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SCMedia News | Revista | Março 2023

A revista dos profissionais de logística e supply chain.

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<strong>Março</strong> <strong>2023</strong><br />

4,60€<br />

Mensal<br />

40<br />

1.º SEMINÁRIO<br />

LOGÍSTICA DE FRIO<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

NA EMIRATES<br />

VIAGEM DE IDA E VOLTA<br />

ROBOTIZAR<br />

PARA HUMANIZAR<br />

LOGOPLASTE EM KIEV<br />

“O planeamento de produção<br />

é um exercício horário”


PUB


SCM Supply Chain Magazine 3<br />

dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />

Dora Assis<br />

EDITORIAL<br />

DA ESPUMA DOS DIAS<br />

“Couberam-lhe, como a todos os homens, maus tempos para viver.”<br />

Jorge Luis Borges<br />

A guerra continua a marcar os nossos dias<br />

e a provocar um impacto económico global<br />

significativo. Embora Rússia e Ucrânia em<br />

conjunto representem menos de 2% do PIB<br />

mundial, como temos visto são peças-chave no<br />

funcionamento do comércio mundial.<br />

O efeito direto mais significativo deriva do<br />

papel da Rússia como fornecedor de petróleo e<br />

gás, em particular à Europa. O seu fornecimento<br />

caiu cerca de 80% desde o começo da guerra. A<br />

União Europeia proibiu as importações russas<br />

de petróleo e carvão, quer gradualmente<br />

eliminar o gás e o impacto de todo o contexto<br />

no aumento do preço da energia rapidamente<br />

se fez sentir, nomeadamente nos custos de<br />

produção dos alimentos, mas não só.<br />

Se a guerra se prolongar, a economia<br />

mundial continuará a ser abalada pelas suas<br />

consequências diretas e indiretas. A Europa<br />

será, contudo, a mais afetada e nenhum país<br />

está imune às repercussões económicas do<br />

conflito.<br />

Embora o ambiente económico continue<br />

frágil, nunca ninguém viveu em tempos<br />

completamente favoráveis. A decisão de<br />

viver bem, no mundo empresarial como na<br />

vida pessoal, temos de ser nós a tomá-la.<br />

Cada um de nós, a respeito de nós próprios,<br />

dia a dia, sem esperar que as estatísticas e<br />

previsões sejam favoráveis ou que o resto<br />

do mundo no-lo venha pedir. De preferência,<br />

sem procurarmos desculpas à direita ou à<br />

esquerda.<br />

É com definição de objetivos e atos que se<br />

inventa e avança. Por isso, nesta edição<br />

trazemos-lhe casos, empresas e pessoas que<br />

continuam a contribuir para uma economia<br />

mais robusta, apostando em iniciativas<br />

e projetos capazes de gerar riqueza,<br />

conhecimento, bem-estar e estimular o<br />

talento.<br />

Que virar a página seja um incentivo para<br />

todos fazermos mais, mas principalmente<br />

melhor. Boas leituras!


4<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

#14 #20<br />

#36<br />

ÍNDICE<br />

FACTOS & NÚMEROS<br />

Carga aérea regista menor procura em<br />

janeiro 06<br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Agility Robotics - Robotizar para<br />

humanizar 36<br />

LOGÍSTICA<br />

Logoplaste reinicia atividade em Kiev 08<br />

1º Seminário APLOG de logística de frio 14<br />

Entrevista com o Prof. Crespo<br />

de Carvalho 20<br />

PROCUREMENT<br />

Grupo Casais digitaliza procurement 24<br />

Sustentabilidade na Emirates - Uma<br />

viagem de ida e volta 28<br />

Transformar o procurement através de<br />

fusões e aquisições 32<br />

TECNOLOGIAS<br />

Generix lança solução de Resource<br />

Management System 42<br />

Nomeco digitaliza monitorização<br />

e rastreio de entregas 46<br />

TRANSPORTES<br />

30 anos UPS Portugal - “Os mercados<br />

português e ibérico são muito<br />

importantes” 48<br />

Ford lança E-Transit Courier 54<br />

Medway entrega Certificados de<br />

Transporte Sustentável 60


SCM Supply Chain Magazine 5<br />

CARREIRA<br />

#54<br />

10 estratégias para gerir talento em <strong>2023</strong> 68<br />

DIÁRIO DE BORDO<br />

O poder incrível e único dos profissionais de<br />

supply chain 76<br />

O MUNDO É REDONDO<br />

“O que tem de especial o cérebro humano?” 78<br />

#60<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Sede editor, Administração e Redação_<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

Direção Geral_<br />

Filipe Barros<br />

Diretora_<br />

Dora Assis<br />

Redação_<br />

Ana Paiva, Bruna Manguito,<br />

Fábio Santos<br />

Projeto gráfico_<br />

Maria João Carvalho<br />

Design Gráfico & Paginação _<br />

PAR Design<br />

Direção Comercial _<br />

Filipe Barros<br />

Business Development_<br />

Samantha Casas<br />

Marketing Digital_<br />

Catarina Santos<br />

Impressão _<br />

VASP DPS<br />

MLP – Quinta do Grajal,<br />

Venda Seca<br />

2739-511 Agualva Cacém<br />

Tiragem _<br />

3 mil exemplares<br />

Propriedade_<br />

SC Media Unipessoal, Lda.<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

E: geral@supplychainmagazine.pt<br />

W: supplychainmagazine.pt<br />

NPC _<br />

514707143<br />

Capital Social_<br />

100,00€<br />

Participações sociais_<br />

Susana Silva<br />

Administração_<br />

Filipe Barros<br />

Registo na ERC n.º _<br />

127322<br />

Depósito Legal n.º _<br />

458604/19<br />

Os artigos assinados apenas veiculam<br />

a posição dos seus autores.<br />

Interdita a reprodução de textos e<br />

imagens sem autorização expressa.


6<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

FACTOS<br />

& NÚMEROS<br />

Carga aérea<br />

C<br />

M<br />

JANEIRO DE <strong>2023</strong> REGISTA MENOR<br />

PROCURA DE CARGA AÉREA<br />

A<br />

Associação Internacional de Transporte<br />

Aéreo (IATA) divulgou os dados de janeiro<br />

sobre os mercados globais de carga aérea,<br />

que indicam que a procura de carga aérea<br />

diminuiu durante o primeiro mês do ano.<br />

A procura global diminuiu 14,9% em janeiro,<br />

comparando com o mesmo período em 2022.<br />

Para o ano inteiro de 2022, a IATA já tinha<br />

reportado um declínio de 8% no frete aéreo<br />

global, representando um retrocesso em relação<br />

aos níveis obtidos em 2021. A IATA afirmou que,<br />

por sua vez, em janeiro de <strong>2023</strong>, a capacidade<br />

aumentou 3,9% em relação a janeiro de 2022.<br />

“Com a procura de carga em janeiro a cair<br />

14,9%, e a capacidade a subir 3,9%, <strong>2023</strong><br />

começou sob algumas condições comerciais<br />

difíceis, acompanhado por incertezas como a<br />

guerra na Ucrânia, inflação e escassez de mão de<br />

obra”, afirma Willie Walsh, diretor-geral da IATA.<br />

“Mas há terreno sólido para algum otimismo<br />

cauteloso sobre a carga aérea”, acrescenta,<br />

apontando que os rendimentos mantêm-se<br />

superiores aos da pré-pandemia.<br />

Em janeiro de <strong>2023</strong>, as companhias aéreas da<br />

Ásia-Pacífico viram os seus volumes de carga<br />

diminuir 19%, numa base anual, embora se tenha<br />

registado uma melhoria no desempenho em<br />

comparação com a queda de 21,2% verificada em<br />

dezembro.<br />

Entretanto, os transportadores europeus<br />

tiveram o desempenho mais fraco, com uma<br />

diminuição de 20,4% nos volumes de carga em<br />

janeiro de <strong>2023</strong> em comparação com o mesmo<br />

mês em 2022. A IATA revelou que as companhias<br />

aéreas europeias continuam a ser as mais<br />

afetadas pela guerra na Ucrânia. Ao contrário de<br />

outras regiões, a capacidade na Europa também<br />

diminuiu 9,3%. •<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K


8<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Logoplaste<br />

Texto: Ana Paiva<br />

“O PLANEAMENTO<br />

DE PRODUÇÃO É UM<br />

EXERCÍCIO HORÁRIO”<br />

Quatro meses após o início da<br />

guerra entre a Ucrânia e a Rússia, a<br />

unidade industrial onde a portuguesa<br />

Logoplaste opera, em Kiev, retomou<br />

funções. Num cenário completamente<br />

adverso, os trabalhadores e a empresa<br />

readaptaram-se a esta nova realidade<br />

e lidam com desafios diários, como<br />

segurança, falhas de energia, falta<br />

de pessoal e de alguns componentes<br />

importantes, e a flexibilidade com que<br />

gerem as operações.<br />

A<br />

tensão entre a Rússia e a Ucrânia já dura<br />

desde 2014, quando se deu a crise da<br />

Crimeia. Desde então que a relação entre<br />

os dois países azedou, até 24 de fevereiro de<br />

2022, quando a Rússia dá início a uma invasão<br />

militar de larga escala na Ucrânia. A partir<br />

deste momento cortaram-se relações.<br />

Instalou-se um clima de incerteza e<br />

instabilidade económica a nível global, uma<br />

vez que eram poucos os países que queriam<br />

manter relações com a Rússia, e a Ucrânia,<br />

o “celeiro da Europa”, tinha dificuldades em


SCM Supply Chain Magazine 9<br />

manter ligações com todos aqueles que dela<br />

dependiam.<br />

Por sua vez, o medo percorria o país devido<br />

aos vários ataques russos sobre a população.<br />

Muitos civis acabaram por fugir para países<br />

vizinhos, abandonando as suas casas e<br />

empregos. Outros refugiaram-se em casa,<br />

aguardando que se tornasse seguro retomar o<br />

que restava de normalidade nas suas vidas. É o<br />

caso de funcionários ucranianos que trabalham<br />

numa unidade industrial, em Kiev, na qual<br />

opera a portuguesa Logoplaste, especializada<br />

na produção de embalagens de plástico rígido.<br />

Quatro meses após o início da guerra,<br />

a empresa decidiu retomar funções. “Os<br />

primeiros a impulsionar o início das operações<br />

foram os próprios trabalhadores que, ao fim de<br />

alguns meses em casa, queriam mesmo voltar<br />

a ter uma rotina, e desde que o fizeram, têm<br />

sido exemplares”, conta à SCM, Luís Almeida,<br />

strategy & marketing da Logoplaste.<br />

Desde o início da invasão russa, o governo<br />

ucraniano e os países apoiantes consideraram<br />

importante que a Ucrânia mantivesse as


10<br />

MARÇO <strong>2023</strong>


SCM Supply Chain Magazine 11<br />

operações com uma normalidade adaptada ao<br />

contexto. “Por isso foi uma decisão conjunta,<br />

nossa e do cliente, de recomeçar as operações<br />

assim que houvesse condições mínimas para o<br />

fazer”, indica. E quatro meses após o início da<br />

guerra, foi isso que fizeram.<br />

A Logoplaste está a operar na unidade<br />

industrial para um cliente de produtos<br />

de limpeza doméstica, e apesar de esta<br />

infraestrutura funcionar como local de<br />

trabalho, nos tempos que correm também<br />

funciona como abrigo dos ataques russos. “Os<br />

trabalhadores sabem que há ataques aéreos a<br />

cada 10 dias, e muitas vezes têm de se refugiar<br />

dentro do abrigo antiaéreo que existe na<br />

fábrica”, conta Luís Almeida. Esta é a realidade<br />

de uma fábrica a operar em Kiev.<br />

A decisão de voltar a funcionar num país<br />

em guerra traz consigo grandes desafios. Um<br />

deles é, de facto, a segurança. Continua a<br />

haver risco, mas as pessoas querem voltar à<br />

normalidade dentro do que é possível. Outro<br />

desafio que a Logoplaste tem enfrentado é a<br />

falta de pessoal, uma vez que muitos homens<br />

tiveram de se alistar para combater. “Nós até<br />

temos uma equipa equilibrada em termos de<br />

género, mas há quatro ou cinco pessoas que já<br />

não estão a trabalhar connosco. Umas porque<br />

saíram do país e outras porque estão na frente<br />

de combate, ou a treinar para isso”, revela.<br />

LOGÍSTICA<br />

EM TEMPOS DE GUERRA<br />

Para a produção na fábrica em questão, a<br />

Logoplaste necessita essencialmente de<br />

resina, e a nível da importação desta matéria-<br />

-prima não tem havido percalços. “Os camiões<br />

com resina chegam bem lá. Não tem havido<br />

problema nenhum com esse abastecimento.


12<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

Está normalizado”, confirma Luís Almeida.<br />

Não ao nível da matéria-prima, mas um<br />

componente essencial ao funcionamento<br />

da operação, é a energia e este tem sido o<br />

maior desafio, uma vez que há muitas falhas.<br />

“O cliente instalou geradores para aumentar<br />

ligeiramente a estabilidade da rede porque os<br />

cortes de energia têm sido mesmo bastante<br />

frequentes”, confessa.<br />

As garrafas produzidas na fábrica seguem<br />

diretamente para a linha de enchimento, e<br />

o que também tem acontecido é que, por<br />

vezes, há falta de alguns componentes a nível<br />

do produto, como rótulos ou ingredientes<br />

químicos, o que “nos obriga a ter uma<br />

flexibilidade muito maior que antes, ainda<br />

que os volumes também sejam menores”.<br />

Com todos estes desafios “o planeamento de<br />

produção é um exercício horário”, afirma Luís<br />

Almeida.<br />

Os produtos que fabricam nesta unidade<br />

industrial destinam-se ao mercado local e<br />

a alguns países à volta. “Em tempos já se<br />

destinou à Rússia, mas desde que começou a<br />

guerra em Donbass, em 2014, as exportações<br />

da Ucrânia para a Rússia têm sérias<br />

limitações”, indica. No entanto, atualmente<br />

esta unidade tem abastecido essencialmente<br />

o mercado local, a Polónia e outras fábricas<br />

que existam no universo deste cliente, no<br />

resto da Europa.<br />

Quanto aos trabalhadores, estão “muito<br />

determinados em criar alguma normalidade<br />

dentro de um ambiente tão adverso quanto<br />

este”, afirma Luís Almeida, que faz uma<br />

comparação com os tempos mais complicados<br />

da pandemia em que todos ficamos em casa<br />

à exceção de quem trabalhava com bens<br />

essenciais. “É o mesmo espírito que ali se<br />

vive, obviamente com um risco, talvez, muito<br />

mais premente. Estes são os verdadeiros<br />

heróis da cadeia de abastecimento”. •


Pós-Graduação Online<br />

Logística e Gestão da<br />

Cadeia de Abastecimento<br />

No programa de Pós-Graduação em Gestão de Logística e Supply Chain<br />

destaco sobretudo o forte lado aplicacional, que nos permite adquirir<br />

conhecimentos pertinentes à nossa atividade profissional. Se tivermos<br />

em conta os desafios que se colocam hoje em dia aos profissionais<br />

da área da Logística e Supply Chain, este programa torna-se ainda<br />

mais essencial para atualizar e/ou maximizar os nossos<br />

conhecimentos na área e preparar-nos para enfrentar<br />

da melhor forma os desafios que temos pela frente.<br />

Como fatores diferenciadores, a referir ainda uma equipa<br />

de docentes fantástica que nos dá um grande apoio<br />

e que coloca uma boa parte de componente<br />

prática nas aulas. É privilegiado sobretudo<br />

o trabalho em grupo e o trabalho em equipa<br />

e tudo isto é feito num ambiente de grande<br />

companheirismo entre todo o grupo.<br />

A par de tudo isto, a possibilidade de fazermos<br />

as aulas on-line acaba por ser mais um elemento<br />

diferenciador pois permite uma maior flexibilidade<br />

e equilíbrio entre o programa e a nossa vida<br />

profissional e pessoal.<br />

Cátia Silvestre<br />

Pharma Supply Chain<br />

Strategic Forecasting Manager<br />

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ACREDITAÇÕES, AFILIAÇÕES E RANKINGS


