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SCMedia News | Revista | Julho & Agosto 2023

A revista dos profissionais de logística e supply chain.

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<strong>Julho</strong> - <strong>Agosto</strong> <strong>2023</strong><br />

4,60€<br />

Mensal<br />

OPERADORES<br />

LOGÍSTICOS NACIONAIS<br />

MISSÃO:<br />

SERVIR<br />

E CRIAR<br />

VALOR


SCM Supply Chain Magazine 3<br />

Dora Assis<br />

EDITORIAL<br />

MISSÃO: SERVIR E ACRESCENTAR VALOR<br />

“(...)Sê todo em cada coisa. Põe quanto és<br />

no mínimo que fazes.”<br />

Ricardo Reis<br />

Este número da SCM é especial. E é diferente.<br />

É especial porque assinala o nosso 4.º<br />

aniversário (sim, sim, as revistas também fazem<br />

anos) e é diferente porque é a primeira vez que<br />

nestes curtos (mas muito preenchidos!) quatro<br />

anos de revista dedicamos toda uma edição<br />

aos operadores logísticos.<br />

Elo imprescindível nas cadeias de<br />

abastecimento contemporâneas, os operadores<br />

logísticos, como toda a supply chain, têm<br />

vivido tempos desafiantes e, sobretudo,<br />

exigentes. É disso que falamos neste especial<br />

totalmente dedicado às empresas prestadoras<br />

de serviços logísticos, à sua atividade, ao valor<br />

que acrescentam ao mercado, mas também às<br />

suas necessidades e desafios, os atuais e os<br />

que ainda estão para vir.<br />

Dado o atual clima económico, os custos<br />

para os 3PL têm vindo a aumentar de<br />

forma generalizada, uma vez que a inflação<br />

continua a ser recorde e tem impacto em<br />

coisas fundamentais à atividade, como a<br />

energia e o combustível. Por outro lado, os<br />

operadores logísticos têm também que estar<br />

preparados para fazer face a uma “nova vaga”<br />

de concorrentes. Basta olhar para os novos<br />

serviços lançados pela gigante Amazon ou<br />

aqui no nosso retângulo a proposta B2B e<br />

B2C da retalhista Worten, que com o “Worten<br />

Fulfillment” surge com soluções logísticas para<br />

como é ponto de honra de qualquer operador<br />

logístico “levar os produtos, nas melhores<br />

condições e preço, ao seu destino”. Tudo isto<br />

com o consumo a retrair, como consequência<br />

da normalização pós-covid, mas também dos<br />

persistentes desafios macroeconómicos e das<br />

elevadas taxas de juro, que a todos afetam.<br />

Os dias tranquilos das cadeias de<br />

abastecimento continuam, pois, a ser uma<br />

miragem. Mas se o mundo mudou, a missão<br />

dos operadores logísticos, essa, continua a ser<br />

a de sempre: servir e acrescentar valor. E foi<br />

também por isso que decidimos assinalar desta<br />

forma o 4.º aniversário da revista da Supply<br />

Chain Magazine.<br />

É que, tal como os operadores logísticos,<br />

também nós desde o primeiro dia temos uma<br />

missão que se mantém incólume: servir e<br />

acrescentar valor a si, caro leitor, satisfazendo<br />

as suas necessidades de informação e<br />

atualização profissional. Suscitando a reflexão,<br />

ajudando-o a cimentar conhecimento e a<br />

formar opinião.<br />

Esperamos tê-lo conseguido em mais esta<br />

edição, pois foi um gosto pensá-la, coordená-la<br />

e partilhá-la agora consigo. Boas leituras!


4<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

ÍNDICE<br />

06<br />

28<br />

FACTOS & NÚMEROS<br />

EFICIÊNCIA DA LOGÍSTICA<br />

MANTÉM-SE CONSTANTE<br />

08<br />

IMOBILIÁRIO LOGÍSTICO<br />

ESPAÇOS PROCURAM-SE!<br />

32<br />

ENTREVISTA APOL<br />

À PROVA DE FUTURO<br />

18<br />

13 GRANDES DESAFIOS<br />

PARA OS OPERADORES<br />

LOGÍSTICOS<br />

36<br />

OPERADORES LOGÍSTICOS<br />

DE BRAÇO DADO<br />

COM A EFICIÊNCIA<br />

OPERADORES<br />

LOGÍSTICOS NACIONAIS<br />

MISSÃO: SERVIR<br />

E CRIAR VALOR


SCM Supply Chain Magazine 5<br />

66<br />

RANKING ARMSTRONG<br />

& ASSOCIATES 2022<br />

TOP 50 DOS 3PL<br />

72<br />

DIÁRIO DE BORDO<br />

CHARLES DARWIN E<br />

PANDEMIA: IMPLICAÇÕES<br />

LOGÍSTICAS<br />

74<br />

APLOG<br />

“TODA ESTA<br />

CAMINHADA REQUER<br />

BONS COMPANHEIROS<br />

DE VIAGEM”<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Sede editor, Administração e Redação_<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

Direção Geral_<br />

Filipe Barros<br />

Diretora_<br />

Dora Assis<br />

Redação_<br />

Ana Paiva, Bruna Manguito,<br />

Fábio Santos<br />

Projeto gráfico_<br />

Maria João Carvalho<br />

Design Gráfico & Paginação _<br />

PAR Design<br />

Sales manager_<br />

Samantha Casas<br />

Marketing Digital_<br />

Margarida de Vasconcelos<br />

Events Support_<br />

Katline Costa<br />

Impressão _<br />

VASP DPS<br />

MLP – Quinta do Grajal,<br />

Venda Seca<br />

2739-511 Agualva Cacém<br />

Tiragem _<br />

3 mil exemplares<br />

Propriedade_<br />

SC Media Unipessoal, Lda.<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

E: geral@supplychainmagazine.pt<br />

W: supplychainmagazine.pt<br />

Estatuto Editorial _<br />

www.supplychainmagazine.pt/estatuto-editorial/<br />

Capital Social_<br />

100,00€<br />

Participações sociais_<br />

Susana Silva<br />

Administração_<br />

Filipe Barros<br />

Registo na ERC n.º _<br />

127322<br />

Depósito Legal n.º _<br />

458604/19<br />

Os artigos assinados apenas veiculam<br />

a posição dos seus autores.<br />

Interdita a reprodução de textos e<br />

imagens sem autorização expressa.


6<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

FACTOS & NÚMEROS<br />

EFICIÊNCIA DA LOGÍSTICA<br />

MANTÉM-SE CONSTANTE<br />

A resiliência e a fiabilidade são cruciais na gestão logística. De acordo com o Índice de<br />

Desempenho Logístico de <strong>2023</strong> do Banco Mundial (LPI), o primeiro no pós-pandemia, no<br />

ranking dos 139 países analisados, Portugal ocupa a 40.ª posição.<br />

Este índice avalia várias dimensões do<br />

desempenho logístico, incluindo as infraestruturas,<br />

a gestão aduaneira e fronteiriça,<br />

a facilidade de organizar os envios, a qualidade<br />

dos serviços logísticos, o acompanhamento e a<br />

localização das mercadorias e a pontualidade das<br />

entregas.<br />

Os 12 países com melhor desempenho no<br />

LPI <strong>2023</strong> são nações de elevado rendimento.<br />

Singapura, com uma pontuação de 4,3, está<br />

no topo, uma posição que também ocupou em<br />

2007 e 2012. Oito dos 12 países com melhores<br />

resultados - Finlândia (4,2), Dinamarca, Países<br />

Baixos, Suíça (4,1), Áustria, Bélgica, Alemanha<br />

e Suécia (4,0) - são da Europa. O Canadá, os<br />

Emirados Árabes Unidos e a RAE de Hong Kong<br />

(China), também estão presentes. Portugal ocupa<br />

a 40.ª posição.<br />

No pólo oposto, os 10 países com pior<br />

desempenho estão espalhados por vários<br />

continentes e são principalmente países de<br />

rendimento médio-baixo. Ou têm economias<br />

frágeis, que são afetadas por conflitos armados,<br />

catástrofes naturais ou tumultos políticos, ou são<br />

nações sem litoral, que enfrentam dificuldades<br />

de ligação às cadeias de abastecimento<br />

internacionais devido à geografia ou a economias<br />

de escala. Embora as pontuações médias dos<br />

países com baixo desempenho tenham subido,<br />

a classificação de alguns manteve-se inalterada,<br />

sendo que os países que enfrentam graves<br />

limitações logísticas são muitas vezes os que<br />

revelam fraco desempenho logístico.<br />

Um bom desempenho em todas as seis<br />

componentes do IPL é o principal fator de um<br />

bom índice global de desempenho logístico.<br />

O subindicador da pontualidade ultrapassa os<br />

outros componentes, exceto no caso de alguns<br />

dos países com melhor desempenho, ao passo<br />

que o componente que mede o desempenho<br />

dos serviços aduaneiros e fronteiriços tem um<br />

desempenho inferior ao de todos os outros<br />

subindicadores. No entanto, há um declínio<br />

notável nas pontuações de pontualidade em<br />

termos absolutos, em resultado das perturbações<br />

na cadeia de abastecimento, que se fizeram sentir<br />

mais visivelmente nos atrasos dos envios.<br />

O comércio internacional é um importante<br />

motor do crescimento económico, e a logística<br />

a sua espinha dorsal, pelo que o índice é<br />

uma ferramenta importante para os países<br />

identificarem as suas áreas de melhoria. •


Uma logística integrada<br />

para um mundo interligado.<br />

Na DACHSER criamos soluções logísticas inteligentes<br />

para coordenar os seus fluxos globais de mercadorias e<br />

informação. Implementamos rotas de transporte integradas<br />

por terra, ar e mar, processos estandardizados e uma<br />

gestão da qualidade sem falhas, que contribuem para a<br />

otimização de toda a sua cadeia de abastecimento.<br />

dachser.pt


8<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

ENTREVISTA APOL<br />

À PROVA<br />

DE FUTURO<br />

Aumentar a<br />

representatividade e<br />

robustecer a imagem<br />

da APOL enquanto<br />

representante nacional dos<br />

operadores logísticos está<br />

entre as prioridades da atual<br />

direção da Associação dos<br />

Operadores Logísticos. Só<br />

assim pode falar a uma só<br />

voz e ser ouvida em aspetos<br />

fundamentais à atividade.<br />

Fortalecer as bases e criar<br />

um setor resiliente e à prova<br />

de futuro são duas das linhas<br />

mestras de atuação que<br />

ressaltam da entrevista<br />

com Vitor Figueiredo,<br />

o atual presidente.<br />

VITOR FIGUEIREDO<br />

PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA APOL


SCM Supply Chain Magazine 9<br />

Aconversa é longa e faz uma retrospetiva<br />

sobre o que têm sido os últimos<br />

anos para os prestadores de serviços<br />

de logística. Do rescaldo e marcas da<br />

pandemia à guerra na Ucrânia, passando<br />

pela explosão do comércio eletrónico e<br />

consequente alteração dos padrões de<br />

consumo, pela sustentabilidade, pela<br />

crescente digitalização e revolução<br />

tecnológica do setor e também pela falta de<br />

pessoas qualificadas estão entre os tópicos<br />

abordados. São muitos os desafios que os<br />

operadores logísticos têm pela frente, mas<br />

também as oportunidades. Especialmente se<br />

a APOL for representativa e o setor falar a<br />

uma só voz.<br />

SCM - A atual direção da APOL foi eleita<br />

para o triénio 2022-2024, num contexto<br />

particularmente desafiante para o setor: ainda<br />

muitas marcas da pandemia, conflito Rússia/<br />

Ucrânia, a inflação que se anunciava... Que linhas<br />

de ação definiram então, o que é que já fizeram<br />

e quais as próximas iniciativas a pôr em<br />

prática?<br />

> Vitor Figueiredo -<br />

Efetivamente a atual<br />

direção da APOL tomou<br />

posse com contexto<br />

especialmente<br />

desafiante de um<br />

ponto de vista social<br />

e económico, com<br />

especial impacto<br />

para o setor da<br />

logística em<br />

geral e para os<br />

operadores<br />

logísticos em<br />

particular.<br />

A própria<br />

associação<br />

estava a passar por um momento de transição<br />

que a tinha feito perder a visibilidade e o papel<br />

interventivo que a deveria caracterizar.<br />

No momento da tomada de posse foram<br />

definidas as principais linhas de atuação da<br />

Associação, com dimensões internas e externas.<br />

As medidas de caráter interno visavam<br />

sobretudo mudar a forma de funcionamento<br />

da própria APOL e pretendiam aumentar a<br />

sua visibilidade, quer para os associados, quer<br />

para o mercado em geral. Para isso criou-se<br />

um plano de comunicação que permitiu estar<br />

mais próximo dos associados e aumentar a<br />

relevância mediática dentro do setor. Passámos<br />

também a contactar diretamente operadores<br />

logísticos, que ainda não eram associados, com o<br />

objetivo de os sensibilizar para as vantagens de<br />

pertencer à Associação. Com isto conseguimos<br />

novos associados, invertendo uma tendência<br />

de perda de associados, aumentando, de<br />

maneira significativa, a representatividade e<br />

reconhecimento da APOL. Foram ainda feitas<br />

diversas sessões de esclarecimento técnico<br />

e legal e de networking com o objetivo de<br />

acrescentar valor aos nossos associados.<br />

De um ponto de vista externo, entendemos<br />

que APOL necessitava de ter um papel mais<br />

interventivo quer junto do poder político, quer<br />

também junto de outros players do setor. Em<br />

nosso entender, a dimensão externa é vital<br />

para a defesa de interesses dos associados.<br />

Neste ano e meio de mandato, reunimos com<br />

diversas secretarias de estado e colocámos<br />

vários assuntos e alertas na agenda do poder<br />

político. O objetivo é chamar a atenção para as<br />

necessidades do setor e influenciar as linhas<br />

mestras da futura legislação, em prol do setor.<br />

A APOL é hoje uma entidade altamente ativa<br />

e reconhecida e é cada vez mais consultada<br />

em assuntos de interesse para o setor.<br />

Adicionalmente, temos colaborado com outras


10<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

associações similares que nos permitem debater<br />

problemas e falar a uma só voz.<br />

Em síntese, diria que temos hoje em marcha<br />

muitas iniciativas que vão robustecer a imagem<br />

da APOL enquanto representante nacional dos<br />

operadores logísticos.<br />

Quais são atualmente os maiores<br />

constrangimentos com que se debatem as<br />

empresas do setor e os gestores?<br />

> O setor da logística está atualmente numa fase<br />

de forte transformação. Por um lado, existem<br />

fatores de mudança acelerada que afetam, de<br />

forma muito significativa, a forma como decorre<br />

a operação logística. Falo de alterações no perfil<br />

de consumo, quer pela omnicanalidade, quer pela<br />

dimensão média de encomenda e lead time de<br />

entrega, quer ainda pela dimensão e localização<br />

dos pontos de venda, que estão cada vez<br />

mais focados em proximidade e conveniência.<br />

Além disso, a população está cada vez mais<br />

concentrada em centros urbanos que têm vindo<br />

a transformar-se, mas cuja reconversão teima<br />

em esquecer a dimensão logística. Também a<br />

acelerada evolução tecnológica trouxe não só<br />

uma necessidade de investimento constante,<br />

para aumentar transparência e interatividade<br />

de processos, como também adicionou novos<br />

players que operam em quadros legais distintos<br />

que, por vezes acabam por distorcer as boas<br />

normas da concorrência e que o poder político<br />

vai permitindo, por tardar a regulamentar.<br />

Como se tudo isto não fosse suficiente,<br />

as várias convulsões ocorridas no mundo<br />

nos últimos anos como sejam a pandemia,<br />

a interrupção de inúmeras cadeias de<br />

abastecimento, a inflação generalizada, a guerra,<br />

a crise energética e a escassez de talento,<br />

resultaram em forte pressão para todas as<br />

empresas, entre as quais estão, claro, as que se<br />

dedicam a atividades logísticas.<br />

Atrevo-me a dizer que a cadeia de<br />

abastecimento, dentro da qual está a<br />

atividade logística, foi das mais afetadas pelos<br />

acontecimentos recentes. A mudança constante<br />

que decorreu a altíssima velocidade pôs à prova<br />

empresas e profissionais. Este é um processo que<br />

está longe de terminar. Isso leva-nos a pensar<br />

que a estabilidade será certamente a exceção<br />

nos próximos anos.<br />

Embora os operadores logísticos sejam<br />

atores fundamentais neste modelo económico<br />

de sociedade, são muitas vezes esquecidos, ou<br />

relegados para segundo plano, pelos poderes<br />

público e político. A APOL pode ter aqui um<br />

papel a desempenhar e contribuir para inverter o<br />

atual estado de coisas?<br />

> Até à pandemia, efetivamente, o setor<br />

da logística era um setor invisível, tanto<br />

para o público em geral como para o poder<br />

político. Depois de anos consecutivos de forte<br />

crescimento quer no comércio mundial, quer<br />

na moderna distribuição, a sociedade em geral<br />

não se apercebeu do papel preponderante<br />

que as empresas a operar neste setor tiveram<br />

nesse crescimento. De alguma maneira, os<br />

profissionais de logística e supply chain eram<br />

vistos por quem estava de fora quase como<br />

fiéis de armazém ou agentes de transporte, que<br />

pouco mais faziam do que processar e entregar<br />

encomendas. Podemos comprovar isso pelo<br />

pouco que o setor era ouvido pelo poder político,<br />

ou mesmo pela quantidade e duração das<br />

formações em assuntos específicos do setor. Nas<br />

últimas décadas, a logística era um setor a que se<br />

chegava quase que por acaso e onde se aprendia<br />

com quem já lá estava.<br />

O crescimento do comércio online, o<br />

surgimento de novos modelos de negócio e a<br />

pressão para o desenvolvimento do negócio<br />

de forma mais sustentável estavam a alterar<br />

este panorama. Contudo, a uma velocidade<br />

relativamente reduzida.


SCM Supply Chain Magazine 11<br />

A pandemia foi o grande ponto de viragem,<br />

que deu uma visibilidade nunca antes vista a<br />

este setor. A rapidez e a escala da paragem<br />

mundial fizeram temer o pior em termos de<br />

abastecimento, sobretudo bens de primeira<br />

necessidade. A resposta dos operadores em<br />

termos de capacidade, profissionalismo e<br />

resiliência, quer no primeiro embate, quer na<br />

capacidade de absorver todas as alterações aos<br />

padrões de consumo que já antes eram visíveis,<br />

mas que a pandemia acelerou, fizeram com<br />

que a sociedade passasse a valorizar, de forma<br />

significativa, o setor e os profissionais que nele<br />

trabalham.<br />

No que diz respeito ao poder político, a<br />

necessidade de criar políticas que promovam a<br />

sustentabilidade e transição energética, de uma<br />

forma esclarecida e prática, fizeram com que a<br />

disponibilidade para ouvir o setor crescesse de<br />

forma significativa.<br />

Desta forma, concordo que o passado nos<br />

mostra que o setor não era tão ouvido como<br />

merecia, mas seria injusto da minha parte<br />

considerar que esta não é uma realidade que<br />

está efetivamente a mudar.<br />

O associativismo em geral e a APOL em<br />

particular têm um papel fundamental nesta<br />

transição porque permitem que o setor fale a<br />

uma só voz e tenha poder de foco naquilo que<br />

é mais impactante. É missão da APOL ouvir os<br />

problemas que afetam os seus associados e<br />

traduzi-los numa mensagem comum, que seja<br />

facilmente entendível e que possa resultar em<br />

respostas a esses mesmos problemas.<br />

Como referiu, a logística e os operadores<br />

logísticos foram determinantes durante a<br />

pandemia e as suas capacidades testadas ao<br />

limite. Diria que há uma logística pré e pós<br />

COVID-19? O que é que os operadores logísticos<br />

aprenderam? O que é que mudou?<br />

> O papel de primeira linha no combate<br />

"TEMOS HOJE EM<br />

MARCHA MUITAS<br />

INICIATIVAS QUE<br />

VÃO ROBUSTECER<br />

A IMAGEM DA<br />

APOL ENQUANTO<br />

REPRESENTANTE<br />

NACIONAL DOS<br />

OPERADORES<br />

LOGÍSTICOS"<br />

à pandemia foi, justamente, atribuído aos<br />

profissionais de saúde. Contudo, numa segunda<br />

linha, foram claramente os profissionais de<br />

logística que fizeram com que as consequências<br />

da pandemia não fossem mais catastróficas para<br />

a sociedade.<br />

De alguma maneira, todas as tendências<br />

que foram visíveis durante a pandemia já eram<br />

tendências identificadas. Acreditamos que a<br />

pandemia não alterou de forma permanente a<br />

evolução dos hábitos e padrões de consumo,<br />

mas a velocidade a que tudo se passou e está a<br />

passar-se é realmente impressionante.<br />

Também foi nesse período que o comércio<br />

online explodiu em Portugal e algumas dessas<br />

mudanças nos hábitos de consumo ficaram. O<br />

que é que o online representa em termos de<br />

oportunidades de negócio para os operadores<br />

logísticos?<br />

> O comércio online vem alterar de forma<br />

significativa todo o processo de preparação e<br />

entrega de encomendas, ao ponto de colocar em<br />

causa toda uma infraestrutura que estava


12<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

"A MUDANÇA<br />

CONSTANTE<br />

QUE DECORREU<br />

A ALTÍSSIMA<br />

VELOCIDADE PÔS À<br />

PROVA EMPRESAS<br />

E PROFISSIONAIS.<br />

ESTE É UM PROCESSO<br />

QUE ESTÁ LONGE DE<br />

TERMINAR."


