SCMedia News | Revista | Julho & Agosto 2023
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
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<strong>Julho</strong> - <strong>Agosto</strong> <strong>2023</strong><br />
4,60€<br />
Mensal<br />
OPERADORES<br />
LOGÍSTICOS NACIONAIS<br />
MISSÃO:<br />
SERVIR<br />
E CRIAR<br />
VALOR
SCM Supply Chain Magazine 3<br />
Dora Assis<br />
EDITORIAL<br />
MISSÃO: SERVIR E ACRESCENTAR VALOR<br />
“(...)Sê todo em cada coisa. Põe quanto és<br />
no mínimo que fazes.”<br />
Ricardo Reis<br />
Este número da SCM é especial. E é diferente.<br />
É especial porque assinala o nosso 4.º<br />
aniversário (sim, sim, as revistas também fazem<br />
anos) e é diferente porque é a primeira vez que<br />
nestes curtos (mas muito preenchidos!) quatro<br />
anos de revista dedicamos toda uma edição<br />
aos operadores logísticos.<br />
Elo imprescindível nas cadeias de<br />
abastecimento contemporâneas, os operadores<br />
logísticos, como toda a supply chain, têm<br />
vivido tempos desafiantes e, sobretudo,<br />
exigentes. É disso que falamos neste especial<br />
totalmente dedicado às empresas prestadoras<br />
de serviços logísticos, à sua atividade, ao valor<br />
que acrescentam ao mercado, mas também às<br />
suas necessidades e desafios, os atuais e os<br />
que ainda estão para vir.<br />
Dado o atual clima económico, os custos<br />
para os 3PL têm vindo a aumentar de<br />
forma generalizada, uma vez que a inflação<br />
continua a ser recorde e tem impacto em<br />
coisas fundamentais à atividade, como a<br />
energia e o combustível. Por outro lado, os<br />
operadores logísticos têm também que estar<br />
preparados para fazer face a uma “nova vaga”<br />
de concorrentes. Basta olhar para os novos<br />
serviços lançados pela gigante Amazon ou<br />
aqui no nosso retângulo a proposta B2B e<br />
B2C da retalhista Worten, que com o “Worten<br />
Fulfillment” surge com soluções logísticas para<br />
como é ponto de honra de qualquer operador<br />
logístico “levar os produtos, nas melhores<br />
condições e preço, ao seu destino”. Tudo isto<br />
com o consumo a retrair, como consequência<br />
da normalização pós-covid, mas também dos<br />
persistentes desafios macroeconómicos e das<br />
elevadas taxas de juro, que a todos afetam.<br />
Os dias tranquilos das cadeias de<br />
abastecimento continuam, pois, a ser uma<br />
miragem. Mas se o mundo mudou, a missão<br />
dos operadores logísticos, essa, continua a ser<br />
a de sempre: servir e acrescentar valor. E foi<br />
também por isso que decidimos assinalar desta<br />
forma o 4.º aniversário da revista da Supply<br />
Chain Magazine.<br />
É que, tal como os operadores logísticos,<br />
também nós desde o primeiro dia temos uma<br />
missão que se mantém incólume: servir e<br />
acrescentar valor a si, caro leitor, satisfazendo<br />
as suas necessidades de informação e<br />
atualização profissional. Suscitando a reflexão,<br />
ajudando-o a cimentar conhecimento e a<br />
formar opinião.<br />
Esperamos tê-lo conseguido em mais esta<br />
edição, pois foi um gosto pensá-la, coordená-la<br />
e partilhá-la agora consigo. Boas leituras!
4<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
ÍNDICE<br />
06<br />
28<br />
FACTOS & NÚMEROS<br />
EFICIÊNCIA DA LOGÍSTICA<br />
MANTÉM-SE CONSTANTE<br />
08<br />
IMOBILIÁRIO LOGÍSTICO<br />
ESPAÇOS PROCURAM-SE!<br />
32<br />
ENTREVISTA APOL<br />
À PROVA DE FUTURO<br />
18<br />
13 GRANDES DESAFIOS<br />
PARA OS OPERADORES<br />
LOGÍSTICOS<br />
36<br />
OPERADORES LOGÍSTICOS<br />
DE BRAÇO DADO<br />
COM A EFICIÊNCIA<br />
OPERADORES<br />
LOGÍSTICOS NACIONAIS<br />
MISSÃO: SERVIR<br />
E CRIAR VALOR
SCM Supply Chain Magazine 5<br />
66<br />
RANKING ARMSTRONG<br />
& ASSOCIATES 2022<br />
TOP 50 DOS 3PL<br />
72<br />
DIÁRIO DE BORDO<br />
CHARLES DARWIN E<br />
PANDEMIA: IMPLICAÇÕES<br />
LOGÍSTICAS<br />
74<br />
APLOG<br />
“TODA ESTA<br />
CAMINHADA REQUER<br />
BONS COMPANHEIROS<br />
DE VIAGEM”<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Sede editor, Administração e Redação_<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
Direção Geral_<br />
Filipe Barros<br />
Diretora_<br />
Dora Assis<br />
Redação_<br />
Ana Paiva, Bruna Manguito,<br />
Fábio Santos<br />
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Design Gráfico & Paginação _<br />
PAR Design<br />
Sales manager_<br />
Samantha Casas<br />
Marketing Digital_<br />
Margarida de Vasconcelos<br />
Events Support_<br />
Katline Costa<br />
Impressão _<br />
VASP DPS<br />
MLP – Quinta do Grajal,<br />
Venda Seca<br />
2739-511 Agualva Cacém<br />
Tiragem _<br />
3 mil exemplares<br />
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SC Media Unipessoal, Lda.<br />
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Capital Social_<br />
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Os artigos assinados apenas veiculam<br />
a posição dos seus autores.<br />
Interdita a reprodução de textos e<br />
imagens sem autorização expressa.
6<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
FACTOS & NÚMEROS<br />
EFICIÊNCIA DA LOGÍSTICA<br />
MANTÉM-SE CONSTANTE<br />
A resiliência e a fiabilidade são cruciais na gestão logística. De acordo com o Índice de<br />
Desempenho Logístico de <strong>2023</strong> do Banco Mundial (LPI), o primeiro no pós-pandemia, no<br />
ranking dos 139 países analisados, Portugal ocupa a 40.ª posição.<br />
Este índice avalia várias dimensões do<br />
desempenho logístico, incluindo as infraestruturas,<br />
a gestão aduaneira e fronteiriça,<br />
a facilidade de organizar os envios, a qualidade<br />
dos serviços logísticos, o acompanhamento e a<br />
localização das mercadorias e a pontualidade das<br />
entregas.<br />
Os 12 países com melhor desempenho no<br />
LPI <strong>2023</strong> são nações de elevado rendimento.<br />
Singapura, com uma pontuação de 4,3, está<br />
no topo, uma posição que também ocupou em<br />
2007 e 2012. Oito dos 12 países com melhores<br />
resultados - Finlândia (4,2), Dinamarca, Países<br />
Baixos, Suíça (4,1), Áustria, Bélgica, Alemanha<br />
e Suécia (4,0) - são da Europa. O Canadá, os<br />
Emirados Árabes Unidos e a RAE de Hong Kong<br />
(China), também estão presentes. Portugal ocupa<br />
a 40.ª posição.<br />
No pólo oposto, os 10 países com pior<br />
desempenho estão espalhados por vários<br />
continentes e são principalmente países de<br />
rendimento médio-baixo. Ou têm economias<br />
frágeis, que são afetadas por conflitos armados,<br />
catástrofes naturais ou tumultos políticos, ou são<br />
nações sem litoral, que enfrentam dificuldades<br />
de ligação às cadeias de abastecimento<br />
internacionais devido à geografia ou a economias<br />
de escala. Embora as pontuações médias dos<br />
países com baixo desempenho tenham subido,<br />
a classificação de alguns manteve-se inalterada,<br />
sendo que os países que enfrentam graves<br />
limitações logísticas são muitas vezes os que<br />
revelam fraco desempenho logístico.<br />
Um bom desempenho em todas as seis<br />
componentes do IPL é o principal fator de um<br />
bom índice global de desempenho logístico.<br />
O subindicador da pontualidade ultrapassa os<br />
outros componentes, exceto no caso de alguns<br />
dos países com melhor desempenho, ao passo<br />
que o componente que mede o desempenho<br />
dos serviços aduaneiros e fronteiriços tem um<br />
desempenho inferior ao de todos os outros<br />
subindicadores. No entanto, há um declínio<br />
notável nas pontuações de pontualidade em<br />
termos absolutos, em resultado das perturbações<br />
na cadeia de abastecimento, que se fizeram sentir<br />
mais visivelmente nos atrasos dos envios.<br />
O comércio internacional é um importante<br />
motor do crescimento económico, e a logística<br />
a sua espinha dorsal, pelo que o índice é<br />
uma ferramenta importante para os países<br />
identificarem as suas áreas de melhoria. •
Uma logística integrada<br />
para um mundo interligado.<br />
Na DACHSER criamos soluções logísticas inteligentes<br />
para coordenar os seus fluxos globais de mercadorias e<br />
informação. Implementamos rotas de transporte integradas<br />
por terra, ar e mar, processos estandardizados e uma<br />
gestão da qualidade sem falhas, que contribuem para a<br />
otimização de toda a sua cadeia de abastecimento.<br />
dachser.pt
8<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
ENTREVISTA APOL<br />
À PROVA<br />
DE FUTURO<br />
Aumentar a<br />
representatividade e<br />
robustecer a imagem<br />
da APOL enquanto<br />
representante nacional dos<br />
operadores logísticos está<br />
entre as prioridades da atual<br />
direção da Associação dos<br />
Operadores Logísticos. Só<br />
assim pode falar a uma só<br />
voz e ser ouvida em aspetos<br />
fundamentais à atividade.<br />
Fortalecer as bases e criar<br />
um setor resiliente e à prova<br />
de futuro são duas das linhas<br />
mestras de atuação que<br />
ressaltam da entrevista<br />
com Vitor Figueiredo,<br />
o atual presidente.<br />
VITOR FIGUEIREDO<br />
PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA APOL
SCM Supply Chain Magazine 9<br />
Aconversa é longa e faz uma retrospetiva<br />
sobre o que têm sido os últimos<br />
anos para os prestadores de serviços<br />
de logística. Do rescaldo e marcas da<br />
pandemia à guerra na Ucrânia, passando<br />
pela explosão do comércio eletrónico e<br />
consequente alteração dos padrões de<br />
consumo, pela sustentabilidade, pela<br />
crescente digitalização e revolução<br />
tecnológica do setor e também pela falta de<br />
pessoas qualificadas estão entre os tópicos<br />
abordados. São muitos os desafios que os<br />
operadores logísticos têm pela frente, mas<br />
também as oportunidades. Especialmente se<br />
a APOL for representativa e o setor falar a<br />
uma só voz.<br />
SCM - A atual direção da APOL foi eleita<br />
para o triénio 2022-2024, num contexto<br />
particularmente desafiante para o setor: ainda<br />
muitas marcas da pandemia, conflito Rússia/<br />
Ucrânia, a inflação que se anunciava... Que linhas<br />
de ação definiram então, o que é que já fizeram<br />
e quais as próximas iniciativas a pôr em<br />
prática?<br />
> Vitor Figueiredo -<br />
Efetivamente a atual<br />
direção da APOL tomou<br />
posse com contexto<br />
especialmente<br />
desafiante de um<br />
ponto de vista social<br />
e económico, com<br />
especial impacto<br />
para o setor da<br />
logística em<br />
geral e para os<br />
operadores<br />
logísticos em<br />
particular.<br />
A própria<br />
associação<br />
estava a passar por um momento de transição<br />
que a tinha feito perder a visibilidade e o papel<br />
interventivo que a deveria caracterizar.<br />
No momento da tomada de posse foram<br />
definidas as principais linhas de atuação da<br />
Associação, com dimensões internas e externas.<br />
As medidas de caráter interno visavam<br />
sobretudo mudar a forma de funcionamento<br />
da própria APOL e pretendiam aumentar a<br />
sua visibilidade, quer para os associados, quer<br />
para o mercado em geral. Para isso criou-se<br />
um plano de comunicação que permitiu estar<br />
mais próximo dos associados e aumentar a<br />
relevância mediática dentro do setor. Passámos<br />
também a contactar diretamente operadores<br />
logísticos, que ainda não eram associados, com o<br />
objetivo de os sensibilizar para as vantagens de<br />
pertencer à Associação. Com isto conseguimos<br />
novos associados, invertendo uma tendência<br />
de perda de associados, aumentando, de<br />
maneira significativa, a representatividade e<br />
reconhecimento da APOL. Foram ainda feitas<br />
diversas sessões de esclarecimento técnico<br />
e legal e de networking com o objetivo de<br />
acrescentar valor aos nossos associados.<br />
De um ponto de vista externo, entendemos<br />
que APOL necessitava de ter um papel mais<br />
interventivo quer junto do poder político, quer<br />
também junto de outros players do setor. Em<br />
nosso entender, a dimensão externa é vital<br />
para a defesa de interesses dos associados.<br />
Neste ano e meio de mandato, reunimos com<br />
diversas secretarias de estado e colocámos<br />
vários assuntos e alertas na agenda do poder<br />
político. O objetivo é chamar a atenção para as<br />
necessidades do setor e influenciar as linhas<br />
mestras da futura legislação, em prol do setor.<br />
A APOL é hoje uma entidade altamente ativa<br />
e reconhecida e é cada vez mais consultada<br />
em assuntos de interesse para o setor.<br />
Adicionalmente, temos colaborado com outras
10<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
associações similares que nos permitem debater<br />
problemas e falar a uma só voz.<br />
Em síntese, diria que temos hoje em marcha<br />
muitas iniciativas que vão robustecer a imagem<br />
da APOL enquanto representante nacional dos<br />
operadores logísticos.<br />
Quais são atualmente os maiores<br />
constrangimentos com que se debatem as<br />
empresas do setor e os gestores?<br />
> O setor da logística está atualmente numa fase<br />
de forte transformação. Por um lado, existem<br />
fatores de mudança acelerada que afetam, de<br />
forma muito significativa, a forma como decorre<br />
a operação logística. Falo de alterações no perfil<br />
de consumo, quer pela omnicanalidade, quer pela<br />
dimensão média de encomenda e lead time de<br />
entrega, quer ainda pela dimensão e localização<br />
dos pontos de venda, que estão cada vez<br />
mais focados em proximidade e conveniência.<br />
Além disso, a população está cada vez mais<br />
concentrada em centros urbanos que têm vindo<br />
a transformar-se, mas cuja reconversão teima<br />
em esquecer a dimensão logística. Também a<br />
acelerada evolução tecnológica trouxe não só<br />
uma necessidade de investimento constante,<br />
para aumentar transparência e interatividade<br />
de processos, como também adicionou novos<br />
players que operam em quadros legais distintos<br />
que, por vezes acabam por distorcer as boas<br />
normas da concorrência e que o poder político<br />
vai permitindo, por tardar a regulamentar.<br />
Como se tudo isto não fosse suficiente,<br />
as várias convulsões ocorridas no mundo<br />
nos últimos anos como sejam a pandemia,<br />
a interrupção de inúmeras cadeias de<br />
abastecimento, a inflação generalizada, a guerra,<br />
a crise energética e a escassez de talento,<br />
resultaram em forte pressão para todas as<br />
empresas, entre as quais estão, claro, as que se<br />
dedicam a atividades logísticas.<br />
Atrevo-me a dizer que a cadeia de<br />
abastecimento, dentro da qual está a<br />
atividade logística, foi das mais afetadas pelos<br />
acontecimentos recentes. A mudança constante<br />
que decorreu a altíssima velocidade pôs à prova<br />
empresas e profissionais. Este é um processo que<br />
está longe de terminar. Isso leva-nos a pensar<br />
que a estabilidade será certamente a exceção<br />
nos próximos anos.<br />
Embora os operadores logísticos sejam<br />
atores fundamentais neste modelo económico<br />
de sociedade, são muitas vezes esquecidos, ou<br />
relegados para segundo plano, pelos poderes<br />
público e político. A APOL pode ter aqui um<br />
papel a desempenhar e contribuir para inverter o<br />
atual estado de coisas?<br />
> Até à pandemia, efetivamente, o setor<br />
da logística era um setor invisível, tanto<br />
para o público em geral como para o poder<br />
político. Depois de anos consecutivos de forte<br />
crescimento quer no comércio mundial, quer<br />
na moderna distribuição, a sociedade em geral<br />
não se apercebeu do papel preponderante<br />
que as empresas a operar neste setor tiveram<br />
nesse crescimento. De alguma maneira, os<br />
profissionais de logística e supply chain eram<br />
vistos por quem estava de fora quase como<br />
fiéis de armazém ou agentes de transporte, que<br />
pouco mais faziam do que processar e entregar<br />
encomendas. Podemos comprovar isso pelo<br />
pouco que o setor era ouvido pelo poder político,<br />
ou mesmo pela quantidade e duração das<br />
formações em assuntos específicos do setor. Nas<br />
últimas décadas, a logística era um setor a que se<br />
chegava quase que por acaso e onde se aprendia<br />
com quem já lá estava.<br />
O crescimento do comércio online, o<br />
surgimento de novos modelos de negócio e a<br />
pressão para o desenvolvimento do negócio<br />
de forma mais sustentável estavam a alterar<br />
este panorama. Contudo, a uma velocidade<br />
relativamente reduzida.
SCM Supply Chain Magazine 11<br />
A pandemia foi o grande ponto de viragem,<br />
que deu uma visibilidade nunca antes vista a<br />
este setor. A rapidez e a escala da paragem<br />
mundial fizeram temer o pior em termos de<br />
abastecimento, sobretudo bens de primeira<br />
necessidade. A resposta dos operadores em<br />
termos de capacidade, profissionalismo e<br />
resiliência, quer no primeiro embate, quer na<br />
capacidade de absorver todas as alterações aos<br />
padrões de consumo que já antes eram visíveis,<br />
mas que a pandemia acelerou, fizeram com<br />
que a sociedade passasse a valorizar, de forma<br />
significativa, o setor e os profissionais que nele<br />
trabalham.<br />
No que diz respeito ao poder político, a<br />
necessidade de criar políticas que promovam a<br />
sustentabilidade e transição energética, de uma<br />
forma esclarecida e prática, fizeram com que a<br />
disponibilidade para ouvir o setor crescesse de<br />
forma significativa.<br />
Desta forma, concordo que o passado nos<br />
mostra que o setor não era tão ouvido como<br />
merecia, mas seria injusto da minha parte<br />
considerar que esta não é uma realidade que<br />
está efetivamente a mudar.<br />
O associativismo em geral e a APOL em<br />
particular têm um papel fundamental nesta<br />
transição porque permitem que o setor fale a<br />
uma só voz e tenha poder de foco naquilo que<br />
é mais impactante. É missão da APOL ouvir os<br />
problemas que afetam os seus associados e<br />
traduzi-los numa mensagem comum, que seja<br />
facilmente entendível e que possa resultar em<br />
respostas a esses mesmos problemas.<br />
Como referiu, a logística e os operadores<br />
logísticos foram determinantes durante a<br />
pandemia e as suas capacidades testadas ao<br />
limite. Diria que há uma logística pré e pós<br />
COVID-19? O que é que os operadores logísticos<br />
aprenderam? O que é que mudou?<br />
> O papel de primeira linha no combate<br />
"TEMOS HOJE EM<br />
MARCHA MUITAS<br />
INICIATIVAS QUE<br />
VÃO ROBUSTECER<br />
A IMAGEM DA<br />
APOL ENQUANTO<br />
REPRESENTANTE<br />
NACIONAL DOS<br />
OPERADORES<br />
LOGÍSTICOS"<br />
à pandemia foi, justamente, atribuído aos<br />
profissionais de saúde. Contudo, numa segunda<br />
linha, foram claramente os profissionais de<br />
logística que fizeram com que as consequências<br />
da pandemia não fossem mais catastróficas para<br />
a sociedade.<br />
De alguma maneira, todas as tendências<br />
que foram visíveis durante a pandemia já eram<br />
tendências identificadas. Acreditamos que a<br />
pandemia não alterou de forma permanente a<br />
evolução dos hábitos e padrões de consumo,<br />
mas a velocidade a que tudo se passou e está a<br />
passar-se é realmente impressionante.<br />
Também foi nesse período que o comércio<br />
online explodiu em Portugal e algumas dessas<br />
mudanças nos hábitos de consumo ficaram. O<br />
que é que o online representa em termos de<br />
oportunidades de negócio para os operadores<br />
logísticos?<br />
> O comércio online vem alterar de forma<br />
significativa todo o processo de preparação e<br />
entrega de encomendas, ao ponto de colocar em<br />
causa toda uma infraestrutura que estava
12<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
"A MUDANÇA<br />
CONSTANTE<br />
QUE DECORREU<br />
A ALTÍSSIMA<br />
VELOCIDADE PÔS À<br />
PROVA EMPRESAS<br />
E PROFISSIONAIS.<br />
ESTE É UM PROCESSO<br />
QUE ESTÁ LONGE DE<br />
TERMINAR."
