RCIA - ED. 101 - DEZEMBRO 2013
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<strong>ED</strong>ITORIAL<br />
Força e Luz, quem te viu e<br />
quem te vê, sente saudades!<br />
Lamentavelmente, a Companhia Paulista de Força e<br />
Luz, ou simplesmente CPFL, tem sido relapsa em relação<br />
à manutenção dos serviços que presta à nossa comunidade<br />
nestes últimos anos. Como concessionária no fornecimento<br />
de energia elétrica, tem deixado muito a desejar<br />
se promovermos uma comparação entre o que foi e o que<br />
é. Diariamente há casos de queda de energia. Aqui ou alí<br />
as reclamações pipocam; para que se promova a troca<br />
de uma lâmpada queimada num poste em determinada<br />
via pública, é preciso que se informe à Companhia. Não<br />
há efetivamente como outrora, um comprometimento da<br />
empresa com suas obrigações e olha que ela é muito bem<br />
paga por isso. A tecnologia para ela faz um mal danado.<br />
Na década de sessenta, estou bem lembrado, meu tio<br />
Antônio Ferreira Veiga, um pernambucano arretado, deixava<br />
sua casa em Gavião Peixoto e vinha a pé em direção<br />
a Araraquara ou cidades próximas como Tabatinga, Ibitinga<br />
e Itápolis, beirando as estradas ou mato a dentro,<br />
com um par de esporas nas botas como ele sempre dizia,<br />
subindo nos postes de madeira e verificando se tudo estava<br />
em ordem com a fiação e transformadores da Força e<br />
Luz. Eu até acreditava nisso, afinal - as marcas nos postes<br />
de madeira - se confundiam entre os rastros deixados pelos<br />
cupins e os furos causados pelas pontas das esporas.<br />
Retornava ele nos fins de tarde para casa com a língua pra<br />
fora, mas cumpria com dignidade e respeito sua missão.<br />
Vejo agora que, 50 anos depois, a Câmara Municipal<br />
de Araraquara se vê obrigada a convocar a CPFL para<br />
prestar esclarecimentos sobre a substituição de postes de<br />
madeira na rede de energia elétrica no município e também<br />
se há um levantamento de quantos<br />
postes de madeira existem hoje na<br />
cidade e se há uma proposta para a<br />
troca por postes de concreto.<br />
E por que isso?<br />
Há 300 metros do Residencial Dahma, o poste de madeira não é<br />
de hoje, está quase caindo. Omissão e negligência da CPFL<br />
A explicação é da própria Câmara: em outubro, um poste<br />
de madeira da rede de energia elétrica caiu na Avenida Manoel<br />
de Abreu, que liga Araraquara a Américo Brasiliense, e um motociclista<br />
que seguia pela avenida não conseguiu desviar, acabou<br />
sendo atingido e teve ferimentos leves, sendo atendido em um<br />
hospital de Araraquara. Devido à queda do poste e sua substituição,<br />
registrou-se interrupção no fornecimento de energia elétrica<br />
por uma hora para cerca de 200 clientes daquela região. A preocupação<br />
com o estado de conservação desses postes de madeira<br />
para suportar o peso de cabos de energia elétrica aumenta com o<br />
início do período das chuvas. No ano passado ao menos três postes<br />
de madeira caíram em Araraquara. O primeiro foi registrado<br />
em janeiro, no Jardim Universal, quando um poste caiu sobre<br />
um carro estacionado no quintal de uma casa. No mês seguinte,<br />
houve outra queda na Rua Imaculada Conceição (Rua 13). Em<br />
outubro, o mesmo tipo de problema foi registrado no Yolanda<br />
Ópice, quando, por pouco, o muro de uma casa do outro lado<br />
da rua não foi atingido. Pelo que estamos vendo, não estamos<br />
imúnes à irresponsabilidade da CPFL e à omissão das nossas<br />
autoridades.<br />
Curioso é que em uma conta de luz de cerca de R$ 170,00 há<br />
um desvio de R$ 15,00 para a tal Contribuição de Custeio IP-CIP<br />
que vai para o município. Sabemos que a CPFL se torna apenas<br />
um agente de cobrança no que se refere a essa lei e convênio<br />
com as prefeituras, mas, o consumidor é obrigado a pagar nesses<br />
casos, mesmo que o serviço não seja prestado, ou ainda, que seja<br />
feito com enormes deficiências.<br />
Pior é que a deterioração de postes de madeira colocados há<br />
70/80 anos é um fator que sequer é considerado. A manutenção<br />
é precária. Não há contra-partida, isto é, “prestar bem o serviço”,<br />
como está no seu Contrato de Concessão de serviço, no caso,<br />
penso, junto à ANEEL. O consumidor paga e corre o risco; e<br />
a Câmara perde tempo com aquilo que a concessionária tem a<br />
obrigação de fazer e a CPFL dá uma de “não saber de nada”.<br />
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