemente problemas<br />
com fornecedores diretos e indiretos.<br />
Uma nova ferramenta de inteligência visual foi<br />
desenvolvida pelo KNOW-CENTER para permitir<br />
que os diversos stakeholders de uma empresa<br />
analisem e discutam os<br />
múltiplos relacionamentos<br />
na cadeia de fornecimento.<br />
Este projeto seguiu várias<br />
etapas para conseguir uma<br />
reconstrução automatizada da<br />
rede de fornecedores de Tier-N<br />
a partir de uma lista inicial de<br />
fornecedores de Tier-1.<br />
A primeira etapa (Etapa 1)<br />
consistiu na criação de um processo de<br />
extração automática de dados para descobrir<br />
regularmente novas informações textuais e<br />
relacionamentos entre fornecedores. Este<br />
processo foi baseado apenas em fontes de<br />
informação abertas (websites específicos, blogs,<br />
newsgroups) e em discussões com o parceiro<br />
de projeto, a empresa DCCS. Na Etapa 2, estas<br />
novas informações foram analisadas usando<br />
algoritmos avançados de textmining para extrair<br />
e identificar quais os fornecedores relevantes.<br />
UTILIZANDO ESTE TIPO<br />
DE ANÁLISE, UMA REDE<br />
DE FORNECIMENTO<br />
EMERGIU<br />
AUTOMATICAMENTE.<br />
Na Etapa 3, foram aplicados algoritmos de<br />
análise de relacionamentos (network analysis)<br />
às informações anteriormente extraídas de<br />
forma a inferir qual o nível de relacionamento<br />
entre os fornecedores identificados<br />
automaticamente. Estas relações foram inferidas<br />
com base em KPIs específicos e discutidos<br />
durante o projeto (por exemplo, número de<br />
referências entre as empresas, tipo de referência,<br />
etc.). Utilizando este tipo de análise, uma rede<br />
de fornecimento emergiu automaticamente,<br />
revelando por exemplo insights adicionais<br />
acerca da força de ligação entre empresas, tipo<br />
de relações comerciais, produtos, descrições<br />
de serviços entre fornecedores, problemas.<br />
Na etapa final, uma ferramenta de visualização<br />
interativa foi criada para permitir a exploração<br />
e anotação de casos interessantes. Por<br />
exemplo, à medida que a<br />
rede evolui com o tempo,<br />
os relacionamentos e a<br />
tendência das mudanças<br />
podem ser rastreados e<br />
discutidos.<br />
Como resultado<br />
deste projeto, os vários<br />
stakeholders podem agora<br />
utilizar esta nova ferramenta<br />
de inteligência competitiva para identificar<br />
relacionamentos surpreendentes, os chamados,<br />
“u-boats”, isto é, empresas que, devido à sua<br />
importância e ponto único de conexão a outros<br />
fornecedores, afetariam negativamente a<br />
rede da cadeia de suprimentos caso ocorresse<br />
alguma interrupção inesperada no seu normal<br />
funcionamento. Após esta identificação, medidas<br />
corretivas podem ser tomadas para salvaguardar<br />
a possibilidade futura de interrupção na rede da<br />
cadeia de fornecimento. •
SCM Supply Chain Magazine 39<br />
Contexto<br />
Parceiros<br />
Perguntas<br />
Método<br />
Benefícios<br />
Sites Globais de Produção para a Indústria Automóvel<br />
DCCS GmbH e KNOW-CENTER GmbH<br />
> Como descobrir relações de fornecimento desconhecidas usando apenas fontes abertas<br />
de informação?<br />
> Como monitorizar alterações constantes nos relacionamentos entre fornecedores<br />
e manter a informação atualizada?<br />
> Qual o número de componentes que pode ser afetado por disrupções em fornecedores<br />
na cadeia de fornecimento?<br />
> Quais as prioridades e características entre fornecedores específicos?<br />
Extração e Análise Automática de Informação em Websites e Documentos<br />
> Deteção e Prevenção de Problemas na Cadeia de Fornecimento<br />
> Planeamento de Aquisições, e Monitorização da Demanda de Produção<br />
> Identificação Automática de Entidades de Fornecimento (Tier-N)<br />
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40<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
VORTAL<br />
COM OS OLHOS<br />
POSTOS NO FUTURO<br />
PROCUREMENT<br />
A empresa cresceu 12%<br />
e atingiu os 14 milhões<br />
de euros de receitas<br />
Estivemos com o novo CEO da Vortal.<br />
Embora haja um olhar sobre o caminho<br />
percorrido, a conversa com Miguel Sobral é<br />
feita sobretudo de futuro. O crescimento,<br />
as geografias em que actuam, os desafios<br />
que se apresentam às empresas públicas e<br />
privadas e as propostas de valor que a Vortal<br />
quer introduzir para continuar a aproximar<br />
a oferta e a procura na era digital, em que<br />
interoperabilidade é a palavra-chave. <strong>2019</strong><br />
vai ser um ano de novidades, como a nova<br />
plataforma, com lançamento agendado<br />
para o último trimestre.<br />
Conheça o senhor que se segue.<br />
C<br />
om a saída de Rui Dias Ferreira no final de<br />
2018 da administração, foi a Miguel Sobral,<br />
o então “n.º 2”, que coube a missão de<br />
assumir o comando da maior empresa nacional<br />
de contratação electrónica e uma das maiores<br />
a nível mundial. De novo, só talvez a maior<br />
responsabilidade, já que Miguel Sobral<br />
está na Vortal desde 2001 e conhece<br />
bem os cantos à casa.<br />
2018 foi um ano muito importante para a<br />
Vortal. “Consolidámos a nossa liderança em<br />
Espanha, que já representa o dobro das receitas<br />
que temos em Portugal no sector público”. Tendo<br />
em conta que o principal espaço de crescimento<br />
da Vortal é exactamente a internacionalização,<br />
percebe-se o ar visivelmente satisfeito de Miguel<br />
Sobral com os resultados de 2018. Para <strong>2019</strong>, as<br />
previsões são duplicar as receitas em Espanha,<br />
“portanto, no sector das entidades públicas, vai<br />
passar a ser para nós um mercado quatro vezes<br />
maior do que Portugal”, conta.<br />
A empresa cresceu 12%, atingiu os 14 milhões<br />
de euros de receitas. Aliás, o crescimento a<br />
dois dígitos já não é novidade, tem sido assim<br />
de há alguns anos a esta parte, até porque, de<br />
facto, o negócio principal da Vortal está fora do<br />
país. Em termos de geografias, “70% das nossas<br />
receitas são provenientes de fora de Portugal ,<br />
sobretudo países da Europa e América Latina.<br />
Além de Portugal, na Europa temos operações<br />
em Espanha e Alemanha; na América Latina<br />
são os governos da Colômbia, da República<br />
Dominicana e das Honduras os utilizadores da<br />
nossa tecnologia para a contratação pública, ao<br />
nível da administração central e local, a todos os<br />
níveis. Também temos uma operação no México<br />
mais orientada para o sector privado, através<br />
de um parceiro com quem trabalhamos e que<br />
nos tem ajudado a desenvolver ali o negócio”.<br />
Têm vindo a procurar crescer no sector público<br />
e também no privado, sobretudo na Europa e<br />
na América Latina. “Entregámos também um<br />
contrato para o Conselho da Europa, arrancámos<br />
com entidades privadas, sobretudo no sector do<br />
retalho em Itália”, acrescenta o n.º 1 da Vortal.
SCM Supply Chain Magazine 41<br />
No último trimestre<br />
de <strong>2019</strong>, a Vortal vai lançar<br />
a sua nova plataforma<br />
de contratação.<br />
A IMPORTÂNCIA DE FAZER DIFERENTE<br />
“Actuamos num contexto em que a contratação<br />
pública, hoje, já é obrigatória em toda a Europa<br />
e embora existam muitas empresas que prestam<br />
serviços de contratação pública electrónica,<br />
a maior parte opera apenas em cada um<br />
desses países. Isto tem sobretudo a ver com<br />
os diferentes contextos legais que acabam por<br />
impedir a utilização da mesma tecnologia”.<br />
E é aqui que a Vortal faz a diferença.<br />
“A plataforma da Vortal permite estar em<br />
vários países, com customizações diferentes,<br />
para responder a requisitos legais diferentes,<br />
mas utilizando uma única rede de empresas<br />
e entidades públicas, o que faz com que as<br />
entidades públicas tenham acesso a uma rede<br />
internacional de empresas muito mais vasta,<br />
o que abre às empresas concorrentes mais<br />
oportunidades de negócio, em vários países,<br />
a partir de um único interface”.<br />
E, portanto, a tecnológica tem estado a<br />
ter um papel muito activo neste campo. É com<br />
os olhos postos no futuro que Miguel Sobral
explica que “as entidades públicas têm assim<br />
acesso a um mercado muito mais vasto e<br />
conseguem, sobretudo, envolver muito mais<br />
empresas nos processos de contratação pública.<br />
Com isto aumenta a transparência, mas também<br />
se consegue dar mais oportunidades às PME,<br />
que muitas vezes não têm visibilidade sobre as<br />
oportunidades que existem no sector público.<br />
Acreditamos muito neste efeito de rede, um<br />
aspecto muito diferenciador da Vortal, pelo que<br />
temos estado muito focados nestas questões<br />
da interoperabilidade. E é um dos desafios que<br />
temos pela frente”.<br />
Para este ano, um outro desafio muito<br />
importante é seguramente a nova plataforma<br />
de contratação, que será lançada no último<br />
trimestre de <strong>2019</strong>. “A nova plataforma constitui<br />
uma aposta muito forte na usabilidade e na<br />
performance e faz uso de soluções muito<br />
inovadoras com base em inteligência artificial e<br />
em semântica”, avança Miguel Sobral.<br />
“Por um lado, queremos que a plataforma e as<br />
soluções da Vortal tenham uma simplicidade de<br />
utilização e uma usabilidade muito grandes e que<br />
sejam muito intuitivas.<br />
Por outro lado, é fundamental que sejam<br />
dotadas de conteúdos inteligentes e ajustados<br />
às necessidades de cada empresa para que o<br />
processo de consulta ao mercado, encontrar<br />
novos parceiros de negócio e as melhores<br />
propostas seja também ele muito simples e ágil”.<br />
COLABORAR, COLABORAR, COLABORAR<br />
Querem caminhar para uma lógica colaborativa,<br />
em que “quem está a fazer compras vai interagir<br />
com uma máquina que, de forma inteligente,<br />
lhe vai fazer chegar os melhores parceiros, as<br />
melhores propostas de negócio, os melhores<br />
preços, as melhores alternativas de produtos com<br />
base no perfil de compra daquela empresa, mas<br />
também com base na experiência colaborativa<br />
onde aquela empresa se insere”.<br />
