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Turismo_Maio_2019

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Como avalia o papel e o peso das agências<br />

de viagens e operadores turísticos no<br />

desenvolvimento do turismo da Madeira?<br />

O sector das agências de viagens tem sido<br />

historicamente fundamental; no presente,<br />

é simplesmente e tão-só o mais importante<br />

veículo de vendas do destino.<br />

Analisando o turismo da ilha nos últimos<br />

10 anos, há muitas diferenças na forma<br />

como o destino é vendido/distribuído?<br />

Do ponto de vista da abordagem do negócio,<br />

o desenvolvimento das low cost e a digitalização<br />

da economia mudaram os modelos<br />

de distribuição, afastando-os da comercialização<br />

charter mais tradicional. Por outro<br />

lado, claro que também notamos no próprio<br />

destino importantes linhas de modernização,<br />

do lado da oferta. Digamos que identificamos<br />

uma óbvia evolução na área da promoção,<br />

mais profissional, mais moderna, e vectores<br />

de caracterização do destino que vão ao encontro<br />

das actuais tendências da procura.<br />

São muitas as vozes que referem que o<br />

aeroporto da Madeira tem constituído um<br />

entrave ao crescimento do turismo e do investimento<br />

na ilha. Concorda?<br />

Completamente. Vivemos uma situação<br />

perfeitamente anacrónica, que urge resolver.<br />

Temos os mesmos ventos, temos uma pista<br />

maior, temos melhor tecnologia a bordo das<br />

aeronaves e no aeroporto, e, acima de tudo<br />

isto, tivemos um enorme crescimento das<br />

incidências, que atingiram níveis insuportáveis,<br />

do ponto de vista da rentabilidade das<br />

operações. O destino corre simplesmente o<br />

risco de ser carimbado como “não credível”.<br />

Será este o maior desafio que se coloca<br />

ao turismo da Madeira?<br />

Não será o único, mas não podemos negar<br />

que torna outros mais difíceis de ultrapassar.<br />

A Madeira sofreu as consequências da falência<br />

de uma série de companhias de aviação.<br />

Todas estas falências significam uma<br />

quebra de procura, que demorará tempo a ser<br />

substituída. E aqui entronca o problema do<br />

aeroporto. Se for rotulado de “pouco seguro”,<br />

do ponto de vista da capacidade de realização<br />

normal de operações, mais difícil será<br />

substituir as operações agora perdidas. Mas,<br />

é evidente, que existem mais desafios. Entre<br />

outros, o facto de termos um crescimento importante<br />

de camas, justamente numa altura<br />

em que há menos voos, ou a eventual necessidade<br />

de promovermos a Madeira em novos<br />

mercados, como os EUA ou o Brasil, agora que<br />

ficou clara a dependência perigosa do mercado<br />

do Reino Unido.<br />

Relativamente a Portugal continental,<br />

fala-se do abrandamento do turismo para<br />

<strong>2019</strong>, isso mesmo referiu ao falar em fim de<br />

ciclo no congresso de 2018. De que forma<br />

pode o sector combater esta tendência?<br />

Falei em fim de ciclo, e, hoje, não vejo<br />

absolutamente ninguém capaz de desmentir<br />

este facto. Quando hoje caracterizamos<br />

Portugal enquanto destino turístico, somos<br />

obrigados a falar de um óbvio abrandamento<br />

do crescimento, o que, aliado ao crescimento<br />

da oferta hoteleira, não pode deixar de ser<br />

considerado sensível. Curiosamente, quando<br />

falei em fim de ciclo, no último congresso da<br />

APAVT, também expliquei que não via nada<br />

de decididamente desagradável ou extraordinariamente<br />

preocupante. E também admiti<br />

como absolutamente viável a possibilidade<br />

de o novo ciclo ser de consolidação e não de<br />

decrescimento, que é o mesmo que parece estar<br />

a acontecer, com um abrandamento, mas,<br />

ainda assim, um crescimento das receitas.<br />

Portanto, respondendo à sua pergunta, não<br />

sei se temos que combater uma tendência,<br />

que é de consolidação, em cima de um extraordinário<br />

crescimento.<br />

Na sua perspectiva, quais os maiores<br />

desafios que se colocam a Portugal enquanto<br />

destino turístico?<br />

Temos de resolver o problema dos aeroportos<br />

(Lisboa, Madeira e Faro têm problemas<br />

diferentes), uma vez que os turistas entram<br />

por via aérea. Temos de apostar na formação,<br />

porque não possuímos mão-de-obra capaz de<br />

dar resposta ao crescimento recente e temos,<br />

óbvias, deficiências ao nível do serviço.<br />

Precisamos de integrar mais território do<br />

ponto de vista turístico, porque é este o único<br />

modo de diminuirmos assimetrias, de combatermos<br />

a sazonalidade e de aumentarmos a<br />

estada média dos turistas.<br />

Temos de manter os esforços de ordenamento<br />

do território e de defesa da autenticidade,<br />

ao mesmo tempo que precisamos de<br />

desenvolver políticas específicas direccionadas<br />

ao MI – Meetings & Incentives, o que<br />

implicará pensarmos não apenas em centros<br />

e congressos, mas também em melhor mobilidade<br />

nas cidades, mais hotéis de referência,<br />

apenas para dar alguns exemplos. Mas, evidentemente,<br />

a lista não fica por aqui, pois há<br />

ainda tanto para fazer!<br />

Desafios das agências<br />

de viagens<br />

As agências de viagens continuam a ser<br />

quem está mais perto dos clientes, e<br />

residirá aí a maior vantagem do sector. Os<br />

agentes de viagens são os mais bem<br />

posicionados para captar turistas nos mais<br />

diversos níveis de procura, para definir as<br />

principais linhas de política, para contribuir<br />

para a melhoria do serviço e o aumento<br />

dos níveis de satisfação dos turistas. Se é<br />

verdade que necessitamos de volante, de<br />

ergonomia, de equilíbrios, de caixa de<br />

velocidades, também é verdade que sem<br />

motor o carro não anda. Continuamos a ser<br />

o principal motor da indústria do turismo.<br />

Além deste nosso papel tão imprescindível,<br />

enfrentamos outros desafios importantes, o<br />

principal dos quais continuar a gerar valor<br />

para o cliente.<br />

121 \ Marketeer n.º 274, <strong>Maio</strong> de <strong>2019</strong>

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