14<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Panorama<br />

da cadeia de frio<br />

Texto: Bruna Manguito<br />

ESTARÁ A<br />

LOGÍSTICA DE<br />

FRIO EM XEQUE?<br />

A logística de frio enfrenta inúmeros<br />

desafios que vão desde o aumento dos<br />

custos energéticos até à necessidade de<br />

adaptação a novos modelos de distribuição,<br />

bem como a pressão crescente para garantir<br />

a qualidade e segurança alimentar. Neste<br />

sentido, a Associação Portuguesa de<br />

Logística (APLOG) organizou a primeira<br />

edição do Seminário Logística de Frio, que<br />

reuniu oradores de diferentes áreas para<br />

debater os temas mais quentes do setor<br />

e preparar as empresas para enfrentar as<br />

adversidades que se avizinham.<br />

O<br />

Museu do Oriente acolheu a 1.ª edição do<br />

Seminário “Logística de Frio”. Promovido<br />

pela APLOG, o evento contou com a<br />

participação de oradores de diferentes<br />

quadrantes, desde produtores, retalhistas,<br />

a operadores logísticos e fornecedores de<br />

equipamentos e soluções, que analisaram<br />

os desafios, tendências e muitos dos temas<br />

quentes para o futuro da logística de frio.<br />

Raul Magalhães, presidente da APLOG,<br />

lembrou que nos “últimos anos, nomeadamente,<br />

quer o confinamento, em resultado da Covid-19,<br />

quer inclusivamente, agora os temas mais<br />

ligados à inflação na Europa, contribuíram<br />

para um reforço das áreas relacionadas com o<br />

frio”. No entanto, o responsável enfatizou que<br />

a cadeia de frio sempre foi fundamental para<br />

garantir a qualidade e segurança dos alimentos<br />

consumidos.<br />

MONITORIZAÇÃO DA<br />

TEMPERATURA<br />

Desde o momento em que o produto é<br />

colhido até chegar ao ponto de venda,


SCM Supply Chain Magazine 15<br />

é imperativo manter uma temperatura<br />

adequada para evitar perdas e contaminações.<br />

No entanto, a tarefa não é fácil e exige<br />

um controlo rigoroso e constante através,<br />

nomeadamente, da captura de dados.<br />

Mas como garantir que esses dados são<br />

efetivamente úteis e relevantes? Como<br />

processá-los e tomar decisões oportunas?<br />

E como garantir a sua disponibilidade em<br />

tempo real? Para Carlos Vicente do Souto,<br />

managing director na Vitacress Portugal, a<br />

cadeia de frio é particularmente desafiadora<br />

já que “somos uma empresa verticalizada,<br />

ou seja, nós cultivamos a maior parte dos<br />

nossos produtos e nessa parte, da agricultura,<br />

trabalhamos praticamente a céu aberto na<br />

região de Odemira. Enfim, estamos expostos<br />

completamente aos climas”. Desta forma,<br />

a empresa tem investido em sistemas que<br />

permitem controlar a temperatura desde<br />

o momento da entrega até a expedição do<br />

produto. “Durante todo esse processo que<br />

é um processo longo e complexo, tentamos<br />

obter todas as informações possíveis.<br />

Temos sistemas que nos permitem controlar<br />

a temperatura desde o intake durante<br />

todo o processo de segregação, lavagem,<br />

embalamento e expedição”, explicou Carlos<br />

Vicente do Souto. Por sua vez, Bruno Faneco,<br />

administrador na Sogenave, refere que “o que<br />

está aqui em causa não é quando o produto<br />

chega à Azambuja ou às nossas instalações, é<br />

o que aconteceu antes de ele ter vindo e o que<br />

acontece depois de ele sair ou o que acontece<br />

nas transições que, normalmente, são esses<br />

os pontos críticos de controlo que nós muitas<br />

vezes não dominamos”. Assim, segundo o<br />

responsável, é preciso estabelecer um padrão<br />

de temperatura que permita a todos trabalhar<br />

da mesma forma, “nós recebemos um produto<br />

na Sogenave e não sabemos a traçabilidade<br />

da temperatura e a esse nível acho que se<br />

desenvolveu muito pouco".<br />

DA AUTOMAÇÃO<br />

AO FATOR HUMANO<br />

De acordo com Arménio Mendes, country<br />

manager da Dr. Oetker Portugal, a falta de mão<br />

de obra tem sido um problema crescente na<br />

área da logística, especialmente em setores


16<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

como o frio e o congelado, que apresentam<br />

condições de trabalho desafiadoras. Assim<br />

sendo, o responsável acredita que, para<br />

funções consideradas de menor valor<br />

agregado e com condições mais difíceis “é<br />

completamente inevitável a questão da<br />

automação. Até temos falta de condutores<br />

de camiões na Europa e portanto, também<br />

é uma falta de mão de obra e também é um<br />

problema que tem de ser resolvido”. Já Vítor<br />

Figueiredo, chief executive officer na Logifrio,<br />

destacou que, embora a automação possa<br />

ajudar a resolver a falta de mão de obra,<br />

esta não substituirá completamente o fator<br />

humano: "Primeiramente, as máquinas nunca<br />

vão substituir o homem ou pelo menos não<br />

o vão fazer no meu tempo nem no tempo<br />

das minhas filhas, seguramente. Portanto,<br />

há espaço para fator humano, efetivamente<br />

buscamos máquinas porque não encontramos<br />

humanos". O responsável apontou ainda a<br />

falta de mão de obra como um problema em<br />

crescimento, mas argumentou que não se<br />

deve apenas à demografia ou à emigração,<br />

"existem tarefas que todos temos nas nossas<br />

empresas que acabam por ser um pouco um<br />

insulto à inteligência das pessoas. Portanto,<br />

já existem meios para fazer de uma forma<br />

mais automática, mais cómoda, sobretudo nós<br />

operadores que trabalhamos em ambientes<br />

de temperatura negativa, são ambientes<br />

efetivamente agressivos. É a nossa obrigação


SCM Supply Chain Magazine 17<br />

enquanto gestores de empresas procurar<br />

formas mais fáceis de trabalhar e com isso<br />

vamos atrair mão de obra".<br />

REDUZIR OS CUSTOS<br />

ENERGÉTICOS<br />

Na indústria alimentar, a conservação<br />

do produto é fundamental para garantir<br />

a qualidade e a segurança alimentar. No<br />

entanto, esta tarefa é complexa, uma vez<br />

que é necessário combater as diferenças de<br />

temperatura que se verificam no transporte e<br />

armazenamento dos produtos. João Logrado,<br />

diretor da Olano Portugal, explica que “temos<br />

que conservar o produto a temperatura<br />

negativa na casa dos - 22, - 25°C e cá fora<br />

temos temperaturas muitas vezes de 40 graus,<br />

temos uma amplitude de sessenta ou setenta<br />

graus negativos e só se consegue combater<br />

essas diferenças de temperatura utilizando<br />

aquilo que hoje é das coisas mais caras, a<br />

energia.” Este é um desafio enfrentado também<br />

pela Auchan, que tem vindo a implementar<br />

medidas para reduzir a pegada de carbono<br />

na sua cadeia de distribuição. Ana Leandro,<br />

supply chain director & executive committee<br />

member da Auchan, afirmou que “todas<br />

aquelas metodologias de trabalho normais, de<br />

ocupação máximas das viaturas, a altura das<br />

paletes, entre outras, todas essas medidas de<br />

eficiência, todos nós exemplificamos sempre<br />

numa perspetiva de redução da pegada de


18<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

carbono e de custo.” Uma das estratégias da<br />

Auchan é consolidar a mercadoria em diferentes<br />

plataformas, reduzindo o desperdício e os<br />

custos operacionais das lojas. Além disso, a<br />

empresa tem vindo a utilizar a infraestrutura<br />

existente nas suas grandes lojas para distribuir<br />

produtos de forma mais eficiente. “Por outro<br />

lado, também estamos a usar algumas destas<br />

lojas quase como sendo centros industriais<br />

em que há produção de mercadoria que<br />

depois é distribuída por outras lojas de<br />

pequena dimensão”, explicou Ana Leandro.<br />

No entanto, a implementação de medidas<br />

eficientes na cadeia de distribuição requer<br />

investimentos significativos, como destaca<br />

João Logrado: “Podemos deixar de usar gases<br />

antigos e colocar gases que produzem e dão<br />

melhor rentabilidade como o CO2 ou o glicol,<br />

mas a energia continua a lá estar e temos que<br />

colocar painéis solares ou energia eólica, mas<br />

tudo isso tem um preço e tem um custo e esse<br />

custo inevitavelmente nós teremos de o passar<br />

para os nossos clientes quer queiramos quer<br />

não.” Não obstante, a Auchan reconhece a<br />

importância da informação em tempo real para<br />

otimizar a sua cadeia de distribuição. “O que<br />

é que nos falta ou o que é que sentimos que<br />

nos permitirá acelerar o futuro? É informação.<br />

Termos informação que vem a nós e não nós<br />

irmos à procura de informação. O controlo destes<br />

fluxos de mercadoria é complexo e portanto,<br />

ao ser complexo, nós precisamos de ter visão<br />

central deles e saber o que se está a passar e<br />

monitorizar em tempo real, e não à posteriori<br />

porque à posteriori estamos perante problemas e<br />

não os antecipamos”, remata Ana Leandro.