Noutros termos, a ideia da Vortal é que quem<br />
está, por exemplo, a fazer a contratação da<br />
instalação de um ar condicionado ou de um<br />
serviço de limpeza, não faz muito sentido estar<br />
a pedir a essa empresa/pessoa que tenha que<br />
especificar algo que faz dezenas de vezes por
SCM Supply Chain Magazine 43<br />
dia, todos os dias do ano. O acesso a bibliotecas<br />
de templates de compras que lhes permitam<br />
de forma muito simples fazer consultas<br />
estruturadas ao mercado é a solução.<br />
Miguel Sobral lembra que “uma das primeiras<br />
regras-chave de quem quer comprar bem é<br />
especificar bem aquilo que quer, deixando<br />
os graus de liberdade necessários para<br />
que os fornecedores possam apresentar<br />
propostas alternativas. É muito neste sentido<br />
que queremos caminhar. Queremos que a<br />
plataforma e as soluções da Vortal tenham, por<br />
um lado, uma simplicidade de utilização muito<br />
grande, que sejam muito intuitivas e, por outro,<br />
que sejam dotadas de conteúdos inteligentes<br />
ajustados às necessidades de cada empresa<br />
para que o processo de consulta ao mercado<br />
seja simplificado e agilizado”.<br />
anuncio revista.pdf 1 26/06/<strong>2019</strong> 15:09:29<br />
É esperar pelo último trimestre de <strong>2019</strong><br />
para ver.<br />
Outro dos objectivos na mira de Miguel<br />
Sobral é fazer com que a tecnologia seja<br />
assimilada de forma natural pelas empresas<br />
“e que seja implementada pelo valor, pelos<br />
clientes, pelas vendas que gera. Em concreto,<br />
isso passa por soluções de facturação<br />
electrónica, por soluções de presença digital<br />
nas redes sociais, por CRM’s, por soluções<br />
de segurança... há um portefólio vasto que<br />
estamos a preparar para lançar no mercado,<br />
com recurso a parceiros, com isto aumentando<br />
muito a velocidade e a riqueza da nossa<br />
proposta de valor”.<br />
No fundo, levar mais serviços às empresas<br />
para que quem compra, compre bem e quem<br />
vende, venda mais. •<br />
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INOVAÇÃO E EFICIÊNCIA NA LOGÍSTICA<br />
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Administradores, Direcções Gerais,<br />
Direcções Financeiras, Responsáveis de<br />
Logística, Responsáveis de Stocks e<br />
Aprovisionamentos, Responsáveis de<br />
Compras de matérias primas,<br />
Responsáveis de Exportação,<br />
Responsáveis de Armazém,<br />
Responsáveis de Transporte.<br />
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www.supplychainmagazine.pt/textilogistica
INTRALOGÍSTICA<br />
Nova fábrica<br />
da Combilift
SCM Supply Chain Magazine<br />
45<br />
INOVAÇÃO<br />
“MADE IN IRLANDA”<br />
O cenário é Monaghan e, como manda a tradição irlandesa,<br />
a história tem coisas fantásticas e um certo toque de<br />
magia. As fadas e duendes foram substituídas por dois<br />
homens com um sonho e uma vontade inabalável, como<br />
são os empresários Martin McVicar e Robert in Mof fett.<br />
Há também campos verdejantes, arco-íris e, no final<br />
deste, o pote de ouro: a nova fábrica da Combilif t,<br />
um investimento de 50 milhões de euros, que vai continuar<br />
a levar a empresa irlandesa e os seus equipamentos<br />
costumizados aos quatro cantos do mundo.<br />
S<br />
ão 40 hectares de terreno, no condado<br />
irlandês de Monaghan, que acolhem esta<br />
nova fábrica de 46.500 m²<br />
e que conta com um moderno centro de<br />
Investigação & Desenvolvimento, zona para<br />
testes dos equipamentos, além de amplas<br />
instalações administrativas.<br />
20 anos depois de ter sido criada pela mão<br />
e pela vontade do seu CEO e do seu director<br />
técnico, a Combilift inaugurou a sua nova<br />
casa no dia 26 de Abril perante jornalistas do<br />
mundo inteiro e na presença dos revendedores<br />
que tem espalhados por mais de 85 países.<br />
A portuguesa Tima lá estava também,<br />
representada pela administradora da empresa<br />
e pelo seu director comercial.<br />
Não é exagero afirmar que o fabricante tem<br />
vindo a revolucionar a forma como empresas<br />
do mundo inteiro movimentam e armazenam<br />
materiais, especialmente cargas longas, de<br />
grandes dimensões e pouco convencionais,<br />
ou quando o espaço em armazém é limitado e<br />
exige soluções que se afastam do padrão.<br />
São especializados na produção de máquinas<br />
e equipamentos “taylor made” e o que os<br />
seus clientes têm em comum é apenas a<br />
compreensão de como um design inteligente<br />
pode fazer toda a diferença e maximizar a<br />
eficiência, a segurança, a operacionalidade e,<br />
por consequência, o lucro dos seus negócios.
46<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
Os 200 postos de trabalho, a serem criados<br />
nos próximos três anos, serão para técnicos<br />
qualificados, engenheiros de projecto,<br />
especialistas em logística e supply chain, bem<br />
como para profissionais com competências ao<br />
nível da engenharia mecânica e eléctrica. Hoje, a<br />
Combilift emprega 550 pessoas na produção das<br />
suas soluções para a movimentação de produtos<br />
e materiais.<br />
Martin McVicar, o CEO da companhia<br />
salientou que o investimento permitiria à<br />
Combilift cumprir os seus ambiciosos planos de<br />
crescimento: “Empregamos mais 230 pessoas<br />
desde que anunciámos em 2015 os nossos<br />
planos para esta fábrica que estamos agora<br />
a inaugurar e planeamos recrutar mais 200<br />
nos próximos três anos. É a combinação desta<br />
unidade de produção de última geração e uma<br />
força de trabalho qualificada e capacitada,<br />
que nos irá permitir duplicar a produção nos<br />
próximos cinco anos ”.<br />
PERSONALIZAÇÃO:<br />
A NOVA FRONTEIRA<br />
Martin McVicar, atribui o impressionante<br />
crescimento da empresa à customização em<br />
massa. “A Combilift estabeleceu o padrão de<br />
referência para a produção em massa de produtos<br />
inovadores e personalizados. Esta é, no nosso<br />
entender, a nova fronteira para o cliente e para o<br />
fabricante. Cada vez mais os clientes esperam que<br />
os produtos sejam adaptados para responder às<br />
suas reais necessidades”. É isso que esta empresa<br />
faz desde 1998.<br />
“A flexibilidade das nossas novas instalações<br />
significa que a Combilift pode continuar a receber<br />
e dar resposta a qualquer solicitação para o<br />
desenvolvimento de uma solução personalizada<br />
quando em causa está o manuseamento e<br />
movimentação de materiais ou produtos com<br />
exigências especiais”, disse McVicar.<br />
46.500 m 2<br />
Fábrica<br />
40<br />
Hectares<br />
Terreno<br />
Revendedores<br />
em<br />
85 países
SCM Supply Chain Magazine 47<br />
“A nova fábrica permite-nos duplicar<br />
a produção e permanecermos focados<br />
nas necessidades dos nossos clientes e<br />
revendedores. Hoje, somos muito mais do que<br />
um fabricante de empilhadores e equipamentos<br />
de movimentação. Estamos a transformar o<br />
sector de transporte e logística com as nossas<br />
soluções e propostas inovadoras. Os nossos<br />
engenheiros proactivamente projectam,<br />
planeiam e produzem soluções em colaboração<br />
com os nossos clientes, oferecendo-lhes uma<br />
análise de fluxos de materiais e animações em<br />
3D com as soluções ou futuras implantações,<br />
para que eles possam ter uma ideia o mais real<br />
possível do projecto”, esclareceu o CEO.<br />
FÁBRICA<br />
VERDE E SUSTENTÁVEL<br />
Com 46.500 m 2 , a unidade fabril de Monaghan<br />
foi construída em formato de “L” para optimizar<br />
toda a linha de desenvolvimento e montagem<br />
de equipamentos. Ambientalmente sustentável,<br />
as novas instalações apresentam uma cobertura<br />
onde 30% do telhado deixa entrar iluminação<br />
natural – quando é necessária luz artificial,<br />
sensores automatizados acionam 1.100<br />
lâmpadas LED, direccionadas para os postos<br />
de trabalho.<br />
Além da luz natural, a fábrica da Combilift<br />
está equipada com painéis solares capazes de<br />
gerar até 185 kW de energia e uma unidade de<br />
1 MW de biomassa a partir de madeira reciclada<br />
para aquecimento local e cabinas de pintura.<br />
O clima maioritariamente chuvoso do norte<br />
da Irlanda é igualmente utilizado em benefício<br />
da fábrica. O sistema de captação de água da<br />
chuva suporta até 110 mil litros de água para as<br />
mais diversas necessidades fabris.<br />
Todas as semanas, saem da unidade<br />
de Monaghan mais de 50 camiões com<br />
equipamentos e peças sobresselentes para<br />
85 mercados e concessionários em todo o mundo.<br />
A Combilift destaca ainda que a nova fábrica está<br />
classificada segundo os padrões de qualidade e<br />
segurança internacionais, nomeadamente com as<br />
normas ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001.<br />
A Combilift é, de facto, uma incrível história<br />
de sucesso de Monaghan. Quando a empresa<br />
foi fundada, há 20 anos, contava com três<br />
funcionários, um conceito arrojado - que<br />
posteriormente se revelaria brilhante - e a<br />
ambição de torná-lo realidade. Actualmente<br />
exporta 98 por cento dos seus produtos. O que<br />
começou como uma pequena operação focada<br />
em desenvolver soluções para um nicho de<br />
mercado é hoje uma reconhecida marca global<br />
com uma declarada e assumida paixão pela<br />
inovação. •<br />
SÃO ESPECIALIZADOS NA<br />
PRODUÇÃO DE MÁQUINAS<br />
E EQUIPAMENTOS “TAYLOR<br />
MADE” E O QUE OS SEUS<br />
CLIENTES TÊM EM COMUM<br />
É APENAS A COMPREENSÃO<br />
DE COMO UM DESIGN<br />
INTELIGENTE PODE FAZER<br />
TODA A DIFERENÇA E<br />
MAXIMIZAR A EFICIÊNCIA
48<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
INTRALOGÍSTICA<br />
Geração de armazéns<br />
Séc. XXI<br />
*<br />
Viagem realizada a convite da Mercadona Portugal.<br />
NO CORAÇÃO DA EFICIÊNCIA *<br />
Fomos conhecer o modelo de loja eficiente que o retalhista<br />
vai introduzir também deste lado da fronteira e, não<br />
menos importante, um dos motores indispensáveis ao<br />
funcionamento de toda a sua cadeia de abastecimento:<br />
o bloco logístico de Ciempozuelos, da geração Armazéns<br />
Séc. XXI, onde a eficiência está no centro de tudo.