SCM Supply Chain Magazine 13<br />

criada em termos de armazém, sistemas, frotas,<br />

etc. É importante recordar que o comércio<br />

tradicional não desapareceu, nem se acredita<br />

que venha a desaparecer, pelo que a resposta<br />

ao comércio online implica não só reformular<br />

infraestruturas, mas sobretudo estendê-las<br />

para conseguir dar resposta a um tipo de venda<br />

que tem características muito próprias em<br />

termos de tamanho de encomenda, lead time e<br />

característica da entrega, mas que não substitui<br />

por completo a venda tradicional.<br />

Eu diria que qualquer cenário de mudança<br />

acelerada cria oportunidades. Acreditamos que<br />

os operadores que forem capazes de dar uma<br />

resposta cabal à omnicanalidade, e ter uma<br />

visão mais ampla da cadeia de abastecimento,<br />

terão capacidade para reagir e adaptar-se de<br />

forma mais ágil ao contexto de mudança que<br />

atravessamos. Além disso, é em cenários de<br />

preparação e entregas de encomendas de menor<br />

dimensão, porventura menos otimizadas, que o<br />

outsourcing logístico mais sentido faz, sobretudo<br />

por implicar partilha de recursos entre vários<br />

players e operações.<br />

Aliás, um dos efeitos mais significativos<br />

da pandemia foi a transformação de negócios<br />

B2B em B2C. O canal B2C não foi apenas uma<br />

resposta temporária, é mesmo uma tendência<br />

que se manteve e tem vindo a aumentar. É um<br />

desafio!<br />

> As necessidades dos canais B2B e B2C são<br />

muito diferentes. As principais diferenças são o<br />

tamanho do pedido, as horas de cut off e o lead<br />

time em geral e, claro, as características de quem<br />

recebe a encomenda. Estas diferenças alteram<br />

de forma muito significativa a forma como se<br />

organiza a entrega, a horas a que se entrega, a<br />

mancha onde se entrega e a frota que a suporta.<br />

Todos estes fatores colocam alta pressão sobre<br />

a eficiência da operação e a partilha de meios<br />

que lhe estão alocados. Ao perder otimização e<br />

eficiência, não é apenas a dimensão económica<br />

que fica em causa, mas também a pegada de<br />

carbono que está associada a cada encomenda.<br />

O comércio eletrónico levanta também outras<br />

questões de que se fala pouco e a que aludiu<br />

há pouco. Os operadores logísticos têm que<br />

preencher uma série de requisitos, condições e<br />

certificações para o exercício da sua atividade<br />

e na parte da distribuição e transporte cumprir<br />

regras claras e rigorosas, por exemplo ao nível da<br />

temperatura controlada, entre outras. Contudo,<br />

as cidades estão cheias de “motoristas” que<br />

de bicicleta ou mota, com uma mala às costas,<br />

transportam e entregam tudo e mais alguma<br />

coisa... Parece haver dois pesos e duas medidas,<br />

não? Como olham para esta realidade?<br />

> Efetivamente, existe forte regulação sobre<br />

todas as atividades efetuadas pelos operadores.<br />

Falamos de características de infraestrutura,<br />

evidências de rastreabilidade, certificações,<br />

horários de trabalho e condução, regras de<br />

acesso a zonas urbanas, entre tantas outras.<br />

Acreditamos que essa regulação é positiva e<br />

promove regras salutares de concorrência entre<br />

operadores.<br />

Contudo, as novas plataformas de entregas<br />

são muito recentes e operam em modelos que<br />

antes não estavam previstos. Isso faz com que<br />

as mesmas operem sem um normativo que as<br />

regule de forma rigorosa. Desta forma, existem<br />

operadores que trabalham com um mesmo fim,<br />

mas que estão regulados de forma distinta.<br />

Na nossa opinião, isso cria forte distúrbio<br />

à concorrência e merece atenção imediata<br />

do legislador não só para responder ao gap<br />

existente, mas também para fiscalizar e impor<br />

as regras que, entretanto, são criadas. É preciso<br />

também ter a noção de que este é um mercado<br />

em forte mutação e que a regulamentação criada<br />

precisa de ser flexível e ágil na adaptação aos<br />

novos modelos de negócio e novas práticas.


14<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

"A MUDANÇA<br />

CONSTANTE<br />

QUE DECORREU<br />

A ALTÍSSIMA<br />

VELOCIDADE<br />

PÔS À PROVA<br />

EMPRESAS<br />

E PROFISSIONAIS.<br />

ESTE É UM<br />

PROCESSO<br />

QUE ESTÁ LONGE<br />

DE TERMINAR."<br />

Todas estas mudanças de que já falámos<br />

suscitam um repensar a mobilidade e a logística<br />

das cidades, pelas novas necessidades e também<br />

por questões de sustentabilidade. Como é que<br />

a APOL olha para estes temas? Foram ouvidos<br />

sobre esta matéria? Pertencem a algum grupo de<br />

trabalho? Estamos, como noutros campos, a levar<br />

muito tempo a tomar decisões?<br />

> A sustentabilidade e a transição energética,<br />

as regras de mobilidade e acesso aos centros<br />

urbanos e a logística das cidades são temas<br />

muito pertinentes e em que estamos a trabalhar.<br />

Temos tido diversos contactos com as secretarias<br />

de Estado que tutelam estes assuntos.<br />

Felizmente, temos encontrado disponibilidade e<br />

interesse para ouvir a APOL. Existem já convites<br />

para participar em diversos grupos de trabalho<br />

e think tanks para dar resposta a estes temas.<br />

Destacamos o convite da senhora secretária<br />

de Estado da Energia e do Clima para que<br />

aportemos o nosso conhecimento à discussão<br />

sobre o Plano Nacional de Energia e Clima<br />

(PNEC) que decorrerá até junho de 2024.<br />

Os assuntos em causa são complexos e<br />

requerem muito conhecimento para poder<br />

repensá-los e criar legislação realmente<br />

consequente. Contudo, a urgência dos temas<br />

requer maior celeridade no processo de tomada<br />

de decisão.<br />

Além disso, na logística das cidades, pela sua<br />

importância e impacto, seria muito importante<br />

que o poder central e os municípios estivessem<br />

mais coordenados no que diz respeito a regras<br />

básicas de acessos aos centros urbanos.<br />

Atualmente, a informação é escassa, difusa<br />

e muito díspar. Todas estas situações geram<br />

fortes ineficiências nos processos de entregas,<br />

que hoje estão a ser totalmente absorvidas<br />

pelo mercado em geral e, consequentemente,<br />

também pelos operadores logísticos. Como<br />

exemplo dessa descordenação posso<br />

apontar o que aconteceu recentemente com<br />

a organização da JMJ, em que as regras de<br />

circulação nos municípios afetados apenas<br />

foram publicadas um par de semanas antes do<br />

evento.<br />

A crise sanitária teve o mérito de aproximar<br />

empresas, dando lugar a verdadeiras relações<br />

colaborativas, mesmo entre concorrentes. Foi<br />

uma coisa de momento ou pode até ser em<br />

muitas situações uma solução de futuro e com<br />

futuro?<br />

> A pandemia, a crise energética e a urgência<br />

na forma de trabalhar mais eco friendly têm<br />

levado a que empresas que teoricamente são<br />

concorrentes, venham a colaborar. Acreditamos<br />

nesta “coopetição” e tudo faremos para a poder<br />

incentivar. Percebemos, no entanto, que este<br />

é um processo que demora o seu tempo. Sem<br />

confiança não pode existir colaboração. O papel


SCM Supply Chain Magazine 15<br />

da APOL também é eliminar essas barreiras<br />

e criar espaços de discussão para gerar essa<br />

confiança. É por isso que queremos continuar<br />

a ampliar a nossa base de associados e gerar<br />

fóruns de discussão e partilha de experiências.<br />

Há uma revolução tecnológica imparável a<br />

acontecer, que não passa ao lado da logística<br />

e dos operadores logísticos. Drones, robôs,<br />

IA... paralelamente só se houve falar de falta<br />

de pessoas e de dificuldade de retenção de<br />

talentos. Como olha para estas questões e<br />

para a transformação em curso? Vamos poder<br />

continuar a dizer que são as pessoas que fazem a<br />

diferença?<br />

> Nos últimos anos, a logística foi provavelmente<br />

dos setores que mais tecnologia incorporou nos<br />

seus processos. Simultaneamente, foi também<br />

dos setores que mais empregos criou. Não fosse<br />

a crise de talento que estamos a atravessar e<br />

provavelmente ainda se teriam criados mais<br />

empregos.<br />

Efetivamente, estamos a entrar numa nova<br />

era em que a tecnologia terá capacidade para<br />

desempenhar praticamente todas as tarefas<br />

mais rotineiras. Contudo, também é preciso<br />

dizer que empresas e trabalhadores não vêem<br />

valor acrescentado em que tarefas rotineiras e<br />

repetitivas sejam efetuadas por humanos. Aliás,<br />

acreditamos que a crise de talento agravar-se-á<br />

e por isso é inevitável fazer um caminho de<br />

automação. Por outras palavras, acreditamos<br />

que é um desperdício de talento e um insulto<br />

à inteligência das nossas equipas continuar a<br />

pedir-lhes que desempenhem tarefas de pouco<br />

valor acrescentado e pouca complexidade que<br />

podem ser feitas por máquinas.<br />

FOR INTERNAL USE


16 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

Contudo, estamos longe de pensar que<br />

esta evolução eliminará o fator humano<br />

das empresas. Pelo contrário, acreditamos<br />

que as pessoas farão ainda mais diferença<br />

nas organizações. O facto da rotina ser<br />

desempenhada por máquinas, liberta tempo às<br />

pessoas para anteciparem tendências, fazerem<br />

um melhor acompanhamento das situações<br />

e, claro, reagir aos padrões mais atípicos que<br />

as máquinas ainda não tenham aprendido a<br />

fazer. Isso fará com que o trabalho seja mais<br />

motivante e desafiador. A tecnologia pode ser<br />

comprada, mas as equipas de pessoas são algo<br />

muito mais difícil de replicar. Desta forma, é<br />

nossa convicção que as pessoas continuarão<br />

a fazer a diferença. Apesar disso, as empresas<br />

e trabalhadores precisam também de ter a<br />

noção que este processo implica uma forte<br />

reconversão na forma como encaramos o<br />

trabalho e que sem flexibilidade de ambos os<br />

lados, não será possível tirar partido da enorme<br />

oportunidade que todos temos pela frente.<br />

Temos vindo a assistir a uma nova vaga<br />

de fusões, aquisições, tanto cá como lá fora,<br />

e no caso português até à entrada de novos<br />

players no mercado. Por outro lado, há cada vez<br />

mais transitários a alargarem a sua atividade<br />

e a prestarem maior número de serviços<br />

de logística. O setor ainda está longe da<br />

consolidação?<br />

> Acreditamos que o processo de consolidação<br />

na logística ainda não acabou, pelo que<br />

continuaremos a ouvir falar de fusões e<br />

aquisições. A principal razão são os inúmeros<br />

desafios que o setor tem vindo a enfrentar e a<br />

necessidade de ter massa crítica para enfrentar<br />

este tipo de fatores, que são cada vez mais<br />

abrangentes nas geografias e uniformes nos<br />

efeitos. Por outro lado, a resiliência com que<br />

o setor tem sabido responder aos desafios,<br />

atraiu a atenção dos investidores e aumentou a<br />

disponibilidade de capital para este setor.<br />

Também acreditamos que num setor em<br />

constante mutação podem surgir empresas<br />

com modelos de negócio altamente inovadores,<br />

capazes de se tornarem novos players de<br />

referência no mercado.<br />

No que diz respeito à evolução dos modelos<br />

de negócio dos transitários, achamos que faz<br />

cada vez mais sentido ter uma visão baseada<br />

nas cadeias de abastecimento como um todo e<br />

não apenas em pequenos blocos. É por isso com<br />

naturalidade que vemos determinados players a<br />

alargar o âmbito da sua atividade. Certamente<br />

do lado dos operadores isso também irá<br />

acontecer. Será o próprio mercado a valorar a<br />

forma como as empresas podem adaptar-se,<br />

dedicar recursos e meios e criar diferenciação<br />

em serviços que tradicionalmente não eram<br />

prestados por essas mesmas empresas.<br />

Ter mais representatividade e aumentar<br />

o número de associados é seguramente<br />

importante para a APOL, pelas razões que<br />

já apontou. Uma última mensagem para os<br />

operadores e para o mercado português seria…<br />

> De facto, uma associação de pouco serve se<br />

não tiver alta representatividade no seu campo<br />

de atuação. É por isso que vemos como uma das<br />

maiores prioridades angariar novos associados e<br />

colaborar com outras associações que partilhem<br />

os mesmos desafios e ambições.<br />

Como última mensagem desta entrevista<br />

gostava de reforçar o papel de o setor poder<br />

falar a uma só voz. Existe um espaço por<br />

preencher naquela que se pretende que seja<br />

uma intervenção que reivindique condições<br />

para continuar a desenvolver o seu trabalho<br />

de forma exímia, mas que também seja<br />

colaborativa e participativa na mudança do<br />

setor. É tempo de parar com os tradicionais<br />

queixumes e passar à ação. É esse o intuito da<br />

APOL. • VV


18<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

OPERADORES LOGÍSTICOS<br />

DE BRAÇO<br />

DADO COM<br />

A EFICIÊNCIA


SCM Supply Chain Magazine 19<br />

São tempos exigentes, estes, para os operadores logísticos. A<br />

necessidade de investimento em soluções e procedimentos<br />

mais sustentáveis, novas infraestruturas, a resposta às<br />

necessidades dos clientes, a revolução tecnológica em curso e a<br />

procura de soluções inovadoras que respondam eficazmente às<br />

exigências e urgências do mercado, são desafios permanentes<br />

para estas empresas. E, como se já fosse pouco, acrescente à<br />

equação o contexto de incerteza que se abateu sobre as cadeias<br />

de abastecimento e o cenário macroeconómico desfavorável.


