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PRA VOCÊ
com valores extrapolados. Mas, acredito que isso vai
se acomodar com o tempo, como sempre ocorre. A
gente sabe disso”, afirma.
É evidente – e até certo ponto mensurável – que a
pandemia está provocando uma mudança não apenas
comportamental, mas de valores, hábitos e formas
de consumo. Por outro lado, apesar de o consumidor
estar se tornando de certa forma “mais consciente”, a
compra por impulso nunca vai deixar de existir. Por
isso, a partir de agora os negócios precisam estar mais
atentos aos valores humanos.
Paulo César Garcia Lopes, presidente do Sincovarp
Para o presidente do Sindicato do Comércio
Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), Paulo
César Garcia Lopes, o cenário econômico no póscoronavírus
passa pelo novo comportamento dos
consumidores e dos empresários, e ainda pela
transformação digital. A mudança vai ocorrer, mas
o crescimento é incerto, já que o prejuízo depois de
meses de isolamento chega à casa dos bilhões de
dólares nos mais diversos segmentos.
O setor automobilístico acumula saldo negativo estrondoso.
O fechamento do comércio afetou diretamente
todo o processo produtivo. Mesmo considerando
a alta do varejo eletrônico, de que adianta a
indústria funcionar em plena capacidade, se as lojas
físicas não podem receber os clientes? Mesmo os setores
que se mantiveram em pé na pandemia, como
supermercados e farmácias, sofreram os impactos do
novo coronavírus.
“Infelizmente, a falta de previsibilidade dessa
doença está impactando muito negativamente na
economia. Nesse momento, é muito difícil prever
qualquer coisa. Essa falta de previsibilidade de
começo, meio e fim da doença, das consequências
dela, está causando insegurança. Vários ativos estão
“
A lição é que o empresário tem que ouvir o
consumidor, tem que atender as necessidades
do consumidor, estar sempre antenado a isso.
Ao mesmo tempo, vão sair na frente aqueles que
estão trabalhando com diversos canais de venda.
As oportunidades acontecem em tempos de
crise. Empresários que estão antenados, que têm
uma visão antecipada e de previsibilidade, têm a
oportunidade de se beneficiar com a crise.
Paulo César Garcia Lopes, presidente do Sincovarp
Egoísmo ou altruísmo?
“
Até aqui foi possível entender que os impactos
da pandemia, como causa e efeito, estão sendo
de ordem econômica e social. Fica claro também
que o momento atual é um divisor de águas e que
ultrapassá-lo não será tarefa fácil. Nem breve. Muito
menos indolor. Ainda não há respostas concretas,
mas a economista Rosalinda Chedian Pimentel
constrói três cenários possíveis para o mundo e o país
na pós-pandemia: um otimista (ou altruísta), outro
intermediário (de compartilhamento) e um terceiro,
pessimista (ou egoísta).
O primeiro cenário expressa um sonho, uma esperança
de total transformação do ser humano, que traria
como desdobramento a fraternidade entre as nações
e, internamente, aconteceria redução drástica das
desigualdades e ampliação da oferta de oportunidades
a todos aqueles que quiserem trabalhar e, assim,
serem ouvidos e terem representatividade no país, e
em consequência no mundo.
No cenário intermediário, os países devem proteger
suas economias, mas também, cooperar uns com os
outros, entendendo que esse processo é importante
para a recuperação de todos. Esse modelo causaria
22 Edição 37 – JULHO/2020