SCM Supply Chain Magazine 49<br />
A<br />
loja Glorieta de Quevedo, fica no centro<br />
de Madrid, na praça Quevedo, numa zona<br />
habitacional maioritariamente constituída por<br />
estudantes e consumidores com poder de compra.<br />
Pertence à nova geração de lojas que a cadeia<br />
de retalho vai introduzir em Portugal e que é<br />
designada pela Mercadona como “loja eficiente”.<br />
É um supermercado de dois pisos, construído<br />
com corredores amplos e lineares onde<br />
abundam os produtos com as marcas próprias da<br />
cadeia de distribuição: Hacendado (alimentação),<br />
Deliplus (higiene e beleza), Bosque Verde<br />
(produtos de higiene para a casa) ou Compy<br />
(alimentação para animais de estimação).<br />
De acordo com André Silva, director de<br />
comunicação da Mercadona Portugal, que nos<br />
acompanhou na visita, no que diz respeito<br />
às marcas próprias vs. marcas de produtor,<br />
a penetração em loja é na ordem dos 50/50.<br />
Primeira particularidade: todos os produtos com<br />
as marcas da Mercadona têm a identificação do<br />
produtor. Segunda particularidade: os fornos de<br />
onde sai o pão para a padaria são da empresa<br />
portuguesa Ramalhos e estão em todas as lojas<br />
da Mercadona. Terceira particularidade: os pastéis<br />
de nata estão realmente a conquistar “nuestros<br />
hermanos”, pois a meio da manhã o expositor na<br />
zona de pastelaria já estava vazio.<br />
Lá encontrámos também os snacks<br />
portugueses de maçã desidratada, o Mateus Rosé,<br />
o Porto Cruz e seguramente que se o olhar tivesse<br />
sido mais demorado ainda iriamos encontrar mais<br />
alguns produtos lusos e outros já com informação<br />
na embalagem também em português é que, “em<br />
2018, a Mercadona comprou 88 milhões de euros<br />
a produtores portugueses”, conta André Silva.<br />
SILBARCELONA<br />
26-28 June <strong>2019</strong><br />
expo & congress<br />
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Leading Exhibition for Logistics, Transport, Intralogistics<br />
and Supply Chain in Southern Europe<br />
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OMNICHANNEL<br />
CYBERSECURITY<br />
COMMUNICATION<br />
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NEWSLETTERS<br />
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INVESTIGATIONINTRALOGISTICS<br />
WAREHOUSE<br />
INDUSTRY<br />
DIGITIZATION<br />
CONSTRUCTION<br />
DISTRIBUTION LAST MILE<br />
ON LINE AUTOMOBILE<br />
INNOVATION<br />
KNOWLEDGE PLATFORM<br />
SOUTH OF EUROPE<br />
MEDIA<br />
TRANSPORT<br />
TECHNOLOGIES EXHIBITION<br />
BEST<br />
BCN<br />
NETWORKING<br />
WEB<br />
MATERIAL HANDLING CITIES<br />
CHEMICAL<br />
MEDITERRANEAN<br />
BUSINESS SUPPLY CHAIN<br />
SPEAKERS TEXTILE STORAGE<br />
SHIPPING<br />
ENERGY<br />
STRATEGIES B2B<br />
EXPRESS<br />
PACKAGING TRENDS<br />
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VISIBILITY EVENTS<br />
STRATEGY<br />
COMPANIES<br />
STAND<br />
CONTACT<br />
LOGISTICS<br />
RETAIL<br />
CONSUMERS<br />
LATIN AMERICA<br />
HANDLING<br />
DEVELOPMENT<br />
SYSTEMS<br />
IT SOLUTIONS<br />
EXPLORE<br />
SUSTAINABLE<br />
HEALTH<br />
BUYERS<br />
FMCG<br />
NEWS<br />
ELECTRONICS<br />
PROGRAM<br />
STEEL<br />
WOOD<br />
EXPO<br />
FREIGHT<br />
OFFER<br />
INTERNATIONAL<br />
MACHINERY<br />
PHARMA<br />
CONTAINER<br />
BIG DATA<br />
CONSULTING<br />
OPERATIONS MOBILITY<br />
CONGRESS<br />
LIDER<br />
EXPERTS<br />
CEOs<br />
ON<br />
RETAILERS<br />
CARGO<br />
SOLUTIONS<br />
FOOD<br />
BLACK FRIDAY<br />
MEETINGS<br />
E-COMMERCE<br />
Organized by:<br />
International Trade Summit Barcelona<br />
Entity formed by:<br />
www.silbcn.com • sil@elconsorci.es • +34 93 263 81 50
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JULHO <strong>2019</strong><br />
2.600 ENTREGAS/MÊS<br />
O novo modelo de supermercado tem logo à<br />
entrada uma zona destinada às entregas ao<br />
domicílio e é também junto à porta que estão os<br />
sacos para quem pretende que as suas compras<br />
sejam entregues em casa. A loja de Glorieta de<br />
Quevedo é a que mais serviços faz ao domicílio:<br />
2.600 entregas por mês, como nos explicou<br />
a gerente da loja. “O serviço de entregas ao<br />
domicílio também vai estar disponível nos<br />
supermercados portugueses”, realça André Silva.<br />
As relações de boa vizinhança são apanágio da<br />
cadeia de retalho espanhola, que tudo faz para<br />
se inserir na comunidade em que vão nascer as<br />
lojas. Foi também assim na loja de Quevedo. O<br />
telhado desta loja, um jardim, constituído por<br />
plantas autóctones, veio substituir o antigo<br />
telhado de fibrocimento e as maquinarias, usuais<br />
e imprescindíveis neste tipo de instalação, estão<br />
em salas insonorizadas no interior do local. Por<br />
outro lado, estas coberturas verdes absorvem<br />
poluição, produzem oxigénio e são um excelente<br />
isolante térmico.<br />
Mas, como se consegue tanta eficiência e<br />
produtividade para proporcionar aquilo que<br />
o director de comunicação para Portugal da<br />
Mercadona designa como “um serviço de<br />
excelência às nossas lojas”?<br />
A resposta encontra-se a meia hora de carro<br />
de Madrid, em Ciempozuelos. É lá que fica<br />
localizado o Bloco Logístico Século XXI.<br />
Ao longo dos anos tem servido para aprender<br />
e continuar a aperfeiçoar os sistemas e<br />
melhorar o serviço ao cliente e a eficiência.<br />
São 100 mil metros quadrados construídos,<br />
com capacidade para recepcionar diariamente<br />
13 mil paletes e expedir 12 mil e abastece<br />
actualmente 272 lojas (Madrid, Norte de<br />
Castela-La Mancha e sul de Castela e Leão).<br />
A designação escolhida para aquele centro,<br />
“Bloco Logístico Século XXI”, não podia estar<br />
mais em consonância com toda a tecnologia<br />
que ali fomos encontrar.<br />
100.000 M 2 DE TECNOLOGIA<br />
Construído em 2006, o Bloco Logístico<br />
de Ciempozuelos foi a primeira plataforma<br />
totalmente automatizada da Mercadona<br />
e dotada na altura da mais moderna<br />
tecnologia.
SCM Supply Chain Magazine 51<br />
Tudo começou em 2004 quando a<br />
Mercadona comprou um terreno de 200 mil<br />
quadrados para construir um centro logístico<br />
convencional. A ideia de automatizar os<br />
processos surgiria apenas em 2005, após<br />
um trabalhador com alguma antiguidade na<br />
empresa dizer ao seu director que gostaria de<br />
envelhecer ali, embora a dureza de<br />
alguns processos no trabalho logístico não lhe<br />
permitissem acreditar muito nisso.<br />
O comentário chegou à administração da<br />
empresa e a sugestão foi considerada.<br />
Responsáveis da Mercadona viajaram até<br />
à Alemanha para aprender e ver como<br />
desenvolver um centro logístico totalmente<br />
automatizado.<br />
Actualmente, o centro logístico da<br />
Mercadona em Ciempozuelos tem mais de<br />
950 trabalhadores. Com a automatização dos<br />
processos, a ideia da Mercadona é diminuir<br />
a vertente mais dura do trabalho num centro<br />
logístico convencional. Há menos esforço<br />
físico, o trabalho é mais especializado e<br />
existe uma maior diversificação dos postos<br />
de trabalho. Quando num armazém logístico<br />
convencional a força de trabalho feminina<br />
situa-se nos 5%, no caso de Ciempozuelos<br />
esta cifra-se nos 37%.<br />
Um dos responsáveis do bloco logístico<br />
explica à comitiva portuguesa que o número<br />
de trabalhadores é menor do que num<br />
centro logístico convencional, embora não<br />
seja significativa, pois o que aconteceu foi<br />
“uma reconversão dos trabalhadores e uma<br />
maior especialização das funções”. Ou seja,<br />
num armazém com capacidade para 44 mil<br />
embalagens e para receber 800 por hora,<br />
muitos trabalhadores são especializados<br />
em mecânica e em electricidade, já que<br />
é fundamental assegurar o trabalho de<br />
manutenção.<br />
PUB MODULA
52<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
UM GIGANTESCO TETRIS<br />
Conhece o “Tetris”? Já jogou ou, pelo menos,<br />
conhece a mecânica do jogo? É que ver este<br />
centro logístico da Mercadona a funcionar<br />
assemelha-se em tudo a um gigantesco Tetris.<br />
Para darem entrada no armázem, todos<br />
os produtos têm que estar devidamente<br />
parametrizados no sistema. Se o processo<br />
falha, perde-se eficiência. Um dos<br />
responsáveis diz-nos que, desde que o centro<br />
abriu, “o processo de aprendizagem e<br />
melhoria tem sido uma constante”.<br />
Os trabalhadores que conduzem os<br />
empilhadores depositam as embalagens<br />
na recepção do armazém automático e<br />
seguidamente o sistema procede à leitura dos<br />
respectivos códigos de barras. No código de<br />
barras da embalagem consta a informação<br />
sobre o produto, o seu peso e a respectiva<br />
dimensão. Os nossos anfitriões salientam que,<br />
em alturas de pico de actividade, como o Natal<br />
ou a Páscoa, podem dar entrada na recepção<br />
do armazém automático qualquer coisa como<br />
nove mil embalagens.<br />
É no segundo piso do armazém que tem<br />
início a preparação dos pedidos que têm como<br />
destino as várias lojas da Mercadona através<br />
do processo de picking automático. Um<br />
elevador de gavetas leva os produtos até às<br />
prateleiras a uma velocidade entre oito<br />
e 12 metros por segundo.<br />
Na última fase do processo, o sistema<br />
calcula automaticamente como é que as<br />
embalagens vão ser organizadas e o sistema<br />
informático analisa os pedidos, os produtos<br />
prioritários, o seu peso, o seu formato...<br />
Terminada esta análise, a máquina dispõe<br />
automaticamente os produtos nas embalagens<br />
de transporte, tal como num jogo de Tetris,<br />
procurando alcançar o máximo de optimização<br />
e rentabilização do espaço, sem que isso<br />
comprometa, claro, o estado e integridade dos<br />
diferentes produtos. Em quanto tempo? 10 a<br />
13 minutos. Se o processo fosse convencional<br />
levaria perto de 45 minutos.<br />
No final, é também uma máquina que filma<br />
e envolve todas as embalagens. Depois de<br />
embalados e filmados todos os produtos é<br />
colocada em cada volume uma etiqueta onde<br />
consta o número da loja a que se destina, bem<br />
como informação sobre todos os produtos que<br />
ali são transportados.<br />
Depois de Ciempozuelos, foram já<br />
construídos centros logísticos em Villadongos<br />
(Leão), Riba-roja (Valência), Guadix<br />
(Granada), Abrera (Barcelona) e Vitória<br />
(Álava). Todos foram evoluindo em termos de<br />
técnica e inovação para ganhar eficiência e<br />
produtividade.