SCM Supply Chain Magazine 13<br />
criada em termos de armazém, sistemas, frotas,<br />
etc. É importante recordar que o comércio<br />
tradicional não desapareceu, nem se acredita<br />
que venha a desaparecer, pelo que a resposta<br />
ao comércio online implica não só reformular<br />
infraestruturas, mas sobretudo estendê-las<br />
para conseguir dar resposta a um tipo de venda<br />
que tem características muito próprias em<br />
termos de tamanho de encomenda, lead time e<br />
característica da entrega, mas que não substitui<br />
por completo a venda tradicional.<br />
Eu diria que qualquer cenário de mudança<br />
acelerada cria oportunidades. Acreditamos que<br />
os operadores que forem capazes de dar uma<br />
resposta cabal à omnicanalidade, e ter uma<br />
visão mais ampla da cadeia de abastecimento,<br />
terão capacidade para reagir e adaptar-se de<br />
forma mais ágil ao contexto de mudança que<br />
atravessamos. Além disso, é em cenários de<br />
preparação e entregas de encomendas de menor<br />
dimensão, porventura menos otimizadas, que o<br />
outsourcing logístico mais sentido faz, sobretudo<br />
por implicar partilha de recursos entre vários<br />
players e operações.<br />
Aliás, um dos efeitos mais significativos<br />
da pandemia foi a transformação de negócios<br />
B2B em B2C. O canal B2C não foi apenas uma<br />
resposta temporária, é mesmo uma tendência<br />
que se manteve e tem vindo a aumentar. É um<br />
desafio!<br />
> As necessidades dos canais B2B e B2C são<br />
muito diferentes. As principais diferenças são o<br />
tamanho do pedido, as horas de cut off e o lead<br />
time em geral e, claro, as características de quem<br />
recebe a encomenda. Estas diferenças alteram<br />
de forma muito significativa a forma como se<br />
organiza a entrega, a horas a que se entrega, a<br />
mancha onde se entrega e a frota que a suporta.<br />
Todos estes fatores colocam alta pressão sobre<br />
a eficiência da operação e a partilha de meios<br />
que lhe estão alocados. Ao perder otimização e<br />
eficiência, não é apenas a dimensão económica<br />
que fica em causa, mas também a pegada de<br />
carbono que está associada a cada encomenda.<br />
O comércio eletrónico levanta também outras<br />
questões de que se fala pouco e a que aludiu<br />
há pouco. Os operadores logísticos têm que<br />
preencher uma série de requisitos, condições e<br />
certificações para o exercício da sua atividade<br />
e na parte da distribuição e transporte cumprir<br />
regras claras e rigorosas, por exemplo ao nível da<br />
temperatura controlada, entre outras. Contudo,<br />
as cidades estão cheias de “motoristas” que<br />
de bicicleta ou mota, com uma mala às costas,<br />
transportam e entregam tudo e mais alguma<br />
coisa... Parece haver dois pesos e duas medidas,<br />
não? Como olham para esta realidade?<br />
> Efetivamente, existe forte regulação sobre<br />
todas as atividades efetuadas pelos operadores.<br />
Falamos de características de infraestrutura,<br />
evidências de rastreabilidade, certificações,<br />
horários de trabalho e condução, regras de<br />
acesso a zonas urbanas, entre tantas outras.<br />
Acreditamos que essa regulação é positiva e<br />
promove regras salutares de concorrência entre<br />
operadores.<br />
Contudo, as novas plataformas de entregas<br />
são muito recentes e operam em modelos que<br />
antes não estavam previstos. Isso faz com que<br />
as mesmas operem sem um normativo que as<br />
regule de forma rigorosa. Desta forma, existem<br />
operadores que trabalham com um mesmo fim,<br />
mas que estão regulados de forma distinta.<br />
Na nossa opinião, isso cria forte distúrbio<br />
à concorrência e merece atenção imediata<br />
do legislador não só para responder ao gap<br />
existente, mas também para fiscalizar e impor<br />
as regras que, entretanto, são criadas. É preciso<br />
também ter a noção de que este é um mercado<br />
em forte mutação e que a regulamentação criada<br />
precisa de ser flexível e ágil na adaptação aos<br />
novos modelos de negócio e novas práticas.
14<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
"A MUDANÇA<br />
CONSTANTE<br />
QUE DECORREU<br />
A ALTÍSSIMA<br />
VELOCIDADE<br />
PÔS À PROVA<br />
EMPRESAS<br />
E PROFISSIONAIS.<br />
ESTE É UM<br />
PROCESSO<br />
QUE ESTÁ LONGE<br />
DE TERMINAR."<br />
Todas estas mudanças de que já falámos<br />
suscitam um repensar a mobilidade e a logística<br />
das cidades, pelas novas necessidades e também<br />
por questões de sustentabilidade. Como é que<br />
a APOL olha para estes temas? Foram ouvidos<br />
sobre esta matéria? Pertencem a algum grupo de<br />
trabalho? Estamos, como noutros campos, a levar<br />
muito tempo a tomar decisões?<br />
> A sustentabilidade e a transição energética,<br />
as regras de mobilidade e acesso aos centros<br />
urbanos e a logística das cidades são temas<br />
muito pertinentes e em que estamos a trabalhar.<br />
Temos tido diversos contactos com as secretarias<br />
de Estado que tutelam estes assuntos.<br />
Felizmente, temos encontrado disponibilidade e<br />
interesse para ouvir a APOL. Existem já convites<br />
para participar em diversos grupos de trabalho<br />
e think tanks para dar resposta a estes temas.<br />
Destacamos o convite da senhora secretária<br />
de Estado da Energia e do Clima para que<br />
aportemos o nosso conhecimento à discussão<br />
sobre o Plano Nacional de Energia e Clima<br />
(PNEC) que decorrerá até junho de 2024.<br />
Os assuntos em causa são complexos e<br />
requerem muito conhecimento para poder<br />
repensá-los e criar legislação realmente<br />
consequente. Contudo, a urgência dos temas<br />
requer maior celeridade no processo de tomada<br />
de decisão.<br />
Além disso, na logística das cidades, pela sua<br />
importância e impacto, seria muito importante<br />
que o poder central e os municípios estivessem<br />
mais coordenados no que diz respeito a regras<br />
básicas de acessos aos centros urbanos.<br />
Atualmente, a informação é escassa, difusa<br />
e muito díspar. Todas estas situações geram<br />
fortes ineficiências nos processos de entregas,<br />
que hoje estão a ser totalmente absorvidas<br />
pelo mercado em geral e, consequentemente,<br />
também pelos operadores logísticos. Como<br />
exemplo dessa descordenação posso<br />
apontar o que aconteceu recentemente com<br />
a organização da JMJ, em que as regras de<br />
circulação nos municípios afetados apenas<br />
foram publicadas um par de semanas antes do<br />
evento.<br />
A crise sanitária teve o mérito de aproximar<br />
empresas, dando lugar a verdadeiras relações<br />
colaborativas, mesmo entre concorrentes. Foi<br />
uma coisa de momento ou pode até ser em<br />
muitas situações uma solução de futuro e com<br />
futuro?<br />
> A pandemia, a crise energética e a urgência<br />
na forma de trabalhar mais eco friendly têm<br />
levado a que empresas que teoricamente são<br />
concorrentes, venham a colaborar. Acreditamos<br />
nesta “coopetição” e tudo faremos para a poder<br />
incentivar. Percebemos, no entanto, que este<br />
é um processo que demora o seu tempo. Sem<br />
confiança não pode existir colaboração. O papel
SCM Supply Chain Magazine 15<br />
da APOL também é eliminar essas barreiras<br />
e criar espaços de discussão para gerar essa<br />
confiança. É por isso que queremos continuar<br />
a ampliar a nossa base de associados e gerar<br />
fóruns de discussão e partilha de experiências.<br />
Há uma revolução tecnológica imparável a<br />
acontecer, que não passa ao lado da logística<br />
e dos operadores logísticos. Drones, robôs,<br />
IA... paralelamente só se houve falar de falta<br />
de pessoas e de dificuldade de retenção de<br />
talentos. Como olha para estas questões e<br />
para a transformação em curso? Vamos poder<br />
continuar a dizer que são as pessoas que fazem a<br />
diferença?<br />
> Nos últimos anos, a logística foi provavelmente<br />
dos setores que mais tecnologia incorporou nos<br />
seus processos. Simultaneamente, foi também<br />
dos setores que mais empregos criou. Não fosse<br />
a crise de talento que estamos a atravessar e<br />
provavelmente ainda se teriam criados mais<br />
empregos.<br />
Efetivamente, estamos a entrar numa nova<br />
era em que a tecnologia terá capacidade para<br />
desempenhar praticamente todas as tarefas<br />
mais rotineiras. Contudo, também é preciso<br />
dizer que empresas e trabalhadores não vêem<br />
valor acrescentado em que tarefas rotineiras e<br />
repetitivas sejam efetuadas por humanos. Aliás,<br />
acreditamos que a crise de talento agravar-se-á<br />
e por isso é inevitável fazer um caminho de<br />
automação. Por outras palavras, acreditamos<br />
que é um desperdício de talento e um insulto<br />
à inteligência das nossas equipas continuar a<br />
pedir-lhes que desempenhem tarefas de pouco<br />
valor acrescentado e pouca complexidade que<br />
podem ser feitas por máquinas.<br />
FOR INTERNAL USE
16 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
Contudo, estamos longe de pensar que<br />
esta evolução eliminará o fator humano<br />
das empresas. Pelo contrário, acreditamos<br />
que as pessoas farão ainda mais diferença<br />
nas organizações. O facto da rotina ser<br />
desempenhada por máquinas, liberta tempo às<br />
pessoas para anteciparem tendências, fazerem<br />
um melhor acompanhamento das situações<br />
e, claro, reagir aos padrões mais atípicos que<br />
as máquinas ainda não tenham aprendido a<br />
fazer. Isso fará com que o trabalho seja mais<br />
motivante e desafiador. A tecnologia pode ser<br />
comprada, mas as equipas de pessoas são algo<br />
muito mais difícil de replicar. Desta forma, é<br />
nossa convicção que as pessoas continuarão<br />
a fazer a diferença. Apesar disso, as empresas<br />
e trabalhadores precisam também de ter a<br />
noção que este processo implica uma forte<br />
reconversão na forma como encaramos o<br />
trabalho e que sem flexibilidade de ambos os<br />
lados, não será possível tirar partido da enorme<br />
oportunidade que todos temos pela frente.<br />
Temos vindo a assistir a uma nova vaga<br />
de fusões, aquisições, tanto cá como lá fora,<br />
e no caso português até à entrada de novos<br />
players no mercado. Por outro lado, há cada vez<br />
mais transitários a alargarem a sua atividade<br />
e a prestarem maior número de serviços<br />
de logística. O setor ainda está longe da<br />
consolidação?<br />
> Acreditamos que o processo de consolidação<br />
na logística ainda não acabou, pelo que<br />
continuaremos a ouvir falar de fusões e<br />
aquisições. A principal razão são os inúmeros<br />
desafios que o setor tem vindo a enfrentar e a<br />
necessidade de ter massa crítica para enfrentar<br />
este tipo de fatores, que são cada vez mais<br />
abrangentes nas geografias e uniformes nos<br />
efeitos. Por outro lado, a resiliência com que<br />
o setor tem sabido responder aos desafios,<br />
atraiu a atenção dos investidores e aumentou a<br />
disponibilidade de capital para este setor.<br />
Também acreditamos que num setor em<br />
constante mutação podem surgir empresas<br />
com modelos de negócio altamente inovadores,<br />
capazes de se tornarem novos players de<br />
referência no mercado.<br />
No que diz respeito à evolução dos modelos<br />
de negócio dos transitários, achamos que faz<br />
cada vez mais sentido ter uma visão baseada<br />
nas cadeias de abastecimento como um todo e<br />
não apenas em pequenos blocos. É por isso com<br />
naturalidade que vemos determinados players a<br />
alargar o âmbito da sua atividade. Certamente<br />
do lado dos operadores isso também irá<br />
acontecer. Será o próprio mercado a valorar a<br />
forma como as empresas podem adaptar-se,<br />
dedicar recursos e meios e criar diferenciação<br />
em serviços que tradicionalmente não eram<br />
prestados por essas mesmas empresas.<br />
Ter mais representatividade e aumentar<br />
o número de associados é seguramente<br />
importante para a APOL, pelas razões que<br />
já apontou. Uma última mensagem para os<br />
operadores e para o mercado português seria…<br />
> De facto, uma associação de pouco serve se<br />
não tiver alta representatividade no seu campo<br />
de atuação. É por isso que vemos como uma das<br />
maiores prioridades angariar novos associados e<br />
colaborar com outras associações que partilhem<br />
os mesmos desafios e ambições.<br />
Como última mensagem desta entrevista<br />
gostava de reforçar o papel de o setor poder<br />
falar a uma só voz. Existe um espaço por<br />
preencher naquela que se pretende que seja<br />
uma intervenção que reivindique condições<br />
para continuar a desenvolver o seu trabalho<br />
de forma exímia, mas que também seja<br />
colaborativa e participativa na mudança do<br />
setor. É tempo de parar com os tradicionais<br />
queixumes e passar à ação. É esse o intuito da<br />
APOL. • VV
18<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
OPERADORES LOGÍSTICOS<br />
DE BRAÇO<br />
DADO COM<br />
A EFICIÊNCIA
SCM Supply Chain Magazine 19<br />
São tempos exigentes, estes, para os operadores logísticos. A<br />
necessidade de investimento em soluções e procedimentos<br />
mais sustentáveis, novas infraestruturas, a resposta às<br />
necessidades dos clientes, a revolução tecnológica em curso e a<br />
procura de soluções inovadoras que respondam eficazmente às<br />
exigências e urgências do mercado, são desafios permanentes<br />
para estas empresas. E, como se já fosse pouco, acrescente à<br />
equação o contexto de incerteza que se abateu sobre as cadeias<br />
de abastecimento e o cenário macroeconómico desfavorável.
20 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
Neste contexto de grande competição por<br />
clientes, mercados e recursos, a logística<br />
desempenha um papel crucial. Os “7<br />
certos da logística” dizem que dela se espera<br />
que consiga o produto certo, para o cliente<br />
certo, na quantidade certa, na condição<br />
certa, no lugar certo, no tempo certo e ao<br />
custo certo. Contudo, os clientes esperam<br />
sempre, isso sim, o melhor dos dois mundos:<br />
elevado nível de serviço com o menor custo<br />
possível. Portanto, a tendência mundial para<br />
o outsourcing na cadeia de abastecimento<br />
mantém-se elevada e é crescente o número<br />
de empresas a optar pelo outsourcing de<br />
serviços (3PL).<br />
3PL, 4PL e mais além<br />
Na génese, os operadores logísticos são<br />
empresas que desenham, planeiam e<br />
executam todas as funções associadas ao<br />
transporte, abastecimento e armazenagem,<br />
tanto de produtos como de recursos de uma<br />
empresa e também eles têm evoluído e<br />
acompanhado as necessidades e exigências<br />
do mercado.<br />
No caso dos 3PL, estamos a falar da<br />
subcontratação de toda a operação de<br />
armazenamento e distribuição, sendo que os<br />
operadores são responsáveis por organizar<br />
os produtos nos seus próprios espaços,<br />
preparar para entrega e realizar o despacho. A<br />
generalidade dos 3PL foca-se na estratégia da<br />
diferenciação, sendo que a oferta de serviços<br />
elenca várias soluções, desde os serviços<br />
básicos de transporte e armazenagem até à<br />
integração total da cadeia de abastecimento<br />
dos seus clientes.<br />
Já o 4PL, embora com características<br />
bastante semelhantes ao 3PL, os seus serviços<br />
são mais abrangentes e focados na gestão<br />
completa das operações, incluindo o contacto<br />
com os fornecedores. São responsáveis<br />
pelo processo de compra, armazenagem,<br />
organização e distribuição dos produtos. O
SCM Supply Chain Magazine 21<br />
4PL reúne, supervisiona e gere a combinação<br />
de armazéns, fornecedores de TI, gestão de<br />
processos de negócio, processos de qualidade,<br />
empresas de transporte, despachantes<br />
aduaneiros, outros fornecedores 3PL e vários<br />
outros intervenientes na cadeia. No fundo,<br />
é responsável pelo controlo de todos os<br />
recursos, capacidades e tecnologia da cadeia<br />
de abastecimento de uma organização.<br />
Um 5PL planeia, organiza e implementa as<br />
soluções logísticas de um cliente, retirando<br />
todos os elementos da gestão da cadeia de<br />
abastecimento das suas mãos. No fundo, o 5PL<br />
supervisionará toda e qualquer cadeia dentro<br />
de uma organização. Um parceiro 5PL tem três<br />
áreas-chaves de responsabilidade: entender<br />
os requisitos logísticos, planear os processos,<br />
executar e gerir toda a logística. Se houver<br />
algum problema, o parceiro 5PL é responsável<br />
por apagar rapidamente qualquer incêndio.<br />
Ainda basicamente teórico, o conceito<br />
6PL é uma solução de gestão da cadeia<br />
de abastecimento totalmente integrada e<br />
parcialmente automatizada, monitorizada e<br />
impulsionada por inteligência artificial (IA).<br />
Embora o conceito ainda seja muito teórico,<br />
é evidente que a aplicação da IA em toda a<br />
cadeia trará enormes avanços e benefícios.<br />
Por exemplo, um sistema de IA incorporado na<br />
supply chain pode monitorizar toda a cadeia<br />
de abastecimento, usando tendências, padrões<br />
de pedidos e modelos de previsão e enviar<br />
instruções proativamente a montante. Isto<br />
pode acionar automaticamente a produção
22 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
de mercadorias, enviar instruções para<br />
entregar o stock necessário ou até alertar para<br />
anomalias.<br />
A evolução tem sido constante no negócio<br />
destes “prestadores de serviços”, que se vão<br />
reinventando a cada dia e cujas atividades<br />
hoje vão muito para além do inicial e velhinho<br />
"agenciamento de cargas".<br />
Radiografia ao setor<br />
Mas como se caracteriza então o mercado<br />
nacional de prestação de serviços logísticos<br />
a terceiros? Em que setores atuam<br />
maioritariamente? Que tipo de serviços<br />
disponibilizam? O que privilegiam e necessitam<br />
em termos de infra-estruturas? A informação<br />
mais recente é de 2020 e foi recolhida por<br />
Ricardo Lavado, no âmbito da sua tese de<br />
mestrado, com o apoio da APOL e da Supply<br />
Chain Magazine. Embora entretanto tenham<br />
acontecido algumas movimentações e alguns<br />
dados possam estar desatualizados, em linhas<br />
gerais a espinha dorsal do setor não está muito<br />
diferente do retrato que se segue.<br />
Das 144 empresas que foram na altura<br />
consultadas, 39 responderam ao inquérito, ou<br />
seja, uma taxa de resposta de 27%, e de acordo<br />
com os critérios estabelecidos foram validadas<br />
28 respostas.<br />
Esta informação foi segmentada com base<br />
nos quatro tipos de operadores - Logística<br />
Contratual, Transporte, Organização do<br />
Transporte e Outras Atividades, de forma a<br />
facilitar a interpretação de áreas de atividade,
SCM Supply Chain Magazine 23<br />
uma vez que dentro da atividade dos<br />
Operadores Logísticos, as mesmas não são<br />
comparáveis entre si.<br />
Relativamente ao volume de negócios anual<br />
em Logística Contratual os dados recolhidos<br />
indicam que no segmento inferior a 1M€ estão<br />
12% das respostas, entre 1M€ e 5M€, 32% das<br />
respostas, no segmento entre 5M€ e 20M€ estão<br />
igualmente 32% das respostas. No segmento<br />
entre 20M€ e 50M€ estão 20% das respostas e<br />
no último segmento, acima de 50M€, estão 4%<br />
das respostas. De referir que 52% das empresas<br />
são constituídas por Capital Nacional e 48% por<br />
Capital Multinacional. 4% das respostas são de<br />
Grandes Empresas e 96% de PME.<br />
No que diz respeito à localização dos<br />
centros afetos à Logística Contratual, a<br />
grande maioria está na Área Metropolitana<br />
de Lisboa (57%), seguido da zona Norte (31%)<br />
e zona Centro (10%). As restantes zonas do<br />
país perfazem 2% dos centros de Logística<br />
Contratual, sendo de sublinhar que 69%<br />
dos operadores têm uma forte presença no<br />
retalho alimentar.<br />
Relativamente ao volume de faturação por<br />
ano, na área dos transportes, no segmento<br />
inferior a 1M€ estão 5% das respostas, entre<br />
1M€ e 5M€, 21% das respostas. No segmento<br />
entre 5M€ e 20M€ estão 26% das respostas,<br />
percentagem igual no segmento entre 20M€<br />
e 50M€. No último segmento, acima de 50M€,<br />
estão 21% das respostas.<br />
Dos Operadores Logísticos que responderam,<br />
73% do volume de faturação está acima dos<br />
5M€ de faturação por ano. Verifica-se que<br />
48% da frota é subcontratada, 44% Mista e<br />
7% própria. 50% das empresas indicam que a<br />
tipologia da frota é superior a 40 toneladas.<br />
Por setor de atividade, os dados apontam<br />
que 40% das empresas indicam que a principal<br />
atividade nos Transportes é dedicada à<br />
indústria Pharma & Personal Care. Sendo<br />
que 28% das respostas indicam o Retalho<br />
alimentar – Congelado ou frio negativo e 20%<br />
o Retalho alimentar – Não perecível.<br />
Em termos de localização geográfica,<br />
32% dos centros de operações dedicados<br />
ao transporte estão no Norte do País. Na<br />
zona centro encontram-se 25% e na Área<br />
Metropolitana de Lisboa, 23%. As restantes<br />
zonas do país perfazem 20% dos centros de<br />
Transporte.<br />
No grupo das “Outras atividades”, os<br />
resultados obtidos indicam que no segmento<br />
inferior a 1M€ estão 60% das respostas, entre<br />
1M€ e 5M€, 10% das respostas. No segmento<br />
entre 5M€ e 20M€ estão 20% das respostas.<br />
No segmento entre 20M€ e 50M€ não existem<br />
respostas e no último segmento, acima de<br />
50M€, estão 10%.<br />
Capacidade instalada<br />
Em termos de infraestruturas, os dados<br />
recolhidos indicam que 56% da capacidade<br />
instalada para a operação logística, em<br />
temperatura ambiente se situa até aos<br />
20 mil m2 e 69% da capacidade instalada para<br />
frio positivo se situa até aos 10 mil m2 e 64%<br />
da capacidade instalada para frio negativo<br />
se situa até aos 10 mil m2. Vale a pena<br />
acrescentar também que 26% das empresas<br />
indicam uma capacidade instalada superior a<br />
50 mil paletes.<br />
Em termos de origem dos clientes, nos<br />
operadores logísticos que responderam ao<br />
inquérito verifica-se que 73% dos clientes são<br />
internacionais, dos quais 27% são externos à<br />
União Europeia. Quando se analisa a dimensão<br />
das empresas clientes, verifica-se que 60%<br />
são PME portuguesas e que as restantes se<br />
encontram divididas entre 25% pertencentes à<br />
UE e 14% externas à UE.
