Jornal Paraná Agosto 2019
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Fenasucro<br />
será de<br />
20 a 23<br />
de agosto<br />
Página 6
OPINIÃO<br />
Moderno é conquistar resultados<br />
Não é o que utiliza as últimas tecnologias,<br />
mas o que se utiliza de tecnologias<br />
apropriadas ao ambiente de produção<br />
Cássio Manin Paggiaro (*)<br />
Moderno em qualquer<br />
atividade produtiva,<br />
é conseguir resultados<br />
que propiciem a<br />
continuidade da atividade. Nesse<br />
contexto, o questionamento passa<br />
a ser o que deve ser feito para<br />
se conseguirem resultados na<br />
área agrícola do sistema sucroenergético<br />
e ser viável. Moderno<br />
não é aquele que utiliza as últimas<br />
tecnologias, mas o que se<br />
utiliza de tecnologias apropriadas<br />
ao seu ambiente de produção. A<br />
área agrícola do setor tem gerado<br />
dados que, transformados em<br />
informação, viram conhecimento.<br />
O sistema de produção passou<br />
por transformações de manejo,<br />
com eliminação da queima<br />
da cana e mecanização do plantio<br />
e da colheita.<br />
A área agrícola convive com uma<br />
situação difícil, por ter produtividades,<br />
na média, inferiores ao<br />
conseguido há 30 anos, diferente<br />
das culturas de grãos onde estas<br />
cresceram. Mas, nosso intuito é<br />
elencar soluções para a retomada<br />
do crescimento da produtividade.<br />
Quando citamos tecnologias<br />
apropriadas, devemos incluir<br />
os fatores humanos. A formação<br />
de mão de obra especializada<br />
e a promoção de desenvolvimento<br />
profissional por meio de<br />
parcerias com instituições públicas<br />
e privadas, possibilitam a implantação<br />
de tecnologias avançadas<br />
e resultados promissores.<br />
A cana ocupa 9 milhões de hectares<br />
no Brasil, em diferentes regiões<br />
de solo e clima e replicar<br />
situações de manejo de uma região<br />
para outra pode ser um erro.<br />
O conhecimento do clima, solo,<br />
balanço hídrico, disponibilidade<br />
de recursos materiais e humanos<br />
capacitados para as operações<br />
são precursores de um planejamento<br />
agrícola, fundamental para<br />
o manejo integrado dos processos<br />
operacionais.<br />
A definição da época do plantio<br />
em função do clima e ambiente<br />
de produção regional é um fator<br />
de sucesso, o manejo de colheita<br />
é muito influenciado pelo ambiente<br />
de produção e clima local.<br />
Uma das situações cuja solução<br />
devemos considerar como “moderna”<br />
é a do pisoteio sobre as<br />
linhas de cana pelas máquinas<br />
agrícolas. Deveria ser inconcebível<br />
essa situação de agressão ao<br />
maior bem da empresa, a cana.<br />
A sistematização do solo e o seu<br />
preparo para plantio são fundamentais<br />
para a qualidade da sulcação<br />
e do paralelismo. Há muita<br />
tecnologia que pode ser adotada<br />
para o preparo do solo-convencional,<br />
reduzido, canteirizado,<br />
mais ou menos profundo. A escolha<br />
de um ou mix deles deve<br />
vir do conhecimento integrado. A<br />
conservação e a sistematização<br />
do solo não podem ser generalizadas;<br />
sulcar reto e sem terraços<br />
não é manejo recomendável para<br />
todas regiões.<br />
Temos tecnologias desenvolvidas na<br />
“prateleira” que devem ser utilizadas<br />
O espaçamento para plantio pode<br />
diminuir o pisoteio e o ganho<br />
de produtividade. O uso ou não<br />
da irrigação pode influenciar na<br />
escolha do espaçamento entre<br />
linhas. A definição é relacionada<br />
com custo em função da possibilidade<br />
de colheita mecânica de<br />
uma ou duas linhas consecutivas<br />
de cana. O plantio com mapeamento<br />
das linhas de cana possibilitará<br />
que todas as operações<br />
subsequentes de colheita e tratos<br />
culturais possam ser realizadas<br />
com equipamentos com GPS,<br />
direcionando o tráfego, evitando<br />
o pisoteio.Também moderno<br />
deve ser o uso de insumos. O<br />
principal da cana são as cultivares.<br />
A escolha da correta é fator<br />
de sucesso. Anualmente, recebemos<br />
novas variedades por<br />
meio das principais instituições<br />
que as desenvolvem, que conseguem<br />