SCM Supply Chain Magazine 53<br />
OS NÚMEROS DA LOGÍSTICA<br />
15<br />
blocos logísticos<br />
4 em projecto e construção<br />
MERCADONA<br />
1.099.000 m 2<br />
superfície<br />
1.627<br />
supermercados<br />
no fecho do exercício em 2017<br />
3<br />
armazéns-satélite<br />
LOJA PORTUGUESA COM CERTEZA<br />
Um investimento de oito milhões de euros, 85<br />
trabalhadores, 1.800 metros quadrados de área<br />
de venda e 240 lugares de estacionamento. Estes<br />
são os números que contam a história da primeira<br />
das 10 lojas que a Mercadona tem projectadas<br />
para Portugal neste segundo semestre e que<br />
abriu ao público no dia 2 de <strong>Julho</strong>, no Canidelo,<br />
em Vila Nova de Gaia.<br />
Mas a ambição da Mercadona é atingir nos<br />
próximos anos 150 pontos de venda em Portugal.<br />
Certezas, para já, são os planos de abertura de<br />
10 lojas este ano, mais outras tantas em 2020<br />
e também o desenvolvimento de outro centro<br />
logístico perto de Lisboa, além daquele que já<br />
possui na Póvoa do Varzim. Um total de 100<br />
milhões de euros de investimento em <strong>2019</strong> e<br />
passar dos actuais 900 para 1.100 colaboradores<br />
até Dezembro. •
54<br />
TECNOLOGIAS<br />
Logística na Saúde<br />
4.0
SCM Supply Chain Magazine 55<br />
Ruben Loureiro<br />
[Mestre e Licenciado em Gestão. Doutorando em Gestão]<br />
Exerce funções de Gestão na área Logística.<br />
Professor Convidado em Gestão e Logística<br />
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL<br />
OU INTEGRAÇÃO?<br />
A 4.ª revolução industrial procura afetar todos<br />
os setores e pretende desafiar as áreas logísticas<br />
para uma digitalização e integração tecnológica<br />
de grande domínio. A saúde não é excepção.<br />
A<br />
ntes de partir para a indústria 4.0<br />
propriamente dita (ou no caso logística<br />
4.0), falemos sobre a inteligência artificial,<br />
um mito que chegou aos dias de hoje e nos tem<br />
acompanhado fortemente, com uma evolução<br />
favorável através da criação de algoritmos<br />
que, procura analisar os padrões de procura,<br />
as capacidades de resposta (e integração) às<br />
necessidades dos serviços – tudo isto porque<br />
existe uma capacidade artificial de raciocínio<br />
(simulando a capacidade humana) de perceber,<br />
resolver e elaborar soluções para os problemas.<br />
Esta inteligência artificial é cada vez mais<br />
necessária em “loja” para acompanhar os<br />
retalhistas no apoio à decisão e nas sugestões<br />
rápidas e eficazes aos seus clientes. Para além<br />
disso, há que considerar também, fruto de<br />
toda esta evolução, a utilização que é feita dos<br />
sistemas de informação nas várias indústrias e<br />
os benefícios que daí perduram.<br />
Procura-se assim com a Logística 4.0,<br />
encontrar os benefícios das tecnologias e da<br />
digitalização, associado a uma lógica ainda<br />
deficitária de infraestruturas e de espaços<br />
adequados e maximizando a cooperação entre<br />
áreas e organizações.<br />
LOGÍSTICA 4.0<br />
Com a revolução logística (associada à ultima<br />
revolução industrial) e porventura assente em<br />
princípios essencialmente tecnológicos, espera-<br />
-se uma alteração significativa da logística a todos<br />
os níveis, fundamentalmente com a redução dos<br />
custos operacionais e da diminuição de stocks.<br />
Não só através da inteligência artificial, mas<br />
com um novo modelo industrial, tornando-se<br />
rápido aceder a dados de consumo, produção<br />
e até mesmo aos padrões de consumo e<br />
algoritmos de vendas para o dia seguinte.
56<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
Ou seja, a empresa agora é integrada<br />
digitalmente e permite que os sistemas<br />
trabalhem em conjunto: daí pode-se modificar<br />
produtos, processos e modelos de negócio com<br />
um simples “click”.<br />
Afirmar que o apoio das tecnologias é o principal<br />
elo de ligação entre a Logística, a redução de<br />
custos e stock é cada vez uma realidade mais<br />
próxima, esperando-se uma melhoria significativa<br />
nas interações com os clientes (no tempo dessa<br />
informação e análise), uma diminuição de erro nas<br />
previsões de procura, mas também a otimização<br />
de recursos através de itinerários (dentro e fora<br />
dos armazéns). Com a flexibilidade da robótica e<br />
a sua interação com os humanos, a realidade da<br />
produção e da logística está a ser revolucionada.<br />
A combinação das capacidades humanas com<br />
o poder das máquinas ou os simples óculos<br />
inteligentes que permitem que o profissional<br />
tenha informação privilegiada num curto espaço<br />
de tempo e faça a sua rota de uma forma muito<br />
mais rápida, influenciará os custos operacionais<br />
e melhorará o nível de stock.<br />
INOVAÇÃO 4.0<br />
O desafio inovador das próximas décadas é<br />
preparar a informação para o gestor conseguir<br />
tomar melhores decisões, mais informadas e<br />
que garantam uma maior eficiência nas soluções<br />
conseguidas.<br />
Terá a revolução industrial um<br />
carácter de inovação?<br />
É importante reconhecer que maioria dos<br />
processos de inovação são relacionadas com<br />
tecnologias e digitalização da informação. Como<br />
já foi referido, a Indústria 4.0 surge através da<br />
alta informatização de processos e robotização<br />
em chão de fábrica.<br />
Mas será só essa a razão desta revolução?<br />
Analisando os dados do Pordata de 2005 a 2015<br />
(ilustração abaixo) referente a despesas de<br />
atividade de investigação e desenvolvimento nas<br />
Ciências Médicas e da Saúde e nas Ciências da<br />
Engenharia e Tecnologia, pode-se afirmar que o<br />
investimento tem tido um rápido crescimento,<br />
o que leva a garantir que nos últimos anos<br />
o desenvolvimento da tecnologia já se tem<br />
verificado aos vários níveis da indústria e dos<br />
serviços.<br />
Os investimentos mais notáveis têm sido<br />
na gestão de processos de trabalho, ou seja,<br />
melhorar a forma como as coisas são feitas, com<br />
vista à melhoria contínua nas metodologias de<br />
trabalho. Esta<br />
otimização<br />
já existente<br />
mostra<br />
vantagens<br />
a nível<br />
económico nas<br />
organizações<br />
e melhora a<br />
rápida resposta<br />
ao cliente, de<br />
“A redução de custos<br />
e stock é uma realidade<br />
cada vez mais próxima”<br />
forma mais ágil<br />
e acertada.
SCM Supply Chain Magazine 57<br />
REDES DE TRANSAÇÃO<br />
Depois de analisar os pontos anteriores, desde<br />
a Indústria 4.0 à influência da inovação, é<br />
importante refletir sobre os contributos que<br />
estas revoluções digitais têm para as redes e<br />
para os custos de transação. Ou seja, muitas das<br />
organizações já cooperam em rede com outras<br />
empresas (até com concorrentes), mas será que<br />
é suficiente para uma vantagem competitiva?<br />
Poderá as tecnologias da informação através do<br />
4.0 melhorar a transação entre parceiros?<br />
A realidade atualmente existente em todos<br />
os setores, está patente no tempo e custo da<br />
passagem de recursos entre as várias fases de<br />
produção: seja matéria prima; produtos acabados<br />
ou até mesmo a entrega ao nosso consumidor<br />
final.<br />
Mas não só, pois existe outro aspeto a<br />
reter onde não só as redes mas também a<br />
digitalização, muito influencia na melhoria<br />
dos custos de transação, que é “a informação”.<br />
Assim, a passagem da informação entre as várias<br />
fases, melhora consideravelmente aquando a<br />
implementação de tecnologias de informação<br />
na produção. Como já vimos, ao toque de um<br />
click podemos aceder a consumos num bloco<br />
operatório de um hospital ou até mesmo ao<br />
movimento de produtos em produção no nosso<br />
chão de fábrica.<br />
INTEGRAÇÃO 4.0<br />
O tema é suscetível a levantar algumas<br />
questões, como por exemplo, se estamos<br />
perante uma revolução industrial (ou neste<br />
caso logístico) ou se será uma integração de<br />
recursos, capacidades e processos?<br />
Como já foi apresentado, existe a capacidade<br />
“Ao toque de um<br />
click podemos aceder a consumos<br />
num bloco operatório de um hospital”<br />
Recursos<br />
Inovação<br />
Capacidades<br />
Tecnologia<br />
INDÚSTRIA<br />
4.0<br />
Integração<br />
Custos<br />
de<br />
Transação<br />
Redes<br />
de utilização dos sistemas de informação há<br />
vários anos. Contudo, agora adicionando outros<br />
fatores surge a revolução 4.0, mas será só uma<br />
fusão de conceitos integrados por sistemas de<br />
informação e melhor capacitação na utilização<br />
destes?<br />
Integração entre o mundo físico e o mundo<br />
digital será melhorada com esta relação,<br />
onde o principal desafio é integrar sistemas<br />
digitais com os problemas estruturais de<br />
algumas organizações, mas também conseguir<br />
responder a dificuldades de liderança<br />
das organizações. Agora com a dificuldade<br />
acrescida de liderar organizações em<br />
mudança e com a introdução intensiva<br />
de sistemas de informação e digitalização<br />
nos seus processos logísticos e produtivos.
58<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA NA SAÚDE 4.0<br />
Surge por fim a necessidade de enquadrar<br />
a Logística 4.0 na realidade da Saúde, ou<br />
neste caso nas estruturas Hospitalares.<br />
Talvez seja uma temática ainda muito<br />
sensível pois como já se compreendeu<br />
é uma abordagem que requer muito<br />
investimento, mas também grande alteração<br />
da cultura organizacional dos Hospitais,<br />
que são estruturas burocráticas complexas,<br />
mas que já mostraram viabilidade noutros<br />
projetos idênticos – apresentando interesse<br />
na melhoria contínua e no aproveitamento<br />
dos avanços tecnológicos.<br />
A Logística 4.0 na Saúde, será um desafio<br />
para as instituições e para os profissionais,<br />
mas será uma mais-valia na gestão diária<br />
dos Hospitais: um conceito de informação<br />
automática no consumo ou na previsão de<br />
consumo para emitir uma informação de<br />
compra ou uma atualização de stock num<br />
serviço através da digitalização, sem a<br />
necessidade de ajuda humana. A utilização<br />
de tecnologia RFID ou o desenvolvimento<br />
de robótica poderá contribuir nos Hospitais,<br />
através do apoio na preparação de picking<br />
e na gestão de armazéns.