24<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
Serviços à medida<br />
Os operadores presentes na amostra (28<br />
empresas) 82% têm serviço de Armazenagem,<br />
75% têm serviço de Transporte, 68% possui<br />
serviço de Customer Service, 68% faz Gestão<br />
de Stocks, 64% disponibiliza a componente<br />
da Logística Inversa, 64% oferece serviço<br />
de Picking, 54% está apto para o processo<br />
de Etiquetagem, 54% possuí Tecnologias de<br />
informação como ferramenta de integração de<br />
sistemas, 50% assegura a Gestão Alfandegária,<br />
46% oferece processo de Assembling,<br />
46% disponibiliza processo de Packing e<br />
Re-Packing, 43% disponibiliza processo<br />
de Embalamento, 36% entrega Soluções<br />
para e-commerce, 29% oferece solução de<br />
Order2Cash e 29% disponibiliza serviço de<br />
Kitting.<br />
Verifica-se que 65% das empresas indicam<br />
que possuem como indicador-chave de<br />
desempenho (KPI), 83% de encomendas<br />
entregues a tempo ao cliente, 83% indicam<br />
medir a % de Encomendas processadas<br />
sem erros, 78% indicam medir a % das<br />
respostas a reclamações em tempo, 59% a %<br />
de encomendas processadas em tempo, no<br />
armazém e 44% a % faturas de serviços sem<br />
erros.<br />
Pode-se concluir que 83% das empresas<br />
mencionam que utilizam um sistema de<br />
gestão de armazém (WMS) próprio e que 26%<br />
utilizam o sistema de informação do cliente.<br />
Adicionalmente, pode-se verificar que 57%<br />
das empresas indicam possuir um sistema de<br />
gestão de transportes próprio (TMS) e 17%<br />
utilizam o TMS do cliente. 9% das empresas<br />
utilizam outros sistemas.<br />
De realçar também que 67% das empresas<br />
indicam optar por dar total visibilidade<br />
relativamente ao processo de Track & Trace<br />
aos seus clientes. No entanto, 33% das<br />
empresas opta por disponibilizar apenas<br />
visibilidade relativamente ao T&T de<br />
Transporte e 29% proporciona visibilidade<br />
parcial dos seus processos internos aos seus<br />
clientes.<br />
Em termos de certificações, 46% das<br />
empresas indicam possuir certificação
+12<br />
+12.000m2<br />
TRANSPORTE<br />
TERRESTRE<br />
TRANSPORTE<br />
AÉREO<br />
TRANSPORTE<br />
MARÍTIMO<br />
SERVIÇOS<br />
ADUANEIROS<br />
LOGÍSTICA<br />
www
26<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
ISO 9001; 21% possuem certificação ISO<br />
14001 e 10% apresentam a certificação IFS<br />
Logistic. Adicionalmente, é possível verificar<br />
que 8% têm certificação ISO 45001, referente<br />
à gestão da higiene e segurança no trabalho;<br />
5% são Operador Logístico de Serviços Bio; 5%<br />
são BRC Storage & Distribution, Certificação<br />
Global de Segurança Alimentar; 3% possuem a<br />
certificação ISO 28000 e 3% a certificação<br />
ISO 22000.<br />
A cibersegurança tem estado na ordem do<br />
dia e no caso dos inquiridos, 81% indica que<br />
o responsável pela proteção de dados é um<br />
elemento interno da empresa, por oposição<br />
a 19% das empresas que subcontratam este<br />
serviço.<br />
Em termos de ferramentas tecnológicas para<br />
comunicação e troca de informações, 91% das<br />
empresas indicam o E-mail, o EDI e os ficheiros<br />
XML como ferramenta tecnológica utilizada<br />
para a troca de informação. Além destas<br />
soluções, 32% indicam utilizar outros tipos de<br />
tecnologias para a troca de informação. 100%<br />
das empresas indicam possuir Firewall, 95%<br />
possuem Backups e ferramentas antimalware/<br />
antivírus, 58% registam Eventlogs, 68%<br />
possuem serviços Cloud, 42% utilizam<br />
software certificado ISO 27001, 26% têm as<br />
portas USB desativadas para evitar pens e<br />
outros tipos de Software e Hardware. Ainda<br />
neste âmbito, 95% mencionam a existência de<br />
políticas de segurança e passwords seguras<br />
nas suas empresas e 81% das empresas<br />
proporcionam formação especifica.<br />
Que papel para o ESG?<br />
Pode-se constatar que 74% das empresas têm<br />
implementadas medidas de responsabilidade
SCM Supply Chain Magazine 27<br />
ambiental e social. Em relação às medidas<br />
de responsabilidade ambiental, verifica-se<br />
que 100% das empresas possui iluminação<br />
LED, 65% das empresas possui equipamentos<br />
de movimentação em armazém 100%<br />
elétricos, 47% das empresas possui cálculo e<br />
monitorização regular da pegada de carbono<br />
produzida assim como a instalação de painéis<br />
fotovoltaicos, 53% das empresas possui<br />
iluminação inteligente, 24% das empresas<br />
possui frota com viaturas elétricas e 6% das<br />
empresas tem instalação de unidades de<br />
cogeração.<br />
Do ponto de vista da responsabilidade<br />
social, verifica-se que 80% das empresas<br />
confirma a existência de política e<br />
mecanismos de compliance, assim como, a<br />
existência de política de recrutamento de<br />
seleção com concursos abertos interna e<br />
externamente de forma a garantir todas as<br />
oportunidades de trabalho. Adicionalmente,<br />
verifica-se que 75% das empresas destaca<br />
a preferência por fornecedores locais e<br />
produtos nacionais, 70% das empresas possui<br />
budget para implementação de iniciativas<br />
de cariz social, 65% das empresas declara<br />
a existência de políticas corporativas de<br />
igualdade e diversidade e 60% das empresas<br />
incluem nas suas empresas políticas de<br />
defesa da saúde e segurança do consumidor.<br />
Foram definidos no inquérito três níveis<br />
de importância, em relação ao que é mais<br />
valorizado pelas empresas como proposta de<br />
valor. Como primeiro nível de importância,<br />
pode-se constatar que 76% das empresas<br />
considera como Importância Elevada para a<br />
Proposta de Valor a Qualidade de Serviço,<br />
e 14% o Know-how especializado. Como<br />
segundo nível de importância, é possível<br />
observar que 29% das respostas atribuíram<br />
Know-How especializado como mais<br />
importante, no segundo fator de importância<br />
na proposta de valor. Finalmente como<br />
terceiro nível de importância, observamos<br />
que 19% das respostas definem os Sistemas<br />
de Tecnologias de Informação como mais<br />
importante, relativamente ao terceiro fator<br />
selecionado de importância na proposta de<br />
valor.<br />
Em relação ao que é mais valorizado<br />
e está no centro das preocupações dos<br />
operadores logísticos, 35% das respostas<br />
define a melhoria contínua como mais<br />
importante; 30% a flexibilidade de tecnologia<br />
e 20% a capacidade de adaptação e nível de<br />
comunicação, assim como a flexibilidade em<br />
termos de capacidade como terceiro fator.<br />
Processos<br />
mais ágeise flexíveis<br />
Ao analisarmos as grandes mudanças que<br />
marcaram a economia nos últimos anos, não<br />
pode ser ignorada a intervenção decisiva e<br />
a capacidade de resposta dos prestadores<br />
de serviços logísticos face às necessidades<br />
e exigências, assim como a sua resiliência.<br />
Com o crescimento do negócio e-commerce,<br />
foi necessária uma evolução e adaptação em<br />
termos de serviços, ferramentas e tecnologias<br />
de negócio B2B para B2C.<br />
A revolução tecnológica atinge todos os<br />
setores, sendo que a economia digital vem<br />
auxiliar as diversas áreas do supply chain e<br />
tornar os processos de tomada de decisão, bem<br />
como os sistemas de informação que fornecem<br />
apoio às operações, mais eficientes e flexíveis,<br />
capazes de acompanhar as constantes<br />
mudanças do mercado e as necessidades dos<br />
clientes, cada vez mais exigentes. É necessário<br />
investir, mas é vital olhar todos os dias para<br />
o que se faz e ver de que forma se pode<br />
melhorar em cada função. •
28<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
IMOBILIÁRIO LOGÍSTICO<br />
ESPAÇOS<br />
PROCURAM-SE!<br />
Apesar das incertezas do cenário<br />
macroeconómico, do aumento dos<br />
custos ou da retração do consumo,<br />
a procura de imóveis no segmento<br />
logístico mantém-se em alta, bem<br />
como a dificuldade dos promotores em<br />
identificar localizações onde possam<br />
desenvolver novos projectos cumprindo<br />
os requisitos exigidos pela logística e as<br />
necessidades dos operadores logísticos.
SCM Supply Chain Magazine 29<br />
Portugal tem a oportunidade de se tornar<br />
num hub logístico internacional. A<br />
localização estratégica do país como ponto<br />
de ligação à América do Sul e Estados Unidos,<br />
a qualidade das infraestruturas portuárias<br />
e rodoviárias, e também dos recursos<br />
humanos podem elevar Portugal a um polo<br />
logístico mundial, quando é esperado um<br />
aumento do e-commerce e das tendências de<br />
desglobalização e deslocalização de empresas<br />
industriais para a Europa.<br />
Há importantes projetos imobiliários em<br />
curso, que deverão chegar ao mercado em<br />
2024, ainda que essa futura oferta vá ficar<br />
aquém das necessidades do mercado.<br />
No início de 2024, na região de Lisboa, ficará<br />
operacional um projeto em Benavente e na<br />
segunda metade do ano, prevê-se a entrada<br />
em funcionamento de novos centros logísticos<br />
no Carregado, Montijo e Sintra.<br />
Se rumarmos ao Norte, a situação é idêntica.<br />
Também em 2024 chegarão ao mercado do<br />
Grande Porto dois grandes projetos, um em<br />
Gaia e o outro em Santo Tirso e em andamento<br />
mas para entrar em funcionamento mais tarde<br />
o parque logístico de Valongo.<br />
A carência de ativos logísticos é notória, já<br />
que ainda a vários meses de distância para<br />
que estas infraestruturas estejam operacionais<br />
há manifestações de interesse por parte da<br />
procura, que continua acima da capacidade de<br />
oferta.<br />
Os especialistas justificam esta carência<br />
de ativos logísticos com a crise financeira de<br />
2008/14, que levou os principais promotores<br />
a sair de Portugal e desde essa altura o<br />
desenvolvimento de novos projetos foi<br />
residual e, em paralelo, o parque existente<br />
tornou-se obsoleto e não acompanhou a<br />
evolução e novas necessidades dos operadores<br />
e das suas operações logísticas.<br />
OPORTUNIDADES<br />
DE VALORIZAÇÃO<br />
Para os promotores e investidores, o setor<br />
logístico em Portugal está numa fase de<br />
desenvolvimento muito mais embrionária do<br />
que a generalidade dos países europeus e, por<br />
isso, conseguem identificar oportunidades de<br />
valorização e crescimento muito superiores.<br />
Esse sentimento sobre o mercado nacional<br />
é generalizado. O “European Real Estate<br />
Logistics Census”, realizado no mercado<br />
europeu, durante o verão de <strong>2023</strong>, pelos<br />
analistas de mercado da Analytiqa para a<br />
Tritax EuroBox plc e a consultora imobiliária<br />
internacional Savills, no que diz respeito ao<br />
mercado português, sustenta aquele que tem<br />
vindo a ser o sentimento dos últimos meses,<br />
“um aumento da confiança generalizado pelos<br />
vários stakeholders e ocupantes com intenção<br />
de aumentar a sua área logística”, destaca<br />
Pedro Figueiras, head of Industrial & Logistics<br />
da Savills Portugal.<br />
“Portugal não difere da Europa na<br />
preocupação para com a obsolescência do<br />
parque existente, bem como com a dificuldade<br />
de promotores em identificar localizações onde<br />
possam desenvolver novos projetos cumprindo<br />
os requisitos exigidos pela logística”, indica<br />
o especialista em logística, salientando que<br />
esta dificuldade se reflete nos ocupantes, “uma<br />
vez que identificam como a sua terceira maior<br />
preocupação a falta de oferta de edifícios<br />
novos, num momento em que 39% dos<br />
ocupantes prevê aumentar a sua capacidade de<br />
armazenagem”.<br />
PAPEL FUNDAMENTAL<br />
“Os resultados da terceira edição deste<br />
censo refletem o ambiente desafiante no<br />
qual operamos atualmente, com os tenants<br />
(ocupantes) a identificarem o aumento dos
30<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
custos, a incerteza económica e a oferta de<br />
mão de obra como desafios significativos para<br />
as suas empresas”, afirma Phil Redding, CEO<br />
Tritax EuroBox plc, sublinhado que, apesar<br />
destes desafios, 39% dos inquiridos esperam<br />
que a ocupação de imóveis industriais e<br />
logísticos aumente este ano, “o que reflete<br />
o seu papel fundamental na cadeia de<br />
abastecimento e nas operações globais”.<br />
O volume de absorção de imóveis<br />
industriais e logísticos continua em terreno<br />
positivo, atingindo 13,2 milhões de metros<br />
quadrados no primeiro semestre de <strong>2023</strong>.<br />
A Alemanha continua a ser o principal<br />
mercado para expansão nos próximos<br />
três anos. “As empresas de logística ainda<br />
estão particularmente otimistas quanto às<br />
perspetivas de crescimento em Espanha nos<br />
próximos três anos”, de acordo com o estudo.<br />
“Estamos a assistir aos avanços<br />
tecnológicos que continuam a impulsionar<br />
a evolução da cadeia de abastecimento,<br />
com os ocupantes a investirem numa gama<br />
diversificada de tecnologias, incluindo<br />
veículos elétricos e automação, à medida<br />
que procuram ganhos de eficiência e<br />
produtividade, juntamente com um melhor<br />
desempenho em termos de emissões de<br />
carbono”, salienta Phil Redding, adivinhado<br />
um futuro onde a “variável social dos ESG<br />
passe para o topo da agenda dos tenants,<br />
uma vez que estes procuram atrair e reter<br />
os melhores profissionais num mercado de<br />
trabalho europeu competitivo”.<br />
Neste ambiente macroeconómico desafiador,<br />
segundo a mesma fonte, “apenas 12% dos<br />
players estão a reduzir ou a adiar a expansão<br />
por um período de dois a cinco anos e 3%<br />
estão a adiar indefinidamente”.<br />
4 FATORES QUE<br />
INFLUENCIAM A PROCURA<br />
Crescimento do comércio online<br />
De acordo com a Euromonitor, a taxa de<br />
penetração do comércio online era 4,5% antes<br />
da pandemia, passou para 8,2% em 2022 e
SCM Supply Chain Magazine 31<br />
espera-se que alcance 11% em 2026. Este<br />
crescimento tem impulsionado uma elevada<br />
procura de espaços por parte de empresas do<br />
setor logístico e da distribuição.<br />
Estratégias de reorganização<br />
Têm sido um dos maiores motores da<br />
absorção. Muitos grandes ocupantes têm vindo<br />
a reorganizar a sua rede logística, avançando<br />
com projetos desenvolvidos à medida. Por<br />
outro lado estes movimentos têm vindo a<br />
reorganizar a sua rede logística, avançando<br />
com projetos desenvolvidos à medida. Por<br />
outro lado, estes movimentos têm permitido<br />
libertar espaços para arrendamento, num<br />
mercado pautado pela escassez. Em 2022<br />
foram exemplos disso a Sonae na Azambuja, o<br />
Aldi na Moita e o Lidl em Famalicão.<br />
Criação de stocks de segurança<br />
A pandemia, e posteriormente a guerra na<br />
Ucrânia, com as consequentes disrupções<br />
que provocaram nas cadeias logísticas,<br />
reforçaram a necessidade de criar stocks de<br />
segurança, logo, mais ocupação de espaço de<br />
armazenagem e logística.<br />
Reshoring<br />
Surge igualmente como resposta à<br />
necessidade de ter maior controlo sobre a<br />
cadeia de distribuição e consiste em aproximar<br />
o local de produção ou montagem do local<br />
de consumo. É uma tendência que tem<br />
beneficiado a atividade produtiva em Portugal<br />
e que em imobiliário se reflete principalmente<br />
na criação de novas unidades fabris e na<br />
expansão das existentes. •
32<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
13 GRANDES<br />
DESAFIOS PARA OS OPERADORES LOGÍSTICOS<br />
É impossível prever com exatidão os desafios que os operadores terão pela frente, pois a<br />
sua atividade é condicionada por uma série de fatores conjunturais, incluindo o estado da<br />
economia, os avanços tecnológicos e as alterações nas preferências e requisitos dos clientes.<br />
Se é verdade que onde há desafios há sempre oportunidades, não é menos verdade que<br />
quem quiser continuar no tabuleiro de jogo tem de cumprir as suas promessas aos clientes e<br />
melhorar as suas operações no que diz respeito a eficiência, fiabilidade e segurança.<br />
Face a esta volatilidade da supply chain, a Maxima Consulting antecipa 13 grandes desafios<br />
pelos quais os operadores logísticos deverão passar, para fazerem face às mudanças.