liberações em menor tempo,<br />
porém com menos informações,<br />
necessitando maior cuidado<br />
na escolha da cultivar.<br />
A meiosi devolveu a possibilidade<br />
de utilizar mudas sadias,<br />
principalmente por meio de mudas<br />
pré-brotadas, interrompendo<br />
um ciclo de que qualquer cana<br />
planta é um viveiro. Na parte nutricional,<br />
contamos com fertilizantes<br />
com mais tecnologia<br />
agregada, oferecendo um complexo<br />
de nutrientes, beneficiando<br />
sua distribuição homogênea. O<br />
parcelamento das doses de nitrogênio<br />
e potássio no plantio<br />
vem propiciando ganhos de produtividade.<br />
A relação de nutrientes<br />
na formulação de soqueira<br />
está mais ajustada para cada<br />
ambiente de produção, podendo<br />
considerar ganhos com restos<br />
da cultura advindos da colheita.<br />
O uso de ácidos húmicos e fúlvicos,<br />
em cana planta e soca, são<br />
sinérgicos à nutrição adotada.<br />
Uma cana bem plantada e nutrida<br />
terá maior resistência aos<br />
ataques de pragas e doenças. O<br />
monitoramento da lavoura identificando<br />
eventos de controle<br />
contribuem para diminuir o problema.<br />
A cana começa a evoluir<br />
para a manutenção das folhas<br />
com máximo de sanidade, mesmo<br />
que sejam manchas secundárias,<br />
aproveitando toda capacidade<br />
fotossintética da planta<br />
para crescimento e acúmulo de<br />
energia, por meio de aplicações<br />
de produtos preventivamente.<br />
No manejo de colheita, muito se<br />
fala da “Matriz de 3° Eixo”, que<br />
busca conseguir maior idade<br />
cronológica aos canaviais a serem<br />
colhidos e maior produtividade<br />
pelo maior tempo de crescimento.<br />
Esse manejo deve ser<br />
ponderado com outros fatores,<br />
como características varietais do<br />
plantel, maturação e sensibilidade<br />
ao florescimento, liberação de<br />
área durante a safra para aplicar<br />
vinhaça e preparo de solo, meiosi,<br />
rotação de cultura, uma vez<br />
que a mesma área será colhida,<br />
a cada ano, mais tarde. A aplicação<br />
da vinhaça é um processo<br />
com potencial para produção e<br />
redução de custo, podendo fornecer<br />
100% do potássio, matéria<br />
orgânica e umidade.Temos tecnologias<br />
desenvolvidas na “prateleira”<br />
que podem e devem ser<br />
utilizadas. Muito se fala em agricultura<br />
de precisão, monitoramento<br />
remoto da cana e da frota<br />
como essenciais e até criou-se o<br />
paradigma de quem não tem essa<br />
tecnologia, não é moderno.<br />
Todas ferramentas são importantes,<br />
porém não devem preceder,<br />
na falta de recursos, o famoso<br />
“arroz com feijão” feito com<br />
critério e presença técnica no<br />
campo, visualizando as situações<br />
e corrigindo desvios. Moderno,<br />
hoje e sempre, em<br />
qualquer atividade produtiva é<br />
conseguir resultados que propiciem<br />
a continuidade da atividade.<br />
(*)Superintendente da Usina<br />
Atena. Publicado na Revista<br />
Opiniões.<br />
2<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
BIOENERGIA<br />
Safra de cana é menor no <strong>Paraná</strong><br />
Afetadas por problemas climáticos, lavouras devem produzir<br />
34,135 milhões de toneladas, 900 mil a menos que a estimativa anterior<br />
Períodos de prolongada<br />
estiagem no ano passado,<br />
no <strong>Paraná</strong>, prejudicaram<br />
sensivelmente<br />
o desenvolvimento das<br />
lavouras de cana-de-açúcar e<br />
os reflexos estão sendo sentidos<br />
agora, na colheita da safra<br />
<strong>2019</strong>/20, que começou em<br />
abril e vai até dezembro.<br />
Ao emitir no início de julho<br />
seu informativo quinzenal de<br />
acompanhamento da safra, a<br />
Associação dos Produtores de<br />
Bioenergia do Estado do <strong>Paraná</strong><br />
(Alcopar) divulgou a nova<br />
estimativa de produção, de<br />
34,135 milhões de toneladas,<br />
exatamente 900 mil a menos<br />
em relação às 34,935 milhões<br />
de toneladas mencionadas no<br />
boletim anterior.<br />
Comparando com a produção<br />
do ano passado, que foi de<br />
36,762 milhões de toneladas,<br />
a queda é de 2,627 milhões de<br />
toneladas. É como se uma<br />
