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primeira mao julho 2019

Revista laboratório do Curso de comunicação da Ufes

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me sentia insegura. Eu me julgava pelos<br />

olhos dos outros. Hoje eu entendo que<br />

a desinformação é o maior problema<br />

das pessoas. Se você diz que teve alguma<br />

DST, por mais que ressalte que<br />

está limpo, ainda assim haverá um<br />

receio dos outros. Existe um estigma<br />

muito grande de acharem que você é<br />

promíscuo, é como se você fosse estar<br />

infectado pelo resto da vida. Há uma<br />

generalização entre todas as doenças”,<br />

desabafou Paula.<br />

Contudo, a ginecologista da<br />

Ufes, Denise Lyrio, mestre em Políticas<br />

Públicas, conta que o aumento<br />

se deve a um conjunto de fatores.<br />

Além da justificativa da Sesa, o descaso<br />

do poder público e a falta de<br />

orientação da população são as razões<br />

que fundamentam o aumento<br />

tão contundente. A médica chama<br />

a atenção para o fato de que há<br />

muito preconceito nas famílias, levando<br />

à normalidade os problemas<br />

da saúde sexual.<br />

Muitos pacientes alegam questões<br />

religiosas ao conversar sobre<br />

sexo e acabam por não conhecerem<br />

ou se afastarem desse tema,<br />

contribuindo para o ciclo de desinformação,<br />

mas o processo é mais<br />

sócio-estrutural do que apenas o<br />

descuido das pessoas. “Não se pode<br />

culpar somente elas. É muito fácil,<br />

se for assim. O problema também<br />

é do governante que não se preocupa<br />

com a educação e só quer se<br />

reeleger. Não há investimento em<br />

mais campanhas, não há conscientização.<br />

Isso abre espaço pra muita<br />

imaginação. É comum ouvir que não<br />

há médicos. Na verdade, médico<br />

tem. Muitas vezes não se tem material,<br />

recursos ou equipamentos para<br />

prestar atendimento”, explica.<br />

A ginecologista, que também é<br />

especialista em Planejamento Familiar<br />

e Atenção Primária a Saúde,<br />

alerta que é necessário e importante<br />

avisar ao parceiro caso alguma<br />

IST seja detectada. “É importante<br />

compartilhar. Infelizmente, o contato<br />

sexual imediato, sem nenhuma<br />

conversa prévia, sem melhor<br />

conhecimento do outro, acaba dificultando.<br />

Muitas vezes, eu vejo,<br />

principalmente nas meninas que eu<br />

atendo, uma vergonha de conversar<br />

sobre isso. Aqui, por exemplo,<br />

fizemos campanhas durante o ano<br />

para testes rápidos como o VDRL,<br />

hepatite B, hepatite C. A pessoa<br />

pode ir lá, marcar, pegar o resultado<br />

e ter um aconselhamento sobre<br />

isso”. Ela ainda reitera que os testes<br />

para IST com resultado negativo não<br />

autorizam o sexo sem preservativo.<br />

“Algumas pessoas acham que ficam<br />

imunes. Ela pode ter adquirido a<br />

doença e estar num período de janela<br />

que ainda não apareceu nos<br />

exames. Não pode deixar de levar<br />

isso em conta, tem que se prevenir”,<br />

recomenda.<br />

ATIVISMO, AÇÕES<br />

GOVERNAMENTAIS<br />

E PARCERIAS<br />

Nos meses de maio e junho, a Associação<br />

Gold - Grupo Orgulho, Liberdade<br />

e Dignidade, realizou o projeto “Jovem,<br />

é massa ficar sabendo”, nas cidades de<br />

Cariacica e Vitória. O projeto, em parceria<br />

com a Sesa, incluiu uma van do<br />

Centro de Testagem e Aconselhamento,<br />

que fornece exames de verificação para<br />

o HIV e a sífilis gratuitamente. Na Ufes,<br />

em Goiabeiras, a testagem ocorreu em<br />

frente ao Cine Metrópolis, próximo ao<br />

Departamento de Atendimento à Saúde.<br />

Essa parceria também aconteceu<br />

em 2018.<br />

O projeto visa auxiliar na informação<br />

sobre as ISTs e também no suporte<br />

material, porque são distribuídos<br />

preservativos masculinos, femininos e<br />

gel lubrificante. Além da testagem, a<br />

associação LGBT idealiza muitos outros<br />

eventos durante o ano com esse tema.<br />

Reuniões e palestras como “Meu/minha<br />