SCM Supply Chain Magazine 33<br />
Aeconomia global encontra-se numa<br />
encruzilhada crítica com uma série<br />
de desafios e crises, interligados, que<br />
decorrem em paralelo. A incerteza quanto<br />
à forma como a guerra da Rússia contra<br />
a Ucrânia se irá desenrolar, e o papel da<br />
guerra na criação de instabilidade global<br />
significa que os problemas para as cadeias<br />
de abastecimento ainda não têm fim à vista.<br />
A inflação dos alimentos e dos combustíveis<br />
continuará a ser um problema económico<br />
persistente, com impacto no retalho e na<br />
confiança e gastos dos consumidores.<br />
Prevê-se uma redução das despesas de<br />
capital, à medida que as empresas abrandam<br />
os seus investimentos, travadas pelas<br />
preocupações com a inflação e por uma<br />
procura mais fraca. Os mercados financeiros<br />
voláteis, as crescentes tensões comerciais,<br />
o ambiente regulamentar mais rigoroso<br />
e a pressão para integrar as alterações<br />
climáticas nas decisões económicas irão<br />
agravar a complexidade dos desafios<br />
enfrentados.<br />
Desafio #1<br />
Integração e interoperabilidade<br />
As empresas de 3PL integram cada vez mais<br />
frequentemente os seus sistemas com os dos<br />
seus clientes e outros parceiros da cadeia de<br />
abastecimento, a fim de trocar informações e<br />
facilitar o cumprimento das encomendas. Isso<br />
requer capacidades robustas de integração e<br />
interoperabilidade, bem como a capacidade<br />
de se conectarem a uma ampla gama de<br />
sistemas e tecnologias. Tarefas como esta já<br />
são complexas e demoradas. A integração<br />
que permite operações logísticas eficientes<br />
e eficazes torna-se ainda mais complicada<br />
quando consideramos que qualquer parceiro<br />
na cadeia de abastecimento global pode<br />
possuir um sistema de gestão de transportes<br />
próprio. O desafio pode ser ainda maior se os<br />
serviços de logística do parceiro dependerem<br />
de tecnologia antiga.<br />
Desafio #2<br />
Gestão e análise de dados<br />
As empresas de logística a terceiros<br />
lidam com grandes quantidades de dados,<br />
incluindo informações sobre toda a cadeia<br />
de abastecimento: encomendas, níveis de<br />
inventário, expedições e requisitos dos<br />
clientes. Há que gerir estes dados de forma<br />
eficiente e segura para apoiar a tomada de<br />
decisões e garantir uma elevada satisfação do<br />
cliente. Com sistemas de gestão da cadeia de<br />
abastecimento adequados, é mais fácil recolher<br />
e analisar grandes quantidades de dados. Os<br />
líderes do setor da logística que pretendem<br />
tomar decisões informadas e prestar serviços<br />
de valor necessitam de uma gestão de dados<br />
avançada, de capacidades analíticas robustas<br />
e da capacidade de processar e interpretar<br />
conjuntos de dados complexos num curto<br />
intervalo de tempo.<br />
Desafio #3<br />
Visibilidade e acompanhamento<br />
em tempo real<br />
Em <strong>2023</strong>, uma excelente experiência do cliente<br />
requer visibilidade. As empresas que competem<br />
no domínio da experiência do cliente precisam<br />
que o estado das encomendas, dos envios e<br />
dos níveis de inventário seja monitorizado<br />
com precisão e apresentado a várias partes,<br />
sem comprometer a segurança dos dados.<br />
As pessoas querem saber onde estão as suas<br />
mercadorias e poder alterar facilmente as suas<br />
decisões em matéria de armazenamento e<br />
entrega, idealmente através de uma aplicação<br />
ou de um sítio Web.
34<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
Além disso, o acesso fácil a informações<br />
sobre uma perturbação na cadeia de<br />
abastecimento, um volume de encomendas,<br />
custos de envio e localizações específicas<br />
de armazéns simplifica a vida de muitos<br />
funcionários, desde motoristas a gestores.<br />
Tais soluções requerem sistemas de TI e<br />
redes de comunicação fiáveis, que possam<br />
lidar com grandes quantidades de dados para<br />
fornecer informações precisas e atualizadas<br />
aos clientes, funcionários e parceiros do<br />
fornecedor de logística (mas a mais ninguém).<br />
Desafio #4<br />
Automação e digitalização<br />
Os 3PL continuarão a automatizar e a<br />
digitalizar as suas operações para aumentar<br />
a eficiência do cumprimento dos níveis de<br />
serviço e reduzir os custos. Na maioria dos<br />
casos, um especialista em automação trazido<br />
para a empresa fornecedora de 3PL terá de<br />
otimizar os principais processos, como a gestão<br />
do inventário do armazém e o planeamento do<br />
transporte, antes de os automatizar.<br />
Desafio #5<br />
Gestão do inventário<br />
As grandes empresas de logística<br />
precisam de controlar e gerir com precisão<br />
quantidades consideráveis de produtos,<br />
muitas vezes em vários armazéns em<br />
diferentes geografias. Ao operar globalmente,<br />
a gestão do inventário produz grandes<br />
quantidades de dados. Consequentemente,<br />
há que garantir que os sistemas são fáceis<br />
de utilizar por funcionários que muitas vezes<br />
falam línguas diferentes. Este software tem<br />
de ser facilmente compreendido em todos<br />
os centros de distribuição e não só. Quanto<br />
melhor for a experiência do utilizador, menos<br />
erros haverá.<br />
Desafio #6<br />
Garantir a segurança<br />
A segurança dos dados é uma prioridade<br />
máxima para todas as empresas, e os<br />
fornecedores de serviços logísticos a terceiros<br />
também devem proteger os seus sistemas<br />
contra acessos não autorizados e ataques<br />
maliciosos. Todos os fornecedores 3PL lidam<br />
com informações sensíveis e valiosas, como<br />
dados pessoais de clientes e detalhes de<br />
inventário, o que os torna um alvo interessante<br />
de ransomware e outros ataques cibernéticos.<br />
A única maneira confiável de proteger uma<br />
empresa contra hackers é ter medidas de<br />
segurança fortes, alinhadas com os mais altos<br />
padrões de gestão de risco de informações.<br />
Desafio #7<br />
Manter a conformidade<br />
As empresas que atuam na supply chain têm<br />
de cumprir requisitos regulamentares e de<br />
conformidade relacionados com operações de<br />
transporte, armazenamento, proteção de dados<br />
e logística. Se operarem em vários países, com<br />
diferentes regulamentações, o desafio é ainda<br />
maior, pois as regras e as regulamentações<br />
evoluem e mudam ao longo do tempo.<br />
Tal como todas as empresas, os fornecedores<br />
de serviços de logística externos devem<br />
desenvolver processos de verificação<br />
contínuos, para garantir que os seus sistemas<br />
de TI estão sempre seguros e em conformidade<br />
com as leis e normas relevantes.<br />
Desafio #8<br />
Lidar com tecnologia desatualizada<br />
A tecnologia deve ajudar as empresas a fazer<br />
mais trabalho, mais depressa e com melhor<br />
qualidade. Mas muitas empresas de todos os<br />
setores trabalham com sistemas e tecnologias
SCM Supply Chain Magazine 35<br />
antigos, que estão ultrapassados e são difíceis<br />
de manter. Isto leva a ineficiências e dificulta<br />
a sua capacidade de acompanhar as últimas<br />
tendências e inovações do setor.<br />
Desafio #9<br />
Aumento dos custos<br />
As empresas 3PL têm de equilibrar<br />
cuidadosamente os seus orçamentos de TI para<br />
garantir que dispõem dos sistemas adequados<br />
sem gastar demasiado. A tecnologia pode<br />
ser uma despesa significativa para qualquer<br />
empresa, e o custo de TI varia, consoante<br />
a complexidade das soluções e do nível de<br />
suporte necessário.<br />
Desafio #10<br />
Escalabilidade<br />
Quando as empresas de logística de terceiros<br />
crescem e expandem as suas operações, os<br />
seus sistemas de TI têm de ser dimensionados<br />
para suportar a crescente procura. É um<br />
desafio significativo que requer não apenas a<br />
escolha da tecnologia certa, mas também a<br />
experiência e os recursos para implementála<br />
e mantê-la. Os prestadores de serviços<br />
de logística a terceiros com sistemas pouco<br />
flexíveis ou com falta de talento adequado<br />
têm de ser criativos ao lidar com esta<br />
questão.<br />
Desafio #11<br />
Escassez de mão de obra<br />
Atualmente, os profissionais de TI têm mais<br />
oportunidades de emprego do que nunca.<br />
Por conseguinte, a retenção de profissionais<br />
qualificados será mais difícil do que nunca.<br />
Aproveitar a tecnologia de automação<br />
sempre que possível também exige apoio<br />
especializado, mas acaba por diminuir a<br />
dependência do trabalho manual.<br />
Desafio #12<br />
Inteligência Artificial<br />
A forma mais fiável de acelerar as operações<br />
da cadeia de abastecimento e melhorar a<br />
eficácia dos processos é utilizar a inteligência<br />
artificial e a aprendizagem automática num<br />
ecossistema robusto de gestão de armazéns<br />
e logística. Infelizmente, as soluções<br />
disponíveis atualmente são geralmente<br />
inadequadas para a maioria das empresas,<br />
pelo que estas têm de contratar arquitetos<br />
e engenheiros de software para adaptar os<br />
sistemas às suas necessidades individuais.<br />
Desafio #13<br />
Preocupações ambientais<br />
Todos os camiões e transportadoras<br />
produzem emissões, e a crise climática exige<br />
que as empresas 3PL procurem formas de<br />
reduzir a sua pegada de carbono. Este é<br />
provavelmente o desafio mais significativo,<br />
uma vez que ainda não existe uma alternativa<br />
realista. Os veículos eléctricos são caros e<br />
não têm tanta autonomia como os camiões<br />
a diesel. É claro que vale a pena reduzir<br />
as emissões, nem que seja numa pequena<br />
percentagem, e a tecnologia pode ajudar no<br />
planeamento de rotas e num transporte mais<br />
eficiente.<br />
Apesar do clima de incerteza, há sempre<br />
oportunidades para as empresas e os<br />
seus líderes que conseguem traçar um<br />
caminho para o futuro, com resiliência e<br />
adaptabilidade. Com base nas tendências e<br />
desenvolvimentos atuais, os fornecedores<br />
de logística a terceiros irão provavelmente<br />
enfrentar se não os 13, pelo menos alguns<br />
destes desafios. É preparar-se e jogar por<br />
antecipação. •
36<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
OPERADORES<br />
LOGÍSTICOS NACIONAIS<br />
MISSÃO:<br />
SERVIR<br />
E CRIAR<br />
VALOR<br />
Globalização, flexibilidade, melhores<br />
práticas, valor acrescentado,<br />
sustentabilidade, eficiência, integração,<br />
agilidade… são apenas algumas das<br />
palavras que se associam à logística e à<br />
atividade dos operadores logísticos. Em<br />
boa verdade nasceram para servir e criar<br />
valor aos seus clientes, ajudando-os a<br />
diferenciarem-se no mercado. O mundo<br />
mudou, mas não a sua missão.<br />
Toda a convulsão que se instalou nas cadeias<br />
de abastecimento e nas economias, ou<br />
melhor, todo este contexto que se colou a<br />
praticamente dois anos de pandemia, tem sido<br />
desafiante e até novo. Sim, novo, no paradigma<br />
e até na forma de fazer negócio.<br />
Economias e empresas ainda estão a<br />
adaptar-se ao novo cenário. A incerteza gerada<br />
pela guerra na Ucrânia, inflação em alta,<br />
preços flutuantes de bens e serviços, aumento<br />
das taxas de juro são motivo de preocupação<br />
e podem ter grande impacto na variabilidade<br />
do consumo. Por seu turno, a agitação<br />
geopolítica está para durar e continua a pesar<br />
nos mercados; as consequências das alterações<br />
climáticas continuam a fazer-se sentir e<br />
desafiam a gestão de risco e os planos B, C,<br />
D, pelo que os dias tranquilos das cadeias de<br />
abastecimento continuam a ser uma miragem.<br />
Por isso, quisemos sentir o pulsar do<br />
mercado nacional de prestadores de serviços<br />
de logística neste contexto tão desafiante<br />
e, para isso, nada melhor do que auscultar<br />
quem está no terreno. As perguntas que lhes<br />
lançámos são as quatro que pode aqui ao<br />
lado e nas páginas que se seguem encontra,<br />
na primeira pessoa, um barómetro da<br />
atividade dos operadores logísticos nacionais<br />
que responderam em tempo útil ao desafio<br />
proposto.
SCM Supply Chain Magazine 37<br />
QUESTIONÁRIO<br />
1. Que balanço faz do 1.º semestre?<br />
2. As fusões e aquisições estão de volta ao<br />
mercado global de operadores logísticos.<br />
Como analisa a situação do mercado em<br />
Portugal? O setor ainda está longe da<br />
consolidação?<br />
3. A integração de ferramentas tecnológicas<br />
no âmbito da logística é crescente. Como<br />
vê esta transformação? As pessoas vão<br />
continuar a ser a chave no êxito das<br />
operações logísticas, especialmente<br />
quando se fala tanto de falta de mão de<br />
obra e dificuldade de retenção de talento?<br />
4. Quais as maiores preocupações /desafios<br />
e/ou projetos que vê para este segundo<br />
semestre?
38 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
OLICARGO<br />
1. Em termos consolidados, o Grupo Olicargo<br />
cresceu em volume de negócios cerca de<br />
12% no primeiro semestre face ao semestre<br />
homólogo de 2022, ascendendo a cerca de 32<br />
milhões de euros no período, com investimentos<br />
muito consideráveis, principalmente em novas<br />
plataformas logísticas. O total de pessoas no<br />
grupo ascendia já a 365 no final do primeiro<br />
semestre deste ano.<br />
Os negócios e estratégia de desenvolvimento da<br />
Olicargo têm estado alinhados com as nossas<br />
perspetivas e planeamento para o período de<br />
recuperação do choque pandémico. Era previsível,<br />
já com sinais no final de 2022, a retoma dos preços<br />
dos fretes marítimos para a tendência do período<br />
pré-covid, o que veio a acontecer. O impacto<br />
significativo ao nível do volume de negócios<br />
teve de ser compensado pelo efeito quantidade,<br />
bem como por outras atividades do Grupo, com<br />
uma ênfase enorme na Logística Contratual.<br />
Neste segmento de negócio, o crescimento<br />
continua a evoluir de forma extraordinária<br />
em resultado da aposta estratégica<br />
do Grupo na aquisição e construção<br />
de novos centros logísticos,<br />
acrescentando cerca de 40 mil m2<br />
aos 110 mil existentes. Novos<br />
e exigentes clientes vieram<br />
acrescentar complexidade<br />
e desafio aos nossos<br />
AMÉRICO RIBEIRO<br />
BOARD MEMBER | CONTRACT LOGISTICS
SCM Supply Chain Magazine 39<br />
experientes gestores e staff, contribuindo para<br />
a consolidação e experiência em setores como<br />
a indústria, o grande retalho, a eletrónica e<br />
tecnologia, o automóvel ou a farmacêutica, entre<br />
outros.<br />
Nas restantes geografias (Angola, Moçambique,<br />
China, Espanha e Cabo Verde), registámos<br />
variações muito significativas ao nível do negócio<br />
e crescimento, atingindo no primeiro semestre os<br />
27%.<br />
O alinhamento estratégico global manteve o seu<br />
percurso de evolução tecnológica acentuada e<br />
a plena satisfação dos nossos clientes. A sílaba<br />
tónica continuou nas pessoas, no seu talento e<br />
esforço, no seu desenvolvimento e retenção, a<br />
quem mostramos diariamente o nosso especial<br />
apreço.<br />
2. Já assistimos a momentos como este no<br />
passado. O mercado é global e volátil, e sempre<br />
o vimos desta forma. Onde há grandes desafios<br />
e eventuais ameaças nós vemos oportunidades.<br />
Estamos conscientes das nossas limitações face<br />
às grandes multinacionais, mas vemos com<br />
muito agrado os efeitos associados às aquisições.<br />
A nossa visão mantém-se focada nas relações<br />
privilegiadas e sustentadas com os nossos<br />
parceiros internacionais, associadas a serviços de<br />
grande personalização, flexibilidade e rapidez de<br />
resposta, aspetos para nós fulcrais nos tempos<br />
de volatilidade modernos, o que nos torna<br />
“diferentes”.<br />
3. Esta nova geração tecnológica, em especial<br />
ao nível dos sistemas de informação, continuará<br />
a revolucionar as nossas vidas e as nossas<br />
empresas. Hoje estamos especialmente focados<br />
em aplicações microserviços e sua integração,<br />
esperando proporcionar uma performance<br />
superior ao nível tecnológico junto dos nossos<br />
clientes, parceiros e da nossa gestão.<br />
A gestão em tempo real foi um desafio do<br />
passado. Hoje usamos as mais modernas<br />
tecnologias de desenvolvimento, os melhores<br />
conceitos e boas práticas de segurança, estando o<br />
grande desafio ao nível da integração.<br />
Olhamos para já com curiosidade para o tema da<br />
inteligência artificial e web3, reconhecendo as<br />
suas enormes potencialidades e riscos.<br />
4. As questões externas, especialmente as<br />
condições macroeconómicas do país e mundiais,<br />
serão uma importante fonte de preocupação e<br />
atenção no seio do Grupo Olicargo e da nossa<br />
estratégia. Não esperamos descidas das taxas de<br />
juro a curto prazo e tampouco nos impressiona<br />
o crescimento da economia. Vemos com algum<br />
otimismo a redução dos níveis de inflação<br />
(embora sentindo a pressão de alguns recuos),<br />
que esperamos que cheguem aos níveis previstos<br />
pelo Banco de Portugal, em torno dos 4%. Com<br />
este cenário e crescimento moderado do consumo<br />
privado, não esperamos sofrer grandes impactos<br />
externos, além dos verificados no primeiro<br />
semestre.<br />
A tendência crescente das exportações desde há<br />
vários semestres, embora a ritmos decrescentes<br />
face a 2022, aliada à dinâmica de negócios do<br />
grupo, será um importante catalisador para<br />
suportar o crescimento projetado para <strong>2023</strong>.<br />
De igual modo, o impacto dos novos contratos<br />
logísticos em meados do primeiro semestre,<br />
serão um importante contributo para o mesmo<br />
crescimento.<br />
Ainda durante o segundo trimestre do próximo<br />
ano será concluído o novo centro logístico na<br />
zona norte, como reforço à nossa capacidade e<br />
disponibilidade de espaços logísticos de qualidade<br />
superior e sustentabilidade. Na zona centro e sul<br />
temos planeado finalizar novas contratações de<br />
investimentos em infraestruturas em Lisboa e<br />
Leiria.
40<br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
SANTOS<br />
E VALE<br />
JOAQUIM VALE<br />
ADMINISTRADOR<br />
1. Como sou uma pessoa que gosta<br />
de ver o “lado positivo da vida” vamos<br />
começar pelas boas notícias! Nas<br />
atividades “core” do Grupo Santos &<br />
Vale, que são a distribuição expresso e a<br />
logística, o ano de <strong>2023</strong> tem superado as<br />
nossas expectativas.<br />
Assistimos a um notável crescimento da<br />
atividade, que pensamos ser o resultado<br />
da nossa estratégia de expansão da rede<br />
de distribuição. Abrimos a plataforma de<br />
Alverca e Tocadelos, ampliámos Coimbra<br />
no mês de maio… no total, contamos<br />
atualmente com 23 plataformas a nível<br />
nacional, o que representa o nosso<br />
compromisso contínuo em oferecer<br />
serviços de qualidade aos clientes.<br />
4. Relativamente a constrangimentos,<br />
salientamos a escassez de mão de obra<br />
em geral, o aumento dos custos dos<br />
combustíveis e as restrições regulatórias<br />
de acesso às cidades. Para fazer face a<br />
estes desafios, os operadores logísticos<br />
terão de continuar a melhorar os seus<br />
processos de trabalho e aproveitar todos<br />
os novos recursos tecnológicos. No<br />
fundo, acrescentar valor!<br />
A sustentabilidade é um fator<br />
determinante nesta equação, que<br />
está a influenciar cada vez mais o<br />
ecossistema económico e a levar a<br />
cadeia de abastecimento a exigir mais<br />
ações a todos os seus intervenientes.<br />
A sustentabilidade ambiental, se não<br />
estiver suportada pela sustentabilidade<br />
económica, mais cedo ou mais tarde irá<br />
“cair”. Destacamos a nossa participação<br />
no programa europeu Lean&Green da<br />
GS1 no qual fomos o primeiro Operador<br />
Logístico em Portugal a obter a<br />
primeira estrela, o que representou uma<br />
diminuição em 20% de emissões de CO2<br />
para a atmosfera.