20 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

Neste contexto de grande competição por<br />

clientes, mercados e recursos, a logística<br />

desempenha um papel crucial. Os “7<br />

certos da logística” dizem que dela se espera<br />

que consiga o produto certo, para o cliente<br />

certo, na quantidade certa, na condição<br />

certa, no lugar certo, no tempo certo e ao<br />

custo certo. Contudo, os clientes esperam<br />

sempre, isso sim, o melhor dos dois mundos:<br />

elevado nível de serviço com o menor custo<br />

possível. Portanto, a tendência mundial para<br />

o outsourcing na cadeia de abastecimento<br />

mantém-se elevada e é crescente o número<br />

de empresas a optar pelo outsourcing de<br />

serviços (3PL).<br />

3PL, 4PL e mais além<br />

Na génese, os operadores logísticos são<br />

empresas que desenham, planeiam e<br />

executam todas as funções associadas ao<br />

transporte, abastecimento e armazenagem,<br />

tanto de produtos como de recursos de uma<br />

empresa e também eles têm evoluído e<br />

acompanhado as necessidades e exigências<br />

do mercado.<br />

No caso dos 3PL, estamos a falar da<br />

subcontratação de toda a operação de<br />

armazenamento e distribuição, sendo que os<br />

operadores são responsáveis por organizar<br />

os produtos nos seus próprios espaços,<br />

preparar para entrega e realizar o despacho. A<br />

generalidade dos 3PL foca-se na estratégia da<br />

diferenciação, sendo que a oferta de serviços<br />

elenca várias soluções, desde os serviços<br />

básicos de transporte e armazenagem até à<br />

integração total da cadeia de abastecimento<br />

dos seus clientes.<br />

Já o 4PL, embora com características<br />

bastante semelhantes ao 3PL, os seus serviços<br />

são mais abrangentes e focados na gestão<br />

completa das operações, incluindo o contacto<br />

com os fornecedores. São responsáveis<br />

pelo processo de compra, armazenagem,<br />

organização e distribuição dos produtos. O


SCM Supply Chain Magazine 21<br />

4PL reúne, supervisiona e gere a combinação<br />

de armazéns, fornecedores de TI, gestão de<br />

processos de negócio, processos de qualidade,<br />

empresas de transporte, despachantes<br />

aduaneiros, outros fornecedores 3PL e vários<br />

outros intervenientes na cadeia. No fundo,<br />

é responsável pelo controlo de todos os<br />

recursos, capacidades e tecnologia da cadeia<br />

de abastecimento de uma organização.<br />

Um 5PL planeia, organiza e implementa as<br />

soluções logísticas de um cliente, retirando<br />

todos os elementos da gestão da cadeia de<br />

abastecimento das suas mãos. No fundo, o 5PL<br />

supervisionará toda e qualquer cadeia dentro<br />

de uma organização. Um parceiro 5PL tem três<br />

áreas-chaves de responsabilidade: entender<br />

os requisitos logísticos, planear os processos,<br />

executar e gerir toda a logística. Se houver<br />

algum problema, o parceiro 5PL é responsável<br />

por apagar rapidamente qualquer incêndio.<br />

Ainda basicamente teórico, o conceito<br />

6PL é uma solução de gestão da cadeia<br />

de abastecimento totalmente integrada e<br />

parcialmente automatizada, monitorizada e<br />

impulsionada por inteligência artificial (IA).<br />

Embora o conceito ainda seja muito teórico,<br />

é evidente que a aplicação da IA em toda a<br />

cadeia trará enormes avanços e benefícios.<br />

Por exemplo, um sistema de IA incorporado na<br />

supply chain pode monitorizar toda a cadeia<br />

de abastecimento, usando tendências, padrões<br />

de pedidos e modelos de previsão e enviar<br />

instruções proativamente a montante. Isto<br />

pode acionar automaticamente a produção


22 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

de mercadorias, enviar instruções para<br />

entregar o stock necessário ou até alertar para<br />

anomalias.<br />

A evolução tem sido constante no negócio<br />

destes “prestadores de serviços”, que se vão<br />

reinventando a cada dia e cujas atividades<br />

hoje vão muito para além do inicial e velhinho<br />

"agenciamento de cargas".<br />

Radiografia ao setor<br />

Mas como se caracteriza então o mercado<br />

nacional de prestação de serviços logísticos<br />

a terceiros? Em que setores atuam<br />

maioritariamente? Que tipo de serviços<br />

disponibilizam? O que privilegiam e necessitam<br />

em termos de infra-estruturas? A informação<br />

mais recente é de 2020 e foi recolhida por<br />

Ricardo Lavado, no âmbito da sua tese de<br />

mestrado, com o apoio da APOL e da Supply<br />

Chain Magazine. Embora entretanto tenham<br />

acontecido algumas movimentações e alguns<br />

dados possam estar desatualizados, em linhas<br />

gerais a espinha dorsal do setor não está muito<br />

diferente do retrato que se segue.<br />

Das 144 empresas que foram na altura<br />

consultadas, 39 responderam ao inquérito, ou<br />

seja, uma taxa de resposta de 27%, e de acordo<br />

com os critérios estabelecidos foram validadas<br />

28 respostas.<br />

Esta informação foi segmentada com base<br />

nos quatro tipos de operadores - Logística<br />

Contratual, Transporte, Organização do<br />

Transporte e Outras Atividades, de forma a<br />

facilitar a interpretação de áreas de atividade,


SCM Supply Chain Magazine 23<br />

uma vez que dentro da atividade dos<br />

Operadores Logísticos, as mesmas não são<br />

comparáveis entre si.<br />

Relativamente ao volume de negócios anual<br />

em Logística Contratual os dados recolhidos<br />

indicam que no segmento inferior a 1M€ estão<br />

12% das respostas, entre 1M€ e 5M€, 32% das<br />

respostas, no segmento entre 5M€ e 20M€ estão<br />

igualmente 32% das respostas. No segmento<br />

entre 20M€ e 50M€ estão 20% das respostas e<br />

no último segmento, acima de 50M€, estão 4%<br />

das respostas. De referir que 52% das empresas<br />

são constituídas por Capital Nacional e 48% por<br />

Capital Multinacional. 4% das respostas são de<br />

Grandes Empresas e 96% de PME.<br />

No que diz respeito à localização dos<br />

centros afetos à Logística Contratual, a<br />

grande maioria está na Área Metropolitana<br />

de Lisboa (57%), seguido da zona Norte (31%)<br />

e zona Centro (10%). As restantes zonas do<br />

país perfazem 2% dos centros de Logística<br />

Contratual, sendo de sublinhar que 69%<br />

dos operadores têm uma forte presença no<br />

retalho alimentar.<br />

Relativamente ao volume de faturação por<br />

ano, na área dos transportes, no segmento<br />

inferior a 1M€ estão 5% das respostas, entre<br />

1M€ e 5M€, 21% das respostas. No segmento<br />

entre 5M€ e 20M€ estão 26% das respostas,<br />

percentagem igual no segmento entre 20M€<br />

e 50M€. No último segmento, acima de 50M€,<br />

estão 21% das respostas.<br />

Dos Operadores Logísticos que responderam,<br />

73% do volume de faturação está acima dos<br />

5M€ de faturação por ano. Verifica-se que<br />

48% da frota é subcontratada, 44% Mista e<br />

7% própria. 50% das empresas indicam que a<br />

tipologia da frota é superior a 40 toneladas.<br />

Por setor de atividade, os dados apontam<br />

que 40% das empresas indicam que a principal<br />

atividade nos Transportes é dedicada à<br />

indústria Pharma & Personal Care. Sendo<br />

que 28% das respostas indicam o Retalho<br />

alimentar – Congelado ou frio negativo e 20%<br />

o Retalho alimentar – Não perecível.<br />

Em termos de localização geográfica,<br />

32% dos centros de operações dedicados<br />

ao transporte estão no Norte do País. Na<br />

zona centro encontram-se 25% e na Área<br />

Metropolitana de Lisboa, 23%. As restantes<br />

zonas do país perfazem 20% dos centros de<br />

Transporte.<br />

No grupo das “Outras atividades”, os<br />

resultados obtidos indicam que no segmento<br />

inferior a 1M€ estão 60% das respostas, entre<br />

1M€ e 5M€, 10% das respostas. No segmento<br />

entre 5M€ e 20M€ estão 20% das respostas.<br />

No segmento entre 20M€ e 50M€ não existem<br />

respostas e no último segmento, acima de<br />

50M€, estão 10%.<br />

Capacidade instalada<br />

Em termos de infraestruturas, os dados<br />

recolhidos indicam que 56% da capacidade<br />

instalada para a operação logística, em<br />

temperatura ambiente se situa até aos<br />

20 mil m2 e 69% da capacidade instalada para<br />

frio positivo se situa até aos 10 mil m2 e 64%<br />

da capacidade instalada para frio negativo<br />

se situa até aos 10 mil m2. Vale a pena<br />

acrescentar também que 26% das empresas<br />

indicam uma capacidade instalada superior a<br />

50 mil paletes.<br />

Em termos de origem dos clientes, nos<br />

operadores logísticos que responderam ao<br />

inquérito verifica-se que 73% dos clientes são<br />

internacionais, dos quais 27% são externos à<br />

União Europeia. Quando se analisa a dimensão<br />

das empresas clientes, verifica-se que 60%<br />

são PME portuguesas e que as restantes se<br />

encontram divididas entre 25% pertencentes à<br />

UE e 14% externas à UE.


24<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

Serviços à medida<br />

Os operadores presentes na amostra (28<br />

empresas) 82% têm serviço de Armazenagem,<br />

75% têm serviço de Transporte, 68% possui<br />

serviço de Customer Service, 68% faz Gestão<br />

de Stocks, 64% disponibiliza a componente<br />

da Logística Inversa, 64% oferece serviço<br />

de Picking, 54% está apto para o processo<br />

de Etiquetagem, 54% possuí Tecnologias de<br />

informação como ferramenta de integração de<br />

sistemas, 50% assegura a Gestão Alfandegária,<br />

46% oferece processo de Assembling,<br />

46% disponibiliza processo de Packing e<br />

Re-Packing, 43% disponibiliza processo<br />

de Embalamento, 36% entrega Soluções<br />

para e-commerce, 29% oferece solução de<br />

Order2Cash e 29% disponibiliza serviço de<br />

Kitting.<br />

Verifica-se que 65% das empresas indicam<br />

que possuem como indicador-chave de<br />

desempenho (KPI), 83% de encomendas<br />

entregues a tempo ao cliente, 83% indicam<br />

medir a % de Encomendas processadas<br />

sem erros, 78% indicam medir a % das<br />

respostas a reclamações em tempo, 59% a %<br />

de encomendas processadas em tempo, no<br />

armazém e 44% a % faturas de serviços sem<br />

erros.<br />

Pode-se concluir que 83% das empresas<br />

mencionam que utilizam um sistema de<br />

gestão de armazém (WMS) próprio e que 26%<br />

utilizam o sistema de informação do cliente.<br />

Adicionalmente, pode-se verificar que 57%<br />

das empresas indicam possuir um sistema de<br />

gestão de transportes próprio (TMS) e 17%<br />

utilizam o TMS do cliente. 9% das empresas<br />

utilizam outros sistemas.<br />

De realçar também que 67% das empresas<br />

indicam optar por dar total visibilidade<br />

relativamente ao processo de Track & Trace<br />

aos seus clientes. No entanto, 33% das<br />

empresas opta por disponibilizar apenas<br />

visibilidade relativamente ao T&T de<br />

Transporte e 29% proporciona visibilidade<br />

parcial dos seus processos internos aos seus<br />

clientes.<br />

Em termos de certificações, 46% das<br />

empresas indicam possuir certificação


+12<br />

+12.000m2<br />

TRANSPORTE<br />

TERRESTRE<br />

TRANSPORTE<br />

AÉREO<br />

TRANSPORTE<br />

MARÍTIMO<br />

SERVIÇOS<br />

ADUANEIROS<br />

LOGÍSTICA<br />

www


26<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

ISO 9001; 21% possuem certificação ISO<br />

14001 e 10% apresentam a certificação IFS<br />

Logistic. Adicionalmente, é possível verificar<br />

que 8% têm certificação ISO 45001, referente<br />

à gestão da higiene e segurança no trabalho;<br />

5% são Operador Logístico de Serviços Bio; 5%<br />

são BRC Storage & Distribution, Certificação<br />

Global de Segurança Alimentar; 3% possuem a<br />

certificação ISO 28000 e 3% a certificação<br />

ISO 22000.<br />

A cibersegurança tem estado na ordem do<br />

dia e no caso dos inquiridos, 81% indica que<br />

o responsável pela proteção de dados é um<br />

elemento interno da empresa, por oposição<br />

a 19% das empresas que subcontratam este<br />

serviço.<br />

Em termos de ferramentas tecnológicas para<br />

comunicação e troca de informações, 91% das<br />

empresas indicam o E-mail, o EDI e os ficheiros<br />

XML como ferramenta tecnológica utilizada<br />

para a troca de informação. Além destas<br />

soluções, 32% indicam utilizar outros tipos de<br />

tecnologias para a troca de informação. 100%<br />

das empresas indicam possuir Firewall, 95%<br />

possuem Backups e ferramentas antimalware/<br />

antivírus, 58% registam Eventlogs, 68%<br />

possuem serviços Cloud, 42% utilizam<br />

software certificado ISO 27001, 26% têm as<br />

portas USB desativadas para evitar pens e<br />

outros tipos de Software e Hardware. Ainda<br />

neste âmbito, 95% mencionam a existência de<br />

políticas de segurança e passwords seguras<br />

nas suas empresas e 81% das empresas<br />

proporcionam formação especifica.<br />

Que papel para o ESG?<br />

Pode-se constatar que 74% das empresas têm<br />

implementadas medidas de responsabilidade


SCM Supply Chain Magazine 27<br />

ambiental e social. Em relação às medidas<br />

de responsabilidade ambiental, verifica-se<br />

que 100% das empresas possui iluminação<br />

LED, 65% das empresas possui equipamentos<br />

de movimentação em armazém 100%<br />

elétricos, 47% das empresas possui cálculo e<br />

monitorização regular da pegada de carbono<br />

produzida assim como a instalação de painéis<br />

fotovoltaicos, 53% das empresas possui<br />

iluminação inteligente, 24% das empresas<br />

possui frota com viaturas elétricas e 6% das<br />

empresas tem instalação de unidades de<br />

cogeração.<br />

Do ponto de vista da responsabilidade<br />

social, verifica-se que 80% das empresas<br />

confirma a existência de política e<br />

mecanismos de compliance, assim como, a<br />

existência de política de recrutamento de<br />

seleção com concursos abertos interna e<br />

externamente de forma a garantir todas as<br />

oportunidades de trabalho. Adicionalmente,<br />

verifica-se que 75% das empresas destaca<br />

a preferência por fornecedores locais e<br />

produtos nacionais, 70% das empresas possui<br />

budget para implementação de iniciativas<br />

de cariz social, 65% das empresas declara<br />

a existência de políticas corporativas de<br />

igualdade e diversidade e 60% das empresas<br />

incluem nas suas empresas políticas de<br />

defesa da saúde e segurança do consumidor.<br />

Foram definidos no inquérito três níveis<br />

de importância, em relação ao que é mais<br />

valorizado pelas empresas como proposta de<br />

valor. Como primeiro nível de importância,<br />

pode-se constatar que 76% das empresas<br />

considera como Importância Elevada para a<br />

Proposta de Valor a Qualidade de Serviço,<br />

e 14% o Know-how especializado. Como<br />

segundo nível de importância, é possível<br />

observar que 29% das respostas atribuíram<br />

Know-How especializado como mais<br />

importante, no segundo fator de importância<br />

na proposta de valor. Finalmente como<br />

terceiro nível de importância, observamos<br />

que 19% das respostas definem os Sistemas<br />

de Tecnologias de Informação como mais<br />

importante, relativamente ao terceiro fator<br />

selecionado de importância na proposta de<br />

valor.<br />

Em relação ao que é mais valorizado<br />

e está no centro das preocupações dos<br />

operadores logísticos, 35% das respostas<br />

define a melhoria contínua como mais<br />

importante; 30% a flexibilidade de tecnologia<br />

e 20% a capacidade de adaptação e nível de<br />

comunicação, assim como a flexibilidade em<br />

termos de capacidade como terceiro fator.<br />

Processos<br />

mais ágeise flexíveis<br />

Ao analisarmos as grandes mudanças que<br />

marcaram a economia nos últimos anos, não<br />

pode ser ignorada a intervenção decisiva e<br />

a capacidade de resposta dos prestadores<br />

de serviços logísticos face às necessidades<br />

e exigências, assim como a sua resiliência.<br />

Com o crescimento do negócio e-commerce,<br />

foi necessária uma evolução e adaptação em<br />

termos de serviços, ferramentas e tecnologias<br />

de negócio B2B para B2C.<br />

A revolução tecnológica atinge todos os<br />

setores, sendo que a economia digital vem<br />

auxiliar as diversas áreas do supply chain e<br />

tornar os processos de tomada de decisão, bem<br />

como os sistemas de informação que fornecem<br />

apoio às operações, mais eficientes e flexíveis,<br />

capazes de acompanhar as constantes<br />

mudanças do mercado e as necessidades dos<br />

clientes, cada vez mais exigentes. É necessário<br />

investir, mas é vital olhar todos os dias para<br />

o que se faz e ver de que forma se pode<br />

melhorar em cada função. •


28<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

IMOBILIÁRIO LOGÍSTICO<br />

ESPAÇOS<br />

PROCURAM-SE!<br />

Apesar das incertezas do cenário<br />

macroeconómico, do aumento dos<br />

custos ou da retração do consumo,<br />

a procura de imóveis no segmento<br />

logístico mantém-se em alta, bem<br />

como a dificuldade dos promotores em<br />

identificar localizações onde possam<br />

desenvolver novos projectos cumprindo<br />

os requisitos exigidos pela logística e as<br />

necessidades dos operadores logísticos.


SCM Supply Chain Magazine 29<br />

Portugal tem a oportunidade de se tornar<br />

num hub logístico internacional. A<br />

localização estratégica do país como ponto<br />

de ligação à América do Sul e Estados Unidos,<br />

a qualidade das infraestruturas portuárias<br />

e rodoviárias, e também dos recursos<br />

humanos podem elevar Portugal a um polo<br />

logístico mundial, quando é esperado um<br />

aumento do e-commerce e das tendências de<br />

desglobalização e deslocalização de empresas<br />

industriais para a Europa.<br />

Há importantes projetos imobiliários em<br />

curso, que deverão chegar ao mercado em<br />

2024, ainda que essa futura oferta vá ficar<br />

aquém das necessidades do mercado.<br />

No início de 2024, na região de Lisboa, ficará<br />

operacional um projeto em Benavente e na<br />

segunda metade do ano, prevê-se a entrada<br />

em funcionamento de novos centros logísticos<br />

no Carregado, Montijo e Sintra.<br />

Se rumarmos ao Norte, a situação é idêntica.<br />

Também em 2024 chegarão ao mercado do<br />

Grande Porto dois grandes projetos, um em<br />

Gaia e o outro em Santo Tirso e em andamento<br />

mas para entrar em funcionamento mais tarde<br />

o parque logístico de Valongo.<br />

A carência de ativos logísticos é notória, já<br />

que ainda a vários meses de distância para<br />

que estas infraestruturas estejam operacionais<br />

há manifestações de interesse por parte da<br />

procura, que continua acima da capacidade de<br />

oferta.<br />

Os especialistas justificam esta carência<br />

de ativos logísticos com a crise financeira de<br />

2008/14, que levou os principais promotores<br />

a sair de Portugal e desde essa altura o<br />

desenvolvimento de novos projetos foi<br />

residual e, em paralelo, o parque existente<br />

tornou-se obsoleto e não acompanhou a<br />

evolução e novas necessidades dos operadores<br />

e das suas operações logísticas.<br />

OPORTUNIDADES<br />

DE VALORIZAÇÃO<br />

Para os promotores e investidores, o setor<br />

logístico em Portugal está numa fase de<br />

desenvolvimento muito mais embrionária do<br />

que a generalidade dos países europeus e, por<br />

isso, conseguem identificar oportunidades de<br />

valorização e crescimento muito superiores.<br />

Esse sentimento sobre o mercado nacional<br />

é generalizado. O “European Real Estate<br />

Logistics Census”, realizado no mercado<br />

europeu, durante o verão de <strong>2023</strong>, pelos<br />

analistas de mercado da Analytiqa para a<br />

Tritax EuroBox plc e a consultora imobiliária<br />

internacional Savills, no que diz respeito ao<br />

mercado português, sustenta aquele que tem<br />

vindo a ser o sentimento dos últimos meses,<br />

“um aumento da confiança generalizado pelos<br />

vários stakeholders e ocupantes com intenção<br />

de aumentar a sua área logística”, destaca<br />

Pedro Figueiras, head of Industrial & Logistics<br />

da Savills Portugal.<br />

“Portugal não difere da Europa na<br />

preocupação para com a obsolescência do<br />

parque existente, bem como com a dificuldade<br />

de promotores em identificar localizações onde<br />

possam desenvolver novos projetos cumprindo<br />

os requisitos exigidos pela logística”, indica<br />

o especialista em logística, salientando que<br />

esta dificuldade se reflete nos ocupantes, “uma<br />

vez que identificam como a sua terceira maior<br />

preocupação a falta de oferta de edifícios<br />

novos, num momento em que 39% dos<br />

ocupantes prevê aumentar a sua capacidade de<br />

armazenagem”.<br />

PAPEL FUNDAMENTAL<br />

“Os resultados da terceira edição deste<br />

censo refletem o ambiente desafiante no<br />

qual operamos atualmente, com os tenants<br />

(ocupantes) a identificarem o aumento dos


30<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

custos, a incerteza económica e a oferta de<br />

mão de obra como desafios significativos para<br />

as suas empresas”, afirma Phil Redding, CEO<br />

Tritax EuroBox plc, sublinhado que, apesar<br />

destes desafios, 39% dos inquiridos esperam<br />

que a ocupação de imóveis industriais e<br />

logísticos aumente este ano, “o que reflete<br />

o seu papel fundamental na cadeia de<br />

abastecimento e nas operações globais”.<br />

O volume de absorção de imóveis<br />

industriais e logísticos continua em terreno<br />

positivo, atingindo 13,2 milhões de metros<br />

quadrados no primeiro semestre de <strong>2023</strong>.<br />

A Alemanha continua a ser o principal<br />

mercado para expansão nos próximos<br />

três anos. “As empresas de logística ainda<br />

estão particularmente otimistas quanto às<br />

perspetivas de crescimento em Espanha nos<br />

próximos três anos”, de acordo com o estudo.<br />

“Estamos a assistir aos avanços<br />

tecnológicos que continuam a impulsionar<br />

a evolução da cadeia de abastecimento,<br />

com os ocupantes a investirem numa gama<br />

diversificada de tecnologias, incluindo<br />

veículos elétricos e automação, à medida<br />

que procuram ganhos de eficiência e<br />

produtividade, juntamente com um melhor<br />

desempenho em termos de emissões de<br />

carbono”, salienta Phil Redding, adivinhado<br />

um futuro onde a “variável social dos ESG<br />

passe para o topo da agenda dos tenants,<br />

uma vez que estes procuram atrair e reter<br />

os melhores profissionais num mercado de<br />

trabalho europeu competitivo”.<br />

Neste ambiente macroeconómico desafiador,<br />

segundo a mesma fonte, “apenas 12% dos<br />

players estão a reduzir ou a adiar a expansão<br />

por um período de dois a cinco anos e 3%<br />

estão a adiar indefinidamente”.<br />

4 FATORES QUE<br />

INFLUENCIAM A PROCURA<br />

Crescimento do comércio online<br />

De acordo com a Euromonitor, a taxa de<br />

penetração do comércio online era 4,5% antes<br />

da pandemia, passou para 8,2% em 2022 e


SCM Supply Chain Magazine 31<br />

espera-se que alcance 11% em 2026. Este<br />

crescimento tem impulsionado uma elevada<br />

procura de espaços por parte de empresas do<br />

setor logístico e da distribuição.<br />

Estratégias de reorganização<br />

Têm sido um dos maiores motores da<br />

absorção. Muitos grandes ocupantes têm vindo<br />

a reorganizar a sua rede logística, avançando<br />

com projetos desenvolvidos à medida. Por<br />

outro lado estes movimentos têm vindo a<br />

reorganizar a sua rede logística, avançando<br />

com projetos desenvolvidos à medida. Por<br />

outro lado, estes movimentos têm permitido<br />

libertar espaços para arrendamento, num<br />

mercado pautado pela escassez. Em 2022<br />

foram exemplos disso a Sonae na Azambuja, o<br />

Aldi na Moita e o Lidl em Famalicão.<br />

Criação de stocks de segurança<br />

A pandemia, e posteriormente a guerra na<br />

Ucrânia, com as consequentes disrupções<br />

que provocaram nas cadeias logísticas,<br />

reforçaram a necessidade de criar stocks de<br />

segurança, logo, mais ocupação de espaço de<br />

armazenagem e logística.<br />

Reshoring<br />

Surge igualmente como resposta à<br />

necessidade de ter maior controlo sobre a<br />

cadeia de distribuição e consiste em aproximar<br />

o local de produção ou montagem do local<br />

de consumo. É uma tendência que tem<br />

beneficiado a atividade produtiva em Portugal<br />

e que em imobiliário se reflete principalmente<br />

na criação de novas unidades fabris e na<br />

expansão das existentes. •


32<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

13 GRANDES<br />

DESAFIOS PARA OS OPERADORES LOGÍSTICOS<br />

É impossível prever com exatidão os desafios que os operadores terão pela frente, pois a<br />

sua atividade é condicionada por uma série de fatores conjunturais, incluindo o estado da<br />

economia, os avanços tecnológicos e as alterações nas preferências e requisitos dos clientes.<br />

Se é verdade que onde há desafios há sempre oportunidades, não é menos verdade que<br />

quem quiser continuar no tabuleiro de jogo tem de cumprir as suas promessas aos clientes e<br />

melhorar as suas operações no que diz respeito a eficiência, fiabilidade e segurança.<br />

Face a esta volatilidade da supply chain, a Maxima Consulting antecipa 13 grandes desafios<br />

pelos quais os operadores logísticos deverão passar, para fazerem face às mudanças.