Identificamos<br />
Melhorias<br />
CONCLUSÃO<br />
CROSS | Consultores em Logística •<br />
É certo Concebemos que o futuro passa pela otimização de<br />
recursos Soluções através de ferramentas digitais e de<br />
raciocínio artificial, diminuindo o tempo e o erro,<br />
maximizando os ganhos em saúde.<br />
Prateleiras automatizadas? Gestão de<br />
espaço? Operacionalizamos<br />
Óculos inteligentes com informação<br />
exata da localização do artigo? Ou utilização<br />
de Dornes no transporte entre hospitais e<br />
entre fornecedor – hospital? – por exemplo a<br />
fundação Champalimaud já anunciou a utilização<br />
de Drones para a diminuição do tempo de<br />
espera nas análises.<br />
Hoje em dia todas estas ferramentas já são uma<br />
realidade e começam a ganhar condições dentro<br />
das organizações para a sua implementação.<br />
CROSS Logistics Consulting, Lda<br />
Contudo a primeira noção é a reter é que<br />
SCM Supply Chain Magazine 59<br />
a 4ª Revolução Industrial surge na integração<br />
de várias ferramentas e capacidades que já<br />
existiam na realidade empresarial e industrial,<br />
mas com melhoramentos significativos.<br />
Assim, conjugar todas as ferramentas<br />
e integrar toda a informação através de clicks<br />
informáticos é avançar para um futuro digital<br />
e cada vez mais rápido e em algoritmos<br />
inteligentes.<br />
Não é só necessário as ferramentas digitais<br />
mas é ainda mais importante o gestor ter<br />
aptidões e competências para o futuro,<br />
liderando equipas de várias gerações e<br />
conseguindo incluir todas estas realidades<br />
virtuais na verdadeira logística, apoiando<br />
e empreendendo a necessidade destas<br />
ferramentas na vantagem competitiva e nas<br />
capacidades das organizações. •<br />
Identificamos<br />
Melhorias<br />
Concebemos<br />
Soluções<br />
Concebemos<br />
Soluções<br />
Operacionalizamos
60<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
TECNOLOGIAS<br />
Supply Chain Hub<br />
é a mais recente aposta<br />
da Generix<br />
“AS PESSOAS SÃO A ALMA DO NEGÓCIO”<br />
Na era digital, a afirmação pode soar estranha vinda do Country Manager de uma tecnológica.<br />
Mas Marc Defretin tem um genuíno orgulho na equipa que a Generix tem construído ao longo<br />
dos anos e no seu entender são as pessoas a peça-chave para que as soluções tecnológicas da<br />
Generix continuem a conquistar e fidelizar os seus clientes.<br />
E<br />
stabilidade é uma palavra inscrita no ADN<br />
da empresa, tanto em termos de clientes<br />
como de equipa. “Hoje temos uma equipa<br />
que tem muita experiência, o que é muito<br />
importante para os nossos clientes. E não só<br />
têm muita experiência como têm gosto em<br />
trabalhar na empresa. E é isso que também<br />
favorece o desempenho que temos tido ao<br />
longo dos anos”, começa por explicar Marc<br />
Defretin antes de falar sobre a solução que<br />
quer revolucionar o 4.0: a plataforma Supply<br />
Chain Hub.<br />
A Supply Chain Hub é a mais recente aposta da<br />
Generix para agregar num único local todos os<br />
seus clientes e soluções, de modo a simplificar<br />
o acesso às mesmas, e a disponibilizar todas<br />
as ferramentas de que o cliente necessite.<br />
“Juntámos todas as soluções que estavam<br />
isoladas numa única plataforma. O cliente<br />
escolhe dentro da panóplia de serviços que
SCM Supply Chain Magazine 61<br />
temos os que necessita e, como Software<br />
as a Service (SaS), paga em função do que<br />
utiliza, adaptando-se assim as soluções às<br />
exigências e dimensão que o cliente possa ter”,<br />
explica o n.º 1 da Generix em Portugal. E isto<br />
é aplicável tanto às grandes empresas como<br />
às PME. Ao disponibilizar todos os serviços e<br />
soluções da empresa, a tecnológica está a dar<br />
a oportunidade a todos os seus clientes de<br />
utilizarem outras ferramentas a que de outro<br />
modo não teriam acesso.<br />
“Todo e qualquer cliente novo é SaS, não<br />
temos mais licenças, e todos os novos clientes<br />
vão para essa nova plataforma Supply Chain<br />
Hub”. Agora o desafio está em convencer<br />
os clientes antigos a adoptar também este<br />
software.<br />
“<br />
OS CLIENTES ESTÃO A<br />
ADERIR, MAS TEMOS UMA<br />
BASE EXISTENTE QUE<br />
TEMOS QUE FAZER EVOLUIR<br />
PARA O NOVO MODELO.<br />
”<br />
O dirigente revela que agora “há que motivar<br />
os clientes a mudar”, e que os que faltam “são<br />
projectos que em muitos casos são gigantescos”,<br />
dando o exemplo de multinacionais que utilizam<br />
esta plataforma em diversos países e cuja<br />
migração envolverá centenas de armazéns.<br />
“O Carrefour não está em Portugal, mas em<br />
Espanha tem 10 armazéns, em França outros 20,<br />
no Brasil também são cerca de 20… Portanto,<br />
são uma centena de armazéns de grande<br />
dimensão, de grande exigência, é um trabalho<br />
de evolução e de migração da solução que é<br />
complexo”.<br />
A previsão é que até 2020 ou 2021 tenham<br />
todos os clientes na nova plataforma.<br />
Medir e controlar desempenhos<br />
Como grande vantagem desta nova plataforma,<br />
está a ser desenvolvido o sistema Data Lake,<br />
enquanto forma de análise comparativa de<br />
resultados entre clientes do mesmo sector que<br />
utilizam a solução. Ao conciliarem todos os<br />
envolvidos num só local, existe a possibilidade<br />
de analisar as práticas e as performances<br />
obtidas entre eles, e mesmo evolução da própria<br />
empresa. “O Data Lake é algo que só foi possível<br />
porque criámos esta solução colaborativa e vai<br />
ser uma proposta muito interessante para os<br />
clientes”, assegura Marc Defretin.<br />
Os dados gerados diariamente pelas operações<br />
da supply chain são determinantes para a<br />
compreensão das necessidades dos clientes,<br />
melhoria de desempenhos, optimização de<br />
processos e é exactamente essas possibilidades<br />
que com o apoio do Big Data a solução Generix<br />
Data Lake quer explorar nos próximos anos. •<br />
“O CLIENTE NÃO NOS<br />
ESTAVA A PEDIR UM DATA<br />
LAKE, NÃO NOS ESTAVA<br />
A PEDIR PARA<br />
COMPARARMOS A SUA<br />
PERFORMANCE COM A DO<br />
MERCADO, MAS É ISSO QUE<br />
ESTAMOS A TRAZER. VAMOS<br />
FORNECER-LHES MAIS<br />
SERVIÇOS, ALGUNS QUE ELES<br />
AINDA NEM<br />
ESTAVAM A PEDIR.”
62<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
INVESTIMENTO<br />
NA LOGÍSTICA<br />
CIMENTA<br />
OPERAÇÕES<br />
Inserida num sector tradicional<br />
da economia e em anos menos bons<br />
para a construção, a Sotecnisol soube<br />
modernizar-se, inovar e antecipar a<br />
mudança. Investir na agilização da<br />
sua cadeia de abastecimento tem-se<br />
revelado fundamental e um garante<br />
para o êxito das suas operações que,<br />
cá ou no estrangeiro, visam sempre<br />
o mesmo: a satisfação do cliente.<br />
TECNOLOGIAS<br />
Mais de 10 mil<br />
referências de produtos<br />
para gerir<br />
A<br />
Sotecnisol é um daqueles casos raros<br />
em que a logística e a gestão da supply<br />
chain estão há muito na agenda do ‘board’<br />
da empresa. “Temos um conjunto diverso de<br />
obras espalhado pelo país, mas também no<br />
estrangeiro. E, com excepção de Espanha, todos<br />
os materiais necessários à sua execução saem<br />
daqui, pois são abastecidas directamente por<br />
nós”, começa por explicar José Luís Castro, CEO<br />
da companhia, falando sobre a importância da<br />
logística na actividade da empresa.<br />
Tudo na actividade da Sotecnisol foi<br />
crescendo, “o que fez com que a nossa<br />
operação de logística fosse também crescendo,<br />
nomeadamente em termos de complexidade”.<br />
A tal ponto que têm em curso um levantamento<br />
de todos os processos e necessidades logísticas<br />
da empresa “por forma a planearmos uma<br />
mudança que nos permita duplicar a facturação<br />
em termos de distribuição de materiais”.<br />
É que, neste meio tempo, e com a<br />
digitalização a acontecer transversalmente<br />
na sociedade e na economia, a Sotecnisol não<br />
parou e foi pioneira na venda de material de<br />
construção online. Criaram o Obras 360º e com<br />
a entrada no segmento do comércio electrónico<br />
vieram também necessidades e exigências<br />
operacionais distintas. “Estamos a montar a<br />
plataforma logística que servirá de suporte a<br />
todas estas alterações que temos em curso, pois<br />
trata-se de uma operação com características<br />
marcadamente diferentes da que tínhamos<br />
anteriormente”, sublinha José Luís Castro.<br />
Como têm vindo a aumentar substancialmente<br />
o número de referências e o número de
SCM Supply Chain Magazine 63<br />
operações a realizar, foi fundamental muniremse<br />
de novas ferramentas e formas mais eficazes<br />
de o fazerem.<br />
Automatizar, integrar, simplificar<br />
Em termos de gestão de armazém e<br />
distribuição, a Sotecnisol opera com o Eye<br />
Peak, a ferramenta escolhida tendo em vista<br />
a optimização da gestão dos seus armazéns,<br />
sendo a implementação da Inovflow, Primavera<br />
Premium Partner.<br />
Enquanto ferramenta tecnológica, o Eye Peak<br />
tem permitido à Sotecnisol assegurar mais<br />
eficiência na organização e gestão do espaço<br />
em armazém, melhor planeamento das suas<br />
rotas, além de um controlo operacional de<br />
stocks e de volumes de materiais mais rigoroso.<br />
A Sotecnisol encontra-se em clara fase de<br />
expansão do seu negócio. Além de estar no<br />
mercado ibérico, esta multinacional portuguesa<br />
tem sólida presença em mercados como<br />
Angola, Moçambique, Argélia, países do Leste<br />
europeu, pelo que a adopção das correctas<br />
ferramentas de gestão tem sido determinante<br />
para a sua eficiência global.<br />
Visivelmente satisfeito, o CEO da Sotecnisol,<br />
esclarece que aquela implementação permitiu<br />
“automatizar e simplificar a organização<br />
da mercadoria nos nossos espaços de<br />
armazém, maior controlo das entradas,<br />
saídas e transferências de materiais através<br />
de informação em tempo real”. Vantagens?<br />
As que qualquer gestor ambiciona: um<br />
serviço de qualidade superior aos clientes e<br />
melhor desempenho por parte da equipa da<br />
Sotecnisol, além da vantagem adicional de se<br />
tratar de uma solução totalmente integrada,<br />
complementar ao negócio da empresa em toda<br />
a cadeia de valor.<br />
Actualmente a empresa trabalha com mais de<br />
10 mil referências de produtos e tem que gerir<br />
quatro armazéns em Portugal.<br />
O nosso interlocutor não esconde que para<br />
a Sotecnisol “o Eye Peak tem dado um suporte<br />
muito grande a toda a nossa actividade. Já<br />
temos o suporte tecnológico da Primavera<br />
há uns anos e o Eye Peak foi instalado há<br />
aproximadamente dois. A integração tem vindo<br />
a ser cada vez maior no sentido de melhorar a<br />
rapidez de operação e acompanhar a evolução<br />
das nossas diferentes necessidades”.<br />
No centro da mudança<br />
Em todas estas mudanças em curso na supply<br />
chain da Sotecnisol, há dois administradores<br />
directamente envolvidos. Um, tem a seu cargo<br />
acompanhar a implementação do Eye Peak;<br />
e o nosso interlocutor, José Luís Castro, que<br />
está responsável pela parte de reengenharia e<br />
reformulação de toda a cadeia de distribuição,<br />
acompanhando de perto todo o processo de<br />
consultoria em que se vão basear as mudanças<br />
que estão a introduzir nos seus processos e<br />
operações. É que, como nos explica, “estes<br />
processos de mudança, se não partem de cima<br />
e não são acompanhados pelas lideranças, a<br />
sua implementação é muito complicada. Quer<br />
se queira, quer não, a resistência à mudança<br />
existe sempre nas empresas. E, por isso, se<br />
não for apoiada, suportada, dinamizada e<br />
acompanhada pela administração, as coisas<br />
levam muito tempo a acontecer. O negócio<br />
da distribuição de materiais de construção<br />
em Portugal tem sofrido algumas mudanças e<br />
embora no segmento B2B ainda exista algum<br />
conservadorismo, acredito que vão registar-se<br />
mudanças importantes. E, por isso, não imagino<br />
outra forma de fazer as coisas acontecerem a<br />
não ser esta: estar envolvido e no centro da<br />
mudança”. •
64<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
TRANSPORTES<br />
LIVRES DE<br />
FÓSSEIS EXIGEM<br />
MUDANÇAS A<br />
ALTA VELOCIDADE<br />
Um sistema de transportes<br />
comerciais com zero emissões é<br />
viável até 2025, e gera poupanças<br />
na ordem dos 20% nos custos de<br />
operação, comparativamente ao<br />
business-as-usual. Mas, como revela<br />
um estudo da Scania, este objectivo<br />
exigirá mudanças a alta velocidade<br />
e um compromisso sério entre<br />
os sectores público e privado.<br />
Dos biocombustíveis, que<br />
proporcionam as maiores<br />
reduções das emissões de CO2,<br />
à electrificação, que é a opção mais<br />
económica, é esperado um mix<br />
de tecnologias – como as células<br />
de combustível e as eHighways –<br />
com potenciais aplicações.<br />
A<br />
lcançar um sistema de transporte<br />
comercial totalmente livre de combustíveis<br />
fósseis, dentro do prazo do Acordo de<br />
Paris sobre as alterações climáticas, não só<br />
é possível como também é financeiramente<br />
atractivo, de uma perspectiva empresarial.<br />
É esta a principal conclusão do “The Pathways<br />
Study: Achieving fossil-free commercial<br />
transport by 2050”, desenvolvido pela Scania,<br />
a partir de uma análise abrangente revista<br />
por um painel académico externo.<br />
O estudo, que traça o caminho para se atingir<br />
as zero emissões no sector dos transportes<br />
até 2050, revela, contudo, que este objectivo<br />
“exigirá mudanças a alta velocidade sem<br />
precedentes e um compromisso sério e conjunto<br />
entre os sectores público e privado”, como<br />
sublinha Henrik Henriksson, presidente<br />
e CEO da Scania.