área correspondente a 38,6 mil<br />
campos de futebol, cultivados<br />
com canaviais, simplesmente<br />
deixasse de existir.<br />
De acordo com a entidade, que<br />
congrega 20 unidades processadoras<br />
no Estado, 15,988<br />
milhões de toneladas da matéria-prima<br />
já estariam colhidas<br />
até meados de julho, o que<br />
corresponde a 38% do total<br />
previsto para o ano <strong>2019</strong>/20.<br />
O presidente da entidade, Miguel<br />
Rubens Tranin, explica<br />
que foram dois longos períodos<br />
de déficit hídrico em 2018<br />
e, não bastasse, somaram-se<br />
a isso altas temperaturas no<br />
final do ano e início de <strong>2019</strong>. O<br />
novo ciclo começou sem que<br />
os canaviais apresentassem o<br />
crescimento esperado, havendo<br />
também queda de produtividade.<br />
São 550 mil<br />
hectares plantados no Estado,<br />
com média de 68 toneladas<br />
por hectare.<br />
Diante da menor oferta de<br />
matéria-prima, as usinas<br />
adotaram a estratégia de reduzir<br />
a produção de etanol,<br />
de 1,572 bilhão de litros na<br />
safra anterior, para 1,409 bilhão<br />
na atual temporada,<br />
priorizando o açúcar, para o<br />
cumprimento de contratos de<br />
exportação. O volume de<br />
açúcar deve totalizar 2,193<br />
milhões de toneladas, pouco<br />
acima das 2,094 milhões de<br />
toneladas registradas do período<br />
2018/19.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3
SETOR<br />
Mário Gondo é<br />
homenageado pela Alcopar<br />
Economista, trabalhou no setor por 37 anos e atuou no Consecana-PR desde a<br />
sua formação, tendo ajudado na elaboração da planilha de custos base do conselho<br />
Oeconomista Mário<br />
Toshikatu Gondo,<br />
62 anos, foi homenageado<br />
pela Alcopar,<br />
no último dia 24 de julho,<br />
durante a reunião mensal do<br />
Consecana-PR (Conselho<br />
dos Produtores de Cana-de-<br />
Açúcar, Açúcar e Álcool do<br />
Estado do <strong>Paraná</strong>), na sede<br />
da associação, em Maringá.<br />
Além de receber uma placa<br />
de agradecimento pelos quase<br />
20 anos de serviços prestados<br />
ao conselho, participou<br />
de almoço comemorativo.<br />
Depois de trabalhar por 37<br />
anos no setor sucroenergético<br />
e ter participado do Consecana-PR<br />
desde a sua formação,<br />
em 2000, Gondo se<br />
aposentou recentemente, em<br />
maio deste ano.<br />
O presidente da Alcopar, Miguel<br />
Tranin,destacou a participação<br />
do homenageado<br />
nas reuniões mensais do<br />
conselho no período e sua<br />
colaboração desde o início,<br />
quando ajudou na elaboração<br />
da planilha de custos que<br />
serve de base para a geração<br />
do preço referência da tonelada<br />
de cana-de-açúcar, usado<br />
na livre negociação das<br />
partes - produtores de canade-açúcar<br />
e indústrias sucroenergéticas<br />
paranaense. É o<br />
trabalho do Consecana que<br />
permitiu organizar a comercialização<br />
do setor, quando o<br />
Governo Federal extinguiu o<br />
IAA (Instituto do Álcool e do<br />
Açúcar) após a safra<br />
1998/99, e regula o mercado<br />
atualmente.<br />
“Neste primeiro momento,<br />
meus planos são descansar e<br />
aproveitar para viajar um<br />
pouco. Futuramente, com a<br />
melhora da economia do<br />
País, quem sabe aceite novos<br />
desafios ou monte uma consultoria”,<br />
afirmou Gondo.<br />
Para ele, o período em que<br />
participou do Conselho foi de<br />
muito enriquecimento pessoal,<br />
de troca de informações<br />
com um grupo seleto de<br />
grandes conhecedores do<br />
setor sucroenergético e uma<br />
forma de sempre se manter<br />
atualizado. “Foi uma experiência<br />
muito boa que somou<br />
muito como profissional e<br />
pessoa”.<br />
Natural de Lins, São Paulo, é<br />
formado em Economia, em<br />
1978, pela Universidade Markenzie,<br />
de São Paulo, estado<br />
onde trabalhou alguns anos<br />
em uma transportadora. Em<br />
1982 voltou para o município<br />
de São Pedro do Ivaí (PR),<br />
para onde a família havia se<br />
mudado na década de 1960 e<br />
onde o pai era produtor rural.<br />
Foi neste ano que iniciou sua<br />
trajetória no setor sucroenergético<br />