SCM Supply Chain Magazine 33<br />

Aeconomia global encontra-se numa<br />

encruzilhada crítica com uma série<br />

de desafios e crises, interligados, que<br />

decorrem em paralelo. A incerteza quanto<br />

à forma como a guerra da Rússia contra<br />

a Ucrânia se irá desenrolar, e o papel da<br />

guerra na criação de instabilidade global<br />

significa que os problemas para as cadeias<br />

de abastecimento ainda não têm fim à vista.<br />

A inflação dos alimentos e dos combustíveis<br />

continuará a ser um problema económico<br />

persistente, com impacto no retalho e na<br />

confiança e gastos dos consumidores.<br />

Prevê-se uma redução das despesas de<br />

capital, à medida que as empresas abrandam<br />

os seus investimentos, travadas pelas<br />

preocupações com a inflação e por uma<br />

procura mais fraca. Os mercados financeiros<br />

voláteis, as crescentes tensões comerciais,<br />

o ambiente regulamentar mais rigoroso<br />

e a pressão para integrar as alterações<br />

climáticas nas decisões económicas irão<br />

agravar a complexidade dos desafios<br />

enfrentados.<br />

Desafio #1<br />

Integração e interoperabilidade<br />

As empresas de 3PL integram cada vez mais<br />

frequentemente os seus sistemas com os dos<br />

seus clientes e outros parceiros da cadeia de<br />

abastecimento, a fim de trocar informações e<br />

facilitar o cumprimento das encomendas. Isso<br />

requer capacidades robustas de integração e<br />

interoperabilidade, bem como a capacidade<br />

de se conectarem a uma ampla gama de<br />

sistemas e tecnologias. Tarefas como esta já<br />

são complexas e demoradas. A integração<br />

que permite operações logísticas eficientes<br />

e eficazes torna-se ainda mais complicada<br />

quando consideramos que qualquer parceiro<br />

na cadeia de abastecimento global pode<br />

possuir um sistema de gestão de transportes<br />

próprio. O desafio pode ser ainda maior se os<br />

serviços de logística do parceiro dependerem<br />

de tecnologia antiga.<br />

Desafio #2<br />

Gestão e análise de dados<br />

As empresas de logística a terceiros<br />

lidam com grandes quantidades de dados,<br />

incluindo informações sobre toda a cadeia<br />

de abastecimento: encomendas, níveis de<br />

inventário, expedições e requisitos dos<br />

clientes. Há que gerir estes dados de forma<br />

eficiente e segura para apoiar a tomada de<br />

decisões e garantir uma elevada satisfação do<br />

cliente. Com sistemas de gestão da cadeia de<br />

abastecimento adequados, é mais fácil recolher<br />

e analisar grandes quantidades de dados. Os<br />

líderes do setor da logística que pretendem<br />

tomar decisões informadas e prestar serviços<br />

de valor necessitam de uma gestão de dados<br />

avançada, de capacidades analíticas robustas<br />

e da capacidade de processar e interpretar<br />

conjuntos de dados complexos num curto<br />

intervalo de tempo.<br />

Desafio #3<br />

Visibilidade e acompanhamento<br />

em tempo real<br />

Em <strong>2023</strong>, uma excelente experiência do cliente<br />

requer visibilidade. As empresas que competem<br />

no domínio da experiência do cliente precisam<br />

que o estado das encomendas, dos envios e<br />

dos níveis de inventário seja monitorizado<br />

com precisão e apresentado a várias partes,<br />

sem comprometer a segurança dos dados.<br />

As pessoas querem saber onde estão as suas<br />

mercadorias e poder alterar facilmente as suas<br />

decisões em matéria de armazenamento e<br />

entrega, idealmente através de uma aplicação<br />

ou de um sítio Web.


34<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

Além disso, o acesso fácil a informações<br />

sobre uma perturbação na cadeia de<br />

abastecimento, um volume de encomendas,<br />

custos de envio e localizações específicas<br />

de armazéns simplifica a vida de muitos<br />

funcionários, desde motoristas a gestores.<br />

Tais soluções requerem sistemas de TI e<br />

redes de comunicação fiáveis, que possam<br />

lidar com grandes quantidades de dados para<br />

fornecer informações precisas e atualizadas<br />

aos clientes, funcionários e parceiros do<br />

fornecedor de logística (mas a mais ninguém).<br />

Desafio #4<br />

Automação e digitalização<br />

Os 3PL continuarão a automatizar e a<br />

digitalizar as suas operações para aumentar<br />

a eficiência do cumprimento dos níveis de<br />

serviço e reduzir os custos. Na maioria dos<br />

casos, um especialista em automação trazido<br />

para a empresa fornecedora de 3PL terá de<br />

otimizar os principais processos, como a gestão<br />

do inventário do armazém e o planeamento do<br />

transporte, antes de os automatizar.<br />

Desafio #5<br />

Gestão do inventário<br />

As grandes empresas de logística<br />

precisam de controlar e gerir com precisão<br />

quantidades consideráveis de produtos,<br />

muitas vezes em vários armazéns em<br />

diferentes geografias. Ao operar globalmente,<br />

a gestão do inventário produz grandes<br />

quantidades de dados. Consequentemente,<br />

há que garantir que os sistemas são fáceis<br />

de utilizar por funcionários que muitas vezes<br />

falam línguas diferentes. Este software tem<br />

de ser facilmente compreendido em todos<br />

os centros de distribuição e não só. Quanto<br />

melhor for a experiência do utilizador, menos<br />

erros haverá.<br />

Desafio #6<br />

Garantir a segurança<br />

A segurança dos dados é uma prioridade<br />

máxima para todas as empresas, e os<br />

fornecedores de serviços logísticos a terceiros<br />

também devem proteger os seus sistemas<br />

contra acessos não autorizados e ataques<br />

maliciosos. Todos os fornecedores 3PL lidam<br />

com informações sensíveis e valiosas, como<br />

dados pessoais de clientes e detalhes de<br />

inventário, o que os torna um alvo interessante<br />

de ransomware e outros ataques cibernéticos.<br />

A única maneira confiável de proteger uma<br />

empresa contra hackers é ter medidas de<br />

segurança fortes, alinhadas com os mais altos<br />

padrões de gestão de risco de informações.<br />

Desafio #7<br />

Manter a conformidade<br />

As empresas que atuam na supply chain têm<br />

de cumprir requisitos regulamentares e de<br />

conformidade relacionados com operações de<br />

transporte, armazenamento, proteção de dados<br />

e logística. Se operarem em vários países, com<br />

diferentes regulamentações, o desafio é ainda<br />

maior, pois as regras e as regulamentações<br />

evoluem e mudam ao longo do tempo.<br />

Tal como todas as empresas, os fornecedores<br />

de serviços de logística externos devem<br />

desenvolver processos de verificação<br />

contínuos, para garantir que os seus sistemas<br />

de TI estão sempre seguros e em conformidade<br />

com as leis e normas relevantes.<br />

Desafio #8<br />

Lidar com tecnologia desatualizada<br />

A tecnologia deve ajudar as empresas a fazer<br />

mais trabalho, mais depressa e com melhor<br />

qualidade. Mas muitas empresas de todos os<br />

setores trabalham com sistemas e tecnologias


SCM Supply Chain Magazine 35<br />

antigos, que estão ultrapassados e são difíceis<br />

de manter. Isto leva a ineficiências e dificulta<br />

a sua capacidade de acompanhar as últimas<br />

tendências e inovações do setor.<br />

Desafio #9<br />

Aumento dos custos<br />

As empresas 3PL têm de equilibrar<br />

cuidadosamente os seus orçamentos de TI para<br />

garantir que dispõem dos sistemas adequados<br />

sem gastar demasiado. A tecnologia pode<br />

ser uma despesa significativa para qualquer<br />

empresa, e o custo de TI varia, consoante<br />

a complexidade das soluções e do nível de<br />

suporte necessário.<br />

Desafio #10<br />

Escalabilidade<br />

Quando as empresas de logística de terceiros<br />

crescem e expandem as suas operações, os<br />

seus sistemas de TI têm de ser dimensionados<br />

para suportar a crescente procura. É um<br />

desafio significativo que requer não apenas a<br />

escolha da tecnologia certa, mas também a<br />

experiência e os recursos para implementála<br />

e mantê-la. Os prestadores de serviços<br />

de logística a terceiros com sistemas pouco<br />

flexíveis ou com falta de talento adequado<br />

têm de ser criativos ao lidar com esta<br />

questão.<br />

Desafio #11<br />

Escassez de mão de obra<br />

Atualmente, os profissionais de TI têm mais<br />

oportunidades de emprego do que nunca.<br />

Por conseguinte, a retenção de profissionais<br />

qualificados será mais difícil do que nunca.<br />

Aproveitar a tecnologia de automação<br />

sempre que possível também exige apoio<br />

especializado, mas acaba por diminuir a<br />

dependência do trabalho manual.<br />

Desafio #12<br />

Inteligência Artificial<br />

A forma mais fiável de acelerar as operações<br />

da cadeia de abastecimento e melhorar a<br />

eficácia dos processos é utilizar a inteligência<br />

artificial e a aprendizagem automática num<br />

ecossistema robusto de gestão de armazéns<br />

e logística. Infelizmente, as soluções<br />

disponíveis atualmente são geralmente<br />

inadequadas para a maioria das empresas,<br />

pelo que estas têm de contratar arquitetos<br />

e engenheiros de software para adaptar os<br />

sistemas às suas necessidades individuais.<br />

Desafio #13<br />

Preocupações ambientais<br />

Todos os camiões e transportadoras<br />

produzem emissões, e a crise climática exige<br />

que as empresas 3PL procurem formas de<br />

reduzir a sua pegada de carbono. Este é<br />

provavelmente o desafio mais significativo,<br />

uma vez que ainda não existe uma alternativa<br />

realista. Os veículos eléctricos são caros e<br />

não têm tanta autonomia como os camiões<br />

a diesel. É claro que vale a pena reduzir<br />

as emissões, nem que seja numa pequena<br />

percentagem, e a tecnologia pode ajudar no<br />

planeamento de rotas e num transporte mais<br />

eficiente.<br />

Apesar do clima de incerteza, há sempre<br />

oportunidades para as empresas e os<br />

seus líderes que conseguem traçar um<br />

caminho para o futuro, com resiliência e<br />

adaptabilidade. Com base nas tendências e<br />

desenvolvimentos atuais, os fornecedores<br />

de logística a terceiros irão provavelmente<br />

enfrentar se não os 13, pelo menos alguns<br />

destes desafios. É preparar-se e jogar por<br />

antecipação. •


36<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

OPERADORES<br />

LOGÍSTICOS NACIONAIS<br />

MISSÃO:<br />

SERVIR<br />

E CRIAR<br />

VALOR<br />

Globalização, flexibilidade, melhores<br />

práticas, valor acrescentado,<br />

sustentabilidade, eficiência, integração,<br />

agilidade… são apenas algumas das<br />

palavras que se associam à logística e à<br />

atividade dos operadores logísticos. Em<br />

boa verdade nasceram para servir e criar<br />

valor aos seus clientes, ajudando-os a<br />

diferenciarem-se no mercado. O mundo<br />

mudou, mas não a sua missão.<br />

Toda a convulsão que se instalou nas cadeias<br />

de abastecimento e nas economias, ou<br />

melhor, todo este contexto que se colou a<br />

praticamente dois anos de pandemia, tem sido<br />

desafiante e até novo. Sim, novo, no paradigma<br />

e até na forma de fazer negócio.<br />

Economias e empresas ainda estão a<br />

adaptar-se ao novo cenário. A incerteza gerada<br />

pela guerra na Ucrânia, inflação em alta,<br />

preços flutuantes de bens e serviços, aumento<br />

das taxas de juro são motivo de preocupação<br />

e podem ter grande impacto na variabilidade<br />

do consumo. Por seu turno, a agitação<br />

geopolítica está para durar e continua a pesar<br />

nos mercados; as consequências das alterações<br />

climáticas continuam a fazer-se sentir e<br />

desafiam a gestão de risco e os planos B, C,<br />

D, pelo que os dias tranquilos das cadeias de<br />

abastecimento continuam a ser uma miragem.<br />

Por isso, quisemos sentir o pulsar do<br />

mercado nacional de prestadores de serviços<br />

de logística neste contexto tão desafiante<br />

e, para isso, nada melhor do que auscultar<br />

quem está no terreno. As perguntas que lhes<br />

lançámos são as quatro que pode aqui ao<br />

lado e nas páginas que se seguem encontra,<br />

na primeira pessoa, um barómetro da<br />

atividade dos operadores logísticos nacionais<br />

que responderam em tempo útil ao desafio<br />

proposto.


SCM Supply Chain Magazine 37<br />

QUESTIONÁRIO<br />

1. Que balanço faz do 1.º semestre?<br />

2. As fusões e aquisições estão de volta ao<br />

mercado global de operadores logísticos.<br />

Como analisa a situação do mercado em<br />

Portugal? O setor ainda está longe da<br />

consolidação?<br />

3. A integração de ferramentas tecnológicas<br />

no âmbito da logística é crescente. Como<br />

vê esta transformação? As pessoas vão<br />

continuar a ser a chave no êxito das<br />

operações logísticas, especialmente<br />

quando se fala tanto de falta de mão de<br />

obra e dificuldade de retenção de talento?<br />

4. Quais as maiores preocupações /desafios<br />

e/ou projetos que vê para este segundo<br />

semestre?


38 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

OLICARGO<br />

1. Em termos consolidados, o Grupo Olicargo<br />

cresceu em volume de negócios cerca de<br />

12% no primeiro semestre face ao semestre<br />

homólogo de 2022, ascendendo a cerca de 32<br />

milhões de euros no período, com investimentos<br />

muito consideráveis, principalmente em novas<br />

plataformas logísticas. O total de pessoas no<br />

grupo ascendia já a 365 no final do primeiro<br />

semestre deste ano.<br />

Os negócios e estratégia de desenvolvimento da<br />

Olicargo têm estado alinhados com as nossas<br />

perspetivas e planeamento para o período de<br />

recuperação do choque pandémico. Era previsível,<br />

já com sinais no final de 2022, a retoma dos preços<br />

dos fretes marítimos para a tendência do período<br />

pré-covid, o que veio a acontecer. O impacto<br />

significativo ao nível do volume de negócios<br />

teve de ser compensado pelo efeito quantidade,<br />

bem como por outras atividades do Grupo, com<br />

uma ênfase enorme na Logística Contratual.<br />

Neste segmento de negócio, o crescimento<br />

continua a evoluir de forma extraordinária<br />

em resultado da aposta estratégica<br />

do Grupo na aquisição e construção<br />

de novos centros logísticos,<br />

acrescentando cerca de 40 mil m2<br />

aos 110 mil existentes. Novos<br />

e exigentes clientes vieram<br />

acrescentar complexidade<br />

e desafio aos nossos<br />

AMÉRICO RIBEIRO<br />

BOARD MEMBER | CONTRACT LOGISTICS


SCM Supply Chain Magazine 39<br />

experientes gestores e staff, contribuindo para<br />

a consolidação e experiência em setores como<br />

a indústria, o grande retalho, a eletrónica e<br />

tecnologia, o automóvel ou a farmacêutica, entre<br />

outros.<br />

Nas restantes geografias (Angola, Moçambique,<br />

China, Espanha e Cabo Verde), registámos<br />

variações muito significativas ao nível do negócio<br />

e crescimento, atingindo no primeiro semestre os<br />

27%.<br />

O alinhamento estratégico global manteve o seu<br />

percurso de evolução tecnológica acentuada e<br />

a plena satisfação dos nossos clientes. A sílaba<br />

tónica continuou nas pessoas, no seu talento e<br />

esforço, no seu desenvolvimento e retenção, a<br />

quem mostramos diariamente o nosso especial<br />

apreço.<br />

2. Já assistimos a momentos como este no<br />

passado. O mercado é global e volátil, e sempre<br />

o vimos desta forma. Onde há grandes desafios<br />

e eventuais ameaças nós vemos oportunidades.<br />

Estamos conscientes das nossas limitações face<br />

às grandes multinacionais, mas vemos com<br />

muito agrado os efeitos associados às aquisições.<br />

A nossa visão mantém-se focada nas relações<br />

privilegiadas e sustentadas com os nossos<br />

parceiros internacionais, associadas a serviços de<br />

grande personalização, flexibilidade e rapidez de<br />

resposta, aspetos para nós fulcrais nos tempos<br />

de volatilidade modernos, o que nos torna<br />

“diferentes”.<br />

3. Esta nova geração tecnológica, em especial<br />

ao nível dos sistemas de informação, continuará<br />

a revolucionar as nossas vidas e as nossas<br />

empresas. Hoje estamos especialmente focados<br />

em aplicações microserviços e sua integração,<br />

esperando proporcionar uma performance<br />

superior ao nível tecnológico junto dos nossos<br />

clientes, parceiros e da nossa gestão.<br />

A gestão em tempo real foi um desafio do<br />

passado. Hoje usamos as mais modernas<br />

tecnologias de desenvolvimento, os melhores<br />

conceitos e boas práticas de segurança, estando o<br />

grande desafio ao nível da integração.<br />

Olhamos para já com curiosidade para o tema da<br />

inteligência artificial e web3, reconhecendo as<br />

suas enormes potencialidades e riscos.<br />

4. As questões externas, especialmente as<br />

condições macroeconómicas do país e mundiais,<br />

serão uma importante fonte de preocupação e<br />

atenção no seio do Grupo Olicargo e da nossa<br />

estratégia. Não esperamos descidas das taxas de<br />

juro a curto prazo e tampouco nos impressiona<br />

o crescimento da economia. Vemos com algum<br />

otimismo a redução dos níveis de inflação<br />

(embora sentindo a pressão de alguns recuos),<br />

que esperamos que cheguem aos níveis previstos<br />

pelo Banco de Portugal, em torno dos 4%. Com<br />

este cenário e crescimento moderado do consumo<br />

privado, não esperamos sofrer grandes impactos<br />

externos, além dos verificados no primeiro<br />

semestre.<br />

A tendência crescente das exportações desde há<br />

vários semestres, embora a ritmos decrescentes<br />

face a 2022, aliada à dinâmica de negócios do<br />

grupo, será um importante catalisador para<br />

suportar o crescimento projetado para <strong>2023</strong>.<br />

De igual modo, o impacto dos novos contratos<br />

logísticos em meados do primeiro semestre,<br />

serão um importante contributo para o mesmo<br />

crescimento.<br />

Ainda durante o segundo trimestre do próximo<br />

ano será concluído o novo centro logístico na<br />

zona norte, como reforço à nossa capacidade e<br />

disponibilidade de espaços logísticos de qualidade<br />

superior e sustentabilidade. Na zona centro e sul<br />

temos planeado finalizar novas contratações de<br />

investimentos em infraestruturas em Lisboa e<br />

Leiria.


40<br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

SANTOS<br />

E VALE<br />

JOAQUIM VALE<br />

ADMINISTRADOR<br />

1. Como sou uma pessoa que gosta<br />

de ver o “lado positivo da vida” vamos<br />

começar pelas boas notícias! Nas<br />

atividades “core” do Grupo Santos &<br />

Vale, que são a distribuição expresso e a<br />

logística, o ano de <strong>2023</strong> tem superado as<br />

nossas expectativas.<br />

Assistimos a um notável crescimento da<br />

atividade, que pensamos ser o resultado<br />

da nossa estratégia de expansão da rede<br />

de distribuição. Abrimos a plataforma de<br />

Alverca e Tocadelos, ampliámos Coimbra<br />

no mês de maio… no total, contamos<br />

atualmente com 23 plataformas a nível<br />

nacional, o que representa o nosso<br />

compromisso contínuo em oferecer<br />

serviços de qualidade aos clientes.<br />

4. Relativamente a constrangimentos,<br />

salientamos a escassez de mão de obra<br />

em geral, o aumento dos custos dos<br />

combustíveis e as restrições regulatórias<br />

de acesso às cidades. Para fazer face a<br />

estes desafios, os operadores logísticos<br />

terão de continuar a melhorar os seus<br />

processos de trabalho e aproveitar todos<br />

os novos recursos tecnológicos. No<br />

fundo, acrescentar valor!<br />

A sustentabilidade é um fator<br />

determinante nesta equação, que<br />

está a influenciar cada vez mais o<br />

ecossistema económico e a levar a<br />

cadeia de abastecimento a exigir mais<br />

ações a todos os seus intervenientes.<br />

A sustentabilidade ambiental, se não<br />

estiver suportada pela sustentabilidade<br />

económica, mais cedo ou mais tarde irá<br />

“cair”. Destacamos a nossa participação<br />

no programa europeu Lean&Green da<br />

GS1 no qual fomos o primeiro Operador<br />

Logístico em Portugal a obter a<br />

primeira estrela, o que representou uma<br />

diminuição em 20% de emissões de CO2<br />

para a atmosfera.