SCM Supply Chain Magazine 19<br />

COLABORAÇÃO ENTRE<br />

CONCORRENTES<br />

Hugo Oliveira, managing director iberia da<br />

Americold Logistics, falou sobre a colaboração<br />

entre concorrentes no setor logístico e os<br />

desafios enfrentados pelos operadores<br />

logísticos: "Há uns anos era impensável sequer<br />

equacionar a possibilidade de colaborar entre<br />

concorrentes. Atualmente eu penso que todos já<br />

de alguma forma colaborámos, ou no passado ou<br />

colaboramos agora, se não é aqui é em Espanha,<br />

se não é em Espanha é em Portugal. Portanto, é<br />

uma realidade que já existe. Pode ser muito mais<br />

intensificada e vai ser uma necessidade". Neste<br />

contexto, destacou os desafios que os operadores<br />

logísticos poderão vir a enfrentar em relação às<br />

leis em Bruxelas que visam penalizar transportes<br />

otimizados. "Já existem em Bruxelas projetos de<br />

lei para penalizar transportes otimizados. Um<br />

grande desafio para os operadores logísticos,<br />

mas também para todos aqueles produtores<br />

e retalhistas que de alguma forma resistem à<br />

externalização e querem manter o controlo das<br />

suas operações logísticas, mas que provavelmente<br />

por ser uma operação dedicada falta-lhes escala,<br />

e portanto podem vir a ser penalizados por esse<br />

agravar que está a ser trabalhado em Bruxelas",<br />

alertou. Hugo Oliveira também enfatizou a<br />

necessidade de estabilização logística em<br />

Portugal e deixou "o desafio de conseguirmos<br />

níveis de estabilização logística tal como existe<br />

no norte da Europa e nos Estados Unidos.<br />

Portugal nesse sentido ainda está bastante atrás<br />

no que toca à internacionalização de operações<br />

logísticas". •


20<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Formação<br />

para executivos<br />

Texto: Dora Assis<br />

“GANHAM OS<br />

PARTICIPANTES,<br />

GANHAM AS<br />

EMPRESAS,<br />

GANHAMOS NÓS”<br />

Vem aí mais uma pós-graduação em logística<br />

e gestão da cadeia de abastecimento, a sexta<br />

edição. Falámos com o presidente do ISCTE<br />

Executive Education sobre o trabalho que<br />

têm vindo a desenvolver e ele é perentório:<br />

“Ganham os participantes, ganham as<br />

empresas, ganhamos nós”. Saiba porquê.<br />

Como estar preparado para este volátil,<br />

acelerado e disruptivo mundo em que está<br />

transformada a logística e a gestão das<br />

cadeias de abastecimento? Que conhecimentos,<br />

informação e mais-valias privilegiar? Como<br />

responder a todas estas mudanças?<br />

Estas são seguramente questões e<br />

preocupações comuns à maioria dos profissionais<br />

da área, quando estão empenhados em ser<br />

melhores no que fazem e norteados pela vontade<br />

de acrescentar valor, fazendo diferente. O ISCTE<br />

Executive Education arranca em maio com mais<br />

uma edição da pós-graduação em logística<br />

e gestão da cadeia de abastecimento e foi o<br />

pretexto para conversarmos com o presidente e<br />

coordenador desta pós-graduação. O professor<br />

Crespo de Carvalho responde a algumas destas<br />

dúvidas e ainda a outras questões, na primeira<br />

pessoa e em discurso direto.<br />

SCM - Está para arrancar mais uma edição da<br />

pós-graduação em logística e gestão da cadeia<br />

de abastecimento. Já se pode fazer um balanço<br />

desta aposta do ISCTE Executive Education?<br />

Quantos profissionais já passaram pelo curso?<br />

Diria que é uma aposta ganha?<br />

> Prof. Crespo de Carvalho - É claramente uma<br />

aposta ganha. Até agora passaram por nós mais<br />

de 140 profissionais e ainda vamos arrancar com<br />

a sexta edição. Temos em mente três aspetos<br />

fundamentais e que certamente nos distinguem:<br />

um corpo docente com uma prática pouco<br />

habitual e complementar entre si; conhecimento<br />

muitíssimo atual; muitos desafios, a começar<br />

no formato e a acabar no fim de semana final<br />

imersivo. Isto, sem contar com a flexibilidade de<br />

poder fazer uma pós-graduação


SCM Supply Chain Magazine 21


22<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

a partir de qualquer ponto do mundo (já tivemos<br />

representantes de França, de Espanha, da Suíça,<br />

do Brasil, de Angola, de Moçambique e de Cabo<br />

Verde, para além de Portugal).<br />

O programa é síncrono. A relação participante-<br />

-docentes é a melhor e estamos a construir uma<br />

network invejável e uma base de alumni muito<br />

interessante. Ganham os participantes, ganham<br />

as empresas, ganhamos nós.<br />

Mas, em detalhe, quais as linhas de força da<br />

pós-graduação e o que é que apontaria como<br />

distintivo na mesma face à oferta existente?<br />

> Referia isso mesmo já na questão anterior.<br />

Mas aproveito para esclarecer, já que o pergunta<br />

de uma forma explícita, explico da seguinte<br />

forma: se não houver pessoas, profissionais<br />

docentes, com conhecimento na área, o produto<br />

tem pouco interesse.<br />

Se não fossem profissionais que trabalham no<br />

retalho, em consultoria logística ou estratégica,<br />

em prestadores de serviços logísticos, que façam<br />

acompanhamento de profissionais que lideram<br />

equipas, que sejam docentes em programas de<br />

formação à medida para empresas, que trabalhem<br />

em serviços financeiros, em data analysis, em<br />

projetos ou que chefiem equipas e tenham práticas<br />

de supply chain ou conexas, o programa perderia<br />

muito. O nosso corpo docente tem todo ele uma<br />

vertente prática enorme e isso é claramente uma<br />

mais-valia. Ninguém fica indiferente aos debates<br />

que se travam e ao que cada um é capaz de trazer<br />

para dentro da sala de aula e a forma como o<br />

docente é capaz de esclarecer e de acrescentar<br />

valor, moderando e fazendo a mentoria do grupo.<br />

Se o conhecimento não fosse prático e<br />

aplicacional e se não fosse atual, teríamos<br />

outro problema. Não é o caso. Aqui é o local<br />

para, de forma ampla, conseguirmos chegar a<br />

todas as dimensões críticas da logística e da<br />

gestão da cadeia de abastecimento – sempre<br />

com foco empresarial.<br />

Se não tivéssemos formato síncrono e se<br />

não tivéssemos a possibilidade de acompanhar<br />

participantes e com eles reunir para dúvidas, pois<br />

também seria tudo bem mais complexo.<br />

Se, adicionalmente, não fizéssemos um fim<br />

de semana intensivo, imersivo, final, onde uma<br />

empresa nos traz um caso real e onde o resolvemos<br />

para apresentar um pitch final, o modelo não seria<br />

o nosso e não seria tão ganhador.<br />

Ganhamos em todas estas dimensões e isso<br />

traduz-se na satisfação dos nossos participantes.<br />

Face a tudo o que tem vindo a mudar, e<br />

continua a mudar, nas cadeias de abastecimento,<br />

isto implicou alguma adaptação ou ajuste na<br />

vossa abordagem programática à pós-graduação?<br />

> Certamente. Falamos de logística, de<br />

tangíveis e de intangíveis. Falamos de serviços.<br />

De uma logística de um centro de vacinação<br />

a um hospital ou a uma logística de fábrica.<br />

De uma cadeia de abastecimento farma a uma<br />

cadeia alimentar ou de bebidas. De uma cadeia<br />

de peças e máquinas-ferramentas, a uma cadeia<br />

de vinhos ou de cafés. Como falamos também<br />

na uberização da economia e nas tendências que<br />

têm surgido. Uma Amazon a pontuar com cada<br />

vez mais fulfilment e sortation centres; uma Nike<br />

a perceber consumidores digitais e em vez de<br />

centralizar está a descentralizar operações; uma<br />

cadeia de restauração a abastecer-se numa dark<br />

kitchen; uma Glovo ou uma Uber a constituírem<br />

dark warehouses… e por aí fora. O last mile em<br />

crescendo e um enfoque cada vez maior em<br />

operações diferentes das convencionais.<br />

É importante ter formação prévia em<br />

logística? O que é que se pode considerar que<br />

seja essencial um potencial candidato ter para<br />

frequentar este curso? Algumas competências<br />

absolutamente fundamentais?<br />

> Para a pós-graduação? Não. É importante<br />

ter vontade. Há partes quantitativas, há várias<br />

dimensões de sistemas com que trabalhamos,


SCM Supply Chain Magazine 23<br />

desde Excel a Power BI, de Project a M-MacBeth,<br />

às vezes de R a Python e a SQL. Mas não<br />

conheço ninguém que, no final do dia, tendo<br />

querido fazer, não tenha feito. Pessoas que vêm<br />

de áreas com níveis baixos de qualificação e<br />

pessoas que têm muita experiência prática e que<br />

querem um substrato mais estruturado para o<br />

seu conhecimento (tipicamente não licenciados)<br />

são sempre bem-vindas. E têm uma sede de<br />

conhecimento e de partilha gigante. Ganham<br />

brutalidades com o processo.<br />

Inovação tem sido uma preocupação na vossa<br />

formação para executivos. Como é que isso<br />

tem estado a ser percecionado e recebido pelo<br />

mercado?<br />

> Esta pós-gradução é ela mesma uma<br />

inovação. Em formato. Em permitir estar<br />

em qualquer lado do país ou exterior. Em<br />

proporcionar pelo menos um momento de<br />

encontro final e também de trabalho (fim de<br />

semana imersivo). Para além da inovação em<br />

cada módulo e em cada dinâmica e conteúdo.<br />

Este ano, e dentro de pouco tempo, este<br />

curso estará – com toda a probabilidade – em<br />

ranking do Financial Times – estou a adivinhar,<br />

e sem certezas, porque os resultados saem<br />

apenas em junho – o que apenas reforça a sua<br />

credibilidade global.<br />

Mas, sinceramente, acho que temos reunidos<br />

todos os ingredientes para uma boa pósgraduação.<br />

Para além de juntarmos dois<br />

“dinossauros” – não sei se na linha da inovação,<br />

mas que andam nestas andanças há mais de<br />

30 anos e que já viram e viveram muito, muito<br />

mesmo – destas coisas: eu e o José Costa Faria.<br />

Já é um grande princípio. Acho. •


24<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

PROCUREMENT<br />

Abordagem<br />

colaborativa


SCM Supply Chain Magazine 25<br />

Texto: Bruna Manguito<br />

“A CONSTRUÇÃO<br />

É O FUTURO E A<br />

DIGITALIZAÇÃO UM<br />

CAMINHO"<br />

Com 65 anos de atividade<br />

nacional e quase três décadas<br />

de internacionalização, o<br />

Grupo Casais continua a<br />

apostar no seu processo de<br />

digitalização nos mais diversos<br />

setores. E, recentemente, em<br />

parceria com a multinacional<br />

Stratesys, a empresa optou<br />

por implementar a solução<br />

SAP Ariba Strategic Sourcing<br />

para agilizar a sua área de<br />

procurement.<br />

A<br />

decisão estratégica de implementar a solução<br />

SAP Ariba Strategic Sourcing “foi uma etapa<br />

essencial no processo de digitalização da<br />

empresa. Iniciámos uma nova era no paradigma<br />

do procurement do Grupo, com foco no digital<br />

e com uma abordagem mais colaborativa com<br />

os parceiros”, referiu Joni Santos Faria, Head of<br />

Global Sourcing do Grupo Casais. Desta forma, a<br />

solução SAP Ariba Strategic Sourcing permitirá<br />

a uniformização e integração de processos de<br />

negociação e compras, gestão de contratos e<br />

fornecedores, com processos de aquisições e<br />

com uma base de dados única. Além disso, a<br />

tecnologia possibilitará minimizar os riscos de<br />

abastecimento com uma melhor seleção de<br />

fornecedores, através da recolha de dados e<br />

análise de gastos, permitindo a redução dos<br />

ciclos de abastecimento e, consequentemente,<br />

um controlo de custos e foco na gestão e<br />

estratégia. “Contámos neste processo com a<br />

ajuda especializada da Stratesys, que apoiou a<br />

nossa equipa num processo de implementação<br />

que implicou repensar todo o processo não<br />

apenas no contexto atual, mas como resposta ao<br />

futuro próximo. Estamos hoje mais aptos para<br />

responder aos desafios futuros colocados pelas<br />

políticas ESG na cadeia de valor, desafios esses,<br />

que são cada vez mais exigentes e requerem<br />

ferramentas mais colaborativas”, garantiu o<br />

responsável. Assim, o Grupo Casais optou por<br />

uma plataforma já existente no mercado, pois<br />

acredita que a gestão da cadeia de valor é um<br />

problema coletivo, que deve ser abordado em<br />

rede. Já para Andressa Kondrasovas, global<br />

CoE director da SAP Procurement Solutions, a<br />

digitalização pode ser uma resposta efetiva aos<br />

vários desafios que se colocam atualmente à<br />

área de procurement, “a transformação digital<br />

está a mudar a forma como as empresas gerem<br />

os seus processos de compras, oferecendo novas<br />

oportunidades para melhorar a eficiência, reduzir<br />

custos, aumentar a transparência e melhorar a<br />

tomada de decisões”.


26<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

CONTROLO E VISIBILIDADE SÃO<br />

IMPERATIVOS<br />

A digitalização da área de compras pode<br />

trazer muitos benefícios, como a maior<br />

eficiência, a redução de custos e o acesso<br />

a informações em tempo real, sendo que<br />

o último se apresenta como uma das<br />

maiores dificuldades do Grupo Casais pois<br />

“não conseguimos fazer o trabalho que<br />

precisamos sem uma ferramenta que nos<br />

ajude a recolher dados de uma forma mais<br />

direta e muito mais rápida", assegurou Joni<br />

Santos Faria. Desta forma, com a plataforma<br />

SAP Ariba Strategic Sourcing, que é uma<br />

ferramenta global com múltiplos utilizadores<br />

em todo o mundo, o Grupo Casais passa<br />

a ter mais controlo e visibilidade sobre a<br />

sua cadeia de valor, permitindo uma maior<br />

eficiência produtiva. “Nós começamos a<br />

conhecer melhor os nossos fornecedores,<br />

sabemos com quem podemos trabalhar para<br />

determinada obra com certos requisitos,<br />

se têm certificações que lhes permitem<br />

ter esse tipo de conhecimento e, também,<br />

se controlam a sua cadeia de valor e já<br />

utilizam produtos reciclados", acrescentou<br />

o responsável. Além disso, a ferramenta<br />

permite ainda a elaboração de questionários<br />

de sustentabilidade, que são enviados aos<br />

fornecedores de forma rápida e imediata. O<br />

SAP Ariba Strategic Sourcing integra, também,<br />

a implementação do Smart Map. “Temos como<br />

exemplo, o caso do mapa comparativo de<br />

ofertas, onde através da ativação integrada<br />

ao SAP Ariba Sourcing, do u-Smart Map by<br />

Stratesys, a solução permitiu ter um mapa<br />

comparativo com a possibilidade de analisar<br />

as diferentes etapas de negociação, avaliar<br />

propostas alternativas, realizar distintos<br />

tipos de cálculos, entre ‘preço seco’ e ‘preço<br />

ótimo’. Permitiu sobretudo responder às<br />

particularidades deste setor de forma<br />

"A TRANSFORMAÇÃO<br />

DIGITAL ESTÁ A MUDAR<br />

A FORMA COMO AS<br />

EMPRESAS GEREM OS<br />

SEUS PROCESSOS DE<br />

COMPRAS"<br />

Andressa Kondrasovas,<br />

Global CoE Director da SAP<br />

Procurement Solutions<br />

personalizada onde, aliado às funcionalidades<br />

já existentes da suite de solução SAP Ariba,<br />

permitiu ampliar a eficiência e agilidade do<br />

processo de contratação”, explicou Andressa<br />

Kondrasovas. Segundo Joni Santos Faria, estes<br />

benefícios são percebidos a curto prazo, mas<br />

o principal objetivo é a médio e longo prazo,<br />

já que acredita que a plataforma “pode e<br />

vai corresponder às necessidades futuras do<br />

nosso SG [sistema de gestão] e a forma como<br />

nós o encaramos e isto será importante para<br />

a recolha de dados".


SCM Supply Chain Magazine 27<br />

DA DIGITALIZAÇÃO À<br />

INDUSTRIALIZAÇÃO<br />

O Grupo Casais está empenhado em digitalizar<br />

todos os seus processos, desde a produção<br />

até à comercialização. Segundo Joni Santos<br />

Faria "estamos num processo transversal de<br />

digitalização", com vários projetos em curso,<br />

incluindo a implementação do SAP EPPM para<br />

a parte produtiva e do WM SAP para a gestão<br />

de armazéns. Além disso, o Grupo Casais está a<br />

trabalhar “num processo logístico diferenciador<br />

que vai permitir otimizar as entregas em obras,<br />

ter menos estaleiros e ter menos camiões<br />

em circuito”, afirmou. A empresa está ainda<br />

a construir algumas centrais de distribuição<br />

para estar mais próximo dos seus sites e está<br />

a apostar na industrialização da construção,<br />

com a construção do seu primeiro edifício numa<br />

tecnologia híbrida de madeira e betão preparado<br />

em apenas oito dias. Outro dos seus projetos<br />

em destaque é o Snap Buying, um marketplace<br />

digital dentro do grupo que facilita as compras<br />

indiretas, mas que otimiza o processo de<br />

aquisição. Além de ser uma aposta estratégica<br />

"ESTAMOS NUM<br />

PROCESSO TRANSVERSAL<br />

DE DIGITALIZAÇÃO"<br />

Joni Santos Faria,<br />

Head of Global Sourcing<br />

do Grupo Casais<br />

para o grupo, a digitalização tem também<br />

como objetivo ajudar a revolucionar a cadeia<br />

logística da construção em Portugal: "Temos essa<br />

obrigação enquanto grande empresa, de puxar<br />

pelo setor, de acreditarmos que somos um motor<br />

e que temos de o fazer para que a indústria<br />

toda vá por este caminho que é a solução, que<br />

é a industrialização (…) nós acreditamos que a<br />

construção é e há de ser sempre o futuro e a<br />

digitalização é um caminho para isso", assegura o<br />

responsável. Numa perspetiva social, Joni Santos<br />

Faria acredita que a digitalização pode levar à<br />

industrialização do setor da construção e, assim,<br />

trazer de volta os emigrantes que saíram para<br />

construir em outros países, pois “vão trabalhar<br />

num ambiente mais industrial, com condições<br />

mais controladas". •


28<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

PROCUREMENT<br />

Sustentabilidade<br />

na Emirates<br />

Texto: Ana Paiva<br />

UMA VIAGEM<br />

DE IDA E VOLTA<br />

A Emirates tem um compromisso sério<br />

com o meio ambiente. Os artigos a bordo<br />

dos seus aviões têm vidas infinitas. O que<br />

outrora foi uma garrafa de plástico ou vidro,<br />

hoje pode ser uma manta ou uma mochila<br />

de criança. É a prova viva de que tudo o<br />

que pode ir, também pode voltar. É assim<br />

que se faz a diferença numa era em que a<br />

sustentabilidade ambiental é uma obrigação.<br />

O<br />

aprovisionamento sustentável é já<br />

uma prática recorrente da Emirates.<br />

A companhia aérea introduziu um<br />

requisito ambiental no código de conduta<br />

dos fornecedores que considera todo o ciclo<br />

de vida dos produtos desde a sua fase de<br />

conceção. Isso observa-se no que decidiram<br />

fazer com os artigos que têm a bordo.<br />

A cada voo da Emirates que aterra no Dubai,<br />

a tripulação de cabine tem a tarefa de separar<br />

as garrafas de vidro e plástico, uma vez<br />

utilizadas pelos passageiros, antes de serem<br />

enviadas para uma fábrica de reciclagem,<br />

nesta cidade.<br />

O vidro é separado por cores e,<br />

posteriormente, enviado para os fabricantes


SCM Supply Chain Magazine 29<br />

CICLO DE RECICLAGEM A BORDO.<br />

de vidro nos Estados Unidos da América<br />

(EUA), para que seja reintegrado no ciclo,<br />

inserido numa mistura de lotes para a criação<br />

de novas garrafas. Quanto às de plástico,<br />

são limpas, cortadas em pedaços, derretidas<br />

e enviadas aos fabricantes para que possam<br />

criar outros produtos em plástico.<br />

Através desta iniciativa sustentável,<br />

sugerida pela tripulação de cabine em<br />

2019, a Emirates e a Emirates Flight<br />

Catering desviam, anualmente, milhares de<br />

quilogramas de vidro e plástico dos aterros<br />

sanitários. Durante o ano de 2022, a empresa<br />

reciclou mais de 500.000 quilogramas destes<br />

materiais com a recolha das garrafas que se<br />

encontram a bordo.<br />

UMA NOVA VIDA<br />

A vantagem de reinserir materiais num<br />

ciclo de produção é que estes podem ter<br />

mais do que uma vida enquanto o mesmo<br />

objeto, ou não. No caso da Emirates, nos<br />

últimos seis anos, aos passageiros da<br />

companhia que viajam em longo curso, têm<br />

sido oferecidas mantas sustentáveis, feitas<br />

a partir de garrafas de plástico recicladas,<br />

que são trituradas em lascas antes de serem<br />

transformadas em fio, criando um material<br />

de velo. Para cada manta são necessárias 28<br />

garrafas de plástico reciclado.<br />

Com esta estratégia, a Emirates impediu<br />

que mais de 95 milhões de garrafas de<br />

plástico fossem depositadas em aterros.<br />

Sendo o maior programa de sustentabilidade<br />

de mantas a bordo na indústria aérea,<br />

o processo de fabrico de utilização de<br />

tereftalato de polietileno reciclado (rPET)<br />

também reduz as emissões de energia em<br />

cerca de 70%.<br />

A pensar nas crianças, a companhia dos<br />

Emirados Árabes Unidos também utiliza<br />

garrafas de plástico reciclado e outros<br />

materiais sustentáveis para produzir sacos de<br />

brinquedos de cortesia da empresa, bem como<br />

kits para os bebés e peluches. Além disto, há<br />

ainda outros produtos fabricados partir de um<br />

fio feito de garrafas de plástico


30<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

totalmente reciclado,<br />

nomeadamente sacos<br />

para cintos, sacos de<br />

viagem (a partir de sete<br />

garrafas), e mochilas (a<br />

partir de garrafas). A<br />

produção das mochilas<br />

de criança salvou 8<br />

milhões de garrafas de<br />

plástico que acabariam<br />

em aterros sanitários.<br />

A Emirates oferece<br />

também aos passageiros<br />

em voos de longo curso,<br />

kits de amenidade, que consistem em bolsas<br />

reutilizáveis, produzidas a<br />

partir de papel kraft, e<br />

incluem artigos feitos<br />

a partir de materiais<br />

sustentáveis. As escovas<br />

de dentes são produzidas<br />

a partir de uma<br />

combinação de palha de<br />

trigo e plástico, as meias<br />

e os óculos são feitos<br />

de plástico reciclado,<br />

nomeadamente de rPET,<br />

e 90% das embalagens<br />

dos kits dentário, das<br />

meias e dos óculos, são de papel de arroz. •


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32<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