SCM Supply Chain Magazine 65<br />
TRANSPORTE<br />
Estudo<br />
“Caminhos de Futuro<br />
para o Transporte”
66<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
ACELERAR A OPTIMIZAÇÃO DOS<br />
SISTEMAS DE TRANSPORTES<br />
O mundo precisa de ficar totalmente livre<br />
de combustíveis fósseis para que se limite<br />
o aquecimento global a 2°C, em linha com<br />
o previsto nos Objectivos de Desenvolvimento<br />
Sustentável (ODS) das Nações Unidas.<br />
E, depois da indústria energética, o sector<br />
dos transportes é a maior fonte das emissões<br />
globais de CO 2<br />
.<br />
Através de uma abordagem baseada num<br />
modelo de back-cast que integra 2050 diferentes<br />
cenários, a pesquisa da Scania, que abrange<br />
três segmentos de<br />
transporte - de longo<br />
curso, distribuição e<br />
autocarros urbanos, os<br />
quais são responsáveis<br />
por 90% das emissões<br />
-, em quatro países<br />
(Suécia, Alemanha,<br />
China e EUA), avalia<br />
quais serão os esforços<br />
e parcerias necessários, a vários níveis, para<br />
construir um ecossistema desta natureza,<br />
apontando as decisões que têm de ser tomadas,<br />
a nível de desenvolvimento tecnológico e de<br />
infra-estruturas, e as acções que o mercado terá<br />
de adoptar, bem como o impacto das mesmas e a<br />
velocidade a que devem concretizar-se, para que<br />
o sector cumpra as metas estabelecidas pelos<br />
ODS. Concluindo desde logo que a indústria tem<br />
de acelerar urgentemente a optimização dos<br />
sistemas de transportes.<br />
E se parece certo que existe viabilidade para<br />
desenvolver vários caminhos simultâneos para<br />
reduzir a emissão de CO 2<br />
nos transportes, a<br />
realidade é que a adopção generalizada das<br />
O FUTURO PASSA POR<br />
COMBINAR UMA LOGÍSTICA MAIS<br />
INTELIGENTE, MAIOR EFICIÊNCIA<br />
DOS VEÍCULOS E UMA APOSTA<br />
EM COMBUSTÍVEIS<br />
E COMPONENTES LIMPOS<br />
novas tecnologias pode demorar um longo<br />
período a concretizar-se, tendo em conta o tempo<br />
necessário para eliminar progressivamente o<br />
parque de veículos rolantes existente.<br />
Abandonar completamente os combustíveis<br />
fósseis até 2050 requer, por isso, mudanças em<br />
grande escala já em 2025, e não apenas no que<br />
diz respeito à utilização de novas tecnologias,<br />
mas também através de novas infra-estruturas<br />
e novos modelos de negócio, prevê o relatório<br />
realizado pela empresa que presta serviços e<br />
comercializa viaturas e equipamentos pesados<br />
em mais de 100 países.<br />
O documento alerta ainda que, atendendo a<br />
que a velocidade e nível de mudança exigidos<br />
são inéditos, a indústria<br />
transformadora de<br />
veículos pesados não<br />
pode trabalhar sozinha<br />
nesta transição, sendo<br />
imprescindível alocar<br />
recursos para viabilizar<br />
esta transição e<br />
estimular a cooperação<br />
com todos os sectores<br />
associados, incluindo a nível público.<br />
O estudo sublinha, entre outros dados, a<br />
necessidade de se atingir uma taxa média<br />
de crescimento global das novas tecnologias<br />
de geração de energia sem utilização de<br />
combustíveis fósseis de, pelo menos, cinco a dez<br />
pontos percentuais por ano, e de se alcançar<br />
uma penetração total de vendas até 2040.<br />
O desafio é enorme, mas, como acredita<br />
o presidente da Scania, é possível “alcançar<br />
uma redução de mais de 20% das emissões<br />
de CO 2<br />
, trabalhando de forma ainda mais<br />
inteligente nos sistemas de transporte<br />
actuais”, por exemplo, através de rotas<br />
melhoradas e de uma melhor gestão da carga.
SCM Supply Chain Magazine 67<br />
Paralelamente, “existem vários caminhos<br />
a seguir, considerando os combustíveis e<br />
os grupos propulsores, para um futuro sem<br />
combustíveis fósseis”.<br />
Se os biocombustíveis são o meio mais<br />
rápido para iniciar a transição e proporcionam<br />
as maiores reduções das emissões de CO 2 , a<br />
electrificação é a opção mais económica e, a<br />
longo prazo, os veículos eléctricos a bateria<br />
constituirão a maioria dos veículos pesados<br />
não fósseis. Outras tecnologias, como as<br />
células de combustível e as auto-estradas<br />
electrificadas (conhecidas como eHighways),<br />
têm potenciais utilizações que devem ser<br />
consideradas, já que poderão ser críticas para<br />
seleccionar geografias e aplicações.<br />
COMBUSTÍVEIS NÃO FÓSSEIS<br />
GERAM POUPANÇAS<br />
Para alcançar o almejado objectivo de tornar<br />
o sector dos transportes sustentável, “a<br />
mudança deve ocorrer a um ritmo raramente<br />
visto”, defende o “The Pathways Study”. E, para<br />
justificar esta afirmação, a Scania traçou, neste<br />
estudo, quatro cenários tecnológicos, a partir do<br />
seu potencial para contribuir para um sistema<br />
de transporte livre de combustíveis fósseis: o<br />
crescimento dos veículos eléctricos a bateria; o<br />
crescimento dos biocombustíveis; o crescimento<br />
dos veículos movidos a células de combustível;<br />
e um mix de tecnologias, no qual múltiplos
68<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
Abandonar os combustíveis<br />
fósseis requer mudanças<br />
na utilização de novas<br />
tecnologias, mas também<br />
em infra-estruturas e modelos<br />
de negócio<br />
componentes tecnológicos e infra-estruturas<br />
vão coexistir. Para cada um destes cenários<br />
foram calculados a potencial redução de gases<br />
com efeito de estufa e o custo total do sistema,<br />
incluindo todos os investimentos públicos e<br />
privados requeridos, a nível de tecnologia e<br />
infra-estruturas.<br />
A primeira grande conclusão da análise é<br />
que um sistema de transportes comerciais livre<br />
de fósseis é viável até 2025, e gera poupanças<br />
na ordem dos 20% nos custos de operação,<br />
comparativamente ao business-as-usual, através<br />
de uma combinação entre uma logística mais<br />
inteligente, uma maior eficiência dos veículos<br />
e uma aposta em combustíveis e componentes<br />
amigos do ambiente.<br />
Se os investimentos se iniciarem já, para além<br />
de contribuírem significativamente para salvar o<br />
planeta podem produzir poupanças assinaláveis,<br />
ao diminuir o custo global que a sociedade<br />
actualmente suporta com a construção,<br />
manutenção e operação de transportes<br />
comerciais. As potenciais poupanças diferem em<br />
função do sistema tecnológico adoptado, sendo<br />
que o mais económico – os veículos eléctricos<br />
a bateria – já produz poupanças e, até 2050,<br />
permitirá gastar menos 20% com o sistema de<br />
transportes.<br />
E esta é outra das principais conclusões<br />
do “The Pahtway study: Achieving fossil-free<br />
commercial transport by 2050”. A electrificação<br />
é uma das apostas ganhas, considerando que<br />
o aumento do número de veículos eléctricos a<br />
bateria constitui o caminho mais eficaz, rápido<br />
e económico em países com um potencial de<br />
infra-estruturas para fornecer sistemas de<br />
carregamento universal e energia não fóssil.<br />
A electrificação à escala total exigirá um<br />
investimento significativo em termos de infraestruturas<br />
em relação à situação actual (quatro<br />
ou cinco vezes maior) mas, em contrapartida,<br />
as despesas operacionais são 40% inferiores,<br />
quando comparadas com os veículos pesados a<br />
diesel. Para além de constituírem a opção mais<br />
barata, a longo prazo os veículos eléctricos a<br />
bateria serão os mais frequentes entre pesados<br />
não fósseis.<br />
Acresce que as estradas eléctricas para o<br />
transporte de longa distância podem acelerar<br />
a electrificação, especialmente na próxima<br />
década, uma vez que os custos das baterias<br />
devem manter-se elevados. De referir que a<br />
Scania tem vindo a destacar as vantagens de<br />
construir auto-estradas eléctricas em algumas<br />
das auto-estradas mais movimentadas, para o<br />
transporte de mercadorias, estando a participar<br />
em ensaios pioneiros na Suécia e na Alemanha<br />
(o país europeu onde o tráfego de mercadorias<br />
é mais intenso) que confirmam que a tecnologia<br />
é viável.
