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RCIA - ED. 108 - JULHO 2014

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Maurinho,<br />

na seleção<br />

em 1954,<br />

na Suíça<br />

o nosso flecha<br />

Maurinho, do Paulista<br />

para a Seleção Brasileira<br />

Saiu do Paulista o primeiro e um dos únicos jogadores que atuaram<br />

pelo Brasil em campeonatos mundiais. Ele era Maurinho, o “flecha”.<br />

6<br />

de julho de 1933 nascia, em Araraquara,<br />

Mauro Raphael, o Maurinho,<br />

um menino que quando ainda cursava a escola<br />

primária, já esbanjava habilidade com<br />

a bola no pé diante de seus colegas. E não<br />

deu outra. Pequenino e rápido, começou sua<br />

carreira no Paulistinha, time infantil do Paulista,<br />

em 1948, com apenas 15 anos de idade.<br />

Chamando atenção de dirigentes, foi integrado<br />

ao elenco principal no mesmo ano e disputou<br />

sua primeira partida contra a equipe<br />

do Amparo (SP), no Estádio Municipal. O tricolor<br />

venceu a partida por 5x3, com Maurinho<br />

substituindo o ponta-esquerda Ivan e sendo o<br />

destaque da partida.<br />

Porém, a principal partida de Maurinho<br />

com a camisa do Paulista aconteceria no dia<br />

23 de julho de 1950, em amistoso diante da<br />

equipe do Palmeiras, de Oberdan Cattani (falecido<br />

em 20 de junho último) e tantos outros<br />

craques no Estádio Municipal. Todos acreditavam<br />

que o Palmeiras venceria facilmente. Mas<br />

não foi da maneira que se imaginava.<br />

O Palmeiras venceu por 5x3. E quem<br />

roubou a cena? O menino Maurinho, com 17<br />

anos, fazendo os três gols do tricolor. Logo<br />

após a partida, dirigentes do alviverde ficaram<br />

interessados em seu futebol rápido e alegre.<br />

Porém, por ser menor de idade, o Palmeiras<br />

desistiu de levá-lo para São Paulo. No final de<br />

1950, o Guarani de Campinas, que acabara<br />

de subir para a divisão especial do Campeonato<br />

Paulista, acertou a sua contratação.<br />

MAURINHO, A PRIMEIRA REVELAÇÃO<br />

Os personagens: Maurinho, era ainda um<br />

garoto de 16 para 17 anos e vivia somente<br />

para sua Araraquara. Amadeu Ceregatti diretor<br />

e “olheiro” do Guarani, viajava muito na<br />

época pelo interior de São Paulo vendendo a<br />

cerveja “Mossoró, produzida em Campinas.<br />

Como homem de vendas bem sucedido, Amadeu<br />

era elegante e sempre ia aos engraxates<br />

para deixar impecável seus sapatos.<br />

Certo dia em Araraquara, engraxando seus<br />

sapatos e “papeando” com os engraxates no<br />

Salão d’Onofre (Hotel Municipal) e falando de<br />

futebol, foi alertado pelos garotos que um deles<br />

era muito “bom de bola”; e foi então que resolveu<br />

assistir um jogo de fim de semana em<br />

nossa cidade, e deslumbrado com o futebol<br />

do garoto Maurinho, o levou para Campinas,<br />

ficando ele hospedado na casa da família de<br />

Amadeu que cobriu todos os gastos.<br />

Maurinho sentia falta de sua família e de<br />

seus amigos. Nos treinamentos no campo velho<br />

do Guarani na Rua Barão Geraldo de Rezende,<br />

“o Pastinho”, havia momentos em que<br />

China, o centro avante que viera do São Paulo<br />

FC para se consagrar no Guarani, gritava com<br />

Maurinho que chegava a chorar, sendo consolado<br />

por Otto Vieira, técnico naquela época.<br />

Logo Maurinho se tornou titular e nunca mais<br />

deixou a ponta-esquerda do time.<br />

Certa vez, no Pacaembu, jogavam às 11<br />

horas da manhã Corinthians 0 x Guarani 1, gol<br />

do avante Romeu. Após o jogo um torcedor do<br />

Corinthians falou: “Eu vim aqui para ver este<br />

ponta-esquerda jogar”. Realmente Maurinho<br />

foi um sucesso e a primeira revelação do Guarani<br />

para o futebol brasileiro acabou sendo<br />

vendido ao São Paulo.<br />

No São Paulo, Maurinho - jogador bi-destro<br />

foi para a ponta direita porque Canhoteiro era<br />

absoluto na ponta esquerda do tricolor. Daí prá<br />

frente, Maurinho brilhou com a camisa do São<br />

Paulo: em 7 anos entrou em campo 347 vezes<br />

e marcou 136 gols, o nono maior artilheiro da<br />

história do clube. Ganhou os títulos paulistas<br />

de 1953 e 57.<br />

Neste último, na finalíssima contra o Corinthians,<br />

ele marcou o terceiro gol na vitória de 3<br />

a 1. No lance, antes de chutar a bola, perguntou<br />

ao goleiro adversário Gilmar dos Santos<br />

Neves, em qual canto queria o drible: deu uma<br />

finta desconcertante e fez um golaço. Furioso,<br />

depois do jogo, Gilmar saiu correndo atrás de<br />

Maurinho querendo agredi-lo. O juiz Alberto<br />

Gama Malcher proibiu então que os são-paulinos<br />

dessem a volta olímpica no Pacaembu,<br />

já que os ânimos da torcida e dos jogadores<br />

74<br />

corintianos estavam exaltados.<br />

Consolidado no futebol, Maurinho chegou<br />

à seleção brasileira disputando a Copa<br />

do Mundo de 1954, na Suíça, se tornando o<br />

primeiro jogador da cidade a participar do torneio.<br />

Ele jogou contra a Hungria, episódio que<br />

ficou conhecido como a “Batalha de Berna”.<br />

Os húngaros eliminaram a seleção nas quartas<br />

de final por 4x2. Maurinho disputou 14 jogos<br />

pela seleção e marcou 4 gols.<br />

Depois do São Paulo, Maurinho foi contratado<br />

pelo Fluminense, onde seguiu brilhando<br />

e conquistou o Campeonato Carioca de 1959.<br />

Após três anos nas Laranjeiras, de 1958 a<br />

1961, Maurinho se transferiu para o Boca<br />

Juniors. Lá, ajudou o time mais popular da<br />

Argentina a ser campeão em 1962. Voltou ao<br />

Brasil em 1964, teve uma rápida passagem<br />

pelo Vasco da Gama e encerrou a carreira no<br />

Fluminense. Maurinho tinha apenas 31 anos<br />

quando pendurou as chuteiras. Ele faleceu em<br />

São Paulo em 28 de junho de 1995.<br />

Mazinho, na Câmara<br />

Municipal, quando<br />

vereador nos anos 70<br />

Omar de Souza e Silva foi vereador e<br />

presidente da Câmara Municipal em nossa<br />

cidade e presidente e um dos principais<br />

dirigentes do Paulista, durante décadas,<br />

depois do Dr. Antonio Alonso Martinez

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