sendo contratado pela<br />
Usina Vale do Ivaí como contador.<br />
Quando saiu da usina, em<br />
1995, exercia o cargo de diretor<br />
Administrativo. Em março<br />
do mesmo ano iniciou seu<br />
trabalho como supervisor de<br />
Planejamento e Orçamento<br />
no Grupo Santa Terezinha,<br />
mudando-se para Maringá.<br />
Em 2008 foi promovido a diretor<br />
Administrativo do grupo,<br />
função que exerceu até maio<br />
de <strong>2019</strong>, quando se aposentou.<br />
Acima, Miguel Tranin com Mário,<br />
e abaixo com a esposa Tereza<br />
Formado em Economia, fez<br />
também especialização em<br />
Tecnologia da Qualidade, pela<br />
Tecpar (Instituto de Tecnologia<br />
do <strong>Paraná</strong>) de Curitiba,<br />
em 1995, e em Gestão Empresarial,<br />
pela Fundação Getúlio<br />
Vargas, em 1998.<br />
Cursou ainda mais duas especializações:<br />
em Agronegócio,<br />
pela Esalq de Piracicaba,<br />
em 2004, e de Finanças, pela<br />
Getúlio Vargas, em 2006.<br />
Também atuou como vicepresidente<br />
da Acema (Associação<br />
Cultural e Esportiva de<br />
Maringá) de 1999 a 2006; e<br />
do Parque do Japão, de 2006<br />
a 2014.<br />
Mário Gondo é casado com<br />
Tereza e tem dois filhos, Ricardo<br />
e Sílvia.<br />
4<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
USINA<br />
Santa Terezinha realiza encontro com parceiros<br />
Evento ocorrido entre 2 a 4 de julho<br />
reuniu mais de 1.100 pessoas<br />
Aprimeira edição da reunião<br />
com Parceiros<br />
Agrícolas, promovida<br />
pela Usina Santa Terezinha,<br />
contou com a presença<br />
de mais de 1.100 parceiros dos<br />
clusters UST Norte (Iguatemi,<br />
Paranacity e Terra Rica), UST<br />
Centro (Rondon, Cidade Gaúcha<br />
e São Tomé) e UST Sul (Tapejara,<br />
Moreira Sales, Umuarama,<br />
Ivaté e Usina Rio <strong>Paraná</strong>).<br />
O evento conduzido pelo diretor<br />
de operações agroindustriais,<br />
Julimar de Souza, demonstrou<br />
de forma ética e transparente o<br />
posicionamento e os objetivos<br />
da empresa, apresentando o novo<br />
modelo de gestão organizacional<br />
e as técnicas e práticas<br />
agrícolas que impulsionarão o<br />
grupo a um novo patamar de<br />
produtividade e performance<br />
operacional. “A amplitude do encontro<br />
reforçou o compromisso<br />
e a confiança mútua da usina e<br />
parceiros agrícolas, permitindo<br />
vivenciar 55 anos de uma história<br />
que sempre estará em constante<br />
evolução”, aponta comunicado<br />
da empresa.<br />
As avaliações dos presentes sobre<br />
a reunião foram as mais positivas<br />
possíveis. “Sou parceira<br />
da usina há 10 anos. As conversas<br />
e negociações sempre foram<br />
transparentes, assim como<br />
esta reunião”, afirmou Luciana<br />
Lollato. Para Claudio Lima, a<br />
reunião mostrou que o negócio<br />
está andando, e para Clóvis Lima,<br />
que tudo está mudando para<br />
melhor e que as terras estão<br />
sendo bem cuidadas.<br />
“Nós somos parceiros, então é<br />
importante termos um conhecimento<br />
geral sobre as transformações<br />
que estão ocorrendo na<br />
empresa”, disse Antonio Carlos<br />
Paes. Na avaliação de Coralia<br />
Mendes, a iniciativa de reunir os<br />
parceiros ajudou a esclarecer as<br />
dúvidas. Elisabete Gerent foi<br />
além e comentou que a reunião<br />
abriu os horizontes e que a reestruturação<br />
da empresa ficou<br />
clara para todos. “Foram apresentados<br />
para nós planejamentos<br />
que têm tudo para dar certo”,<br />
comentou Dirce Venâncio<br />
Lopes.<br />
Para Eduardo Magrinelli, a reunião<br />
foi boa por aproximar os<br />
arrendatários e a empresa. “As<br />
mudanças foram bem destacadas.<br />
Nosso vínculo com a usina<br />
será fortalecido”, avaliou Vagner<br />
José Borges. Destacando a importância<br />
das informações trazidas,<br />
Graziela Lollato disse que<br />
“estamos aqui efetivamente como<br />
parceiros”. “Eu e meu marido<br />
somos parceiros da usina<br />
há 20 anos, saímos sentindo<br />
bastante segurança”, acrescentou<br />
Marta Valleoto. Sergius Bertozzi<br />
resumiu o encontro: “a<br />
forma de contato entre a usina<br />
e os parceiros mudou. Tudo colaborou<br />