SCM Supply Chain Magazine 69
70<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
MELHORIAS A NÍVEL LOGÍSTICO<br />
PAGAM-SE A SI MESMAS<br />
Outra aposta são os biocombustíveis, cuja<br />
tecnologia e combustíveis já estão disponíveis.<br />
Sendo o meio mais rápido para iniciar a transição<br />
para os veículos 100% livres de emissões,<br />
serão inicialmente um caminho eficaz e viável,<br />
aproveitando a tecnologia tradicional do motor de<br />
combustão, conclui o estudo da Scania. Não sendo<br />
a opção mais barata, são eles que proporcionam<br />
as maiores reduções das emissões de CO 2<br />
.<br />
Com a máxima utilização possível da oferta do<br />
biocombustível disponível a nível global, os<br />
motores de combustão a biocombustível podem<br />
alimentar um quinto dos veículos em 2050,<br />
prevê-se.<br />
Entre as tecnologias alternativas que poderão<br />
ser combinadas, os veículos movidos a células de<br />
combustível têm também potencial para tornar o<br />
sistema de transportes mais sustentável.<br />
Mas, uma vez que serão mais caros, espera-se que<br />
o crescimento substancial desta solução seja mais<br />
remota do que a dos veículos eléctricos a bateria.<br />
Se o custo da tecnologia diminuir e o hidrogénio<br />
renovável estiver disponível em abundância a<br />
baixo custo, em 2050, a célula de combustível<br />
pode ter uma participação substancial na frota de<br />
veículos, antevê também o “The Pathway Study”.<br />
Finalmente, e independentemente das<br />
tecnologias aplicadas, a logística mais inteligente<br />
é a chave para o futuro dos transportes: as<br />
emissões de carbono podem ser reduzidas em<br />
mais de 20% investindo apenas na optimização<br />
dos sistemas e dos grupos propulsores, isto é,<br />
melhorando as rotas e a gestão da carga, por<br />
exemplo. As restantes emissões podem ser<br />
eliminadas com soluções alternativas a nível do<br />
grupo propulsor e dos combustíveis, conclui o<br />
documento.<br />
A análise calcula ainda que a maioria dos<br />
investimentos para melhorias a nível logístico e<br />
no sistema de transporte de veículos se pagam a<br />
si mesmos, o que torna provável a sua adopção<br />
de uma forma abrangente. Algumas regiões<br />
têm muitas oportunidades acessíveis para<br />
desenvolverem melhorias ao nível da eficiência na<br />
gestão da logística e na performance dos veículos.<br />
Mas em países como a China, por exemplo, a<br />
tendência generalizada para sobrecarregar no<br />
transporte de bens ou a insuficiência de recursos<br />
tecnológicos para identificar e partilhar dados que<br />
permitam a consolidação de carga condicionam os<br />
benefícios a lucrar com a eficiência.<br />
Embora o estudo tenha identificado diferenças<br />
para os próximos 15 anos entre os vários cenários<br />
possíveis para alcançar um sector mundial de<br />
transporte livre da utilização de combustíveis<br />
fósseis, até 2050, “os caminhos são relativamente<br />
semelhantes ao longo do tempo e nos diversos<br />
mercados”.<br />
E acima de tudo, independentemente do<br />
caminho, isto é, dos sistemas de transportes<br />
que serão impulsionados ou da coexistência de<br />
múltiplas tecnologias de grupos propulsores e<br />
infra-estruturas, o futuro irá exigir não apenas um<br />
grau de mudança tecnológica sem precedentes,<br />
mas também indústrias adjacentes para fazer a<br />
descarbonização. E uma velocidade nunca vista na<br />
modernização do sector.<br />
A prioridade, para já, é disponibilizar mecanismos<br />
de financiamento e compromissos firmes para o<br />
desenvolvimento da infra-estrutura tecnológica<br />
e de apoio em larga escala, ressalva a Scania. De<br />
um modo geral, é decisivo para o sucesso desta<br />
aposta por parte dos transportes que o sistema<br />
energético elimine, paralelamente, a dependência<br />
dos combustíveis fósseis. E que os compradores de<br />
transportes continuem a aumentar a exigência de<br />
serviços de fornecimento e entrega sem utilização<br />
de combustíveis fósseis.
SCM Supply Chain Magazine 71<br />
EMPRESAS UNIDAS PELAS ZERO EMISSÕES<br />
Com base nas recomendações do “The Pathways<br />
Study”, está a ser formada uma coligação de<br />
empresas com a ambição de acelerar a velocidade<br />
da mudança e liderar o processo de transição<br />
para as energias limpas.<br />
Assinalando um avanço em direcção ao<br />
consenso quanto à urgência da passagem<br />
para um sistema de transporte pesado sem<br />
combustíveis fósseis, o Fórum Scania do<br />
Transporte Sustentável, realizado no final de<br />
maio, em Estocolmo, serviu de palco ao anúncio<br />
de uma coligação entre a Scania, a H&M, a E.ON<br />
e a Siemens. As quatro partes uniram-se para<br />
acelerar a mudança nos sectores do transporte e<br />
da logística, do abastecimento de infra-estruturas,<br />
do fornecimento de energia e da venda a retalho.<br />
Outras empresas foram convidadas a juntar-se a<br />
esta coligação, que defende a necessidade de agir<br />
agora para cumprir o objectivo do Acordo de Paris<br />
de limitar o aquecimento global a um máximo<br />
de 2°C.<br />
Segundo a Scania, que há vários anos participa<br />
activamente no debate sobre o futuro do sector<br />
do Transporte, tanto as empresas da área como<br />
os seus clientes estão a considerar seriamente<br />
as alternativas disponíveis e futuras: “temos vindo<br />
a dizer que as empresas que, num futuro próximo,<br />
não abordem estas questões, serão deixadas para<br />
trás. Esta tomada de consciência está a começar<br />
a ganhar raízes”, considera a empresa. •
72<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
CARREIRA<br />
Curso de Gestão<br />
da Distribuição<br />
e da Logística<br />
20 ANOS<br />
DE APRENDIZAGEM LOGÍSTICA<br />
O curso de Gestão da Distribuição e da Logística no Instituto<br />
Politécnico de Setúbal foi pioneiro em Portugal. Estávamos<br />
no ano lectivo de 1997/98 quando arrancou o bacharelato<br />
que ambicionava dar uma resposta prática às necessidades<br />
logísticas das empresas. Como evoluiu o curso? O que<br />
mudou? Para onde caminha? Que balanço faz da opção<br />
tomada quem por lá passou? E o corpo docente? A resposta<br />
a estas e outras perguntas numa viagem retrospectiva a 20<br />
anos de ensino da logística no IPS.
SCM Supply Chain Magazine 73<br />
Foi no ano lectivo de 1997/1998 que foi criado<br />
o primeiro curso de Gestão da Distribuição<br />
e da Logística (GDL) do país, na Escola<br />
Superior de Ciências Empresariais do Instituto<br />
Politécnico de Setúbal (ESCE/IPS), como<br />
forma de responder à falta de oferta formativa<br />
nacional e às necessidades das empresas.<br />
Nos primeiros três anos, a adesão não fora<br />
a esperada: o desconhecimento da área e a<br />
falta de um histórico de empregabilidade do<br />
novo curso foram barreiras a ultrapassar, mas<br />
rapidamente a logística foi ganhando nome<br />
e em pouco mais de uma década todas as<br />
vagas do curso eram preenchidas no Concurso<br />
Nacional de Acesso.<br />
A APOSTA NUM CURSO<br />
DESCONHECIDO<br />
Pedro Dominguinhos, um dos impulsionadores<br />
do curso de logística, e actual presidente<br />
do IPS, conta que na altura procuravam<br />
complementar a oferta formativa da ESCE com<br />
“uma área inovadora, promissora e disruptiva”,<br />
e tentaram conhecer junto das empresas as<br />
suas necessidades, quer através de um estudo<br />
prospectivo feito nas empresas da região, quer<br />
através de conversas com as principais empresas<br />
nacionais da logística e do retalho, tendo o<br />
resultado sido validado pelo mercado.<br />
“Estes contactos deram-nos a garantia que<br />
estávamos na presença de um curso vencedor,<br />
que respondia aos desafios e necessidades do<br />
mercado e que possuía a flexibilidade necessária<br />
para responder à evolução natural dos dois<br />
sectores de actividade.”<br />
Quando poucos falavam de logística,<br />
o curso de Setúbal foi uma inovação que<br />
necessitou de uma grande promoção por parte<br />
do instituto, e embora as empresas tenham<br />
“ESTES CONTACTOS DERAM-NOS<br />
A GARANTIA QUE ESTÁVAMOS NA<br />
PRESENÇA DE UM CURSO VENCEDOR,<br />
QUE RESPONDIA AOS DESAFIOS<br />
E NECESSIDADES DO MERCADO<br />
E QUE POSSUÍA A FLEXIBILIDADE<br />
NECESSÁRIA PARA RESPONDER<br />
À EVOLUÇÃO NATURAL DOS DOIS<br />
SECTORES DE ACTIVIDADE.”<br />
Pedro Dominguinhos<br />
recebido a novidade com grande entusiasmo,<br />
era necessário apostar na sua promoção junto<br />
dos estudantes. Cristina Alves Luís, docente<br />
da ESCE, foi convidada a ingressar no terceiro<br />
ano do curso, e conta que muitos dos primeiros<br />
alunos escolheram o curso por terem familiares<br />
e amigos na área, e já tinham algumas noções<br />
das potencialidades da graduação. Destaca que<br />
também uma professora de secundário ajudou<br />
na divulgação junto dos seus alunos, através<br />
de visitas e acções de divulgação dos cursos da<br />
ESCE às escolas secundárias do concelho.<br />
Ao longo do tempo o curso foi ganhando<br />
destaque e importância a nível nacional, “até<br />
passarem a ser as empresas a procuraremnos<br />
para formação à medida, com os nossos<br />
docentes nas suas instalações e programas<br />
desenhados para necessidades específicas”,<br />
explica Cristina Alves Luís, acrescentando que<br />
também o passar da palavra entre estudantes<br />
e antigos estudantes junto de potenciais<br />
candidatos foi importante para a divulgação.<br />
“São já muitos os nossos diplomados que vêm<br />
buscar os finalistas porque sabem exactamente<br />
com que podem contar. Existe um trabalho<br />
muito estreito entre empresas e directores de
74<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
curso, em toda a fileira formativa de GDL, quer<br />
nos CTeSP’s, licenciaturas (diurna e pós-laboral)<br />
e mestrado, e estamos sempre abertos a novos<br />
desafios.”<br />
DA ACADEMIA À EMPRESA<br />
Entre os primeiros licenciados está Nuno Silva,<br />
que entrou logo em 1997. Diz que a escolha do<br />
curso, do qual pouco se ouvia falar na altura,<br />
foi resultado das informações mediáticas<br />