Texto: Bruna Manguito<br />

TRANSFORMAR<br />

O PROCUREMENT<br />

ATRAVÉS DE<br />

AQUISIÇÕES E<br />

FUSÕES<br />

PROCUREMENT<br />

Estudo Energia McKinsey solar<br />

& fotovoltaica Company<br />

Já pensou como as aquisições e as fusões<br />

podem transformar completamente a<br />

maneira como a sua empresa lida com o<br />

procurement? De acordo com o estudo<br />

“Using M&A to transform procurement”<br />

da McKinsey & Company, esta estratégia<br />

permite reinventar processos como,<br />

também, funcionar como um motor de<br />

inovação para os líderes. Descubra como esta<br />

abordagem pode abrir novas possibilidades<br />

para o sucesso da sua empresa.<br />

Segundo a McKinsey & Company, as<br />

empresas que optarem por se fundir<br />

podem vir a ter de enfrentar desafios<br />

como a gestão de prioridades conflituantes<br />

e a reorganização do modelo operacional<br />

e organizacional. No entanto, as atuais<br />

interrupções na cadeia de abastecimento e<br />

a inflação atual tornam a aquisição crucial<br />

para o sucesso. Enquanto muitas empresas se<br />

concentram em estabilizar o seu procurement<br />

e captar sinergias diretamente relacionadas à<br />

fusão, outras estão a aproveitar a oportunidade<br />

para reinventarem a função da empresa<br />

combinada, o que pode contribuir com um<br />

terço ou mais do valor total de sinergia que<br />

uma fusão pode oferecer. Para alcançar o<br />

sucesso, a McKinsey & Company aconselha<br />

a avançar na maturidade funcional do<br />

procurement da empresa nos primeiros dois<br />

anos após a conclusão do negócio, tendo<br />

como objetivo duplicar o valor da área de<br />

compras enquanto se estabelecem as bases<br />

para a sua organização no futuro. Portanto, as<br />

empresas que optarem por se fundir devem


SCM Supply Chain Magazine 33<br />

estar preparadas para enfrentar múltiplos<br />

desafios, mas também devem estar atentas<br />

às oportunidades de transformação que as<br />

aquisições podem oferecer.<br />

AVANÇAR NA ESCALA<br />

DE MATURIDADE<br />

Elevar a maturidade da função de compras<br />

durante uma fusão requer um compromisso<br />

de toda a organização. O apoio da equipa<br />

de gestão é, de facto, o determinante<br />

mais importante para o sucesso de uma<br />

transformação. Os líderes séniores precisam de<br />

convencer as suas equipas do papel vital das<br />

compras na criação de valor futuro e investir na<br />

capacitação e aquisição de talentos necessários<br />

para alcançar essa visão. Além disso, é<br />

também importante incentivar o apoio dos<br />

líderes funcionais e das unidades de negócios<br />

para uma responsabilidade conjunta no que<br />

concerne aos objetivos de poupança. Para isso,<br />

é necessário criar um roteiro abrangente antes<br />

do fecho do negócio. Essa avaliação inclui a<br />

criação e análise de um banco de dados de<br />

gastos combinados para estimar o valor em<br />

jogo, avaliando a maturidade dos modelos<br />

operacionais legados da empresa e definindo<br />

a aspiração para a função de procurement do<br />

estado futuro. A maturidade das organizações<br />

de procurement pode ser categorizada em<br />

cinco arquétipos, desde o básico de receção<br />

de ordens até ao motor de inovação digital.<br />

Nas organizações básicas, o procurement é<br />

principalmente uma função de suporte de<br />

back-office com pouco controlo e visibilidade<br />

limitada de gastos. Nas organizações mais<br />

avançadas, a maior parte dos gastos é gerida<br />

centralmente com processos padronizados. Nas<br />

organizações focadas na integração corporativa,<br />

o procurement é um parceiro estratégico<br />

que maximiza a eficiência de custos. Já nas<br />

organizações de melhoria contínua de ponta<br />

a ponta, o procurement trabalha diretamente<br />

com fornecedores e clientes para descobrir<br />

novas fontes de valor. Por fim, nas organizações<br />

de motor de inovação digital, o procurement<br />

aproveita as tecnologias digitais para otimizar<br />

toda a cadeia de valor


34<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

NÍVEL DE PERFORMANCE<br />

A MATURIDADE DAS<br />

ORGANIZAÇÕES DE<br />

PROCUREMENT PODEM<br />

NORMALMENTE SER<br />

CATEGORIZADAS POR UM<br />

DOS CINCO ARQUÉTIPOS.<br />

MOTOR<br />

DE INOVAÇÃO DIGITAL<br />

Futuros líderes<br />

MELHORIA CONTÍNUA<br />

END-TO-END<br />

Distintivo hoje<br />

FOCO CORPORATIVO<br />

INTEGRADO<br />

Desempenho do quartil superior<br />

FUNCIONALMENTE<br />

AVANÇADO<br />

A maioria das organizações hoje<br />

RECEÇÃO<br />

DE PEDIDOS BÁSICOS<br />

Desempenho do quartil inferior<br />

e gerar insights para inovações. Conforme a<br />

organização avança na escala de maturidade,<br />

a sua capacidade de entregar valor ao negócio<br />

aumenta tanto financeiramente quanto<br />

estrategicamente. Neste contexto, as empresas<br />

com modelos operacionais legados podem estar<br />

a perder uma grande oportunidade de melhorar<br />

a sua eficiência e reduzir custos. A criação de um<br />

roteiro abrangente antes do fecho do negócio e<br />

a avaliação prévia aumentam significativamente<br />

a probabilidade de uma integração bem<br />

sucedida e de uma transformação da função de<br />

compras.<br />

4 PASSOS PARA O SUCESSO<br />

Com o aumento dos custos e perturbações na<br />

cadeia de abastecimento, muitas empresas estão<br />

à procura de formas de maximizar a eficácia das<br />

suas funções de procurement. Para alcançar<br />

esse objetivo, há quatro mudanças que podem<br />

ser realizadas: redesenhar o modelo operacional<br />

de procurement; elevar o papel do procurement<br />

a parceiro estratégico; incorporar o digital<br />

em todos os aspetos da função e melhorar as<br />

competências de equipa. Com estas quatro<br />

alavancas, as empresas podem transformar a sua<br />

função de procurement e maximizar a eficácia<br />

das suas despesas:<br />

Redesenhar o modelo operacional de<br />

procurement: deve ser configurado para<br />

fornecer o máximo valor no âmbito certo<br />

de despesas. Isso envolve decidir que papel<br />

a função de procurement irá desempenhar<br />

em cada categoria de despesas, desde<br />

aconselhamento até liderança na<br />

gestão global de despesas e compras.<br />

Posteriormente, é necessário definir o<br />

modelo operacional certo, juntamente<br />

com a governança, processos, ferramentas<br />

e pessoas necessárias para desempenhar<br />

efetivamente esse papel.<br />

Elevar o papel do procurement a parceiro


SCM Supply Chain Magazine 35<br />

estratégico: é necessário dar à função um<br />

lugar à mesa nas discussões de operações,<br />

desenvolvimento de produtos e/ou<br />

comerciais que possam impactar a base de<br />

fornecedores. Isso pode incluir a criação ou<br />

expansão da função de aquisição indireta<br />

para alcançar poupanças em categorias<br />

como materiais de escritório, TI ou<br />

manutenção, reparação e operações.<br />

Incorporar o digital em todos os aspetos<br />

da função: não só acelera o planeamento e<br />

execução da fusão, mas também estabelece<br />

as bases para uma estratégia digital de<br />

longo prazo. Isso inclui ferramentas digitais<br />

que validam os dados legados antes do<br />

encerramento e fornecem visibilidade<br />

em tempo real sobre dados de despesas,<br />

informações de contrato e oportunidades de<br />

poupança.<br />

Melhorar as competências de equipa: os<br />

funcionários precisam de assumir novas<br />

responsabilidades, muitas das quais<br />

exigirão capacidades diferentes das que já<br />

têm. As competências necessárias devem<br />

ser identificadas e as decisões devem ser<br />

tomadas sobre quais construir internamente<br />

e quais recrutar externamente.<br />

Transformar o procurement ao mesmo tempo<br />

em que se realiza uma fusão pode levar a uma<br />

entrega de valor mais rápida e a um investimento<br />

geral mais baixo do que lançar o processo após<br />

a fusão estar completa. Segundo a McKinsey<br />

& Company, muitas empresas portuguesas<br />

estão a utilizar estratégias para maximizar<br />

a criação de valor durante a fusão. Uma<br />

grande distribuidora industrial, por exemplo,<br />

transformou a sua função de procurement<br />

numa inovadora ferramenta digital focada na<br />

expansão da margem. A empresa criou uma<br />

ferramenta líder que recomenda substituições<br />

de SKU que a equipa de vendas pode utilizar<br />

para identificar produtos quase idênticos que os<br />

fornecedores prioritários oferecem ou que têm<br />

perfis de margem melhores. Da mesma forma,<br />

uma empresa química de médio porte aproveitou<br />

uma fusão para elevar o papel da função de<br />

compras. Historicamente, as equipas de compras<br />

eram responsáveis apenas pela realização de<br />

pedidos básicos e gestão do relacionamento com<br />

fornecedores. No entanto, a fusão deu à empresa<br />

combinada a escala para alavancar a função<br />

de compras de forma mais eficaz. A empresa<br />

elevou o diretor de compras de um líder de nível<br />

dois para um líder de nível um, garantindo uma<br />

voz para a função em decisões importantes.<br />

Ao mesmo tempo, criou uma equipa para gerir<br />

as compras indiretas, recrutando talentos<br />

internos e externos para desenvolver uma<br />

estratégia de compras e apoiar as negociações<br />

em categorias em que as compras tinham<br />

envolvimento limitado. A transformação da<br />

área de procurement destas empresas ajudou<br />

a aumentar a eficiência, reduzir custos e captar<br />

valor a longo prazo. Assim, as empresas estão a<br />

investir em formação e tecnologia para apoiar<br />

a expansão das suas funções de compras e<br />

alcançar resultados significativos após fusões e<br />

aquisições. •


36<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Agility Robotics<br />

Texto: Ana Paiva<br />

ROBOTIZAR PARA<br />

HUMANIZAR<br />

Robôs e humanos podem mesmo<br />

coexistir e trabalhar em conjunto.<br />

Apesar de este ser um tema que gera<br />

muita controvérsia, a verdade é que o<br />

avanço da tecnologia é imparável, e em<br />

vez de a combatermos podemos<br />

juntar-nos a ela e retirar o melhor<br />

proveito possível da relação humano-<br />

-robô. E, sejamos francos, no mundo da<br />

logística é sempre necessário um par de<br />

mãos extra.


SCM Supply Chain Magazine 37<br />

AAgility Robotics é uma empresa norte-<br />

-americana cuja missão passa pela<br />

criação de robôs para complementar a<br />

força de trabalho humana, permitindo que<br />

os humanos possam ser mais humanos. A<br />

visão da empresa para o futuro assenta na<br />

ideia de que “os nossos robôs são feitos para<br />

trabalhar, mas é porque queremos que os<br />

trabalhadores tenham sucesso”.<br />

Os robôs criados pela Agility Robotics<br />

têm como principal objetivo ajudar os<br />

trabalhadores, aliviando-os de determinadas<br />

tarefas para se concentrarem noutras de<br />

cariz mais criativo, uma vez que, para estas,<br />

os contributos dos robôs já não são tão<br />

valiosos. Neste sentido, desenvolveram o<br />

Digit, o primeiro robô multifuncional do<br />

mundo, centrado no Homem, e destinado ao<br />

trabalho logístico.<br />

O Digit foi concebido para ir até onde os<br />

humanos vão, realizando trabalhos úteis<br />

em segurança em espaços concebidos<br />

para pessoas, como armazéns e centros de<br />

distribuição. As tarefas efetuadas nestes<br />

locais são, por norma, muito repetitivas,<br />

abrindo espaço para lesões e uma elevada<br />

rotatividade, causando lacunas dispendiosas<br />

que, mais tarde, impactam a supply chain.<br />

Embora a automatização possa preencher<br />

essas lacunas, as soluções existentes têm,<br />

normalmente, um único propósito, o que<br />

significa que as empresas têm de manter<br />

várias soluções diferentes para tarefas<br />

distintas, ou então precisam de uma<br />

personalização do espaço de trabalho, o que<br />

se traduz em elevados custos.<br />

“As cadeias de abastecimento continuam a<br />

sentir os efeitos da pandemia, e a procura de<br />

trabalho para os armazéns excede o talento<br />

disponível. As empresas estão agora, mais<br />

do que nunca, a recorrer à automatização<br />

para ajudar a mitigar futuras perturbações.<br />

Com as os problemas associados ao trabalho<br />

logístico a aumentar, como alta rotatividade,<br />

burnout, e lesões, acreditamos que o Digit<br />

seja o futuro do trabalho”, indica Damion<br />

Shelton, co-fundador e CEO da Agility<br />

Robotics, em comunicado.<br />

AS FUNCIONALIDADES DO DIGIT<br />

O Digit é polivalente, ou seja, pode executar<br />

várias tarefas e adaptar-se a muitos fluxos de<br />

trabalho. Uma frota de Digits será capaz de<br />

alternar entre aplicações, dependendo das<br />

necessidades atuais do armazém e dos turnos<br />

sazonais. Como é centrado no ser humano, é<br />

fácil de ser implementado em operações de<br />

armazém existentes e em infraestruturas já<br />

construídas sem necessidade de adaptações<br />

dispendiosas.<br />

“Esperamos que o Digit aumente a força de<br />

trabalho, assumindo as tarefas ‘maçadoras,<br />

sujas e perigosas’, e permitindo que as pessoas<br />

se concentrem em trabalhos mais criativos<br />

e complexos. Gostamos de pensar no Digit<br />

como uma forma de permitir que os humanos<br />

sejam mais humanos”, complementa o CEO da<br />

tecnológica.<br />

O Digit foi concebido após décadas de<br />

investigação, desenvolvimento e avanços<br />

científicos na mobilidade dinâmica e<br />

manipulação da equipa da Agility Robotics.<br />

O robô consegue navegar com facilidade<br />

entre obstáculos e caminhar em superfícies<br />

irregulares em diferentes ambientes humanos,<br />

tudo isto enquanto manuseia e move<br />

objetos. Jonathan Hurst, co-fundador e CTO<br />

da Agility Robotics, salienta que “quando<br />

pessoas e robôs trabalham em conjunto em<br />

operações logísticas, as condições de trabalho<br />

melhoram para as pessoas, a eficiência do<br />

armazém melhora globalmente, e a cadeia de<br />

abastecimento trabalha de forma mais suave –<br />

todos ganham”.