Se o propósito é armazenar, movimentar<br />
ou preparar pedidos dos seus produtos,<br />
não vai encontrar nenhum espaço no seu<br />
armazém, onde as nossas soluções não<br />
se adequarão.<br />
movu-robotics.com
42 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
DHL SUPPLY CHAIN<br />
1. Globalmente, e dentro do<br />
enquadramento económico, político e<br />
social atual, foi um semestre positivo em<br />
termos de volume de atividade embora<br />
com alguns sinais de contração em alguns<br />
setores de bens não prioritários. Os níveis<br />
de confiança por efeito das taxas de juro<br />
e da inflação têm afetado bastante os<br />
níveis de consumo e, consequentemente,<br />
impactam nas transações, em áreas como<br />
o retalho alimentar e especializado e em<br />
alguns setores industriais específicos. Ainda<br />
RUI GOMES<br />
COUNTRY MANAGER
SCM Supply Chain Magazine 43<br />
assim, destacaria de forma positiva a resiliência<br />
do tecido empresarial, quer industrial, quer de<br />
serviços, que têm demonstrado competência e<br />
responsabilidade e têm sabido atuar e resistir ao<br />
comportamento das variáveis por vezes menos<br />
positivas.<br />
2. As últimas décadas foram efetivamente<br />
de forte consolidação e reorganização neste<br />
setor. Diria que podemos assistir ainda a alguns<br />
movimentos específicos, embora não de forte<br />
relevância no nosso país. Acredito mais na<br />
entrada no país de alguns operadores que ainda<br />
não estão presentes, ou que estão presentes<br />
com operações residuais que pretendem<br />
desenvolver.<br />
Assistiremos também a uma diversificação de<br />
serviços prestados e a uma maior verticalização<br />
da ação dos operadores logísticos na supply<br />
chain. O papel dos operadores logísticos como<br />
agentes de criação de valor na cadeia de<br />
abastecimento está cada vez mais consolidado<br />
e esta tendência irá manter-se.<br />
Acredito também na evolução dos modelos<br />
de colaboração e de interação, baseados<br />
numa perspectiva mais holística da cadeia de<br />
abastecimento onde, num modelo organizado,<br />
existe espaço para todos. Teremos um mercado<br />
onde a concorrência se fará cada vez mais pela<br />
criação de valor e menos pelo preço.<br />
3. A tecnologia continuará a evoluir e o nosso<br />
setor seguirá o caminho da sua utilização<br />
como fator de desenvolvimento de eficiência<br />
e sustentabilidade. A robótica, associada à<br />
inteligência artificial, tem vindo a ocupar um<br />
espaço de relevância nas operações logísticas<br />
e assim continuará. As pessoas continuarão a<br />
ser um fator crítico no sucesso das operações,<br />
embora cada vez mais em funções de criação<br />
de valor e menos em funções físicas rotineiras<br />
de manipulação de carga.<br />
Por outro lado, a analítica de dados e a gestão<br />
inteligente da informação serão igualmente<br />
um campo crítico. As redes logísticas estão<br />
cada vez mais exigentes em termos de<br />
velocidade, redução de desperdício, qualidade,<br />
fiabilidade. A otimização permanente de<br />
processos e soluções começa a ser um básico<br />
e um standard nas operações logísticas.<br />
Soluções de process mining, análise e<br />
visibilidade contínua serão tendencialmente<br />
as ferramentas de business intelligence<br />
para apoiar este caminho. Aliando este<br />
desenvolvimento tecnológico a uma sociedade<br />
toda ela mais digital, será fácil projectar<br />
uma rede logística de suporte muito mais<br />
automatizada, digital, ágil e flexível.<br />
Neste enquadramento transformacional, as<br />
pessoas são cada vez mais um fator crítico<br />
e assumem um papel tendencialmente<br />
diferenciador. As competências soft farão<br />
cada vez mais a diferença e este é um desafio<br />
não só para o nosso setor mas para toda a<br />
sociedade, diria.<br />
4. Sendo o setor logístico fortemente<br />
dependente do setor industrial, do retalho e<br />
dos serviços, a maior preocupação centra-se na<br />
evolução do enquadramento socio-económico.<br />
É importante e urgente assistir a alguns sinais<br />
positivos na conjuntura económica e política<br />
para devolver a confiança e o poder de compra<br />
à sociedade. Todo o nosso modelo económico<br />
assenta numa sociedade de consumo e o nosso<br />
setor é fortemente dependente desta variável.<br />
Iremos continuar a trabalhar fortemente<br />
na eficiência e sustentabilidade, através de<br />
otimização de processos, de incorporação<br />
de tecnologia e, fundamentalmente, no<br />
desenvolvimento de talento dentro da<br />
organização.
44 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
OLANO<br />
PORTUGAL<br />
JOÃO LOGRADO<br />
DIRETOR-GERAL<br />
1. A primeira metade do semestre foi<br />
bastante positiva, com um declínio<br />
nas atividades na segunda parte,<br />
principalmente a partir de finais de maio.<br />
2. Creio que em Portugal ainda<br />
vamos ver e ouvir falar de mais alguns<br />
movimentos nesse sentido. Até porque,<br />
de uma forma geral , a logística está<br />
“apetecível” para os investidores.<br />
3. Teremos certamente cada vez mais<br />
situações híbridas: com mais tecnologia,<br />
ou menos, consoante os graus de<br />
exigência das operações, a existência de<br />
atividades repetitivas ou a dinâmica dos<br />
clientes. Mas, de facto, a falta de mão<br />
de obra, bem como as dificuldades na<br />
retenção de talento, revelando também<br />
por parte dos empregadores dificuldades<br />
em serem atrativos, é uma evidência<br />
enorme.<br />
4. Sinceramente, espero que o mercado<br />
“aqueça” um pouco mais e que o<br />
consumo aumente novamente.
Peçaa já umaa demo<br />
Noooooooottttttttiiiiiiiifcccicaaaaaaaaaçççõeeeeeeeessssssss ddddddddeeeeeeee sssssssseeeeeeeeeuuuuuguuiiiiiiiimmmimmmeeeeeeeennnnnenttttttttoooooooo<br />
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46 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
LOGIFRIO<br />
ALEXANDRA TEIXEIRA<br />
HEAD OF QUALITY<br />
AND COMMUNICATION IBERIA<br />
1. A atividade encontra-se em linha com as<br />
nossas expectativas, o que representa um<br />
crescimento interessante em relação a 2022,<br />
maioritariamente justificado por dois fatores.<br />
Em primeiro lugar, alteração de mentalidade<br />
relativamente à especialização do negócio,<br />
principalmente nas empresas do setor<br />
agroalimentar. A maioria dos empresários<br />
tomou consciência de que a logística gerida<br />
com meios próprios, além de criar muita<br />
distração em relação àquilo que é considerado<br />
core business, também requer investimento<br />
significativo e constante, especialmente quando<br />
se trata de temperatura controlada. Além
SCM Supply Chain Magazine 47<br />
disso, passou a vender-se maioritariamente<br />
em campanhas de promoção, o que origina<br />
grande volatilidade de volumes e uma grande<br />
exigência relativamente à flexibilidade<br />
da cadeia de abastecimento. Todos estes<br />
fatores levaram os empresários a perceber<br />
as vantagens que o outsourcing logístico<br />
lhes poderia trazer, em especial pelo facto de<br />
permitir eliminar uma parcela significativa dos<br />
custos fixos, tornando-os variáveis. Em segundo,<br />
a riqueza de ofertas por parte do mercado<br />
no que diz respeito à logística e transportes<br />
em temperatura controlada. É um setor que<br />
apesar de ter um número limitado de players<br />
é altamente eficiente, moderno, dinâmico e<br />
competitivo. Portugal tem hoje uma cadeia de<br />
abastecimento em temperatura controlada ao<br />
nível, ou até melhor, que mercados maiores<br />
e mais desenvolvidos no contexto Europeu, o<br />
que resulta num incremento do incentivo ao<br />
outsourcing.<br />
No entanto, mantém-se a instabilidade a que<br />
temos assistido nos últimos anos: a guerra na<br />
Ucrânia, o aumento da inflação, a flutuação<br />
dos preços de bens e serviços e uma pandemia<br />
que ameaça ressurgir são foco de preocupação<br />
e podem causar uma elevada variabilidade<br />
no consumo, que influencia a dinâmica das<br />
operações e exige uma gestão otimizada de<br />
toda a cadeia.<br />
2. Existe uma tendência global para a<br />
concentração de operadores logísticos,<br />
razão pela qual não tem havido uma entrada<br />
generalizada de novos operadores. Contudo,<br />
existe uma forte tendência de crescimento em<br />
busca de maior massa crítica e eficiência. O<br />
investimento neste setor, principalmente na<br />
incorporação de tecnologia e infra-estruturas<br />
imobiliárias, tem atingido valores muito<br />
significativos. As empresas de transporte<br />
marítimo procuram formas de alargar a<br />
sua presença na cadeia de abastecimento<br />
e possuem muito capital disponível para<br />
investimento, não só em aquisições, mas<br />
também em desenvolvimentos tecnológicos<br />
que, pelo seu porte, podem resultar em<br />
importantes mudanças de mercado.<br />
O aumento das taxas de juro fez com que<br />
alguns investidores financeiros que procuravam<br />
ganhos a curto prazo repensassem a sua<br />
estratégia. Os investidores que estão no<br />
mercado no longo prazo e que o veem como<br />
estratégico, como é o nosso caso, continuam<br />
disponíveis para estudar operações de M&A.<br />
3. Somos um operador logístico focado na<br />
gestão da cadeia de abastecimento numa<br />
perspetiva global e todas as operações são<br />
suportadas por ferramentas informáticas<br />
customizadas, desenvolvidas internamente,<br />
que permitem consultas e interfaces em tempo<br />
real. Temos apostado muito na automatização<br />
de processos administrativos e de software,<br />
assim como em interfaces com os sistemas dos<br />
nossos clientes, com vista a permitir-lhes uma<br />
visibilidade completa da operação.<br />
Em termos de hardware, ainda subsistem<br />
dificuldades significativas em adotar processos<br />
de automatização e robotização em processos<br />
de ambiente multicliente e de temperatura<br />
controlada. Trabalhamos produtos muito<br />
heterogéneos, o que dificulta soluções de<br />
automação operacional e robotização de<br />
movimentos físicos. Estamos atentos aos<br />
desenvolvimentos em termos de automação de<br />
armazém e acreditamos que no futuro poderão<br />
dar uma resposta eficaz a situações atípicas<br />
como as que atravessamos atualmente.<br />
No entanto, há que referir que no imediato a<br />
mão de obra ainda é fundamental para suportar<br />
os fluxos logísticos.
48 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
Arriscariamos dizer que a logística é porventura<br />
um dos setores que mais tecnologia incorporou<br />
nos últimos anos, mas também uma das<br />
áreas que mais emprego criou no nosso país.<br />
Efetuamos vários desenvolvimentos que<br />
permitem tornar os processos mais simples e<br />
intuitivos, promovendo a redução de tarefas e a<br />
otimização de processos.<br />
No que diz respeito à mão de obra específica<br />
e mais indiferenciada, apesar da crescente<br />
automação, há muitas tarefas que implicam<br />
uma customização significativa. As dificuldades<br />
com dados, resistência na adoção de standards<br />
de vasilhame, e atraso na implementação de<br />
transferência eletrónica segura de informação<br />
na cadeia, colocam pressão adicional sobre<br />
os recursos humanos disponíveis para o setor.<br />
Em termos de mão de obra mais especializada,<br />
é verdade que se tem vindo a assistir a um<br />
número crescente de profissionais formados na<br />
área, reconhecemos o excelente trabalho feito<br />
pelas universidades. No entanto, mesmo assim,<br />
continuamos a assistir a um desequilíbrio,<br />
sendo a procura muito superior à oferta, não<br />
só porque os profissionais são poucos em<br />
número, mas também porque parte deles<br />
optam por carreiras internacionais. Quanto aos<br />
profissionais formados em tecnologias, robótica<br />
e automação, a escassez de mão de obra é geral<br />
e afeta também a logística.<br />
4. A inflação e os impactos da guerra são os<br />
mais significativos, mas fatores estruturais<br />
como a falta de mão de obra ou viaturas são<br />
fatores com um efeito muito importante na<br />
capacidade de resposta do setor ao aumento<br />
de volume. Todos estes desafios, associados<br />
à interrupção das cadeias de abastecimento,<br />
resultam da pressão de uma inflação<br />
generalizada e muito preocupante em todos<br />
os setores de mercado, com especial destaque<br />
para o setor da logística e transporte de frio.<br />
No entanto, a logística tem sido uma área em<br />
constante inovação que sempre demonstrou<br />
grande resiliência e capacidade de<br />
transformação. Os canais ligados à distribuição<br />
moderna e ao comércio online têm sido<br />
os setores que mais crescem. Se, por um<br />
lado, ainda há muito por fazer na logística<br />
relacionada com o comércio online, as<br />
soluções para a distribuição moderna estão<br />
mais standardizadas. A inovação implica<br />
responder às tendências e ter uma oferta<br />
mais completa na cadeia de abastecimento. A<br />
logística inbound, onde as cadeias de produto<br />
são geridas antes de chegarem ao armazém<br />
central, o apoio ao comércio local e o apoio a<br />
múltiplos canais de venda (omnichannel) são<br />
as áreas que mais terão de ser reinventadas.<br />
A combinação dos diferentes canais de venda<br />
sem multiplicar localizações e quantidades em<br />
stock é hoje um dos principais desafios.<br />
Em relação aos processos, acreditamos<br />
numa forte tendência de automatização<br />
das atividades mais físicas e rotineiras. A<br />
conjugação da eficiência dos processos<br />
automatizados com a capacidade de adaptação<br />
a cenários incertos, que só grandes equipas,<br />
aliadas a soluções tecnológicas robustas e<br />
inovadoras, são capazes de proporcionar, é<br />
também um importante desafio que hoje se<br />
coloca.<br />
A logística é um dos setores que, junto com a<br />
moderna distribuição, dispõe de mais dados<br />
sobre tendências de consumo. A inteligência<br />
artificial e o tratamento de dados geram hoje<br />
mais ferramentas ao serviço do setor do que<br />
alguma vez existiram. O desafio será conseguir<br />
aproveitar todo esse potencial.<br />
tecnológicas robustas e inovadoras, são<br />
capazes de proporcionar, é também um<br />
importante desafio que hoje se coloca.
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50<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
LOGIC<br />
CARLA FERNANDES<br />
ADMINISTRADORA<br />
1. O 1.º semestre de <strong>2023</strong> foi um semestre<br />
de consolidação e otimização das operações<br />
para continuarmos a oferecer um serviço de<br />
excelência aos nossos clientes.<br />
2. O mercado português é um mercado de<br />
nichos, pelo que do nosso ponto de vista a<br />
fusão de operadores será um movimento<br />
natural, para garantir a rentabilidade das<br />
operações por ganhos de escala.<br />
3. A atividade logística em geral, e em<br />
particular as atividades dos operadores<br />
logísticos, são muito exigentes em termos<br />
de IT, e historicamente algumas ferramentas<br />
tecnológicas são rapidamente adotadas<br />
nas nossas operações. A chave do êxito é<br />
constituída por um forte investimento em<br />
tecnologias de informação e em equipas<br />
especializadas.<br />
Quanto à dificuldade de retenção de talento<br />
é transversal a todos os setores de atividade,<br />
sendo típica de uma transição de modelo<br />
económico, cabendo-nos a nós, líderes e<br />
gestores das empresas, encontrar as soluções<br />
adequadas a cada colaborador, para assim<br />
aumentar a retenção de talento.<br />
4. Nós vemos estes momentos de alguma<br />
incerteza como momentos de oportunidade<br />
de crescimento. Assim, vamos arrancar no<br />
3.º trimestre com uma oferta diferenciada na<br />
distribuição para o canal B2B, aproveitando a<br />
nossa sólida experiência no canal B2C.