Se o propósito é armazenar, movimentar<br />

ou preparar pedidos dos seus produtos,<br />

não vai encontrar nenhum espaço no seu<br />

armazém, onde as nossas soluções não<br />

se adequarão.<br />

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42 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

DHL SUPPLY CHAIN<br />

1. Globalmente, e dentro do<br />

enquadramento económico, político e<br />

social atual, foi um semestre positivo em<br />

termos de volume de atividade embora<br />

com alguns sinais de contração em alguns<br />

setores de bens não prioritários. Os níveis<br />

de confiança por efeito das taxas de juro<br />

e da inflação têm afetado bastante os<br />

níveis de consumo e, consequentemente,<br />

impactam nas transações, em áreas como<br />

o retalho alimentar e especializado e em<br />

alguns setores industriais específicos. Ainda<br />

RUI GOMES<br />

COUNTRY MANAGER


SCM Supply Chain Magazine 43<br />

assim, destacaria de forma positiva a resiliência<br />

do tecido empresarial, quer industrial, quer de<br />

serviços, que têm demonstrado competência e<br />

responsabilidade e têm sabido atuar e resistir ao<br />

comportamento das variáveis por vezes menos<br />

positivas.<br />

2. As últimas décadas foram efetivamente<br />

de forte consolidação e reorganização neste<br />

setor. Diria que podemos assistir ainda a alguns<br />

movimentos específicos, embora não de forte<br />

relevância no nosso país. Acredito mais na<br />

entrada no país de alguns operadores que ainda<br />

não estão presentes, ou que estão presentes<br />

com operações residuais que pretendem<br />

desenvolver.<br />

Assistiremos também a uma diversificação de<br />

serviços prestados e a uma maior verticalização<br />

da ação dos operadores logísticos na supply<br />

chain. O papel dos operadores logísticos como<br />

agentes de criação de valor na cadeia de<br />

abastecimento está cada vez mais consolidado<br />

e esta tendência irá manter-se.<br />

Acredito também na evolução dos modelos<br />

de colaboração e de interação, baseados<br />

numa perspectiva mais holística da cadeia de<br />

abastecimento onde, num modelo organizado,<br />

existe espaço para todos. Teremos um mercado<br />

onde a concorrência se fará cada vez mais pela<br />

criação de valor e menos pelo preço.<br />

3. A tecnologia continuará a evoluir e o nosso<br />

setor seguirá o caminho da sua utilização<br />

como fator de desenvolvimento de eficiência<br />

e sustentabilidade. A robótica, associada à<br />

inteligência artificial, tem vindo a ocupar um<br />

espaço de relevância nas operações logísticas<br />

e assim continuará. As pessoas continuarão a<br />

ser um fator crítico no sucesso das operações,<br />

embora cada vez mais em funções de criação<br />

de valor e menos em funções físicas rotineiras<br />

de manipulação de carga.<br />

Por outro lado, a analítica de dados e a gestão<br />

inteligente da informação serão igualmente<br />

um campo crítico. As redes logísticas estão<br />

cada vez mais exigentes em termos de<br />

velocidade, redução de desperdício, qualidade,<br />

fiabilidade. A otimização permanente de<br />

processos e soluções começa a ser um básico<br />

e um standard nas operações logísticas.<br />

Soluções de process mining, análise e<br />

visibilidade contínua serão tendencialmente<br />

as ferramentas de business intelligence<br />

para apoiar este caminho. Aliando este<br />

desenvolvimento tecnológico a uma sociedade<br />

toda ela mais digital, será fácil projectar<br />

uma rede logística de suporte muito mais<br />

automatizada, digital, ágil e flexível.<br />

Neste enquadramento transformacional, as<br />

pessoas são cada vez mais um fator crítico<br />

e assumem um papel tendencialmente<br />

diferenciador. As competências soft farão<br />

cada vez mais a diferença e este é um desafio<br />

não só para o nosso setor mas para toda a<br />

sociedade, diria.<br />

4. Sendo o setor logístico fortemente<br />

dependente do setor industrial, do retalho e<br />

dos serviços, a maior preocupação centra-se na<br />

evolução do enquadramento socio-económico.<br />

É importante e urgente assistir a alguns sinais<br />

positivos na conjuntura económica e política<br />

para devolver a confiança e o poder de compra<br />

à sociedade. Todo o nosso modelo económico<br />

assenta numa sociedade de consumo e o nosso<br />

setor é fortemente dependente desta variável.<br />

Iremos continuar a trabalhar fortemente<br />

na eficiência e sustentabilidade, através de<br />

otimização de processos, de incorporação<br />

de tecnologia e, fundamentalmente, no<br />

desenvolvimento de talento dentro da<br />

organização.


44 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

OLANO<br />

PORTUGAL<br />

JOÃO LOGRADO<br />

DIRETOR-GERAL<br />

1. A primeira metade do semestre foi<br />

bastante positiva, com um declínio<br />

nas atividades na segunda parte,<br />

principalmente a partir de finais de maio.<br />

2. Creio que em Portugal ainda<br />

vamos ver e ouvir falar de mais alguns<br />

movimentos nesse sentido. Até porque,<br />

de uma forma geral , a logística está<br />

“apetecível” para os investidores.<br />

3. Teremos certamente cada vez mais<br />

situações híbridas: com mais tecnologia,<br />

ou menos, consoante os graus de<br />

exigência das operações, a existência de<br />

atividades repetitivas ou a dinâmica dos<br />

clientes. Mas, de facto, a falta de mão<br />

de obra, bem como as dificuldades na<br />

retenção de talento, revelando também<br />

por parte dos empregadores dificuldades<br />

em serem atrativos, é uma evidência<br />

enorme.<br />

4. Sinceramente, espero que o mercado<br />

“aqueça” um pouco mais e que o<br />

consumo aumente novamente.


Peçaa já umaa demo<br />

Noooooooottttttttiiiiiiiifcccicaaaaaaaaaçççõeeeeeeeessssssss ddddddddeeeeeeee sssssssseeeeeeeeeuuuuuguuiiiiiiiimmmimmmeeeeeeeennnnnenttttttttoooooooo<br />

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46 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

LOGIFRIO<br />

ALEXANDRA TEIXEIRA<br />

HEAD OF QUALITY<br />

AND COMMUNICATION IBERIA<br />

1. A atividade encontra-se em linha com as<br />

nossas expectativas, o que representa um<br />

crescimento interessante em relação a 2022,<br />

maioritariamente justificado por dois fatores.<br />

Em primeiro lugar, alteração de mentalidade<br />

relativamente à especialização do negócio,<br />

principalmente nas empresas do setor<br />

agroalimentar. A maioria dos empresários<br />

tomou consciência de que a logística gerida<br />

com meios próprios, além de criar muita<br />

distração em relação àquilo que é considerado<br />

core business, também requer investimento<br />

significativo e constante, especialmente quando<br />

se trata de temperatura controlada. Além


SCM Supply Chain Magazine 47<br />

disso, passou a vender-se maioritariamente<br />

em campanhas de promoção, o que origina<br />

grande volatilidade de volumes e uma grande<br />

exigência relativamente à flexibilidade<br />

da cadeia de abastecimento. Todos estes<br />

fatores levaram os empresários a perceber<br />

as vantagens que o outsourcing logístico<br />

lhes poderia trazer, em especial pelo facto de<br />

permitir eliminar uma parcela significativa dos<br />

custos fixos, tornando-os variáveis. Em segundo,<br />

a riqueza de ofertas por parte do mercado<br />

no que diz respeito à logística e transportes<br />

em temperatura controlada. É um setor que<br />

apesar de ter um número limitado de players<br />

é altamente eficiente, moderno, dinâmico e<br />

competitivo. Portugal tem hoje uma cadeia de<br />

abastecimento em temperatura controlada ao<br />

nível, ou até melhor, que mercados maiores<br />

e mais desenvolvidos no contexto Europeu, o<br />

que resulta num incremento do incentivo ao<br />

outsourcing.<br />

No entanto, mantém-se a instabilidade a que<br />

temos assistido nos últimos anos: a guerra na<br />

Ucrânia, o aumento da inflação, a flutuação<br />

dos preços de bens e serviços e uma pandemia<br />

que ameaça ressurgir são foco de preocupação<br />

e podem causar uma elevada variabilidade<br />

no consumo, que influencia a dinâmica das<br />

operações e exige uma gestão otimizada de<br />

toda a cadeia.<br />

2. Existe uma tendência global para a<br />

concentração de operadores logísticos,<br />

razão pela qual não tem havido uma entrada<br />

generalizada de novos operadores. Contudo,<br />

existe uma forte tendência de crescimento em<br />

busca de maior massa crítica e eficiência. O<br />

investimento neste setor, principalmente na<br />

incorporação de tecnologia e infra-estruturas<br />

imobiliárias, tem atingido valores muito<br />

significativos. As empresas de transporte<br />

marítimo procuram formas de alargar a<br />

sua presença na cadeia de abastecimento<br />

e possuem muito capital disponível para<br />

investimento, não só em aquisições, mas<br />

também em desenvolvimentos tecnológicos<br />

que, pelo seu porte, podem resultar em<br />

importantes mudanças de mercado.<br />

O aumento das taxas de juro fez com que<br />

alguns investidores financeiros que procuravam<br />

ganhos a curto prazo repensassem a sua<br />

estratégia. Os investidores que estão no<br />

mercado no longo prazo e que o veem como<br />

estratégico, como é o nosso caso, continuam<br />

disponíveis para estudar operações de M&A.<br />

3. Somos um operador logístico focado na<br />

gestão da cadeia de abastecimento numa<br />

perspetiva global e todas as operações são<br />

suportadas por ferramentas informáticas<br />

customizadas, desenvolvidas internamente,<br />

que permitem consultas e interfaces em tempo<br />

real. Temos apostado muito na automatização<br />

de processos administrativos e de software,<br />

assim como em interfaces com os sistemas dos<br />

nossos clientes, com vista a permitir-lhes uma<br />

visibilidade completa da operação.<br />

Em termos de hardware, ainda subsistem<br />

dificuldades significativas em adotar processos<br />

de automatização e robotização em processos<br />

de ambiente multicliente e de temperatura<br />

controlada. Trabalhamos produtos muito<br />

heterogéneos, o que dificulta soluções de<br />

automação operacional e robotização de<br />

movimentos físicos. Estamos atentos aos<br />

desenvolvimentos em termos de automação de<br />

armazém e acreditamos que no futuro poderão<br />

dar uma resposta eficaz a situações atípicas<br />

como as que atravessamos atualmente.<br />

No entanto, há que referir que no imediato a<br />

mão de obra ainda é fundamental para suportar<br />

os fluxos logísticos.


48 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

Arriscariamos dizer que a logística é porventura<br />

um dos setores que mais tecnologia incorporou<br />

nos últimos anos, mas também uma das<br />

áreas que mais emprego criou no nosso país.<br />

Efetuamos vários desenvolvimentos que<br />

permitem tornar os processos mais simples e<br />

intuitivos, promovendo a redução de tarefas e a<br />

otimização de processos.<br />

No que diz respeito à mão de obra específica<br />

e mais indiferenciada, apesar da crescente<br />

automação, há muitas tarefas que implicam<br />

uma customização significativa. As dificuldades<br />

com dados, resistência na adoção de standards<br />

de vasilhame, e atraso na implementação de<br />

transferência eletrónica segura de informação<br />

na cadeia, colocam pressão adicional sobre<br />

os recursos humanos disponíveis para o setor.<br />

Em termos de mão de obra mais especializada,<br />

é verdade que se tem vindo a assistir a um<br />

número crescente de profissionais formados na<br />

área, reconhecemos o excelente trabalho feito<br />

pelas universidades. No entanto, mesmo assim,<br />

continuamos a assistir a um desequilíbrio,<br />

sendo a procura muito superior à oferta, não<br />

só porque os profissionais são poucos em<br />

número, mas também porque parte deles<br />

optam por carreiras internacionais. Quanto aos<br />

profissionais formados em tecnologias, robótica<br />

e automação, a escassez de mão de obra é geral<br />

e afeta também a logística.<br />

4. A inflação e os impactos da guerra são os<br />

mais significativos, mas fatores estruturais<br />

como a falta de mão de obra ou viaturas são<br />

fatores com um efeito muito importante na<br />

capacidade de resposta do setor ao aumento<br />

de volume. Todos estes desafios, associados<br />

à interrupção das cadeias de abastecimento,<br />

resultam da pressão de uma inflação<br />

generalizada e muito preocupante em todos<br />

os setores de mercado, com especial destaque<br />

para o setor da logística e transporte de frio.<br />

No entanto, a logística tem sido uma área em<br />

constante inovação que sempre demonstrou<br />

grande resiliência e capacidade de<br />

transformação. Os canais ligados à distribuição<br />

moderna e ao comércio online têm sido<br />

os setores que mais crescem. Se, por um<br />

lado, ainda há muito por fazer na logística<br />

relacionada com o comércio online, as<br />

soluções para a distribuição moderna estão<br />

mais standardizadas. A inovação implica<br />

responder às tendências e ter uma oferta<br />

mais completa na cadeia de abastecimento. A<br />

logística inbound, onde as cadeias de produto<br />

são geridas antes de chegarem ao armazém<br />

central, o apoio ao comércio local e o apoio a<br />

múltiplos canais de venda (omnichannel) são<br />

as áreas que mais terão de ser reinventadas.<br />

A combinação dos diferentes canais de venda<br />

sem multiplicar localizações e quantidades em<br />

stock é hoje um dos principais desafios.<br />

Em relação aos processos, acreditamos<br />

numa forte tendência de automatização<br />

das atividades mais físicas e rotineiras. A<br />

conjugação da eficiência dos processos<br />

automatizados com a capacidade de adaptação<br />

a cenários incertos, que só grandes equipas,<br />

aliadas a soluções tecnológicas robustas e<br />

inovadoras, são capazes de proporcionar, é<br />

também um importante desafio que hoje se<br />

coloca.<br />

A logística é um dos setores que, junto com a<br />

moderna distribuição, dispõe de mais dados<br />

sobre tendências de consumo. A inteligência<br />

artificial e o tratamento de dados geram hoje<br />

mais ferramentas ao serviço do setor do que<br />

alguma vez existiram. O desafio será conseguir<br />

aproveitar todo esse potencial.<br />

tecnológicas robustas e inovadoras, são<br />

capazes de proporcionar, é também um<br />

importante desafio que hoje se coloca.


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50<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

LOGIC<br />

CARLA FERNANDES<br />

ADMINISTRADORA<br />

1. O 1.º semestre de <strong>2023</strong> foi um semestre<br />

de consolidação e otimização das operações<br />

para continuarmos a oferecer um serviço de<br />

excelência aos nossos clientes.<br />

2. O mercado português é um mercado de<br />

nichos, pelo que do nosso ponto de vista a<br />

fusão de operadores será um movimento<br />

natural, para garantir a rentabilidade das<br />

operações por ganhos de escala.<br />

3. A atividade logística em geral, e em<br />

particular as atividades dos operadores<br />

logísticos, são muito exigentes em termos<br />

de IT, e historicamente algumas ferramentas<br />

tecnológicas são rapidamente adotadas<br />

nas nossas operações. A chave do êxito é<br />

constituída por um forte investimento em<br />

tecnologias de informação e em equipas<br />

especializadas.<br />

Quanto à dificuldade de retenção de talento<br />

é transversal a todos os setores de atividade,<br />

sendo típica de uma transição de modelo<br />

económico, cabendo-nos a nós, líderes e<br />

gestores das empresas, encontrar as soluções<br />

adequadas a cada colaborador, para assim<br />

aumentar a retenção de talento.<br />

4. Nós vemos estes momentos de alguma<br />

incerteza como momentos de oportunidade<br />

de crescimento. Assim, vamos arrancar no<br />

3.º trimestre com uma oferta diferenciada na<br />

distribuição para o canal B2B, aproveitando a<br />

nossa sólida experiência no canal B2C.


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52 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

