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22 Jornal da Bairrada<br />

culturas<br />

30 | janeiro | 2020<br />

REFLEXÕES<br />

CINEMATOGRÁFICAS<br />

“Uma história de amor<br />

na ótica de um divórcio”<br />

OLIVEIRA DO BAIRRO<br />

A Alma Romântica no CCMB<br />

“Quando duas pessoas se amam e não conseguem fazer com que<br />

funcione... Essa é a real tragédia” - Gone Girl (2014).<br />

A argumentista Gillian Flynn escreveu a frase que para mim define<br />

Marriage Story. Um romance cómico dramático que analisa<br />

um casamento na sua fase descendente. Dada a matéria-prima, é<br />

expectável que seja um filme amargo, principalmente quando o<br />

sistema jurídico entra em cena, no entanto, são os momentos carinhosos<br />

e de ternura que realçam o filme de Noah Baumbach e o<br />

tornam tão comovente.<br />

Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlet Johanson) estão casados<br />

há 4 anos, mas Nicole está cansada de se sentir uma personagem<br />

secundária na relação -“Tudo é à maneira do Charlie”, afirma. Ele,<br />

ignorante das suas atitudes egoístas, aponta que tudo o que tem feito<br />

tem sido do melhor interesse da família. Sem o conhecimento<br />

do seu marido, Nicole prepara-se para mudar-se de Nova Iorque<br />

para Los Angeles com o filho do casal, Henry (Azhy Robertson),<br />

para que possa perseguir os sonhos que nunca teve oportunidade<br />

de empreender. O que inicialmente não passava de um divórcio<br />

simples e concordante transforma-se num pesadelo judicial entre<br />

as cidades e a criança.<br />

Tudo o que Marriage Story tem de magnífico começa na perspicácia<br />

e devoção do argumento assinado pelo cineasta. A primeira<br />

cena apresenta uma montagem dos protagonistas a declarar aquilo<br />

que adoram um no outro. Isto estabelece logo o tom da narrativa,<br />

define de antemão que toda a acidez que as personagens possam<br />

exclamar um ao outro não tem um fundo odioso, mas sim de<br />

desentendimento. A cena é verdadeiramente adorável, ainda que<br />

seja sol de pouca dura.<br />

A realidade da separação não demora a abater-se sobre as personagens,<br />

pelas quais sentimos logo um grande afeto. Aqui, além<br />

da qualidade da escrita, entra também outro grande fator. Adam<br />

Driver e Scarlet Johanson nunca estiveram melhor nas suas respetivas<br />

carreiras. Grande parte do tempo as personagens entendem-<br />

-se e toleram a presença um do outro, mesmo quando percebem o<br />

quão desagradável e mesquinho pode ser o processo de divórcio.<br />

Contudo, existe uma cena em que ambos entram numa discussão<br />

intensa e angustiante que é emocionalmente amplificada pela excelência<br />

das atuações.<br />

A par do dueto central está uma série de interpretações secundárias<br />

que ajudam o filme a manter a sua astúcia, comédia e qualidade<br />

dramática. Laura Dern encarna uma advogada implacável que entoa<br />

algumas das frases mais afiadas do filme. Entre os demais, Merrit<br />

Weaver, que interpreta a irmã de Nicole, protagoniza uma cena<br />

hilariante em que falha a entregar os papéis do divórcio a Charlie.<br />

Enquanto realizador e argumentista, Baumbach parece ter atingido<br />

um pleno estágio de maturação com Marriage Story. Relações<br />

disfuncionais não são novidade na sua filmografia, mas esta triunfa<br />

de uma forma unicamente empática. É prazer e dor misturados<br />

numa ferida que, tal como um divórcio, deixa cicatriz.<br />

Bernardo Freire<br />

10 / 10<br />

“A Alma Romântica” é o<br />

nome do concerto de canto<br />

e piano que terá lugar no<br />

Círculo de Cultura Musical<br />

da Bairrada (CCMB),<br />

no próximo dia 16 de fevereiro,<br />

às 17h.<br />

A sede do CCMB, na antiga<br />

escola primária de Oliveira<br />

do Bairro, servirá de<br />

palco a Ângela Alves (soprano)<br />

e Alla Pushnenkova<br />

(piano), que irão apresentar<br />

peças de alguns dos<br />

principais compositores<br />

CICLO DE TEATRO AMADOR DO CONCELHO DE CANTANHEDE<br />

Teatro amador está de regresso<br />