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52 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
ID LOGISTICS<br />
VITÓRIA NUNES<br />
DIRETORA DA UNIDADE DE PORTUGAL
SCM Supply Chain Magazine 53<br />
1. O primeiro semestre de <strong>2023</strong> ficou marcado<br />
pela continuação do crescimento dinâmico da<br />
ID Logistics, com forte aumento das receitas<br />
internacionais. Este crescimento contínuo e<br />
sustentado tem como base a estratégia que<br />
mantemos desde há vinte anos e que se prende<br />
com a dedicação e compromisso para com<br />
os nossos clientes nacionais e internacionais.<br />
Criamos soluções personalizadas, que se<br />
enquadram na sua estratégia de vendas e<br />
distribuição, aportando valor e inovação. Assim,<br />
o nosso volume de negócios cresce com eles.<br />
O semestre foi positivo e para tal contribuiu<br />
a aquisição da Spedimex, uma operação já<br />
promissora em termos de sinergias comerciais e<br />
acesso a novos clientes: o Grupo torna-se assim<br />
o primeiro fornecedor de logística contratual na<br />
Polónia, um mercado em forte crescimento. A ID<br />
Logistics também chegou ao seu 18.º país, com<br />
o Reino Unido. Finalmente, a empresa alcançou<br />
desenvolvimentos comerciais significativos com<br />
blue-chip, particularmente no e-commerce e na<br />
moda, nos Estados Unidos e na Europa, o que<br />
lhe permitirá acelerar o seu crescimento a partir<br />
do 2.º semestre de <strong>2023</strong>. Esta previsão acabou<br />
de ser partilhada pelo nosso Presidente e CEO e<br />
sublinha a solidez do grupo.<br />
2. Com a evolução contínua da tecnologia, a<br />
necessidade de uma gestão eficiente da cadeia<br />
de abastecimento tornou-se ainda mais crucial.<br />
Recentemente a ID Logistics reforçou a sua<br />
presença geográfica na Polónia com 15 novas<br />
localizações e clientes de topo. No ano passado,<br />
estabeleceu-se, pela primeira vez, em Itália,<br />
para apoiar um dos seus principais clientes, um<br />
“player” internacional na área do e-commerce.<br />
Esta nova subsidiária completa a cobertura da<br />
ID Logistics no continente europeu, oferecendo<br />
uma solução global a todos os seus principais<br />
clientes internacionais. De igual forma, com a<br />
aquisição da Kane Logistics, o grupo alarga a<br />
sua presença nos Estados Unidos que com a<br />
complementaridade das carteiras de clientes<br />
permitirá obter sinergias comerciais significativas<br />
entre a Europa e os Estados Unidos.<br />
Acredito que o setor da logística em Portugal<br />
está preparado para continuar a crescer,<br />
impulsionado pelo aumento dos volumes de<br />
comércio e pelo empenho do país no<br />
desenvolvimento de infraestruturas. O comércio<br />
eletrónico é também um fator-chave, à<br />
medida que mais consumidores se voltam para<br />
as compras online existe uma procura<br />
crescente por serviços de logística eficientes e<br />
fiáveis, criando oportunidades para os<br />
operadores nacionais e internacionais.<br />
3. A transformação na integração de<br />
ferramentas tecnológicas no setor da logística<br />
tem sido revolucionária. Com o rápido avanço da<br />
tecnologia, podemos agora otimizar os nossos<br />
processos logísticos, tirando partido de<br />
ferramentas e sistemas inovadores. Desde<br />
sistemas automatizados de gestão de inventário,<br />
que acompanham com precisão os níveis de<br />
stock e até anulam a necessidade de realizar<br />
inventários cíclicos, como no caso do nosso robot<br />
Astrid, completamente autónomo para realizar<br />
inventários de paletes e com uma produtividade<br />
de 5.000 paletes por hora. Outro exemplo são os<br />
sistemas com software avançado de otimização<br />
de rotas que ajudam os nossos gestores de frotas<br />
a planear as rotas de entrega mais sustentáveis –<br />
a ferramenta Eco TransIT World. Estes são alguns<br />
dos casos práticos de como a tecnologia melhora<br />
significativamente a eficiência operacional na ID<br />
Logistics. Além disso, a integração de dispositivos<br />
de IoT permite a otimização dos movimentos<br />
e os produtos podem ser identificados graças<br />
aos ecrãs de monitorização - um sistema de<br />
reposição de produtos presente nas mesas de<br />
packing dos nossos armazéns, que
54 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
funciona com uma rede sem os IoT. Desta forma<br />
os operadores repõem os produtos através de<br />
um tablet. Adicionalmente, a integração dessas<br />
ferramentas permite uma melhor comunicação<br />
entre todos os envolvidos na cadeia logística.<br />
O fator humano é essencial para que a atividade<br />
da ID Logistics possa desenvolver-se<br />
corretamente. Por essa razão, acreditamos que<br />
temos de cuidar do nosso capital humano,<br />
oferecendo-lhe vantagens competitivas, como<br />
melhores condições de trabalho e a<br />
possibilidade de continuarem a desenvolver-se.<br />
De acordo com o inquérito HappyIndexAtWork,<br />
80% dos colaboradores da ID Logistics Iberia<br />
gostam do seu trabalho: 73% dizem estar<br />
satisfeitos com a cultura da empresa, 75%<br />
consideram as relações humanas de qualidade,<br />
90% consideram o seu trabalho diário<br />
importante e 87% acreditam que o seu trabalho<br />
tem impacto no sucesso da empresa. Estamos<br />
empenhados em criar políticas de RH que<br />
assegurem o bem-estar dos colaboradores,<br />
porque o nosso verdadeiro compromisso<br />
empresarial começa com a qualidade das<br />
relações humanas e em encontrar sentido no<br />
que fazemos no dia-a-dia.<br />
Portanto, as pessoas vão continuar a ser a chave<br />
no êxito das operações logísticas, porque,<br />
apesar dos avanços tecnológicos e da<br />
automação implementada neste setor, o<br />
fator humano ainda desempenha um papel<br />
fundamental. Os profissionais capacitados<br />
e experientes são capazes de analisar e<br />
tomar decisões complexas, que vão além das<br />
capacidades das máquinas.<br />
Afinal, lidar com a movimentação de produtos<br />
exige conhecimento em diversas áreas, como<br />
o planeamento estratégico, coordenação<br />
e motivação de equipas e resolução de<br />
imprevistos. Além disso, é o fator humano que<br />
confere confiança nas operações logísticas:<br />
desde os motoristas responsáveis por entregar<br />
a mercadoria até aos colaboradores de controlo<br />
de qualidade em centros de distribuição.<br />
Portanto, embora a tecnologia seja uma<br />
aliada poderosa, não podemos subestimar o<br />
valor insubstituível das pessoas nesse campo<br />
essencial da cadeia de suprimentos.<br />
4. A escassez de motoristas no setor logístico<br />
é um desafio crescente que afeta diretamente<br />
a eficiência e o funcionamento das operações.<br />
Com o aumento da procura por serviços de<br />
transporte, especialmente com o crescimento<br />
do comércio eletrónico, a falta de profissionais<br />
qualificados para conduzir veículos pesados de<br />
carga é uma preocupação constante.<br />
Além disso, a falta de incentivos e benefícios<br />
adequados também desencoraja muitos<br />
profissionais a ingressarem ou permanecerem<br />
na atividade. Nesse sentido, é necessário que<br />
as empresas forneçam aos seus colaboradores<br />
valor acrescentado e, na ID Logistics, estamos<br />
atentos a isso.<br />
Do mesmo modo, é fundamental que a ID<br />
Logistics seja atrativa em cada localização, com<br />
base nas perspetivas de carreira oferecidas, nas<br />
condições de trabalho e segurança e no<br />
alinhamento com os planos do grupo.<br />
Por outro lado, a inflação e as taxas de juro têm<br />
colocado uma grande pressão sobre as<br />
margens de negócio e investimentos, o que,<br />
em última análise, afeta a capacidade de<br />
oferecer serviços competitivos aos clientes.<br />
Outra preocupação é o eventual abrandamento<br />
da economia, com menor procura de bens<br />
e serviços. Neste caso podemos enfrentar<br />
uma quebra na atividade, com diminuição de<br />
sinergias, tornando-se um ato de equilíbrio<br />
delicado - no que respeita à gestão - a<br />
manutenção da qualidade do serviço, sem<br />
aumento de custos.
SCM Supply Chain Magazine 55
56 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
MIND4<br />
LOGISTICS<br />
JORGE EMANUEL RAMALHO<br />
CEO<br />
1. Tendo por base os relatórios do INE, os volumes<br />
de importação e exportação em Portugal no<br />
segundo trimestre de <strong>2023</strong> reduziram 6,1% e<br />
4,9% respetivamente. Em simultâneo, os valores<br />
dos fretes marítimos, com claro enfoque na<br />
importação da Ásia para Portugal, sofreram uma<br />
drástica redução, fruto do decréscimo dos volumes<br />
de carga disponíveis no mercado, e do incremento<br />
da capacidade de transporte instalada, obrigando<br />
a um natural ajustamento da oferta por parte das<br />
companhias de navegação.<br />
No entanto, tendo a Mind4Logistics uma<br />
estratégia de diversificação das suas áreas de<br />
negócio, os resultados do primeiro semestre foram<br />
bastante satisfatórios e na sua generalidade<br />
superiores ao período equivalente do ano anterior.<br />
Num setor de atividade bastante concorrencial,<br />
em que nos últimos dois anos, fruto das políticas<br />
de verticalização das companhias de navegação,<br />
assistimos a um “distanciamento” entre os atores<br />
da cadeia logística, registamos com agrado a<br />
inflexão de comportamentos e uma salutar<br />
aproximação, característica essencial para o<br />
devido funcionamento do mercado português.<br />
2. Estamos convictos que a política de fusões<br />
e aquisições a que se assiste no mercado<br />
internacional, tem ainda uma expressão reduzida<br />
no mercado português, muito caracterizado por<br />
pequenas e médias empresas na área da logística,<br />
de capital inteiramente nacional.<br />
Nos 8 primeiros meses do ano, assistimos com<br />
interesse às movimentações no mercado, e<br />
que tendo em consideração o nosso tecido<br />
empresarial, e as sinergias que podem ser criadas<br />
entre empresas nacionais e internacionais, nos<br />
fazem acreditar que ainda temos um longo<br />
caminho a percorrer até a consolidação ser<br />
atingida.<br />
3. Consideramos a transformação digital<br />
e tecnológica essencial e/ou vital para a<br />
sobrevivência no mercado da logística. No Grupo<br />
Mind4, apostamos em medidas específicas<br />
de retenção e formação de novos talentos,<br />
adequando as nossas estratégias a todas as<br />
gerações que diariamente contribuem para a<br />
consolidação no mercado das nossas empresas.<br />
4. Num mercado em que se assiste a uma<br />
redução dos volumes e margens, o nosso maior<br />
desafio torna-se no nosso principal objetivo:<br />
crescer! A conclusão de projetos ou certificações<br />
que se encontram a decorrer, irão potenciar e<br />
diversificar o leque de serviços que oferecemos.<br />
Manteremos a aposta nos recursos humanos que<br />
integram o nosso grupo e que são um dos fatores<br />
que contribui para o nosso crescimento.<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K
www.supplychainmagazine.pt/scmiberia<br />
24 OUT ‘23<br />
ESPAÇO BERTELSMANN – MADRID<br />
CO-ORGANIZADOR:<br />
1ª Conferência Ibérica de Supply Chain<br />
DISRUPÇÃO E TECNOLOGIA<br />
TRANSFORMAÇÕES NA CADEIA<br />
DE ABASTECIMENTO<br />
SUPPLY CHAIN · LOGÍSTICA · OPERAÇÕES · PROCUREMENT<br />
PATROCINADORES<br />
PREMIUM<br />
GOLD<br />
SILVER
58 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
DACHSER<br />
CELESTINO SILVA<br />
MANAGING DIRECTOR EUROPEAN<br />
LOGISTICS IBERIA<br />
1. No primeiro semestre de <strong>2023</strong>, registámos<br />
um declínio significativo no transporte aéreo<br />
e marítimo, mas continuamos a crescer no<br />
transporte terrestre em termos de receita. No<br />
fundo, regressámos à normalidade – antes<br />
do boom do transporte aéreo e marítimo –,<br />
mas não era de esperar outra coisa, já que<br />
esta tendência é transversal a todo o setor. No<br />
entanto, podemos afirmar que a Dachser está<br />
definitivamente a registar um desenvolvimento<br />
positivo em comparação com os níveis pré-<br />
-Covid.<br />
Olhando para os próximos meses, não<br />
esperamos registar um pico de atividade no<br />
outono, ao contrário de anos anteriores. Os<br />
clientes têm sido muito cautelosos até agora<br />
e as perspetivas de crescimento mais baixas,<br />
bem como a inflação elevada estão a afetar<br />
os negócios. Ainda assim, perspetivamos que<br />
os negócios continuarão ao nível da primeira<br />
metade do ano.<br />
2. Numa perspetiva global e estratégica, vejo<br />
as fusões e aquisições como um reflexo natural<br />
do mercado. As empresas que tenham os meios<br />
financeiros para o fazer, querem naturalmente<br />
expandir-se para serem capazes de oferecer<br />
um serviço “ponta a ponta”. A integração e<br />
solidificação de uma rede, para que todos os<br />
intervenientes e serviços estejam em pleno<br />
funcionamento, exigem muito trabalho,<br />
compromisso e, sobretudo, tempo.<br />
Em Portugal, esta tendência tem aumentado<br />
como resultado da incerteza da conjuntura<br />
económica, que levou à insolvência de algumas<br />
empresas que se viram obrigadas a fechar<br />
portas ou a vender o seu fundo de negócio a<br />
outras com maior capacidade financeira.<br />
3. Uma das metas da Dachser para 2030<br />
é tornar-se o operador logístico mais<br />
digitalizado do mundo. Através da integração<br />
de ferramentas tecnológicas e da aposta<br />
na digitalização, seremos capazes de<br />
conseguir uma maior automação, eficiência e<br />
transparência nos processos, o que, por sua<br />
vez, irá conduzir a uma melhoria significativa<br />
no nível de serviço prestado. Para atingir este
SCM Supply Chain Magazine 59<br />
objetivo estamos a implementar uma estratégia<br />
de digitalização integral com base em três<br />
pilares.<br />
Em primeiro lugar, a digitalização dos processos<br />
empresariais, bem como das ferramentas e<br />
soluções que realmente acrescentam valor para<br />
os clientes, trabalhadores e parceiros. Depois,<br />
há a atualização contínua dos nossos sistemas<br />
centrais de gestão de transporte e de armazém<br />
e a integração de sistemas externos relevantes.<br />
Neste campo, a segurança constitui um aspeto<br />
fundamental. Em terceiro lugar, para nós, é<br />
muito importante criar uma mentalidade positiva<br />
entre os nossos colaboradores, encorajá-los e<br />
capacitá-los para que sejam capazes de utilizar a<br />
tecnologia de forma eficaz, para tomar decisões<br />
acertadas e para garantir que os processos<br />
logísticos são executados com segurança e<br />
qualidade. Ainda neste ponto, destaque para a<br />
estimulação da inovação e a criatividade através<br />
do programa Idea2net, que tem como objetivo<br />
promover uma cultura de inovação colaborativa,<br />
em linha com os valores da Dachser.<br />
Sobre a integração de ferramentas tecnológicas<br />
é de referir a inauguração de novas instalações<br />
“high bay” de última geração, totalmente<br />
automatizadas e com uma forte vertente<br />
ecológica no seu maior centro logístico no<br />
panorama internacional, em Memmingen,<br />
Alemanha. O armazenamento e a retirada<br />
de paletes, por exemplo, são totalmente<br />
automatizados, permitindo manusear a entrada<br />
e saída de até 400 paletes de mercadorias por<br />
hora – ou cinco mil por dia, graças a sistemas<br />
de descarga automáticos, uma estação de<br />
paletização automática e oito operadores de<br />
prateleiras guiados por carris no armazenamento<br />
em altura.<br />
O espaço, que resulta de um investimento<br />
de cerca de 30 milhões de euros, é um dos<br />
nossos projetos mais importantes dos últimos<br />
anos. As novas instalações reúnem tecnologia<br />
de automação de ponta e os mais recentes<br />
conceitos de sustentabilidade, beneficiando não<br />
só a localização de Memmingen, mas também a<br />
empresa como um todo.<br />
4. Além das questões transversais que têm<br />
marcado e continuarão a marcar o setor –<br />
como a crescente escassez de motoristas e<br />
profissionais, a incerteza e fragilidade das<br />
cadeias globais de abastecimento e os elevados<br />
custos da energia –, estamos a passar por um<br />
período de grande instabilidade a nível global.<br />
De uma forma geral, o mercado do transporte<br />
marítimo está a enfrentar uma queda acentuada<br />
do volume em todas as rotas. Os clientes estão<br />
a fazer menos envios e a vender primeiro<br />
os stocks acumulados. No entanto, isto só<br />
acontece de forma lenta na atual queda do<br />
consumo. A redução da procura manteve-se<br />
também na carga aérea, com as expectativas<br />
para a temporada de outono a serem ainda<br />
muito moderadas.<br />
Outro dos grandes desafios da indústria<br />
logística passa pela digitalização. Apesar do<br />
progresso que tem sido feito nos últimos anos,<br />
ainda há muitas burocracias e processos que<br />
devem ser atualizados e melhorados. No caso<br />
da Dachser, temos verificado uma evolução<br />
muito positiva no que diz respeito à troca de<br />
informações com os nossos clientes e parceiros<br />
de transporte na otimização dos nossos<br />
processos, o que terá certamente um impacto<br />
significativo no futuro.<br />
Por último, não nos podemos esquecer das<br />
alterações climáticas. É um tópico importante<br />
e levamo-lo muito a sério. Por exemplo, vamos<br />
expandir o nosso modelo de entregas sem<br />
emissões nos grandes centros urbanos – o<br />
Dachser Emission-Free Delivery – a 24 cidades<br />
europeias até ao final de 2025.
60<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
AMERICOLD<br />
HUGO OLIVEIRA<br />
MANAGING DIRECTOR IBERIA<br />
1. O balanço do 1.º semestre é positivo. No<br />
entanto, gostaria de realçar e enaltecer o<br />
excelente trabalho efetuado pelas equipas<br />
que, juntamente com os investimentos<br />
efetuados nos nossos armazéns, farão com<br />
que o balanço no final do ano seja positivo –<br />
esse sim importante para alcançar as metas<br />
que nos propusemos no início do exercício<br />
fiscal.<br />
2. O mercado é dinâmico e, nesse sentido,<br />
podem surgir oportunidades interessantes às<br />
quais estaremos atentos, tanto em Portugal<br />
como em Espanha.<br />
3. Sem dúvida que tem havido nestes<br />
últimos anos uma crescente aposta em novas<br />
ferramentas tecnológicas - hard e soft. Penso<br />
que essa aposta irá intensificar-se cada vez mais<br />
mas, no entanto, as pessoas continuarão a ser<br />
a chave no sucesso das organizações. Os perfis<br />
procurados serão diferentes, como também as<br />
competências que se exigem.<br />
4. Estabilidade de preços. Se, por um lado,<br />
vimos certas componentes a encontrarem<br />
alguma estabilidade a nível de preço, muitas<br />
outras ainda oscilam de forma instável e<br />
imprevisível.
62<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
UPS<br />
PORTUGAL<br />
SANDRO PINTO<br />
BROKERAGE MANAGER<br />
1. No primeiro semestre de <strong>2023</strong>, a UPS<br />
manteve a sua estratégia global, fornecendo<br />
serviços líderes do setor aos seus clientes,<br />
apesar da contínua quebra da procura na Ásia.<br />
Em resposta, concentrámo-nos em controlar<br />
o que podíamos e os nossos resultados<br />
estiveram em linha com os objetivos de base.<br />
Continuaremos focados em impulsionar a<br />
produtividade, ao mesmo tempo que investimos<br />
em iniciativas de eficiência e crescimento.<br />
Além disso, queremos garantir que todas<br />
as empresas – e não apenas as grandes<br />
corporações – tenham acesso igual ao mercado<br />
global. A facilitação do comércio para as<br />
pequenas e médias empresas revelar-se-á vital<br />
para a resiliência económica em toda a Europa.<br />
É por isso que em Portugal, como na Europa,<br />
estamos focados em ajudar as empresas a<br />
crescer através das exportações, especialmente<br />
as PME, identificando os principais desafios<br />
para estas empresas exportadoras, incluindo<br />
a integração de práticas sustentáveis e de<br />
soluções digitais. Neste sentido, destaco o papel<br />
do nosso Brokerage Business Center no Porto,<br />
que tem ajudado as PME exportadoras a agilizar<br />
e acelerar os seus procedimentos e burocracias<br />
em termos de exportação.<br />
2. Atravessamos um dos ambientes<br />
macroeconómicos e geopolíticos mais<br />
complexos e imprevisíveis das últimas décadas,<br />
mas uma coisa permanece clara: a facilitação do<br />
comércio para as pequenas e médias empresas<br />
revelar-se-á vital para a resiliência económica<br />
em toda a Europa.<br />
É sabido que as PME são a espinha dorsal da<br />
economia portuguesa, representando mais de<br />
99% das empresas. E não são apenas essenciais<br />
para manter a estabilidade, mas também são<br />
fundamentais para desbloquear a inovação e<br />
impulsionar o crescimento. Por conseguinte, as<br />
entidades públicas devem continuar a construir<br />
e aprofundar relações com as organizações<br />
privadas e garantir que as empresas, de todas as
SCM Supply Chain Magazine 63<br />
dimensões, estejam representadas e envolvidas<br />
nesse diálogo. Isto será não só essencial para<br />
remover barreiras e facilitar o comércio para as<br />
PME, mas também para a resiliência económica<br />
no espaço europeu.<br />
No mercado português, queremos continuar<br />
a investir na nossa rede de transporte de<br />
nível mundial, para torná-la mais rápida e<br />
mais forte, de modo a potenciar o sucesso<br />
dos nossos clientes. Os investimentos podem<br />
assumir diversas formas, como melhorias na<br />
infraestrutura ou na rede.<br />
3. A tecnologia e a digitalização estão<br />
profundamente enraizadas no nosso ADN,<br />
impulsionando praticamente todos os<br />
serviços que oferecemos e todas as operações<br />
que realizamos. A UPS é líder global no<br />
desenvolvimento de tecnologia e investe<br />
mil milhões de dólares por ano para ajudar<br />
os seus clientes a otimizar os processos<br />
empresariais de transporte e logística, de<br />
modo a reduzir custos, melhorar o serviço<br />
e aumentar a eficiência. A tecnologia é a<br />
base das melhorias de processos na UPS,<br />
igualmente para aumentar a produtividade,<br />
melhorar a confiabilidade e a eficiência e<br />
reduzir custos. Também investimos no nosso<br />
património digital, com o propósito de tornar<br />
as compras online mais fáceis do que nunca.<br />
Na Península Ibérica, inaugurámos o ano<br />
passado um hub de última geração em<br />
Barcelona, dispondo de tecnologia avançada<br />
de triagem de remessas, permitindo<br />
uma redução do consumo de energia, ao<br />
mesmo tempo que possibilitou aumentar<br />
a capacidade de triagem para até 22.000<br />
pacotes por hora – mais de 2,5 vezes a<br />
capacidade da anterior instalação que veio<br />
substituir.<br />
Mas os avanços tecnológicos não impedem<br />
que, como empresa de serviços que somos, na<br />
UPS tudo se resuma às pessoas. É o trabalho<br />
árduo e os esforços dos nossos mais de<br />
500.000 “UPSers” em todo o mundo que nos<br />
permitem fornecer serviços líderes no setor.<br />
Construímos a nossa organização em torno<br />
das pessoas e acreditamos que elas dão o<br />
melhor de si quando sentem orgulho nas suas<br />
contribuições. É por isso que incentivamos a<br />
propriedade da nossa empresa por parte dos<br />
funcionários. Os “UPSers” são fundamentais<br />
para o nosso negócio. Valorizamos as<br />
suas contribuições e incentivamos todos a<br />
trazerem as suas perspectivas, experiências,<br />
identidades, talentos e competências únicas<br />
para o trabalho todos os dias.<br />
4. Em relação ao segundo semestre de <strong>2023</strong>,<br />
continuaremos a investir na aceleração da<br />
nossa rede inteligente de pacotes, apoiando o<br />
crescimento das pequenas e médias empresas<br />
através das exportações. Estamos a crescer nas<br />
áreas do mercado onde queremos crescer, como<br />
as PME, healthcare, B2B e algumas contas de<br />
grandes empresas, fornecendo um serviço de<br />
excelência e concentrando-nos nas capacidades<br />
mais importantes para os nossos clientes.<br />
Continuaremos a desenvolver as nossas<br />
operações em Portugal e a nossa rede UPS<br />
Access Point, que oferece aos consumidores a<br />
opção de um local de entrega alternativo, ao<br />
mesmo tempo que abordamos o desafio da<br />
logística urbana, tornando as entregas mais<br />
eficientes e reduzindo a necessidade de que os<br />
motoristas efetuem visitas de retorno quando<br />
os clientes não estão em casa. Assumimos<br />
o compromisso de alcançar a neutralidade<br />
carbónica até 2050 e definimos objetivos<br />
e planos claros ao longo deste caminho,<br />
abrangendo também a nossa cadeia de<br />
abastecimento.