38<br />

MARÇO <strong>2023</strong>


SCM Supply Chain Magazine 39<br />

Entre as atualizações mais promissoras<br />

da próxima geração de Digits estão as<br />

mãos, que estão preparadas para agarrar e<br />

mover caixas de plástico que estão, muitas<br />

vezes, presentes em armazéns de comércio<br />

eletrónico e de expedição. Além disto,<br />

o robô inclui, à semelhança do humano,<br />

cabeça e olhos para melhorar a interação.<br />

“Há três anos introduzimos o primeiro<br />

robô bi-pedal comercialmente disponível<br />

com um fator em forma humana desenhado<br />

para o trabalho. Desde então, temos<br />

visto um enorme interesse no Digit por<br />

parte das multinacionais de logística, e<br />

temos trabalhado de perto com elas para<br />

compreender como querem utilizar o Digit<br />

para melhorar as operações dos armazéns e<br />

cadeias de abastecimento”, afirma Damion<br />

Shelton.<br />

A Agility Robotics irá abrir um número<br />

limitado de vagas no Agility Partner<br />

Program (APP) para empresas com visão de<br />

futuro que pretendam implementar o Digit<br />

nas suas operações de armazém e cadeia<br />

de fornecimento. Através de visitas ao local<br />

e de recursos de engenharia dedicados,<br />

a tecnológica irá trabalhar em estreita<br />

colaboração com os parceiros APP para<br />

compreender os seus fluxos de trabalho de<br />

armazém e pontos de dor, e mostrar como é<br />

que o Digit os pode aliviar. Os participantes<br />

terão oportunidade de influenciar o<br />

desenvolvimento de novas competências e<br />

capacidades para o Digit, com base nos seus<br />

casos de utilização no mundo real.<br />

“Temos vindo a aprender tanto sobre<br />

como os robôs podem fazer parcerias com<br />

as pessoas e trabalhar naturalmente em<br />

ambientes humanos, e mal podemos esperar<br />

para ver o impacto positivo que o novo Digit<br />

terá no mundo”, termina Jonathan Hurst. •


EARLY<br />

BIRD<br />

ATÉ 23 DE<br />

ABRIL


VEJA COMO FOI A SCM CONFERENCE 2022:<br />

PRIMEIROS ORADORES CONFIRMADOS <strong>2023</strong>:<br />

HELDER GUERREIRO<br />

Tilray<br />

COSTA FARIA<br />

Senior Supply Chain<br />

Consultant<br />

TIAGO ABREU<br />

Amazon<br />

SCM<br />

CONFERENCE


42<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Soluções de gestão<br />

de armazéns<br />

PLANEAR,<br />

ORGANIZAR,<br />

OTIMIZAR<br />

Texto: Bruna Manguito<br />

A Generix Group acabou de lançar a<br />

solução Resource Management System,<br />

uma verdadeira revolução para a gestão<br />

de armazéns. Com a promessa de reduzir<br />

até 25% dos custos de trabalho, graças<br />

à previsão automatizada e organização<br />

eficiente de recursos, a solução combina<br />

análise de performance e planeamento<br />

de recursos para tornar a vida dos<br />

colaboradores mais fácil e atraente,<br />

aumentando a produtividade dos armazéns.


SCM Supply Chain Magazine 43<br />

AGenerix Group anunciou recentemente<br />

o lançamento do Resource Management<br />

System, uma solução de planeamento<br />

e otimização de recursos de armazém que<br />

visa reduzir até 25% dos custos de trabalho<br />

através da automatização da previsão<br />

e organização dos recursos humanos e<br />

materiais. Combinando serviços de análise de<br />

performance e planeamento de recursos em<br />

uma única solução, o Resource Management<br />

System promete melhorar a produtividade<br />

dos armazéns e contribuir para o aumento da<br />

fidelização dos colaboradores, melhorando<br />

a qualidade de vida no trabalho e tornando<br />

os postos de trabalho nos armazéns<br />

mais atrativos. O RMS é uma ferramenta<br />

poderosa que oferece uma resposta aos<br />

desafios enfrentados pelos responsáveis<br />

da Supply Chain nos armazéns, como a<br />

complexidade das encomendas, variações de<br />

volume e a necessidade de maior agilidade<br />

organizacional, especialmente no contexto<br />

do e-commerce. A solução está disponível<br />

em modo SaaS e pode ser facilmente


44<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

integrada com todas as soluções WMS<br />

disponíveis no mercado. Para a Generix Group,<br />

o Resource Management System é uma nova<br />

alavanca de performance para o armazém,<br />

que combina a excelência da promessa ao<br />

cliente e a otimização da primeira unidade<br />

de custos da supply chain. Com esta solução,<br />

a empresa espera ajudar as empresas a<br />

antecipar melhor e a alcançar uma gestão<br />

eficiente de recursos de armazém.<br />

REDUZIR OS CUSTOS MAS<br />

MANTER A PRODUTIVIDADE<br />

Com a crescente irregularidade de<br />

encomendas, problemas de absentismo e<br />

dificuldades de recrutamento, os armazéns<br />

enfrentam um grande desafio para manter a<br />

sua produtividade e reduzir os seus custos.<br />

Neste sentido, os gestores logísticos estão a<br />

adotar uma solução inovadora: a adoção do<br />

RMS, uma ferramenta que combina funções<br />

de Labor Management e Resource Planning<br />

para permitir uma melhor gestão dos recursos<br />

logísticos de produção nos armazéns.<br />

Através do RMS, a previsão e organização<br />

dos recursos humanos e materiais pode ser<br />

automatizada, permitindo que os gestores<br />

maximizem os seus recursos existentes antes<br />

de investir em novos equipamentos. O RMS é<br />

capaz de definir e automatizar as tarefas do<br />

plano de carga de forma minuciosa, levando<br />

em consideração as necessidades diárias,<br />

por tarefa, dia ou até mesmo por hora. Além<br />

disso, a ferramenta calcula o tempo médio<br />

necessário para completar a carga de trabalho<br />

por turno, tendo em conta as condições de<br />

trabalho e os perfis dos colaboradores para<br />

adaptar as normas e estabelecer objetivos.<br />

Por fim, o RMS mede a produtividade<br />

dos operadores, fornecendo informações<br />

importantes para as ferramentas de RH.<br />

AUMENTAR A MOTIVAÇÃO<br />

DOS OPERADORES<br />

Com o aumento da variação dos volumes<br />

e da procura por novos serviços, os


SCM Supply Chain Magazine 45<br />

responsáveis pelos sites logísticos<br />

enfrentam um desafio cada vez maior em<br />

aumentar a flexibilidade de seus recursos<br />

para passarem facilmente de uma tarefa<br />

para outra. Sendo a polivalência dos<br />

recursos uma alavanca para aumentar<br />

a flexibilidade e produtividade, o RMS<br />

permite que os operadores passem de<br />

um trabalho para outro durante o mesmo<br />

turno e executem tarefas diferentes,<br />

reduzindo a fadiga e a repetitividade.<br />

Como resultado, é possível observar um<br />

aumento na produtividade, um planeamento<br />

mais inteligente para os colaboradores,<br />

gestão diária das ausências e um aumento<br />

de 50% na fiabilidade das previsões de<br />

capacidade. Além disso, a solução RMS<br />

contribui para a retenção de colaboradores<br />

através da melhoria das condições de<br />

trabalho e da diversidade das tarefas. Com<br />

a atribuição dinâmica de tarefas relevantes<br />

aos operadores e a medição objetiva e<br />

transparente da sua performance, tanto<br />

individual como global, os armazéns podem<br />

reforçar a sua atratividade e aumentar<br />

a motivação e fidelização em até 20%.<br />

A gamificação também é uma estratégia<br />

motivadora para os trabalhadores dos<br />

armazéns. Através da participação em<br />

desafios como a contagem do número de<br />

passos diários, os operadores mantêm-se<br />

energizados e motivados, acompanhando<br />

a sua atividade com maior precisão e a sua<br />

performance pessoal em comparação com<br />

o grupo. Segundo Nicolas Picquerey, chief<br />

solutions & services officer da Generix<br />

Group, "os gestores logísticos enfrentam um<br />

grande desafio em antecipar com precisão<br />

a capacidade de produção nas próximas<br />

horas, dias e meses. Com o RMS, é possível<br />

antecipar e planear a atribuição de recursos,<br />

tirando o máximo partido do que já existe<br />

antes de se envolver em projetos mais<br />

complexos e dispendiosos de integração de<br />

novos meios de produção, tais como robôs<br />

ou autómatos, por exemplo". •


46<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Cadeia de frio<br />

Texto: Dora Assis<br />

NOMECO<br />

DIGITALIZA<br />

MONITORIZAÇÃO<br />

E RASTREIO DE<br />

ENTREGAS<br />

Na Dinamarca, a grossista<br />

farmacêutica Nomeco A/S investiu<br />

numa nova solução de entregas,<br />

com capacidades completas de<br />

monitorização e rastreio, para melhorar<br />

a distribuição de medicamentos<br />

e produtos farmacêuticos. Como<br />

parceiro, a empresa escolheu a Zetes.<br />

ANomeco é um distribuidor farmacêutico<br />

dinamarquês. A partir dos seus centros de<br />

distribuição, diariamente, é realizado um<br />

grande volume de entregas com uma frota de<br />

45 veículos. Até agora, todo este processo de<br />

entregas era gerido com um sistema antigo,<br />

que restringia a funcionalidade e limitava o<br />

desempenho de entregas.<br />

Ao digitalizar os processos de entrega<br />

com a solução de prova de entrega (POD)<br />

eletrónica ZetesChronos, a grossista<br />

farmacêutica consegue rastrear todos os seus<br />

fluxos de processos, ao mesmo tempo que<br />

assegura uma cadeia de frio contínua, como<br />

exigido pelos seus fármacos mais sensíveis.<br />

RASTREABILIDADE DIGITAL<br />

DAS ENTREGAS<br />

Com o novo sistema de monitorização<br />

e rastreio e ePOD, a Nomeco vai poder<br />

controlar e melhorar todo o processo<br />

da primeira à última milha, desde o<br />

carregamento do veículo de distribuição,<br />

passando pela otimização das rotas, até à<br />

entrega final e à visibilidade de todos os<br />

processos de gestão relacionados.<br />

A solução ZetesChronos assegura<br />

informações em tempo real relativamente ao<br />

movimento de mercadorias e aos motoristas<br />

da frota envolvidos na entrega, garantindo<br />

a rastreabilidade na totalidade do processo.<br />

Os motoristas podem recolher assinaturas<br />

eletrónicas e obter uma prova fotográfica das<br />

entregas, assim como comunicar diretamente<br />

com todos os intervenientes para total<br />

transparência da cadeia de abastecimento e<br />

níveis de serviço melhorados.<br />

No back office, equipados com atualizações<br />

em tempo real das entregas, os despachantes<br />

podem monitorizar os estados das<br />

encomendas e tomar a decisão adequada em<br />

caso de dúvidas ou discrepâncias.


SCM Supply Chain Magazine<br />

47<br />

POSSIBILIDADE DE DISTRIBUIÇÃO<br />

A TEMPERATURA CONTROLADA<br />

Sobre o processo de digitalização, Per Hansen,<br />

diretor de logística da Nomeco, diz que “a solução<br />

ZetesChronos permite-nos monitorizar todas as<br />

entregas, garantindo simultaneamente um melhor<br />

processo de interação entre os distribuidores, a<br />

frota e o cliente. Tal não só ajuda a proporcionar<br />

uma melhor experiência de entrega aos clientes,<br />

como também permite que a nossa organização<br />

cresça e acompanhe os desenvolvimentos.”<br />

A solução ZetesChronos também permite<br />

a monitorização do estado, alertando<br />

automaticamente os motoristas relativamente<br />

à temperatura correta a que cada embalagem<br />

deve ser transportada.<br />

O sistema reúne os dados e produz alertas<br />

quando a temperatura crítica está prestes a ser<br />

excedida, ao longo do transporte e da entrega.<br />

Tal permite fazer medições a qualquer altura,<br />

evitando a perda de qualidade e o desperdício,<br />

garantindo que a Nomeco tem uma cadeia de<br />

frio contínua.<br />

OPERAÇÃO AMBIENTALMENTE<br />

SUSTENTÁVEL<br />

Para alcançar uma logística sustentável, é<br />

imperativo reduzir o número de entregas e,<br />

desta forma, otimizar os custos de entrega,<br />

tendo também em conta o impacto ambiental.<br />

O sistema de próxima geração da ZetesChronos<br />

incorpora uma diversidade de funcionalidades,<br />

como a gestão dinâmica de recolhas e entregas<br />

não planeadas, além de também poder incorporar<br />

a logística inversa no processo de entrega, para<br />

poupar tempo e minimizar as viagens sem carga,<br />

assim como as emissões.<br />

“Esperamos diminuir o número de viagens<br />

adicionais de e para as farmácias, reduzindo-o<br />

ao mínimo,” conclui o diretor de logística da<br />

Nomeco. •


48<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

TRANSPORTE<br />

UPS Portugal


SCM Supply Chain Magazine<br />

49<br />

Texto: Dora Assis<br />

“OS MERCADOS<br />

PORTUGUÊS<br />

E IBÉRICO<br />

SÃO MUITO<br />

IMPORTANTES”<br />

Os 30 anos de operação da UPS em<br />

Portugal foram o momento escolhido<br />

pela empresa para dar a conhecer o seu<br />

mais recente investimento no nosso<br />

país: a requalificação do Brokerage<br />

Business Center, no Porto. O prestador<br />

global de serviços logísticos norte-<br />

-americano deixou claro que está para<br />

ficar, quer continuar a ser o parceiro<br />

de eleição na exportação do “Made<br />

in Portugal” e mais investimentos se<br />

seguirão, porque a Península Ibérica<br />

tem um papel importante na rede<br />

europeia da UPS.<br />

Em conferência de imprensa, Romina Lorenzo,<br />

a country manager da UPS para Portugal<br />

e Espanha, sublinhou que “os mercados<br />

português e ibérico são muito importantes para<br />

a UPS, como parte integrante da nossa rede de<br />

operações europeia. A nossa equipa, de mais de<br />

280 pessoas em Portugal, permite-nos entregar<br />

o que importa, dentro dos prazos e com uma<br />

qualidade de serviço líder no setor, ajudando as<br />

empresas a crescer a nível internacional”.<br />

O Brokerage Business Center, instalado<br />

no Porto, encarrega-se de procedimentos de<br />

importação e exportação, um dos objetivos<br />

fundamentais do compromisso da UPS para<br />

com o tecido industrial, seja ele composto<br />

por grandes ou pequenas e médias empresas,<br />

ajudando-as a crescer através da exportação.<br />

Inicialmente, em 2021, aquelas novas<br />

instalações na Cidade Invicta foram<br />

projetadas para acomodar 38 funcionários.<br />

Atualmente são mais de 100 os profissionais<br />

de corretagem que integram a equipa que<br />

dá apoio e suporte ao mercado português e<br />

espanhol, auxiliando os clientes da UPS na<br />

verificação de documentação, coordenação do<br />

desalfandegamento, pagamento de impostos<br />

e todo o tipo de operações relacionadas com<br />

os movimentos do comércio internacional de<br />

mercadorias.