ID LOGISTICS<br />

VITÓRIA NUNES<br />

DIRETORA DA UNIDADE DE PORTUGAL


SCM Supply Chain Magazine 53<br />

1. O primeiro semestre de <strong>2023</strong> ficou marcado<br />

pela continuação do crescimento dinâmico da<br />

ID Logistics, com forte aumento das receitas<br />

internacionais. Este crescimento contínuo e<br />

sustentado tem como base a estratégia que<br />

mantemos desde há vinte anos e que se prende<br />

com a dedicação e compromisso para com<br />

os nossos clientes nacionais e internacionais.<br />

Criamos soluções personalizadas, que se<br />

enquadram na sua estratégia de vendas e<br />

distribuição, aportando valor e inovação. Assim,<br />

o nosso volume de negócios cresce com eles.<br />

O semestre foi positivo e para tal contribuiu<br />

a aquisição da Spedimex, uma operação já<br />

promissora em termos de sinergias comerciais e<br />

acesso a novos clientes: o Grupo torna-se assim<br />

o primeiro fornecedor de logística contratual na<br />

Polónia, um mercado em forte crescimento. A ID<br />

Logistics também chegou ao seu 18.º país, com<br />

o Reino Unido. Finalmente, a empresa alcançou<br />

desenvolvimentos comerciais significativos com<br />

blue-chip, particularmente no e-commerce e na<br />

moda, nos Estados Unidos e na Europa, o que<br />

lhe permitirá acelerar o seu crescimento a partir<br />

do 2.º semestre de <strong>2023</strong>. Esta previsão acabou<br />

de ser partilhada pelo nosso Presidente e CEO e<br />

sublinha a solidez do grupo.<br />

2. Com a evolução contínua da tecnologia, a<br />

necessidade de uma gestão eficiente da cadeia<br />

de abastecimento tornou-se ainda mais crucial.<br />

Recentemente a ID Logistics reforçou a sua<br />

presença geográfica na Polónia com 15 novas<br />

localizações e clientes de topo. No ano passado,<br />

estabeleceu-se, pela primeira vez, em Itália,<br />

para apoiar um dos seus principais clientes, um<br />

“player” internacional na área do e-commerce.<br />

Esta nova subsidiária completa a cobertura da<br />

ID Logistics no continente europeu, oferecendo<br />

uma solução global a todos os seus principais<br />

clientes internacionais. De igual forma, com a<br />

aquisição da Kane Logistics, o grupo alarga a<br />

sua presença nos Estados Unidos que com a<br />

complementaridade das carteiras de clientes<br />

permitirá obter sinergias comerciais significativas<br />

entre a Europa e os Estados Unidos.<br />

Acredito que o setor da logística em Portugal<br />

está preparado para continuar a crescer,<br />

impulsionado pelo aumento dos volumes de<br />

comércio e pelo empenho do país no<br />

desenvolvimento de infraestruturas. O comércio<br />

eletrónico é também um fator-chave, à<br />

medida que mais consumidores se voltam para<br />

as compras online existe uma procura<br />

crescente por serviços de logística eficientes e<br />

fiáveis, criando oportunidades para os<br />

operadores nacionais e internacionais.<br />

3. A transformação na integração de<br />

ferramentas tecnológicas no setor da logística<br />

tem sido revolucionária. Com o rápido avanço da<br />

tecnologia, podemos agora otimizar os nossos<br />

processos logísticos, tirando partido de<br />

ferramentas e sistemas inovadores. Desde<br />

sistemas automatizados de gestão de inventário,<br />

que acompanham com precisão os níveis de<br />

stock e até anulam a necessidade de realizar<br />

inventários cíclicos, como no caso do nosso robot<br />

Astrid, completamente autónomo para realizar<br />

inventários de paletes e com uma produtividade<br />

de 5.000 paletes por hora. Outro exemplo são os<br />

sistemas com software avançado de otimização<br />

de rotas que ajudam os nossos gestores de frotas<br />

a planear as rotas de entrega mais sustentáveis –<br />

a ferramenta Eco TransIT World. Estes são alguns<br />

dos casos práticos de como a tecnologia melhora<br />

significativamente a eficiência operacional na ID<br />

Logistics. Além disso, a integração de dispositivos<br />

de IoT permite a otimização dos movimentos<br />

e os produtos podem ser identificados graças<br />

aos ecrãs de monitorização - um sistema de<br />

reposição de produtos presente nas mesas de<br />

packing dos nossos armazéns, que


54 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

funciona com uma rede sem os IoT. Desta forma<br />

os operadores repõem os produtos através de<br />

um tablet. Adicionalmente, a integração dessas<br />

ferramentas permite uma melhor comunicação<br />

entre todos os envolvidos na cadeia logística.<br />

O fator humano é essencial para que a atividade<br />

da ID Logistics possa desenvolver-se<br />

corretamente. Por essa razão, acreditamos que<br />

temos de cuidar do nosso capital humano,<br />

oferecendo-lhe vantagens competitivas, como<br />

melhores condições de trabalho e a<br />

possibilidade de continuarem a desenvolver-se.<br />

De acordo com o inquérito HappyIndexAtWork,<br />

80% dos colaboradores da ID Logistics Iberia<br />

gostam do seu trabalho: 73% dizem estar<br />

satisfeitos com a cultura da empresa, 75%<br />

consideram as relações humanas de qualidade,<br />

90% consideram o seu trabalho diário<br />

importante e 87% acreditam que o seu trabalho<br />

tem impacto no sucesso da empresa. Estamos<br />

empenhados em criar políticas de RH que<br />

assegurem o bem-estar dos colaboradores,<br />

porque o nosso verdadeiro compromisso<br />

empresarial começa com a qualidade das<br />

relações humanas e em encontrar sentido no<br />

que fazemos no dia-a-dia.<br />

Portanto, as pessoas vão continuar a ser a chave<br />

no êxito das operações logísticas, porque,<br />

apesar dos avanços tecnológicos e da<br />

automação implementada neste setor, o<br />

fator humano ainda desempenha um papel<br />

fundamental. Os profissionais capacitados<br />

e experientes são capazes de analisar e<br />

tomar decisões complexas, que vão além das<br />

capacidades das máquinas.<br />

Afinal, lidar com a movimentação de produtos<br />

exige conhecimento em diversas áreas, como<br />

o planeamento estratégico, coordenação<br />

e motivação de equipas e resolução de<br />

imprevistos. Além disso, é o fator humano que<br />

confere confiança nas operações logísticas:<br />

desde os motoristas responsáveis por entregar<br />

a mercadoria até aos colaboradores de controlo<br />

de qualidade em centros de distribuição.<br />

Portanto, embora a tecnologia seja uma<br />

aliada poderosa, não podemos subestimar o<br />

valor insubstituível das pessoas nesse campo<br />

essencial da cadeia de suprimentos.<br />

4. A escassez de motoristas no setor logístico<br />

é um desafio crescente que afeta diretamente<br />

a eficiência e o funcionamento das operações.<br />

Com o aumento da procura por serviços de<br />

transporte, especialmente com o crescimento<br />

do comércio eletrónico, a falta de profissionais<br />

qualificados para conduzir veículos pesados de<br />

carga é uma preocupação constante.<br />

Além disso, a falta de incentivos e benefícios<br />

adequados também desencoraja muitos<br />

profissionais a ingressarem ou permanecerem<br />

na atividade. Nesse sentido, é necessário que<br />

as empresas forneçam aos seus colaboradores<br />

valor acrescentado e, na ID Logistics, estamos<br />

atentos a isso.<br />

Do mesmo modo, é fundamental que a ID<br />

Logistics seja atrativa em cada localização, com<br />

base nas perspetivas de carreira oferecidas, nas<br />

condições de trabalho e segurança e no<br />

alinhamento com os planos do grupo.<br />

Por outro lado, a inflação e as taxas de juro têm<br />

colocado uma grande pressão sobre as<br />

margens de negócio e investimentos, o que,<br />

em última análise, afeta a capacidade de<br />

oferecer serviços competitivos aos clientes.<br />

Outra preocupação é o eventual abrandamento<br />

da economia, com menor procura de bens<br />

e serviços. Neste caso podemos enfrentar<br />

uma quebra na atividade, com diminuição de<br />

sinergias, tornando-se um ato de equilíbrio<br />

delicado - no que respeita à gestão - a<br />

manutenção da qualidade do serviço, sem<br />

aumento de custos.


SCM Supply Chain Magazine 55


56 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

MIND4<br />

LOGISTICS<br />

JORGE EMANUEL RAMALHO<br />

CEO<br />

1. Tendo por base os relatórios do INE, os volumes<br />

de importação e exportação em Portugal no<br />

segundo trimestre de <strong>2023</strong> reduziram 6,1% e<br />

4,9% respetivamente. Em simultâneo, os valores<br />

dos fretes marítimos, com claro enfoque na<br />

importação da Ásia para Portugal, sofreram uma<br />

drástica redução, fruto do decréscimo dos volumes<br />

de carga disponíveis no mercado, e do incremento<br />

da capacidade de transporte instalada, obrigando<br />

a um natural ajustamento da oferta por parte das<br />

companhias de navegação.<br />

No entanto, tendo a Mind4Logistics uma<br />

estratégia de diversificação das suas áreas de<br />

negócio, os resultados do primeiro semestre foram<br />

bastante satisfatórios e na sua generalidade<br />

superiores ao período equivalente do ano anterior.<br />

Num setor de atividade bastante concorrencial,<br />

em que nos últimos dois anos, fruto das políticas<br />

de verticalização das companhias de navegação,<br />

assistimos a um “distanciamento” entre os atores<br />

da cadeia logística, registamos com agrado a<br />

inflexão de comportamentos e uma salutar<br />

aproximação, característica essencial para o<br />

devido funcionamento do mercado português.<br />

2. Estamos convictos que a política de fusões<br />

e aquisições a que se assiste no mercado<br />

internacional, tem ainda uma expressão reduzida<br />

no mercado português, muito caracterizado por<br />

pequenas e médias empresas na área da logística,<br />

de capital inteiramente nacional.<br />

Nos 8 primeiros meses do ano, assistimos com<br />

interesse às movimentações no mercado, e<br />

que tendo em consideração o nosso tecido<br />

empresarial, e as sinergias que podem ser criadas<br />

entre empresas nacionais e internacionais, nos<br />

fazem acreditar que ainda temos um longo<br />

caminho a percorrer até a consolidação ser<br />

atingida.<br />

3. Consideramos a transformação digital<br />

e tecnológica essencial e/ou vital para a<br />

sobrevivência no mercado da logística. No Grupo<br />

Mind4, apostamos em medidas específicas<br />

de retenção e formação de novos talentos,<br />

adequando as nossas estratégias a todas as<br />

gerações que diariamente contribuem para a<br />

consolidação no mercado das nossas empresas.<br />

4. Num mercado em que se assiste a uma<br />

redução dos volumes e margens, o nosso maior<br />

desafio torna-se no nosso principal objetivo:<br />

crescer! A conclusão de projetos ou certificações<br />

que se encontram a decorrer, irão potenciar e<br />

diversificar o leque de serviços que oferecemos.<br />

Manteremos a aposta nos recursos humanos que<br />

integram o nosso grupo e que são um dos fatores<br />

que contribui para o nosso crescimento.<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K


www.supplychainmagazine.pt/scmiberia<br />

24 OUT ‘23<br />

ESPAÇO BERTELSMANN – MADRID<br />

CO-ORGANIZADOR:<br />

1ª Conferência Ibérica de Supply Chain<br />

DISRUPÇÃO E TECNOLOGIA<br />

TRANSFORMAÇÕES NA CADEIA<br />

DE ABASTECIMENTO<br />

SUPPLY CHAIN · LOGÍSTICA · OPERAÇÕES · PROCUREMENT<br />

PATROCINADORES<br />

PREMIUM<br />

GOLD<br />

SILVER


58 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

DACHSER<br />

CELESTINO SILVA<br />

MANAGING DIRECTOR EUROPEAN<br />

LOGISTICS IBERIA<br />

1. No primeiro semestre de <strong>2023</strong>, registámos<br />

um declínio significativo no transporte aéreo<br />

e marítimo, mas continuamos a crescer no<br />

transporte terrestre em termos de receita. No<br />

fundo, regressámos à normalidade – antes<br />

do boom do transporte aéreo e marítimo –,<br />

mas não era de esperar outra coisa, já que<br />

esta tendência é transversal a todo o setor. No<br />

entanto, podemos afirmar que a Dachser está<br />

definitivamente a registar um desenvolvimento<br />

positivo em comparação com os níveis pré-<br />

-Covid.<br />

Olhando para os próximos meses, não<br />

esperamos registar um pico de atividade no<br />

outono, ao contrário de anos anteriores. Os<br />

clientes têm sido muito cautelosos até agora<br />

e as perspetivas de crescimento mais baixas,<br />

bem como a inflação elevada estão a afetar<br />

os negócios. Ainda assim, perspetivamos que<br />

os negócios continuarão ao nível da primeira<br />

metade do ano.<br />

2. Numa perspetiva global e estratégica, vejo<br />

as fusões e aquisições como um reflexo natural<br />

do mercado. As empresas que tenham os meios<br />

financeiros para o fazer, querem naturalmente<br />

expandir-se para serem capazes de oferecer<br />

um serviço “ponta a ponta”. A integração e<br />

solidificação de uma rede, para que todos os<br />

intervenientes e serviços estejam em pleno<br />

funcionamento, exigem muito trabalho,<br />

compromisso e, sobretudo, tempo.<br />

Em Portugal, esta tendência tem aumentado<br />

como resultado da incerteza da conjuntura<br />

económica, que levou à insolvência de algumas<br />

empresas que se viram obrigadas a fechar<br />

portas ou a vender o seu fundo de negócio a<br />

outras com maior capacidade financeira.<br />

3. Uma das metas da Dachser para 2030<br />

é tornar-se o operador logístico mais<br />

digitalizado do mundo. Através da integração<br />

de ferramentas tecnológicas e da aposta<br />

na digitalização, seremos capazes de<br />

conseguir uma maior automação, eficiência e<br />

transparência nos processos, o que, por sua<br />

vez, irá conduzir a uma melhoria significativa<br />

no nível de serviço prestado. Para atingir este


SCM Supply Chain Magazine 59<br />

objetivo estamos a implementar uma estratégia<br />

de digitalização integral com base em três<br />

pilares.<br />

Em primeiro lugar, a digitalização dos processos<br />

empresariais, bem como das ferramentas e<br />

soluções que realmente acrescentam valor para<br />

os clientes, trabalhadores e parceiros. Depois,<br />

há a atualização contínua dos nossos sistemas<br />

centrais de gestão de transporte e de armazém<br />

e a integração de sistemas externos relevantes.<br />

Neste campo, a segurança constitui um aspeto<br />

fundamental. Em terceiro lugar, para nós, é<br />

muito importante criar uma mentalidade positiva<br />

entre os nossos colaboradores, encorajá-los e<br />

capacitá-los para que sejam capazes de utilizar a<br />

tecnologia de forma eficaz, para tomar decisões<br />

acertadas e para garantir que os processos<br />

logísticos são executados com segurança e<br />

qualidade. Ainda neste ponto, destaque para a<br />

estimulação da inovação e a criatividade através<br />

do programa Idea2net, que tem como objetivo<br />

promover uma cultura de inovação colaborativa,<br />

em linha com os valores da Dachser.<br />

Sobre a integração de ferramentas tecnológicas<br />

é de referir a inauguração de novas instalações<br />

“high bay” de última geração, totalmente<br />

automatizadas e com uma forte vertente<br />

ecológica no seu maior centro logístico no<br />

panorama internacional, em Memmingen,<br />

Alemanha. O armazenamento e a retirada<br />

de paletes, por exemplo, são totalmente<br />

automatizados, permitindo manusear a entrada<br />

e saída de até 400 paletes de mercadorias por<br />

hora – ou cinco mil por dia, graças a sistemas<br />

de descarga automáticos, uma estação de<br />

paletização automática e oito operadores de<br />

prateleiras guiados por carris no armazenamento<br />

em altura.<br />

O espaço, que resulta de um investimento<br />

de cerca de 30 milhões de euros, é um dos<br />

nossos projetos mais importantes dos últimos<br />

anos. As novas instalações reúnem tecnologia<br />

de automação de ponta e os mais recentes<br />

conceitos de sustentabilidade, beneficiando não<br />

só a localização de Memmingen, mas também a<br />

empresa como um todo.<br />

4. Além das questões transversais que têm<br />

marcado e continuarão a marcar o setor –<br />

como a crescente escassez de motoristas e<br />

profissionais, a incerteza e fragilidade das<br />

cadeias globais de abastecimento e os elevados<br />

custos da energia –, estamos a passar por um<br />

período de grande instabilidade a nível global.<br />

De uma forma geral, o mercado do transporte<br />

marítimo está a enfrentar uma queda acentuada<br />

do volume em todas as rotas. Os clientes estão<br />

a fazer menos envios e a vender primeiro<br />

os stocks acumulados. No entanto, isto só<br />

acontece de forma lenta na atual queda do<br />

consumo. A redução da procura manteve-se<br />

também na carga aérea, com as expectativas<br />

para a temporada de outono a serem ainda<br />

muito moderadas.<br />

Outro dos grandes desafios da indústria<br />

logística passa pela digitalização. Apesar do<br />

progresso que tem sido feito nos últimos anos,<br />

ainda há muitas burocracias e processos que<br />

devem ser atualizados e melhorados. No caso<br />

da Dachser, temos verificado uma evolução<br />

muito positiva no que diz respeito à troca de<br />

informações com os nossos clientes e parceiros<br />

de transporte na otimização dos nossos<br />

processos, o que terá certamente um impacto<br />

significativo no futuro.<br />

Por último, não nos podemos esquecer das<br />

alterações climáticas. É um tópico importante<br />

e levamo-lo muito a sério. Por exemplo, vamos<br />

expandir o nosso modelo de entregas sem<br />

emissões nos grandes centros urbanos – o<br />

Dachser Emission-Free Delivery – a 24 cidades<br />

europeias até ao final de 2025.


60<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

AMERICOLD<br />

HUGO OLIVEIRA<br />

MANAGING DIRECTOR IBERIA<br />

1. O balanço do 1.º semestre é positivo. No<br />

entanto, gostaria de realçar e enaltecer o<br />

excelente trabalho efetuado pelas equipas<br />

que, juntamente com os investimentos<br />

efetuados nos nossos armazéns, farão com<br />

que o balanço no final do ano seja positivo –<br />

esse sim importante para alcançar as metas<br />

que nos propusemos no início do exercício<br />

fiscal.<br />

2. O mercado é dinâmico e, nesse sentido,<br />

podem surgir oportunidades interessantes às<br />

quais estaremos atentos, tanto em Portugal<br />

como em Espanha.<br />

3. Sem dúvida que tem havido nestes<br />

últimos anos uma crescente aposta em novas<br />

ferramentas tecnológicas - hard e soft. Penso<br />

que essa aposta irá intensificar-se cada vez mais<br />

mas, no entanto, as pessoas continuarão a ser<br />

a chave no sucesso das organizações. Os perfis<br />

procurados serão diferentes, como também as<br />

competências que se exigem.<br />

4. Estabilidade de preços. Se, por um lado,<br />

vimos certas componentes a encontrarem<br />

alguma estabilidade a nível de preço, muitas<br />

outras ainda oscilam de forma instável e<br />

imprevisível.


62<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

UPS<br />

PORTUGAL<br />

SANDRO PINTO<br />

BROKERAGE MANAGER<br />

1. No primeiro semestre de <strong>2023</strong>, a UPS<br />

manteve a sua estratégia global, fornecendo<br />

serviços líderes do setor aos seus clientes,<br />

apesar da contínua quebra da procura na Ásia.<br />

Em resposta, concentrámo-nos em controlar<br />

o que podíamos e os nossos resultados<br />

estiveram em linha com os objetivos de base.<br />

Continuaremos focados em impulsionar a<br />

produtividade, ao mesmo tempo que investimos<br />

em iniciativas de eficiência e crescimento.<br />

Além disso, queremos garantir que todas<br />

as empresas – e não apenas as grandes<br />

corporações – tenham acesso igual ao mercado<br />

global. A facilitação do comércio para as<br />

pequenas e médias empresas revelar-se-á vital<br />

para a resiliência económica em toda a Europa.<br />

É por isso que em Portugal, como na Europa,<br />

estamos focados em ajudar as empresas a<br />

crescer através das exportações, especialmente<br />

as PME, identificando os principais desafios<br />

para estas empresas exportadoras, incluindo<br />

a integração de práticas sustentáveis e de<br />

soluções digitais. Neste sentido, destaco o papel<br />

do nosso Brokerage Business Center no Porto,<br />

que tem ajudado as PME exportadoras a agilizar<br />

e acelerar os seus procedimentos e burocracias<br />

em termos de exportação.<br />

2. Atravessamos um dos ambientes<br />

macroeconómicos e geopolíticos mais<br />

complexos e imprevisíveis das últimas décadas,<br />

mas uma coisa permanece clara: a facilitação do<br />

comércio para as pequenas e médias empresas<br />

revelar-se-á vital para a resiliência económica<br />

em toda a Europa.<br />

É sabido que as PME são a espinha dorsal da<br />

economia portuguesa, representando mais de<br />

99% das empresas. E não são apenas essenciais<br />

para manter a estabilidade, mas também são<br />

fundamentais para desbloquear a inovação e<br />

impulsionar o crescimento. Por conseguinte, as<br />

entidades públicas devem continuar a construir<br />

e aprofundar relações com as organizações<br />

privadas e garantir que as empresas, de todas as


SCM Supply Chain Magazine 63<br />

dimensões, estejam representadas e envolvidas<br />

nesse diálogo. Isto será não só essencial para<br />

remover barreiras e facilitar o comércio para as<br />

PME, mas também para a resiliência económica<br />

no espaço europeu.<br />

No mercado português, queremos continuar<br />

a investir na nossa rede de transporte de<br />

nível mundial, para torná-la mais rápida e<br />

mais forte, de modo a potenciar o sucesso<br />

dos nossos clientes. Os investimentos podem<br />

assumir diversas formas, como melhorias na<br />

infraestrutura ou na rede.<br />

3. A tecnologia e a digitalização estão<br />

profundamente enraizadas no nosso ADN,<br />

impulsionando praticamente todos os<br />

serviços que oferecemos e todas as operações<br />

que realizamos. A UPS é líder global no<br />

desenvolvimento de tecnologia e investe<br />

mil milhões de dólares por ano para ajudar<br />

os seus clientes a otimizar os processos<br />

empresariais de transporte e logística, de<br />

modo a reduzir custos, melhorar o serviço<br />

e aumentar a eficiência. A tecnologia é a<br />

base das melhorias de processos na UPS,<br />

igualmente para aumentar a produtividade,<br />

melhorar a confiabilidade e a eficiência e<br />

reduzir custos. Também investimos no nosso<br />

património digital, com o propósito de tornar<br />

as compras online mais fáceis do que nunca.<br />

Na Península Ibérica, inaugurámos o ano<br />

passado um hub de última geração em<br />

Barcelona, dispondo de tecnologia avançada<br />

de triagem de remessas, permitindo<br />

uma redução do consumo de energia, ao<br />

mesmo tempo que possibilitou aumentar<br />

a capacidade de triagem para até 22.000<br />

pacotes por hora – mais de 2,5 vezes a<br />

capacidade da anterior instalação que veio<br />

substituir.<br />

Mas os avanços tecnológicos não impedem<br />

que, como empresa de serviços que somos, na<br />

UPS tudo se resuma às pessoas. É o trabalho<br />

árduo e os esforços dos nossos mais de<br />

500.000 “UPSers” em todo o mundo que nos<br />

permitem fornecer serviços líderes no setor.<br />

Construímos a nossa organização em torno<br />

das pessoas e acreditamos que elas dão o<br />

melhor de si quando sentem orgulho nas suas<br />

contribuições. É por isso que incentivamos a<br />

propriedade da nossa empresa por parte dos<br />

funcionários. Os “UPSers” são fundamentais<br />

para o nosso negócio. Valorizamos as<br />

suas contribuições e incentivamos todos a<br />

trazerem as suas perspectivas, experiências,<br />

identidades, talentos e competências únicas<br />

para o trabalho todos os dias.<br />

4. Em relação ao segundo semestre de <strong>2023</strong>,<br />

continuaremos a investir na aceleração da<br />

nossa rede inteligente de pacotes, apoiando o<br />

crescimento das pequenas e médias empresas<br />

através das exportações. Estamos a crescer nas<br />

áreas do mercado onde queremos crescer, como<br />

as PME, healthcare, B2B e algumas contas de<br />

grandes empresas, fornecendo um serviço de<br />

excelência e concentrando-nos nas capacidades<br />

mais importantes para os nossos clientes.<br />

Continuaremos a desenvolver as nossas<br />

operações em Portugal e a nossa rede UPS<br />

Access Point, que oferece aos consumidores a<br />

opção de um local de entrega alternativo, ao<br />

mesmo tempo que abordamos o desafio da<br />

logística urbana, tornando as entregas mais<br />

eficientes e reduzindo a necessidade de que os<br />

motoristas efetuem visitas de retorno quando<br />

os clientes não estão em casa. Assumimos<br />

o compromisso de alcançar a neutralidade<br />

carbónica até 2050 e definimos objetivos<br />

e planos claros ao longo deste caminho,<br />

abrangendo também a nossa cadeia de<br />

abastecimento.