64 JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
MISSÃO: SERVIR E CRIAR VALOR<br />
ABREU<br />
LOGISTICS<br />
DAVIDE CERQUEIRA<br />
SUPERVISOR | LOGÍSTICA, DISTRIBUIÇÃO<br />
NACIONAL E ARMAZÉM<br />
1. Apesar das expectativas mais pessimistas<br />
para <strong>2023</strong>, o 1.º semestre revelou-se muito<br />
positivo em volume de negócio. Novos negócios<br />
continuaram a surgir, tanto na atividade<br />
transitária, como logística e transportes. O nível<br />
de stocks dos nossos clientes mantiveram-se<br />
elevados, levando a uma necessidade de espaço,<br />
e o movimento de saídas não acompanha a<br />
antecipação de encomendas a fornecedores.<br />
2. Os operadores logísticos em Portugal,<br />
com prestação de serviços de outsourcing na<br />
sua plenitude, não são muitos, e as marcas<br />
internacionais têm um papel preponderante. No<br />
entanto, também os operadores nacionais têm<br />
um reconhecimento de qualidade no mercado<br />
e contam com clientes muito relevantes, pela<br />
confiança.<br />
Já no mercado dos transportes, ao longo dos<br />
tempos, temos vindo a assistir à redução dos<br />
players com verdadeira capacidade de resposta,<br />
tendo em conta as crises no setor, a falta de<br />
recursos e, claro, os custos de combustível.<br />
Existem ainda muitas empresas que sobrevivem<br />
isoladamente no mercado, mas sendo um setor<br />
tão competitivo, e que se rege muito pelos<br />
custos do last mile, poderá haver ainda algumas<br />
alterações a fazer ou mudanças a acontecer.<br />
3. A tecnologia é crucial, não apenas para<br />
melhorar produtividades e reduzir erros, mas<br />
principalmente para fazer face à dependência da<br />
mão de obra e à sua escassez atualmente. Uma<br />
operação logística com processos totalmente<br />
automatizados, desde a comunicação da<br />
informação, passando pela movimentação dentro<br />
dos diversos espaços e ao longo da supply chain,<br />
terá condições para competir no mercado. O<br />
bem mais essencial e mais pedido por estes dias<br />
é informação. E isso só se consegue, de forma<br />
eficaz, com automatização.<br />
Sobre as pessoas, estas continuam a ser uma<br />
peça-chave no know-how técnico e também na<br />
criatividade para implementar melhorias, mas<br />
temos que tornar as tarefas de rotina e processos<br />
standard o mais autónomos possível da pessoa<br />
que as executa, pela escassez e dificuldade no<br />
recrutamento.<br />
4. O desafio mais presente na cabeça<br />
de qualquer gestor neste mercado será a<br />
antecipação do volume de consumo expectável,<br />
para coadunar os recursos de forma adequada<br />
e manter os resultados das empresas. Também<br />
a estabilização do mercado do emprego/RH é<br />
uma condição necessária para que as empresas<br />
consigam progredir nos projetos, com know-how<br />
sólido, relações duradouras e capacidade de<br />
resposta aos seus clientes. •
BRANDED CONTENT<br />
POR PEDRO FIGUEIRAS,<br />
HEAD OF I&L DA SAVILLS PORTUGAL<br />
UM TRAJETO PIONEIRO:<br />
COMO O REAL ESTATE<br />
IMPULSIONA A EVOLUÇÃO<br />
DOS OPERADORES LOGÍSTICOS<br />
O mundo do real estate, em particular no segmento<br />
da logística assiste, atualmente, a uma dinâmica sem<br />
precedentes, num contexto de baixíssima disponibilidade<br />
de espaço imobiliário logístico. No próximo ano,<br />
espera-se que os novos projetos a entrar no mercado<br />
sejam ocupados quase de imediato, uma realidade<br />
impulsionada, em grande parte, pelo rápido crescimento<br />
do setor dos operadores logísticos em Portugal e dos<br />
seus clientes. Por outro lado, de acordo com o Global<br />
Warehousing Costs da Savills, Lisboa é a capital europeia<br />
onde as rendas são mais competitivas. Neste contexto,<br />
devemos perguntar-nos: como pode o setor imobiliário<br />
desempenhar um papel fundamental na resposta à<br />
necessidade premente de espaço operacional e de<br />
armazenamento no setor da logística?<br />
Em primeira instância, disponibilizando mais e melhor<br />
espaço. Mais espaço que permita aos operadores<br />
logísticos cumprir os seus planos de crescimento e ter<br />
capacidade para acomodar operações de novos clientes.<br />
A exemplo do que temos observado, os operadores que<br />
têm espaço assegurado para oferecer aos seus clientes,<br />
têm conseguido uma vantagem competitiva nos tenders<br />
em que participam. Por outro lado, o imobiliário também<br />
procura oferecer melhor espaço. Por melhor espaço<br />
devemos considerar que as novas construções, para além<br />
de terem melhores especificações que o parque existente,<br />
também respondem a preocupações no âmbito do ESG.<br />
As melhores especificações traduzem-se numa evidente<br />
maior eficiência na operação, mas traz-nos dois grandes<br />
impactos: a melhoria da vivência e do bem-estar de todos<br />
que operam no armazém, bem como uma redução da<br />
pegada ecológica. Noutros mercados este é já um “must<br />
have” para a ocupação de um armazém.<br />
A procura crescente de espaços logísticos está<br />
intrinsecamente ligada a dois fatores: o aumento dos<br />
stocks e o crescimento do comércio eletrónico. Esta<br />
realidade conduziu a uma readaptação das estratégias da<br />
cadeia de abastecimento e à necessidade de proximidade<br />
com os consumidores. No contexto inflacionista que<br />
vivemos, o aumento de stocks, para além de medida de<br />
resiliência para o abastecimento, é sem dúvida um vento<br />
de cauda para as margens das empresas, pois quanto<br />
mais cedo aprovisionam, mais competitivo é o seu preço<br />
de compra. Assim, esta estratégia de gestão de stocks<br />
"just in case" necessita de mais área e instalações de<br />
armazenamento estrategicamente localizadas para<br />
garantir uma cadeia de abastecimento sem falhas.<br />
Estes dois fatores estão a promover uma transformação<br />
do setor imobiliário logístico português no que às<br />
tradicionais zonas respeita. Assim, para responder às<br />
acrescidas necessidades de last-mile, o mercado está<br />
neste momento a desenvolver mais de 100.000 m2 em<br />
vários projetos em zonas urbanas da Grande Lisboa<br />
e próximas dos consumidores, para garantir não só a<br />
rapidez exigida por estes, como a eficiência de baixos<br />
custos de distribuição para este tipo de operação tão<br />
granular.<br />
Em oposição, as grandes zonas logísticas respondem ao<br />
movimento de aumento de stock por via da expansão<br />
natural, onde vemos a construção de novos parques que<br />
permitem oferecer aos ocupantes a eficiência de custos<br />
da operação de warehousing. Neste momento, na Grande<br />
Lisboa e Grande Porto temos cerca de 230.000 m2 em<br />
construção, onde já observamos áreas arrendadas ou<br />
reservadas.<br />
Ao olharmos para 2024 e mais além, a colaboração entre<br />
os operadores logísticos e o imobiliário será fundamental<br />
para satisfazer as necessidades em constante evolução<br />
do paradigma moderno da cadeia de abastecimento,<br />
assegurando a entrega eficiente de mercadorias aos<br />
consumidores e o crescimento contínuo do segmento<br />
logístico em Portugal e além-fronteiras.<br />
Por último, uma vez que estamos num mercado com<br />
disponibilidade próxima de zero e o pipeline em<br />
desenvolvimento não responderá a todas as necessidades,<br />
será fundamental a cooperação e planeamento conjunto<br />
entre operações e imobiliário para as ocupações mais<br />
estratégicas. Os próximos anos trarão oportunidades<br />
de consolidação de sites dos operadores, com os<br />
consequentes benefícios. No entanto, dada a envergadura<br />
dos projetos, o tempo de resposta que o imobiliário<br />
necessita de ter e a sua relevância para os ocupantes,<br />
apenas com planeamento e desenvolvimento conjunto<br />
no médio/longo prazo, entre todos os stakeholders,<br />
conseguiremos a solução mais próxima do ideal para todo<br />
o setor.
66<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
Texto: Ana Paiva<br />
RANKING ARMSTRONG<br />
& ASSOCIATES 2022<br />
TOP 50 DOS 3PL<br />
O que faz de um operador<br />
logístico um grande operador<br />
logístico? A receita que gera<br />
é talvez o mais evidente.<br />
Contudo, para isso, o<br />
operador logístico tem que<br />
ser eficiente ao ponto de<br />
manter os seus clientes mais<br />
do que satisfeitos, felizes.<br />
Mas o caminho até ao topo<br />
pode ser longo e na atual<br />
conjuntura há obstáculos<br />
que devem ser superados.<br />
Abraçar mais a tecnologia,<br />
bem como os 4PL, ou manter<br />
um excelente serviço ao<br />
cliente, são alguns dos<br />
segredos que fazem parte da<br />
alma do negócio.
SCM Supply Chain Magazine 67<br />
AArmstrong & Associates, Inc estima que a<br />
receita bruta do mercado dos operadores<br />
logísticos cresceu 50,3% em 2021. Para<br />
demonstrar este crescimento, criou, em 2022,<br />
um ranking com os 50 operadores logísticos<br />
internacionais que marcaram uma posição de<br />
superioridade no mundo da supply chain, através<br />
da receita gerada em 2021.<br />
Em primeiro lugar surge a alemã Kuehne + Nagel<br />
(40,838$), tendo destronado a DHL Supply Chain<br />
& Global Forwarding (37,707$), que ocupa agora<br />
o segundo lugar do ranking. O terceiro operador<br />
logístico que gerou mais receita em 2021 foi a<br />
dinamarquesa DSV (28,901$).<br />
Além destes, estão também presentes no<br />
ranking players globais, como DB Schenker,<br />
CEVA Logistics, Maersk Logistics, XPO Logistics,<br />
Dachser, Uber Freight, GEFCO, Schneider ou<br />
Americold.<br />
Desafios transversais<br />
Embora estes operadores logísticos tenham<br />
sido superiores em termos de receitas, também<br />
sentiram alguns dos desafios transversais ao<br />
setor. No primeiro semestre de 2022, os 3PL ainda<br />
enfrentavam problemas críticos que desafiavam<br />
as suas competências na gestão da cadeia de<br />
abastecimento. Ainda que as finanças das empresas<br />
tenham alcançado resultados surpreendentes em<br />
2021, o cenário de 2022 dependia do ritmo da<br />
recuperação global. Até a esta data, o ritmo para<br />
esse objetivo mantinha-se lento, e, atualmente, a<br />
realidade não está assim tão diferente.<br />
Após o caos nas cadeias de abastecimento<br />
globais gerado pela pandemia, a guerra entre<br />
a Rússia e a Ucrânia agravou a situação no<br />
setor da supply chain. Citado pelo Logistics<br />
Management, Sri Laxmana, vice-presidente da<br />
C.H. Robinson, apontou alguns dos desafios que,<br />
à época, tornaram negra a vida dos logísticos,<br />
nomeadamente restrições de capacidade, atrasos<br />
no transporte, congestionamento portuário, e<br />
escassez de mão de obra e de equipamentos.<br />
A juntar a todos estes problemas, os custos de<br />
envio também aumentaram em toda a cadeia de<br />
abastecimento, segundo Nia Hudson, analista<br />
de investigação da Transport Intelligence (TI). O<br />
rastreador de frete marítimo da TI aponta que,<br />
em fevereiro de 2022, as taxas em rotas da China/<br />
Ásia Oriental até aos Estados Unidos/Costa Oeste<br />
aumentaram 175,6% de um ano para o outro, assim<br />
como as taxas de backhaul aumentaram 30,2% de<br />
um ano para o outro.<br />
De um modo geral, em 2022, os profissionais<br />
da indústria consideravam improvável que estes<br />
desafios fossem ultrapassados a curto prazo, mas<br />
todos os elos da cadeia de abastecimento estavam<br />
focados em trabalhar em conjunto para encontrar<br />
soluções.<br />
Para muitos é uma memória distante, para outros<br />
parece que aconteceu ontem, mas já passaram<br />
três anos sobre o início da pandemia. É um marco<br />
na história mundial, que dificilmente alguém<br />
esquecerá, nomeadamente a área da logística<br />
que ainda hoje lida com as suas repercussões, e<br />
com outros problemas que se juntaram à lista. Há<br />
novos desafios no horizonte para os operadores<br />
logísticos, como a falta de espaços nos armazéns, a<br />
consolidação do setor, a crise laboral desencadeada<br />
pela generalizada falta de mão de obra e um clima<br />
de incerteza económica a pairar.<br />
Uma das grandes prioridades atualmente<br />
continua a ser para muitos encontrar espaço<br />
adicional de armazenagem. O estudo “3PL<br />
Warehouse Benchmark Report”, da Extensiv,<br />
mostra que 20% dos operadores logísticos operam<br />
acima da capacidade total, e 39% operam entre<br />
90% e 100% da capacidade. Chris Caton, head of<br />
global strategy and analytics, da Prologis, é citado<br />
no estudo, afirmando que “os clientes exigem<br />
1,2 milhões de metros quadrados de espaço de<br />
distribuição por cada mil milhão em vendas, o que<br />
significa que o e-commerce requer três vezes mais<br />
espaço do que a distribuição tradicional por
68<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
via postal”. Tendo em consideração a falta de<br />
espaço, os elevados custos de aluguer, e os custos<br />
de construção de novos espaços para pequenos<br />
operadores, os armazéns deverão reinventar-se<br />
e criar outras soluções para otimizarem o seu<br />
negócio.<br />
Além da falta de espaço de armazenamento está<br />
a verificar-se atualmente uma maior consolidação<br />
das empresas no setor, como é o caso da Amazon<br />
que continua a afirmar a sua presença logística<br />
multicanal. Outras empresas, como a American<br />
Eagle ou a GAP, permitem agora serviços<br />
contratuais nos seus armazéns, constituindo<br />
assim uma ameaça aos operadores logísticos, que<br />
procuram novos clientes.<br />
Há ainda o problema da incerteza económica e da<br />
escassez de mão de obra, que continuam a agravar<br />
o estado de muitas indústrias, especialmente<br />
no setor da logística. A falta de motoristas e de<br />
trabalhadores de armazém está a criar uma crise<br />
laboral que afeta várias fases da logística, dos<br />
transportes e do armazém. A boa notícia é que há<br />
algumas práticas para contornar estes desafios e<br />
otimizar o negócio.<br />
Automação digital<br />
A implementação de tecnologias de automação<br />
nos armazéns é a tendência número um para<br />
este ano. Para tirar partido da automação digital,<br />
os 3PL devem começar por implementar novas<br />
tecnologias o mais rápido possível. Comprar e<br />
instalar softwares demora algum tempo e, nunca<br />
haverá uma altura certa para o fazer. Deverão<br />
avaliar as tecnologias que melhor se adequam ao<br />
negócio, e utilizar demos e/ou testes gratuitos o<br />
mais cedo possível.<br />
Tirar o máximo de partido de um software é<br />
uma mais-valia e, na verdade, para fazer uso da<br />
automação digital poderá não ser necessário<br />
abandonar por completo o software que já<br />
possuem. Basta certificarem-se de que estão<br />
a utilizar todas as ferramentas, uma vez que<br />
a total utilização do software é, muitas vezes,<br />
negligenciada. Deverão estudar a documentação<br />
do centro de ajuda, contactar os departamentos<br />
de apoio e/ou o apoio ao cliente para tutoriais,<br />
e desenvolver programas de treino para os<br />
funcionários do armazém. Não vale a pena ter um<br />
excelente software se ninguém souber utilizá-lo.<br />
É ainda preciso ter em consideração o equilíbrio<br />
entre a mão de obra humana e a máquina. Ainda<br />
que seja implementada automação no armazém<br />
será sempre necessária a supervisão de operadores<br />
para executar tarefas de valor acrescentado. O<br />
investimento em automação deverá ser encarado<br />
como uma forma de criar uma classe de empregos<br />
em vez de substituir funcionários. De acordo com a<br />
Forbes, “um dos desafios mais críticos que o retalho<br />
e os 3PL enfrentam é como contratar e manter<br />
funcionários com as competências certas”, mas<br />
investir em trabalhadores através de formação,<br />
gera resultados.<br />
A ascensão contínua dos 4PL<br />
“4PL” pode vir a ser uma das buzzwords mais<br />
ouvidas na área da logística. No que diz respeito<br />
à consolidação na indústria, enquanto grandes<br />
players de retalho procuram oferecer serviços<br />
de 3PL nos seus armazéns, outros mega 3PL<br />
operam as suas próprias redes 4PL. Esta injeção<br />
de concorrência numa indústria feroz pode ser<br />
assustadora para muitos pequenos 3PL. No<br />
entanto, aqueles que procuram parceiros em todo<br />
o país, podem beneficiar da ascensão dos 4PL,<br />
proporcionando um contrapeso à consolidação<br />
dentro da indústria em torno de grandes players.<br />
Para os 3PL “entrarem na onda” das redes 4PL<br />
precisam de estar recetivos a parcerias. Mesmo não<br />
sendo uma rede 4PL, vários 3PL podem beneficiar<br />
com parcerias através da distribuição do inventário<br />
ao longo da rede. No mundo competitivo da<br />
logística é fácil rejeitar propostas destas, mas os<br />
4PL oferecem formas de negócio para concorrentes<br />
prosperarem juntos.