parceirx tem HIV. E agora?” convidam<br />

especialistas e profissionais da<br />

saúde para expor o assunto sem tabus.<br />

Esses são alguns dos trabalhos que a<br />

ONG oferece no estado.<br />

No âmbito federal, no Departamento<br />

de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente<br />

Transmissíveis do Ministério<br />

da Saúde (DCCI/MinS), a situação não<br />

parece estar tão tranquila. Em maio, a<br />

SÍFILIS É UM PROBLEMÃO<br />

A sífilis é uma infecção causada por<br />

uma bactéria e que tem cura. O seu diagnóstico<br />

pode ser feito por um teste conhecido<br />

com VDRL, que identifica a taxa<br />

de anticorpos que o corpo produz quando<br />

ele entra em contato com a bactéria. A sífilis<br />

possui três estágios e uma fase sem<br />

sintomas, o que pode levar a contaminar<br />

mais pessoas. Nos estágios primário e secundário<br />

da infecção, a possibilidade de<br />

transmissão é maior.<br />

Sífilis latente: Não aparecem sinais<br />

ou sintomas. A duração é variável, sendo<br />

interrompida pelo surgimento de sinais e<br />

sintomas da forma secundária ou terciária.<br />

Sífilis primária: Ferida, geralmente<br />

única, que some mesmo sem tratamento e<br />

pode aparecer em qualquer região onde a<br />

empresa responsável por fornecer kits<br />

rápidos de autotestes para o HIV ao governo,<br />

OrangeLife, foi impedida temporariamente<br />

pela Anvisa de fabricá-los. O<br />

motivo apontado por uma investigação<br />

do Instituto Nacional de Controle de<br />

Qualidade em Saúde (INCQS) é que os<br />

testes não vinham com a linha de controle<br />

(uma barra colorida, visível ao final<br />

da reação), o que invalida o exame, obrigando<br />

o SUS a realizar o teste pelo método<br />

mais lento e caro. A suspensão de<br />

alguns lotes devido a essa falha tornou<br />

impossível afirmar que os resultados<br />

obtidos pela testagem eram corretos.<br />

Falando de políticas públicas e<br />

abordagens para a prevenção, o uso<br />

simultâneo de diferentes estratégias<br />

parece ter mais resultados. A Prevenção<br />

Combinada é um conjunto de intervenções<br />

que atacam os três lados<br />

do problema: a doença, a responsabilidade<br />

individual e a responsabilidade<br />

coletiva. Na intervenção biomédica,<br />

são empregadas as barreiras físico-químicas<br />

aos agentes infecciosos, como<br />

preservativos e profilaxias pré e pós<br />

exposição (PrEP e PEP). Nesse campo,<br />

combate-se através do uso de remédios<br />

antirretrovirais.<br />

Na intervenção comportamental,<br />

temos as ações para o aumento<br />

da informação e percepção de risco,<br />

como incentivo à testagem, adesão<br />

aos cuidados médicos, estratégias de<br />

comunicação e educação entre pares.<br />

No último cuidado, na intervenção estrutural<br />

ou social, forma-se o conjunto<br />

de atividades voltadas às condições socioculturais<br />

que atinge diretamente a<br />

vulnerabilidade de indivíduos com HIV.<br />

São cuidados para com o preconceito,<br />

estigma e discriminação, através de<br />

campanhas educativas e de conscientização.<br />

bactéria pode penetrar (pênis, vulva, colo<br />

uterino, ânus, boca, dedos). Pode aparecer<br />

entre 10 a 90 dias após o contágio.<br />

Sífilis secundária: Pode acontecer alguns<br />

meses após o aparecimento e cicatrização<br />

da ferida inicial. Normalmente é caracterizada<br />

pelo surgimento de manchas<br />

pelo corpo, incluindo palmas das mãos e<br />

plantas dos pés, que podem ser facilmente<br />

confundidas com uma reação alérgica.<br />

Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça,<br />

ínguas (inflamações) pelo corpo.<br />

Sífilis terciária: Pode surgir de dois<br />

a 40 anos depois do início da infecção.<br />

Costuma apresentar sinais e sintomas,<br />

que podem atingir principalmente a pele,<br />

ossos, órgãos e as funções neurológicas,<br />

podendo até levar à morte.<br />

Fonte: MinS<br />

<strong>julho</strong> <strong>2019</strong><br />

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