para aumentar a confiança”.<br />
Para Miguel Ciriaco, o<br />
grupo está acompanhando o<br />
avanço da tecnologia e “isso é<br />
muito bom para nós”. “É importante<br />
sabermos o que está<br />
acontecendo, como estão as<br />
mudanças no plantio e no manejo<br />
do solo”, finalizou Flávia<br />
Regina Lavagnolli.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5
FEIRA<br />
RenovaBio impulsiona a posição<br />
estratégica dos biocombustíveis<br />
O programa tem como proposta estimular os investimentos e a participação do setor<br />
na matriz energética e é um dos temas debatidos na 27ª Fenasucro & Agrocana<br />
ORenovaBio, Política<br />
Nacional de Biocombustíveis<br />
do governo<br />
federal criada para<br />
garantir o papel estratégico<br />
dos biocombustíveis e a segurança<br />
energética, deve impulsionar<br />
os investimentos e a<br />
participação do setor na matriz<br />
energética brasileira por<br />
meio de produtos como bioquerosene,<br />
biogás, etanol,<br />
biodiesel e cogeração de energia<br />
elétrica.<br />
Governo e os representantes<br />
do setor esperam incentivar a<br />
expansão dos biocombustíveis,<br />
criar um cenário de previsibilidade<br />
e regularidade do<br />
abastecimento, além de regras<br />
mais claras que permitam<br />
novos investimentos por meio<br />
de um ambiente mais seguro.<br />
O diretor do Departamento de<br />
Biocombustíveis do Ministério<br />
de Minas Energia, Miguel Ivan<br />
Lacerda de Oliveira, ressalta<br />
que o RenovaBio representa<br />
um novo paradigma em relação<br />
a eficiência energética a<br />
partir da biomassa. “Já estamos<br />
vendo fusões, melhorias<br />
e novas oportunidades para o<br />
Brasil, que na produção de<br />
energia por meio da biomassa<br />
é o mais eficiente no mundo.<br />
Nos próximos 10 anos, por<br />
exemplo, vamos ver a produção<br />
de etanol dobrar e esse<br />
movimento vai favorecer todo<br />
setor na matriz energética”,<br />
afirma Oliveira.<br />
Os resultados da iniciativa surgem<br />
por meio de novos negócios<br />
como, por exemplo, a<br />
joint venture, BP Bunge Bioenergia,<br />
operação da Bunge e<br />
da Petroleira BP, anunciada no<br />
último dia 22 de julho e que vai<br />
operar com um total de onze<br />
usinas nas regiões sudeste,<br />
norte e centro-oeste do Brasil.<br />
O grupo vai operar com uma<br />
capacidade de moagem de 32<br />
milhões de toneladas métricas<br />
por ano visando a produção<br />
de açúcar, etanol e cogeração<br />
de eletricidade por meio da<br />
biomassa, que será comercializada<br />
para a rede elétrica brasileira.<br />
De acordo com Reginaldo Medeiros,<br />
presidente-executivo<br />
da Abraceel (Associação Brasileira<br />
dos Comercializadores<br />
de Energia), atualmente as<br />
usinas não podem produzir<br />
mais por razões econômicas,<br />
no entanto a expectativa é que<br />
até agosto tudo seja definido.<br />
“A perspectiva é boa e caminha<br />
para o reconhecimento<br />
da capacidade dos geradores<br />
de energia”, diz Medeiros.<br />
O presidente executivo da<br />
Cogen (Associação da Indústria<br />
de Cogeração de Energia),<br />
Newton Duarte, afirma que o<br />
RenovaBio comprova a relevância<br />
de se fomentar projetos<br />
de cogeração por meio da biomassa.<br />
"O Programa é, talvez,<br />
o maior de biocombustíveis já<br />
concebido. Sua implementação<br />
proporcionará imenso potencial<br />
de cogeração adicional<br />
Evento espera receber<br />
39 mil visitantes e<br />
movimentar R$ 4<br />
milhões em negócios<br />
em função de aproximadamente<br />
200 milhões de toneladas<br />
adicionais de cana que<br />
serão esmagadas com os incentivos<br />
ao uso de biocombustíveis",<br />
conta Duarte.<br />
Setor se reúne em agosto<br />
Todas as discussões que envolvem<br />
o setor sucroenergético<br />
e de bioenergia serão tratadas<br />
durante a 27ª Fenasucro &<br />
Agrocana, que acontecerá de<br />
20 a 23 de agosto, em Sertãozinho<br />
(SP). Realizado pelo<br />
CEISE Br (Centro Nacional das<br />
Indústrias do Setor Sucroenergético<br />
e Biocombustíveis) e organizado<br />
pela Reed Exhibitions<br />
Alcantara Machado, o evento<br />
reunirá empresários do Brasil e<br />