SCM Supply Chain Magazine 69<br />
No entanto, as redes 4PL devem funcionar de<br />
forma que beneficiem todos os intervenientes.<br />
É preciso garantir que os 3PL e os 4PL têm<br />
visibilidade, controlo, responsabilidade e<br />
comunicação atualizada para que todos possam<br />
criar uma boa experiência para o cliente e<br />
consumidor.<br />
Por fim, importa entender os objetivos do cliente.<br />
Para tirar o máximo de partido de uma rede 4PL<br />
é necessário comunicar com os clientes que estão<br />
envolvidos neste tipo de relação com outros 3PL, e<br />
entender como é que os objetivos comerciais desse<br />
cliente podem conduzir a tomada de decisão.<br />
O cliente no centro<br />
Este negócio depende de relações fortes com os<br />
clientes. Assim, é necessário saber qual a melhor<br />
forma de os servir, especialmente à medida<br />
que os 3PL crescem para conquistar cada vez<br />
mais clientes. O estudo “2022 Inbound Logistics<br />
Perspectives: 3PL Market Research Report”, da<br />
Inbound Logistics, aponta o mau serviço ao cliente<br />
como a principal razão para uma parceria falhar.<br />
Confiar nos dados é um dos pontos fundamentais<br />
para os 3PL dominarem as suas relações com os<br />
clientes. Ao avaliar os clientes, podem fazer uso de<br />
factos concretos para determinar se vale a pena<br />
mantê-los por perto. A rentabilidade, KPI como<br />
volume de encomendas e receita gerada, e recursos<br />
são algumas métricas específicas importantes de<br />
analisar.<br />
Se a tecnologia é uma parte fulcral do seu<br />
negócio deve informar os clientes sobre ela,<br />
nomeadamente ferramentas implementadas<br />
dentro do armazém que facilitam a comunicação<br />
com eles. No entanto, se os clientes estiverem<br />
reticentes, esse deverá ser o momento para<br />
reavaliar a parceria. A tecnologia é um fator de<br />
venda importante para muitas empresas que<br />
procuram parceiros 3PL, pelo que, deve ser<br />
anunciada como uma mais-valia.<br />
Por último, concentre-se no seu valor e dê a<br />
conhecê-lo aos clientes. Apesar da incerteza<br />
económica que se faz sentir, ainda há clientes com<br />
operações dentro de casa e que podem precisar<br />
de serviços de um 3PL. Apresente uma oferta<br />
competitiva e destaque o seu know-how para<br />
conquistar novos clientes.<br />
A evolução do omnicanal<br />
No estudo “State of the Industry Report”, realizado<br />
em 2022, o abastecimento omnicanal foi indicado<br />
como uma das maiores tendências do ano, e a<br />
verdade é que continua a ser um importante motor<br />
de crescimento para os 3PL. O abastecimento<br />
omnicanal encapsula o cumprimento de<br />
encomendas através de vários canais de venda<br />
disponíveis para os consumidores com uma<br />
abordagem unificada à gestão de inventário,<br />
encaminhada através de um WMS para manter o<br />
inventário de transações organizado.<br />
Os 3PL têm de preparar-se para a evolução do<br />
abastecimento, e uma das formas é atribuírem um<br />
valor adequado aos seus serviços. Principalmente<br />
durante este período de inflação económica, em<br />
que os volumes de encomendas são menores,<br />
mas a receita continua a subir para as marcas, é<br />
importante fixar o preço dos serviços.<br />
Outra das estratégias é maximizar o cumprimento<br />
dos tempos/prazos: os 3PL mais rentáveis<br />
cumprem tempos de encomendas em 30 minutos.<br />
O “2022 3PL Benchmark Report” aponta que, em<br />
média, se demorar mais de três horas para cumprir<br />
uma ordem de encomenda, a probabilidade de<br />
impactar a rentabilidade média/alta chega a uma<br />
taxa média de 1,58x.<br />
Ainda que atualmente a sua tecnologia não<br />
suporte o abastecimento omnicanal, há a<br />
possibilidade de vir a querer que isso aconteça,<br />
especialmente quando o comércio eletrónico<br />
continua a crescer. A compra e venda omnicanal<br />
continua a ganhar muitos adeptos, e não faz<br />
sentido estar limitado por tecnologia para dar<br />
entrada neste segmento.
70<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
A&A<br />
Rank<br />
01<br />
02<br />
03<br />
04<br />
05<br />
06<br />
07<br />
08<br />
09<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
40<br />
41<br />
42<br />
43<br />
44<br />
45<br />
46<br />
47<br />
48<br />
49<br />
50<br />
Third-Party Logistics Provider<br />
(3PL)<br />
Kuehne + Nagel<br />
DHL Supply Chain & Global Forwarding<br />
DSV<br />
DB Schenker<br />
C.H. Robinson<br />
Sinotrans<br />
Nippon Express<br />
Expeditors<br />
UPS Supply Chain Solutions<br />
CEVA Logistics<br />
GEODIS<br />
J.B. Hunt<br />
Kerry Logistics<br />
Maersk Logistics<br />
Kintetsu World Express<br />
XPO Logistics<br />
DACHSER<br />
GXO Logistics<br />
Total Quality Logistics<br />
Yusen Logistics<br />
CJ Logistics<br />
LX Pantos<br />
Uber Freight<br />
Toll Group<br />
Hitachi Transport System<br />
Transportation Insight<br />
Bolloré Logistics<br />
GEFCO<br />
Hellmann Worldwide Logistics<br />
Ryder Supply Chain Solutions<br />
Worldwide Express<br />
Burris Logistics<br />
Hub Group<br />
SAIC Anji Logistics**<br />
AWOT Global Logistics Group<br />
Lineage Logistics<br />
JD Logistics<br />
Landstar<br />
CTS International Logistics<br />
Schneider<br />
Echo Global Logistics<br />
Penske Logistics<br />
Mainfreight<br />
Savino Del Bene<br />
MODE Global<br />
NFI<br />
Culina Group<br />
C&D Logistics Group<br />
Allcargo Logistics<br />
Americold<br />
Receita bruta da logística<br />
(milhões de dólares)*<br />
40,838<br />
37,707<br />
28,901<br />
27,648<br />
22,355<br />
19,097<br />
18,612<br />
16,524<br />
14,639<br />
12,000<br />
11,900<br />
11,412<br />
10,516<br />
9,830<br />
9,010<br />
8,907<br />
8,333<br />
7,940<br />
7,857<br />
7,788<br />
7,700<br />
6,541<br />
6,440<br />
6,300<br />
5,995<br />
5,800<br />
5,701<br />
4,953<br />
4,718<br />
4,612<br />
4,600<br />
4,300<br />
4,232<br />
4,183<br />
4,058<br />
4,000<br />
3,946<br />
3,838<br />
3,822<br />
3,770<br />
3,745<br />
3,700<br />
3,665<br />
3,538<br />
3,400<br />
3,122<br />
2,985<br />
2,967<br />
2,741<br />
2,715
72<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
DIÁRIO DE BORDO<br />
CHARLES<br />
DARWIN<br />
E PANDEMIA:<br />
IMPLICAÇÕES<br />
LOGÍSTICAS<br />
“Não é o mais forte que sobrevive,<br />
nem o mais inteligente, mas o que<br />
melhor se adapta às mudanças”.<br />
Frase que não é de Charles Darwin,<br />
como a maioria de nós acha, mas de<br />
um professor americano que assim<br />
sintetizou a teoria da evolução das<br />
espécies do biólogo britânico. E,<br />
escolho começar com esta citação,<br />
não porque fica bem (que fica!), mas<br />
antes porque é uma boa metáfora para<br />
os negócios e, particularmente, para<br />
quem está na logística, cujo dia-a-dia<br />
é feito de adaptações constantes e até<br />
mesmo improvisos.<br />
SARA MONTE E FREITAS<br />
PARTNER | EXPENSE REDUCTION ANALYSTS<br />
Foi essa capacidade de adaptação que<br />
diferenciou empresas durante a pandemia,<br />
fez com que sobrevivessem e, no final<br />
de contas, acabaram por criar mais um<br />
negócio próspero que nunca antes tinham<br />
equacionado.<br />
Mas, vamos lá! A Covid-19 trouxe consigo<br />
(não apenas o lockdown) mudanças<br />
profundas e, até então, impensáveis,<br />
em muitos setores. Um dos efeitos mais<br />
significativos foi a transformação de<br />
empresas B2B em B2C. Esse cenário, nunca<br />
antes equacionado, gerou a necessidade<br />
de criar um novo canal de vendas diretas<br />
ao consumidor final e outras alterações de<br />
fundo, como na logística.<br />
No cenário de pandemia, muitas empresas<br />
B2B viram as vendas em queda vertiginosa,
SCM Supply Chain Magazine 73<br />
enquanto o comércio eletrónico e as compras<br />
online disparavam. Para sobreviver nesse<br />
novo contexto, muitas tiveram que adaptar<br />
os seus modelos de negócios e abrir um<br />
novo canal de vendas diretas ao consumidor<br />
que, antes, não existia, nem era sequer<br />
equacionado nas suas operações.<br />
O novo canal B2C não foi apenas uma<br />
resposta temporária à pandemia, mas uma<br />
tendência que se manteve e aumentou no<br />
pós-pandemia, até aos dias de hoje, e com<br />
grande sucesso. Empresas que antes vendiam<br />
exclusivamente para a grande distribuição<br />
e retalho tiveram que se reinventar e<br />
encontrar maneiras de chegar diretamente<br />
ao consumidor final.<br />
Essa mudança abrupta obrigou a ajustes<br />
significativos na sua logística. Se, antes,<br />
lidavam apenas com grandes volumes de<br />
produtos em paletes, agora tiveram de<br />
adaptar-se ao picking à unidade. A logística<br />
teve de ser repensada para garantir uma<br />
experiência de compra satisfatória para o<br />
consumidor final, que se tornou crítico à<br />
sobrevivência de muitas delas.<br />
Com esta alteração, surgiu uma nova<br />
necessidade: a personalização da embalagem.<br />
Mas, também, criar fidelização com programas<br />
sofisticados ou pequenas ofertas, algo para<br />
que muitas dessas empresas não estavam<br />
vocacionadas. Passaram a ter ofertas especiais,<br />
pacotes personalizados ou embalagens<br />
exclusivas. O impacto na embalagem<br />
foi notável, não apenas pelo cuidado e<br />
personalização “exigidos” pelo cliente final,<br />
mas também com a necessidade de adaptação<br />
ao transporte. Se antes se enviavam paletes<br />
em camião, passaram a ser usadas empresas<br />
de correio expresso. Garantir a integridade<br />
dos produtos durante o transporte, enviar<br />
pequenas quantidades e responder às<br />
expetativas dos clientes a isso obrigaram.<br />
Associado a este processo, veio outra<br />
novidades para empresas, até então, B2B:<br />
o repacking. Processo de reembalagem<br />
dos produtos, para se adequarem ao<br />
novo canal de distribuição. Esse aspeto<br />
foi particularmente revolucionário, por<br />
exemplo, no setor das bebidas, onde a<br />
embalagem original, muitas vezes, não<br />
atendia às necessidades do consumidor final<br />
ou da empresa de transporte expresso.<br />
A adaptação a esse novo cenário, como<br />
vemos, muito transversal, exigiu redesenhos<br />
vários e de monta, como armazéns, equipas,<br />
fornecedores diversos, tecnologia e muito<br />
mais. As empresas tiveram que investir<br />
em diversas soluções diferenciadas,<br />
em comparação com as que possuíam<br />
anteriormente, a fim de atenderem às<br />
exigências do comércio eletrónico e do<br />
consumidor final.<br />
Além disso, reforço, as entregas<br />
passaram a ser realizadas por empresas de<br />
distribuição urbana, em contraste com o<br />
modelo anterior, baseado em empresas de<br />
logística/transportes. Essa mudança exigiu<br />
uma relação mais próxima entre empresas<br />
e transportadores, garantindo entregas<br />
rápidas e eficientes.<br />
Por fim, o upselling e o cross selling<br />
cresceram consideravelmente nas empresas<br />
que adotaram essa transformação para o<br />
modelo B2C. Ao entrar em contato direto<br />
com o consumidor final, puderam oferecer<br />
produtos complementares e incentivar<br />
vendas adicionais, aumentando a sua<br />
receita.<br />
Um admirável mundo novo de<br />
oportunidades de crescimento e vendas<br />
com maior margem, para a esmagadora<br />
maioria delas, despertado pela necessidade<br />
e capacidade de adaptação. Sintetizando,<br />
Darwin, nascido em 1809, sempre atual. •
74<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
APLOG<br />
“TODA ESTA<br />
CAMINHADA<br />
REQUER BONS<br />
COMPANHEIROS<br />
DE VIAGEM”<br />
Os operadores logísticos têm, hoje mais<br />
do que nunca, um papel incontornável<br />
na gestão eficiente das cadeias de<br />
abastecimento. Para isso tem contribuído<br />
os novos desafios colocados às operações<br />
logísticas.<br />
Estas são hoje mais integradoras de<br />
soluções, identificando novas tecnologias,<br />
inovações, que possam contribuir para<br />
melhorar a qualidade e o nível de serviço aos<br />
clientes, a par de uma eficiência operacional<br />
e produtividade que possam traduzir-se em<br />
menores custos.<br />
Temos agora operações mais intensivas,<br />
requerendo recursos para picos de atividade de<br />
duração limitada, por vezes não programados<br />
e quase sempre suportados em soluções<br />
customizadas.
SCM Supply Chain Magazine 75<br />
Refletir sobre o que se espera de um operador<br />
logístico e quais os principais desafios que se<br />
colocam atualmente a estes elos fundamentais<br />
nas cadeias de abastecimento globais foi o desafio<br />
que lançámos ao presidente da APLOG. Gerir e<br />
coordenar cuidadosamente um grande número<br />
de pessoas, tecnologias, dados e transportes é<br />
uma parte da equação, mas há outros fatores a<br />
considerar quando se pretende garantir que os<br />
clientes e os clientes dos clientes recebem o que<br />
esperam, a tempo, em boas condições e ao menor<br />
custo, financeiro e ambiental. Saiba quais, na<br />
opinião de Raúl Magalhães.<br />
RAÚL MAGALHÃES<br />
PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA APLOG
76<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
"... CONTINUAR<br />
A ACRESCENTAR<br />
VALOR,<br />
REFORÇAR<br />
RENTABILIDADE<br />
E GARANTIR<br />
VANTAGENS<br />
COMPETITIVAS<br />
AOS SEUS<br />
CLIENTES.<br />
Operações mais extensas – a<br />
verticalização dos operadores na área<br />
de transportes internacionais, operações<br />
de consolidação e desconsolidação em<br />
mercados externos, a par das atividades<br />
aduaneiras necessárias, implicam novas<br />
valências, recursos, parceiros internacionais,<br />
além de investimentos em tecnologias que<br />
possibilitem visibilidade e rastreabilidade em<br />
tempo real.<br />
Operações mais sustentáveis - dos<br />
armazéns às condições sociais dignas, dos<br />
equipamentos de transporte às embalagens<br />
de suporte, da gestão de resíduos à<br />
neutralidade carbónica.<br />
Operações mais integradas e customizadas<br />
– vários canais, distintos meios de<br />
transporte e interfaces, tudo suportado em<br />
processos cada vez mais digitais e operações<br />
com risco e contingências acautelados.<br />
Estes são, entre muitos, alguns desafios<br />
com que se deparam os operadores<br />
logísticos. Em todos, ou quase, se identificam<br />
padrões comuns:<br />
Tecnologia – incontornável no presente<br />
e mais do que nunca no futuro. Garante da<br />
rapidez e qualidade de informação. Requisito<br />
essencial à colaboração ao longo da cadeia;<br />
Digitalização – indispensável para<br />
melhorar a resiliência, qualidade e eficiência,<br />
em particular face a ambientes ou fatores de<br />
risco. Garante da visibilidade e controlo em<br />
real time.<br />
Sustentabilidade – da localização dos<br />
ativos, layout e materiais de construção,<br />
logo aí garantindo a correta utilização do<br />
espaço, energia e fluidez das operações<br />
de movimentação de pessoas e produtos.<br />
As políticas ambientais, de inclusão e<br />
responsabilidade social da empresa, são<br />
outras componentes desta área.<br />
Transportes – a gestão dos<br />
diferentes meios e modos de transporte,<br />
garantindo evolução positiva nas metas de<br />
descarbonização, na otimização das cargas e<br />
um eficaz planeamento.<br />
Automação – opção quase mandatória<br />
para a gestão de operações que impliquem<br />
redução de risco ou sobrecarga física, mais<br />
rapidez e produtividade, opção cada vez mais<br />
adequada quer para aumento de produção,<br />
quer para especialização (customização) de<br />
séries mais pequenas.<br />
Local versus global<br />
Sem prejuízo da defesa do seu território<br />
natural, os operadores logísticos devem estar<br />
preparados para atuar em mercados cada vez<br />
mais globais. Desafio exigente para a nossa<br />
posição periférica, mas que felizmente tem<br />
hoje vários casos de sucesso ibérico, europeu<br />
e até global.<br />
Tem sido progressivo o envolvimento
SCM Supply Chain Magazine 77<br />
dos operadores logísticos no exercício de<br />
planeamento e gestão de data analytics dos<br />
seus clientes/operações. A sua visão transversal<br />
e o conhecimento acumulado constituem uma<br />
vantagem que urge desenvolver.<br />
Por outro lado, com a necessidade<br />
crescente de especialização, uso de<br />
ferramentas analíticas e tecnologias de<br />
informação, os recursos humanos na<br />
logística tornaram-se não só escassos,<br />
como altamente valiosos. As empresas que<br />
melhor conseguirem captar e reter os seus<br />
quadros, mais garantias de sucesso terão no<br />
futuro! As políticas de formação, inclusão e<br />
responsabilidade social, têm cada vez maior<br />
influência na capacidade de retenção e<br />
satisfação dos colaboradores.<br />
Toda esta caminhada requer bons<br />
companheiros de viagem. No chamado<br />
ecossistema logístico, surgem cada vez mais<br />
empresas, escolas, iniciativas e parcerias que<br />
se tornam vitais para o desenvolvimento e<br />
rentabilização das operações. Refiro-me a<br />
várias empresas, como:<br />
Empresas tecnológicas, muitas<br />
delas startup, que conseguem identificar<br />
e solucionar problemas ou bloqueios à<br />
eficiência das operações;<br />
Empresas especializadas na gestão<br />
de espaço, melhoria contínua, redução do<br />
desperdício e flexibilização de operações;<br />
Empresas de recursos humanos,<br />
que possibilitam respostas rápidas para<br />
necessidades de curta duração ou sazonais;<br />
Fabricantes de equipamento, quer de<br />
automação quer de movimentação, cada
78<br />
JULHO - AGOSTO <strong>2023</strong><br />
vez mais especializados e suportados em<br />
tecnologia e inteligência artificial;<br />
Empresas de embalagens e suportes<br />
logísticos, precursoras das preocupações<br />
ambientais e parte relevante na<br />
traçabilidade, qualidade e otimização dos<br />
transportes;<br />
Empresas de transportes, dos diferentes<br />
modos, que permanentemente adequam<br />
as suas ofertas e propostas aos desafios<br />
das cadeias de abastecimento e que sem o<br />
seu esforço, os objetivos de rentabilidade<br />
e descarbonização não seriam possíveis de<br />
alcançar.<br />
Temos assim um conjunto alargado de<br />
atividades e parceiros que não só municiam<br />
os operadores logísticos com novas ideias,<br />
inovações e soluções, como são colaborantes<br />
no dia a dia.<br />
Que futuro?<br />
Às dimensões já referidas, teremos que<br />
acrescentar algumas tendências que do<br />
nosso ponto de vista serão essenciais para<br />
a sustentabilidade e sucesso das empresas<br />
logísticas.<br />
A verticalização, pois mais e mais<br />
empresas irão alargar o seu espectro de<br />
atividade, tentando responder com soluções<br />
“chave na mão” às necessidades locais/globais<br />
dos seus clientes. As soluções “end-to-end”<br />
com visibilidade, flexibilidade e sustentáveis,<br />
são apostas ganhas já hoje e no futuro. O<br />
espaço entre as empresas que verticalizaram<br />
na procura de escala e as especializadas em<br />
nichos de mercado ou atividade, será objeto<br />
de consolidações via aquisição ou fusão, num<br />
futuro próximo.<br />
A necessidade de internacionalização<br />
obriga ao estabelecimento ou reforço<br />
de parcerias regionais ou globais que<br />
permitam um nível de serviço elevado,<br />
independentemente da localização das<br />
operações.<br />
A sustentabilidade vista de uma forma<br />
integrada e alargada, será um critério de<br />
acesso a mercados e clientes cada vez mais<br />
utilizado, premiando as empresas que mais<br />
avancem (e comuniquem) nesta matéria.<br />
A colaboração entre empresas e entre<br />
operadores e clientes será crítica, e condição<br />
necessária ao sucesso e rentabilidade das<br />
operações.<br />
A logística e a gestão das cadeias de<br />
abastecimento sempre tiveram influência de<br />
outras áreas do conhecimento, da economia<br />
ao conhecimento militar, da psicologia à<br />
comunicação, da estratégia aos métodos<br />
quantitativos, das tecnologias de informação<br />
à recente inteligência artificial. Hoje, mais do<br />
que nunca, o desenvolvimento da logística<br />
e o sucesso dos operadores passam pela<br />
incorporação de muitos destes conhecimentos/<br />
valências, permitindo desta forma continuar<br />
a acrescentar valor, reforçar rentabilidade<br />
e garantir vantagens competitivas aos seus<br />
clientes. •
Outsourcing Logístico<br />
Serviços<br />
Descarga e receção de mercadorias Conferência e arrumação Manipulações e<br />
Recondicionamento Etiquetagem Co-packing Kitting Picking e Embalamento<br />
Cross-docking Carregamento e Expedição de Mercadorias Carga e Descarga de Contentores<br />
Operações “One-shot” (campanhas) Controlo de Qualidade Realização de inventários<br />
Gestão de Devoluções Controlo e Manutenção de Suportes de Manuseamento<br />
Tratamento de Vasilhame e Resíduos<br />
Gesgrup, o parceiro Ideal.<br />
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