50<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

O IMPULSO DO BREXIT<br />

Ao longo do tempo, a UPS tem testemunhado um<br />

crescimento constante e estável das exportações.<br />

Nos últimos 10 anos, o volume médio diário das<br />

exportações na Europa mais do que duplicou e<br />

esta constitui uma importante porta de entrada<br />

para o comércio entre os mercados tradicionais e<br />

emergentes. O Brexit impulsionou bastante todas<br />

as atividades ali desenvolvidas, já que é a partir<br />

daquele centro na cidade do Porto que a equipa<br />

da UPS trata, por exemplo, de todos os processos<br />

de “tramitação administrativa, agindo em nome<br />

do cliente para pagamento dos impostos quando<br />

as mercadorias entram na União Europeia”, explica<br />

Sandro Pinto, responsável pelo escritório em<br />

Portugal.<br />

“Há muitas oportunidades em Portugal e em<br />

Espanha. Nos primeiros dois meses de <strong>2023</strong>, o<br />

volume de encomendas expedidas aumentou<br />

12,7%, face ao mesmo período de 2022, e o<br />

número de declarações aduaneiras cresceu 18,9%<br />

no mesmo período“, sublinhou ainda. Não menos<br />

importante é o facto do centro estar operacional<br />

24 horas por dia. “Só não há ninguém a trabalhar<br />

das 18h de sábado até às 23h de domingo”,<br />

esclarece o responsável nacional.<br />

30 anos depois de ter chegado, a UPS dispõe


SCM Supply Chain Magazine 51<br />

no nosso país de dois centros operacionais para<br />

pequenas encomendas, uma solução de gestão da<br />

cadeia de abastecimento com mais de 17.000 m²<br />

de espaço de armazenagem, o Brokerage Business<br />

Center do Porto, e mais de 470 localizações UPS<br />

Access Point, que oferecem uma alternativa<br />

flexível no segmento B2C para o levantamento de<br />

encomendas. Já no B2B, o crescimento também<br />

tem sido assinalável, assim como o alargamento<br />

dos segmentos de atuação, pelo que a UPS conta<br />

atualmente “com clientes em setores tão diversos<br />

como o têxtil, o calçado ou o automotive”,<br />

sublinha Sandro Pinto.<br />

HEALTHCARE<br />

ESTÁ DE BOA SAÚDE<br />

Embora com pouca expressão em Portugal, a<br />

área farmacêutica e de healthcare tem um papel<br />

preponderante no universo UPS, como o operador<br />

teve oportunidade de evidenciar no processo de<br />

distribuição de vacinas durante a pandemia.<br />

De realçar que já em 2022, a empresa comprou<br />

o operador Bomi Group, reforçando a sua rede<br />

logística, ao acrescentar ao portefólio da UPS<br />

Healthcare novas instalações de temperatura<br />

controlada em 14 países e, entretanto, em janeiro<br />

de <strong>2023</strong> a UPS inaugurou em Madrid um dos<br />

maiores armazéns do setor farmacêutico na<br />

Europa e que envolveu um investimento de 18<br />

milhões de euros.<br />

Este novo centro logístico compatível com<br />

GMP e GDP, ocupa uma área de 27.578 m² e<br />

terá capacidade para armazenar 60.000 paletes<br />

tornando-se, segundo o operador logístico, um<br />

dos maiores armazéns do setor farmacêutico na<br />

Europa.