do exterior em busca de projetos<br />
e soluções focados nas<br />
oportunidades e perspectivas<br />
de negócios envolvendo a matriz<br />
energética sustentável.<br />
Dentre os destaques deste ano<br />
estão a produção de energia a<br />
partir da biomassa e a produção<br />
do etanol à base de milho.<br />
Além da indústria de biodiesel e<br />
energia renovável, a feira também<br />
apresentará as principais<br />
soluções e inovações para os<br />
setores de Alimentos e Bebidas,<br />
Papel e Celulose e Transporte<br />
e Logística. Estão confirmadas<br />
as rodadas de negócios<br />
nacionais e internacionais<br />
que visam incentivar e impulsionar<br />
a geração de negócios<br />
dentro do evento. Em 2018,<br />
mais de 700 reuniões – tanto<br />
envolvendo compradores estrangeiros<br />
como nacionais -<br />
foram realizadas com este foco.<br />
Participam representantes das<br />
usinas do Brasil e de outros 43<br />
países, além de mais de 1.000<br />
marcas expositoras com apresentação<br />
de cerca de 3 mil produtos.<br />
A expectativa é receber<br />
aproximadamente 39 mil visitantes<br />
compradores no evento,<br />
que devem movimentar por<br />
volta de R$ 4 bilhões em negócios<br />
fechados ao longo do ano.<br />
A Feira Internacional de Bioenergia<br />
também apresentará<br />
uma grade de eventos de conteúdo<br />
com mais de 350 horas,<br />
tendo o RenovaBio um dos<br />
principais assuntos a serem<br />
abordados junto aos especialistas.<br />
6<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
DOIS<br />
PONTOS<br />
Brasil, Austrália e Guatemala<br />
apresentaram a Organização<br />
Mundial do Comércio (OMC),<br />
pedido de estabelecimento de<br />
painel no âmbito do contencioso<br />
iniciado em fevereiro<br />
deste ano a respeito do regime<br />
de apoio ao setor açucareiro<br />
da Índia. Nos últimos<br />
anos, a Índia tem intensificado<br />
sua política de apoio ao<br />
setor açucareiro. Desde a<br />
safra de 2010/11, o governo<br />
indiano praticamente dobrou<br />
OMC<br />
o preço mínimo a ser pago<br />
pela cana. Apenas entre as<br />
safras de 2017/18 e 2018/<br />
19, o volume de açúcar a ser<br />
exportado pelas usinas indianas,<br />
definido pelo governo,<br />
passou de 2 milhões para 5<br />
milhões de toneladas. No entendimento<br />
do Brasil, essas<br />
medidas têm contribuído fortemente<br />
para a depreciação<br />
do preço internacional do<br />
açúcar, em prejuízo dos exportadores<br />
brasileiros.<br />
Hidrogênio<br />
O hidrogênio é apontado como<br />
combustível do futuro há cinco<br />
décadas. Finalmente, esse potencial<br />
está prestes a se converter<br />
em realidade. Governos,<br />
fabricantes de veículos e até<br />
gigantes de petróleo e gás formam<br />
uma coalizão crescente<br />
que tenta emplacar um papel<br />
mais relevante para o combustível,<br />
em um momento em<br />
que o mundo todo tenta reduzir<br />
as emissões de poluentes, garantir<br />
oferta confiável de eletricidade<br />
para uma população<br />
em expansão e abastecer processos<br />
industriais complexos.<br />
As conclusões são de um relatório<br />
da Agência Internacional<br />
de Energia.<br />
Debêntures<br />
A aprovação da portaria no Ministério de Minas e Energia<br />
permitindo que empresas do setor do biocombustível captem<br />
recursos com emissão de debêntures de infraestrutura<br />
já criou uma fila de interessados nos bancos de<br />
investimento e escritórios de advogados. A permissão é<br />
relevante para esse setor, que basicamente se financia no<br />
mercado de capitais via Certificado de Recebível do Agronegócio<br />
(CRA). A debênture de infraestrutura pode alcançar<br />
um prazo mais longo do que os CRAs, que têm sido<br />
emitidos com vencimento em torno de cinco anos, além<br />
de assegurar um custo de captação mais atraente pelo impacto<br />
da isenção do imposto de renda para o investidor. A<br />
expectativa do mercado é que as primeiras operações comecem<br />
a sair em cerca de dois meses.<br />
EMBRAPII<br />
“Carro<br />
voador”<br />
Grandes grupos de aviação,<br />
montadoras e startups estão<br />
na corrida para colocar no<br />
mercado “carros voadores”<br />