relacionadas com a Volkswagen Autoeuropa, e<br />
que despertou em si a motivação e curiosidade<br />
por uma licenciatura que lhe desse fácil acesso ao<br />
mercado de trabalho. Conta que os professores<br />
também lhes falavam das possibilidades que<br />
viriam a ter após a licenciatura, dada a grande<br />
procura por parte das empresas, e que isso se<br />
verificou, não só com ele, mas também com os<br />
restantes licenciados da altura: “quase todos,<br />
se não todos os meus colegas de curso ficaram<br />
‘bem’ colocados em empresas/organizações”.<br />
Actualmente, Nuno é Distribution Coordinator na<br />
Sociedade Central de Cervejas SA.<br />
“Tenho a felicidade, passados estes 20 anos, de<br />
ter tido a possibilidade de trabalhar sempre na<br />
minha área de formação/especialização (Logística<br />
e Distribuição) em diferentes contextos/<br />
realidades industriais.”<br />
Rui Monteiro foi colega de Nuno, e hoje,<br />
enquanto Manager of Demand Fulfilment and<br />
Outbound Logistics na The Rockport Company,<br />
recorda o seu percurso na logística como uma<br />
viagem de grandes aprendizagens, onde passou<br />
por áreas como Planeamento, Operações<br />
Logística, Transportes ou Procurement, em<br />
empresas nacionais e multinacionais, sempre com<br />
a perspectiva de crescimento.<br />
Conta que escolheu este curso após uma visita<br />
ao armazém de uma grande empresa, na qual<br />
o pai de um amigo era Director de Logística.<br />
Esse amigo soube do curso, informou-o, e Rui<br />
candidatou-se, tendo entrado em 1997. “Este<br />
curso teve uma característica que considerei<br />
extremamente importante, que foi a sua vertente<br />
teórica vs. prática”, comenta relativamente aos<br />
conhecimentos adquiridos ao longo do curso.<br />
Após o seu término, explica que começou o seu<br />
percurso através do estágio curricular, seguido<br />
de um estágio profissional num dos maiores<br />
operadores logísticos da Península Ibérica,<br />
tendo sido mais tarde convidado a ingressar nos<br />
quadros da empresa.<br />
“Sem dúvida que é uma área em que não existe<br />
monotonia e que também considero ser muito<br />
desgastante.”<br />
Flávio Guerreiro, o actual Country Manager da<br />
LPR, também foi dos primeiros a ingressar no<br />
curso, mas apenas um ano mais tarde, em 1998.<br />
Conta que o seu percurso logístico começou<br />
quando trabalhava como formador no maior<br />
McDonald’s da Europa, na Expo, num trabalho<br />
de Verão. Comentou com um dos directores<br />
europeus da cadeia sobre a sua indecisão na<br />
escolha de um curso superior, se gestão ou<br />
logística, e este recomendara-lhe a logística: “e<br />
foi aí que a aventura começou…”.<br />
Destaca que para além da importância dos<br />
conhecimentos adquiridos, os valores, o espírito<br />
crítico, a busca por soluções de melhoria<br />
e a vontade de aprender que lhes foram<br />
incutidos durante o curso foram cruciais para<br />
“<br />
TENHO A FELICIDADE, PASSADOS<br />
ESTES 20 ANOS, DE TER TIDO A<br />
POSSIBILIDADE DE TRABALHAR SEMPRE<br />
NA MINHA ÁREA DE FORMAÇÃO/<br />
ESPECIALIZAÇÃO (LOGÍSTICA E<br />
DISTRIBUIÇÃO) EM DIFERENTES<br />
CONTEXTOS/REALIDADES INDUSTRIAIS.<br />
Nuno Silva<br />
”
AUTORIDADE NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL<br />
SCM Supply Chain Magazine 75<br />
o crescimento profissional e a capacidade de<br />
acrescentar valor às empresas. “Acredito, que as<br />
universidades também têm esta responsabilidade<br />
de formar pessoas e transmitir valores que<br />
seguramente serão um factor crítico de sucesso,<br />
e simultaneamente diferenciador, num sector<br />
extremamente exigente e competitivo como a<br />
logística”, defende Flávio Guerreiro.<br />
“O facto de ser um curso novo e de fazer parte<br />
das primeiras ‘fornadas’ de licenciados, foi uma<br />
clara mais-valia, onde quase que podíamos<br />
escolher a entidade empregadora.”<br />
Para além do seu cargo na LPR, o responsável<br />
também é docente de GDL no IPS, transmitindo<br />
este conhecimento, valores e ideais que o<br />
marcaram ao longo da sua licenciatura às<br />
camadas mais jovens que agora iniciam o mesmo<br />
percurso que ele trilhou.<br />
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76<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
A GESTÃO DA DISTRIBUIÇÃO<br />
E DA LOGÍSTICA HOJE<br />
O presidente do IPS explica como o curso tem<br />
vindo a adaptar-se às necessidades e como tenta<br />
diferenciar-se das restantes ofertas que têm<br />
vindo a aparecer a nível nacional. Inicialmente<br />
criado como Bacharelato, tornou-se mais<br />
tarde uma licenciatura bi-etápica, depois uma<br />
licenciatura e, mais tarde, foi acrescentado<br />
um mestrado na área. Actualmente já tem<br />
uma oferta completa, tendo coberto toda<br />
a possibilidade formativa a leccionar num<br />
politécnico com a introdução de um Curso<br />
Técnico Superior Profissional (CTeSP).<br />
Pedro Dominguinhos destaca a componente<br />
prática do curso como elemento de<br />
diferenciação, e diz que tanto o estágio<br />
curricular obrigatório como a aposta em<br />
metodologias baseadas no saber fazer ou<br />
mesmo a possibilidade por optar por um horário<br />
nocturno são grandes vantagens didácticas que<br />
a escola proporciona tanto aos seus estudantes,<br />
como às empresas. “A oferta do curso em horário<br />
pós-laboral tem permitido que muitos activos<br />
possam completar a sua formação superior e,<br />
desta forma, evoluir profissionalmente”.<br />
Como reforço da aposta na vertente prática,<br />
a ESCE procurou inovar e criou o LogisticsLAB<br />
em Maio de 2016. Este espaço simula várias<br />
situações reais das operações logísticas nas<br />
organizações e permite o contacto com várias<br />
soluções tecnológicas, desde ERP e WMS a<br />
sistemas de picking. A criação do LogisticsLAB<br />
teve como ponto de partida, um desafio lançado<br />
pela software-house portuguesaTecnibite, que<br />
queria ter o seu sistema de gestão de armazéns<br />
disponível na escola para os estudantes<br />
aprenderem através dele. Com o tempo foram<br />
sendo criadas outras parcerias com empresas,<br />
sendo que hoje já são mais de duas dezenas de<br />
diversas áreas da logística.<br />
Tiago Pinho, docente, director do curso diurno<br />
de GDL e responsável do LogisticsLAB conta que<br />
no laboratório os estudantes têm à disposição<br />
um conjunto de soluções tecnológicas que lhes<br />
permitem ter na escola um contacto mais prático<br />
e simular situações reais. “No âmbito de aulas, os<br />
alunos interagem directamente com as soluções<br />
informáticas que lá estão, temos aulas abertas,<br />
onde vêm empresas fazer algumas palestras e<br />
apresentações, e temos projectos a decorrer,<br />
como o estágio, a utilizar os equipamentos de<br />
que o laboratório dispõe”, destaca o docente.<br />
Como principais vantagens, Tiago Pinho<br />
comenta que o resultado deste conceito “é um<br />
conjunto de competências adicionais que os<br />
alunos vão possuir, o facto de eles saberem já<br />
o que é um ambiente de WMS, que interacções<br />
fazem, que documentos são gerados, que<br />
operações são possíveis de fazer ou conhecer<br />
soluções de ERP”. Explica que mesmo que os<br />
estudantes não utilizem aquelas soluções na<br />
vida profissional, pelos menos já têm as bases<br />
e os conceitos essenciais para se adaptarem às<br />
diversas soluções existentes no mercado.<br />
“Pelo menos não partem do zero: conhecem os<br />
conceitos teóricos e conhecem também toda a<br />
vertente operacional das operações.”<br />
“O FACTO DE SER UM CURSO<br />
NOVO E DE FAZER PARTE DAS<br />
PRIMEIRAS ‘FORNADAS’<br />
DE LICENCIADOS, FOI UMA<br />
CLARA MAIS-VALIA, ONDE QUASE<br />
QUE PODÍAMOS ESCOLHER A<br />
ENTIDADE EMPREGADORA.”<br />
Flávio Guerreiro
F2<br />
/<br />
;<br />
,<br />
70 anos a inovar<br />
= ?<br />
‘<br />
command option<br />
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S<br />
C<br />
alt<br />
fn control option<br />
Celebramos 70 anos de desafios e conquistas.<br />
Muito obrigado aos nossos colaboradores,<br />
aos nossos parceiros e aos nossos clientes.<br />
Luís Simões somos todos nós!<br />
#70anosLS<br />
www.luis-simoes.com
78<br />
JULHO <strong>2019</strong><br />
Tal como anunciado na celebração dos 20 anos<br />
do curso, Pedro Dominguinhos admite que se<br />
encontram a trabalhar num novo mestrado nesta<br />
área: “esperamos que em Outubro possamos<br />
apresentar uma proposta que vá ao encontro das<br />
expectativas, quer dos profissionais, quer dos<br />
diplomados”.<br />
Recordando o progresso que se tem sentido<br />
ao longo destes 20 anos de curso, o presidente<br />
do IPS nota uma grande evolução, seja a nível<br />
de corpo docente, seja a nível do próprio<br />
curso e da adesão que tem tido. “A procura<br />
cresceu significativamente e as vagas têm sido<br />
preenchidas, quer por estudantes no Concurso<br />
Nacional de Acesso, quer por estudantes Maiores<br />
de 23 e detentores de um Curso Técnico Superior<br />
Profissional. A oferta formativa alargou-se,<br />
bem como a investigação realizada pelos<br />
docentes. De uma forma global, o curso<br />
tem sabido responder às diferentes partes<br />
interessadas”, conclui Pedro Dominguinhos. •<br />
“SÃO JÁ MUITOS OS NOSSOS DIPLOMADOS<br />
QUE VÊM BUSCAR OS FINALISTAS PORQUE<br />
SABEM EXACTAMENTE COM QUE PODEM<br />
CONTAR. EXISTE UM TRABALHO MUITO<br />
ESTREITO ENTRE EMPRESAS E DIRECTORES<br />
DE CURSO, EM TODA A FILEIRA FORMATIVA<br />
DE GDL, QUER NOS CTESP’S, LICENCIATURAS<br />
(DIURNA E PÓS-LABORAL) E MESTRADO,<br />
E ESTAMOS SEMPRE ABERTOS A NOVOS<br />
DESAFIOS.<br />
Cristina Alves Luís<br />
Rui Monteiro<br />
[Manager of Demand Fulfilment<br />
and Outbound Logistics –<br />
The Rockport Company]<br />
Nuno Silva<br />
[Distribution Coordinator–<br />
Sociedade Central de Cervejas SA]<br />
Flávio Guerreiro<br />
[Country Manager – LPR]<br />
Pedro Dominguinhos<br />
[Presidente do IPS]<br />
Cristina Alves Luís<br />
[Docente da ESCE]<br />
Tiago Pinho<br />
[Director do curso diurno de GDL<br />
e responsável do LogisticsLAB]