64 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />

ABREU<br />

LOGISTICS<br />

DAVIDE CERQUEIRA<br />

SUPERVISOR | LOGÍSTICA, DISTRIBUIÇÃO<br />

NACIONAL E ARMAZÉM<br />

1. Apesar das expectativas mais pessimistas<br />

para <strong>2023</strong>, o 1.º semestre revelou-se muito<br />

positivo em volume de negócio. Novos negócios<br />

continuaram a surgir, tanto na atividade<br />

transitária, como logística e transportes. O nível<br />

de stocks dos nossos clientes mantiveram-se<br />

elevados, levando a uma necessidade de espaço,<br />

e o movimento de saídas não acompanha a<br />

antecipação de encomendas a fornecedores.<br />

2. Os operadores logísticos em Portugal,<br />

com prestação de serviços de outsourcing na<br />

sua plenitude, não são muitos, e as marcas<br />

internacionais têm um papel preponderante. No<br />

entanto, também os operadores nacionais têm<br />

um reconhecimento de qualidade no mercado<br />

e contam com clientes muito relevantes, pela<br />

confiança.<br />

Já no mercado dos transportes, ao longo dos<br />

tempos, temos vindo a assistir à redução dos<br />

players com verdadeira capacidade de resposta,<br />

tendo em conta as crises no setor, a falta de<br />

recursos e, claro, os custos de combustível.<br />

Existem ainda muitas empresas que sobrevivem<br />

isoladamente no mercado, mas sendo um setor<br />

tão competitivo, e que se rege muito pelos<br />

custos do last mile, poderá haver ainda algumas<br />

alterações a fazer ou mudanças a acontecer.<br />

3. A tecnologia é crucial, não apenas para<br />

melhorar produtividades e reduzir erros, mas<br />

principalmente para fazer face à dependência da<br />

mão de obra e à sua escassez atualmente. Uma<br />

operação logística com processos totalmente<br />

automatizados, desde a comunicação da<br />

informação, passando pela movimentação dentro<br />

dos diversos espaços e ao longo da supply chain,<br />

terá condições para competir no mercado. O<br />

bem mais essencial e mais pedido por estes dias<br />

é informação. E isso só se consegue, de forma<br />

eficaz, com automatização.<br />

Sobre as pessoas, estas continuam a ser uma<br />

peça-chave no know-how técnico e também na<br />

criatividade para implementar melhorias, mas<br />

temos que tornar as tarefas de rotina e processos<br />

standard o mais autónomos possível da pessoa<br />

que as executa, pela escassez e dificuldade no<br />

recrutamento.<br />

4. O desafio mais presente na cabeça<br />

de qualquer gestor neste mercado será a<br />

antecipação do volume de consumo expectável,<br />

para coadunar os recursos de forma adequada<br />

e manter os resultados das empresas. Também<br />

a estabilização do mercado do emprego/RH é<br />

uma condição necessária para que as empresas<br />

consigam progredir nos projetos, com know-how<br />

sólido, relações duradouras e capacidade de<br />

resposta aos seus clientes. •


BRANDED CONTENT<br />

POR PEDRO FIGUEIRAS,<br />

HEAD OF I&L DA SAVILLS PORTUGAL<br />

UM TRAJETO PIONEIRO:<br />

COMO O REAL ESTATE<br />

IMPULSIONA A EVOLUÇÃO<br />

DOS OPERADORES LOGÍSTICOS<br />

O mundo do real estate, em particular no segmento<br />

da logística assiste, atualmente, a uma dinâmica sem<br />

precedentes, num contexto de baixíssima disponibilidade<br />

de espaço imobiliário logístico. No próximo ano,<br />

espera-se que os novos projetos a entrar no mercado<br />

sejam ocupados quase de imediato, uma realidade<br />

impulsionada, em grande parte, pelo rápido crescimento<br />

do setor dos operadores logísticos em Portugal e dos<br />

seus clientes. Por outro lado, de acordo com o Global<br />

Warehousing Costs da Savills, Lisboa é a capital europeia<br />

onde as rendas são mais competitivas. Neste contexto,<br />

devemos perguntar-nos: como pode o setor imobiliário<br />

desempenhar um papel fundamental na resposta à<br />

necessidade premente de espaço operacional e de<br />

armazenamento no setor da logística?<br />

Em primeira instância, disponibilizando mais e melhor<br />

espaço. Mais espaço que permita aos operadores<br />

logísticos cumprir os seus planos de crescimento e ter<br />

capacidade para acomodar operações de novos clientes.<br />

A exemplo do que temos observado, os operadores que<br />

têm espaço assegurado para oferecer aos seus clientes,<br />

têm conseguido uma vantagem competitiva nos tenders<br />

em que participam. Por outro lado, o imobiliário também<br />

procura oferecer melhor espaço. Por melhor espaço<br />

devemos considerar que as novas construções, para além<br />

de terem melhores especificações que o parque existente,<br />

também respondem a preocupações no âmbito do ESG.<br />

As melhores especificações traduzem-se numa evidente<br />

maior eficiência na operação, mas traz-nos dois grandes<br />

impactos: a melhoria da vivência e do bem-estar de todos<br />

que operam no armazém, bem como uma redução da<br />

pegada ecológica. Noutros mercados este é já um “must<br />

have” para a ocupação de um armazém.<br />

A procura crescente de espaços logísticos está<br />

intrinsecamente ligada a dois fatores: o aumento dos<br />

stocks e o crescimento do comércio eletrónico. Esta<br />

realidade conduziu a uma readaptação das estratégias da<br />

cadeia de abastecimento e à necessidade de proximidade<br />

com os consumidores. No contexto inflacionista que<br />

vivemos, o aumento de stocks, para além de medida de<br />

resiliência para o abastecimento, é sem dúvida um vento<br />

de cauda para as margens das empresas, pois quanto<br />

mais cedo aprovisionam, mais competitivo é o seu preço<br />

de compra. Assim, esta estratégia de gestão de stocks<br />

"just in case" necessita de mais área e instalações de<br />

armazenamento estrategicamente localizadas para<br />

garantir uma cadeia de abastecimento sem falhas.<br />

Estes dois fatores estão a promover uma transformação<br />

do setor imobiliário logístico português no que às<br />

tradicionais zonas respeita. Assim, para responder às<br />

acrescidas necessidades de last-mile, o mercado está<br />

neste momento a desenvolver mais de 100.000 m2 em<br />

vários projetos em zonas urbanas da Grande Lisboa<br />

e próximas dos consumidores, para garantir não só a<br />

rapidez exigida por estes, como a eficiência de baixos<br />

custos de distribuição para este tipo de operação tão<br />

granular.<br />

Em oposição, as grandes zonas logísticas respondem ao<br />

movimento de aumento de stock por via da expansão<br />

natural, onde vemos a construção de novos parques que<br />

permitem oferecer aos ocupantes a eficiência de custos<br />

da operação de warehousing. Neste momento, na Grande<br />

Lisboa e Grande Porto temos cerca de 230.000 m2 em<br />

construção, onde já observamos áreas arrendadas ou<br />

reservadas.<br />

Ao olharmos para 2024 e mais além, a colaboração entre<br />

os operadores logísticos e o imobiliário será fundamental<br />

para satisfazer as necessidades em constante evolução<br />

do paradigma moderno da cadeia de abastecimento,<br />

assegurando a entrega eficiente de mercadorias aos<br />

consumidores e o crescimento contínuo do segmento<br />

logístico em Portugal e além-fronteiras.<br />

Por último, uma vez que estamos num mercado com<br />

disponibilidade próxima de zero e o pipeline em<br />

desenvolvimento não responderá a todas as necessidades,<br />

será fundamental a cooperação e planeamento conjunto<br />

entre operações e imobiliário para as ocupações mais<br />

estratégicas. Os próximos anos trarão oportunidades<br />

de consolidação de sites dos operadores, com os<br />

consequentes benefícios. No entanto, dada a envergadura<br />

dos projetos, o tempo de resposta que o imobiliário<br />

necessita de ter e a sua relevância para os ocupantes,<br />

apenas com planeamento e desenvolvimento conjunto<br />

no médio/longo prazo, entre todos os stakeholders,<br />

conseguiremos a solução mais próxima do ideal para todo<br />

o setor.


66<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

Texto: Ana Paiva<br />

RANKING ARMSTRONG<br />

& ASSOCIATES 2022<br />

TOP 50 DOS 3PL<br />

O que faz de um operador<br />

logístico um grande operador<br />

logístico? A receita que gera<br />

é talvez o mais evidente.<br />

Contudo, para isso, o<br />

operador logístico tem que<br />

ser eficiente ao ponto de<br />

manter os seus clientes mais<br />

do que satisfeitos, felizes.<br />

Mas o caminho até ao topo<br />

pode ser longo e na atual<br />

conjuntura há obstáculos<br />

que devem ser superados.<br />

Abraçar mais a tecnologia,<br />

bem como os 4PL, ou manter<br />

um excelente serviço ao<br />

cliente, são alguns dos<br />

segredos que fazem parte da<br />

alma do negócio.


SCM Supply Chain Magazine 67<br />

AArmstrong & Associates, Inc estima que a<br />

receita bruta do mercado dos operadores<br />

logísticos cresceu 50,3% em 2021. Para<br />

demonstrar este crescimento, criou, em 2022,<br />

um ranking com os 50 operadores logísticos<br />

internacionais que marcaram uma posição de<br />

superioridade no mundo da supply chain, através<br />

da receita gerada em 2021.<br />

Em primeiro lugar surge a alemã Kuehne + Nagel<br />

(40,838$), tendo destronado a DHL Supply Chain<br />

& Global Forwarding (37,707$), que ocupa agora<br />

o segundo lugar do ranking. O terceiro operador<br />

logístico que gerou mais receita em 2021 foi a<br />

dinamarquesa DSV (28,901$).<br />

Além destes, estão também presentes no<br />

ranking players globais, como DB Schenker,<br />

CEVA Logistics, Maersk Logistics, XPO Logistics,<br />

Dachser, Uber Freight, GEFCO, Schneider ou<br />

Americold.<br />

Desafios transversais<br />

Embora estes operadores logísticos tenham<br />

sido superiores em termos de receitas, também<br />

sentiram alguns dos desafios transversais ao<br />

setor. No primeiro semestre de 2022, os 3PL ainda<br />

enfrentavam problemas críticos que desafiavam<br />

as suas competências na gestão da cadeia de<br />

abastecimento. Ainda que as finanças das empresas<br />

tenham alcançado resultados surpreendentes em<br />

2021, o cenário de 2022 dependia do ritmo da<br />

recuperação global. Até a esta data, o ritmo para<br />

esse objetivo mantinha-se lento, e, atualmente, a<br />

realidade não está assim tão diferente.<br />

Após o caos nas cadeias de abastecimento<br />

globais gerado pela pandemia, a guerra entre<br />

a Rússia e a Ucrânia agravou a situação no<br />

setor da supply chain. Citado pelo Logistics<br />

Management, Sri Laxmana, vice-presidente da<br />

C.H. Robinson, apontou alguns dos desafios que,<br />

à época, tornaram negra a vida dos logísticos,<br />

nomeadamente restrições de capacidade, atrasos<br />

no transporte, congestionamento portuário, e<br />

escassez de mão de obra e de equipamentos.<br />

A juntar a todos estes problemas, os custos de<br />

envio também aumentaram em toda a cadeia de<br />

abastecimento, segundo Nia Hudson, analista<br />

de investigação da Transport Intelligence (TI). O<br />

rastreador de frete marítimo da TI aponta que,<br />

em fevereiro de 2022, as taxas em rotas da China/<br />

Ásia Oriental até aos Estados Unidos/Costa Oeste<br />

aumentaram 175,6% de um ano para o outro, assim<br />

como as taxas de backhaul aumentaram 30,2% de<br />

um ano para o outro.<br />

De um modo geral, em 2022, os profissionais<br />

da indústria consideravam improvável que estes<br />

desafios fossem ultrapassados a curto prazo, mas<br />

todos os elos da cadeia de abastecimento estavam<br />

focados em trabalhar em conjunto para encontrar<br />

soluções.<br />

Para muitos é uma memória distante, para outros<br />

parece que aconteceu ontem, mas já passaram<br />

três anos sobre o início da pandemia. É um marco<br />

na história mundial, que dificilmente alguém<br />

esquecerá, nomeadamente a área da logística<br />

que ainda hoje lida com as suas repercussões, e<br />

com outros problemas que se juntaram à lista. Há<br />

novos desafios no horizonte para os operadores<br />

logísticos, como a falta de espaços nos armazéns, a<br />

consolidação do setor, a crise laboral desencadeada<br />

pela generalizada falta de mão de obra e um clima<br />

de incerteza económica a pairar.<br />

Uma das grandes prioridades atualmente<br />

continua a ser para muitos encontrar espaço<br />

adicional de armazenagem. O estudo “3PL<br />

Warehouse Benchmark Report”, da Extensiv,<br />

mostra que 20% dos operadores logísticos operam<br />

acima da capacidade total, e 39% operam entre<br />

90% e 100% da capacidade. Chris Caton, head of<br />

global strategy and analytics, da Prologis, é citado<br />

no estudo, afirmando que “os clientes exigem<br />

1,2 milhões de metros quadrados de espaço de<br />

distribuição por cada mil milhão em vendas, o que<br />

significa que o e-commerce requer três vezes mais<br />

espaço do que a distribuição tradicional por


68<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

via postal”. Tendo em consideração a falta de<br />

espaço, os elevados custos de aluguer, e os custos<br />

de construção de novos espaços para pequenos<br />

operadores, os armazéns deverão reinventar-se<br />

e criar outras soluções para otimizarem o seu<br />

negócio.<br />

Além da falta de espaço de armazenamento está<br />

a verificar-se atualmente uma maior consolidação<br />

das empresas no setor, como é o caso da Amazon<br />

que continua a afirmar a sua presença logística<br />

multicanal. Outras empresas, como a American<br />

Eagle ou a GAP, permitem agora serviços<br />

contratuais nos seus armazéns, constituindo<br />

assim uma ameaça aos operadores logísticos, que<br />

procuram novos clientes.<br />

Há ainda o problema da incerteza económica e da<br />

escassez de mão de obra, que continuam a agravar<br />

o estado de muitas indústrias, especialmente<br />

no setor da logística. A falta de motoristas e de<br />

trabalhadores de armazém está a criar uma crise<br />

laboral que afeta várias fases da logística, dos<br />

transportes e do armazém. A boa notícia é que há<br />

algumas práticas para contornar estes desafios e<br />

otimizar o negócio.<br />

Automação digital<br />

A implementação de tecnologias de automação<br />

nos armazéns é a tendência número um para<br />

este ano. Para tirar partido da automação digital,<br />

os 3PL devem começar por implementar novas<br />

tecnologias o mais rápido possível. Comprar e<br />

instalar softwares demora algum tempo e, nunca<br />

haverá uma altura certa para o fazer. Deverão<br />

avaliar as tecnologias que melhor se adequam ao<br />

negócio, e utilizar demos e/ou testes gratuitos o<br />

mais cedo possível.<br />

Tirar o máximo de partido de um software é<br />

uma mais-valia e, na verdade, para fazer uso da<br />

automação digital poderá não ser necessário<br />

abandonar por completo o software que já<br />

possuem. Basta certificarem-se de que estão<br />

a utilizar todas as ferramentas, uma vez que<br />

a total utilização do software é, muitas vezes,<br />

negligenciada. Deverão estudar a documentação<br />

do centro de ajuda, contactar os departamentos<br />

de apoio e/ou o apoio ao cliente para tutoriais,<br />

e desenvolver programas de treino para os<br />

funcionários do armazém. Não vale a pena ter um<br />

excelente software se ninguém souber utilizá-lo.<br />

É ainda preciso ter em consideração o equilíbrio<br />

entre a mão de obra humana e a máquina. Ainda<br />

que seja implementada automação no armazém<br />

será sempre necessária a supervisão de operadores<br />

para executar tarefas de valor acrescentado. O<br />

investimento em automação deverá ser encarado<br />

como uma forma de criar uma classe de empregos<br />

em vez de substituir funcionários. De acordo com a<br />

Forbes, “um dos desafios mais críticos que o retalho<br />

e os 3PL enfrentam é como contratar e manter<br />

funcionários com as competências certas”, mas<br />

investir em trabalhadores através de formação,<br />

gera resultados.<br />

A ascensão contínua dos 4PL<br />

“4PL” pode vir a ser uma das buzzwords mais<br />

ouvidas na área da logística. No que diz respeito<br />

à consolidação na indústria, enquanto grandes<br />

players de retalho procuram oferecer serviços<br />

de 3PL nos seus armazéns, outros mega 3PL<br />

operam as suas próprias redes 4PL. Esta injeção<br />

de concorrência numa indústria feroz pode ser<br />

assustadora para muitos pequenos 3PL. No<br />

entanto, aqueles que procuram parceiros em todo<br />

o país, podem beneficiar da ascensão dos 4PL,<br />

proporcionando um contrapeso à consolidação<br />

dentro da indústria em torno de grandes players.<br />

Para os 3PL “entrarem na onda” das redes 4PL<br />

precisam de estar recetivos a parcerias. Mesmo não<br />

sendo uma rede 4PL, vários 3PL podem beneficiar<br />

com parcerias através da distribuição do inventário<br />

ao longo da rede. No mundo competitivo da<br />

logística é fácil rejeitar propostas destas, mas os<br />

4PL oferecem formas de negócio para concorrentes<br />

prosperarem juntos.