com a ambição de tirar as<br />
pessoas dos engarrafamentos<br />
das grandes cidades a<br />
preços inferiores aos das viagens<br />
de helicópteros. Estão<br />
em desenvolvimento pelo<br />
menos 140 projetos de veículos<br />
elétricos de decolagem e<br />
pouso vertical envolvendo<br />
empresas da Europa, dos Estados<br />
Unidos, da Ásia e até do<br />
Brasil. Há promessas de que<br />
os primeiros voos comerciais<br />
ocorrerão nos próximos<br />
cinco anos. Similar a helicóptero,<br />
mas movido à bateria<br />
elétrica e autônomo, veículo<br />
pode mudar mobilidade urbana.<br />
Previsão é que regulação<br />
saia até 2025.<br />
Biocombustíveis<br />
Os biocombustíveis têm potencial<br />
de reduzir em 70% as<br />
emissões globais de CO 2 até<br />
2050. O dado é do estudo<br />
Global Energy Transformation,<br />
realizado pela Agência Internacional<br />
de Energia Renovável.<br />
Os biocombustíveis desempenharão<br />
papel fundamental<br />
na descarbonização<br />
do setor de transportes. No<br />
curto prazo, o foco maior está<br />
no setor de transportes rodoviário<br />
com a participação do<br />
etanol e do biodiesel como<br />
substitutos da gasolina e do<br />
diesel. No longo prazo, deverá<br />
aumentar o escopo de atuação<br />
dos biocombustíveis com<br />
o aumento do uso do biometano<br />
e dos chamados biocombustíveis<br />
avançados, como<br />
o bioquerosene de aviação<br />
e o diesel renovável.<br />
Após ter desenvolvido variedades<br />
de cana resistentes à<br />
broca, cujo açúcar foi aprovado<br />
por organismos internacionais<br />
como o FDA, dos<br />
EUA, o CTC (Centro de Tecnologia<br />
Canavieira) mira<br />
agora duas novas gerações<br />
A Embrapa Agroenergia, unidade<br />
que integra a rede EM-<br />
BRAPII (Empresa Brasileira<br />
de Pesquisa e Inovação Industrial),<br />
assinou um contrato<br />
para desenvolver variedades<br />
de cana-de-açúcar resistentes<br />
ao bicudo-da-cana<br />
(Sphenophorus levis) com a<br />
startup Pangeia Biotech. Para<br />
chegar a este produto, totalmente<br />
inédito no mercado,<br />
foram selecionados quatros<br />
genes, três deles comumente<br />
CTC<br />
usados na cultura de milho<br />
no Brasil, que agora serão<br />
adaptados para a cana. Os<br />
pesquisadores já iniciaram<br />
os procedimentos em laboratório<br />
e os resultados foram<br />
promissores.<br />
da planta. Iniciou a segunda<br />
geração, que terá de 8 a 10<br />
variedades de cana não só<br />
resistentes à broca, mas<br />
também tolerantes a herbicidas.<br />
E já projeta a terceira<br />
geração, ainda em fase preliminar,<br />
que tem como objetivo<br />
combater o besouro<br />
Sphenophorus levis, conhecido<br />
como bicudo, que<br />
causa danos na cana em<br />
desenvolvimento, reduz a<br />
vida útil dos canaviais e gera<br />
R$ 4 bilhões de prejuízo por<br />
safra.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7
TECNOLOGIA<br />
Biodiesel brasileiro<br />
dará salto de qualidade<br />
Com adição de antioxidantes, o valor da estabilidade do produto<br />
puro passará de 8h para 12h, e para 20h nas misturas com o diesel<br />
Obiodiesel produzido<br />
no Brasil, que já conta<br />
com uma das especificações<br />
mais rigorosas<br />
do mundo, está prestes<br />
a dar mais um salto de<br />
qualidade. Durante reunião no<br />
Ministério de Minas e Energia<br />
(MME), o Instituto Nacional de<br />
Tecnologia (INT), integrante do<br />
Ministério da Ciência, Tecnologia,<br />
Inovações e Comunicações<br />
(MCTIC), apresentou os<br />
resultados dos testes que vão<br />
subsidiar a alteração do valor<br />
mínimo de estabilidade oxidativa<br />
do biodiesel puro e em<br />
misturas com o diesel fóssil.<br />
O aumento do valor da estabilidade<br />
de 8h para 12h do biodiesel<br />
puro para que em<br />
misturas com o diesel alcance<br />
no mínimo 20h com adição de<br />
antioxidantes foi uma demanda<br />
do setor automotivo para viabilizar<br />
o avanço da adição obrigatória<br />
de biodiesel para 11%<br />
ainda este ano, com evolução<br />
de 1% ao ano até chegar a<br />
15% em 2023, conforme cronograma<br />
do Conselho Nacional<br />
de Política Energética.<br />