52<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

Fonte: UPS Portugal


SCM Supply Chain Magazine 53<br />

As inovações em termos biológicos,<br />

especialmente em produtos farmacêuticos<br />

e medicina personalizada, levam a que<br />

80% dos produtos farmacêuticos na Europa<br />

exijam agora um transporte com temperatura<br />

controlada. As instalações de Madrid darão<br />

resposta a esta necessidade crescente, através<br />

de diversas soluções de armazenamento<br />

com temperatura controlada (-30°C, +2+8°C,<br />

+15+25°C) e de um sistema automatizado<br />

de última geração para recolha de pedidos,<br />

com uma margem de erro estimada inferior a<br />

0,02%. Trata-se de um sistema alinhado com<br />

os certificados BREEAM e projetado de acordo<br />

com os mais altos padrões de operacionalidade<br />

sustentável.<br />

Estrategicamente localizado próximo do<br />

aeroporto de Madrid, com ligações rodoviárias<br />

à área metropolitana da capital espanhola e a<br />

Barcelona, o novo centro também será o maior<br />

do Grupo Bomi em Espanha. Vai juntar-se aos<br />

sete centros já existentes no país, incluindo<br />

um perto de Madrid, quatro na Catalunha e<br />

dois nas ilhas Canárias, dando suporte à rede<br />

global.<br />

Embora sem detalhar, Romina Lorenzo e<br />

Sandro Pinto asseguram que <strong>2023</strong> será um<br />

ano de investimentos a nível ibérico para a<br />

UPS. Certo, certo, no imediato, é a aposta do<br />

operador em fontes de energia alternativa<br />

nas suas operações e instalações. Em termos<br />

de distribuição e entrega, a tendência vai<br />

para uma frota cada vez mais amiga do<br />

ambiente, pelo que não é de estranhar que<br />

em cidades como Lisboa, Porto ou Aveiro,<br />

para encomendas mais pequenas, as carrinhas<br />

castanhas e douradas deem lugar a veículos<br />

mais pequenos, de duas rodas, e “verdes”. •


54<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

Texto: Fábio Santos<br />

TRANSPORTE<br />

AZUL<br />

E AMARELO<br />

DÁ VERDE<br />

O azul da Ford com o amarelo da energia só pode dar… verde!<br />

A Ford Pro lançou a sua nova carrinha comercial ligeira 100%<br />

elétrica e totalmente conectada, a E-Transit Courier. Este novo<br />

veículo veio reforçar a aposta da empresa em veículos elétricos<br />

e entrará em produção no terceiro trimestre de 2024, estando<br />

também disponível em versões de gasolina e diesel, com<br />

entrega prevista para o terceiro trimestre deste ano, podendo<br />

ser encomendadas a partir do verão.<br />

Ford E-Transit<br />

Courier


SCM Supply Chain Magazine 55<br />

Apesar de ainda se encontrar em testes<br />

em relação à sua autonomia, a Ford Pro<br />

avança com alguns detalhes em relação<br />

ao veículo, desde logo ao nível do tamanho<br />

e capacidade. A nova E-Transit Courier tem<br />

1.803 milímetros de comprimento, 1.220 de<br />

largura e 1.244 de altura, um aumento de 182,<br />

208 e 9 milímetros, respetivamente, face ao<br />

modelo anterior.<br />

Este novo design trouxe, no entanto, duas<br />

novidades em termos de design: um pequeno<br />

compartimento que expande esta área<br />

para o habitáculo, como uma antepara, que<br />

lhe permite aumentar o seu comprimento<br />

para 2.661 milímetros (mais 1.040 do que<br />

no modelo anterior), e o aumento de 200<br />

milímetros entre as rodas, o que lhe permite<br />

transportar duas europaletes em simultâneo.<br />

Com estas alterações, o volume total de carga<br />

aumentou em 25% para os 2,9 m3.<br />

Ao nível da carga bruta, a versão elétrica<br />

terá uma capacidade de 700 kg, enquanto<br />

as versões diesel e a gasolina permitem até<br />

678 kg, e uma opção de High Payload que<br />

aumenta a carga bruta para 845 kg. Ao nível<br />

do reboque, o peso máximo é de 1.100 kg<br />

para a versão diesel e 1.000 kg para a versão<br />

a gasolina.<br />

Ao nível do motor, os clientes podem optar<br />

por um a gasolina mais avançado, o Ford<br />

EcoBoost de 1,0L nas variantes 100 CV e 125<br />

CV, ou por um a diesel EcoBlue de 1,5L com<br />

100CV.<br />

“A E-Transit Courier eleva o seu segmento a<br />

um patamar acima com um desempenho VE<br />

sem compromissos, maior capacidade de carga<br />

e ajudas 100% conectadas, incluindo soluções<br />

de carregamento ponta a ponta, sistema<br />

Ford Pro E Telematics e um extra de ‘uptime’<br />

FORDLiive”, destaca Hans Schep, diretor geral<br />

da Ford Pro, Europa. “A liderança


56<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

de longa data da Ford Pro no mercado dá-nos<br />

uma visão incomparável das necessidades dos<br />

clientes e significa que podemos ajudá-los<br />

a obter uma grande produtividade dos seus<br />

veículos comerciais compactos com maior<br />

conectividade e capacidade do que nunca”.<br />

OTIMIZAÇÃO DA CONDUÇÃO<br />

Uma das preocupações do setor foca-se na<br />

otimização energética ou de combustíveis,<br />

conseguida através de uma melhor condução.<br />

Desse modo, a Ford Pro dotou os veículos com<br />

três modos de condução que os condutores<br />

podem escolher:<br />

NORMAL – resposta ao acelerador<br />

normal, utilização de energia para a direção e<br />

a climatização;<br />

ECO – aumenta a autonomia por suavizar<br />

a resposta do acelerador e reduzindo a<br />

utilização de energia para a climatização;<br />

ESCORREGADIO – suaviza a resposta do<br />

acelerador e adapta a direção para oferecer<br />

um melhor controlo em pisos molhados ou<br />

com neve e gelo.<br />

CARREGAMENTO E<br />

CONECTIVIDADE<br />

A Ford Pro destaca que a E-Transit Courier foi<br />

concebida para proporcionar uma experiência<br />

de condução sem compromissos para os


SCM Supply Chain Magazine 57<br />

clientes, incluindo um motor elétrico de 100<br />

kW e capacidade de condução One Pedal<br />

(Pedal Único), para dias mais simples e<br />

menos cansativos em cidades movimentadas.<br />

A tecnologia Ford Pro Charging permite<br />

carregar o veículo em meios comercial,<br />

público ou doméstico, para o caso de os<br />

condutores levarem os seus veículos de<br />

trabalho para casa. Embora ainda não existam<br />

dados mais concretos, a empresa estima<br />

uma carga de 11 kW AC durante a noite em<br />

ambiente domiciliar, de 5,7 horas, ou de<br />

carregamento rápido em espaços públicos, de<br />

até 100 kW, podendo ir dos 10 aos 80% em<br />

menos de 35 minutos.<br />

Uma das características ao nível do<br />

carregamento é a possibilidade de<br />

agendamento através do software, para<br />

uma melhor gestão da energia consumida,<br />

permitindo beneficiar de melhores tarifas<br />

elétricas ou gerir os picos de consumo das<br />

empresas.<br />

Os clientes com cinco ou mais veículos<br />

poderão beneficiar de um ano de acesso<br />

gratuito às funções personalizadas do Ford<br />

Pro E-Telematics, um sistema que permite às<br />

empresas maximizar as suas produtividades<br />

através de dados em tempo real, e ainda<br />

fornecer funções criadas para ajudar na<br />

utilização do Ford Pro Charging, como a


58<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

monitorização do carregamento, estado<br />

de carregamento específico do veículo ou<br />

autonomia restante.<br />

Através do painel de instrumentos<br />

“digiboard”, de 12 polegadas e ecrã sensível<br />

ao toque, o condutor tem acesso ao sistema<br />

SYNC 4, e através de um sistema de<br />

subscrição para a Navegação Conectada,<br />

é possível aumentar a produtividade e<br />

reduzir a carga de trabalho do condutor com<br />

atualizações sobre tráfego, estacionamento,<br />

carregamento e perigos locais.<br />

Ao nível da segurança, os operadores<br />

podem receber alertas de colisão ou de<br />

arrombamento de veículos através do<br />

software Ford Pro, e com o Inibidor de<br />

Arranque de Frota, os gestores de frotas<br />

podem ativar e desativar remotamente o<br />

veículo para ajudar a prevenir roubos ou a sua<br />

utilização não autorizada fora do horário de<br />

trabalho.<br />

SEGURANÇA<br />

Para além do software anterior, a E-Transit<br />

Courier conta com os seguintes sistemas de<br />

segurança, capazes de detetar e prevenir<br />

roubos:<br />

Sensores volumétricos para detetar<br />

movimento no interior do veículo;<br />

Alarme de perímetro para detetar a<br />

abertura não autorizada das portas ou do<br />

capô;<br />

Função de duplo bloqueio para evitar que<br />

os ladrões possam usar puxadores de portas


SCM Supply Chain Magazine 59<br />

interiores depois de partir uma janela para<br />

acesso.<br />

Através de uma parceria com a TVL<br />

Security, a Ford Pro está também a lançar<br />

quatro novos pacotes de fechaduras, para<br />

ajudar a proteger a mercadoria, disponíveis<br />

como opções de fábrica:<br />

Fechadura contra arrombamento na porta<br />

do condutor;<br />

Pegas que trancam automaticamente a<br />

porta lateral deslizante e as portas de carga<br />

traseira quando fechadas;<br />

Fechaduras de gancho separadas nas<br />

portas laterais e traseiras para ajudar a evitar<br />

arrombamentos;<br />

Fechaduras exteriores temperadas para<br />

a porta lateral deslizante e para a porta de<br />

carga traseira.<br />

REDE ELÉTRICA NOS EUA<br />

A E-Transit Courier oferece um ano de acesso<br />

gratuito à Blue Oval Charge Network, uma rede<br />

de carregamento nos EUA que até ao próximo<br />

ano irá contar com 500.000 postos públicos.<br />

Através do sistema Plug and Charge, os<br />

proprietários do veículo podem simplesmente<br />

ligá-lo à ficha sem terem de fazer mais nada,<br />

quando utilizam carregadores compatíveis com<br />

a Blue Oval Charge Network, iniciando este<br />

automaticamente. A fatura e resumo da carga<br />

são enviados diretamente ao proprietário após<br />

desligar a tomada. “Para ir mais longe entre<br />

carregamentos, a função Intelligent Range,<br />

albergada na cloud, coleciona dados para<br />

fornecer números mais precisos de autonomia”,<br />

explica ainda a Ford. •<br />

bem-vindo a<br />

uma estreita colaboração<br />

em toda a Europa<br />

Descubra o caminho mais curto para uma experiência local,<br />

apoio ao cliente, garantia de disponibilidade e uma<br />

parceria dedicada, com a nossa cobertura Europeia.<br />

together towards a sustainable future


60<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

TRANSPORTE<br />

Certificados<br />

de Transporte


SCM Supply Chain Magazine 61<br />

Texto: Fábio Santos<br />

PRIMAVERA<br />

CHEGA COM<br />

CERTIFICADOS<br />

GREEN<br />

Foi a entregar 38 Certificados de Transporte<br />

Sustentável que a Medway marcou o primeiro<br />

dia de primavera. Esta é uma das iniciativas<br />

de sustentabilidade ambiental da empresa<br />

para distinguir os seus clientes pelos seus<br />

contributos para a redução carbónica em<br />

2022, ao utilizarem a ferrovia ao invés da<br />

rodovia. Ao todo foi evitada uma emissão de<br />

102.194 toneladas de CO2 eq. para a atmosfera,<br />

comparativamente ao que emitiriam caso o<br />

transporte fosse feito por meio rodoviário, um<br />

valor recorde, tanto em volume de emissões<br />

como de clientes premiados.<br />

No dia 20 de março a Medway atribuiu, pelo<br />

terceiro ano consecutivo, os Certificados<br />

de Transporte Sustentável aos seus<br />

clientes. O facto de terem atingido uma<br />

nova meta demonstra o contributo desta<br />

galardoação para a redução das emissões<br />

de gases de efeito estufa para a atmosfera,<br />

obtida através do transporte de mercadorias.<br />

De acordo com a empresa, tem sido registada<br />

uma evolução positiva na procura de soluções<br />

mais ecológicas, assim como no número de<br />

entrega destes documentos, revelando o<br />

interesse dos clientes em conhecer o impacto<br />

ambiental que tiveram ao escolher o comboio<br />

para transportar as suas mercadorias.<br />

Para além da distinção, esta é também<br />

uma forma de promover e consciencializar<br />

as empresas para as vantagens ambientais<br />

da utilização dos meios ferroviários para<br />

o transporte de mercadorias. Carlos<br />

Vasconcelos, presidente do Conselho de<br />

Administração da Medway, reconhece que<br />

“o transporte de pessoas e mercadorias é<br />

responsável por 28% do total de emissões de<br />

CO2 para a atmosfera, em Portugal”, mas que<br />

“através de escolhas mais conscientes, tornar<br />

o setor logístico e de transportes cada vez<br />

mais ecológico é uma prioridade para nós”.<br />

Relativamente às preocupações ambientais<br />

por parte dos clientes da Medway, e à sua<br />

participação nos Certificados de Transporte<br />

Sustentável, Isabel Marques, Quality &<br />

Environment Manager da empresa, considera<br />

que “é cada vez mais importante pensar<br />

sobre os impactos da ação humana no<br />

meio-ambiente e sobre a melhor forma de<br />

os gerir. É fundamental para toda a cadeia<br />

de abastecimento ver os seus negócios<br />

associados a uma menor pegada ambiental.<br />

Neste contexto, os Certificados de Transporte<br />

Sustentável adquirem uma enorme


62<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

relevância, pois dão ao cliente a informação<br />

relativa à quantidade de emissões de CO2 eq<br />

que evitam, por recorrerem ao transporte por<br />

modo ferroviário, que é comprovadamente o<br />

meio de transporte mais amigo do ambiente”.<br />

“Temos em mente que é urgente a<br />

consciencialização ambiental deste setor e<br />

que cada vez mais as empresas combinem<br />

as vantagens ambientais da ferrovia com a<br />

adoção de medidas para reduzir a pegada<br />

ambiental do setor logístico. Acreditamos<br />

que, com os investimentos e estratégia<br />

que temos aplicado, representamos um<br />

forte contributo para a sustentabilidade da<br />

indústria”, comentou Carlos Vasconcelos.<br />

Quando comparados, e tendo por base os<br />

dados da Medway, o transporte ferroviário<br />

consegue uma redução de emissões de CO2<br />

eq de cerca de 70%, quando comparado com<br />

o transporte rodoviário necessário para a<br />

mesma carga, e poderá mesmo atingir os<br />

100% caso sejam utilizadas locomotivas<br />

elétricas, algo em que a ferroviária tem<br />

investido para tonar a sua frota mais<br />

eficiente e sustentável, bem como duas<br />

medidas essenciais: a eletrificação total<br />

da rede e o livre acesso dos operadores ao<br />

mercado da eletricidade. “Por isso, o comboio<br />

é considerado o meio de transporte de<br />

mercadorias mais sustentável e também o que<br />

acarreta menos custos e permite reduzir o<br />

tráfego das estradas”, aponta o comunicado.<br />

A cerimónia contou ainda com a presença<br />

do Secretário de Estado das Infraestruturas,<br />

Frederico Francisco, que começou por<br />

“felicitar esta iniciativa da Medway ao dar<br />

aos seus clientes, pela escolha que fazem<br />

ao transportar as suas mercadorias por<br />

comboio”, mas “nós temos consciência de que<br />

a responsabilidade ambiental, por si só, e este<br />

reconhecimento, não é suficiente e não basta<br />

para que os clientes possam escolher o modo<br />

ferroviário”.<br />

O Secretário de Estado considera ainda<br />

que a transferência modal da rodovia para<br />

a ferrovia “só se dará, e só continuará, se


SCM Supply Chain Magazine 63<br />

o modo ferroviário conseguir oferecer aos<br />

seus clientes um custo baixo e uma elevada<br />

fiabilidade”, sendo que este último ponto<br />

“é um aspeto em que a ferrovia, hoje, tem<br />

alguma dificuldade em competir com a<br />

rodovia”.<br />

Nesse sentido, e em declarações à SCM,<br />

Bruno Silva, diretor-geral da Medway, destaca<br />

que “os dois modos não são estritamente<br />

concorrentes entre si, também têm um<br />

grande potencial de complementaridade,<br />

e hoje são complementários”, dando como<br />

exemplo o transporte intermodal, e que<br />

cada um dos meios tem as suas vantagens<br />

próprias e espaço para existirem no mercado<br />

simultaneamente.<br />

“Penso que a questão mais crítica no final<br />

do dia tem que ver com aquilo que é o preço<br />

de transporte da mercadoria. O tempo de<br />

trajeto, e mesmo em distâncias mais curtas,<br />

que é a nossa realidade do país, o importante<br />

é a rotação que conseguimos dar aos ativos,<br />

portanto, com altas frequências de comboios,<br />

com um tempo de trajeto mais fiável, a<br />

diferença face à rodovia não é tão crítica, e<br />

depois depende muito de mercadorias para<br />

mercadorias. Mercadorias com alto valor<br />

acrescentado que precisem de entregas<br />

JIT, eventualmente o tempo tem um valor<br />

significativo, mas isto é uma realidade muito<br />

reduzida daquilo que são as mercadorias<br />

que se movem, portanto eu diria que no final<br />

do dia, o ponto fundamental é a fiabilidade<br />

do transporte, o preço a que se realiza, e a<br />

sustentabilidade”, considera.<br />

O diretor-geral reforça a importância<br />

de que tanto a ferrovia como a rodovia<br />

tenham acesso a condições de apoio<br />

idênticas, considerando que “o importante<br />

é que as regras do jogo sejam iguais”, e<br />

que “um comboio ‘vai a jogo’ tendo custos<br />

energéticos muito superiores sem qualquer<br />

tipo de apoio, como estamos a ver neste<br />

momento, apesar de termos um governo<br />

muito sensível a essa situação”.<br />

“Há empresas que têm na sua esfera a


64<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

responsabilidade sustentável, nomeadamente<br />

do ponto de vista ambiental, e que veem no<br />

caminho de ferro algo como uma solução<br />

alternativa, mas é claro que em muitos<br />

serviços o comboio é uma alternativa clara à<br />

rodovia, e é por isso que a comissão europeia,<br />

ela própria estipula metas de transferência<br />

modal. O que é importante é que as regras do<br />

jogo sejam iguais para os dois”, reforça Bruno<br />

Silva.<br />

Algumas diferenças sentidas pelo<br />

responsável são ao nível energético, visto<br />

a componente rodoviária já ter o gasóleo<br />

profissional renovado para este semestre,<br />

enquanto ainda nada foi feito para a ferrovia,<br />

e ao nível dos custos de utilização das<br />

infraestruturas, em que o comboio suporta<br />

100% destes valores diretos, enquanto<br />

na rodovia paga apenas uma parcela nas<br />

autoestradas, mas não nas estradas nacionais,<br />

caso opte por as utilizar. “Como as regras<br />

do jogo são diferentes, isto vai-se notar<br />

depois no preço direto do transporte. Isto é<br />

o principal fator que por vezes não ajuda a<br />

que clientes possam usar tanto o comboio”,<br />

afirma.<br />

Também Carlos Vasconcelos destacou<br />

ser “urgente e imperativo que as políticas<br />

governamentais não continuem a favorecer<br />

a rodovia, como vem sendo feito, mais<br />

concretamente refiro-me à necessidade dos<br />

incentivos e apoios governamentais, que sejam<br />

idênticos para os dois modos de transporte, o<br />

que hoje não sucede. Por outro


Munique<br />

9 - 12 Maio<br />

A LOGÍSTICA PORTUGUESA VOLTA A MARCAR<br />

PRESENÇA NA TRANSPORT LOGISTIC.<br />

De 09 a 12 de Maio, o stand colectivo de Portugal volta a acolher -<br />

naquela que é considerada a feira de referência mundial - as empresas<br />

nacionais que pretendem apresentar os seus serviços e soluções para o<br />

mundo da Logística, do Transporte e do Shipping. Contamos consigo?<br />

EMPRESAS CONFIRMADAS:<br />

Saiba mais em: www.supplychainmagazine.pt/eventos/logisticsportugal/<br />

Uma iniciativa exclusiva


66<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

lado, será também importante uma política de<br />

incentivos à indústria e ao comércio, para apoio<br />

à transferência modal, à redução da pegada de<br />

CO2 em cada produto e em cada serviço.<br />

O responsável afirma ainda que “a<br />

manterem-se as políticas que beneficiam a<br />

rodovia em detrimento da ferrovia, corremos<br />

o risco de não caminharmos para a economia<br />

sustentável”.<br />

A um nível mais estratégico, o diretorgeral<br />

adianta que “nós temos uma estratégia<br />

clara de atingir a neutralidade carbónica. O<br />

caminho parece-nos facilmente alcançável,<br />

porque ao contrário de outras alternativas de<br />

transporte terrestre, o transporte ferroviário<br />

já tem a tecnologia para tal desenvolvida,<br />

em ampla implementação a largos anos,<br />

totalmente testada, e da nossa parte aquilo<br />

que temos como missão é continuar a investir<br />

em frota totalmente elétrica”, suportando<br />

a ideia defendida por Carlos Vasconcelos<br />

de que é também necessária uma rede<br />

totalmente eletrificada e com o acesso direto<br />

dos operadores ferroviários ao mercado da<br />

eletricidade, para que possam desenvolver as<br />

suas estratégias de compra direta do mercado<br />

energético.<br />

“A estratégia da MEDWAY tem na sua base<br />

valores sustentáveis, uma vez que atuamos num<br />

setor com um impacto considerável no meioambiente”,<br />

reconhece o presidente da Medway,<br />

sendo que para além desta iniciativa também


SCM Supply Chain Magazine 67<br />

integram outras ao nível da sustentabilidade,<br />

como é o caso da Operation Clean Sweep, ou<br />

da Carta de Princípios para o Desenvolvimento<br />

Sustentável, da BCSD Portugal.<br />

“Agradecemos, por isso, aos clientes<br />

que confiam na MEDWAY para esta<br />

responsabilidade que é prestar um serviço<br />

eficaz e em linha com valores ambientais.<br />

Trabalhamos diariamente, com a união e<br />

resiliência de todos os colaboradores, para<br />

que estes objetivos se tornem possíveis.<br />

Temos investido no sentido de procurar maior<br />

eficiência e sustentabilidade e, apesar de todos<br />

os desafios, é com uma expectativa positiva<br />

que vemos o futuro do setor”, conclui Carlos<br />

Vasconcelos. •


68<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

CARREIRA<br />

Randstad


SCM Supply Chain Magazine<br />

69<br />

Texto: Ana Paiva<br />

10 ESTRATÉGIAS<br />

PARA GERIR<br />

TALENTO EM <strong>2023</strong><br />

Os funcionários são parte fundamental de<br />

qualquer empresa. Sem eles não há negócio,<br />

e sem negócio não há sucesso. Após tempos<br />

de incerteza, que testaram a resiliência de<br />

negócios e de pessoas, hoje, os líderes de<br />

capital humano estão muito mais atentos às<br />

necessidades dos trabalhadores, e querem<br />

ter um papel ativo no acompanhamento<br />

das suas carreiras. A Randstad Sourceright<br />

divulgou as estratégias a adotar para<br />

alcançar este objetivo.<br />

Vivemos tempos exigentes. Os desafios<br />

económicos que se vivem atualmente<br />

em todo o mundo estão a impactar<br />

vida de muitos líderes de capital humano,<br />

especialmente à medida que os recursos<br />

diminuem. No entanto, perante a adversidade,<br />

os empregadores estão concentrados nos<br />

seus funcionários, e empenhados em aplicar<br />

mudanças que possam gerar impacto positivo<br />

no seu desempenho.<br />

No estudo “Talent Trends <strong>2023</strong>”, da<br />

Randstad Sourceright, foram inquiridos<br />

mais de 900 executivos séniores e líderes<br />

de capital humano, em 18 mercados, a nível<br />

global. Os resultados mostram que, após<br />

terem exibido uma boa liderança durante a<br />

pandemia, e consequente recuperação, agora<br />

estão empenhados em assegurar que os seus<br />

funcionários estão preparados para qualquer<br />

contingência.


70<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

De acordo com o inquérito, 77% dos líderes<br />

de talento afirmam que as suas estratégias<br />

de aquisição de talento concentram-se mais<br />

na criação total de valor para a empresa,<br />

do que obter economias de custo, uma<br />

diferença de 32%<br />

em relação ao<br />

ano passado.<br />

Por sua vez,<br />

80% acredita<br />

que o objetivo<br />

da estratégia<br />

de aquisição de talento é ter<br />

um impacto mensurável no<br />

desempenho empresarial. A<br />

importância da agilidade na<br />

força de trabalho foi tida em<br />

conta por 77% dos líderes,<br />

mais 11% em relação a 2022.<br />

Os departamentos de recursos humanos<br />

estão agora a trabalhar mais estreitamente<br />

com as empresas para posicionar as forças<br />

de trabalho tanto para uma diminuição,<br />

como para uma recuperação da economia<br />

global, nomeadamente através de práticas<br />

inovadoras e experiências de talentos que<br />

impulsionam o envolvimento, satisfação e<br />

produtividade.<br />

Se os recursos humanos se focarem em<br />

cada etapa do ciclo de vida do talento, desde<br />

a atração, envolvimento até à contratação,<br />

possibilidade de mobilidade interna,<br />

transição de carreira, e reforma, agregam<br />

valor em cada momento importante da vida<br />

profissional do trabalhador. 76% dos líderes<br />

indicam que estão a colocar maior ênfase<br />

no desenvolvimento de competências e no<br />

envolvimento de carreira. A maioria dos<br />

inquiridos (79%) refere que o coaching tem<br />

um impacto positivo na força de trabalho.<br />

A tecnologia é uma boa ferramenta para<br />

uma boa experiência de envolvimento, mas<br />

funciona apenas como um facilitador. As<br />

empresas que colocam os funcionários em<br />

primeiro lugar, e a tecnologia em segundo<br />

são as que têm maior sucesso com projetos<br />

tecnológicos de recursos humanos.<br />

AS TENDÊNCIAS<br />

No estudo, a Randstad apresenta aquelas que<br />

serão as tendências para o mercado de talentos<br />

em <strong>2023</strong>. As sugestões destinam-se aos líderes<br />

desta área e têm como obejtivo ajudar a gerir<br />

não só a aquisição de talento, mas também<br />

aquele que já existe nas empresas.


