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infelizmente, a pandemia e a briga da Rússia com a
Arábia Saudita, relacionada ao petróleo, derrubaram
tudo, virou fumaça.
Cocred Mais | Em tempos de crise, o cooperativismo
é um dos únicos segmentos que conseguem crescer.
Agora, vai ser diferente? Qual o papel das cooperativas
nesse momento?
Roberto Rodrigues | O agronegócio tem sido a base da
economia brasileira. Há muitos anos o PIB [Produto
Interno Bruto] do agronegócio cresce mais que o PIB
nacional. Há muitos anos esse setor é o que gera
mais empregos, com mais salários do que os demais
setores. Há muitos anos é o agronegócio que garante
o saldo comercial do país. Temos essa vocação que é
inequívoca, que a natureza colocou em nossas mãos.
Temos que olhar para isso com muita atenção. Tudo
isso depende, evidentemente, de políticas públicas,
mas depende fundamentalmente da ação privada.
A ação privada não pode suprimir em nenhuma
hipótese uma estrutura fundamental em qualquer
país democrático, que é o cooperativismo. Hoje,
o produtor rural só faz a renda dele na escala. O
pequeno, por definição, não tem escala. O conjunto
faz uma escala que permite ao pequeno agregar
valor, comprar insumos adequados, sobreviver e
crescer economicamente. O cooperativismo é uma
doutrina que permite ao pequeno ter igualdade
de competição que o grande tem sozinho. Então,
o cooperativismo é a base da sustentação da
agricultura familiar, da pequena atividade rural, com
uma característica: as cooperativas têm três séculos
de idade, mas só cresceram e evoluíram em crise.
Agora, na pandemia, durante uma crise gigantesca,
as cooperativas vão crescer muito. Tem que estar
atento a isso, porque é o momento delas.
Cocred Mais | Qual a sua orientação aos produtores
rurais neste momento de pandemia? Como devem agir
para saírem da crise com o menor prejuízo possível?
Roberto Rodrigues | O preço em dólar despencou
nas bolsas internacionais. O dólar acima dos R$ 5,50
é maravilhoso, a remuneração para o produtor
rural está muito boa, mas tudo isso é falso, é uma
ilusão. Vamos aproveitar ao máximo possível e
vamos vender para fazer caixa. Estou orientando
o produtor rural: faça caixa, porque a gente não
sabe o que vem depois de amanhã. Quanto tempo
vai durar a pandemia? O que vai acontecer com o
consumo? Então, faça caixa, aproveite o câmbio,
aproveite o preço bom, faça caixa para se preparar
para a época de vacas magras. Eu aprendi com um
velho amigo, há muitos anos, durante uma crise
econômica terrível: “Em tempos de guerra não
espere notícia boa”. Estamos vivendo um tempo de
grandes prejuízos, correspondente a uma guerra.
Então, não espero notícia boa. Agora, nós é que
temos que construir a notícia boa para enfrentar o
pós-guerra com tranquilidade.
Edição 37 – JULHO/2020 15