A proposta foi bem aceita pelos<br />
produtores de biodiesel representados<br />
pela Ubrabio<br />
(União Brasileira do Biodiesel e<br />
Bioquerosene). Durante a reunião,<br />
o presidente Ubrabio,<br />
Juan Diego Ferrés, saudou a<br />
Anfavea e o Sindipeças por<br />
sua postura "inequivocamente<br />
positiva para o setor, que foi<br />
pragmática, vai trazer avanços<br />
para o biodiesel no Brasil e<br />
ganhos econômicos e de saúde<br />
à sociedade". Para Ferrés,<br />
os resultados do INT foram<br />
bastante conclusivos e darão<br />
Não depende só da indústria de biodiesel garantir a qualidade no final da entrega do combustível ao consumidor<br />
conforto para o avanço de<br />
mistura previsto em lei.<br />
Agora, o próximo passo para<br />
que o B11 (11% de biodiesel)<br />
possa entrar em vigor o mais<br />
breve possível será a consulta<br />
e audiência pública da Agência<br />
Nacional de Petróleo, Gás Natural<br />
e Biocombustíveis sobre<br />
a proposta de alteração da especificação<br />
que trata da estabilidade.<br />
Já o secretário de<br />
Petróleo, Gás e Biocombustíveis<br />
do MME, Márcio Félix,<br />
afirmou que a reunião resultou<br />
em avanços para a implantação<br />
do B11.<br />
O laboratório de corrosão do<br />
Instituto Nacional de Tecnologia,<br />
integrante do Ministério da<br />
Ciência, Tecnologia, Inovações<br />
e Comunicações, é um laboratório<br />
acreditado pelo Inmetro<br />
para realizar ensaios de estabilidade<br />
para biodiesel, diesel ou<br />
misturas diesel e biodiesel.<br />
Desde que foi fundado em<br />
1921, realiza pesquisas e testes<br />
demandados pelo setor<br />
produtivo ou pelo setor de serviços,<br />
além de receber apoio<br />
de agências governamentais<br />
como Finep e CNPq.<br />
Segundo o pesquisador do INT,<br />
Eduardo Cavalcantti, as associações<br />
de produtores de biodiesel<br />
procuraram o órgão<br />
para uma avaliação se, com os<br />
antioxidantes disponíveis no<br />
mercado e nas dosagens recomendadas<br />
por esses fabricantes,<br />
seria possível obter um<br />
biodiesel com índice de estabilidade<br />
oxidativa superior a 12<br />
horas, como é comumente<br />
adotado na Europa. Isso porque<br />
o setor de autopeças e de<br />
veículos (Sindipeças e Anfavea)<br />
apontaram que nem todo<br />
biodiesel que chegava às bases<br />
para serem formuladas às<br />
misturas B10 estavam dentro<br />
das especificações comumente<br />
empregadas na Europa e<br />
que o biodiesel precisaria ser<br />
aditivado com antioxidante de<br />
forma que, uma vez adicionado<br />
ao diesel, garantisse que<br />
em bases remotas do Brasil a<br />
mistura tivesse condições ideais<br />
para consumo.<br />
Cavalcantti disse que com base<br />
numa metodologia já desenvolvida<br />
pelo INT, foi possível<br />
demonstrar que ao adicionar os<br />
antioxidantes, o biodiesel puro<br />
alcança a estabilidade de 12h e<br />
também atinge índices acima<br />
de 20 horas quando em adição<br />
ao diesel. Outra conclusão importante<br />
é que não depende só<br />
da indústria de biodiesel garantir<br />
a qualidade no final da entrega<br />
do combustível (diesel +<br />
biodiesel) ao consumidor. Existem<br />
inúmeras recomendações<br />
de adoção de boas práticas de<br />
armazenamento, transporte ou<br />
de manutenção que estão além<br />
da competência da indústria de<br />
biodiesel.<br />
Para o pesquisador, o aumento<br />
da estabilidade vai garantir<br />
maior segurança para o consumidor,<br />
principalmente num país<br />
continental como o Brasil, fazendo<br />
com que o combustível<br />
possa chegar aos postos de diferentes<br />
regiões com qualidade<br />
assegurada. Por outro lado, o<br />
custo adicional é de centavos<br />
por litro, o que acaba sendo irrisório<br />
na conta final. “É um investimento<br />
que vale a pena, já<br />
que teremos a segurança de<br />
entregar um combustível renovável<br />
que além de todos os benefícios<br />
socioeconômicos e<br />
ambientais, conta com a garantia<br />
de estabilidade para os<br />
casos mais extremos ou mais<br />
distantes no país”, finaliza Cavalcantti.<br />
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