SCM Supply Chain Magazine 71<br />

1<br />

COLOCAR A CRIAÇÃO DE VALOR NO TOPO<br />

DA LISTA DE PRIORIDADES<br />

Como mudar as estratégias de aquisição de<br />

talentos para criar valor:<br />

- Considere a criação de polos de talento<br />

internos, para além dos externos, para a<br />

utilização de recursos just-in-time, que<br />

podem ajudar a empresa a atuar consoante as<br />

condições de um mercado em mutação.<br />

- Utilize a inteligência de talentos para<br />

entender onde pode ter maior impacto com a<br />

sua estratégia, quer seja em reduzir os tempos<br />

de recrutamento, melhorar a diversidade<br />

da força de trabalho, tomar decisões mais<br />

bem informadas sobre como e onde adquirir<br />

competências, como melhorar a produtividade,<br />

reduzir a rotatividade, ou gerir despedimentos<br />

com sensibilidade.<br />

- Colabore com líderes empresariais para<br />

reforçar as previsões de contratação para que<br />

possa escalar para cima ou para baixo, à medida<br />

que as necessidades do negócio mudam. Isto<br />

irá ajudar a redistribuição e o planeamento da<br />

mobilidade interna.<br />

2<br />

SUPERAR A ESCASSEZ DE TALENTOS COM UMA<br />

EXPERIÊNCIA DE TALENTO PROPOSITADA<br />

Como tornar a experiência de talento mais<br />

significativa:<br />

- Concentre-se nos pilares que fazem maior<br />

diferença na forma como o talento se sente


72<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

- Uma vez estabelecidos os padrões de<br />

referência, acordar objetivos com todas<br />

as partes interessadas com o<br />

objetivo de desenvolver um<br />

plano de ação para aplicar<br />

mudanças.<br />

- Identificar KPIs claros<br />

que sejam importantes<br />

para objetivos específicos<br />

da empresa, no que diz<br />

respeito a negócios e talento.<br />

Concentre-se nas métricas que<br />

contribuem para esses objetivos<br />

para que possa decidir o que medir.<br />

- Dar prioridade à segurança,<br />

exatidão e integridade dos dados.<br />

Dados limpos são a chave para<br />

conduzir uma mudança eficaz, e<br />

dados seguros são fundamentais para<br />

proteger os funcionários e o negócio.<br />

no negócio: inclusão, trabalho importante,<br />

remuneração justa e conectividade.<br />

- Convide o seu pessoal a criar e desenvolver<br />

iniciativas que impactem as suas vidas<br />

profissionais. Garanta que quem toma decisões<br />

sobre estas iniciativas representa um grupo<br />

diversificado de pessoas, em toda a organização.<br />

- Seja sempre autêntico e transparente.<br />

Os funcionários vão valorizar honestidade e<br />

franqueza, especialmente quando comunicarem<br />

quaisquer mudanças que possam afetar<br />

negativamente a sua moral.<br />

3<br />

CRIAR CLAREZA E DIRIGIR PRONTIDÃO COM<br />

INTELIGÊNCIA DE TALENTO<br />

Como conduzir a excelência da força de<br />

trabalho através da inteligência de talentos:<br />

4<br />

OTIMIZAR INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIA<br />

PARA AUMENTAR A CRIAÇÃO DE VALOR<br />

Como criar mais valor através da tecnologia:<br />

- Independentemente da tecnologia a ser<br />

implementada, concentre-se em tornar a<br />

experiência do utilizador mais transparente e<br />

reativa possível. Isto ajudará a melhorar a sua<br />

adoção, bem como os benefícios que espera<br />

obter para o negócio.<br />

- Crie grupos de utilizadores para recolher<br />

feedback regularmente sobre o que está a<br />

funcionar e o que não está. Adapte a sua<br />

estratégia e processos tecnológicos para<br />

garantir que a tecnologia está a melhorar o<br />

trabalho do utilizador, em vez de se tornar um<br />

fardo.<br />

- Considere possíveis impactos negativos de<br />

novas tecnologias na sua força de trabalho.


SCM Supply Chain Magazine 73<br />

5<br />

DESBLOQUEAR O POTENCIAL DA FORÇA DE TRABALHO<br />

COM MOBILIDADE INTERNA<br />

Como abordar o défice de competências com<br />

mobilidade interna:<br />

- Considere investimentos que facilitem a<br />

mobilidade interna, como uma plataforma<br />

de avaliação de desempenho que abranja<br />

autorreflexões, revisões de colegas, e outros<br />

feedbacks.<br />

- Ofereça oportunidades de formação que se<br />

alinhem estreitamente com as competências<br />

que a empresa necessitará no futuro, em vez de<br />

programas não direcionados.<br />

- Utilize a sua taxonomia para compreender<br />

a proximidade de competências, e como<br />

pode ajudar os funcionários a adquirir as<br />

competências necessárias para funções<br />

específicas.<br />

6<br />

CONSTRUIR UM MOTOR DE APRENDIZAGEM E<br />

DESENVOLVIMENTO QUE ELEVA O DESEMPENHO<br />

EMPRESARIAL<br />

Como encorajar uma cultura de<br />

aprendizagem:<br />

- Providencie a todo o seu pessoal, quer<br />

trabalhe remotamente ou no escritório, apoio,<br />

tempo e recursos necessários para que a<br />

aprendizagem se torne parte da cultura central


74<br />

MARÇO <strong>2023</strong><br />

da sua empresa.<br />

- Quando alcançados bons resultados,<br />

recompense e reconheça os funcionários pela<br />

conclusão de módulos de aprendizagem e<br />

aquisição de competências.<br />

- Invista numa plataforma de aprendizagem<br />

para personalizar a experiência para que os<br />

utilizadores possam direcionar as competências<br />

mais relevantes para as suas necessidades e as<br />

da sua empresa.<br />

7<br />

LIDERAR COM COMPAIXÃO DURANTE<br />

A RESTRUTURAÇÃO DO NEGÓCIO<br />

Como restruturar com sensibilidade:<br />

- Priorize a experiência de talento durante<br />

todo o processo. Se colocar as pessoas em<br />

primeiro lugar faz parte<br />

da cultura e dos valores da empresa, deve<br />

manter-se fiel a isso, mesmo em circunstâncias<br />

desafiantes.<br />

-Seja claro e transparente sobre as razões que<br />

levam a demissões.<br />

- Comunique frequentemente e diretamente<br />

com todos os funcionários afetados para<br />

que não haja surpresas ou preocupações<br />

relativamente a apoio financeiro.<br />

8<br />

TRANSFORMAR BOAS INTENÇÕES DE DEI (DIVERSIDADE,<br />

EQUIDADE E INCLUSÃO) EM AÇÕES DE IMPACTO<br />

Como alcançar resultados de DEI:<br />

- Certifique-se de que os seus canais de<br />

recrutamento incluem uma grande variedade<br />

de grupos de talento, como universidades ou<br />

programas de formação profissional.<br />

- Identifique como requisitos de<br />

emprego desnecessários, como educação,<br />

mandatos de serviço ou requisitos físicos<br />

podem excluir diversos talentos.<br />

- Colabore com inovados programas<br />

sociais para procurar talentos que<br />

enfrentem grandes barreiras, como<br />

pessoas com deficiência, pessoas mais<br />

velhas e desempregados há algum<br />

tempo.<br />

9<br />

CONTINUAR A PRIORIZAR O BEM-ESTAR<br />

PORQUE AINDA É IMPORTANTE<br />

Como apostar no bem-estar<br />

dos funcionários durante tempos<br />

difíceis:<br />

- Comunique regularmente<br />

os benefícios oferecidos aos<br />

funcionários através dos programas<br />

de bem-estar.<br />

- Ofereça programas que


SCM Supply Chain Magazine 75<br />

abranjam diferentes estilos de vida, idades<br />

e interesses, de forma a ser o mais inclusivo<br />

possível.<br />

- Considere em adicionar mais dias destinados<br />

à saúde mental, ou acrescentar um dia de férias<br />

pago ao calendário para ajudar a recarregar<br />

baterias, especialmente após períodos de<br />

grande stress.<br />

10<br />

DESTACAR-SE COM PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE<br />

Como construir boas iniciativas de<br />

sustentabilidade:<br />

- Democratize a forma como a sua empresa<br />

aborda iniciativas de sustentabilidade. Envolva<br />

o talento na discussão de tópicos sobre<br />

alterações climáticas, DEI, justiça social e<br />

iniciativas socioeconómicas.<br />

- Invista em iniciativas que se alinhem com<br />

os pontos fortes da sua organização, e encontre<br />

formas de os funcionários usarem os seus<br />

conhecimentos para fazer a diferença.<br />

- Esforce-se pelo progresso e não pela<br />

perfeição. Haverá sempre mais formas de a<br />

sua empresa ser mais sustentável. Se se sentir<br />

sobrecarregado, comece por implementar<br />

pequenas mudanças ao longo do tempo até<br />

atingir o seu objetivo. •


76<br />

DIÁRIO DE BORDO<br />

Miguel Monteiro<br />

Operations and Supply Chain Executive<br />

O PODER INCRÍVEL<br />

E ÚNICO DOS PROFISSIONAIS<br />

DE SUPPLY CHAIN<br />

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu há mais de três décadas,<br />

no entanto, apenas recentemente a sustentabilidade se converteu numa das<br />

buzzwords mais ouvidas do momento.<br />

Mas saberemos realmente do que se trata e o<br />

que está em jogo? Parece que (ainda) não!<br />

Um estudo recente do Capgemini<br />

Research Institute revelou, infelizmente,<br />

que a sustentabilidade continua a ter fraca<br />

influência nas decisões de negócio e que a<br />

maioria das empresas ainda olha para ela<br />

como uma obrigação dispendiosa e não como<br />

um investimento futuro.<br />

E, no entanto, a ciência alerta-nos<br />

de forma enfática: enfrentamos uma<br />

emergência planetária e temos nesta década<br />

provavelmente a última oportunidade de<br />

recuperar o controlo da situação e sermos<br />

ainda donos do nosso destino. Se queremos<br />

garantir um futuro próspero para nós e<br />

para as gerações futuras temos de adotar<br />

urgentemente comportamentos mais<br />

conscientes e promover negócios mais<br />

sustentáveis.<br />

As empresas, não sendo os únicos atores<br />

desta mudança, têm um papel fundamental.<br />

Sem elas será impossível uma transição para<br />

um mundo mais sustentável, mas é crucial<br />

que se perceba que a relação é bidirecional<br />

e que o sucesso económico a longo prazo (e<br />

a sobrevivência) das empresas também está<br />

dependente do sucesso desta transição.<br />

E o que a Supply Chain e os seus<br />

profissionais têm que ver com isso? Tudo!<br />

A Supply Chain e a sustentabilidade estão<br />

intimamente ligadas. Pois, ainda que a<br />

sustentabilidade seja uma questão que diga<br />

respeito a todas as áreas e departamentos<br />

de uma empresa, é na Supply Chain que se<br />

encontram os principais impactos ambientais<br />

e socias.<br />

Adotar práticas sustentáveis em toda a<br />

cadeia de abastecimento, desde a seleção de<br />

fornecedores até à entrega dos produtos aos


SCM Supply Chain Magazine 77<br />

clientes finais, contribui para a preservação<br />

dos recursos naturais, a redução de emissões<br />

de gases de efeito estufa e a promoção de<br />

condições de trabalho dignas e seguras.<br />

Permite ainda melhorar a eficiência e reduzir<br />

os custos operacionais, fortalecer a reputação<br />

das marcas e a fidelidade dos clientes e<br />

cumprir com obrigações legais e éticas.<br />

Em suma, confere às empresas uma forte<br />

vantagem competitiva.<br />

Nós, profissionais de Supply Chain, temos,<br />

portanto, nas nossas mãos um poder de<br />

mudança incrível e único. E se a pandemia<br />

colocou a Supply Chain debaixo dos<br />

holofotes e revelou todas as suas falhas<br />

e vulnerabilidades, a sustentabilidade é<br />

a oportunidade de nos assumirmos como<br />

agentes de transformação para um mundo<br />

melhor e de demonstrarmos mais uma vez que<br />

sabemos estar à altura dos grandes desafios da<br />

humanidade.<br />

Nunca como hoje foi tao desafiante e<br />

empolgante trabalhar na área de Supply Chain.<br />

Sejamos então a mudança que queremos ver<br />

no mundo e ajudemos a construir um mundo<br />

melhor, mais justo e ambientalmente mais<br />

saudável. Faça deste o seu propósito! Haverá<br />

algum mais nobre do que este? •


78<br />

O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />

“O que tem de especial o cérebro humano?”<br />

Ideas worth spreading, TEDGlobal2013<br />

Suzana Herculano-Houzel, 3.5 millhões de visualizações<br />

“Não existe amor mais sincero<br />

do que aquele pela comida”<br />

Bernard Shaw<br />

Suzana Herculano-Houzel leva-nos numa viagem<br />

científica, patrocinada por Charles Darwin, em que<br />

chega à conclusão de que são os nossos hábitos<br />

gastronómicos que nos tornam cognitivamente<br />

superiores aos outros animais. E fá-lo através duma<br />

sopa de células liquefeitas.<br />

Primeiro, Suzana Herculano-Houzel explica-nos<br />

que os neurónios são as unidades funcionais que<br />

processam a informação no cérebro. Quando ela<br />

começou a interessar-se pelo estudo do cérebro<br />

humano, e do que o tornava especial, pensavase<br />

que o tamanho do cérebro dos mamíferos era<br />

proporcional ao número de neurónios que continha,<br />

e indicativo, portanto, da capacidade cognitiva do<br />

animal que o possuía. Contudo, se somos especiais,<br />

não é pelo tamanho do nosso cérebro, que pesa em<br />

média 1.2Kg, enquanto o duma baleia chega a pesar<br />

9Kg. Temos sim um cérebro proporcionalmente<br />

maior em relação ao nosso corpo do que o dos<br />

outros primatas, que gasta até 25% da energia que<br />

consumimos diariamente, cerca de 500 Kcal.<br />

Suzana Herculano-Houzel decidiu então contar<br />

os neurónios em cada cérebro. Criou uma técnica<br />

de contagem que consistia em desfazer as células,<br />

criando uma sopa homogénea, da qual uma pequena<br />

amostra podia ser retirada e os respectivos núcleos<br />

rapidamente contados ao microscópio, e o total<br />

extrapolado. Chegou assim à conclusão que o<br />

cérebro humano tem 86 mil milhões de neurónios<br />

(14 mil milhões menos do que se pensava à data).<br />

A partir daqui, foi-lhe possível comparar cérebros<br />

de diferentes animais, e determinar, por simples<br />

cálculos aritméticos, que somos primatas, na<br />

proporção entre o número de neurónios do nosso<br />

cérebro, o peso do nosso cérebro, e o peso do nosso<br />

corpo. Por outro lado, sabe-se que cada mil milhões<br />

de neurónios consomem 6 Kcal por dia, numa<br />

relação matemática linear que explica as cerca de<br />

500 Kcal por dia que o nosso cérebro consome.<br />

Contudo, se há outros primatas maiores do que<br />

nós, porque não têm mais neurónios do que nós?<br />

Somando o consumo de energia do corpo e o do<br />

cérebro, Suzana Herculano-Houzel percebeu que<br />

o total está limitado pela quantidade de energia<br />

fornecida pela alimentação. Passando 8 horas por<br />

dia a comer alimentos crus, um primata de 75 kg<br />

não consegue sustentar mais de 30 mil milhões<br />

de neurónios. Para ultrapassar esta limitação<br />

metabólica, seria necessário comer durante muito<br />

mais tempo. Ou, em alternativa, tirar muito mais<br />

energia da mesma comida, como fazemos. Em<br />

conclusão, cozinhar os alimentos, pré digerindo-os<br />

pelo fogo, deu-nos a nossa liberdade cognitiva.<br />

Suzana Herculano-Houzel formou-se em Biologia<br />

Modalidade Genética na Universidade Federal do Rio de<br />

Janeiro, fez o mestrado na universidade americana Case<br />

Western Reserve, doutorou-se em França pela Universidade<br />

Pierre e Marie Curie e fez o pós-doutoramento na Alemanha<br />

pelo Instituto Max Planck, todos em neurociências. É autora<br />

de alguns livros, produziu inúmeros artigos científicos, e<br />

exerce actualmente o cargo de professora associada da<br />

Universidade Vanderbilt.<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K


Outsourcing Logístico<br />

Serviços<br />

Descarga e receção de mercadorias Conferência e arrumação Manipulações e<br />

Recondicionamento Etiquetagem Co-packing Kitting Picking e Embalamento<br />

Cross-docking Carregamento e Expedição de Mercadorias Carga e Descarga de Contentores<br />

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Gestão de Devoluções Controlo e Manutenção de Suportes de Manuseamento<br />

Tratamento de Vasilhame e Resíduos<br />

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