com espetáculo em Casal de Cadima<br />

O Ciclo de Teatro Amador<br />

do Concelho de Cantanhede<br />

regressa no próximo<br />

sábado, dia 1 de fevereiro,<br />

com a estreia do espetáculo<br />

que o Grupo de Teatro da<br />

Associação Cultural e Desportiva<br />

do Casal preparou<br />

para a 22.ª edição do certame<br />

que decorre até ao próximo<br />

dia 4 de abril.<br />

A partir das 21h30, mais<br />

de 20 atores sobem ao palco<br />

da sede da coletividade<br />

para representarem três<br />

peças, todas escritas por<br />

Manuel da Silva Barreto:<br />

“Não Matem o meu Filho” é<br />

um drama que propõe uma<br />

reflexão sobre as inquietantes<br />

questões inerentes à<br />

despenalização da eutanásia,<br />

explorando para o efeito<br />

situações que podem vir<br />

a ocorrer com a aprovação<br />

de uma lei desse teor; “Médico<br />

de Família” tem a sua<br />

ação centrada numa aldeia<br />

onde a pouca instrução dos<br />

doentes levanta grandes dificuldades<br />

de comunicação<br />

com o clínico. Uma comédia<br />

de costumes hilariante<br />

que tem como corolário<br />

os equívocos gerados por<br />

uma senhora hipocondríaca<br />

cujo marido é muito<br />

desconfiado. A atuação do<br />

Grupo de Teatro da Associação<br />

Cultural e Desportiva<br />

do Casal termina com<br />

“Vamos Cortar na Casaca<br />

2020”, versão atualizada<br />

de um clássico de teatro<br />

humorístico de Manuel da<br />

Silva Barreto, na qual o Zé<br />

Povinho e a mulher, num<br />

diálogo cantado ao despique,<br />

fazem uma análise à<br />

situação política e social do<br />

país, sempre com apurado<br />

sentido crítico.<br />

Homenagem<br />

A anteceder o espetáculo<br />

será entregue um diploma<br />

de reconhecimento a<br />

todos os 17 grupos cénicos<br />

intervenientes, seguindo-<br />

-se a homenagem a Manuel<br />

da Silva Barreto, assinalando<br />

o seu contributo para a<br />

do Romantismo, nomeadamente<br />

Franz Schubert,<br />

Frédéric Chopin, Robert<br />

Schumann, Sergei Rachmaninov<br />

e Anatoli Liadov.<br />

dinâmica do certame e a<br />

sua dedicação ao Grupo<br />

de Teatro da Associação<br />

Cultural e Desportiva do<br />

Casal, enquanto produtor,<br />

encenador, ator e autor das<br />

peças apresentadas nos últimos<br />

10 anos.<br />

A este propósito, será<br />

apresentado o livro editado<br />

pela Câmara Municipal<br />

com o mais recente texto<br />

teatral que Manuel da Silva<br />

Barreto escreveu para o<br />

grupo de teatro de que foi<br />

fundador e grande animador<br />

desde a sua origem, em<br />

2004.<br />

Promovido pela Câmara<br />

Municipal, o Ciclo de Teatro<br />

Amador tem por objetivo<br />

fomentar a revitalização<br />

da atividade teatral, mobilizando<br />

para o efeito as associações<br />

locais.<br />

Durante dois meses, todos<br />

os fins de semana, haverá<br />

a apresentação de,<br />

pelo menos, uma peça de<br />

teatro numa das freguesias<br />

onde desenvolvem intervenção<br />

cultural as coletividades<br />

que vão dar corpo<br />

ao ciclo de teatro, em<br />

algumas datas com representações<br />

simultâneas em<br />

diferentes locais. É assim<br />

que, através de um modelo<br />

de organização destinado<br />

a favorecer a troca de experiências<br />

entre os participantes,<br />

cada grupo de teatro<br />

realiza dois espetáculos,<br />

um na localidade onde<br />

está sedeada, outro numa<br />

das freguesias a que pertencem<br />

as restantes associações<br />

intervenientes.<br />

Para fazer face às despesas<br />

na preparação, montagem<br />

e representação das<br />

peças – cenários, som, luz,<br />

adereços, caracterização,<br />

guarda-roupa e transportes<br />

– a autarquia atribuiu<br />

a cada grupo um apoio<br />

monetário, assegurando<br />

ainda outras despesas,<br />

designadamente as que se<br />

prendem com a divulgação<br />

dos espetáculos e apoio logístico<br />

aos grupos.

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