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FINANÇAS

normatização de alguns mecanismos relacionados ao

compartilhamento de riscos. Apesar de reconhecer

esse fato e também que muitos tomadores de crédito

estão endividados neste momento, o professor da

USP destaca que o advento da Lei do Agro força a

profissionalização no campo.

na Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e na Faculdade

Armando Álvares Penteado (Faap), justificando que a

pandemia fez retrair a expectativa de investimento.

“A partir do momento em que o mercado entra

em situação de pandemia, é como se tudo ficasse

suspenso. Por mais que você tenha regras, o mercado

entrou em uma situação suspensa, porque ninguém

sabe o que vai acontecer. Se o objetivo dessa lei era

facilitar o acesso a crédito, hoje você tem o inverso:

um governo reduzindo o compulsório de 25% para

17% para tentar dar liquidez e reduzindo a Selic para

diminuir o custo do dinheiro”, explica.

Pode até parecer que o agronegócio não está

sofrendo os efeitos da crise sanitária. Mas, Lima

Júnior explica que neste momento os produtores

rurais estão se beneficiando das escolhas do

ano passado. Isso significa que já estão tomando

decisões para 2021 em meio às dificuldades

impostas pela pandemia, como a oscilação do

dólar e a queda no consumo. Em outras palavras,

o agronegócio ainda não está sentindo, mas vai ser

afetado pelos efeitos da crise.

Rogério Alessandre de Oliveira Castro, professor

de Direito da USP

Toda legislação nova tem certa resistência. Ao

mesmo tempo, não é uma legislação simples.

Qualquer produtor rural que pegar a lei não

vai compreender todos os seus meandros. É

importante que consulte o advogado, o contador

de confiança e as instituições financeiras. Até

porque, a garantia que o produtor rural vai

passar a dar é mais forte.

Rogério Alessandre de Oliveira Castro,

professor de Direito da FDRP/USP

A nova lei tenta aproximar a legislação da realidade

de mercado. O que se espera é que os efeitos sejam

sentidos na lucratividade de todos os agentes do

setor, bem como nos preços dos produtos que

chegam às mesas dos brasileiros. Mas isso não deve

ocorrer tão cedo, segundo o economista José Carlos

de Lima Júnior, professor de pós-graduação na USP,

A pandemia provocou não só a paralisação das

reformas estruturantes que o país precisa, mas

o endividamento do próprio Estado devido ao

combate à doença, seguido de uma queda de

arrecadação que vai aumentar muito o déficit

fiscal do país. Agora, com o embate político

entre as esferas Executiva e Legislativa, a coisa

está pior e o agro, como qualquer setor da

economia, sente.

José Carlos de Lima Júnior, economista

Apesar de concordar que a Lei do Agro é benéfica

ao setor, o economista afirma que é muito simplista

acreditar que a desburocratização do acesso ao

crédito rural dependa unicamente das medidas

impostas pela nova legislação, já que as políticas

econômicas se inter-relacionam. Então, pelo menos

por enquanto, é como se a nova legislação estivesse

sendo ignorada.

60 Edição 37 – JULHO/2020

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