SCM Supply Chain Magazine 69<br />

No entanto, as redes 4PL devem funcionar de<br />

forma que beneficiem todos os intervenientes.<br />

É preciso garantir que os 3PL e os 4PL têm<br />

visibilidade, controlo, responsabilidade e<br />

comunicação atualizada para que todos possam<br />

criar uma boa experiência para o cliente e<br />

consumidor.<br />

Por fim, importa entender os objetivos do cliente.<br />

Para tirar o máximo de partido de uma rede 4PL<br />

é necessário comunicar com os clientes que estão<br />

envolvidos neste tipo de relação com outros 3PL, e<br />

entender como é que os objetivos comerciais desse<br />

cliente podem conduzir a tomada de decisão.<br />

O cliente no centro<br />

Este negócio depende de relações fortes com os<br />

clientes. Assim, é necessário saber qual a melhor<br />

forma de os servir, especialmente à medida<br />

que os 3PL crescem para conquistar cada vez<br />

mais clientes. O estudo “2022 Inbound Logistics<br />

Perspectives: 3PL Market Research Report”, da<br />

Inbound Logistics, aponta o mau serviço ao cliente<br />

como a principal razão para uma parceria falhar.<br />

Confiar nos dados é um dos pontos fundamentais<br />

para os 3PL dominarem as suas relações com os<br />

clientes. Ao avaliar os clientes, podem fazer uso de<br />

factos concretos para determinar se vale a pena<br />

mantê-los por perto. A rentabilidade, KPI como<br />

volume de encomendas e receita gerada, e recursos<br />

são algumas métricas específicas importantes de<br />

analisar.<br />

Se a tecnologia é uma parte fulcral do seu<br />

negócio deve informar os clientes sobre ela,<br />

nomeadamente ferramentas implementadas<br />

dentro do armazém que facilitam a comunicação<br />

com eles. No entanto, se os clientes estiverem<br />

reticentes, esse deverá ser o momento para<br />

reavaliar a parceria. A tecnologia é um fator de<br />

venda importante para muitas empresas que<br />

procuram parceiros 3PL, pelo que, deve ser<br />

anunciada como uma mais-valia.<br />

Por último, concentre-se no seu valor e dê a<br />

conhecê-lo aos clientes. Apesar da incerteza<br />

económica que se faz sentir, ainda há clientes com<br />

operações dentro de casa e que podem precisar<br />

de serviços de um 3PL. Apresente uma oferta<br />

competitiva e destaque o seu know-how para<br />

conquistar novos clientes.<br />

A evolução do omnicanal<br />

No estudo “State of the Industry Report”, realizado<br />

em 2022, o abastecimento omnicanal foi indicado<br />

como uma das maiores tendências do ano, e a<br />

verdade é que continua a ser um importante motor<br />

de crescimento para os 3PL. O abastecimento<br />

omnicanal encapsula o cumprimento de<br />

encomendas através de vários canais de venda<br />

disponíveis para os consumidores com uma<br />

abordagem unificada à gestão de inventário,<br />

encaminhada através de um WMS para manter o<br />

inventário de transações organizado.<br />

Os 3PL têm de preparar-se para a evolução do<br />

abastecimento, e uma das formas é atribuírem um<br />

valor adequado aos seus serviços. Principalmente<br />

durante este período de inflação económica, em<br />

que os volumes de encomendas são menores,<br />

mas a receita continua a subir para as marcas, é<br />

importante fixar o preço dos serviços.<br />

Outra das estratégias é maximizar o cumprimento<br />

dos tempos/prazos: os 3PL mais rentáveis<br />

cumprem tempos de encomendas em 30 minutos.<br />

O “2022 3PL Benchmark Report” aponta que, em<br />

média, se demorar mais de três horas para cumprir<br />

uma ordem de encomenda, a probabilidade de<br />

impactar a rentabilidade média/alta chega a uma<br />

taxa média de 1,58x.<br />

Ainda que atualmente a sua tecnologia não<br />

suporte o abastecimento omnicanal, há a<br />

possibilidade de vir a querer que isso aconteça,<br />

especialmente quando o comércio eletrónico<br />

continua a crescer. A compra e venda omnicanal<br />

continua a ganhar muitos adeptos, e não faz<br />

sentido estar limitado por tecnologia para dar<br />

entrada neste segmento.


70<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

A&A<br />

Rank<br />

01<br />

02<br />

03<br />

04<br />

05<br />

06<br />

07<br />

08<br />

09<br />

10<br />

11<br />

12<br />

13<br />

14<br />

15<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

20<br />

21<br />

22<br />

23<br />

24<br />

25<br />

26<br />

27<br />

28<br />

29<br />

30<br />

31<br />

32<br />

33<br />

34<br />

35<br />

36<br />

37<br />

38<br />

39<br />

40<br />

41<br />

42<br />

43<br />

44<br />

45<br />

46<br />

47<br />

48<br />

49<br />

50<br />

Third-Party Logistics Provider<br />

(3PL)<br />

Kuehne + Nagel<br />

DHL Supply Chain & Global Forwarding<br />

DSV<br />

DB Schenker<br />

C.H. Robinson<br />

Sinotrans<br />

Nippon Express<br />

Expeditors<br />

UPS Supply Chain Solutions<br />

CEVA Logistics<br />

GEODIS<br />

J.B. Hunt<br />

Kerry Logistics<br />

Maersk Logistics<br />

Kintetsu World Express<br />

XPO Logistics<br />

DACHSER<br />

GXO Logistics<br />

Total Quality Logistics<br />

Yusen Logistics<br />

CJ Logistics<br />

LX Pantos<br />

Uber Freight<br />

Toll Group<br />

Hitachi Transport System<br />

Transportation Insight<br />

Bolloré Logistics<br />

GEFCO<br />

Hellmann Worldwide Logistics<br />

Ryder Supply Chain Solutions<br />

Worldwide Express<br />

Burris Logistics<br />

Hub Group<br />

SAIC Anji Logistics**<br />

AWOT Global Logistics Group<br />

Lineage Logistics<br />

JD Logistics<br />

Landstar<br />

CTS International Logistics<br />

Schneider<br />

Echo Global Logistics<br />

Penske Logistics<br />

Mainfreight<br />

Savino Del Bene<br />

MODE Global<br />

NFI<br />

Culina Group<br />

C&D Logistics Group<br />

Allcargo Logistics<br />

Americold<br />

Receita bruta da logística<br />

(milhões de dólares)*<br />

40,838<br />

37,707<br />

28,901<br />

27,648<br />

22,355<br />

19,097<br />

18,612<br />

16,524<br />

14,639<br />

12,000<br />

11,900<br />

11,412<br />

10,516<br />

9,830<br />

9,010<br />

8,907<br />

8,333<br />

7,940<br />

7,857<br />

7,788<br />

7,700<br />

6,541<br />

6,440<br />

6,300<br />

5,995<br />

5,800<br />

5,701<br />

4,953<br />

4,718<br />

4,612<br />

4,600<br />

4,300<br />

4,232<br />

4,183<br />

4,058<br />

4,000<br />

3,946<br />

3,838<br />

3,822<br />

3,770<br />

3,745<br />

3,700<br />

3,665<br />

3,538<br />

3,400<br />

3,122<br />

2,985<br />

2,967<br />

2,741<br />

2,715


72<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

DIÁRIO DE BORDO<br />

CHARLES<br />

DARWIN<br />

E PANDEMIA:<br />

IMPLICAÇÕES<br />

LOGÍSTICAS<br />

“Não é o mais forte que sobrevive,<br />

nem o mais inteligente, mas o que<br />

melhor se adapta às mudanças”.<br />

Frase que não é de Charles Darwin,<br />

como a maioria de nós acha, mas de<br />

um professor americano que assim<br />

sintetizou a teoria da evolução das<br />

espécies do biólogo britânico. E,<br />

escolho começar com esta citação,<br />

não porque fica bem (que fica!), mas<br />

antes porque é uma boa metáfora para<br />

os negócios e, particularmente, para<br />

quem está na logística, cujo dia-a-dia<br />

é feito de adaptações constantes e até<br />

mesmo improvisos.<br />

SARA MONTE E FREITAS<br />

PARTNER | EXPENSE REDUCTION ANALYSTS<br />

Foi essa capacidade de adaptação que<br />

diferenciou empresas durante a pandemia,<br />

fez com que sobrevivessem e, no final<br />

de contas, acabaram por criar mais um<br />

negócio próspero que nunca antes tinham<br />

equacionado.<br />

Mas, vamos lá! A Covid-19 trouxe consigo<br />

(não apenas o lockdown) mudanças<br />

profundas e, até então, impensáveis,<br />

em muitos setores. Um dos efeitos mais<br />

significativos foi a transformação de<br />

empresas B2B em B2C. Esse cenário, nunca<br />

antes equacionado, gerou a necessidade<br />

de criar um novo canal de vendas diretas<br />

ao consumidor final e outras alterações de<br />

fundo, como na logística.<br />

No cenário de pandemia, muitas empresas<br />

B2B viram as vendas em queda vertiginosa,


SCM Supply Chain Magazine 73<br />

enquanto o comércio eletrónico e as compras<br />

online disparavam. Para sobreviver nesse<br />

novo contexto, muitas tiveram que adaptar<br />

os seus modelos de negócios e abrir um<br />

novo canal de vendas diretas ao consumidor<br />

que, antes, não existia, nem era sequer<br />

equacionado nas suas operações.<br />

O novo canal B2C não foi apenas uma<br />

resposta temporária à pandemia, mas uma<br />

tendência que se manteve e aumentou no<br />

pós-pandemia, até aos dias de hoje, e com<br />

grande sucesso. Empresas que antes vendiam<br />

exclusivamente para a grande distribuição<br />

e retalho tiveram que se reinventar e<br />

encontrar maneiras de chegar diretamente<br />

ao consumidor final.<br />

Essa mudança abrupta obrigou a ajustes<br />

significativos na sua logística. Se, antes,<br />

lidavam apenas com grandes volumes de<br />

produtos em paletes, agora tiveram de<br />

adaptar-se ao picking à unidade. A logística<br />

teve de ser repensada para garantir uma<br />

experiência de compra satisfatória para o<br />

consumidor final, que se tornou crítico à<br />

sobrevivência de muitas delas.<br />

Com esta alteração, surgiu uma nova<br />

necessidade: a personalização da embalagem.<br />

Mas, também, criar fidelização com programas<br />

sofisticados ou pequenas ofertas, algo para<br />

que muitas dessas empresas não estavam<br />

vocacionadas. Passaram a ter ofertas especiais,<br />

pacotes personalizados ou embalagens<br />

exclusivas. O impacto na embalagem<br />

foi notável, não apenas pelo cuidado e<br />

personalização “exigidos” pelo cliente final,<br />

mas também com a necessidade de adaptação<br />

ao transporte. Se antes se enviavam paletes<br />

em camião, passaram a ser usadas empresas<br />

de correio expresso. Garantir a integridade<br />

dos produtos durante o transporte, enviar<br />

pequenas quantidades e responder às<br />

expetativas dos clientes a isso obrigaram.<br />

Associado a este processo, veio outra<br />

novidades para empresas, até então, B2B:<br />

o repacking. Processo de reembalagem<br />

dos produtos, para se adequarem ao<br />

novo canal de distribuição. Esse aspeto<br />

foi particularmente revolucionário, por<br />

exemplo, no setor das bebidas, onde a<br />

embalagem original, muitas vezes, não<br />

atendia às necessidades do consumidor final<br />

ou da empresa de transporte expresso.<br />

A adaptação a esse novo cenário, como<br />

vemos, muito transversal, exigiu redesenhos<br />

vários e de monta, como armazéns, equipas,<br />

fornecedores diversos, tecnologia e muito<br />

mais. As empresas tiveram que investir<br />

em diversas soluções diferenciadas,<br />

em comparação com as que possuíam<br />

anteriormente, a fim de atenderem às<br />

exigências do comércio eletrónico e do<br />

consumidor final.<br />

Além disso, reforço, as entregas<br />

passaram a ser realizadas por empresas de<br />

distribuição urbana, em contraste com o<br />

modelo anterior, baseado em empresas de<br />

logística/transportes. Essa mudança exigiu<br />

uma relação mais próxima entre empresas<br />

e transportadores, garantindo entregas<br />

rápidas e eficientes.<br />

Por fim, o upselling e o cross selling<br />

cresceram consideravelmente nas empresas<br />

que adotaram essa transformação para o<br />

modelo B2C. Ao entrar em contato direto<br />

com o consumidor final, puderam oferecer<br />

produtos complementares e incentivar<br />

vendas adicionais, aumentando a sua<br />

receita.<br />

Um admirável mundo novo de<br />

oportunidades de crescimento e vendas<br />

com maior margem, para a esmagadora<br />

maioria delas, despertado pela necessidade<br />

e capacidade de adaptação. Sintetizando,<br />

Darwin, nascido em 1809, sempre atual. •


74<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

APLOG<br />

“TODA ESTA<br />

CAMINHADA<br />

REQUER BONS<br />

COMPANHEIROS<br />

DE VIAGEM”<br />

Os operadores logísticos têm, hoje mais<br />

do que nunca, um papel incontornável<br />

na gestão eficiente das cadeias de<br />

abastecimento. Para isso tem contribuído<br />

os novos desafios colocados às operações<br />

logísticas.<br />

Estas são hoje mais integradoras de<br />

soluções, identificando novas tecnologias,<br />

inovações, que possam contribuir para<br />

melhorar a qualidade e o nível de serviço aos<br />

clientes, a par de uma eficiência operacional<br />

e produtividade que possam traduzir-se em<br />

menores custos.<br />

Temos agora operações mais intensivas,<br />

requerendo recursos para picos de atividade de<br />

duração limitada, por vezes não programados<br />

e quase sempre suportados em soluções<br />

customizadas.


SCM Supply Chain Magazine 75<br />

Refletir sobre o que se espera de um operador<br />

logístico e quais os principais desafios que se<br />

colocam atualmente a estes elos fundamentais<br />

nas cadeias de abastecimento globais foi o desafio<br />

que lançámos ao presidente da APLOG. Gerir e<br />

coordenar cuidadosamente um grande número<br />

de pessoas, tecnologias, dados e transportes é<br />

uma parte da equação, mas há outros fatores a<br />

considerar quando se pretende garantir que os<br />

clientes e os clientes dos clientes recebem o que<br />

esperam, a tempo, em boas condições e ao menor<br />

custo, financeiro e ambiental. Saiba quais, na<br />

opinião de Raúl Magalhães.<br />

RAÚL MAGALHÃES<br />

PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA APLOG


76<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

"... CONTINUAR<br />

A ACRESCENTAR<br />

VALOR,<br />

REFORÇAR<br />

RENTABILIDADE<br />

E GARANTIR<br />

VANTAGENS<br />

COMPETITIVAS<br />

AOS SEUS<br />

CLIENTES.<br />

Operações mais extensas – a<br />

verticalização dos operadores na área<br />

de transportes internacionais, operações<br />

de consolidação e desconsolidação em<br />

mercados externos, a par das atividades<br />

aduaneiras necessárias, implicam novas<br />

valências, recursos, parceiros internacionais,<br />

além de investimentos em tecnologias que<br />

possibilitem visibilidade e rastreabilidade em<br />

tempo real.<br />

Operações mais sustentáveis - dos<br />

armazéns às condições sociais dignas, dos<br />

equipamentos de transporte às embalagens<br />

de suporte, da gestão de resíduos à<br />

neutralidade carbónica.<br />

Operações mais integradas e customizadas<br />

– vários canais, distintos meios de<br />

transporte e interfaces, tudo suportado em<br />

processos cada vez mais digitais e operações<br />

com risco e contingências acautelados.<br />

Estes são, entre muitos, alguns desafios<br />

com que se deparam os operadores<br />

logísticos. Em todos, ou quase, se identificam<br />

padrões comuns:<br />

Tecnologia – incontornável no presente<br />

e mais do que nunca no futuro. Garante da<br />

rapidez e qualidade de informação. Requisito<br />

essencial à colaboração ao longo da cadeia;<br />

Digitalização – indispensável para<br />

melhorar a resiliência, qualidade e eficiência,<br />

em particular face a ambientes ou fatores de<br />

risco. Garante da visibilidade e controlo em<br />

real time.<br />

Sustentabilidade – da localização dos<br />

ativos, layout e materiais de construção,<br />

logo aí garantindo a correta utilização do<br />

espaço, energia e fluidez das operações<br />

de movimentação de pessoas e produtos.<br />

As políticas ambientais, de inclusão e<br />

responsabilidade social da empresa, são<br />

outras componentes desta área.<br />

Transportes – a gestão dos<br />

diferentes meios e modos de transporte,<br />

garantindo evolução positiva nas metas de<br />

descarbonização, na otimização das cargas e<br />

um eficaz planeamento.<br />

Automação – opção quase mandatória<br />

para a gestão de operações que impliquem<br />

redução de risco ou sobrecarga física, mais<br />

rapidez e produtividade, opção cada vez mais<br />

adequada quer para aumento de produção,<br />

quer para especialização (customização) de<br />

séries mais pequenas.<br />

Local versus global<br />

Sem prejuízo da defesa do seu território<br />

natural, os operadores logísticos devem estar<br />

preparados para atuar em mercados cada vez<br />

mais globais. Desafio exigente para a nossa<br />

posição periférica, mas que felizmente tem<br />

hoje vários casos de sucesso ibérico, europeu<br />

e até global.<br />

Tem sido progressivo o envolvimento


SCM Supply Chain Magazine 77<br />

dos operadores logísticos no exercício de<br />

planeamento e gestão de data analytics dos<br />

seus clientes/operações. A sua visão transversal<br />

e o conhecimento acumulado constituem uma<br />

vantagem que urge desenvolver.<br />

Por outro lado, com a necessidade<br />

crescente de especialização, uso de<br />

ferramentas analíticas e tecnologias de<br />

informação, os recursos humanos na<br />

logística tornaram-se não só escassos,<br />

como altamente valiosos. As empresas que<br />

melhor conseguirem captar e reter os seus<br />

quadros, mais garantias de sucesso terão no<br />

futuro! As políticas de formação, inclusão e<br />

responsabilidade social, têm cada vez maior<br />

influência na capacidade de retenção e<br />

satisfação dos colaboradores.<br />

Toda esta caminhada requer bons<br />

companheiros de viagem. No chamado<br />

ecossistema logístico, surgem cada vez mais<br />

empresas, escolas, iniciativas e parcerias que<br />

se tornam vitais para o desenvolvimento e<br />

rentabilização das operações. Refiro-me a<br />

várias empresas, como:<br />

Empresas tecnológicas, muitas<br />

delas startup, que conseguem identificar<br />

e solucionar problemas ou bloqueios à<br />

eficiência das operações;<br />

Empresas especializadas na gestão<br />

de espaço, melhoria contínua, redução do<br />

desperdício e flexibilização de operações;<br />

Empresas de recursos humanos,<br />

que possibilitam respostas rápidas para<br />

necessidades de curta duração ou sazonais;<br />

Fabricantes de equipamento, quer de<br />

automação quer de movimentação, cada


78<br />

JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />

vez mais especializados e suportados em<br />

tecnologia e inteligência artificial;<br />

Empresas de embalagens e suportes<br />

logísticos, precursoras das preocupações<br />

ambientais e parte relevante na<br />

traçabilidade, qualidade e otimização dos<br />

transportes;<br />

Empresas de transportes, dos diferentes<br />

modos, que permanentemente adequam<br />

as suas ofertas e propostas aos desafios<br />

das cadeias de abastecimento e que sem o<br />

seu esforço, os objetivos de rentabilidade<br />

e descarbonização não seriam possíveis de<br />

alcançar.<br />

Temos assim um conjunto alargado de<br />

atividades e parceiros que não só municiam<br />

os operadores logísticos com novas ideias,<br />

inovações e soluções, como são colaborantes<br />

no dia a dia.<br />

Que futuro?<br />

Às dimensões já referidas, teremos que<br />

acrescentar algumas tendências que do<br />

nosso ponto de vista serão essenciais para<br />

a sustentabilidade e sucesso das empresas<br />

logísticas.<br />

A verticalização, pois mais e mais<br />

empresas irão alargar o seu espectro de<br />

atividade, tentando responder com soluções<br />

“chave na mão” às necessidades locais/globais<br />

dos seus clientes. As soluções “end-to-end”<br />

com visibilidade, flexibilidade e sustentáveis,<br />

são apostas ganhas já hoje e no futuro. O<br />

espaço entre as empresas que verticalizaram<br />

na procura de escala e as especializadas em<br />

nichos de mercado ou atividade, será objeto<br />

de consolidações via aquisição ou fusão, num<br />

futuro próximo.<br />

A necessidade de internacionalização<br />

obriga ao estabelecimento ou reforço<br />

de parcerias regionais ou globais que<br />

permitam um nível de serviço elevado,<br />

independentemente da localização das<br />

operações.<br />

A sustentabilidade vista de uma forma<br />

integrada e alargada, será um critério de<br />

acesso a mercados e clientes cada vez mais<br />

utilizado, premiando as empresas que mais<br />

avancem (e comuniquem) nesta matéria.<br />

A colaboração entre empresas e entre<br />

operadores e clientes será crítica, e condição<br />

necessária ao sucesso e rentabilidade das<br />

operações.<br />

A logística e a gestão das cadeias de<br />

abastecimento sempre tiveram influência de<br />

outras áreas do conhecimento, da economia<br />

ao conhecimento militar, da psicologia à<br />

comunicação, da estratégia aos métodos<br />

quantitativos, das tecnologias de informação<br />

à recente inteligência artificial. Hoje, mais do<br />

que nunca, o desenvolvimento da logística<br />

e o sucesso dos operadores passam pela<br />

incorporação de muitos destes conhecimentos/<br />

valências, permitindo desta forma continuar<br />

a acrescentar valor, reforçar rentabilidade<br />

e garantir vantagens competitivas aos seus<br />

clientes. •


Outsourcing Logístico<br />

Serviços<br />

Descarga e receção de mercadorias Conferência e arrumação Manipulações e<br />

Recondicionamento Etiquetagem Co-packing Kitting Picking e Embalamento<br />

Cross-docking Carregamento e Expedição de Mercadorias Carga e Descarga de Contentores<br />

Operações “One-shot” (campanhas) Controlo de Qualidade Realização de inventários<br />

Gestão de Devoluções Controlo e Manutenção de Suportes de Manuseamento<br />

Tratamento de Vasilhame e Resíduos<br />

Gesgrup, o parceiro Ideal.<br />

www.gesgrup.pt

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